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GESTÃO DE COMPRAS Paulo Teixeira de Sousa *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Imagens da capa: © Macrovector // Shutterstock. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Copyright Universidade Positivo 2018 Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido Curitiba-PR – CEP 81280-330 Presidente da Divisão de Ensino Reitor Pró-Reitor Coordenação Geral de EAD Coordenação de Metodologia e Tecnologia Autoria Parecer Técnico Supervisão Editorial Validação Institucional Layout de Capa Prof. Paulo Arns da Cunha Prof. José Pio Martins Prof. Carlos Longo Prof. Everton Renaud Profa. Roberta Galon Silva Prof. Paulo Teixeira de Sousa Regina Ornellas Bianca de Brito Nogueira Regiane Rosa e Silvia Mara Hadas Valdir de Oliveira DTCOM DIRECT TO COMPANY S/A Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Imagem de Capa, Design Gráfico e Revisão Textual Ícones Afirmação Contexto Biografia Conceito Esclarecimento Dica Assista Curiosidade Exemplo Sumário Apresentação .................................................................................................................. 13 O autor .............................................................................................................................14 Capítulo 1 Compras: agregando valor aos negócios ........................................................................ 15 1.1 Conhecendo compras de bens e serviços .................................................................. 15 1.1.1 Vantagem competitiva das compras ..................................................................................................................... 16 1.1.2 Atividades da área de compras ...............................................................................................................................18 1.1.3 Contribuição das compras para a empresa.............................................................................................................19 1.1.4 Compras: uma função administrativa .................................................................................................................... 20 1.2 A estruturação do setor de compras .........................................................................21 1.2.1 Administração de compras .................................................................................................................................... 21 1.2.2 Organização do setor de compras ......................................................................................................................... 23 1.2.3 Informações do setor de compras ..........................................................................................................................24 1.2.4 Interfaces do setor de compras ............................................................................................................................. 26 1.3 O que podemos esperar das compras? .....................................................................27 1.3.1 Objetivos da compra .............................................................................................................................................. 28 1.3.2 Compras nas cadeias de abastecimento ............................................................................................................... 29 1.3.3 Compra eficiente ................................................................................................................................................... 30 1.4 O relacionamento das compras internas e externas ..................................................31 1.4.1 Principais dificuldades das compras ...................................................................................................................... 32 1.4.2 Centralização e descentralização das compras...................................................................................................... 33 1.4.3 As relações internas e externas das compras ........................................................................................................ 34 Referências ......................................................................................................................36 Capítulo 2 Compras estratégicas ......................................................................................................37 2.1 Estratégias nas compras ............................................................................................37 2.1.1 Escopo das compras ............................................................................................................................................... 38 2.1.2 Participação estratégica das compras ................................................................................................................... 40 2.1.3 Principais estratégias de compras ..........................................................................................................................41 2.1.4 Selecionando uma estratégia ................................................................................................................................ 42 2.2 Compras afetando o preço de venda ........................................................................43 2.2.1 Conceito de margem e mark-up ........................................................................................................................... 44 2.2.2 Características de cada método e seu cálculo ...................................................................................................... 45 2.2.3 Custos de compra .................................................................................................................................................. 47 2.2.4 Fontes de embarque: fixas e flexíveis ................................................................................................................... 48 2.3 Definindo o quanto comprar .....................................................................................49 2.3.1 A quantidade certa ................................................................................................................................................ 50 2.3.2 A quantidade por diretrizes de ação ......................................................................................................................51 2.3.3 Fatores que influenciam a quantidade de compra................................................................................................ 52 2.3.4 Comprando para estoque ...................................................................................................................................... 53 2.4 Cálculo do lote econômico de compra (LEC) ............................................................54 2.4.1 Conceitos e objetivos do LEC ................................................................................................................................. 55 2.4.2 Fórmula de cálculo do LEC .................................................................................................................................... 56 Referências ......................................................................................................................58 Capítulo 3 Um comprador eficiente gera resultados positivos .........................................................59 3.1 O comprador ..............................................................................................................59 3.1.1 Responsabilidade pelas compras ...........................................................................................................................60 3.1.2 Competências do comprador ..................................................................................................................................61 3.1.3 Programas de treinamento para o comprador ...................................................................................................... 62 3.1.4 Qualidade no processo de acompanhamento ....................................................................................................... 63 3.2 Competências e autorização para compras ...............................................................65 3.2.1 Sistemas de compras ............................................................................................................................................. 66 3.2.2 Ética nas compras .................................................................................................................................................. 67 3.2.3 Autoridades para comprar .................................................................................................................................... 69 3.3 Fluxo básico de compras ...........................................................................................70 3.3.1 Requisição de material........................................................................................................................................... 71 3.3.2 Pedido de material ................................................................................................................................................ 73 3.3.3 Contrato de execução de serviço ............................................................................................................................74 Referências ......................................................................................................................76 Capítulo 4 O relacionamento com os fornecedores no processo de compras ....... 77 4.1 Saber negociar ...........................................................................................................78 4.1.1 Introdução ao processo de negociação .................................................................................................................. 78 4.1.2 Principais características do negociador ................................................................................................................ 80 4.1.3 Uma boa negociação ............................................................................................................................................. 82 4.1.4 Técnicas de negociação .......................................................................................................................................... 83 4.2 Escolhendo o fornecedor adequado ..........................................................................85 4.2.1 Cadastro e desenvolvimento dos fornecedores .................................................................................................... 86 4.2.2 Qualificação dos fornecedores .............................................................................................................................. 87 4.2.3 Seleção do fornecedor .......................................................................................................................................... 88 4.2.4 Solicitação e avaliação de propostas ..................................................................................................................... 90 4.3 Classificando as fontes de abastecimento .................................................................91 4.3.1 Fontes de fornecimento......................................................................................................................................... 91 4.3.2 Regras e políticas de relacionamento com os fornecedores ................................................................................. 93 4.4 Compras eletrônicas ..................................................................................................95 4.4.1 Logística nas compras eletrônicas ......................................................................................................................... 95 4.4.2 Compras pela internet ........................................................................................................................................... 97 4.4.3 Leilões .................................................................................................................................................................... 98 Referências ....................................................................................................................101 Capítulo 5 Conhecendo os documentos de compra .......................................................................103 5.1 Solicitando uma compra ..........................................................................................103 5.1.1 Conceito de uma solicitação de compra .............................................................................................................. 104 5.1.2 Dados necessários ................................................................................................................................................ 105 5.1.3 Modelos de requisição de pedidos ...................................................................................................................... 106 5.1.4 Fluxo da solicitação .............................................................................................................................................. 107 5.2 Fazendo uma encomenda de compra .....................................................................109 5.2.1 Conceito de encomenda de compra .................................................................................................................... 109 5.2.2 Requisição da compra ..........................................................................................................................................111 5.2.3 Modelos de pedido de compra ............................................................................................................................111 5.2.4 Follow-up de compras .........................................................................................................................................113 5.3 Contratando um serviço .......................................................................................... 115 5.3.1 Compras contratadas ............................................................................................................................................116 5.3.2 Cláusulas contratuais ............................................................................................................................................117 5.3.3 Terceirização .........................................................................................................................................................119 5.4 Avaliação do documento de recebimento de mercadoria .......................................121 5.4.1 Acompanhamento das entregas ...........................................................................................................................121 5.4.2 Recebimento e inspeção de materiais ................................................................................................................. 122 5.4.3 Qualidade na inspeção ........................................................................................................................................ 123 5.4.4 Normas e procedimentos para recebimento ....................................................................................................... 125 Referências ....................................................................................................................127 Capítulo 6 Principais ferramentas de apoio às compras .................................................................1296.1 Comprar no tempo certo (JIT) .................................................................................130 6.1.1 Conceito JIT ...........................................................................................................................................................131 6.1.2 Compra no tempo da logística .............................................................................................................................132 6.1.3 Sistema kanban ....................................................................................................................................................133 6.1.4 Processo de trabalho do JIT ................................................................................................................................. 134 6.2 As compras mediante a necessidade ......................................................................135 6.2.1 Conceito MRP ...................................................................................................................................................... 136 6.2.2 Conceito DRP ........................................................................................................................................................137 6.3 Código de produtos .................................................................................................137 6.3.1 Conceito de codificação ....................................................................................................................................... 138 6.3.2 Encontrando o código ..........................................................................................................................................139 6.4 Classificação de materiais: ABC e XYZ .....................................................................140 6.4.1 Conceituação ....................................................................................................................................................... 140 6.4.2 Aplicação prática da curva ABC ............................................................................................................................141 6.4.3 Análise da curva ABC........................................................................................................................................... 144 6.4.4 Classificação XYZ de materiais .............................................................................................................................145 Referências ....................................................................................................................147 Capítulo 7 A embalagem na logística de suprimento ....................................................................149 7.1 A importância do produto no processo produtivo ...................................................149 7.1.1 Classificação dos produtos.................................................................................................................................... 150 7.1.2 Informações na cadeia de suprimentos ................................................................................................................152 7.2 Embalagem e suas perspectivas nas compras ........................................................153 7.2.1 Visão da embalagem no canal de distribuição .................................................................................................... 154 7.2.2 Projeto da embalagem .........................................................................................................................................155 7.2.3 A importância da comunicação na embalagem ................................................................................................. 157 7.3 O custo de proteção do produto pela embalagem .................................................157 7.3.1 Tipos de embalagens ........................................................................................................................................... 158 7.3.2 Avarias e defeitos nas embalagens ...................................................................................................................... 160 7.3.3 Impacto do custo das embalagens nas compras .................................................................................................161 7.4 A importância da embalagem no canal de abastecimento .....................................162 7.4.1 Análise de viabilidade do projeto de logística em relação às embalagens .......................................................... 163 7.4.2 Planejamento do projeto logístico ....................................................................................................................... 164 7.4.3 Análise dos dados do projeto logístico ................................................................................................................ 165 7.4.4 Implementação do projeto logístico .................................................................................................................... 167 Referências ....................................................................................................................169 Capítulo 8 Compra segura gera maiores lucros ..............................................................................171 8.1 Compras e o Código de Defesa do Consumidor ......................................................171 8.1.1 O impacto do Código de Defesa do Consumidor nas compras.............................................................................172 8.1.2 Lei n. 8078/1990 .................................................................................................................................................. 173 8.2 Compras por natureza dos produtos ....................................................................... 174 8.2.1 Compras de commodities .....................................................................................................................................175 8.2.2 Compras internacionais ........................................................................................................................................176 8.2.3 Compras de bens de capital ................................................................................................................................ 177 8.2.4 Compras para revenda e serviços .........................................................................................................................179 8.3 Cadeia de suprimento globalizada ..........................................................................179 8.3.1 Compras e o posicionamento estratégico global ................................................................................................ 180 8.3.2 Cadeia de suprimento globalizada .......................................................................................................................181 8.3.3 Fornecedores internacionais ................................................................................................................................182 8.4 Avaliação de desempenho das compras .................................................................183 8.4.1 Apresentação dos indicadores ............................................................................................................................. 184 8.4.2 Indicadores gerais de compra ............................................................................................................................. 185 8.4.3 Medindo a qualidade nas compras ..................................................................................................................... 186 8.4.4 O preço e o tempo das compras ...........................................................................................................................187 Referências ....................................................................................................................190Gestão de compras é uma das atividades principais das empresas. Por meio das compras, a empresa obtém todos os recursos físicos e materiais para o desenvolvimen- to de suas atividades. Assim, um bom gerenciamento de compras reduz os custos da organização, fazendo com que ela obtenha uma vantagem competitiva frente aos con- correntes, oferecendo produtos e serviços de mais qualidade e com menores preços. Além disso, gerenciar as compras fideliza os clientes, porque é possível negociar com os fornecedores as melhores condições de fornecimento, evitando a falta de produto e outros benefícios, como a troca de produtos e a garantia da qualidade. Dessa forma, a Gestão de Compras é uma disciplina que tem por objetivo permi- tir o conhecimento e a compreensão da função de compras, suas diferentes técnicas de negociação, as classificações dos materiais, as embalagens, os critérios de seleção e desenvolvimento de fornecedores, os métodos e sistemas de suprimentos de estoque para a produção e de como associar as operações de compras com a produção para otimizar os negócios. Portanto, este material apresentará as vantagens do sistema de compras para uma empresa, suas responsabilidades e contribuições. Você também entenderá como estruturar um departamento de compras com objetivos, manuais e informações ne- cessários e conhecerá as diversas formas existentes para configurar as atividades de compra, com estratégias eficientes para negociação e relacionamento com fornecedo- res e demais áreas da empresa, sendo que o objetivo final é aumentar a rentabilidade mediante as compras efetivadas. Bons estudos! Apresentação Em especial, dedico este trabalho a minha querida filha, empolgada, animada e esforçada com as atividades de estudante. Que essa empolgação sirva de inspiração para todos os seus colegas e demais estudantes. O autor O Professor Paulo Teixeira de Sousa é Mestre em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Possui especialização em Gestão e Planejamento da Educação à Distância pela Universidade Federal Fluminense (UFF). É graduado em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Goiás. Currículo Lattes: <lattes.cnpq.br/8982249939334898> 1 Compras: agregando valor aos negócios As compras fazem parte do dia a dia de consumidores e de empresas. No entanto, quando relacionada ao ambiente organizacional, a função de comprar é tratada profis- sionalmente. Em quaisquer dos casos, o fluxo é o mesmo: pesquisar, pechinchar, comprar e consumir. Parece simples, mas há diferenças entre a compra feita por consu- midores e as chamadas compras institucionais, ou seja, aquelas feitas por empresas. O processo de compra institucional exige maior esforço do comprador, pois ele está adquirindo produtos para suprir as necessi- dades da empresa, e não para seu próprio consumo. Assim, nas compras institucionais, o comprador utiliza recursos da empresa, devendo prestar conta ao final do processo. Portanto, nesse caso, a compra atende a necessidades que se diferem daquelas do consumidor doméstico. O processo também é burocratizado e há necessidade de trabalhar um tempo diferenciado tanto para comprar quanto para entregar e usar o produto ou matéria-prima. Assim, o processo de compras agrega valor às organizações, gerando resultados posi- tivos para as operações produtivas e para as finanças da empresa. Além disso, o setor de compras possui informações importantes sobre os mercados nacionais e internacionais, que aumentam as possibilidades de parcerias com fornecedores que possam oferecer serviços e produtos com menores custos, reduzindo, assim, o custo total da organização. Dessa forma, é possível levar produtos de menor valor e mais qualidade aos clientes. Considerando esse cenário, neste capítulo vamos conhecer os principais conceitos que envolvem as operações de compra de produtos e serviços. Veremos por que é importante centralizar as decisões e quais são os impactos e os relacionamentos exis- tentes das compras com os clientes internos, externos e fornecedores. Vamos começar entendendo melhor como funcionam as compras de bens e serviços. 1.1 Conhecendo compras de bens e serviços Em algumas organizações, o montante financeiro movimentado pela área de compras atinge o mesmo patamar do Produto Interno Bruto (PIB) de alguns pequenos municípios e, quando comparada às despesas mensais da empresa (pessoal, imposto, materiais etc.), pode passar da metade do valor gasto. Assim, compras não é uma função que emprega mão de obra na mesma proporção que uma linha de fabricação ou a área de vendas. No entanto, o departamento de compras tende a empregar menos profissio- nais, quando comparado a outros setores ou departamentos da empresa. © O le ks iy M ar k // Sh ut te rs to ck Gestão de Compras 16 Mas o que efetivamente a área de compras pode fazer pelas organizações? Uma empresa pode se tornar mais competitiva no mercado quando consegue, mediante nego- ciações com seus fornecedores, melhores condições de pagamento, garantia, benefícios e preços mais baixos. Por consequência, o processo de negociação conduzido pelo profis- sional de compra institucional deve ser bem conduzido, partindo dos preceitos da ética e da responsabilidade. Neste tópico, vamos conhecer como tornar as compras mais competitivas para a organização, quais são as principais atividades desenvolvidas e como essa função é vista na estrutura organizacional. 1.1.1 Vantagem competitiva das compras Diversos fatores contribuem para que uma empresa obtenha uma vantagem competitiva frente aos seus concorrentes. A atividade de compra é uma delas, porque oferece a possibilidade de a empresa obter um preço de compra menor, que será repassado ao cliente final da organização. Porém, para que a área de compras atinja o status de um departamento que contribui para a vantagem competitiva, ela deve ser considerada uma atividade estratégica. De acordo com Baily (2000, p. 16): A compra é vista pela organização bem-sucedida de hoje como uma atividade de importância estratégica considerável. O fato de o papel estratégico e de contribuição de compras e suprimentos serem bem reconhecidos em muitos negócios relevantes, signifi- ca que as decisões estratégicas de compras podem ser tomadas no nível de diretoria, em vez de serem por um gerente departamental. Assim, observamos que a importância estra- tégica das compras está ligada aos relevantes negócios que esse setor realiza com os fornece- dores da empresa. Por isso, esta é uma função que deve ser ocupada por profissionais especializados, sendo que a função tem peso estratégico nas ativi- dades da organização Outros fatores também auxiliam na vantagem competitiva obtida pelas empresas por meio do departamento de compras. As melhorias no setor tecnológico (que exigem mais qualificação por parte de fornecedores), a escassez de recursos (que requerem a implantação de ações voltadas para a sustentabilidade) e o aumento da concorrência entre empresas e nações devido à globalização também são fatores que impactam diretamente no setor de compras (BAILY, 2000). © Y on gc ha ro en _k it ty ap or n // Sh ut te rs to ck Gestão de Compras 17 Dessa forma, ao aplicarem o conceito de vantagem competitiva na gestão de compras, as empresas partem do princípio de que é necessário haver uma integração com todas as demais áreas da empresa, pois somente assim a área de compras terá as informações necessárias para o processo de negociação com fornecedores. Sendo assim, várias são as práticas que podem ser adotadas na busca da vantagem competi- tiva, como (BAILY, 2000): Benchmarking é o processo de avaliação das melhores práticas, ou seja, a empresa compara seu processo de compra com o de outra organização; Benchmarking Envolvimento de todas as partes no processo de melhoria; assim, todos os colaboradores e gestores estão voltados para fazerem o melhor; Qualidade totalEntrega do produto na hora certa. Por exemplo, o componente fabril deve ser entregue pelo fornecedor na fábrica na hora acordada; Just in time Sistema de produção otimizado e em célula. Por exemplo, na fabricação de veículos automo- tores, cada operário está em sua unidade de trabalho (célula) e é responsável pela montagem de um processo inteiro. Produção enxuta Sistema que integra diferentes setores produtivos, como fornecedores e transporte, visando suprir as necessidades por insumos (matéria-prima, tecnologia, etc.) da empresa. Conceito de cadeia de suprimento Sistema de maior participação dos fornecedores. Neste caso cada fornecedor é responsável não só pela entrega do produto, mas por sua guarda e pela arrumação nos estoques. Empowerment (empoderamento) Gestão de Compras 18 Ao fazer seu benchmark de compras, procure conhecer quais ações diferentes sua empresa está to- mando em relação aos concorrentes e o que é necessário melhorar. Por exemplo, se determinado concorrente realiza uma compra mais rápida, pesquise o que ele faz e melhore o processo. Essas práticas, quando adotadas corretamente pela empresa, trarão vantagem competitiva para a organização devido à entrega de produtos e serviços de mais quali- dade. Por isso, é importante conhecer as atividades de compra que podem aplicar com eficiência essas práticas, como veremos no tópico a seguir. 1.1.2 Atividades da área de compras A área de compras possui um conjunto de atividades dinâmicas que envolvem ações rotineiras (como pesquisa de preço e envio de solicitações de compra) e esporádicas (por exemplo, cadastro de produtos, fornecedores, pesquisa de fontes de fornecimento, entre outras). Assim, o departamento de compras assumiu grandes responsabilidades nas empresas, que estão descritas no quadro a seguir. Nele, observamos a complexidade das operações envolvidas na área de compras, que abrangem desde a realização de um trabalho eficiente até a definição de políticas de terceirizações. Isso exige do profissional mais seriedade e competência em seus relacionamentos internos e externos. Razões para o aumento da importância e do reconhecimento da função das compras Gasto Total das Organizações Mão de obra e gastos indiretos Recursos adquiridos externamente Em redução devido a: Em crescimento devido a: • automação; • trabalho mais eficiente; • competitividade que depende do acesso a “melhores práticas”. • maior especialização por parte das organizações de compras; • políticas de “terceirização”; • foco nas competências centrais; • desenvolvimento de fornecedores especializados; • acesso mais fácil ao mercado mundial de suprimentos; • a tecnologia complexa restringe a amplitude da capacidade de fabricar; • a flexibilidade depende de ativos externos e não de ativos próprios; • coordenação mais estreita com fornecedores-chaves. Fonte: BAILY, 2000, p. 18. Gestão de Compras 19 Observando o quadro anterior é possível entender que uma atividade estraté- gica de compras é a pesquisa de novos produtos e fontes de fornecimento. Há uma tendência de que as compras fiquem concentradas em um número pequeno de grandes fornecedores, o que limita as opções de compra. Dessa forma, o comprador deve pesquisar no mercado novas alternativas de fontes de fornecimento. É impor- tante ressaltar que essa é uma ação estratégica para a empresa. 1.1.3 Contribuição das compras para a empresa Nos dias de hoje, o comprador precisa pensar de forma proativa. Ele deve procurar agir antes de os imprevistos acontecerem. Baily (2000, p. 20) cita o exemplo dos compradores de grandes corporações multinacionais, como IBM, Nissan e Ford, afirmando que eles “gastam apenas parte de seu tempo em atividades administrativas e burocráticas. A maior parte de suas atividades concentra-se no estabelecimento e do desenvolvimento de relacionamentos apropriados com fornecedores”. Esse tipo de ação proativa exige um comportamento diferenciado do comprador. Em uma compra proativa, tanto compradores quanto fornecedores contribuem para a especificação do produto, pois somente assim é possível adquirir uma mercadoria que realmente atenda às necessidades da empresa. Assim, uma especificação que apre- sente os detalhes precisos sobre o produto desejado é conseguida mediante a correta definição do nome do produto, sua unidade, a medida e as características físicas e químicas. Vejamos, por exemplo, o caso em que uma nutricionista responsável por um grande restaurante necessita de extrato de tomate. A definição da gramatura da embalagem pode ser uma decisão unilateral da nutricionista, mas tanto os forne- cedores como o comprador podem auxiliar no sentido de apresentar alternativas de embalagens cujo custo-benefício seja maior. Ou seja, considera-se o uso de extrato de tomate em determinado período para definir a gramatura e, como consequência, a quantidade de latas de extrato de tomate necessárias para o restaurante. Em alguns ambientes organizacionais também é comum o “empurra-empurra” dos problemas entre setores e pessoas. No caso das compras proativas, quando ocorre um problema, seja qual for, a solução e a responsabilidade é de todos os envolvidos (requisitante, comprador e fornecedor). Assim, a empresa é beneficiada com a compra proativa à medida em que ocorre a redução dos seus custos operacionais pela maior agilidade e menor incidência de erros no processo de compra. Dessa forma, as compras contribuem para a empresa por meio de ações desen- volvidas com o intuito de otimizar esse processo, integrando as necessidades dos requisitantes (clientes) aos produtos e serviços oferecidos pelos fornecedores. Menor preço, mais prazo, qualidade garantida, serviços diferenciados, menores custos opera- cionais são exemplos das contribuições. Gestão de Compras 20 1.1.4 Compras: uma função administrativa Entendemos como função administrativa as atividades realizadas dentro de um ambiente organizacional. Nesse sentido, podemos entender que as compras fazem parte das funções admi- nistrativas da organização. Farrel e Heinritz (1988) apontam que materiais e suprimentos são comprados por serem necessários ao processo de fabricação, ou seja, segundo o autor, as compras não iniciam nem terminam de forma isolada na organização. Assim, neste mundo contem- porâneo, a função de compra é integrada a todas as atividades da empresa e deve traba- lhar de forma conjunta com todos os colaboradores. Para que a função de compras tenha efetividade, é necessário que os gestores realizem diversas atividades, desde o planejamento das compras até o controle do que entra em estoque. Além disso, o gestor também deve aplicar ferramentas de gestão (por exemplo, cronograma, ferramentas da qualidade, controle estatístico de processo, brainstorming) com decisões para serem tomadas levando em consideração variáveis como quantidade, qualidade e custos. Portanto, a função de compras é responsável por oferecer a assistência neces- sária a todas as atividades da empresa, devendo propiciar resultados embasados em informações confiáveis e constantemente atualizadas. Por isso, é uma atividade que exige de seu responsável a capacidade de alinhar os interesses adversos dos clientes e dos fornecedores, mantendo uma relação de cordialidade que assegure que as nego- ciações sejam realizadas pela filosofia do “ganha-ganha” e não do “ganha-perde”. Na filosofia “ganha-ganha”, tanto o comprador quanto o fornecedor saem ganhando. O fornecedor ganha clientes mais fiéis e o comprador produtos com serviços agregados e custo mais baixo. Já na filosofia “ganha-perde”, apenas um dos lados é beneficiado, enquanto o outro sofre prejuízos. Por isso, podemos concluir que compras é uma função administrativa e que agrega valor para as atividades da organização mediante o conjunto de atividades que são desenvolvidas. Nesse sentido, o setor de compras deve estar bem posicionado na estru- tura organizacional. Vamos entender melhor essa estruturação no próximo tópico.© do ck st oc km ed ia // S hu tt er st oc k. (A da pt ad o) . Gestão de Compras 21 1.2 A estruturação do setor de compras A estruturação do setor de compras depende de como a função administrativa será entendida pela organização, ou seja, se será considerada ou não uma atividade essencial. Como atividade essencial, subentende-se que a empresa possui um volume financeiro grande, que compensa a criação de uma área específica de compras. Vejamos, por exemplo, o caso de uma microempresa prestadora de serviço. Uma empresa prestadora de serviço possui pouco movimento de compra, sendo adquiridos principalmente materiais de expediente para o escritório e a limpeza, além de insumos para a realização do serviço. Nesse caso, compras não se caracteriza como essencial. No entanto, em uma livraria virtual é necessário adquirir vários títulos e uma quantidade grande de obras. Então, o departamento de compras apresenta-se como algo imprescindível. Assim, a função de compras exigirá uma estrutura que suporte a realização de todas as atividades da empresa com eficiência e eficácia. Eficiência é procurar fazer as coisas de forma correta, sem erros. Eficácia é voltado para os resultados e sua quantidade, ou seja, é conseguir cumprir a meta no prazo estabelecido (CHIAVENATO, 2004). Além disso, para que a estruturação seja bem executada e aplicada, é necessário atentar-se a dois elementos: informações e interfaces. As informações devem ser confiá- veis e rápidas para evitar a perda de uma negociação, enquanto as interfaces, que é a inte- ração lógica entre duas atividades – o tipo de produto a ser comprado e as informações sobre o fornecedor, por exemplo –, precisam ser seguras e pactuadas para atender às necessidades seguindo processos otimizados e que permitam reduzir os custos de compra. Assim, nesse tópico vamos entender como administrar as compras, verificando que, quando esse processo é bem organizado e as informações perpassam todos os setores e fornecedores, os resultados são melhores. 1.2.1 Administração de compras A administração de compras envolve o planejamento e a organização do processo de compra, permitindo um controle eficiente e dentro dos objetivos traçados em relação às aquisições feitas pela organização (DIAS, 2009). Assim, planejar é essencial para que a empresa tenha todos os materiais necessários para a fabricação de seu produto ou serviço. © T as ha tu va ng o // Sh ut te rs to ck . Gestão de Compras 22 Alguns dos fatores que o comprador deve levar em conta para dimensionar a quantidade ideal de compras estão ligados aos registros históricos de consumo do produto, a capacidade de armazena- mento e as dificuldades do mercado fornecedor. A previsão de compras é obtida mediante regis- tros constantes no sistema dos consumos mensais e dos itens planejados pelo Planejamento e Controle da Produção (PCP). Como a administração de compras tem mais informações sobre o mercado fornecedor, ela utiliza os controles de estoque para definir a quantidade ideal de compra dos itens gerenciados no estoque. Nesse sentido, minimizar os custos é uma das metas do setor de compras, consi- derando que o volume de materiais necessários representa um valor expressivo no custo total da organização. O departamento de compras ainda contribui para que a empresa aumente sua competitividade no mercado devido à redução dos custos de seus produtos e serviços. Nesse sentido, a administração de compras deve permitir que o fluxo de suprimentos não seja interrompido, aplicando o mínimo de investi- mento e tendo preços que contemplem um processo de negociação justo e que não afetem a operacionalidade da empresa. Nesse cenário, um fator chave para que a área de compras atenda seus objetivos é a precisão correta do que deve ser adquirido. Uma previsão mal feita pode gerar compras em excesso, ocasionando custos de estocagem. O contrário também é nega- tivo, já que deixar faltar um produto pode gerar um dos fatos mais prejudicais para um departamento de compras, que é a aquisição emergencial de suprimentos para suprir a falta de um produto que não foi planejado adequadamente. Por isso, Dias (2009, p. 236) afirma que: Comprar bem é um dos meios que deve ser utilizado para reduzir os custos. Manter-se bem relacionado com o mercado fornecedor, antevendo problemas que possam prejudicar a empresa no cumprimento de suas metas de produção, é talvez o fator mais importante. Um comprador é medido pela quantidade e pela qualidade de seus fornecedores. Saber fazer uma seleção de fornecedores que ofereçam o melhor pacote de supri- mento é um dos diferenciais do departamento de compras. O próximo passo é entender como funciona a organização do departamento de compras. © Iv el in R ad ko v // Sh ut te rs to ck . ( A da pt ad o) . Gestão de Compras 23 1.2.2 Organização do setor de compras A organização do setor de compras passa pelo entendimento de que essa área é uma atividade da logística organizacional, tal como o armazenamento, o transporte e a distribuição. De acordo com o ciclo padrão de evolução e com o crescimento da organização, é normal que o proprietário assuma mais responsabilidades. No início, ele é responsável pelas áreas financeira, de produção e de vendas. Somente com o decorrer do tempo e o crescimento da empresa, essas atividades são descentralizadas e repassadas para outros profissionais. Ciclo padrão de evolução refere-se às fases que uma organização passa no decorrer do tempo de sua existência. O ciclo envolve as etapas da infância (aprendendo com os erros), juventude (desbravando novos horizontes) e maturidade (propagando conhecimento e experiência). Três atividades são essenciais para a organização do setor de compras: autori- dade, registro e arquivos. A autoridade é importante pois, sem sua regulamentação, o comprador não saberá até onde avançar e concluir uma negociação. Os registros servem para garantir a lisura das operações de compra. Já os arquivos são utilizados para localizar informações dos fornecedores e alternativas de produtos. Dias (2009, p. 237) acrescenta ainda que “independente do porte da empresa, os princípios básicos de organização constituem-se em normas fundamentais”. O autor também estabelece algumas das atividades básicas do setor de compras: • autoridade para compra: saber até que valor negociar; • registro de compras: manter o sistema atualizado após a compra realizada; • registro de preços: anotar no sistema os preços ofertados pelos fornecedores; • registro de estoques e consumo: anotar as quantidades para comprar; • registro de fornecedores: atualizar constantemente o cadastro de fornecedor; • arquivos e especificações: guardar documentos de compras e cadastro de itens; • arquivos de catálogos: guardar prospectos recebidos em feiras e por correio. Gestão de Compras 24 De acordo com as atividades que norteiam a organização do setor de compras e segundo suas características, cada empresa poderá adotar uma metodologia, sendo que o importante é lembrar sempre que compras é uma atividade estratégica e que gera vantagem competitiva para a empresa. Portanto, a organização do departamento deve ser flexível e eficiente, a fim de realizar os processos de compra com baixo custo e rapidez. Nesse momento, as informações devem ser seguras e estarem disponíveis sempre que necessário. Vamos entender melhor no próximo subtópico. 1.2.3 Informações do setor de compras Um bom sistema de informações pode agregar muito valor às atividades de compra e oferecer um conjunto de dados que ajude a definir as políticas de compra. Esses dados e informações permitirão adotar uma metodologia de avaliação das necessidades de compras da empresa, considerando determinado período de tempo, que vai variar conforme o tipo e a estrutura da organização. Uma política de compras eficiente leva em consideração o que deve ser comprado, a quanti- dade e as condições de compra. Assim, permiteque a organização tenha variadas opções de produtos em relação à qualidade e ao preço. Nesse sentido, o sistema de informações de compra permitirá que a empresa faça uma análise correta e adequada de seus fornecedores, definindo e parametri- zando qualificações, que vão desde as instalações até seu desempenho de entrega e condições financeira. Entre os benefícios que um sistema de informações de compras traz, podemos citar a análise correta das embalagens e dos fretes em função da localização e das condições tributárias de seus fornecedores e uma análise administrativa sobre formu- lários, rotinas e relatórios. Por exemplo, ao se cadastrar um produto no sistema de compras, recebe-se a informação de que, para a entrega dele, será necessário ter uma embalagem de transporte que contenha uma caixa isotérmica de alumínio, atendendo a exigências locais estabelecidas por leis municipais. Assim, no sistema de informação de compras existem dois tipos de informações que podem ser trabalhadas: internas e externas. Para entender melhor, observe as figuras a seguir. Gestão de Compras 25 Informações externas para o departamento de compras Condições gerais de mercado Fontes de suprimento Taxa de produção dos fornecedores Capacidade de produção dos fornecedores Condições de mão de obra Impostos de venda e de uso Informações sobre produtos Informações sobre novos produtos Disponibilidade de transporte Tarifas de transporte Preço e descontos SEÇÃO DE COMPRAS Fonte: DIAS, 2009, p. 242. (Adaptado). Informações internas para o departamento de compras Produção Departamento Jurídico P.C.P. Contabilidade Administração Geral Desenvolvimento de Produtos Departamento Financeiro Mercadologia Engenharia SEÇÃO DE COMPRAS Fonte: DIAS, 2000, p. 242. (Adaptado). Nas figuras anteriores, podemos observar que as informações externas do depar- tamento de compras referem-se ao transporte das mercadorias, às condições do mercado, ao mercado fornecedor, às capacidades de produção dos fornecedores, à disponibilização de mão de obra, entre outras. Em relação às informações internas da seção de compras, elas são obtidas mediante a integração com as áreas contábil, de engenharia, mercadológica, de produção etc. Assim, o relacionamento de compras com todas as demais funções da orga- nização traz benefícios para o processo de compra, que se torna mais ágil. Essa rapidez no sistema de informações é crucial, pois, durante o processo de negociação com o fornecedor, o comprador terá todas as respostas necessárias para conduzir © D TC O M © D TC O M Gestão de Compras 26 a negociação de acordo com os interesses da empresa. Imagine se, em determinado momento da negociação, o comprador tiver que parar para obter uma informação. Nesse intervalo de tempo, o fornecedor pode repensar e fortalecer sua posição na negociação, o que pode ser prejudicial à organização. No próximo tópico vamos conhecer mais sobre a ligação do setor de compras com os demais setores da empresa. 1.2.4 Interfaces do setor de compras O setor de compras apresenta uma interface com todos os departamentos da empresa, porque mantém contato com as áreas de produção, finanças, vendas, conta- bilidade, jurídico e engenharia. No entanto, entre todas as interfaces, a principal é a que existe entre o comprador e o fornecedor, que é um interface externa, já que este contato é constante e diário entre a empresa (compradora) e o ator externo (fornecedor). Por isso, uma nova visão nessa relação é necessária. Para Baily (2000, p. 21), “uma visão simplista da atividade de compras é o mero ato de comprar”. Essa percepção tornou-se conhecida como a visão transacional, ou seja, considera que toda operação é voltada para uma simples troca: dinheiro por produto. A mudança necessária para evitar a visão transacional entre comprador e forne- cedor é mudar o foco da negociação, o que significa deixar de fazer uma negociação que somente visa à troca de mercadoria por dinheiro para adotar uma negociação na qual as partes podem agregar valor e criar laços de parcerias, buscando alternativas para os problemas (por exemplo, tempo excessivo para entrega, necessidade de tipo de transporte especial.) decorridos de uma negociação de compra. Veja na imagem a seguir a representação de uma interface entre um ator externo e outro interno visando suprir a empresa compradora de recursos necessários à produção Relacionamento mútuo entre fornecedor e comprador Comprador Vendedor Confiança Tecnologia Compromisso Eficiência Informação Apoio Fonte: BAILY, 2000, p. 22. (Adaptado). © D TC O M Gestão de Compras 27 Na figura, visualizamos de que forma deve se pautar o relacionamento entre o comprador e o vendedor. Esse deve ser um relacionamento que valoriza a confiança, utiliza a tecnologia para a troca de informações e requer o apoio da alta administração das empresas de comprador e vendedor. Assim, o compromisso assumido está calcado na responsabilidade e na busca da eficiência. Vejamos como é possível compreender as variáveis que fazem parte do relaciona- mento entre as áreas de compras e de vendas. Uma maneira de o comprador controlar e acompanhar o desenvolvimento de seus fornecedores em relação aos negócios reali- zados é pela classificação ABC dos fornecedores. Nesta classificação, a empresa poderá estabelecer pesos para os requisitos do relacionamento (como confiança, tecno- logia, compromisso etc.) e fazer uma análise dos resultados. Portanto, aqueles forne- cedores pertencentes à classe A, que possuem maior volume comercializado, podem receber um tratamento diferenciado e oferecer melhores condições de preço e assis- tência após a compra. Já os de classe B e C teriam tratamentos e políticas de compra específicas. Porém é necessário lembrar de sempre fazer uma dosagem de tratamento em relação a todos os fornecedores, sendo que os estratégicos e essenciais devem ser atendidos por meio de uma abordagem mais estraté- gica, enquanto os fornecedores para compras simples e rotineiras devem ser tratados por meio de uma operação mais transacional. A Curva ABC apresenta o grau de importância de cada recurso em estoque, onde o azul é o produto com mais alto nível de relevo. Ao assegurar um relacionamento produtivo de compras com as áreas internas da organização e com os fornecedores e garantindo que as aquisições atendam de forma adequada as demandas da empresa, é a hora de definir e planejar o que é possível alcançar no futuro, como veremos no tópico seguinte. 1.3 O que podemos esperar das compras? Agregar valor ao cliente é um dos principais benefícios da área de compras. Um cliente satisfeito porque encontrou o produto que queria, na hora certa, na quantidade necessária e a um preço justo é um objetivo perseguido pelo setor/departamento de compras. Por isso, o departamento de compras, juntamente com todos os demais setores da empresa e seus fornecedores, pode contribuir muito para alcançar esse objetivo. © M at ej K as te lic // S hu tt er st oc k Gestão de Compras 28 Com o avançar das tecnologias, que ligam cada vez mais rápido pessoas e empresas, é possível pensar que em um futuro próximo será possível que o consumidor realize suas compras pela internet diretamente do fornecedor fabricante, enquanto o departamento de compras assumirá uma função ainda mais dinâmica na empresa fornecedora, pois esta precisará dispor, em maior velocidade, de recursos produtivos para atender com mais rapidez o consumidor final. Essa mudança de comportamento" por "Esse novo paradigma tecnológico causado pela internet tem se difundido no departamento de compras, de modo a tornar mais dinâmica e próxima a relação entre fornecedor e consumidor final". Assim, a área de compras deve ser encarada como um elo da cadeia de abasteci- mento, devendo ser tratada estrategicamente para que haja condições de conectar o cliente ao fornecedor do produto. Esse processo agiliza todas as operações da cadeiade abastecimento devido à simplificação dos processos e à otimização dos custos. Por isso, agora vamos compreender os objetivos de compra, como comprar eficiente- mente e como ocorre o processo de compras na cadeia de abastecimento. 1.3.1 Objetivos da compra É tradicional atribuir como objetivo do setor de compras a aquisição insumos que atendam aos requisitos de qualidade, tempo e quantidade. Para que a empresa consiga chegar a esses objetivos, ela precisa contar com uma boa fonte de fornecimento, que garanta quali- dade e menor preço. Um exemplo de produto que se encaixa bem nesse requisito são os rótulos para refrigerantes. Devido à personalização exigida, ao fechar o contrato, o fornecedor assume o compromisso de não deixar faltar o produto. Assim, sempre que a fábrica necessitar de rótulos, o fornecedor deve entregá-los. No entanto, existem outros objetivos que devem ser alcançados por esse setor. Para Baily (2000, p. 31), “uma definição bem conhecida dos objetivos de compras é: comprar a quantidade de material correta, no tempo certo, na quantidade exata, da fonte certa, ao preço adequado”. Assim, trabalha-se de forma eficaz na equipe gerencial. Esta eficácia também vai permitir que o setor de compras abasteça a organização de forma contínua com produtos e serviços de alta qualidade e preço baixo. Além disso, permitirá manter um relacionamento mais consistente com os fornecedores, melhorando a administração dos estoques. © Iv el in R ad ko v // Sh ut te rs to ck Gestão de Compras 29 Assim, a essência da atividade de compras que agrega valor aos clientes passa por selecionar os melhores fornecedores existentes no mercado, contribuindo para que eles desenvolvam produtos e serviços mais eficazes para os clientes e gerando mais lucratividade para a empresa. Dessa forma, existe um constante desafio do setor de compras: atender os obje- tivos organizacionais, que são a finalidade pretendida pela empresa. Por mais que ocorra um esforço em atendê-los, poderá haver falta de integração entre setores de uma empresa, o que dificultará a boa execução do departamento de compras, a exemplo da precária comunicação entre os setores de limpreza e compras de um hotel, que pode substanciar na aquisição de produtos de limpeza de má qualidade e, por consequência, isso afetará o nível da limpeza dos quartos e, assim, no atendimento dos hóspedes. Por isso, manter um bom relacionamento com todos os setores da orga- nização e procurar sempre os melhores fornecedores passam a ser fatores críticos de sucesso de compras. Esse êxito será a chave para o departamento de compras atuar na cadeia de abastecimento. 1.3.2 Compras nas cadeias de abastecimento A cadeia de abastecimento é a reunião de diversas empresas interligadas para oferecer um produto ao mercado. Um dos elos de ligação desta cadeia é construído pela operação de compra e venda entre as empresas. Assim, o setor de compras atua na cadeia de abastecimento fazendo com que a mercadoria circule. Um exemplo é o processo produtivo dos tablets. Entre os diversos insumos, a fábrica precisa de terras raras, que é uma matéria-prima composta de alguns minerais e que pode ser adquirida na China pelo departamento de compras. Uma vez produzido os tablets, o produto é distribuído pelas empresas transportadoras aos varejistas, os quais ofertam o produto ao consumidor final. Assim, quando falamos em administração da cadeia de abastecimento, abor- damos um conjunto de medidas utilizado para o benefício de todos os elos da cadeia, que é composto de várias empresas de forma planejada e organizada. Em relação à atividade de compra, podemos afirmar que a: Administração da cadeia de suprimentos diz respeito ao relacionamento imediato vendedor/ comprador no decorrer de uma série mais longa de eventos. A administração da cadeia de su- primentos vê os vários compradores e vendedores como parte de um continuum e reconhece o benefício a ser obtido na tentativa de assumir uma visão estratégica e integrada da cadeia, em vez de focar os elos individuais e sua decorrente subotimização (BAILY, 2000, p. 32) Gestão de Compras 30 Por isso, o gestor de compras deve ficar atento não somente à organização, mas a todos os elementos que compõem a cadeia. O setor de compras deve participar de todo o processo de negociação adotando posturas proativas e garantindo que os obje- tivos sejam alcançados. Por exemplo, em determinada empresa da cadeia, um dos requisitantes está com a necessidade de uma entrega diferenciada do produto, tanto com relação à embalagem quanto com relação à data de entrega, que deve ser feita em um dia específico. Esta situação de problema passa a ser de todos os envolvidos na cadeia de abastecimento, que agirão de acordo com a aplicação de uma flexibilidade necessária para atender a demanda com qualidade alta e preço baixo. Assim, há dois pontos que representam a importância das compras para a gestão da cadeia de abastecimento (BAILY, 2000, p. 32): os profissionais da área de compras devem estar envolvidos em todos os estágios e níveis de tomada de decisões; as compras precisam adaptar-se para se tornarem mais proativas. Na cadeia de abastecimento de suprimentos, observamos que o foco são os rela- cionamentos coletivos e nãos os individuais. Esse conceito mais ampliado visa à otimi- zação de recursos e a uma compra mais eficiente. 1.3.3 Compra eficiente O que é uma compra eficiente? Será aquela que atende todos os objetivos básicos da compra, na qual o departamento de compras percebe as necessidades competitivas dos produtos e serviços, tornando-se responsável pela entrega no tempo certo e garantindo os custos, a qualidade e outros elementos necessários na estratégia de operações (GAITHER; FRAZIER, 2002). A obtenção do lucro é um dos objetivos das empresas e uma compra eficiente contribui para a manutenção e o aumento dos lucros, gerenciando de maneira adequada os investimentos da organização nos itens adquiridos. Já uma compra mal realizada, que apenas aumenta o estoque, pode gerar uma ineficiência no sistema produtivo da empresa. Por isso, é necessário realizar compras eficientes, ou seja, comprar somente o necessário e quando for preciso. © D us it // Sh ut te rs to ck Gestão de Compras 31 Um impacto na eficiência da compra pode ser entendido por meio do seguinte exemplo. Um consumidor pode reduzir seu consumo em qualquer momento e se o departamento de compras não se atentar à redução desse consumo, adquirirá o produto de seu fornecedor e este, por conseguinte, de seus fornecedores, perpassando por toda a cadeia e abastecimento. O comprador, quando perceber que o consumo foi reduzido, já terá formado estoque e aumentado os custos da empresa. Nesse momento, o setor de compras evitará adquirir o produto de seu fornecedor e este de seus respectivos forne- cedores, ocasionando um efeito chamado “chicote” (bate e volta), ou seja, uma série de ocorrências de retorno que impacta em todos os elos da cadeia de abastecimento. Assim, o setor de compras deve ser dinâmico e rápido para que a empresa não pratique custos defasados, em relação ao preço de aquisição de uma nova remessa de produtos, e nem tenha prejuízos no mercado. Para alcançar esses resultados, a compra eficiente necessita ser construída com base em parceria e comprometimento, como vamos estudar no tópico seguinte. 1.4 O relacionamento das compras internas e externas O relacionamento das compras, como já foi visto neste capítulo, ocorre tanto com os fornecedores quanto com outras áreas da empresa. Quanto melhor for este relacionamento, melhores serão os resultados obtidos. Assim, um relacionamento ruim entre o departamento de compras e seus fornecedores e/ou áreas internas poderá trazer um conjunto de dificuldades, que podem aumentar os custos de compra, ocasionar atrasos e até mesmo culminar na perda de clientes. Por exemplo, se o departamento de compras não ter certa aderência a um forne-cedor ou um pequeno conjunto de fornecedores, sob uma forma de aquisição mais dispersa entre fornecedores, em algum momento isso pode levar a um problema de estoque, caso determinada matéria-prima venha a estar com relativa escassez de oferta, visto que os fornecedores priorizarão seus clientes mais fieis. Da mesma forma, se os profissionais do setor de compras não terem uma boa comunicação, referente as as demandas dos departamentos internos, estes, por sua vez, omitirão informa- ções importantes para a decisão de compra e uma compra poderá ser utilizada sem a devida necessidade. Em ambas as situações, quem ficará no prejuízo será a própria empresa e seus colaboradores.Por isso, as compras são uma função muito importante para manter o equilíbrio dentro das organizações. Nesse contexto, as empresas podem adotar compras centralizadas ou descentra- lizadas. Em ambas as estratégias adotadas poderão surgir vantagens e desvantagens e a empresa deverá saber escolher qual é a melhor opção para o momento e o posiciona- mento da organização no mercado. Gestão de Compras 32 Por exemplo, se em determinado momento a empresa perceber que o mercado regional onde se encontra uma de suas unidades estiver com uma tendência de redução dos preços dos produtos, a empresa pode calcular os custos com o transporte e as despesas com impostos e avaliar se compensa transferir as operações de compra para outra unidade, adotando, assim, uma postura descentralizada. Pelo mesmo motivo, a empresa pode adotar a postura de centralizar as compras. Nesse tipo de decisão, a empresa deve considerar as despesas com toda a estrutura de escritório, os recursos finan- ceiros e humanos necessários para montar um setor de compras, o treinamento dos cola- boradores e principalmente os espaços necessários para a movimentação da mercadoria. Dessa forma, o relacionamento das compras, tanto no âmbito interno quanto no externo, deve ser o melhor possível para que as estratégias sejam formuladas em conjunto e as soluções surjam para atender os interesse de todos os envolvidos com o processo de compra. Nesse cenário, é importante entender que também aparecem dificuldades, que são comuns no processo de evolução e melhoria. 1.4.1 Principais dificuldades das compras O departamento de compras enfrenta diariamente uma série de dificuldades e desafios. As principais estão voltadas para as transações realizadas com os fornece- dores e envolvem tanto a avaliação deles quanto a má qualidade do produto e os erros cometidos nas entregas. A cadeia de abastecimento da carne bovina sofre constante influência do mercado. A dificul- dade nos momentos de crise está relacionada à reposição da matéria-prima, posto que quando a atividade econômica declina, o preço do farelo de soja (usado na fabricação de ração) cai, o que vem a dissuadir novas ofertas do insumo. Outra dificuldade de compras é a situação provocada pelo aumento da concor- rência. Empresas surgem e desaparecem rapidamente do mercado, fazendo com que o setor perca tempo em pesquisa e fechamento de parcerias, que poderiam garantir o suprimento necessário para as operações da organização. Para empresas que dependem de oscilações do mercado importador e expor- tador e de commodities, a dificuldade aumenta ainda mais, pois os preços sofrem varia- ções que afetam a lucratividade e a produção da empresa, dificultando a negociação de compra, já que o mercado fica vulnerável ao aumento e/ou à redução dos preços. Além dessas, outras dificuldades podem ser apresentadas no decorrer das compras. Uma delas são as compras emergenciais, que normalmente são ocasionadas pela falta de planejamento e/ou por itens que não justificam formar um estoque. Essas compras Gestão de Compras 33 acabam tomando tempo do setor responsável e não garantem que o produto será adqui- rido com o melhor preço. Um exemplo clássico é quando o comprador esquece de prever a compra de um item e percebe de última hora. Resta ao setor de compras dedicar-se para comprar aquele produto, interrompendo outras ações que estavam planejadas e muitas vezes pagando um valor elevado por isso. As especificações para a formulação de um contrato de fornecimento também trazem muitos problemas para o setor de compras, já que os usuários, na maioria das vezes, não conseguem traduzir suas necessidades para a requisição de compra e nem para as condições de fornecimento do produto. Somam-se a essas dificuldades a burocracia excessiva e as ingerências sofridas no departamento com a intromissão dos responsá- veis por outras áreas, como a produção, o marketing e o financeiro, que tentam prevalecer seus interesses acima dos preceitos normativos traçados pelo setor de compras. Conforme afirmado anteriormente, além de entender as dificuldades do setor de compras, também é importante que a empresa identifique os períodos em que é melhor centralizar ou descentralizar as compras. Este é o assunto que será abordado no próximo subtópico. 1.4.2 Centralização e descentralização das compras Um dilema constante na área de compras é a definição do que centralizar ou descentralizar. Uma grande empresa, que possui diversas unidades, pode ficar na dúvida se é melhor comprar tudo pela matriz ou se cada unidade pode realizar sua compra. Definir um limite para a autonomia desse processo é uma estratégia que pode facilitar a escolha da organização. Como atividade administrativa, a centralização permite mais controle nos processos organizacionais e isso aumenta o tempo para a tomada de decisões. A centralização também requer uma maior especialização. Já na descentralização há uma exigência maior da competência do gestor para tomar a decisão correta. Farrel e Heinritz (1988) apresentam duas razões para optar pela descentralização das compras nas fábricas ou divisões: • o gerente da fábrica ou da divisão é responsável pela operação eficiente e lucrativa daquela unidade da empresa; • se a filial ou a divisão for suficientemente grande para ser considerada uma unidade operacional econômica, ela também será suficientemente grande para compreender as vantagens das compras em grande quantidade. Gestão de Compras 34 Por outro lado, algumas vantagens são obtidas quando a empresa adota a centra- lização das compras. É possível confirmar se a qualidade está sendo atendida e fazer a divisão do produto para vários locais, o que permite que o excesso de algum mate- rial em determinada unidade seja redirecionado para outro ponto que tem necessidade do produto. Também é possível trabalhar melhor os itens obsoletos em determinado local, pois a equipe ficará mais especializada, aumentando a habilidade de compras. Atualmente, é comum que um grupo de empresas junte-se para montar uma central de compras. Assim, a centralização nesse local permite melhores condições de preço e entrega. A centralização na própria empresa em uma central de compras apresenta como vantagem o poder de barganha pelo menor preço, devido à quanti- dade elevada.. A centralização ou descentralização vista neste tópico permite à organização decidir por situações que se tornem mais fáceis e que alavanquem a capacidade opera- cional de compras, sem perder o controle para lidar com os fornecedores e com as demandas internas da organização. A manutenção de um relacionamento é ponto chave para o sucesso das compras e, por isso, conhecer os relacionamentos internos e externos aumenta as chances do sucesso, conforme veremos a seguir. 1.4.3 As relações internas e externas das compras Com o crescente interesse das empresas pela função de compras nas organizações e a valorização das operações logísticas, quanto maior for o relacionamento do setor com seus parceiros internos e externos, melhor será o resultado para a organização. Nesse sentido, o departamento de compras é um dos elementos que liga uma empresa ao seu ambiente externo, pois é sua responsabilidade o supri- mento dos insumos e materiais necessários para o funcionamento de todas as áreasda empresa (CHIAVENATO, 2005). Dessa forma, uma empresa fornecedora que possui uma especialidade com bens/mercadorias e/ou serviço e que enfatiza seu negócio principal (o chamado core business) tem grandes possibilidades de aumentar seu relacionamento com as empresas compradoras. Empresas fornecedoras que possuem avançados sistemas de comunicação e de intercâmbio eletrônico de dados (Eletronic Data Interchange – EDI), facilitam o processo de relacionamento, pois isso permite que os processos de suprimento de mercadorias e de decisão sobre a negociação dos preços sejam agilizados com o uso © J ir sa k // Sh ut te rs to ck Gestão de Compras 35 de novas tecnologias, como softwares próprios da empresa fornecedora que permitem ao cliente inserir os pedidos. Ainda há outros fatores a serem considerados para os relacionamentos externo e interno a fim de agregar valor para a empresa. A mudança dos padrões comerciais exige uma compra cada vez mais proativa, fugindo daquela tradicional orientada somente pelos controles administrativos. Antes o comprador era tido como o “todo poderoso”, porque todos na organização deveria seguir o que ele decidia. Já no modelo de organização atual, o comprador deve negociar com seus pares o que pretende comprar, seguindo, assim, o princípio do conceito de cliente interno. O princípio de cliente interno surge devido à relação existente entre a empresa e seus clientes mediante as ações de marketing e compras. Esse conceito significa tratar o colega como clien- te e saber que ele é, ao mesmo tempo, o fornecedor de serviço. Por isso, as empresas devem estar atentas ao ritmo das inovações tecnológicas que ocorrem diariamente. A melhor forma de fazer isso é participando de feiras, visitando fornecedores e pesquisando pela internet, procurando levar seus pares internos a conhecerem o que o mercado está oferecendo e apresentando a eles quem são os fornecedores. Essa aproximação permitirá um melhor relacionamento de compras tanto interna quanto externamente. Agora que vimos sobre a relevância do departamento de compras em uma empresa, tendo em vista seu relacionamento com os fornecedores, os impactos da redução de custos no preço ao consumidor final, entre outros fatores, veremos no próximo capítulo como funciona o comportamento estratégico do setor de compras. Gestão de Compras 36 Referências BAILY, P. Compras: princípios e administração. São Paulo: Atlas, 2000. CHIAVENATO, I. Administração de materiais: uma abordagem introdutória. 5. reimp. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. _______. Introdução à Teoria Geral da Administração. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2009. FARREL, P. V.; HEINRITZ, S. F. Compras: princípios e aplicações. São Paulo: Atlas, 1988. GAITHER, N.; FRAZIER, G. Administração da produção e operações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. 2 Compras estratégicas É no nível estratégico que tudo acontece a fim de desenvolver a organização e é nesse momento que a empresa depura suas falhas e planeja seu futuro. Na visão estratégica, o departamento de compras identificará, negociará, checará e fechará negócios com empresas fornecedoras, garantindo todos os produtos necessários para o bom andamento da empresa, diminuindo custos e aumentando a capacidade competitiva da empresa no mercado. Ou seja, o departamento de compras pode melhorar as estratégias da organização nesse jogo de competição que é o mercado. Assim, o departamento de compras está inserido no tabuleiro onde as estraté- gias são traçadas. Nessas estratégias, a empresa define metas, objetivos, adoção de medidas e destinação de recursos, fazendo com que a empresa se posicione no mercado e definindo que caminho ela seguirá. Portanto, uma compra estratégica é aquela que tem suas abordagens centradas na evolução e no ciclo de vida do produto, com entendimento apurado da real neces- sidade da organização e com uma postura correta com seus fornecedores. Assim, é necessário avaliar e selecionar itens que atendam às exigências contratuais e que sejam inseridos dentro das operações ligadas às ações estratégicas. Neste capítulo, vamos conhecer as principais estratégias de compra, verificando desde a definição do preço de venda e seus fatores de influência até as ferramentas que podem ser adotadas estrategicamente na hora das compras. 2.1 Estratégias nas compras Ao abordar as estratégias nas compras, precisamos pensar também no escopo de compra. Nesse sentido, é importante que a empresa tenha bem definido o que deseja comprar e como fazer a melhor aquisição. Uma ênfase nas atividades estratégicas de compras faz com que as atividades desenvolvidas sejam multifuncionais, e não mais isoladas ou específicas do setor de compras. Essa multifuncionalidade envolvendo todos os colaboradores e as demais áreas da organização permite uma maior integração da empresa com seus fornece- dores a fim de obter requisitos (preço, serviços e qualidade) que podem aumentar a vantagem competitiva da empresa no mercado. © s er gi gn // S hu tt er st oc k Gestão de Compras 38 De acordo com Baily (2000), diversos são os fatores que contribuíram para o cres- cimento do papel estratégico de compras e suprimentos no processo de tomada de decisões estratégicas. Entre esses elementos, o autor destaca os principais: As compras agregam valor; As equipes gerenciais estão atentas às novidades do mercado; Os fornecedores estão empenhados e comprometidos para reduzirem os custos. Nesse contexto, a principal avaliação sobre a estratégia de compras aplicada à organi- zação tem como referência o impacto que uma tomada de decisão terá sobre o negócio. Esses impactos são gerados pelo estabelecimento de contratos de fornecimento de longo prazo e por um sistema de gestão do relacionamento entre comprador e fornecedor, cujo objetivo central é a redução dos custos e, consequentemente, a maior competitividade da empresa em função do preço mais baixo que oferecerá no mercado. Assim, compreender e definir o escopo de compra, objeto de estudo deste tópico, permitirá à organização estabelecer linhas de decisões estratégicas e procedimentos. Além disso, vamos aprender como aplicar as principais estratégias de compra, como o departamento de compras está inserido no nível estratégico da organização e de que forma esse setor pode aumentar a vantagem competitiva de uma empresa. 2.1.1 Escopo das compras Escopo de compras é definido como todas as oportunidades de atividades que podem ser desenvolvidas na organização, como o ato de assegurar o abastecimento de produtos de acordo com a necessidade; garantir que as entregas ocorram segundo o que foi programado; certificar-se de que os custos estão sendo reduzidos, evitando perdas; e, por último, manter-se sempre atualizado com as inovações. © R aw pi xe l.c om // S hu tt er st oc k © jo hn w or ks // S hu tt er st oc k Gestão de Compras 39 Para que as operações de compra sejam estratégicas e agreguem valor, a empresa deve diminuir o desperdício em toda a cadeia de abastecimento e estar inte- grada à estratégia corporativa da organização, ou seja, deve estar relacionada ao ramo de atuação, ao negócio e aos produtos da organização. Assim, podemos dizer que o departamento de compras pode tomar ações em todos os níveis organizacionais. Para entender melhor esse conceito, observe o quadro a seguir, que traz informações sobre o escopo da função de compras. Escopo da função de compras • Métodos de compra. • Negociação. • Orçamento. • Desenvolvimento da interface. • Desenvolvimento de funcionários. • Contratação. • Técnicas de redução de custos. Nível tático/gerencial • Pesquisa de compra. • Planejamento em longo prazo. • Previsão de disponibilidade. • Determinação de política. • Fonte única. • Comercialização recíproca. • Ética. Nível estratégico • Manutenção
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