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Daniela Carvalho – Turma LVI ICTERÍCIA NEONATAL – Fisiopatologia e Principais Causas • O problema são as complicações da hiperbilirrubinemia -> Kernicterus. • Tratamento efetivo para hiperbilirrubinemia -> exposição solar. • Não é qualquer hiperbilirrubinemia causará icterícia. o 60% dos RNs a termo o 80% dos RPT tardios CLÍNICA • Luz solar indireta -> mais fácil para distinguir. • Coloração amarelada na pele. • Clínica > 5 mg/dL • Pele negra dificulta avaliação • Progressão crânio-caudal -> começa no palato (primeiramente), esclera, mucosas e asa do nariz. • Em caso de dúvidas ajuda esticar a pele. ZONAS DE KRAMER -> CLASSIFICAÇÃO • Quanto maior o nível maior evolução. • O mais comum é ficar em torno de 10. • Podem se sobrepor. o Zona 1: 4 a 7 mg/dL. o Zona 2: 5 a 8,5 mg/dL. o Zona 3: 6 a 11,5 mg/dL. o Zona 4: 9 a 17 mg/dL. o Zona 5: > 17 (corrigir) FISIOLOGIA – Metabolismo da Bilirrubina o Eritrócito possui a hemoglobina e sua porção Heme é degradada em biliverdina -> será reduzida em bilirrubina indireta (não conjugada); a maior parte é transportada ligada com a albumina -> será transportada para os hepatócitos com ajuda da proteína carreadora ligandina -> dentro do hepatócito será conjugada pela UTG1A1 (enzima) -> Bilirrubina conjugada sairá com a bile -> bilirrubina conjugada dentro do intestino -> será conjugada em urobilinogênio - > estercobilina e urobilina por meio da flora -> a maioria sairá nas fezes e uma pequena parte sairá na urina. o Lembrar que a B-Glucoronidase (no TGI) agirá sobre a bile conjugada, desconjugando – a e com isto permite que ela vá para recirculação enterro-hepática. CAUSAS • Aumento da produção • Redução da excreção • Deficiência na conjugação • Aumento da recirculação E-H Daniela Carvalho – Turma LVI CASO 1 • Perda de peso aceitável • HD: Provável icterícia fisiológica • Bilirrubina Indireta elevada ICTERÍCIA FISIOLÓGICA • Particularidades fisiológicas do RN afetam a produção, conjugação e eliminação da bilirrubina, fazendo com que ocorra a hiperbilirrubinemia, que pode ou não causar a icterícia. o Produção ▪ Eritrócitos com meia vida mais curta ▪ Eritrócitos em maior número o Conjugação ▪ A enzima UTG1A1 está em concentração menor no RN e em alguns pode estar reduzida em grande quantidade, causando a icterícia. ▪ Menor ação da Ligandina, que jogará menos bilirrubina para ser conjugada para dentro do hepatócito. o Eliminação ▪ Flora intestinal escassa ▪ Maior ação da B-Glucoronidase que irá desconjugar mais a bile e aumentar a recirculação intrahepática. o Características: ▪ Hiperbilirrubinemia Indireta ▪ Precoce: a partir de 24 horas (1 a 7 dias de vida) ▪ RN sempre bem e sem sinais de doença (BEG) ▪ Bom ganho ponderal ▪ Pode variar de acordo com etnia e alimentação ▪ Média BT 6 mg/dL (nunca é muito alta) • Não deve ultrapassar 12 mg/dL ▪ Se BT > 12 e início antes de 24 a 36 horas -> investigar outras causas patológicas. CASO 2 • Perda ponderal aceitável. • FR: prematuro, baixo peso • HD: Icterícia fisiológica. o PREMATUROS E ICTERÍCIA FISIOLÓGICA ▪ Mesmos mecanismos para icterícia fisiológica, porém maior predisposição. ▪ Mais exacerbada e com maior duração. ▪ Devido a imaturidade da BHE, tem maiores chances de desenvolver Kernicterus. ▪ Imaturidade (eritrócitos, hepatócitos, células do TGI). ▪ Imaturidade sucção/deglutição -> exclusivo de prematuro (fator agravante). ICTERÍCIA POR LEITE MATERNO • Icterícia fisiológica que persiste após 1ª semana OU Icterícia tardia (6º a 14º dia, podendo durar de 1 a 3 meses). • Para diagnosticar devemos excluir a fisiológica -> demorar para aparecer ou persiste por mais tempo que deveria em RN com bom peso ponderal e sem outros sintomas (hígido). Daniela Carvalho – Turma LVI • Causa: o Beta glucoronidase: algumas puérperas (20 a 40%) tem altos níveis desta enzima (única causa conhecida). • Tratamento: o Não deve – se retirar o leite materno. o Deve – se dosar o nível de bilirrubina e se estiver elevando muito deve – se colocar na fototerapia e aumentar a hidratação. • Não confundir com Icterícia por baixa ingesta -> neste caso a ingesta e ganho ponderal estão adequados. o Ganho ponderal normal no primeiro trimestre é de 25 a 30 g por dia. CASO 3 • Bom ganho ponderal • Fala menos a favor de fisiológica pois demorou 1 semana para aparecer • HD: Icterícia por leite materno ICTERÍCIA POR BAIXA INGESTA • Aleitamento inadequado -> aleitamento exclusivo deficiente o Privação calórica -> redução do metabolismo da bilirrubina o Eliminação tardia de mecônio (conteúdo do lúmen intestinal do RN antes de ter fezes formadas). o Aumento da recirculação enterro-hepática ▪ Devido a redução no número de evacuações o Desidratação. CASO 4 • 2 fraldas por dia de diurese é pouco. • Perda de peso 15% -> alta perda ponderal. • Bilirrubina alta sobretudo indireta. • Triagem infecciosa negativa -> infecção causa perda de peso. • HD: Icterícia de baixa ingesta. • A técnica pode estar inadequada. Lembrar de hemólise -> porém reticulócitos negativos DOENÇA HEMOLÍTICA NEONATAL o Doença hemolítica neonatal o Doença hemolítica autoimune o Eritroblastose feral • Destruição do eritrócito fetal/ neonatal pelo IgG materno: o Rh (D) o ABO o Outros grupos: ▪ 33 grupos ▪ Mais de 300 antígenos (Duffy, MNS, P, Kell...) • Mais comuns: o ABO e Rh (é a mais grave e menos comum). o Isoimunização Rh: Daniela Carvalho – Turma LVI ▪ Pouco comum ▪ Mais grave ▪ Mãe Rh negativa ▪ Feto Rh + • Sensibilização ▪ Grupo D é a mais comum. ▪ Outros (RhC/ Rhc/ RhE..) ▪ 1/3 das gestantes não produzem anti-Rh. ▪ Forma leve → Anemia Severa (Hidropsia fetal) – quadro clínico intraútero – pode nascer com anemia leve. • Pode variar de forma leve para uma anemia severa (Hidropsia fetal). • Hidropsia fetal: “complicação que gera edema em um feto em desenvolvimento.” ▪ Transfusão pode sensibilizar a mãe se receber Rh+ e o primeiro feto já pode ter a doença hemolítica. ▪ Na gravidez subsequente a imunização, o IgG materno atravessa a barreira transplacentária e o Ac anti-Rh ganha a circulação fetal, levando a destruição eritrocitária. o Isoimunização ABO ▪ Produção de Ag desde 6 meses de vida ▪ Já estão presentes na primeira gestação ▪ Geralmente acometimento pós natal ▪ Forma leve ▪ Reduz a sensibilização ▪ Reduz risco (90% tipo A/ 50% tipo B) • Diagnóstico -> clínica + exames complementares o Tipagem sanguínea o Coombs direto -> demonstração do anticorpo no RN. o Coombs indireto -> demonstração do anticorpo na mãe. o Eluato -> se tem anticorpo no bebê e se é anti-A ou anti-B. o Hemograma com pesquisa de reticulócitos -> anemia abrupta e severa com liberação de formas jovens. CASO 5 • Icterícia zona III em pouca horas de vida -> muito precoce. • Perda ponderal de 1% (pequena) • Bilirrubina indireta elevada • HD: Possibilidade de incompatibilidade ABO -> pedir Coombs direto (medir IgG no sangue do RN). • Coombs direto + • Eluato Anti-A + → IgG anti A circulando no RN e destruindo eritrócitos dele, causando hemólise. Avaliar hemólise dosando reticulócitos CASO 6 • Tudo normal no início, apenas a icterícia. • Próprios pais inseriram a fórmula. • Fezes empalidecidas • Bilirrubina direta alta principalmente • Fígado aumentado Daniela Carvalho – Turma LVI • Fosfatase alcalina aumentada • Icterícia tardia • HD: Vias biliares com problema -> US, RNM, colangio, cintilografia DIAGNÓSTICO • Avaliar clinicamente -> classificação • Dosar bilirrubina. AVALIAÇÃO DA ICTERÍCIA • Avaliar riscos para maior probabilidade de desenvolver Kernicterus. FATORES DE RISCO -> Hiperbilirrubinemia importante • Aleitamento materno exclusivo com dificuldade • Perda ponderal > 7% • IG < 37 semanas (independente do peso)• Icterícia nas primeiras 24 a 36 horas de vida • Incompatibilidade sanguínea • Doença hemolítica • Raça asiática • Cefalohematomas • Equimoses o São acumulativos -> quantos mais fatores, mais risco para Kernicterus. Quando o heme vai ser convertido em bilirrubina também libera CO2 -> dosagem do CO2 expirado. Daniela Carvalho – Turma LVI AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR • Aleitamento materno adequado • Livre demanda • Monitorização do peso de alta • Consulta precoce pós alta (máx 48h) TRATAMENTO – Depende do risco • Icterícia -> fototerapia. o Quebra a bilirrubina que está na pele, diminuindo a hiperbilirrubinemia. o Nem todas as crianças precisarão -> depende do nível e fator de risco. o Banho de sol ajuda muito pouco pois é luz azul que resolve realmente. • Exsanguinotransfusão: o Para níveis altos de bilirrubina e/ ou que não respondem a fototerapia que possuem alto risco de Kernicterus. o Retirada e substituição da volemia do RN. o Necessidade = emergência médica o Remove bilirrubina e anticorpos. o Pouco realizada hoje em dia (fototerapia) o Indicação: ▪ Sinais de encefalopatia ▪ Mesmo se os níveis de BT estiverem caindo. CASO 7 • Risco infeccioso -> bolsa rota com swab positivo. • Prematuro em sepse. • Sinais de encefalopatia. • Bilirrubina não é tão alta, porém há imaturidade de BHE e albumina baixa (responsável por transportar a bilirrubina não conjugada, permitindo que a bilirrubina fique livre para atravessar a BHE). • HD: Encefalopatia aguda por bilirrubina ENCEFALOPATIA AGUDA POR BILIRRUBINA • Bilirrubina indireta não ligada à albumina ultrapassa a BHE. • Quando ligada a albumina pode ultrapassar a BHE se a mesma estiver comprometida (hipoxemia, hiperosmolaridade, acidose, sepse). • Se acumula principalmente em núcleos da base. • O Kernicterus é sequela da encefalopatia aguda. • Níveis causadores desconhecidos. o Porém alto risco se DT > 25 com hemólise e BT >20 mg/dL. • Em caso de sinais de encefalopatia -> exsanguinotransfusão. o 1ª Fase (1 a 2 dias): ▪ Sucção débil ▪ Choro irritado ▪ Adinamia ▪ Hipotonia Daniela Carvalho – Turma LVI ▪ Convulsões o 2ª Fase (3 a 5 dias): ▪ Hipertonia dos extensores ▪ Opistótono ▪ Febre o 3ª Fase (após 1 semana): ▪ Hipertonia ▪ Se níveis não reduzidos, resulta em Kernicterus. KERNICTERUS • Encefalopatia induzida por bilirrubina -> sequela neurológica pela toxicidade da bilirrubina. • Afeta núcleos da base, hipocampo e cerebelo. • Fases: o 1ª Fase: ▪ Hipotonia ▪ Hiperreflexia ▪ Reflexo tônus cervical ▪ Atraso no desenvolvimento motor o 2ª Fase: ▪ Paralisia cerebral ▪ Tremores ▪ Desvio do olhar ▪ Displasia dentária ▪ Perda auditiva ▪ Atraso cognitivo
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