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1 ECONOMIA SUMÁRIO ECONOMIA 02 ECONOMIA SUMÁRIO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institu- ições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquis- taram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibil- idade, segurança e modernidade, visando à satis- fação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. R E I TO R GRUPO MULTIVIX R E I 03 ECONOMIA SUMÁRIO - R E I T O R APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na modalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprovada pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo entre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa-se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, procura fazer a sua parte, investindo em projetos sociais, ambientais e na promoção de oportunidades para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segu- rança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor Executivo do Grupo Multivix 04 ECONOMIA SUMÁRIO Você está prestes a iniciar o estudo da disciplina Economia. Economia é uma matéria fascinante e o estudo dessa disciplina certamente mudará a sua forma de ver o mundo e de se relacionar no am- biente na qual está inserido. Se pararmos um minuto para observar ao nosso re- dor, é possível compreender os conceitos de econo- mia no nosso dia a dia. Muitas vezes estamos tão apressados com as nossas obrigações diárias e nem percebemos que podemos usar as noções de eco- nomia para resolver vários problemas. Dizemos que a economia existe devido à escassez, ou seja, a falta de recursos. Caso os recursos exis- tissem na sociedade de forma abundante não seria necessário pensar na melhor forma de distribuir tais recursos. Pense, por exemplo, se você possuísse di- nheiro e tempo de forma infinita, e tudo que você pensasse em fazer ou em utilizar também não tives- se limite. Nesse caso não seria necessário pensar em economia. Devido a existência de recursos finitos surge a ne- cessidade de pensar em Economia. Independente da sua profissão, classe social, ou ideologia política, são necessárias noções de economia para resolver problemas diários. Nesse sentido desenvolvemos essa apostila com muito carinho pensando nos alu- nos do curso Ead da Faculdade Multivix. Desejamos a todos bons estudos!!! APRESENTAÇÃO GERAL DA DISCIPLINA 05 ECONOMIA SUMÁRIO LISTA DE GRÁFICOS > > > > > Gráfico 1: Curva de Demanda 36 Gráfico 2: Curva de Demanda 40 Gráfico 3: Deslocamentos da Curva de Demanda 41 Gráfico 4: Curva de Oferta 42 Gráfico 5: Equilíbrio de Mercado 43 06 ECONOMIA SUMÁRIO SUMÁRIO 2UNIDADE 1UNIDADE 1 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO 12 1.1 INTRODUÇÃO A ECONOMIA 12 1.1.1 A CIÊNCIA ECONOMIA 12 1.1.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PENSAMENTO ECONÔMICO 17 1.1.2.1 ANTIGUIDADE CLÁSSICA (1ª. FASE) 18 1.1.2.2 ANTIGUIDADE CLÁSSICA (2ª. FASE) 19 1.1.2.3 IDADE MÉDIA (500 A 1500) 20 1.1.2.4 MERCANTILISMO (SÉCULOS XVI A XVIII) 21 1.1.2.5 MERCANTILISMO ESPANHOL 22 1.1.2.6 MERCANTILISMO INGLÊS 22 1.1.2.7 MERCANTILISMO FRANCÊS 22 1.1.2.8 REVOLUÇÃO FILOSÓFICA E INDUSTRIAL (1750 A 1850) 23 1.1.2.9 REVOLUÇÃO/TEORIA NEOCLÁSSICA 25 1.1.3 REVOLUÇÃO KEYNESIANA E GRANDE DEPRESSÃO DE 1929. 25 1.1.3.1 REVOLUÇÃO/TEORIA NEOLIBERAL: 26 1.1.4 MODELOS ECONÔMICOS 27 1.1.4.1 PRIMEIRO MODELO: DIAGRAMA DE FLUXO CIRCULAR DA RENDA SIMPLIFICADO 27 1.1.4.2 SEGUNDO MODELO: FRONTEIRA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO (FPP) 29 1.1.4.3 SETORES DA ECONOMIA 31 1.1.4.4 ORGANIZAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA 31 1.1.4.5 CARACTERÍSTICAS DAS ECONOMIAS LIBERAIS DE MERCADO 32 1.1.4.6 AS ECONOMIAS CENTRALMENTE PLANIFICADAS 33 1.1.4.7 ECONOMIAS SOCIAIS DE MERCADO (MISTAS) 34 2 OFERTA, DEMANDA E EQUILÍBRIO DE MERCADO 36 2.1 MICROECONOMIA 36 2.1.1 INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA 36 2.1.1.1 TEORIA ELEMENTAR DA DEMANDA 36 2.1.1.1.1 CONCEITO 36 2.1.1.1.2 LEI GERAL DA DEMANDA 37 2.1.1.2 FUNÇÃO DA DEMANDA 38 2.1.1.3 TIPOS DE BENS X PREÇO DO BEM 39 2.1.1.4 DISTINÇÃO ENTRE DEMANDA E QUANTIDADE DEMANDADA 40 2.1.2 A TEORIA DA FIRMA / TEORIA DA PRODUÇÃO 45 07 ECONOMIA SUMÁRIO 2.1.3 TEORIA DOS CUSTOS ECONÔMICOS 49 2.1.4 TEORIA DOS RENDIMENTOS 53 3 ESTRUTURAS DE MERCADO 55 3.1 ESTRUTURAS DE MERCADO 55 3.1.1.1 CONCORRÊNCIA PURA OU PERFEITA 55 3.1.1.2 MONOPÓLIO 56 3.1.1.3 OLIGOPÓLIO 56 3.1.1.4 CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA 57 3.1.2 ESTRUTURA DO MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO 58 3.1.2.1 CONCORRÊNCIA PERFEITA NO MERCADO DE FATORES 58 3.1.2.2 MONOPSÔNIO 58 3.1.2.3 OLIGOPSÔNIO 58 3.1.2.4 MONOPÓLIO BILATERAL 59 3.1.3 AS EMPRESAS E O MERCADO 59 3.1.3.1 CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA NO BRASIL - O CADE 59 3.1.3.2 O QUE FAZ O CADE 61 4 O PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) 66 4.1 MACROECONOMIA 66 4.1.1 MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA 66 4.1.2 FLUXO CIRCULAR DE RENDA E PRODUTO 67 4.1.3 PRODUTO NACIONAL 67 4.1.4 DESPESA NACIONAL 70 4.1.5 POUPANÇA E INVESTIMENTOS AGREGADOS 72 4.1.6 ANÁLISE DE CENÁRIOS DA ATIVIDADE ECONÔMICA 72 4.1.7 RENDA NACIONAL 73 4.1.8 PIB PER CAPITA 74 4.1.9 PIB NOMINAL E PIB REAL 76 5 SISTEMA MONETÁRIO E POLÍTICAS MACROECONÔMICAS 79 5.1 O SISTEMA MONETÁRIO 79 SUMÁRIO 4UNIDADE 5UNIDADE 3UNIDADE 08 ECONOMIA SUMÁRIO SUMÁRIO 6UNIDADE 5.1.1 FUNÇÕES DA MOEDA 80 5.1.2 TIPOS DE MOEDA 81 5.1.3 A MOEDA NA ECONOMIA 81 5.1.4 O BANCO CENTRAL 83 5.1.4.1 O BANCO CENTRAL E A POLÍTICA MONETÁRIA 84 5.1.5 POLÍTICA FISCAL COMO INSTRUMENTO DE MACROECONOMIA 87 5.1.6 POLÍTICA COMERCIAL COMO INSTRUMENTO DE MACROECONOMIA 88 5.1.7 POLÍTICA CAMBIAL COMO INSTRUMENTO DE MACROECONOMIA 88 5.1.8 POLÍTICA BRASILEIRA DE COMBATE À INFLAÇÃO 89 5.1.9 O QUE DETERMINA O VALOR DA MOEDA? 90 5.1.10 FATO HISTÓRICO 92 5.1.11 O IMPOSTO INFLACIONÁRIO 92 5.1.12 CUSTOS DA INFLAÇÃO 94 5.1.13 O PLANOREAL 95 6 O SETOR EXTERNO 102 6.1 OS FLUXOS INTERNACIONAIS DE BENS E CAPITAIS 102 6.2 RISCO PAÍS 104 6.3 POUPANÇA, INVESTIMENTO E SUA RELAÇÃO COM OS FLUXOS INTERNACIONAIS 106 6.4 TAXA DE CÂMBIO REAL E TAXA DE CÂMBIO NOMINAL 107 6.5 A INFLAÇÃO E AS TAXAS DE CÂMBIO NOMINAIS 109 6.6 COMO AS FORÇAS ATUAM NO MERCADO DE CÂMBIO 110 6.7 REGIMES CAMBIAIS 111 6.7.1 REGIME DE CÂMBIO FIXO 111 6.7.2 O REGIME DE CÂMBIO FLUTUANTE 112 6.7.3 REGIME DE CÂMBIO BRASILEIRO: FLUTUAÇÃO SUJA (DIRTY FLOATING) 113 6.7.4 O PADRÃO OURO 113 6.7.5 ABERTURA COMERCIAL 114 6.7.6 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL – FMI 116 CONCLUSÃO 121 REFERÊNCIAS 122 09 ECONOMIA SUMÁRIO ICONOGRAFIA ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS 10 ECONOMIA SUMÁRIO UNIDADE 1 • Diferenciar os vários entendimentos possíveis da palavra economia. • Diferenciar aspectos de microeconomia de macroeconomia; • Entender os conceitos de tradoff e custo de oportunidade e aplicar em seu dia a dia; • Compreender os modelos econômicos de Fluxo Circular de Renda e Fronteira de Possibilidade de Produção; • Analisar o sistema econômico de um país e saber classificar em economia de mercado, economia centralizada, ou economia mista; OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos: 11 ECONOMIA SUMÁRIO 1 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO 1.1 INTRODUÇÃO A ECONOMIA 1.1.1 A CIÊNCIA ECONOMIA A palavra economia vem do termo grego oikonomía, onde oikos significa lar e nomos significa lei, de tal modo a palavra economia pode ser compreendida como admi- nistração do lar. No contexto de uma casa (um lar) a família precisa tomar diversas decisões em seu dia a dia, como por exemplo: Quem preparará as refeições? Quem cuidará da limpeza do ambiente? Qual tarefa cada membro da família desempenhará? Qual aparelho de TV deverá ser adquirido? Essas decisões precisam ser tomadas pois há necessidade de gerenciar a alocação de recursos tendo em vista que eles são escassos. Caso os recursos fossem abundan- tes uma família não precisaria se preocupar com qual aparelho de TV seria adquiri- do, era só comprar o melhor disponível no mercado e o problema estaria resolvido. No entanto, várias questões são levadas em consideração no momento de efetuar a compra, questões como preço, qualidade, marcar, recursos disponíveis, formas de pagamento, garantia, são importantes no momento da decisão, a fim de chegar à conclusão de qual aparelho possui melhor custo-benefício. 12 ECONOMIA SUMÁRIO Assim como uma família sempre tem diversas decisões a tomar sobre como admi- nistrar seus recursos e quem vai realizar as várias tarefas, a sociedade, como um todo, também se depara com inúmeras decisões: O que e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir? Podem comprar comida, roupas, viagens etc. Podem poupar parte da renda para a aposentadoria ou para pagar os estudos dos filhos. O que e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir? São os problemas econômicos fundamentais que a sociedade precisa resolver, tendo em vista que os recursos são limitados e as necessidades humanas ilimitadas, ou seja, há escas- sez de recursos. Escassez significa que a sociedade tem menos a oferecer do que aquilo que as pes- soas desejam ter. E Economia é o estudo da forma pela qual a sociedade administra seus recursos escassos. De tal modo a economia só existe, pois há escassez de recursos. Na maioria das sociedades, os recursos são alocados pelas ações combinadas de milhões de famílias e empresas. O comportamento de uma economia reflete o com- portamento das pessoas que formam esta economia. A escassez de recursos implica que os agentes econômicos enfrentam “tradeoffs”, ou seja, escolhas. No fundo isto tem a ver com as expressões "nada é de graça", ou "there is no free lun- ch". Para se obter algo que desejamos, em geral temos de abrir mão de algo de que gostamos => Deve-se comparar objetivos. Pense num casal decidindo como alocar a renda da família: 13 ECONOMIA SUMÁRIO No momento em que eles resolvem gastar um real num item, é menos um real dis- ponível para as outras despesas. Isto é, existe um tradeoff entre as diversas possibili- dades de alocação da renda familiar. Assim como uma família, uma sociedade também se depara com tradeoffs. Um tradeoff clássico seria "armas e manteiga". Quanto mais é gasto na defesa nacional (armas), menos se pode gastar com bens para aumentar o padrão de vida desta so- ciedade (manteiga). Uma empresa de capital aberto pode enfrentar um tradeoff entre uma distribuição de lucros através de dividendos para seus acionistas ou reter parte dos lucros para financiar uma expansão de atividades. A tomada de decisões exige a comparação dos custos e benefícios de vários cursos de ação, que nem sempre são óbvios. Além de definir exatamente o que são custos deve-se estar atento para o custo oportunidade. O custo de oportunidade é um custo associado a uma oportunidade perdida, ou seja, há uma oportunidade que desistimos. No estudo do conceito do custo de opor- tunidade partimos do princípio que o ser humano é racional e sempre fará a melhor escolha possível. A cada tradeoff “abrimos mão” de algo para selecionar uma alterna- tiva melhor, e o que não escolhemos representa o nosso custo de oportunidade. Ou seja, toda nova oportunidade tem um custo, e esse custo é o que deixamos para traz. Nesse sentido, imagine um proprietário de um ponto comercial que rende um alu- guel mensal de R$5.000,00 (cinco mil reais). Caso o proprietário decida não alugar o ponto comercial e resolva abrir uma empresa neste endereço, qual seria o custo de oportunidade? O custo de oportunidade está associado a uma oportunidade per- dida, e nesse caso poderia ser expressado pelo valor monetário de R$5.000,00. Cer- tamente o proprietário do ponto comercial tomaria essa decisão com a pretensão de auferir lucros superiores a R$5.000,00. Partimos do princípio que o proprietário é racional e tomou a melhor decisão possível dentro do leque de possibilidades. O que o proprietário do ponto comercial precisa abrir mão devido a nova escolha é o custo de oportunidade. 14 ECONOMIA SUMÁRIO Nem sempre o custo de oportunidade será expresso de forma quantitativa como no exemplo acima. Algumas vezes ele aparecerá de forma qualitativa. Suponha um estudante do curso de Administração presencial e matutino que em uma determinada manhã quarta feira tenha decidido ir à praia. Qual é o custo de oportunida- de do estudante diante da situação? Ou seja, qual oportunidade o estudante abriu mão para ir à praia? Nesse caso o custo de oportunidade é participar da aula na faculdade. EXEMPLO Como o custo de oportunidade supõe que os indivíduos sejam racionais, considera- mos que a melhor escolha que o estudante poderia realizar nessa manhã de quarta feira específica seria ir à praia. No entanto essa escolha possui um custo de oportu- nidade imediato, e que pode gerar consequências negativas em um futuro próximo. Suponha agora um estudante que iniciou o curso de Ciências Contábeis. Ao resolver cursar uma universidade, uma pessoa tem claramente um benefício intelectual e melhores oportunidades de emprego ao longo da vida. E os custos? Anuidades, li- vros e em alguns casos moradia e alimentação. Além desses custos diretos, a pessoa tem um custo oportunidade: ao invés de estudar, ela poderia estar trabalhando e ganhando um salário. O dinheiro dos livros e anuidades poderia estar aplicado, ren- dendo juros. Imagine que um jogador de futebol muito bem pago, (um jogador de seleção) es- tivesse pensando abandonar sua carreira para estudar medicina. Certamente o seu custo oportunidade é muito alto. Pois o salário que ele deixaria de ganhar como jogador é muito alto. Se um outro jogador da terceira divisão resolvesse a mesma coisa, certamente não estaria abrindo mão de umsalário tão alto, logo seu custo oportunidade é menor. 15 ECONOMIA SUMÁRIO A ciência que estuda a escassez é a Economia. Podemos aprofundar o estudo sobre a Economia a partir de dois grandes ramos a saber: MICROECONOMIA: os microeconomistas são economis- tas que buscam estudar as unidades econômicas individuais como por ex- emplo consumidores, empresas, tra- balhadores, buscando estudar o funcio- namento do mercado (oferta e demanda) para a determinação de preço; MACROECONOMIA: os macroeconomistas são economistas que estudam o comportamento dos agregados econômicos tais como: renda, produto nacional, nível de emprego, taxa de juros, taxa de câmbio, entre outros; Os economistas tentam tratar seu campo de estudo com a objetividade de um cien- tista. Eles formulam teorias, coletam dados e depois analisam esses dados para con- firmar ou refutar suas teorias. A essência da ciência é o método científico - a formu- lação e o teste desapaixonado de teorias sobre o funcionamento do mundo. Contudo, os economistas enfrentam um empecilho que torna sua tarefa mais desa- fiadora: com frequência os experimentos no campo da economia são difíceis. Um fí- sico que estudasse a lei da gravidade poderia deixar cair uma bolinha quantas vezes achasse necessário para gerar os dados para sua pesquisa. Já um economista que estudasse a correlação da política monetária de países com a inflação, não poderia simplesmente controlar a expansão monetária para obter dados. Assim como os astrônomos, o economista tem que se contentar com os dados que o mundo lhe fornece e prestam bastante atenção aos experimentos naturais que a história lhe oferece: a guerra no oriente médio e a interrupção do fluxo de petróleo para a economia mundial, a grande depressão, a revolução industrial inglesa, a hiper inflação alemã, a recente crise na Ásia etc. Esses episódios são valiosos, pois nos per- mitem ver como a economia funcionou no passado e principalmente avaliar teorias no presente. O papel das hipóteses: A razão pela qual os economistas elaboram hipóteses é basi- camente a mesma que surge em outra ciência. As hipóteses facilitam a compreen- são do mundo. Um físico, ao estudar a queda de uma bolinha de três metros de altura formula a hi- pótese que ela estaria caindo no vácuo (para não levar em consideração o atrito com 16 ECONOMIA SUMÁRIO o ar). Se a bolinha estivesse caindo de um edifício de cinquenta andares, esta já não seria uma hipótese razoável. Um economista, para estudar o comércio internacional, por exemplo, supõe que o mundo é constituído de dois países que produzem dois bens. O mundo real é forma- do por diversos países e cada um deles produz milhares de bens. A hipótese permite a concentração do pensamento. Uma vez compreendido o comércio internacional num mundo imaginário, o economista estará em melhor posição para entender o mundo real. A arte do pensamento científico quer seja na física ou na economia, está em decidir quais as hipóteses formular. 1.1.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PENSAMENTO ECONÔMICO A Economia se apresenta sob uma evolução que acompanha a história da huma- nidade, empreendendo uma apresentação de aspectos relevantes, proporcionando assim o que chamamos de Evolução Histórica do Pensamento Econômico. Essa evolução se apresenta nas seguintes fases: • Antiguidade Clássica (1ª. Fase); • Antiguidade Clássica (2ª. Fase); • Idade Média (500 a 1500 d.C.); • Mercantilismo (do Século XVI a XVIII); • Revolução Filosófica e Industrial (1750 a 1850). Devemos considerar também, as Escolas Hedonistas – Psicológicas e Matemática ou de Lousanne; e a Corrente do Pensamento Econômico Moderno – Keynesianismo); 17 ECONOMIA SUMÁRIO 1.1.2.1 ANTIGUIDADE CLÁSSICA (1ª. FASE) Podemos entendê-la sob os seguintes pontos importantes: • Período: do ano 4000 ao ano 1000 a.C. • Verificamos nesse período, os chamados “Tempos Bíblicos”, com os ensinamen- tos e procedimentos relatados no Antigo Testamento (do ano 2500 ao ano 100 a.C.) e no Novo Testamento. • Características: Atividades de subsistência e autoconsumo. • Nota-se o aparecimento de conceitos de: propriedade, herança, salário, tributos, moeda e práticas comerciais. • Propriedade: Os homens deixam de ser nômades, dedicando-se às atividades agropecuárias. • Herança: Primazia do primogênito na distribuição. A seguir, irmãos, irmãs, ir- mãos dos pais, filhos, filhas e demais parentes. • Salário: Exemplos, como o do pagamento de Labão a Jacó (Gn. 29:15-20 e 30:32). • Tributos: Corvéia (obrigação de trabalho, instituído pelo Rei Salomão), Dízimo (em espécie), Captação (para o sustento do templo). • Moeda: usavam-se as trocas; posteriormente, quantidades de ouro e prata; além de moedas estrangeiras até 141 a.C. • Práticas comerciais: Mais voltadas à agricultura, prática de descanso do solo no 7º. ano. 18 ECONOMIA SUMÁRIO 1.1.2.2 ANTIGUIDADE CLÁSSICA (2ª. FASE) Podemos entendê-la sob os seguintes pontos importantes: • Período: do ano 1000 a.C. ao ano 476 d.C. • Este período trouxe importantes contribuições no estudo de ideias sobre rique- za, valor econômico e moeda. Vemos pela primeira vez as expressões: econo- mia, econômico, valor e utilidade. • Personagens importantes: Xenofonte, Platão e Aristóteles (gregos), além dos romanos. • Xenofonte: Com sua obra “Os Econômicos” fala sobre a utilidade e as riquezas econômicas, a agricultura e sua importância. A riqueza estava intimamente li- gada às necessidades humanas. É o primeiro a utilizar as expressões economia e econômico. • Platão: Com sua obra “A República” e seus escritos sobre produção e riqueza e seus limites. • Aristóteles: Analisou a sociedade privada, foi o primeiro a formular uma teoria sobre o dinheiro, trocas e valor, além das funções da moeda. • De Roma: procedimentos jurídicos foram sua mais importante contribuição. Podemos dizer que, fatos negativos de sua história foram a mola propulsora de seu desenvolvimento. Trazendo, com sua queda, o aparecimento do Cristianis- mo, após decreto do imperador Constantino, no ano 311. 19 ECONOMIA SUMÁRIO 1.1.2.3 IDADE MÉDIA (500 A 1500) Tem início em 476, com a queda do Império Romano do Ocidente (também conhe- cida como era Medieval ou Feudalismo). Fatos Marcantes: • Aumento do poder da Igreja, aumento do caos social, e, desenvolvimento deter- minado pelo retorno às atividades rurais. • Moedas e preços substituem as trocas diretas, consolidando o sistema salarial e servindo de começo para o capitalismo. • A terra torna-se riqueza, transformando os proprietários num poder paralelo aos dos soberanos. • Grande ebulição, do ano 500 ao ano 1000 (migrações, guerras, fusões de povos e culturas). • Com o aumento das necessidades econômicas e políticas, começam a ser cria- dos os países da Europa Ocidental. • O Cristianismo se impõe, opondo-se aos pensamentos gregos e romanos (favo- ráveis à escravidão e contrário à dignidade do trabalho). • A Igreja passou a exercer uma influência civilizadora, disseminando as artes, o saber e exaltando as virtudes. 20 ECONOMIA SUMÁRIO • Devido às dificuldades de transporte, se exercitava uma economia de autossu- ficiência, não havendo uma preocupação com a riqueza, pois a moral religiosa do Cristianismo continha os excessos de bens e ostentação. • As Cruzadas são organizadas para levar os costumes e o pensamento cristão europeu aos muçulmanos do norte da África. 1.1.2.4 MERCANTILISMO (SÉCULOS XVI A XVIII) Fase da Renascença, onde o capitalismo começa a se configurar nas formas comer- cial e financeira. - Caracteriza-se como um regime de nacionalismo econômico, fazendo da acu- mulação de riquezas o principal fim do Estado; com isso, os Estados evoluíram, trazendo modernização e novas concepções sobre a economia e a riqueza. Consequências importantes: Modernização da agricultura; Surgimento da figura do empresário, ou do grande mercador, para determinar os processos produtivos; Aumento do capital comercial peloincremen- to do comércio internacional; Comércio passa a ser o centro da vida econômica e a riqueza da vida social. - Vem da palavra mercator porque considerava o comércio como base funda- mental para aumento das riquezas. - Apresenta uma preocupação com a apresentação de uma Balança Comercial sempre favorável (daí os governos buscarem um grande acúmulo de ouro e prata), o que fortalecia o Estado (podemos entender como sendo uma forma inicial da prática de protecionismo). - Se desenvolveu inicialmente na Espanha, Inglaterra e França, com impactos que duram até os dias atuais. Podem ser entendidos assim: 21 ECONOMIA SUMÁRIO 1.1.2.5 MERCANTILISMO ESPANHOL - Crescimento interno pela não exportação do ouro e prata, com uma preocupa- ção em acumular esses metais em ligotes (Bulionismo); - Exploração das colônias, visando principalmente extrair o máximo de metais preciosos desses locais para envio à coroa. 1.1.2.6 MERCANTILISMO INGLÊS - Incentivo às exportações de seus produtos; - Importações por meio de contratos, que obrigavam os países que vendiam, a comprar produtos ingleses (forma de protecionismo). 1.1.2.7 MERCANTILISMO FRANCÊS - Semelhante ao inglês, mas incentivava quase que exclusivamente o crescimen- to industrial (tapetes Gobelin e porcelana de Sèvres); - O Brasil, na época, era obrigado a comercializar com os outros países através da coroa portuguesa, situação que foi mudada, com a vinda da família real portuguesa (fugindo dos ataques de Napoleão Bonaparte, que naquele mo- mento conquistava os países da Europa), o que então promoveu instalações de indústrias, e o comércio passou a ser feito de forma direta, sem a interferência de Portugal. 22 ECONOMIA SUMÁRIO 1.1.2.8 REVOLUÇÃO FILOSÓFICA E INDUSTRIAL (1750 A 1850) Característica marcante: Transformação radical nas ideias, onde, no início, se buscava a liberdade total. À partir daí, vemos as seguintes características: • Melhor aproveitamento das forças naturais; • Inovações mecânicas (como importante característica da Revolução Industrial); • Capitalismo industrial; • Liberdade econômica; • Direito absoluto de propriedade; • Racionalismo filosófico e econômico. 23 ECONOMIA SUMÁRIO Com essas características, as escolas filosóficas passaram então a ter as seguintes configurações: ESCOLA Fisiocrata Clássica Pessimista Socialista PRINCIPAIS IDEIAS O Estado não deve interferir na prática econômica, pois a economia deve funcionar livremente, tal como a natureza. Para essa corrente de pensamento a lei da natureza é suprema e qualquer intervenção do Estado nos assuntos econômicos é prejudicial. Acredita que o Estado não deve interferir nos assuntos econômicos, deixando o mercado atuar livremente conforme as forças de oferta e demanda. Para essa teoria o Estado deve interferir nos assuntos econômicos apenas quando o mercado não existir, ou quando não existir livre concorrência. Para Escola Clássica é de fundamental importância que exista a livre concorrência, pois ela é capaz de garantir a alocação de recursos mais eficientes para a produção. Representa o realismo, como uma reação aos pensamentos e às leis da Escolas Fisiocrata e Clássica, de que as leis econômicas, embora naturais, não traziam benefícios às populações, porque deixava um largo campo desassistido. Substituição de liberdades (individual, da propriedade individual e contratual) por uma ordem, baseada num primado social em que, a propriedade e o controle dos meios de produção, devem estar em poder do Estado; essa visão se constitui uma reação contra os abusos do liberalismo; na luta contra a dissociação entre trabalho e capital, os socialistas pretendiam uma ordem social mais justa, com igual repartição das riquezas e das oportunidades entre todos os participantes da produção, notadamente para os trabalhadores, já despojados de seus instrumentos produtivos. “O Capital”, de Marx é a mais importante obra produzida. 24 ECONOMIA SUMÁRIO 1.1.2.9 REVOLUÇÃO/TEORIA NEOCLÁSSICA IDEIA CENTRAL: A economia deveria partir da análise das necessidades humanas e das leis que determinam a utilização dos recursos disponíveis, para satisfazê-las. A Teoria Neoclássica teve início por volta de 1870 e se desenvolve até as primeiras décadas do século XX. Essa teoria compreende a maioria dos paradigmas clássicos e aprimora outros. Em relação a papel do Estado na regulação dos mercados as duas teorias afirmam que é importante a não intervenção do Estado na economia (exceto em casos especiais), a fim de se alcançar eficiência econômica. No entanto a Teoria Neoclássica nega a Teria do valor de David Ricardo, que afirma que o valor de troca das mercadorias é determinado pela quantidade de trabalho ne- cessário à sua produção. Para a Teoria Neoclássica o valor do produto é algo totalmen- te subjetivo e relaciona-se com a utilidade que o produto tem para casa indivíduo. A Teoria neoclássica se desdobra em várias correntes (grupos) de pensamentos. Den- tre alguns autores importantes podemos citar: Carl Menger, William Stanley Jevons, Léon Walras, Alfred Marshall, Knut Wicksell, o Vilfredo Pareto e Irving Fisher. 1.1.3 REVOLUÇÃO KEYNESIANA E GRANDE DEPRESSÃO DE 1929. IDEIA CENTRAL: “A vitória de Keynes sobre os clássicos, traduz o triunfo do interven- cionismo moderado sobre o liberalismo radical. A política econômica do Estado deve complementar e não substituir por completo a iniciativa privada”. John Maynard Keynes, defensor da economia neoclássica até a década de 1930, ana- lisou a Grande Depressão em sua obra The General Theory of Employment, Interest and Money (1936; Teoria geral do emprego, do juro e da moeda), em que formulou as bases da teoria que, mais tarde, seria chamada de keynesiana ou keynesianismo.) Keynes defendeu o papel regulatório do Estado na economia, através de medidas de política monetária e fiscal, para mitigar os efeitos adversos dos ciclos econômicos - recessão, depressão e booms econômicos. Keynes é considerado um dos pais da moderna teoria macroeconômica. 25 ECONOMIA SUMÁRIO Discordou da lei de Say (que Keynes resumiu como: "a oferta cria sua própria demanda". A escola keynesiana se fundamenta no princípio de que o ciclo econômico não é autorregulador como pensavam os neoclássicos, uma vez que é determinado pelo "espírito animal" dos empresários. É por esse motivo, e pela ineficiência do sistema capitalista em empregar todos que querem trabalhar que Keynes defende a inter- venção do Estado na economia. O objetivo de Keynes, ao defender a intervenção do Estado na economia não é, de modo algum, destruir o sistema capitalista de produção. Muito pelo contrário, segun- do o autor, o capitalismo é o sistema mais eficiente que a humanidade já conheceu (incluindo aí o socialismo). O objetivo é o aperfeiçoamento do sistema, de modo que se una o altruísmo social (através do Estado) com os instintos do ganho individual (através da livre iniciativa privada). Segundo o autor, a intervenção estatal na econo- mia é necessária porque essa união não ocorre por vias naturais, graças a problemas do livre mercado. 1.1.3.1 REVOLUÇÃO/TEORIA NEOLIBERAL: IDEIA CENTRAL: Na política, neoliberalismo é um conjunto de ideias políticas e eco- nômicas capitalistas que defende a não participação do estado na economia, onde deve haver total liberdade de comércio, para garantir o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país. A realidade do final do século XIX, marcada entre outras, pela concentração de uma industrial crescente e atuação de sindicatos, impediam a existência de uma ordem natural. A economia deveria partir da análise das necessidades humanas e das leis que deter- minam a utilização dos recursos disponíveis, para satisfazê-las. Se, para os Clássicos, o valor era expressão do trabalho, para os marginalistas, o valor das coisas era atribuído de acordo com a sua utilidade, subjetivamente. - Novas concepções sobre a produção, escassez, formação dos custos edos preços; - Ao Estado era atribuído o papel de orientador e disciplinador da atividade econômica; - Acreditava-se na eficiência econômica baseada na livre iniciativa. 26 ECONOMIA SUMÁRIO 1.1.4 MODELOS ECONÔMICOS Os professores de biologia normalmente ensinam anatomia plástica usando réplicas plásticas do corpo humano. Esses modelos têm todos os órgãos principais e permi- tem ao professor mostrar aos alunos, de uma maneira simples, como se encaixam as partes importantes do corpo. Os economistas também usam modelos para apreender o funcionamento do mun- do. Esses modelos ao invés de serem de plásticos são compostos de diagramas e equações matemáticas. Como os modelos de anatomia, os modelos econômicos também omitem muitos detalhes para permitir que se visualize o que é realmente importante. Esses modelos são construídos encima das hipóteses que simplificam a realidade para melhorar sua compreensão. 1.1.4.1 PRIMEIRO MODELO: DIAGRAMA DE FLUXO CIRCULAR DA RENDA SIMPLIFICADO A economia é constituída de milhões de pessoas envolvidas em muitas atividades compra, venda, trabalho locação, produção etc. O modelo de fluxo circular de renda simplifica tais atividades e explica em termos gerais como a economia se organiza. Hipóteses do modelo: - Esta economia é fechada (não há comunicação com o resto do mundo) e sem governo; Existem nesta economia dois tipos de tomadores de decisões: famílias e empresas; - As empresas produzem bens e serviços usando vários insumos, tais como tra- balho, terra e capital (prédios e máquinas), esses insumos são chamados de fatores de produção; - As famílias são as proprietárias de fatores de produção e consomem todos os bens e serviços produzidos pelas empresas; 27 ECONOMIA SUMÁRIO Famílias e empresas interagem em dois tipos de mercado: - No mercado de bens e serviços, as famílias são compradoras e as empresas vendedoras. - No mercado de fatores de produção, as famílias são vendedoras e as empresas compradoras. O diagrama de fluxo circular da renda oferece uma forma simples de organizar todas as transações econômicas que ocorrem entorno das famílias e empresas. EMPRESAS VENDEM BENS E SERVIÇOS COMPRAM FATORES DE PRODUÇÃO FAMÍLIAS COMPRAM BENS E SERVIÇOS MERCADO DE BENS E SERVIÇOS MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO Receita Salários, aluguéis, juros e dividendos Bens e Serviços Insumos Bens e Serviços Terra, Trabalho Capital Despesa Renda No circuito interno do diagrama, as empresas usam os fatores de produção para pro- duzir bens e serviços que por sua vez são vendidos às famílias no mercado de bens e serviços. Portanto os fatores de produção fluem das famílias para as empresas e os bens e serviços fluem das empresas para as famílias. O circuito externo mostra o círculo de reais. As famílias gastam reais para comprar bens e serviços oferecidos pelas empresas. As empresas usam parte da receita de suas vendas para pagar os fatores de produção, como por exemplo, os salários dos funcio- nários. O que sobra é lucro dos donos das empresas, que por sua vez são membros das famílias. Portanto, a despesa com bens e serviços flui das famílias para as empresas e a renda, em forma de salários, aluguel e de lucros flui das empresas para as famílias. 28 ECONOMIA SUMÁRIO Em um fluxo circular de renda, assumindo uma economia de mercado de forma completa, é necessário incluir os seguintes agentes econômicos: famílias, empresas, governo (setor público), e setor externo. Todos esses agentes relacionam entre si ofe- recendo bens, serviços, e/ou fatores de produção, compondo assim o fluxo real da economia. A relação entre os agentes econômicos se torna possível devido a existên- cia da moeda (fluxo monetário), que realiza o pagamento dos itens comercializados no fluxo real. 1.1.4.2 SEGUNDO MODELO: FRONTEIRA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO (FPP) A Fronteira de Possibilidades de Produção também e conhecida como Curva de Pos- sibilidades de Produção (CPP), e como Curva de Transformação. Hipóteses do modelo: - Uma economia produz somente dois bens; - Essas indústrias utilizam em conjunto todos os recursos desta economia; - Existe uma tecnologia dada (uma para cada produto) que transforma esses in- sumos nesses bens. A fronteira de possibilidade de produção é um gráfico que mostra as várias combi- nações de produto, neste caso computadores e automóveis, que a economia pode produzir potencialmente, dados os fatores de produção e a tecnologia disponível para as empresas que transformam estes insumos em bens. Quantidade produzida de computadores 3.000 2.200 2.000 1.000 Quantidade produzida de automóveis Fronteira de possibilidades de produção 0 300 600 700 1000 B C A D 29 ECONOMIA SUMÁRIO Podemos observar que nesta economia, se todos os recursos forem utilizados pela indústria automobilística são fabricados 1000 carros e nenhum computador. Isto sig- nifica que o custo oportunidade de você fabricar 1000 carros são 3000 computado- res. A Fronteira de Possibilidade de Produção possui o formato côncavo, e qualquer ponto em cima da linha apresenta uma situação de pleno emprego. Na figura acima podemos concluir que o ponto A e o ponto C encontram-se em uma situação de pleno emprego, utilizando ao máximo todos os recursos disponíveis. No ponto C, a economia divide totalmente seus recursos, fabricando 2200 compu- tadores e 600 carros. Para passar do ponto C para o ponto A isto é, para aumentar a produção de carros em 100 unidades, é necessário abrir mão de fabricar 200 compu- tadores. Este fato é inerente à questão central da economia que é lidar com escassez. Esta economia deve decidir como alocará seus recursos (sempre escassos no sentido de limitados) cada unidade de recurso que ela decidir alocar para computadores é menos uma unidade de recurso disponível para automóveis. No ponto B está economia não está utilizando todos os seus recursos. Isso indica uma situação de capacidade de produção ociosa, ou seja, os fatores produtivos não estão sendo utilizados ao máximo. De tal modo, não está sendo produzido o má- ximo de bens possíveis nessa sociedade, ou seja, há uma situação de desemprego. Quanto mais próximo o ponto está da curva de possibilidade de produção, mais pró- ximo de uma situação de pleno emprego a economia se encontra. Qualquer outro ponto acima da Fronteira de Possibilidade de Produção é conhecido como ponto intangível ou ponto de ineficiência. A FPP apresenta o máximo de produção possível, não havendo possibilidade com os recursos disponíveis de produzir além. Ou seja, o ponto D ultrapassa a situação de pleno emprego, sendo impossível de ser alcançado. A linha da fronteira de possibilidade de produção representa a plena utilização dos recursos desta economia, dado o nível tecnológico que ela possui. Para se deslocar sobre a linha, a economia sempre enfrentará um “trade off” (terá que abrir mão de produzir algumas unidades de um produto para ampliar a produção do outro). A estratégia de crescimento de longo prazo visará a expansão da fronteira de possibi- lidade de produção. 30 ECONOMIA SUMÁRIO 1.1.4.3 SETORES DA ECONOMIA O produto do trabalho ou a riqueza gerada nos modelos econômicos estudados aci- ma não é totalmente aplicado no consumo. Uma das características fundamentais da evolução do sistema econômico é a crescente distância que separa a produção do consumo. Na antiguidade o produto e o consumo eram bem próximos. Hoje há uma distância enorme entre o início da produção e o consumo de bens e serviços. As atividades produtivas da sociedade contemporânea são articuladas em inúmeras unidades produtivas que processam os fatores de produção. A organização e distri- buição dos fatores de produção é dirigida pelos organizadores de produção. O conjunto do sistema e suas unidades produtivas estão divididas em três grandes setores: • Setor Primário: engloba as atividades próximas aos recursos naturais; • Setor Secundário: é constituídopelas atividades industriais; • Setor Terciário: é integrado pelos serviços em geral. As unidades produtivas buscam satisfazer as necessidades dos consumidores atra- vés dos seguintes bens: • Bens de consumo: destinam-se a satisfazer as necessidades dos consumidores; • Bens de capital: destinam-se a multiplicar a eficiência do trabalho; • Bens intermediários: São bens que sofrem transformações antes de se transfor- marem em bens finais. 1.1.4.4 ORGANIZAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA As formas alternativas de organização da atividade econômica fundamentam-se em dois pontos físicos: a concepção da propriedade e as formas de mobilização dos fa- tores de produção. As economias liberais de mercado já confiam à iniciativa privada a maior parte da mobilização dos recursos e tem no mercado o seu eixo básico de regulação. Nas economias centralmente planificadas ao governo é proprietário dos meios de produção e centraliza as decisões sobre alocação dos recursos e a produção. 31 ECONOMIA SUMÁRIO 1.1.4.5 CARACTERÍSTICAS DAS ECONOMIAS LIBERAIS DE MERCADO Automatismo das forças de mercado: segundo essa corrente econômica a economia desenvolve-se melhor de acordo com a liberdade econômica de produtores e con- sumidores. - Como consumidores: os cidadãos têm liberdade para adquirir os bens e servi- ços que mais lhe ajudam; - Como produtores, os empresários têm liberdade de produzir aquilo que me- lhor satisfaça as necessidades dos consumidores, desde que lhe traga uma re- compensa econômica. Os mecanismos reguladores do mercado: - O ponto de equilíbrio entre produtores e consumidores é regulado pelo mercado. Se há produção maior que as necessidades dos consumidores deverá haver baixa de preço. - Se há produção menor que as necessidades dos consumidores deverá haver alta de preços. - A concorrência: A disputa entre os vários agentes econômicos pelo mercado impede que os empresários conspirem contra a ordem social e a força a colocar no mercado produtos melhores e mais baratos. - No processo de concorrência, alguns produtores prosperam e outros vão à ruína. Nas economias mistas já se confirma a gestão empresarial com a regulação estatal na mobilização dos recursos e na produção. 32 ECONOMIA SUMÁRIO Fundamentados nesses princípios, os liberais propõem as seguintes práticas na ordem econômica: • Governo mínimo e mínima interferência do Estado na economia; • Livre iniciativa empresarial. Para o Estado, deverá haver apenas três funções básicas: • Proteger o país de agressão e invasão; • Explicar e manter certas obras públicas de interesse geral; • Zelar pela observação dos contratos privados. 1.1.4.6 AS ECONOMIAS CENTRALMENTE PLANIFICADAS Características fundamentais: • Os estados controlam os meios de produção, as diretrizes estratégicas da eco- nomia e a política geral do estado; • As fábricas, os barcos, o comércio e as terras são de propriedade estatal. O planejamento como estratégia de direção da economia. Com o plano, o estado procura desenvolver a melhor racionalidade com a locação de recursos, planeja-se melhor investimento e distribui-se melhor a venda. O estado centraliza o poder político e a direção geral da economia. Estabelece diretriz estratégica para a economia. O plano substitui o mercado. Problemas e imperfeições: • Burocratização excessiva imposta pela centralização; • Pouca sensibilidade a demanda global; • Perda da eficiência produtiva. 33 ECONOMIA SUMÁRIO 1.1.4.7 ECONOMIAS SOCIAIS DE MERCADO (MISTAS) Combinam o mercado, a propriedade privada com a relação do Estado. • Nas economias mistas prevalecem as forças de mercado, porém tem-se uma grande interferência do Estado. ANOTAÇÕES 34 ECONOMIA SUMÁRIO UNIDADE 2 > Compreender aspectos microeconômicos tais como: Equilíbrio de Mercado, Teoria da Produção, Teoria dos Custos Econômicos, e Teoria dos rendimentos; bem como aplicar esses conceitos no contexto empresarial. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos: 35 ECONOMIA SUMÁRIO 2 OFERTA, DEMANDA E EQUILÍBRIO DE MERCADO 2.1 MICROECONOMIA 2.1.1 INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA É o ramo da Ciência Econômica voltada ao estudo do comportamento das unidades de consumo representadas pelos indivíduos e/ou famílias, do estudo das empresas, suas respectivas produções e custos e ao estudo da geração de preços dos diversos bens, serviços e fatores produtivos. Trata-se de uma análise parcial e estática do mer- cado. Analisa como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o melhor preço e a quantidade de um determinado bem ou serviço em mercados específicos, portanto o funcionamento da oferta e demanda na formação de preços. 2.1.1.1 TEORIA ELEMENTAR DA DEMANDA A Teoria da Demanda é derivada da hipótese sobre a escolha do consumidor entre diversos bens que seu orçamento permite adquirir. Essa procura individual seria de- terminada pelo preço do bem, pelo preço de outros bens, pela renda do consumidor e por seu gosto ou preferência. 2.1.1.1.1 CONCEITO Demanda: é a quantidade de um determinado bem que os consumidores estão aptos e dispostos a adquirir, em determinado período de tempo, aos diversos preços alternativos. 36 ECONOMIA SUMÁRIO 2.1.1.1.2 LEI GERAL DA DEMANDA A quantidade demandada de um determinado bem é inversamente proporcional ao seu preço, tudo o mais permanecendo constante (coeteris paribus). O que quer dizer que: quanto mais se elevam os preços de um produto qualquer menores serão as quantidades desejadas a serem adquiridas e vice-versa (Preço Alto – Demanda Baixa) Representação da relação quantidade demanda/preço: 1) Escala de demanda ALTERNATIVA DE PREÇO ($) 10,00 20,00 30,00 QUANTIDADE DEMANDADA 200 100 50 2) Curva de Demanda Gráfico 1: Curva de Demanda Curva de Demanda Quantidade Demandada 35 30 25 20 15 10 5 0 0 50 100 150 200 250 Pr eç o 37 ECONOMIA SUMÁRIO 2.1.1.2 FUNÇÃO DA DEMANDA QD = F (P) Qd = quantidade demandada de um determinado bem ou serviço, num dado período de tempo. P = preço do bem ou serviço. A expressão significa que a quantidade demandada, Qd, é uma função f do preço P, isto é, depende do preço P.U. A curva de demanda é negativamente inclinada devido a relação inversa entre pre- ço e quantidade demanda, que resultam em dois efeitos: efeito substituição e efeito renda. Efeito substituição: quando há o preço de um determinado bem ou serviço e existe no mercado um outro produto ou serviço similar há o consumidor substitui aquele que teve o preço aumentado (diminuição da quantidade demanda), passando a consumir o produto similar que teve o preço mantido. Efeito renda: quando o preço de um bem aumenta e a renda do consumidor per- manece a mesma, a demanda pelo produto diminui porque o poder de compra (renda real) do consumidor diminui. De forma análoga, uma diminuição do preço do produto causa um aumento na renda real do consumidor. Fatores ou aspectos determinantes da demanda • Tipos de bens X Preço do bem; • Preço dos outros bens (substitutos e complementares); • Renda do consumidor; • Gosto ou preferência do indivíduo. 38 ECONOMIA SUMÁRIO 2.1.1.3 TIPOS DE BENS X PREÇO DO BEM Preço do Bem: quando o preço do bem “x” aumenta, a quantidade demandada des- te mesmo bem diminui (Lei Geral da Demanda). a) Bem normal: é aquele cuja quantidade demandada aumenta quando aumenta- -se a renda. Exemplo: carne de primeira. b) Bem de luxo: ao se aumentar a renda, a quantidade demandada aumenta em maior proporção. c) Bem de primeira necessidade: ao se aumentar a renda, a quantidade demandada se mantém inalterada pois, ao se tratar de algo de primeira necessidade já fazia parte das antigas aquisições do indivíduo. Exemplo: sal. d) Bem inferior: são aqueles cuja quantidade demandada diminui quando a renda aumenta. Geralmente são bens para os quais há alternativas de melhor qualidade. Exemplo: carne de segunda. e) Bens substitutos: São aqueles bens queatendem a necessidade do consumidor no mesmo nível de satisfação. Ex.: bem “x” e “y”; manteiga e margarina; calça jeans e calça de sarja; entre outros. Assim, quando aumenta o preço do bem “y”, ocorre um aumento na quantidade procurada de bem “x” e vice-versa. Lembre-se que aumenta o preço de um dos bens e o preço do outro permanece constante. f) Bens Complementares: São aqueles bens que dependem um do outro para satis- fazer a necessidade do consumidor, são demandados em conjunto, necessariamen- te. Ex.: bem “x” e bem “y”; arroz e feijão; jeans e camiseta; tênis e meia; entre outros. Assim, aumenta o preço do bem “y” e a quantidade procurada do bem “x” diminui e vice-versa. Lembre-se que aumenta o preço de um dos bens e o preço do outro permanece constante. g) Bens Independentes: aumenta o preço do bem “y” e a quantidade procurada do bem “x” não se altera e vice-versa. Renda do Consumidor: Em geral quando a renda do consumidor aumenta a de- manda de um bem ou serviço também aumenta. Esta regra serve apenas para bens normais ou superiores. 39 ECONOMIA SUMÁRIO Gosto ou preferência do indivíduo: A propaganda e a publicidade têm como objeti- vo aumentar a demanda de bens e serviços influenciando as preferências dos consu- midores, causando assim um deslocamento da curva de demanda para a direita ou para a esquerda de acordo com a mudança no gosto ou preferência do consumidor. Seguindo-se esse conceito, as mercadorias podem ser classificadas em bens de de- manda elástica ou inelástica. Os bens de demanda inelástica são os de primeira necessidade, indispensáveis à subsistência do consumidor. Os bens de demanda elástica são aqueles que não são indispensáveis à subsistência do consumidor. Assim são, geralmente, os bens de luxo. Alguns fatores que influenciam a elasticidade da demanda seriam a existência de substitutos ao bem, a variedade de usos desse bem, o seu preço em relação ao uso global dos consumidores e o preço do bem em relação à renda dos consumidores. Para um vendedor faz realmente muita diferença o fato de ser elástica ou não, a de- manda com a qual ele se defronta. Se a demanda for elástica e ele reduzir o preço, obterá mais receita. Por outro lado, se a demanda for inelástica e ele reduzir o preço, obterá menos receita. 2.1.1.4 DISTINÇÃO ENTRE DEMANDA E QUANTIDADE DEMANDADA Demanda: toda a escala ou curva que relaciona os possíveis preços a determinadas quantidades demandadas de um bem ou serviço. A demanda de um bem é altera- da, provocando um deslocamento da reta de demanda para a direita (aumento de demanda) ou para a esquerda (redução da demanda), quando uma das variáveis coeteris paribus (preço do produto substituto ou complementar, renda ou gosto e preferência do consumidor) sofre alteração. Porém, o preço do bem em estudo permanece constante. Este deslocamento é explicado pelo efeito substituição. Alte- ração na demanda. Quantidade demandada: é um ponto específico na curva relacionando um preço a uma quantidade demandada de um bem ou serviço. Sofre alterações somente quando é modificado o preço do produto que está sendo estudado. A Demanda é uma relação que demonstra a quantidade de um bem ou serviço que os comprado- res estariam dispostos a adquirir, a diferentes preços de mercado. Assim, a Função 40 ECONOMIA SUMÁRIO Procura representa a relação entre o preço de um bem e a quantidade procurada, mantendo-se todos os outros fatores constantes. Quase todas as mercadorias obedecem à lei da procura decrescente, segundo a qual a quantidade procurada diminui quando o preço aumenta. Isto se deve ao fato de os indivíduos estarem, geralmente, mais dispostos a comprar quando os preços estão mais baixos. Relação de demanda para maçãs: CONSUMIDOR A B C D PREÇO (R$ POR UNIDADE) QUANTIDADE DEMANDADA (MILHÕES/SEMANA) 10,00 50 8,00 100 6,00 4,00 200 400 Podemos representar a tabela acima graficamente, facilitando a compreensão. Fon Gráfico 2: Curva de Demanda Curva de Demanda Quantidade Demandada 12 10 8 6 4 2 0 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 Pr eç o 41 ECONOMIA SUMÁRIO O deslocamento para a esquerda apresenta uma retração da curva de demanda ocasio- nada, por exemplo, por uma mudança de gosto, como algo que saiu da moda. Nesse caso, temos uma diminuição da demanda (curva de demanda). O deslocamento para a direita apresenta uma expansão da curva de demanda ocasionada, por exemplo, por um aumento na renda. Enquanto a relação da demanda descreve o comportamento dos compradores, a relação da oferta des- creve o comportamento dos vendedores, evidenciando o quanto estariam dispostos a vender, a um determinado preço. Os ven- dedores possuem uma atitude diferente dos compradores, frente aos preços altos. Se estes desalentam os consumidores, estimulam os vendedores a produzirem e venderem mais. Portanto, quanto maior o preço maior a quantidade ofertada. A Função Oferta nos dá a relação entre a quantidade de um bem que os produtores desejam vender e o preço desse bem, mantendo-se o restante constante. Relação de oferta de maçãs: A curva de demanda, em seu modelo simplificado, pode ser representada grafica- mente por meio de retas. Já discutimos que quando a curva de demanda se desloca em virtude variações, que não o preço do bem, temos uma mudança na demanda (e não na quantidade demandada) conforme o gráfico abaixo. FORNECEDOR A B C D PREÇO (R$ POR UNIDADE) QUANTIDADE DEMANDADA (MILHÕES/SEMANA) 10,00 260 8,00 240 6,00 4,00 200 150 Gráfico 3: Deslocamentos da Curva de Demanda Deslocamentos da Curva de Demanda Quantidade Demandada Pr eç o R $ 42 ECONOMIA SUMÁRIO Podemos representar a tabela graficamente, facilitando a compreensão. Gráfico 4: Curva de Oferta Curva de Oferta Quantidade Ofertada 12 10 8 6 4 2 0 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 Pr eç o É possível perceber que as quantidades ofertadas aumentam à medida que os pre- ços aumentam. São diretas as relações preço - quantidade. Assim como a curva de demanda pode sofrer uma expansão ou uma retração, a curva de oferta também pode sofrer uma expansão ou uma retração. Uma expansão da curva de oferta faz com que ela se desloque para a direita. Um exemplo de expansão da curva de oferta é o surgimento de uma nova tecnologia que permite maior produção. Uma retração da curva de oferta faz com que ela se desloque para esquerda. Um exemplo de retração da curva de oferta é a instabilidade climática provocando muita chuva e destruindo parte da produção. O equilíbrio da oferta e da procura (deman- da) num mercado concorrencial é atingido com um preço que faz igualar as forças da oferta e procura (demanda). O preço de equilíbrio é aquele com o qual a quanti- dade procurada é precisamente igual à quantidade oferecida. Observando o gráfico abaixo podemos concluir que o preço de equilíbrio é R$6, e, portanto, quantidade de equilíbrio é de 200 milhões por semana. 43 ECONOMIA SUMÁRIO O ponto de encontro entre a curva de oferta e a curva de demanda chamamos de equilíbrio de mercado. Nesse ponto o preço de demanda e de oferta, bem como a quantidade demandada e a quantidade ofertada se igualam. Como se disse, a quan- tidade de um produto que os compradores desejam adquirir depende do preço. Porém a quantidade que as pessoas desejam comprar depende também de outros fatores. Relação entre as quantidades demandadas e o preço dos bens: levando-se em conta apenas o preço do bem, observa-se que a demanda aumenta quando ocorre uma diminuição no preço; quando ela diminui isso é um resultado de um aumento do preço. Relação entre a procura de um bem e o preço de outros bens: Gráfico 5: Equilíbrio de Mercado Equilíbrio de Mercado Quantidade Ofertada e Quantidade Demandada 12 10 8 6 4 2 0 0 50 100 150 200 250 300350 400 450 Pr eç o Aumento no preço do bem Y acarreta em aumento na demanda do bem X: isso significa que os bens X e Y são sub- stitutos ou concorrentes. Um exemplo é a relação entre o chá e o café. Aumento no preço do bem Y ocasiona a queda da demanda do bem X: os bens em questão, nesse caso, são complementares. São bens consum- idos conjuntamente, como o café e o açúcar. Até agora se viu como os deslocamentos da demanda e oferta afetam os preços. O conceito de elasticidade - preço nos permite uma maior compreensão do sistema de preços e das reações observadas no mercado. A elasticidade é a relação entre as 44 ECONOMIA SUMÁRIO diferentes quantidades de oferta e procura de certas mercadorias em função das alterações verificadas em seus respectivos preços. 2.1.2 A TEORIA DA FIRMA / TEORIA DA PRODUÇÃO A Teoria da Firma (TF) procura explicar o comportamento da firma quando esta de- senvolve atividade produtiva. Importância da Teoria da Firma: • Serve de base para a análise das relações existentes entre produção e custos de produção; • Serve de apoio para analisar a demanda da firma em relação aos insumos de que se utiliza (fatores de produção). Conceitos básicos: Firma ou empresa: unidade de produção que atua racionalmente, procurando ma- ximizar seus resultados relativos à produção e lucro; Fator de produção: bens ou serviços transformáveis em produção (mão de obra, ma- téria prima e equipamentos). Produção é o processo pelo qual uma firma transforma os fatores de produção adquiridos em produtos ou serviços para a venda no mercado. A firma compra fatores de produção (matérias primas e insumos), combina-os segundo um processo de produção escolhido, e vende o produto final no mercado. Empresa é uma unidade econômica que organiza e administra a produção de bens e serviços. 45 ECONOMIA SUMÁRIO A escolha do processo de produção depende de sua eficiência. A eficiência pode ser: - Eficiência técnica: Entre dois ou mais processos de produção, é aquele que permite produzir uma mesma quantidade de produto, utilizando menor quan- tidade física de fatores de produção. - Eficiência econômica: Entre dois ou mais processos de produção, é aquele que permite produzir uma mesma quantidade de produto, com menor custo de produção. Em economia o prazo não está ligado diretamente ao tempo cronológico, ou seja, operacionaliza no curto prazo e planeja o longo prazo. Análises: a) Curto Prazo: é o período de tempo na qual existe pelo menos um fator de pro- dução fixo (ex.: edifício industrial e maquinaria) e um fator variável (ex.: trabalho e matéria-prima). Conceitos: Fatores fixos: são aqueles cuja quantidade utilizada não varia com a realização do processo produtivo. Fatores variáveis: são aqueles cuja quantidade utilizada varia, de acordo com a rea- lização do processo produtivo. q = f (x1, x2) onde q = quantidade de produto x1 = fator variável x2 = fator fixo Produto Total (PT) = Quantidade total produzida utilizando-se uma quantidade de fatores de produção. Produtividade Média (PMe) = é a relação entre o nível de produto (PT) e a quantida- de do fator de produção variável(X), ou seja: PMe = PT / X. 46 ECONOMIA SUMÁRIO Produtividade marginal (PMg) = é a variação absoluta do produto (∆PT), dada uma variação absoluta na quantidade do fator de produção variável (∆X), ou seja, PMg = ∆PT / ∆X. O formato das curvas de PMg e PMe é devido a Lei dos Rendimentos Decrescentes. Lei dos Rendimentos Decrescentes: Aumentando-se a quantidade de um fator variá- vel, permanecendo a quantidade dos demais fatores fixos, a produção, inicialmente, crescerá a taxas crescentes; a seguir, depois de certa quantidade utilizada do fator variável, passará a crescer a taxas decrescentes; continuando o incremento da utiliza- ção do fator variável, a produção decrescerá até tornar-se negativa. Ex.: produção de arroz (Terra e Mão de Obra) variando a Mão de Obra TERRA (FATOR FIXO) 10 10 10 10 10 10 10 10 10 MÃO DE OBRA (FATOR VARIÁVEL) 1 5 2 6 3 7 4 8 9 PRODUTIVIDADE MÉDIA DO FATOR VARIÁVEL 6,0 7,6 7,0 7,0 8,0 6,2 8,0 5,4 4,6 PRODUÇÃO TOTAL DO FATOR VARIÁVEL 6 38 14 42 24 44 32 44 42 PRODUTIVIDADE MARGINAL DO FATOR VARIÁVEL 6 6 8 4 10 2 8 0 -2 47 ECONOMIA SUMÁRIO Isoquantas: é uma linha (curva) onde todos os pontos representam combinação de fatores de produção que indicam a mesma quantidade produzida. FATOR A 10 10 10 10 10 FATOR B 10 2 8 6 4 PRODUÇÃO TOTAL 100 100 100 100 100 Taxa Marginal de Substituição Técnica: revela qual o acréscimo de quantidade a ser utilizada de um dos fatores, para compensar a diminuição na quantidade de outro fator. Escala de produção: ritmo de variação da produção, respeitada certa proporção de combinação entre os fatores. b) Longo Prazo: Todos os fatores de produção variam. A longo prazo, interessa anali- sar as vantagens e desvantagens de a empresa aumentar sua dimensão (tamanho), o que implica demandar mais fatores de produção. Isto introduz os seguintes con- ceitos: - Rendimento de Escala: é o resultado final relativo a produtos finais obtidos por meio da variação da utilização dos fatores de produção. Pode ser classificado da seguinte forma: • Rendimento Crescente de Escala: é quando todos os fatores de produção cres- cem numa mesma proporção e a produção cresce numa proporção maior; • Rendimento Decrescente de Escala: é quando todos os fatores de produção crescem numa mesma proporção e a produção cresce numa proporção menor; • Rendimento Constantes de Escala: é quando todos os fatores de produção crescem numa mesma proporção e a produção cresce na mesma proporção. Equilíbrio da Firma, é a situação em que a firma maximiza sua produção, para determinado custo total. 48 ECONOMIA SUMÁRIO 2.1.3 TEORIA DOS CUSTOS ECONÔMICOS O objetivo básico de uma firma é a maximização de seus resultados para a realização e continuidade de sua atividade produtiva. Assim sendo, procurará sempre obter a máxima produção possível em face da utilização de certa combinação de fatores. A otimização dos resultados da firma poderá ser obtida quando for possível alcançar um dos dois objetivos seguintes: Maximizar a produção para um dado custo total. Minimizar o custo total para um dado nível de produção. Em qualquer uma das situações, a firma estará maximizando ou otimizando seus resultados. Conceitos: Custo Econômico = Custos Privados + Custos Externos, sendo: Custos Privados: são todos os custos necessários para se produzir uma mercadoria, ou seja, são os fatores internos que alteram os custos das empresas. Matéria-prima e trabalho. Custos Externos: são os custos que surgem por necessidade externa à produção, pe- las interferências exógenas e que devem ser pagas devido ao processo social. 49 ECONOMIA SUMÁRIO Custos Contábeis: Valores que a empresa desembolsa na aquisição dos fatores de produção (matérias-primas e insumos). Custo Econômico = Custos Contábeis (explícitos) + Custos de Oportunidade (implícitos). Fábrica de papel no reflorestamento e curtumes no tratamento dos resíduos. Capital em caixa na empresa e o custo de oportunidade é o que a empresa poderia estar ganhando, se estivesse aplicado no mercado financeiro; O custo de oportunidade de investimento na ampliação da empresa é o dinheiro que seria empregado no mercado financei- ro; Quando a empresa tem prédio próprio, deve imputar um custo de oportunidade, se tivesse que alugar o prédio. Matéria-prima e tratamento de resíduos. Custos de Oportunidade (alternativo): Valores que se perdem com os recursos em seu melhor uso alternativo. Por outro lado, custo de oportunidade de um fator de produção corresponde ao melhor ganho que se poderia obter empregando-se esse fator em outra atividade que não a produção da firma. Portanto, esses valores são estimados a partir do que poderia ser ganho, no melhor uso alternativo. 50 ECONOMIA SUMÁRIOExternalidades (economias externas): As externalidades podem ser definidas como as alterações de custos e benefícios para a sociedade derivadas da produção de em- presas, ou também como as alterações de custos e receitas da empresa devidas a fatores externos. Uma externalidade positiva, e quando uma unidade econômica cria benefícios para outras, sem receber pagamentos por isso. Por exemplo: uma empre- sa treina a mão de obra, que acaba, após o treinamento, transferindo-se para outra empresa; beleza do jardim do vizinho, que valoriza sua casa; uma nova estrada; os comerciantes de um mesmo ramo que se localizam na mesma região. Temos externalidades negativas (ou deseconomia externa), quando uma unidade econômica cria custos para outras, sem pagar por isso. Por exemplo, poluição e con- gestionamento causados por automóveis, caminhões e ônibus; uma indústria que polui um rio e impõe custos a atividades pesqueiras. a) Curto Prazo: é período de tempo em que existem custos fixos e custos variáveis. Conceitos: Custo Total (CT) = Custos Fixos (CF) + Custos Variáveis (CV). CMe = CT / Q. Custo Fixo Médio = CF / Q. Custo Variável Médio = CV / Q. Custos Fixos (CF): custos que independem da quantidade produzida. Ex: Aluguéis, máquinas. Custos Variáveis (CV): custos que dependem da quantidade produzida. Ex: salários, matérias-primas. Custo Médio (CMe): é o quociente entre o custo total e a quantidade produzida, ou seja: 51 ECONOMIA SUMÁRIO Custo Marginal (CMg): é a relação existente entre a variação absoluta do custo total decorrente da variação absoluta da quantidade produzida, ou seja: CMg = ∆CT / ∆Q. b) Longo Prazo: é o período de tempo em que todos os custos são variáveis. Custo Total: Custo variável de longo prazo. Objetivo da empresa: é atingir o Tamanho Ótimo de Firma, ou seja, Custo médio mínimo de longo prazo. A longo prazo, não existem fatores fixos e a forma da curva de custo médio de lon- go prazo é determinada pelas economias ou deseconomias de escala. No início, à medida que a produção se expande, a partir de níveis muito baixos, os rendimentos crescentes de escala causam o declínio da curva de custo médio de longo prazo. Mas, à medida que a produção se torna maior, as deseconomias de escala passam a prevalecer, provocando o crescimento da curva. A produção do Tamanho ótimo não é apenas uma produção ótima para uma dada dimensão de planta escolhida, mas revela também a melhor dimensão de planta es- colhida, isto é, aquela que iguala nos respectivos pontos de mínimos o custo médio de curto e longo prazo. As empresas vão tentar manter rendimentos constantes de escala no Tamanho ótimo de Firma. Economias de Escala: é devido a indivisibilidade de equipamentos e da própria planta (tamanho mínimo de plantas), a indivisibilidade de financiamentos, indivi- sibilidade de pesquisa e operações mercadológicas, preços reduzidos dos fatores (aquisições de matérias-primas em grandes quantidades), eficiência crescente da gerência e especialização do trabalho. Economias de Escala ocorrem quando pode- -se dobrar o produto e o custo não chega a dobrar. Deseconomias de Escala: é devido a perda de eficiência da gerência em assumir crescentes atividades complexas, custos crescentes dos fatores não produtivos (aper- feiçoamento da mão de obra) e desenvolvimento de funções subsidiárias. Desecono- mias de Escala ocorrem quando para obter o dobro da produção é necessário que os custos mais do que dobrem. 52 ECONOMIA SUMÁRIO 2.1.4 TEORIA DOS RENDIMENTOS Os rendimentos auferidos por uma firma constituem o resultado da multiplicação da quantidade (Q) vendida do produto pelo seu respectivo preço (P) de venda, ou seja: RT = P x Q. RMe = RT / Q. RMg = ∆RT / ∆Q. LT = RT – CT. Receita total de vendas ou rendimento total, é o resultado da multiplicação da quan- tidade vendida pelo seu preço de venda. Receita Média (RMe): é o quociente entre a receita total e a quantidade vendida, ou seja: RMe = preço Receita Marginal (RMg): é a relação existente entre a variação absoluta da receita total decorrente da variação absoluta da quantidade vendida, ou seja: Lucro Total (LT): é a diferença entre a receita total e o custo total, ou seja: ANOTAÇÕES 53 ECONOMIA SUMÁRIO UNIDADE 3 > Diferenciar os tipos de estrutura de mercado existentes, e compreender o papel do CADE no Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos: 54 ECONOMIA SUMÁRIO 3 ESTRUTURAS DE MERCADO 3.1 ESTRUTURAS DE MERCADO Nas aulas anteriores vimos, quais variáveis afetam a demanda e a oferta de bens e serviços, e como são determinados os preços, supondo sem interferências, o merca- do automaticamente encontra seu equilíbrio. Implicitamente, estava sendo suposta uma estrutura específica de mercado, qual seja, a de concorrência perfeita. As várias formas ou estruturas de mercados dependem fundamentalmente de três características: - número de empresas que compõe esse mercado; - tipo do produto ( se as firmas fabricam produtos idênticos ou diferenciados); - se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado. A maior parte dos modelos existentes pressupõe que as empresas maximizam o lucro total, especificamente para o caso de estruturas oligopolistas de mercado, ve- remos que existe uma teoria alternativa, que pressupõe que a empresa maximiza o mark-up, que é margem entre a receita e os custos diretos (ou variáveis) de produção. 3.1.1.1 CONCORRÊNCIA PURA OU PERFEITA É um tipo de mercado em que há um grande número de vendedores (empresas), de tal sorte uma empresa, isoladamente, por ser insignificante, não afeta os níveis de oferta do mercado e, consequentemente, o preço de equilíbrio. Nesse tipo de mercado devem prevalecer ainda as seguintes premissas: - Produtos homogêneos: Não existe diferenciação entre os produtos ofertados pelas empresas concorrentes. Exemplos: produtos agrícolas, petróleo e cobre; - Não existem barreiras para o ingresso de empresas no mercado, ou seja, é fácil sair e entrar nesse mercado; 55 ECONOMIA SUMÁRIO - Transparência do mercado: Todas as informações sobre lucros, preços etc. são conhecidas por todos os participantes do mercado. 3.1.1.2 MONOPÓLIO O mercado monopolista se caracteriza por apresentar condições diametralmente opostas às da concorrência perfeita. Nele existe, de um lado, um único empresário (empresa) dominando inteiramente a oferta e, de outro, todos os consumidores. Não há, portanto concorrência, nem produto substituto ou concorrente. Nesse caso, ou os consumidores se submetem às condições impostas pelo vendedor, ou simples- mente deixaram de consumir o produto. Nessa estrutura de mercado, a curva de demanda da empresa é a própria curva de demanda do mercado como um todo. Ao ser exclusiva no mercado, a empresa não estará sujeita aos preços vigentes. Mas isso não significa que poderá aumentar os preços indefinidamente. Para a existência de monopólios, deve haver barreiras que praticamente impeçam a entrada de novas firmas no mercado. Essas barreiras podem advir das seguintes con- dições: Monopólio puro, elevado volume de capital, patente e controle de matérias-pri- mas básicas, existem ainda, os monopólios institucionais ou estatais em setores con- siderados estratégicos ou de segurança nacional (petróleo, *energia, *comunicação). 3.1.1.3 OLIGOPÓLIO É um tipo de estrutura normalmente caracterizada por um pequeno número de em- presas que dominam a oferta de mercado. Pode caracterizar-se como um mercado em que há um pequeno número de empresas, como a indústria automobilística, ou então onde há um grande número de empresas, mas poucas dominam o mercado, como a indústria de bebidas. O setor produtivo no Brasil é altamente oligopolizado, sendo possível encontrar inú- meros exemplos: montadoras de veículos, setor de cosméticos, indústria de papel, indústria farmacêutica etc. Nos oligopólios, tanto as quantidades ofertadas quanto os preços são fixadosentre as empresas por meio de cartéis. O cartel é uma organização formal ou informal de 56 ECONOMIA SUMÁRIO produtores dentro de um setor que determina a política de preços para todas as em- presas que a ele pertencem. Podemos caracterizar também tanto oligopólios com produtos diferenciados (como a indústria automobilística) como oligopólios com produtos homogêneos (alumínio). 3.1.1.4 CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA Trata-se de uma estrutura de mercado intermediária entre a concorrência perfeita e o monopólio, mas que não se confunde com o oligopólio, pelas seguintes caracte- rísticas: - Número relativamente grande de empresas com certo poder concorrencial, po- rém com segmentos de mercados e produtos diferenciados, seja por caracterís- ticas físicas, embalagem ou prestação de serviços complementares (pós-venda); - Margem de manobra para fixação dos preços não muito ampla, uma vez que existem produtos substitutos no mercado. Essas características acabam dando um pequeno poder monopolista sobre o preço de seu produto, embora o mercado seja competitivo (daí o nome concorrência mo- nopolista). O monopólio, oligopólio, e concorrência monopolista são estruturas de mercados diferente da Concorrência Perfeita, e por isso conhecido como Concorrên- cia Imperfeita. CARACTERÍSTICAS DAS ESTRUTURAS DE MERCADOS BÁSICAS ESTRUTURA EXEMPLO Concorrência Perfeita Feira livre Concorrência Monopolística Hotéis Monopólio Correios Oligopólio Automóveis DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO Produtos Padronizados Produto Diferenciado Produto único Diferenciado Padronizado NÚMERO DE EMPRESAS Muitos Considerável Um Poucas CONDIÇÕES DE ENTRADA E SAÍDA CONTROLE SOBRE O PREÇO Fácil Nenhum Relativamente Fácil Leve Bloqueada Forte Difícil Considerável 57 ECONOMIA SUMÁRIO 3.1.2 ESTRUTURA DO MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO Até aqui identificamos as estruturas de mercados de bens e serviços. O mercado de fatores de produção – mão de obra, capital, terra e tecnologia – também apresenta diferentes estruturas. As estruturas no mercado de fatores de produção são resumidas a seguir: 3.1.2.1 CONCORRÊNCIA PERFEITA NO MERCADO DE FATORES É um mercado onde existe oferta abundante do fator de produção (por exemplo), (Mão de obra não especializada), o que torna o preço desse fator constante. Os ofer- tantes ou fornecedores, como são em grande número, não têm condições de obter preços mais elevados por seus serviços. 3.1.2.2 MONOPSÔNIO Trata-se de uma forma de mercado na qual há somente um comprador para muitos vendedores dos serviços dos insumos. É o caso da empresa que se instala em uma determinada cidade do interior e, por ser a única, torna-se demandante exclusiva da mão de obra local e das cidades próximas, tendo para si a totalidade da oferta de mão de obra. 3.1.2.3 OLIGOPSÔNIO É um mercado onde existem poucos compradores que dominam o mercado para muitos vendedores. Exemplo: indústria de laticínios. Em cada cidade existem dois ou três laticínios que adquirem a maior parte do leite dos inúmeros produtores rurais locais. A indústria automobilística, além de oligopolista no mercado de bens e servi- ços, também é oligopsonista na compra de autopeças. 58 ECONOMIA SUMÁRIO 3.1.2.4 MONOPÓLIO BILATERAL O monopólio bilateral ocorre quando um monopsonista, na compra de um fator de produção, defronta-se com um monopolista na venda deste fator. Por exemplo, só a empresa A compra um tipo de aço que é produzido apenas pela siderúrgica B. A empresa A é monopsonista, porque só ela compra esse tipo de aço, e a siderúrgica B é monopolista, porque só ela vende este tipo de aço. Nesses casos, a determinação dos preços de mercado dependerá não só de fatores econômicos, mas do poder de barganha de ambos: o monopsonista tentando pagar o preço mais baixo (usando a força de ser o único comprador), e o monopolista ten- tando vender por um preço mais elevado (usando o poder de ser o único fornecedor). 3.1.3 AS EMPRESAS E O MERCADO Muitas vezes as empresas buscam uma postura agressiva no mercado a fim de elimi- nar a concorrência e obter maiores lucros. No entanto, sabemos da importância da concorrência para melhorar a qualidade dos produtos bem como para causar uma diminuição do preço. De tal modo buscamos estudar o caso brasileiro evidenciando o papel do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), frente a algumas posturas adotadas pelas empresas no mercado competitivo. 3.1.3.1 CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA NO BRASIL - O CADE O conceito de consolidação empresarial teve início no Ocidente, no início do séc. XVII, na época da dominação colonial do império britânico. A coroa inglesa incentivou a for- mação de um empreendimento que conso- lidasse fatores financeiros, habilidade mer- cantil, transporte marítimo e transformação industrial das riquezas naturais das colônias. 59 ECONOMIA SUMÁRIO Surgiu então a primeira empresa holding do Ocidente, a “East India Trade Company”, em 1604, que operou até o começo do século XIX, dominando o comércio entre as ilhas britânicas e parte do continente asiático. A holding pode ser definida como uma empresa que opera em vários setores da economia. Um exemplo de holding são os zaibatsus japoneses. O zaibatsu do conde Mitsui Bussam Kaisha, por exemplo, controlava um império econômico: finanças, se- guros, atacado e varejo, construção civil, indústrias de mineração, alimentícia, têxtil, química, de papel, de vidro, automobilística ótica e negócios imobiliários. Desde o fim do século XIX, a disputa entre as empresas tomou a forma de guerra entre Estados. Cada governo passou a aplicar barreiras tarifárias para proteger “suas empresas” contra as estrangeiras. Dentro de cada país eram promovidos acordos de cartéis, pelos quais várias empresas fixavam preços e dividiam mercados, com a cum- plicidade do próprio governo. Cada país passou a cobiçar colônias, para dar às “suas empresas” acesso privilegiado a matérias-primas e a um mercado consumidor maior. Em 1937, foi introduzido no Congresso norte-americano um anteprojeto de lei para controlar a formação de trustes e conglomerados monopolísticos, que com seu po- der econômico poderiam eventualmente estrangular o livre desenvolvimento de empresas da iniciativa privada nos Estados Unidos. Hoje ainda existe um controle minucioso das fusões de empresas. Em alguns setores, já se permite que as com- panhias engulam concorrentes até se tornarem gigantescas. Nesses setores, como o das telecomunicações e o do entretenimento, chegou-se à conclusão de que com- panhias enormes podem trabalhar com mais eficiência. Em outros setores, como o das autopeças, a lei é mais conservadora. A Federal Trade Comission (FTC) é a insti- tuição que zela pelo bom comportamento das companhias no mercado americano. A grande empresa americana cresceu em regime de competição total, quase selva- gem, e pouca ou nenhuma proteção do Estado. Nos EUA, a extensão territorial levou ao desenvolvimento de uma nova estrutura gerencial, que permite vencer grandes distâncias, sem prejuízo da flexibilidade tática regional. A empresa surgida a partir daí, com comando estratégico centralizado e uma estrutura multidivisional, confe- rindo liberdade tática a cada divisão, - as subsidiárias espalhadas pelo mundo como extensão natural do mercado norte-americano - era a multinacional típica do início do século até o final dos anos 60. Atualmente, oportunidades e pressões para o cres- cimento de empreendimentos, combinadas com o alto custo de capital de terceiros, 60 ECONOMIA SUMÁRIO substituem a política de controle absoluto ou de estabelecimento de subsidiárias ou filiais pelas técnicas de fusão, participação acionária e joint ventures. A joint venture pode ser definida como uma fusão de interesses entre uma empresa com um grupo econômico, pessoas jurídicas ou pessoas físicas que desejam expan- dir sua base econômica com estratégias de expansão e diversificação, com propósito explícito de lucros ou benefícios,
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