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Bruno Leandro Galvão Costa Transmissão e Distribuição de Energia © 2016 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor Marcelo Palmério Pró-Reitor de Educação a Distância Fernando César Marra e Silva Editoração Produção de Materiais Didáticos Capa Toninho Cartoon Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE Bruno Leandro Galvão Costa Possuo graduação em Engenharia Elétrica, com ênfase em Ele- trotécnica, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – Câmpus Cornélio Procópio (2013) e mestrado no Pro- grama de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica também pela UTFPR – Câmpus Cornélio Procópio (2015). Possuo curso técnico em computação pelo Centro de Ensino Profissionalizante CEDAS- PY (2005). Tenho experiência na área de Engenharia Elétrica, com destaque para Automação Eletrônica de Processos Industriais, atuando principalmente nos seguintes conceitos: sistemas de con- trole (mono e multivariável), otimização de sistemas, inteligência artificial (redes neurais e metaheurísticas de otimização), máquinas elétricas, acionamento e controle de máquinas elétricas. Sobre os autores Olá Querido aluno. Seja muito Bem-vindo aos estudos da nossa disciplina de Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica. No decorrer dos próximos capítulos, veremos diversos conceitos que caracterizam estas importantes áreas do conhecimento em Enge- nharia Elétrica. Particularmente, nossa disciplina será divida em duas grandes par- tes: a primeira delas que compreende os capítulos I, II, III e IV, será focado a análise de aspectos relacionados à Transmissão de ener- gia elétrica; por sua vez a segunda parte, composta dos capítulos V, VI, VII e VIII, o enfoque será para os aspectos de Distribuição de energia elétrica. Vejamos a seguir, de maneira bem resumida, os principais tópicos característicos de cada um dos capítulos que estaremos estudando no decorrer desta disciplina: PARTE I - TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA CAPÍTULO I - Transporte de Energia e Sistemas Elétricos: Inicialmente são colocados alguns conceitos iniciais sobre o tema: fatores para a análise do grau de desenvolvimento de um país, fontes de energia (não renováveis e renováveis), custo de produ- ção e transporte de energia. Em seguida é comentado rapidamente alguns aspectos sobre os Sistemas Elétricos de Potência (SEPs): estrutura básica, categorias para os elementos de transporte de um SEP. Ao fim, são abordadas informações sobre a evolução histórica Apresentação da energia elétrica, sob uma visão i) geral: principais pesquisado- res que contribuíram com pesquisas na área de energia; ii) a nível de Brasil: com os principais acontecimentos históricos em nosso país, relacionados à energia elétrica. CAPÍTULO II - Estrutura, Padronização de Tensões e Tipos de Transmissão em Sistemas Elétricos de Potência: Primeiramente, são discutidos alguns aspectos específicos sobre a estrutura básica de um sistema elétrico: geração, subestação ele- vadora, linhas de transmissão, subestação abaixadora e linhas de distribuição. Em seguida, é discorrido rapidamente sobre conceitos gerais sobre sistemas de geração, de transmissão e distribuição. Por sua vez, na seção seguinte são comentados aspectos sobre a padronização de tensões de transmissão. E por fim, são desta- cados conceitos sobre transmissão em corrente alternada (CA) e corrente contínua (CC). CAPÍTULO III - Subestações: Neste capítulo serão focados conceitos específicos sobre Subesta- ções: i) classificação das subestações (quanto ao nível de tensão, à relação entre os níveis de tensão de entrada e saída, função ao sistema elétrico, tipo de instalação, tipo construtivo de equipamen- tos, e modalidade de comando); ii) arranjos de subestações (barra simples, barra principal e transferência, barra dupla com disjuntor simples, barra dupla com disjuntor duplo, anéis simples, e anéis múltiplos); e equipamentos usados em subestações (transformador de potência, de corrente e potencial, seccionadores, disjuntores, pára-raios e buchas). CAPÍTULO IV - Conceitos sobre Sistemas de Transmissão de Energia Elétrica: Na primeira seção deste capítulo, veremos detalhes sobre Linhas de Transmissão (LTs) aéreas e subterrâneas. Em seguida, alguns dos principais componentes de uma linha de transmissão aérea (a mais encontrada dos tipos de LTs): estruturas (autoportantes, estaiadas, de suspensão, ancoragem, transposição), isoladores, cabos condu- tores, pára-raios (denominados também de condutores neutro ou cabos guarda), espaçadores e sinalizadores. Por fim, analisaremos alguns aspectos sobre o projeto e o planejamento de LTs. PARTE II - DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA CAPÍTULO V - Configurações dos Sistemas de Distribuição e Clas- sificações de Carga: Inicialmente, iremos ver algumas informações sobre o sistema de distribuição brasileiro. Na seção seguinte, são apresentados de- talhes sobre a representação esquemática de SEPs, na qual são comentadas simbologias básicas utilizadas, assim como detalhes sobre diagramas unifilares. Logo em seguida, veremos vários con- ceitos sobre componentes e configurações de um sistema de dis- tribuição (sistemas de subtransmissão, distribuição primário e dis- tribuição secundário). Ao fim do capítulo, iremos verificar detalhes sobre classificação de cargas (quanto a localização geográfica, a finalidade de utilização da energia elétrica, a dependência da ener- gia elétrica, efeito sobre o sistema de distribuição, tarifação e ten- são de fornecimento). CAPÍTULO VI - Fatores Típicos Utilizados em Sistemas de Distribuição: Particularmente, o foco deste capítulo é apresentar as principais definições sobre fatores tipicamente considerados em sistemas elétricos, sendo eles: demanda, demanda máxima, diversidade de carga (demanda diversificada, demanda máxima diversificada, fa- tor de diversidade e fator de coincidência, fator de contribuição), fator de demanda, fator de utilização, fator de carga fator de perdas e correlação entre fator de carga e fator de perdas. CAPÍTULO VII - Modelamento de Carga em Sistemas de Distribuição: Este capítulo dedica-se, inicialmente, à descrição da importância do modelamento correto de elementos de um sistema elétrica, com destaque para a modelagem de carga. Na seção seguinte, detalhes são dados sobre o modelamento de carga em função da tensão de fornecimento: cargas com i) potência, ii) corrente e iii) impedância, constantes com a tensão. Na sequência, informações sobre a representação de carga no sistema são apresentados, par- ticularmente sobre os modelos: i) carga concentrada, ii) carga uni- formemente distribuída e iii) representação por demanda máxima. CAPÍTULO VIII - Mapeamento e Medição de Curvas de Carga: No último capítulo, iremos verificar a importância do mapeamento e medição de curvas de carga em um sistema de distribuição. Vere- mos particularmente, em um primeiro momento, detalhes sobre as curvas de carga: i) residencial, ii) industrial e iii) comercial. Em um segundo momento, serão destacados aspectos sobre medição de curvas de carga, principalmente, sobre os medidores i) eletromecâ- nicos e ii) eletrônicos. Espero que você possa aproveitar bem os conhecimentos que aqui lhe serão passados, e que esta disciplina possa contribuir de ma- neira ativa em sua formação como Engenheiro. Vamos iniciá-la?Bruno Leandro Galvão Costa Introdução Transporte de energia e sistemas elétricos Capítulo 1 Neste capítulo, iremos discutir sobre “Transporte de Energia e Sistemas Elétricos”. Veremos alguns conceitos iniciais relacionados ao tema, tais como: alguns fatores a serem considerados para análise do grau de desenvolvimento de um país, fontes para a geração de energia elétrica (nesse caso, energias não renováveis e renováveis) e algumas considerações sobre o transporte de energia elétrica (quais as principais particularidades, como se dá este transporte, entre outros). Em seguida, daremos um enfoque geral sobre os Sistemas Elétricos de Potência (também denominados de SEPs), apresentando rapidamente os níveis, assim como os subsistemas presentes em um sistema elétrico. Por fim, estaremos vendo o contexto de evolução histórica da energia elétrica, inicialmente sob uma ótica geral, na qual serão descritas informações sobre as personalidades que foram fundamentais para a disseminação da energia no mundo e, posteriormente, trazendo uma abordagem no âmbito nacional, no qual serão destacados os principais acontecimentos históricos no Brasil, desde o início da implantação da energia elétrica no país. No decorrer do capítulo, serão indicados alguns conteúdos (links de vídeos e artigos de internet) complementares ao 12 UNIUBE • Compreender alguns conceitos iniciais relacionados ao tema deste capítulo, dentre eles: • Fatores de análise do grau de desenvolvimento de um país. • Relação de consumo de energia em países desenvolvidos. • Necessidades de aumento da potência disponível em sistemas elétricos. • Conceitos sobre as fontes de geração de energia: não renováveis e renováveis. • Relação de custos de produção x custos de transporte. • Transporte por eletrodutos: em linhas de transmissão. • Entender alguns aspectos gerais sobre sistemas elétricos de potência: • Função de um SEP. • Estrutura básica: organização vertical e organização horizontal. • Vantagens de interligação entre sistemas. • Designações de elementos de transporte de energia. • Assimilar o contexto histórico da evolução da energia elétrica, sob duas perspectivas: • Contexto Geral: personalidades envolvidas. • Contexto Nacional: principais acontecimentos históricos. Objetivos tema que gostaria que você considerasse em seus estudos, para que você possa assimilar melhor os conceitos expostos. Iniciemos então os nossos estudos! UNIUBE 13 1.1. Conceitos iniciais 1.1.1. Fontes de energia 1.1.2. Considerações sobre o transporte de energia elétrica 1.2. Sistemas elétricos de potência 1.3. Evolução histórica da energia elétrica 1.3.1. Evolução geral 1.3.2. Evolução no Brasil Esquema Conceitos iniciais1.1 Atualmente, para se analisar o grau de desenvolvimento de um dado país, além de consultar o índice de desenvolvimento humano (IDH), economistas costumam utilizar outros fatores, dentre eles: i) o consumo per capita de eletricidade e ii) o índice de crescimento desse consumo; visto que esses dois aspectos estão intimamente relacionados com a produção industrial e o poder aquisitivo de uma população (FUCHS, 1977). Países desenvolvidos, justamente por possuírem um elevado grau de desenvolvimento, são grandes consumidores de energia elé- trica. Para você tenha uma ideia, de acordo com Mariz (2013), o menor consumo per capita de eletricidade em quilowatt-hora por habitante por ano (kWh/hab/ano) desses países é de 6.000 kWh/ hab/ano. No último levantamento de 2014, o consumo per capita brasileiro foi de 2.335 kWh/hab/ano (EPE, 2015). Logo, podemos concluir que o Brasil tem um longo caminho a percorrer. Além disso, o desenvolvimento tecnológico, o crescimento indus- trial, assim como a melhoria no padrão de vida em uma determinada 14 UNIUBE sociedade ou país, segundo Simabukulo et al. (2016, p.3), são re- flexos da evolução do consumo de energia, intimamente relaciona- do ao aumento dos recursos energéticos disponíveis. Diante disso, podemos dizer que o aumento das potências dispo- níveis em sistemas elétricos, ou seja, o investimento em produção, transmissão e distribuição de energia, é imprescindível, uma vez que contribui diretamente para o desenvolvimento de uma deter- minada nação (FUCHS, 1977), simples assim: sem investimentos, sem desenvolvimentos! Logo, torna-se necessário produzir energia! Hoje em dia, é conhe- cida a existência de diversas fontes para a produção de energia elétrica. Algumas delas são comentadas na seção a seguir. 1.1.1. Fontes de Energia Como comentado anteriormente, nos dias atuais, existe a neces- sidade de aumentar a produção de energia elétrica, visando, entre outros aspectos, o desenvolvimento de um país e a superação da demanda exigida. Atualmente, a matriz energética mundial é composta por diversas fontes de energia, que podem ser classificadas em dois grandes grupos (FONTES, 2016; PENA, 2016): UNIUBE 15 Figura 1 - Tipos de fontes renováveis (à esquerda) e fontes não renováveis (à direita). Fonte: Energia... (s./d.) • Fontes não renováveis (Figura 1): caracterizadas por serem geradas a partir de recursos naturais que não se renovam e podem se esgotar em curto ou em longo prazo. Seus maiores expoentes são: • os combustíveis fósseis (o petróleo, o carvão, o gás na- tural, além de outros como o nafta e o xisto betuminoso), são alvos de diversas discussões ambientais, pois con- tribuem para a degradação do ambiente devido à quei- ma e eliminação de gases poluentes para a atmosfera. • a energia nuclear (ou também atômica), que também é alvo de várias polêmicas ambientais. • Fontes renováveis (Figura 1): caracterizadas por serem recur- sos que podem ser repostos naturalmente, o que não significa que sejam inesgotáveis. Se enquadram nesse grupo: 16 UNIUBE • a energia eólica, que utiliza como recurso energético o vento; • a energia solar, que neste caso apropria-se dos raios solares; • a energia hídrica, que utiliza a água de rios, por exem- plo, como fonte de energia; dentre outros. Saiba mais Caso queira se informar um pouco mais sobre fontes de energia, acesse o link a seguir, que traz informações detalhadas sobre algu- mas fontes de energia que vimos anteriormente: Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/fontes-e- nergia.htm>. Acesso em: 22 jul. 2016. Hoje em dia, por conta das discussões sobre o aquecimento global no Brasil e no mundo, muitos debates se intensificaram visando, en- tre outros aspectos, à obtenção de informações sobre quais fontes de energia devem ser adotadas. Devido a isso, houve um aumento expressivo de pesquisas científicas com foco na utilização de fontes renováveis de energia, visto que são possíveis soluções para a dimi- nuição da degradação ambiental mundial. Com isso, aos poucos são realizadas algumas mudanças nas matrizes energéticas, tanto em âmbito mundial, quanto em âmbito nacional, visando à implantação de fontes alternativas de energia (FONTES, 2016). UNIUBE 17 Saiba mais No vídeo a seguir, você irá ver o quanto o Brasil tem se destacado no tema “Implantação de energias renováveis”: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=BKk-4b- j4awc>. Acesso em: 22 jul. 2016. Com isso, podemos perceber que atualmente existem inúmeras formas utilizadas para a geração de energia elétrica. Uma vez ge- rada a energia elétrica, torna-se necessário “transmiti-la” para os consumidores (nesse caso, industriais, comerciais e residenciais). Esse é assunto da próxima seção. 1.1.2. Considerações sobre o Transporte de Energia Elétrica Seja qual for a fonte de energia adotada para a geração, o custo de produção de energia elétrica diminui consideravelmente com o aumento da potência das centrais de geração (FUCHS,1977). Como exemplo, vamos considerar aqui a geração de energia elé- trica advinda de usinas hidrelétricas. Geralmente, as centrais de geração são localizadas em locais distantes dos grandes centros de consumo. Devido a isso, existe a necessidade de transporte de toda a energia produzida para os centros de consumo. Com isso, o custo de transporte aumenta consideravelmente com essa distância, mas diminui conforme a quantidade de energia que será transportada. Dessa forma, é extremamente necessário que seja realizado um estudo de viabilidade econômica, em que devem ser 18 UNIUBE equacionados tanto os custos de produção quanto os custos de transporte de energia (FUCHS, 1977). Uma vez que os grandes centros de produção estão a uma enor- me distância dos centros de consumo, existe a necessidade de utilização de um elemento que possibilite o transporte da energia demandada. Figura 2 - Torres de linhas de transmissão. Fonte: Linhas… (s./d.) Na maioria dos sistemas elétricos de potência modernos, esse transporte de energia é feito através dos eletrodutos, que podem ser genericamente denominados de linhas de transmissão (Figura 2) (contudo, adiante, veremos que existem elementos de transpor- te com nomenclaturas específicas para cada nível de um sistema elétrico). Na seção a seguir, veremos alguns conceitos sobre os sistemas elétricos. UNIUBE 19 1.2 Sistemas elétricos de potência Os Sistemas Elétricos de Potência (SEP) apresentam como princi- pal função o fornecimento de energia elétrica aos usuários, sejam eles grandes ou pequenos, com uma qualidade adequada. Dessa forma, o SEP tem função de: i) produtor, visando à transformação de energia de alguma natureza (hidráulica, mecânica, térmica, por exemplo) em energia elétrica; ii) distribuidor, de modo a fornecer aos consumidores a quantidade de energia demandada (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2005). Os sistemas elétricos de energia possuem uma estrutura conforme ilustrado na Figura 3. Figura 3 - Estrutura básica de um sistema elétrico de energia interligado Fonte: adaptada de Fuchs (1977, p.4). Basicamente, essa estrutura apresenta uma organização vertical e outra horizontal. Na organização vertical, o sistema é dividido em cinco níveis: 20 UNIUBE • Nível de geração (também denominada de produção). • Linhas de interligação entre sistemas. • Nível de transmissão. • Nível de subtransmissão. • Nível de distribuição. Na orientação horizontal, cada nível se divide em subsistemas, iso- lados eletricamente e geograficamente dos subsistemas vizinhos de mesmo nível, sendo interconectados entre si por meio de siste- mas de nível mais elevado (FUCHS, 1977, p.5). Perceba ainda que os sistemas de transmissão costumam ser os mais extensos de todo o sistema, seguidos pelos sistemas de sub- transmissão, pelos sistemas de distribuição primários e pelos se- cundários, nessa ordem. Atualmente, é indispensável a interligação entre os sistemas tanto re- gionais quanto nacionais, pois ela proporciona (FUCHS, 1977, p.5): • Possibilidade de intercâmbio de energia entre sistemas. • Possibilidade de construção de centrais maiores e mais eficientes. • Aumento da capacidade de reserva global das instalações de geração. UNIUBE 21 • Aumento da confiabilidade de abastecimento em situações anormais ou de emergência. • Possibilidade de um despacho de carga único e mais eficiente com alto grau de automatização e otimização. Nesse caso, o transporte de energia se dá em todos os níveis do sistema, dentro das limitações de tensão e quantidade máxima de energia de cada nível. Como comentado anteriormente, para o transporte de energia, utilizam-se linhas aéreas ou cabos, subterrâ- neos ou submarinos, que genericamente podem ser denominados como eletrodutos. Contudo, existem designações particulares dos elementos de transporte para cada nível de um sistema elétrico, sobre os quais comentaremos a seguir (FUCHS, 1977, p.5): • Linhas de transmissão: particularmente, essas linhas aéreas operam com as tensões mais elevadas do sistema e, nesse caso, transportam energia entre os centros de produção e os centros de consumo. Em um sistema elétrico, podem existir linhas de transmissão em dois ou mais níveis de tensão. • Linhas de subtransmissão: possuem como principal função a distribuição a granel de energia transportada pelas linhas de transmissão. Surgem, particularmente, nos barramentos das subestações regionais e terminam em subestações abaixado- ras locais. Essas linhas operam, normalmente, com tensões in- feriores àquelas dos sistemas de transmissão, todavia podem operar com o mesmo nível de tensão destes. Existe também a possibilidade de haver dois ou mais níveis de tensões de sub- transmissão, assim como um subnível de subtransmissão. • Linhas de distribuição primárias: são linhas que operam com tensões baixas para a ocupação de vias públicas e elevadas 22 UNIUBE para assegurarem um boa regulação. Desempenham às ve- zes o papel de linhas de subtransmissão. • Linhas de distribuição secundárias: tais linhas operam com as tensões mais baixas de um sistema, sendo que seu compri- mento, geralmente, não excede 200 a 300 m. Nesse caso, es- sas tensões são apropriadas para o uso direto em máquinas, aparelhos e lâmpadas. Particularmente, o Brasil conta com sistemas: 220/127 V (fase-fase e fase-neutro, respectivamen- te), 380/220 V (derivável de sistemas trifásicos com neutro) e 220/110 V (derivável de sistemas monofásicos). Mais detalhes sobre os principais componentes de um sistema elé- trico de potência são dados no capítulo seguinte. Saiba mais Para que você tenha um melhor entendimento sobre sistemas elé- tricos de potência, recomendo que assista aos seguintes vídeos, que irão fortalecer o conceito de tais sistemas. 1) Organização de um sistema elétrico de potência: <https://www.youtube.com/watch?v=-e8e6UfJCRw>. 2) Sistema elétrico de potência: <https://www.youtube.com/watch?v=FNZMqdoLpbs>. 3) SEP – da geração ao consumo (Prof. Jadson Caetano): <https://www.youtube.com/watch?v=MJNBn2_N-M0>. Acesso em: 25 jul. 2016. UNIUBE 23 1.3. Evolução histórica da energia elétrica Muito do que se sabe sobre energia elétrica atualmente é fruto de ideias dos grandes idealizadores da eletricidade. A seguir, é apresentada uma breve revisão histórica de alguns desses inven- tores, que sem dúvida alguma contribuíram para o progresso da eletricidade. Inicialmente, será comentado a respeito da evolução geral em nível mundial e, em seguida, sobre a evolução no Brasil. 1.3.1. Evolução Geral Figura 4 - Retrato de Michael Faraday Fonte: Michael… (s./d.) Michael Faraday (1791-1867): em 1831, foi descoberto por Faraday (Figura 4) o princípio da indução eletromagnética, que im- pulsionou o funcionamento do gerador e do transformador elétrico (MICHAEL..., s./d.). 24 UNIUBE Figura 5 - Retrato de Ernst Werner Von Siemens Fonte: Ernst… (s./d.) Ernst Werner Von Siemens (1816-1892): no ano de 1866, Ernst (Figura 5) desenvolveu o primeiro gerador elétrico, com base no princípio dínamo-elétrico, abrindo espaço para pesquisas da eletri- cidade como fonte de energia (WER..., s./d.). Figura 6 - Retrato de Thomas Alva Edison Fonte: Marshall (2015) Thomas Alva Edison (1847-1931): impulsionou maiores pesqui- sas em energia elétrica após a invenção da lâmpada incandescen- te, entre 1879-1880. Em 1882, foi inaugurada por Edison (Figura 6) a central elétrica de Pearl, que possibilitou o fornecimento de iluminação pública e energia para motores em parte da cidade de Nova Iorque, além de fomentar o desenvolvimento dos primeiros UNIUBE 25 sistemas comerciais de eletricidade em vários países. Devido a isso, começaram a surgir os primeiros problemascom o transporte de energia elétrica, a qual era gerada e consumida em corrente contínua (FUCHS, 1977). Figura 7 - Retrato de William Stanley Jr. Fonte: William… (s./d.) William Stanley Jr. (1858-1916): Stanley (Figura 7) construiu, em 1885, o primeiro transformador de corrente alternada (que possibili- tava o elevamento e abaixamento de tensão, assim como um gran- de rendimento), o qual foi difundido para o comércio. Dessa forma, o problema de transmissão de energia em tensões mais elevadas, com baixas perdas, estava solucionado (WILLIAM..., s./d.). Ampliando o conhecimento Duas grandes e notáveis realizações deram-se no período de 1885 a 1888 (FUCHS, 1977): • 1886: foi desenvolvida uma linha monofásica com 29,5 km de extensão na Itália, que conduzia 2.700 HP (aproximadamente 2,013 GW) para a cidade de Roma; • 1888: uma linha de 11 kV, trifásica, de 180 km foi desenvolvi- da na Alemanha. 26 UNIUBE Figura 8 - Retrato de Nikola Tesla Fonte: Influencer… (2014) Nikola Tesla (1856-1943): em 1882, ele descobriu o princípio do campo magnético rotativo, utilizado em dispositivos (motores, ge- radores) que usam corrente alternada, construindo assim o motor de indução trifásico e desenvolvendo um sistema polifásico para a geração, transmissão, distribuição e utilização de energia elétri- ca. Além disso, duelou com Thomas Edison a denominada “Guerra das Correntes”, na qual ambos brigaram pela discussão de qual corrente possuía maiores vantagens de utilização: Tesla (Figura 8) a favor da corrente alternada (CA) e Edison a favor da corrente contínua (CC) (PAULA, s./d.). Ampliando o conhecimento Nesse caso, durante o conflito de Tesla e Edison, foi constatado que a corrente alternada possuía maiores vantagens, em relação à corrente contínua, principalmente quando associada à geração, transporte, distribuição e utilização de energia. Devido a isso, os até então sistemas que trabalhavam com corrente CC começaram a ser UNIUBE 27 substituídos, aos poucos, por sistemas CA. Em 1896, entrou em fun- cionamento o sistema hidrelétrico de geração de energia em corren- te alternada a partir das cataratas do Niágara (FUCHS, 1977). Com isso, cada vez mais, a energia elétrica foi sendo utilizada, crescendo as potências das centrais elétricas, assim como a exten- sões de linhas aéreas de transmissão. Saiba mais Para que você compreenda melhor o contexto histórico de evolu- ção da energia elétrica, recomendo que veja os seguintes vídeos: 1) Vídeo que comenta sobre Thomas Edison: <https://www.youtu- be.com/watch?v=x6969cNHVLQ>. 2) Vídeos que comentam sobre Nikola Tesla: Parte 1: <https://www.youtube.com/watch?v=KCYgCU6eJHM>. Parte 2: <https://www.youtube.com/watch?v=bpOdW4bSvbg>. Na parte 2, assista somente até o instante 6:41 (contudo, se tiver interesse continue assistindo ao restante do vídeo). 3) Sobre a história da eletricidade (comenta sobre a disputa entre Edison e Tesla): <https://www.youtube.com/watch?v=Oe1FyK4TrE4>. Acesso em: 25 jul. 2016. 28 UNIUBE 1.3.2. Evolução no Brasil A seguir, são listados alguns dos principais acontecimentos históricos relacionados à evolução da energia elétrica no Brasil (CEMIG, 2016). 1879 – Dom Pedro II concede a Thomaz Edison o privilégio de introduzir no país aparelhos e pro- cessos de sua invenção destinados à utilização da eletricidade na iluminação pública. Além dis- so, foi inaugurada na Estação Central da Estrada de Ferro Dom Pedro II, atual Central do Brasil, a primeira instalação de iluminação elétrica permanente. 1883 – Entrou em operação a primeira usina hidrelétrica no país, localizada no Ribeirão do Inferno, afluente do rio Jequitinhonha, na cidade de Diamantina. D. Pedro II inaugurou na cidade de Campos, o primeiro serviço público municipal de iluminação elétrica do Brasil e da América do Sul. 1889 – Entrou em operação a primeira hidrelé- trica de maior porte do Brasil, Marmelos-Zero da Companhia Mineira de Eletricidade, em Juiz de Fora – MG. 1901 – Entrada em operação da usina hidrelétrica Parnaíba (atual Edgard de Souza) pertencente a São Paulo Light, primeira a utilizar barragem com mais de 15 metros de altura. 1903 – Aprovado pelo Congresso Nacional o pri- meiro texto de lei disciplinando o uso de energia elétrica no país. 1908 – Entrou em operação a Usina Hidrelétrica Fontes Velha, na época a maior usina do Brasil e uma das maiores do mundo. UNIUBE 29 1913 – Entrou em operação a Usina Hidrelétrica Delmiro Gouveia, primeira do Nordeste, constru- ída para aproveitar o potencial da Cachoeira de Paulo Afonso no rio São Francisco. 1921 – inaugurada pela General Eletric, na cida- de do Rio de Janeiro, a primeira fábrica de lâm- padas do país. 1952 – Criação da Centrais Elétricas de Minas Gerais – Cemig, atualmente denominada Companhia Energética de Minas Gerais. Além disso, foi criado também o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – BNDE para atuar nas áreas de energia e transporte. 1954 – Entrou em operação a primeira grande hidrelétrica construída no rio São Francisco, a Usina Hidrelétrica Paulo Afonso I, pertencente à Chesf. Entrou em operação a Usina Termelétrica Piratininga, a óleo combustível, primeira termelé- trica de grande porte do Brasil. 1957 – Criada a Central Elétrica de Furnas S.A., com o objetivo expresso de aproveitar o potencial hidrelétrico do rio Grande para solucionar a crise de energia na Região Sudeste. 1961 – Durante a presidência de Jânio Quadros, foi criada a Eletrobrás, constituída em 1962 pelo presidente João Goulart para coordenar o setor de energia elétrica brasileiro. 1963 – Entrada em operação da maior usina do Brasil na época de sua construção, a usina hi- drelétrica de Furnas. 1965 – Adoção do plano nacional de unifica- ção de frequência em 60 Hz, de acordo com a 30 UNIUBE recomendação do CNAEE. 1982 – O Ministério das Minas e Energia criou o Grupo Coordenador de Planejamento dos Sistemas Elétricos – GCPS. 1984 – Entrou em operação a Usina Hidrelétrica Tucuruí, da Eletronorte, primeira hidrelétrica de grande porte construída na Amazônia. Concluída a primeira parte do sistema de trans- missão Norte-Nordeste, permitindo a transfe- rência de energia da bacia amazônica para a região Nordeste. Entrou em operação a Usina Hidrelétrica Itaipu, maior hidrelétrica do mundo com 12.600 MW de capacidade instalada. 1985 – Constituído o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – PROCEL, com o objetivo de incentivar a racionalização do uso da energia elétrica. Entrou em operação a Usina Termonuclear Angra I, primeira usina nuclear do Brasil. 1986 – entrou em operação o sistema de trans- missão Sul-Sudeste, o mais extenso da América do Sul, transportando energia elétrica da Usina Hidrelétrica Itaipu até a região Sudeste. 1990 – Foi criado o Sistema Nacional de Transmissão de Energia Elétrica – SINTREL para viabilizar a competição na geração, distribuição e comercialização de energia. 1997 – Constituído o novo órgão regulador do setor de energia elétrica sob a denominação de Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. 1998 – O Mercado Atacadista de Energia Elétrica – MAE foi regulamentado, consolidando a distin- ção entre as atividades de geração, transmissão, UNIUBE 31 distribuição e comercialização de energia elétri- ca. Foram estabelecidas as regras de organiza- ção do Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, para substituir o Grupo Coordenador para Operação Interligada – GCOI. 1999 – A primeira etapa da Interligação Norte-Sul entrou em operação, representando um passo fundamental para a integração elétrica do país. 2000 – O presidente Fernando Henrique Cardoso lançou o Programa Prioritário de Termelétricas vi-sando à implantação no país de diversas usinas a gás natural. 2001 – Nesse ano, o Brasil vivenciou sua maior crise de energia elétrica, acentuada pelas condi- ções hidrológicas extremamente desfavoráveis nas regiões Sudeste e Nordeste. 2003 – O Governo Federal lançou em novembro o programa Luz para todos, objetivando levar, até 2008, energia aos 12 milhões de brasileiros que não têm acesso ao serviço. Deste total, 10 milhões estão na área rural. A gestão do progra- ma será compartilhada entre estados, municípios, agentes do setor elétrico e comunidades. 2004 – O novo modelo do setor elétrico foi apro- vado com a promulgação, em março, das Leis nº 10.847 e nº 10.848, que definiram as regras de comercialização de energia elétrica e criaram a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com a função de subsidiar o planejamento técnico, eco- nômico e sócio ambiental dos empreendimentos de energia elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados e fontes energéticas renováveis. 2005 – Foram assinados os contratos de conces- são para a implantação de 2.747 quilômetros de 10 novas linhas de transmissão. As concessões têm duração de 30 anos e a construção dos no- vos empreendimentos beneficiará 140 municípios 32 UNIUBE de 11 estados: Ceará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Em abril foi inaugurada em Belém (PA) uma usina de produção de biodiesel do Grupo Agropalma. A unidade tem capacidade para pro- duzir 8 milhões de litros de biodiesel por ano e a empresa utilizará como matéria-prima resídu- os do processamento de palma. A primeira usina brasileira de produção do biodiesel foi inaugurada em março, em Cássia (MG), e o combustível já está sendo comercializado em Belo Horizonte. 2009 – Os governos do Brasil e Paraguai assina- ram, em 1º de setembro de 2009, em Assunção, acordo sobre a venda da energia gerada por Itaipu. Saiba mais Caso tenha interesse de saber mais a respeito do histórico brasi- leiro de energia elétrica, recomendo que visite o web site “Memória da Eletricidade”, produzido pela Eletrobrás, no seguinte endereço: <http://memoriadaeletricidade.com.br/>. Acesso em: 25 jul 2016. No link a seguir, você terá acesso à “Resenha Energética do Brasil” realizada em junho de 2015, na qual estão presentes informações so- bre indicadores de desempenho do setor energético brasileiro atual. <ht tp: / /www.mme.gov.br /documents/1138787/1732840/ Resenha+Energ%C3%A9tica+-+Brasil+2015.pdf/4e6b9a34-6b2e- 48fa-9ef8-dc7008470bf2>. Acesso em: 25 jul. 2016. UNIUBE 33 Considerações finais Neste capítulo, foram discutidos alguns aspectos introdutórios re- lacionados à disciplina. Inicialmente, foram vistos alguns conceitos iniciais: i) fatores que influenciam no desenvolvimento de um país; ii) fontes não renováveis e renováveis de energia elétrica; iii) parti- cularidades sobre o transporte de energia. Na sequência, foi comentado a respeito dos SEPs, Sistemas Elétricos de Potência. Nesse caso, foram apresentados de maneira resumida, visto que maiores detalhes sobre SEPs serão dados no capítulo seguinte, no qual trataremos sobre os níveis e subsiste- mas de um sistema elétrico. Ao fim do capítulo, vimos sobre a evolução histórica da energia elétrica, considerando i) um contexto geral, sendo comentado a respeito de alguns dos principais cientistas que contribuíram para o desenvolvimento da energia elétrica, na sequência, ii) uma abor- dagem dessa evolução no Brasil, sendo descritos alguns dos prin- cipais acontecimentos históricos nacionais. Dessa forma, finalizamos aqui os primeiros conteúdos da discipli- na. No próximo capítulo, veremos com mais detalhes a respeito: i) dos SEPs, tais como os principais sistemas envolvidos: geração, transmissão e distribuição; ii) padronização de tensões em siste- mas elétricos; iii) aspectos sobre transmissão em corrente alterna- da (CA) e corrente contínua (CC). Bruno Leandro Galvão Costa Introdução Estrutura, padronização de tensões e tipos de transmissão em sistemas elétricos de potência Capítulo 2 Bem-vindo(a) novamente a mais um capítulo de nossa disciplina. Veremos aqui “Estrutura, Padronização de Tensões e Tipos de Transmissão em Sistemas Elétricos de Potência”. Daremos continuidade aos conteúdos iniciados no capítulo anterior. Inicialmente, serão analisados alguns aspectos particulares acerca da estrutura básica de um sistema elétrico de potência, uma continuidade aos conceitos expostos na seção 2. Particularmente, serão analisados resumidamente seus principais sistemas: Geração, Transmissão e Distribuição. Posteriormente, iremos ver algumas informações sobre a padronização de níveis de tensão de transmissão, segundo o regulamento vigente no Brasil. Será visto também um mapa contendo as principais linhas de transmissão distribuídas pelo país. Já o último tópico deste capítulo irá trazer várias informações sobre sistemas de transmissão que operam tanto com corrente-alternada (sendo comumente adotada a sigla CA) quanto com corrente- contínua (sendo comumente adotada a sigla CC). Veremos as principais particularidades desses dois sistemas, suas vantagens e desvantagens, assim como as condições de aplicação. Assim como foi feito anteriormente, no decorrer do capítulo serão indicados vários conteúdos complementares aos temas abordados, que visam auxiliar o seu aprendizado. Diante do exposto, vamos iniciar nossos estudos? • Entender a respeito das principais etapas envolvidas na estrutura de um sistema elétrico de potência: • Usinas de geração -> subestações elevadoras -> linhas de transmissão -> subestações abaixadoras -> linhas de distribuição. • Sistemas de Geração (hidrelétrica, termoelétrica, nuclear, eólica e fotovoltaica). • Sistemas de Transmissão. • Sistemas de Distribuição. • Obter informações a respeito da padronização de níveis de tensão do SEP brasileiro: • Níveis de geração, transmissão e distribuição. • Analisar um mapa de linhas de transmissão instaladas na extensão territorial do Brasil. • Compreender a importância e saber caracterizar tipos de sistemas de transmissão: • Em corrente-alternada (CA). • Em corrente-contínua (CC). 2.1. Estrutura básica de um sistema elétrico 2.1.1. Sistemas de Geração 2.1.2. Sistemas de Transmissão 2.1.3. Sistemas de Distribuição 2.2. Tensões de transmissão – padronização 2.3. Tipos de transmissão em sistemas elétricos 2.3.1. Transmissão em CA 2.3.2. Transmissão em CC Objetivos Esquema UNIUBE 37 Estrutura básica de um sistema elétrico2.1 No Brasil, devido ao seu grande potencial hídrico, predomina a pro- dução de energia por meio das usinas hidrelétricas, que transfor- mam energia hidráulica em elétrica. A Figura 9 ilustra um exemplo de sistema elétrico de potência (SEP) o qual se apropria de uma usina hidrelétrica. Figura 9 - Exemplo de um sistema elétrico de potência Fonte: Mattede (s./d.) Em um sistema elétrico de potência, a energia elétrica alcança diver- sos níveis de tensão ao longo do caminho, desde a sua geração (de milhares a centenas de volts) até o momento em que chega às nos- sas casas. Inicialmente, no sistema, as grandes Usinas de Geração (tome como exemplo as usinas hidrelétricas, tais como a de Itaipu - PR - Figura 10) geram uma dada quantidade de energia (usualmente em torno de 13,8 kV, como será comentado na seção 2) e, dessa forma, com altas potências (MW) assim como altas correntes. 38 UNIUBE Figura 10 - Usina de geração hidrelétrica de Itaipu Fonte: Wikipédia Ampliando o conhecimento Para que você tenha uma noção, tome como exemplo a usina Hidrelétrica de Itaipu, que comporta hoje 20 geradores, sendo que cada um opera com uma potência de 700 MW. Logo, juntossomam uma potência de 14 GW. Além disso, a usina trabalha com a gera- ção de uma tensão nominal no valor de 18 kV (ITAIPU, 2016). Em seguida, essa energia gerada é conduzida para uma Subestação Elevadora (tome como exemplo a subestação ele- vadora de Itaipu - PR - Figura 11), geralmente construída o mais próximo possível da unidade de geração, a qual, como o próprio nome sugere, fará a elevação da tensão de geração para valores como: 69 kV, 138 kV e 230 kV. Isso se faz necessário para que toda a energia possa ser transmitida por longas distâncias pelas torres de transmissão e, principalmente, para que o sistema tenha menos perdas de potência nessa transmissão, visto que menores corren- tes serão geradas. UNIUBE 39 Figura 11 - Subestação elevadora de Itaipu Fonte: Barros (2008) Figura 12 - Subestação abaixadora de Nova Serrana - MG Fonte: CEMIG (s./d.) Com o auxílio das torres de transmissão, toda a energia é trans- portada até os grandes centros de consumo, os quais comportam Subestações Abaixadoras (tome como exemplo a subestação abaixadora de Nova Serrana - MG - Figura 12) que, com o auxílio 40 UNIUBE de transformadores abaixadores, irão reduzir a tensão de transmis- são para níveis de distribuição (valores em torno de 13,8 a 34,5 kV, como veremos na seção 2). Na sequência, a energia transformada segue para uma subestação de distribuição, que se encarrega de enviar a energia que será uti- lizada em centros urbanos, industriais ou rurais, geralmente trans- mitida em 13,8 kV. Por fim, toda essa energia chega até os trechos do percurso nos quais estão instalados transformadores em postes das concessio- nárias (Figura 13), que farão a conversão de tensão em um nível mais adequado para o consumo (geralmente 127 V fase-neutro e 220 V fase-fase). Figura 13 - Exemplo de um poste de concessionária com transformador Fonte: Famílias… (2014) UNIUBE 41 SINTETIZANDO... Como visto anteriormente na Figura 9, basicamente, em um siste- ma elétrico de potência, as grandes usinas de geração enviam toda a energia produzida para uma subestação que eleva a tensão da geração, em seguida, encaminha toda essa energia transformada para os centros de transmissão, por meio das linhas de transmis- são. Logo depois, a energia chega a uma subestação abaixadora que tem a tarefa de abaixar a tensão de geração, encaminhando-a para as linhas de distribuição de média e baixa tensão. Com base no exposto até aqui, podemos perceber que a estrutura básica de um SEP compreende sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, o que está ilustrado de forma compacta no diagrama unifilar da Figura 14 (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2005): Figura 14 - Diagrama unifilar de um sistema elétrico de potência Fonte: Kagan, Oliveira e Robba (2005, p.3) 42 UNIUBE • Geração: tem a função principal de converter alguma forma de energia (geralmente mecânica) em energia elétrica. • Transmissão: responsável pelo transporte da energia elétrica dos centros de produção aos de consumo. • Distribuição: distribui a energia elétrica recebida do sistema de transmissão aos grandes, médios e pequenos consumidores. Perceba que esse diagrama da Figura 14 complementa a estrutura apresentada na Figura 3, no capítulo anterior. Além disso, a simbo- logia ilustrada na Figura 14 é convencionalmente adotada para a representação de SEPs. Nas seções a seguir, será descrito em detalhes cada um dos siste- mas comentados anteriormente. 2.1.1 Sistemas de Geração O principal objetivo associado ao sistema de geração é a obtenção de energia elétrica a partir da conversão de alguma forma de ener- gia, utilizando máquinas elétricas rotativas, geradores síncronos ou alternadores, sendo o conjugado mecânico dessas máquinas obtido por meio de um processo que geralmente utiliza turbinas hidráulicas ou a vapor (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2005, p.4). UNIUBE 43 Saiba mais A seguir, são indicados alguns vídeos que relacionam alguns dos diversos sistemas de geração de energia conhecidos atualmente. Assista-os pois são vídeos rápidos que ilustram, de maneira sim- ples, o funcionamento de cada uma das fontes de energia: hidrelé- trica, termoelétrica, nuclear, eólica e fotovoltaica. Como funciona uma usina hidrelétrica <https://www.youtube.com/watch?v=iYPMZamqSH4>. <https://www.youtube.com/watch?v=1QDosHWmRcM>. Exemplo de uma usina termoelétrica <https://www.youtube.com/watch?v=BhwV24lmhTA>. Funcionamento de uma Usina Nuclear <https://www.youtube.com/watch?v=OzxiQdmTD58>. Funcionamento da Energia Eólica <https://www.youtube.com/watch?v=6Fc3V0-ZA7k>. Como funciona a Energia Fotovoltaica <https://www.youtube.com/watch?v=S7XuLW1QZew>. Acesso em: 25 jul. 2016. Observação: usinas hidrelétricas apresentam um tempo longo de construção além de um custo elevado de investimento. Todavia, seu custo operacional é extremamente baixo. Já as usinas térmi- cas apresentam um tempo de construção e custo de investimento menores, mas seu custo operacional é elevado, por conta do custo com combustíveis (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2005, p.4-5). 44 UNIUBE Ampliando o conhecimento A Usina Hidrelétrica de Itaipu é a líder mundial em produção de energia limpa e renovável e, desde o início de sua operação (em 1984), já produziu mais de 2,3 bilhões de MWh. Além disso, possui atualmente 20 unidades geradores e 14 GW de potência instalada (como comentado anteriormente), que fornecem 15% da energia consumida no Brasil e 75% da energia consumida no Paraguai. Em 2015, a usina produziu certa de 89,2 MWh, sendo sua maior produ- ção estabelecida em 2013 com 98,6 milhões de MWh. Gráfico 1 - Produção anual de energia - Gwh Fonte: Itaipu (2016) No link indicado, o vídeo descreve a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu: <https://www.youtube.com/watch?v=t868kON5lYA>. Acesso em: 25 jul. 2016. UNIUBE 45 2.1.2 Sistemas de Transmissão O sistema de transmissão apresenta como principal função o trans- porte da energia elétrica dos centros de produção para os centros de consumo. Além disso, deve operar de maneira interligada por questões de confiabilidade e de possibilidade de intercâmbio entre áreas (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2005, p.6). Devido ao esgotamento de reservas hídricas, geralmente localiza- das próximas aos grandes centros de consumo, iniciou-se explo- rações de fontes mais afastadas desses centros e, dessa forma, foi necessário desenvolver sistemas de transmissão com um porte melhor e maior, visto que maiores montantes de energia tiveram que ser transmitidos por grandes distâncias (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2005, p.6). Saiba mais A seguir, é indicado o link de um vídeo que ilustra a construção de um sistema de transmissão, particularmente a construção da linha de transmissão Tucuruí-Manaus, um dos sistemas de transmissão mais complexos já construídos no Brasil. Vale a pena conferir! <https://www.youtube.com/watch?v=zxfHdS6Klqg>. Acesso em: 25 jul. 2016. 46 UNIUBE 2.1.3 Sistemas de distribuição A seguir são apresentados cinco subsistemas relacionados aos sis- temas de distribuição, segundo Kagan, Oliveira e Robba (2005): • Sistema de subtransmissão: possui como principal função a captação de energia das subestações de transmissão e a transferência para os centros de distribuição e consumidores: grandes instalações industriais, estações de tratamento e bombeamento de água. • Subestações de distribuição: são alimentadas pela rede de substransmissão e são responsáveis pela transformação da tensão de subtransmissão para a de distribuição primária. • Sistemas de distribuição primária: também denominados de redes de média tensão, atendem aos consumidores primários e aos transformadores de distribuição, estações transformado-ras, que suprem a rede secundária. Os consumidores primários podem ser as indústrias de porte médio, conjuntos comerciais (shopping centers), instalações de iluminação pública. • Estações transformadoras: constituídas por transformadores que reduzem a tensão primária (média tensão) para a distri- buição secundária (ou baixa tensão). Contam com para-raios para a proteção contra sobretensões, assim como fusíveis para proteções contra sobrecorrentes instalados no lado pri- mário. No secundário, deriva-se, sem nenhuma proteção, a rede secundária. • Redes de distribuição secundária: das estações transforma- doras deriva a rede de baixa tensão, que irá suprir os consu- midores residenciais, pequenos comércios e indústrias. UNIUBE 47 Saiba mais A fim de fortalecer seu entendimento sobre a estrutura de um SEP - sistemas de geração, transmissão e distribuição, comentados an- teriormente, recomendo que você faça a leitura do Capítulo 1 do Livro de Kagan, Oliveira e Robba (2005). Acesse o link indicado, clique em “baixe uma amostra” e você poderá baixar o referido capítulo. Disponível em: <https://www.blucher.com.br/livro/detalhes/intro- ducao-aos-sistemas-de-distribuicao-de-energia-eletrica-814>. Acesso em: 25 jul. 2016. 2.2 Tensões de transmissão – padronização Em 1957, foi redigido um decreto no Brasil que regulamenta os ser- viços de energia elétrica (BRASIL, 1957), no qual as concessioná- rias de energia deveriam adotar os padrões de tensões nominais, em 60 Hz, destacados na Tabela 1 (vale a pena destacar que os valores contidos na tabela são valores atualizados segundo Brasil (1973)). Percebe-se também que a tabela apresenta alguns valo- res de tensão existentes atualmente (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2005, p.3). 48 UNIUBE Tabela 1 - Tensões usuais em sistemas de potência no Brasil Área do Sistema de Potência Campo de Aplicação Tensão (kV) Padronizada Existente Transmissão Transmissão 750 750 440 500 230 138 Distribuição Subtransmissão (AT) 138 88 69 34,5 Distribuição Primária (MT) 34,5 22,5 13,8 11,9 Distribuição Secundária (BT) 0,380/0,220 0,230/0,115 0,220/0,127 0,110 Fonte: adaptada de Kagan, Oliveira e Robba (2005, p.4) Com relação ao sistema de geração (o qual não foi descrito na Tabela 1), a tensão nominal usual é de 13,8 kV, contudo, tensão de 2,2 kV até 22 kV pode ser encontrada (KAGAN; OLIVEIRA; ROBBA, 2005, p.3). Na Figura 15, é apresentado um mapa do sistema elétrico de trans- missão nacional no ano de 2015 (ANEEL, 2016). No mapa, pode- mos verificar todas as linhas de transmissão, com seus respectivos níveis de tensão CA existentes, espalhadas pelo Brasil afora. Vale destacar que no mapa estão contidas as linhas de transmissão que transportam tanto tensões alternadas, quanto tensões contínuas, assuntos da nossa próxima seção. UNIUBE 49 Figura 15 - Mapa do sistema elétrico de transmissão brasileiro no ano de 2015 Fonte: Aneel (2016) 2.3 Tipos de transmissão em sistemas elétricos Como comentado no capítulo anterior, os primeiros estudos relacio- nados à transmissão de energia revelaram maiores vantagens de transferência de energia quando considerada a corrente alternada (CA), em comparação à corrente contínua (CC). Sendo assim, nos dias atuais, a transmissão CA tem sido universalmente utilizada. Contudo, a transmissão em CC tem se revelado como um alternativa em questões de desempenho assim como de flexibilidade, principal- mente em transmissões de longas distâncias (SATO, 2013, p.67). 50 UNIUBE A seguir, serão descritas algumas características dos sistemas de transmissão em CA e dos sistemas de transmissão em CC. 2.3.1 Transmissão em CA Atualmente, muitos estudos e discussões têm sido realizados para a escolha do melhor nível de tensão para a transmissão de energia elétrica em CA, geralmente, em função da potência que será trans- portada e da distância que ela percorrerá (REIS; SANTOS, 2014). Outros aspectos também considerados para a escolha do nível são (REIS; SANTOS, 2014): • Particularidade dos sistemas elétricos aos quais será interli- gada a nova linha de transmissão. • O grau de interconexões em torno da nova linha. • Requisitos de operação em condições normais ou emergentes. • Confiabilidade, referente à disponibilidade e segurança. A Figura 16 apresenta um gráfico que relaciona o custo total da transmissão em CA em função da potência a ser transmitida, con- siderando três níveis de tensão específicos: 500 kV, 750 kV e 1000 kV, e distâncias superiores a 1 km (REIS; SANTOS, 2014). UNIUBE 51 Figura 16 - Relação de custo x potência x tensão Fonte: Reis e Santos (2014) Com base nessa figura, podemos notar que, para potências até 1.500 MW, a tensão mais econômica para a transmissão CA seria de 500 kV; já para potências entre 1.500 a 3.500 MW, a tensão mais econômica seria de 750 kV e, por fim, para potências acima de 3.500 MW, a tensão mais econômica seria de 1.000 kV. Compensação de reativos (indutivos ou capacitivos), estabilidade entre os geradores do sistema, níveis de curto-circuito e confiabili- dade são alguns dos problemas encontrados para o planejamento de sistemas de transmissão em CA, bem como para a definição do nível de tensão e do número de circuitos necessários à rede (REIS; SANTOS, 2014). 2.3.2 Transmissão em CC Mesmo com a enorme utilização da transmissão CA em SEPs, exis- tem casos em que esta transmissão apresenta limitações (técnicas ou econômicas). Com relação às limitações técnicas, podemos 52 UNIUBE citar o caso da interconexão de redes com frequências diferencia- das. Com relação ao aspecto econômico, para a transmissão de energia a longas distâncias, é mais vantajosa a transmissão via CC (REIS; SANTOS, 2014). Dentre as principais aplicações da transmissão CC em SEPs, des- tacam-se (REIS; SANTOS, 2014): • Interconexão de sistemas que possuam diferentes frequên- cias entre si ou interligação de redes com mesma frequência para as quais é desejada uma operação assíncrona ou haja a necessidade de uma. • Transmissão de potência a longas ou muito longas distâncias por meio de linhas aéreas. • Transmissão por cabos subterrâneos ou subaquáticos. • Controle do fluxo de potência em interligações regionais (en- tre sistemas distintos, concessionárias etc.) com o controle das frequências correspondentes. • Combinações entre as aplicações anteriores em um mesmo projeto. Comparando linhas de transmissão em CC com as de transmissão em CA, considerando um mesmo nível de energia transportada, do ponto de vista das linhas em si (custo por quilometragem), a trans- missão em CC é mais barata, pois possui menos condutores, além de torres mais leves. Contudo, avaliando os equipamentos e siste- mas adicionais, por exemplo, subestações, compensação reativa, filtros, o sistema de transmissão CC se torna mais caro. UNIUBE 53 Considere a Figura 17, que relaciona o tipo de linha de transmissão mais econômica em função da distância da linha. Figura 17 - Relação de custo da linha de transmissão em função da distância da linha Fonte: Reis e Santos (2014) Com base nessa última Figura, podemos perceber que acima de uma dada distância, em torno de 700 ou 800 km, torna-se menos custosa a transmissão via CC. Abaixo dessa quilometragem, as linhas CA são menos custosas (REIS; SANTOS, 2014). Saiba mais A seguir gostaria que você fizesse a leitura de uma matéria que fala a respeito da adoção de corrente contínua na transmissão de energia elétrica no Brasil, feita pela Faculdade de Engenharia da Universidade de São Paulo (Escola Politécnica). Disponível em: <http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/ noticia.php?artigo=brasil-corrente-continua-transmissao-energia#. V2afAPkrLIU>.Acesso em: 25 jul. 2016. 54 UNIUBE Também gostaria de indicar um Trabalho de Conclusão de Curso que realizou um estudo comparativo entre transmissões CA e CC. Vale a pena conferir! Disponível em: <http://repositorio.unesp.br/bitstream/hand- le/11449/121076/000734882.pdf?sequence=1>. Acesso em: 25 jul. 2016. Considerações finais Este capítulo objetivou a descrição de conceitos dos seguintes as- pectos: i) a estrutura geral de um sistema elétrico; ii) o padrões de tensão de SEPs; iii) características dos tipos de sistemas de trans- missão adotados em SEPs. No que diz respeito à estrutura de um SEP, foi apresentado um exemplo de geração de energia por uma hidrelétrica. Nesse siste- ma, existe uma usina de produção de energia interconectada com uma subestação elevadora de tensão, que por sua vez encami- nha a energia, por meio de linhas de transmissão, para centros de transmissão. Logo após, a energia alcança uma subestação abai- xadora de tensão, que encaminha a energia para linhas de distri- buição. Em seguida, foi comentado de forma resumida a respeito dos sistemas de geração, transmissão e distribuição, integrantes de um SEP. Na segunda seção do capítulo, foram apresentados detalhes sobre um padrão de níveis de tensão adotados aqui no Brasil para cada uma das partes de um SEP, sendo também exposto um mapa com as principais linhas de transmissão, com seus respectivos níveis de tensão adotados . UNIUBE 55 No final, comentamos sobre as principais características dos sis- temas de transmissão em CA e também em CC, destacando suas principais vantagens e desvantagens. No capítulo seguinte, veremos os aspectos relacionados aos tipos e arranjos de subestações, além dos principais equipamentos ado- tados nessas estruturas. Bruno Leandro Galvão Costa Introdução SubestaçõesCapítulo 3 Particularmente, neste capítulo, iremos estudar a respeito das “Subestações Elétricas”. A ideia central é lhe fornecer informações sobre os principais conceitos relacionados a subestações, visto que é um tema de grande importância no cenário de sistemas elétricos. Primeiramente, alguns conceitos iniciais sobre subestações serão considerados, destacando sua importância perante o sistema elétrico, componentes utilizados e definição. Na sequência, iremos analisar a classificação de subestações, no que se refere ao nível de tensão, à relação entre níveis de tensão de entrada e saída, bem como quanto à função do sistema elétrico, tipo de instalação, tipo construtivo de equipamentos e, por fim, quanto à modalidade de comando. Estudaremos também a respeito de alguns arranjos físicos de subestações comumente adotadas para o projeto de uma subestação, tais como em barras simples, em barra principal e transferência, em barra dupla com disjuntor simples, em barra dupla com disjuntor duplo, em anéis simples e em anéis múltiplos. E, por fim, veremos alguns dos principais equipamentos adotados em subestações, sendo eles: transformadores (de potência, de corrente e de potencial), seccionadores, disjuntores, para-raios e buchas. • Entender aspectos gerais sobre subestações: • Definição de subestações. • Analisar a classificação de subestações de acordo com: • Níveis de tensão. • Relação entre níveis de tensão de entrada e saída. • Função no SEP. • Tipo de instalação. • Tipo construtivo de equipamentos. • Modalidade de comando. • Verificar alguns dos principais arranjos físicos de subestações: • Barra simples. • Barra principal e transferência. • Barra dupla com disjuntor simples. • Barra dupla com disjuntor duplo. • Anéis simples. • Anéis múltiplos. • Analisar alguns dos principais equipamentos adotados em subestações: • Transformadores (de potência, de corrente e de potencial). Objetivos Você também encontrará no decorrer do capítulo várias sugestões de materiais complementares ao tema, que podem ser considerados em seus estudos para melhor assimilar os diversos conteúdos aqui expostos. UNIUBE 59 • Seccionadores. • Disjuntores. • Para-raios. • Buchas. 3.1 Conceitos iniciais sobre subestações 3.2 Classificação das subestações 3.2.1 Quanto ao nível de tensão 3.2.2 Quanto à relação entre os níveis de tensão de entrada e saída 3.2.3 Quanto à função em relação ao sistema elétrico global 3.2.4 Quanto ao tipo de instalação 3.2.5 Quanto ao tipo construtivo de equipamentos 3.2.6 Quanto à modalidade de comando 3.3 Arranjos de subestações 3.3.1 Barra simples (BS) 3.3.2 Barra principal e transferência (BP+T) 3.3.3 Barra dupla com disjuntor simples (BD-Ds) 3.3.4 Barra dupla com disjuntor duplo (BD-Dd) 3.3.5 Anéis simples (AN) 3.3.6 Anéis múltiplos (ANM) 3.4 Equipamentos usados em subestações 3.4.1 Transformadores 3.4.1.1 Transformadores de potência 3.4.1.2 Transformadores de corrente (TC) e de potencial (TP) 3.4.2 Seccionadores 3.4.3 Disjuntores 3.4.4 Para-raios 3.4.5 Buchas Esquema 60 UNIUBE Conceitos iniciais sobre subestações3.1 Subestações são consideradas um dos componentes principais de sistemas de energia, em conjunto com usinas de geração. Compõem transformadores de potência, transformadores de cor- rente e potencial, sistemas de proteção e controle, e equipamen- tos de comutação (tais como disjuntores e seccionadores). Diante disso, a operação correta de todos esses componentes deve ser garantida durante o período de vida da instalação (OMICRON ENERGY, 2012). Durante esse período de vida da estação, as medições constituem- se como parte de atividades de manutenção periódicas. Logo, tes- tes são realizados constantemente nos componentes fundamen- tais da instalação (OMICRON ENERGY, 2012). Uma subestação pode ser definida, de forma genérica, como (FRONTIN, 2013, p.80): “Um conjunto de sistemas específicos e interdependentes concebidos para a atender a um objetivo comum: servir ao sistema elétrico da melhor maneira possível, atendendo aos seus requisitos no limite dos custos”. O projeto de uma subestação é uma tarefa não trivial e multidisci- plinar que envolve conhecimento técnico especializado de diver- sos profissionais das áreas: civil, elétrica, mecânica, comunicação, entre outros (FRONTIN, 2013). Logo, por em funcionamento uma subestação é uma tarefa fundamental, a qual exige que todos os componentes sejam testados e que haja uma interação garantida entre eles (OMICRON ENERGY, 2012). UNIUBE 61 Saiba mais Gostaria de indicar a você um vídeo que ilustra alguns aspectos sobre subestações de energia. Particularmente neste vídeo, são abordados conceitos sobre testes de TCs e TPs de medição e pro- teção, além de outros detalhes: interligamento entre disjuntores e sistemas de proteção e controle de subestações. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=S5- 9-vTLKBc>. (5:57) Observação: o vídeo se inicia em 1:00 3.2 Classificação das subestações No que se refere à classificação de subestações, existem basica- mente seis formas de caracterização, de acordo com Muzy (2012): i) quanto ao nível de tensão; ii) quanto à relação entre os níveis de tensão de entrada e saída; iii) quanto à função em relação ao sis- tema elétrico global; iv) quanto ao tipo de instalação; v) quanto ao tipo construtivo de equipamentos; vi) quanto à modalidade de co- mando. Cada uma dessas classificações será comentada a seguir. 3.2.1 Quanto ao Nível de Tensão Subestações podem ser classificadas de acordo com seus níveis de tensão de operação (MUZY, 2012, pp.6-8): • Baixa tensão: com nível de tensão até 1 kV. 62 UNIUBE • Média tensão: com nível de tensão de 1 kV a 34,5 kV (tipica- mente com 6,6 kV; 13,8 kV; 23 kV e 34,5 kV). • Alta tensão: com nível de tensão de 34,5 kV a 230 kV (tipica- mente com 69 kV, 138 kV e 230 kV). • Extra-alta tensão: comníveis superiores a 230 kV (tipicamen- te com 345 kV, 440 kV, 500 kV e 750 kV). 3.2.2 Quanto à Relação Entre os Níveis de Tensão de Entrada e Saída As subestações também podem ser classificadas com base na re- lação entre os níveis de tensão de entrada e saída, podendo ser (MUZY, 2012, pp.8-9): • Subestações de manobra: interligam circuitos de suprimen- to sob o mesmo nível de tensão, possibilitando sua multipli- cação. Utilizadas também para seccionar circuitos, possibi- litando sua energização em trechos sucessivos de menores comprimentos. • Subestações elevadoras: localizadas próximas às usinas de geração de energia, possuem como principal função a ele- vação das tensões de geração para níveis de transmissão e subtransmissão. • Subestações abaixadoras: localizadas nas periferias dos cen- tros consumidores, possuem como principal função a diminui- ção dos níveis de tensão de subtransmissão. UNIUBE 63 3.2.3 Quanto à Função em Relação ao Sistema Elétrico Global Existe outra classificação que relaciona subestações com suas res- pectivas funções no sistema elétrico global (MUZY, 2012, pp.10-11). • Subestações de transmissão: aquelas que recebem a energia da geração e encaminham para a transmissão. Nesse caso, utiliza grandes transformadores para a elevação de tensão. • Subestações de subtransmissão: conectadas às linhas de substransmissão, nas quais flui energia elétrica das subesta- ções de transmissão, e estas encaminham para a distribuição. • Subestações de distribuição: aquelas que enviam energia elé- trica diretamente ao consumidor (ou cargas). Possuem como função o abaixamento da tensão. 3.2.4 Quanto ao Tipo de Instalação Essa categoria diz respeito aos locais onde as subestações são instaladas (MUZY, 2012, p.11-12). • Externas ou a céu aberto (Figura 18): construídas em locais amplos ao ar livre. Seus equipamentos são dedicados para o funcionamento em condições atmosféricas adversas (tais como chuva, vento, poluição etc.), que degradam os mate- riais. Geralmente, necessitam de manutenções constantes. • Internas: construídas em localidades abrigadas (cabines me- tálicas, isoladas a gás), nas quais são instalados os equi- pamentos, dessa forma, não estão sujeitos a quaisquer 64 UNIUBE condições climáticas. Tais localidades abrigadas podem ser edificações ou câmaras subterrâneas. Tais subestações po- dem ser de cabines metálicas ou isoladas a gás. Figura 18 – Exemplo de uma subestação a céu aberto: SUAPE III (Ipojuca-PE) Fonte: Subestação… (s./d.) Ampliando o conhecimento Para que você tenha uma ideia de como é uma subestação elétrica a céu aberta, veja os vídeos a seguir, que apresentam principal- mente a subestação SUAPE III em Ipojuca-PE. Subestações SUAPE II e III - CHESF Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=tQo70eID- Qow>. Acesso em: 25 jul. 2016. Subestação SUAPE III Disponível em: <https://vimeo.com/105965981>. Acesso em: 25 jul. 2016. UNIUBE 65 3.2.5 Quanto ao Tipo Construtivo de Equipamentos Como o nome sugere, essa classificação refere-se aos equipa- mentos instalados, diferenciados de acordo com a potência, confi- guração construtiva e função. Para esse caso, existem duas clas- sificações de subestações: convencionais e em cabine metálica (denominada também de blindada) (MUZY, 2012, p.12-14): • Convencionais: são as mais consideradas, instaladas a céu aberto, possuindo o ar como meio isolante entre os equipa- mentos. Geralmente, ocupam um grande espaço físico. • Cabine blindada: diferentemente do ar como meio isolante, foram criadas subestações blindadas que consistiam de um meio isolante a gás (geralmente o hexafluoreto de enxofre – SF6), fechado e blindado, permitindo a compactação das instalações. 3.2.6 Quanto à Modalidade de Comando Nesse aspecto, as subestações podem ser classificadas como: com operador, semiautomatizadas e automatizadas (MUZY, 2012, p.14): • Subestações com operador: exigem alto nível de treinamento de pessoal, além de utilizarem computadores na supervisão e operação. • Semiautomatizadas: possuem computadores ou intertrava- mentos eletromecânicos que impedem operações indevidas por parte do operador local. • Automatizadas: supervisionadas à distância por intermédio de computadores. 66 UNIUBE Ampliando o conhecimento Para que você assimile melhor os conhecimentos sobre classifi- cações de subestações, gostaria que você pudesse ler o artigo “Tópicos de sistemas de transmissão e de distribuição de energia elétrica” (particularmente a página 56), o qual pode ser encontrado no seguinte link: <http://www.osetoreletrico.com.br/web/documentos/fasciculos/ Ed74_fasc_distribuicao_cap2.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2016. Você irá perceber que ele apresenta uma classificação de subesta- ções levemente diferenciada daquela considerada neste capítulo. Se você fizer buscas em outras referências, irá perceber que vários autores apresentam outras estruturas de classificação, mas que na realidade apresentam aspectos similares entre si. 3.3 Arranjos de subestações Uma vez realizados os estudos específicos para o desenvolvimento de uma dada subestação, é necessário que seja definida também a configuração de barra dessa subestação, além de seus equipa- mentos específicos (FRONTIN, 2013, p.80). Dessa forma, neste momento, é definido o arranjo físico da subes- tação, que inclui (FRONTIN, 2013, p.80): • sistema de comando, controle e proteção; • a malha de terra; • serviços auxiliares; • estruturas de alvenaria; • instalações secundárias; • infraestrutura em geral; UNIUBE 67 O termo “configuração de barra” é associado à forma com que os equi- pamentos estão conectados aos pátios de manobra, em outras pala- vras, a conectividade elétrica da subestação (FRONTIN, 2013, p.81). Por sua vez, o termo “arranjo físico” refere-se à forma com que os equipamentos estão dispostos fisicamente nos pátios de mano- bra, conforme a configuração de barra definida de uma subestação (FRONTIN, 2013, p.82). Contudo, pode ser que você encontre várias referências que definem arranjo físico como sendo ambas, tanto co- nectividade elétrica quanto disposição física de equipamentos, ok?! As configurações de barra de subestações são divididas em dois grandes grupos (FRONTIN, 2013, p.85): 1. Configurações com conectividade concentrada: contingên- cias simples externas, no geral, são menos severas do que as contingências simples internas, em que normalmente ocor- re grande perda de circuitos. Exemplos de configurações de barras: barra simples e barra dupla disjuntor simples. 2. Configurações com conectividade distribuída: contingências simples externas ou internas, normalmente não provocam grande perda de circuitos, porém as contingências duplas po- dem provocar grandes perdas de circuitos, bem como a forma- ção de ilhas elétricas no sistema. Exemplos de configurações de barras: anel simples e barra dupla com disjuntor e meio. Observação: as contingências são eventos em equipamentos do sistema que deixam de operar por atuação de proteções devido a algum problema, que pode acontecer a qualquer momento em SEPs (BATISTA, 2008). A seguir, veremos as principais configurações de barras de subes- tações para sistemas de média, alta e extra-alta tensão. 68 UNIUBE 3.3.1 Barra Simples (BS) Esse arranjo, ilustrado na Figura 19(a), é uma das mais simples configurações de barra em subestações (de pequeno porte, média e alta tensão), geralmente aplicado em subestações de distribuição ou subestações industriais para atendimento de cargas específicas (FRONTIN, 2013, p.85). Na Figura 19(a), são mostradas duas linhas de transmissão, LT-1 e LT-2, alimentando dois transformadores (comumente denomi- nados de trafos) TR-1 e TR-2, respectivamente, quese conectam a uma mesma barra, sendo essa uma característica do esquema BS. Note também que existem quatro disjuntores D1, D2, D3 e D4. Caso haja alguma falta ou quando for efetuada uma manutenção de um dado disjuntor, os circuitos são desligados do sistema e, dessa forma, a subestação fica indisponível. Devido a isso, alguns recursos podem ser adicionados para a me- lhoria da flexibilidade operativa. Tais soluções estão indicadas na Figura 19(b), sendo elas: • A introdução de um seccionamento de barra, por meio da cha- ve seccionadora S1. Nesse caso, na presença de falha na barra, parte da subestação pode ser recuperada. • Instalação de chaves by-pass nos disjuntores, chave secciona- dora S2, para possibilitar manutenções e reparos nos disjun- tores, sem o desligamento dos elementos de transmissão. • Instalação de uma chave transversal entre os trafos, chave seccionadora S3, possibilitando que um disjuntor proteja os trafos temporariamente. UNIUBE 69 Figura 19 – Configuração em: (a) barra simples e (b) barra simples com melhorias Fonte: adaptada de Frontin (2013, p. 85-86) Algumas características do arranjo BS são: • Uma menor área é necessária para a implantação da subestação. • Possui instalações simples, consequentemente, custos reduzidos. • Manobras simples (ligar e desligar circuitos alimentadores, geralmente). • Falha no barramento ou disjuntor ocasiona o desligamento da subestação. • A ampliação do barramento não pode ser realizada sem a desenergização total da subestação. 70 UNIUBE 3.3.2 Barra Principal e Transferência (BP+T) A Figura 20 ilustra o arranjo BP+T, geralmente utilizado em subes- tações de média e alta tensão, mas que pode ser encontrado em algumas subestações brasileiras (FRONTIN, 2013, p.86). Analisando rapidamente o arranjo BP+T com o visto anteriormente (BS), podemos perceber que o arranjo BP+T é um pouco mais sofisti- cado, uma vez que agora uma nova barra foi acrescentada. O arranjo BP+T possibilita que sejam feitas manutenções nos disjuntores, mas apenas um por vez. O procedimento acontece da seguinte forma: i) é escolhido o disjuntor em que será feita a manutenção; ii) a chave “by-pass” do respectivo disjuntor é liberada e, em seguida, iii) ocorre a liberação do disjuntor de transferência (nesse caso representado por D5). Como exemplo, vamos supor que se deseja realizar a manuten- ção do disjuntor D2. Neste caso, a chave by-pass S2 irá ser acionada (ligada) e, além disso, o disjuntor de transferência D5 será habilitado, para que o ocorra o fluxo de energia para o trafo TR-1. Figura 21 – Configuração em barra principal e barra de transferência Fonte: adaptada de Frontin (2013, p. 87) UNIUBE 71 Algumas características do arranjo BP+T são: • Flexibilidade para manutenção e reparos (dos disjuntores). • Flexibilidade operativa limitada. • Para a expansão da subestação, é necessário impor desliga- mentos do sistema. • Para trocar disjuntores, manobras mais sofisticadas são necessárias. • Falhas no barramento ou disjuntor resultam no desligamento da subestação. 3.3.3 Barra Dupla com Disjuntor Simples (BD-Ds) Esse arranjo, ilustrado na Figura 22, é comumente adotado em usi- nas geradoras e na indústria. Permite uma flexibilidade com ambas as barras (B1 e B2) em operação, possibilitando a manutenção iso- lada de qualquer uma delas. Uma vantagem da estrutura é a facili- dade em transferência de circuitos da barra B1 para a barra B2, por exemplo, neste caso manobrando o disjuntor de transferência (D5) e as chaves (MUZY, 2012, p.56). 72 UNIUBE Figura 22 - Configuração em barra dupla com disjuntor simples Fonte: adaptada de Muzy (2012, p. 57) No que se refere à manutenção de disjuntores, necessariamente o circuito deve ser desenergizado. Já com relação à manutenção das barras, como comentado anteriormente, com a estrutura BD-Ds, não é necessário desligar a subestação. Como exemplo, considere que é desejado realizar a manutenção na barra B1. Dessa forma, é necessário transferir os circuitos de B1 para B2, um de cada vez. Considere primeiro o circuito de LT-1 até TR-1. Inicialmente, verifica-se o sincronismo entre as barras; em seguida, o disjuntor D5 é fechado juntamente com o seccionador S12 (que está interligado à barra B2); por sua vez, o seccionador acoplado à barra B1 será aberto S11; logo após, D5 e S21 serão abertos (visando desacoplar o circuito da barra B1), e S22 será fechado; assim esse circuito já está ligado à barra B2. Um procedi- mento similar é realizado também para o circuito de LT-2 até TR-2. Quando os dois circuitos estiverem transferidos para a barra B2, B1 será levado para manutenção. UNIUBE 73 3.3.4 Barra Dupla com Disjuntor Duplo (BD-Dd) O arranjo BD-Dd (Figura 23) possui como principal vantagem ser um arranjo completo e muito mais flexível e confiável do que os an- teriores. Contudo, é a alternativa mais cara, sendo encontrado em aplicações de grandes potências, nas quais torna-se necessária a continuidade de fornecimento (MUZY, 2012, p.61). Diferentemente, dos arranjos anteriores, essa estrutura não neces- sita de um disjuntor de transferência (que interliga as duas barras). No caso de manutenção de um dado disjuntor do circuito, basta abri-lo do circuito e, dessa forma, toda a energia será enviada para o ramo ao lado. Caso seja necessário realizar a manutenção de uma barra, basta que os disjuntores ligados a determinada barra sejam desligados. Figura 23 - Configuração em barra dupla com disjuntor duplo Fonte: adaptada de Muzy (2012, p. 62) 74 UNIUBE 3.3.5 Anéis Simples (AN) Essa configuração (Figura 24) possui vários circuitos e vários sec- cionadores, sendo composta por um pequeno número de circuitos, além de ser de baixo custo. Nessa estrutura, qualquer disjuntor pode ser removido para manutenção, sem que a energia na carga seja interrompida. Possui a vantagem de não necessitar de uma barra principal (MUZY, 2012, p.65). Para a manutenção de disjuntores, sem que seja necessário desligar todo o circuito, basta que um deles seja retirado do circuito e, neste caso, que este seja ligado ao ramo do anel. Perceba que existem alguns seccionadores de isolamento em todas as saídas, que permitem a recomposição do anel caso seja necessário deixar uma saída desligada provisoriamente (MUZY, 2012, p.66). Figura 24 - Configuração em anéis simples Fonte: adaptada de Muzy (2012, p. 66) UNIUBE 75 3.3.6 Anéis Múltiplos (ANM) Basicamente, possui uma estrutura similar ao esquema AN, sendo ilustrado na Figura 25, com uma diferença em termos de operação, pois permite uma maior variedade de operações entre anéis, sem que seja necessário desenergizar o sistema. Com uma das carac- terísticas, o arranjo ANM facilita a expansão de uma subestação (MUZY, 2012, p.67). No tocante à manutenção dos disjuntores, o processo é similar ao comentado anteriormente para o arranjo AN. Caso seja necessário fazer a manutenção de um disjuntor, basta retirá-lo, e dessa forma a energia encontrará outros caminhos para se locomover. Figura 25 - Configuração em anéis múltiplos Fonte: adaptado de Muzy (2012, p. 67) 76 UNIUBE 3.3.4 Equipamentos usados em subestações Como sabemos, uma subestação é dotada de diversos equipa- mentos necessários para a sua operação. A seguir, serão descritas informações a respeito de alguns dos principais equipamentos co- mumente utilizados em subestações, tais como: transformadores (de potência, de corrente e de potencial), seccionadores, disjunto- res, para-raios e buchas. 3.4.1 Transformadores 3.4.1.1 Transformadores de potência Como temos visto, nos SEPs existem algumas etapas em que é primordial que se realize transformação de tensões (elevação ou diminuição).
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