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THAMYRIS DA SILVA BARROS 201512678376 / EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARTIDO POLÍTICO W, agremiação política, com representação no Congresso Nacional, inscrito no CNPJ sob nº, com sede na rua , e- mail, neste ato representado por seu presidente, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade n°, inscrito no CPF sob n°, com endereço na, e-mail, vem, por seu advogado, com endereço profissional na rua, e- mail, onde recebe intimações, conforme art. 106, I do CPC, propor ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL COM PEDIDO DE LIMINAR com fundament no art. 102,§ 1º, da CRFB/88 e na Lei nº 9.882/99, em face da Lei Municipal n.10.020/2018, originária do poder legislativo do Município Constância do Sul, elaborada pela Câmara Municipal e sancionada pelo prefeito, pelos motivos que passa a expor: I. DO OBJETO DA AÇÃO Segundo disposto no art. 102, §1º da CRFB/1988, a arguição de descumprimeto de preceito fundamental deverá ser apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, e é cabível neste caso em razão da elaboração de lei em desacordo com a Constituição da República Federativa do Brasil. Nesse caso, é necessária a análise da lei municipal sob a previsão do art. 1º,§ único, I, da lei 9.882/99. Art. 102, § 1.º A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. (CRFB/88) Art.1º, parágrafo único. Caberá também argüição de descumprimento de preceito fundamental: I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição. I. DA LEGITIMIDADE ATIVA Cumpre destacar que o autor é legitimado para a propositura da presente demanda de acordo com a previsão do Art.103, VIII, da CRFB/88, além disso, o mesmo possui reprsentação do Congresso Nacional e foi criado pela lei 9.096/95, estando plenamente apto para o ajuizamento da ADPF. Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; II. DO CABIMENTO DA ADPF Segundo previsão do Art. 4º, §1º da lei 9882/99, a ADPF só será admitida quando não houver nenhum meio eficaz de sanar a lesividade a preceito fundamental. No caso em tela, a Lei Municipal 10.020/2018, violou preceito fundamental condicionando dessa forma uma situação vexatória aos estrangeiros, o que deu causa a presente ação. Art. 4º A petição inicial será indeferida liminarmente, pelo relator, quando não for o caso de argüição de descumprimento de preceito fundamental, faltar algum dos requisitos prescritos nesta Lei ou for inepta. § 1º Não será admitida argüição de descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade. III. DA VIOLAÇÃO DE PRECEITO FUNDAMENTAL Inicialmente, é necessário destacar que houve violação a regra constitucional no que tange a legitimidade para a propositura de Lei Municipal, uma vez que a lei criada tem intenção de legislar acerca imigração e sobre Direito do Trabalho. Além disso, cumpre destacar também que a Lei Municipal também violou a Constitucional ao legislar sobre matéria de Direito do Trabalho, pois, o art. 22, I da CRFB/88, prevê que esta matéria é de competência privativa da União. Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; O art. 22, XV, da Constituição da República prevê que a competência para legislar sobre a emigração e imigação, entrada, extradição e expulsão de estrangeiro é privativament e da União Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros; Nesse sentido, entende o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, in verbis: EMENTA CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. ESTRANGEIRO. EMISSÃO DE CARTEIRA DE IDENTIDADE. REGISTRO DE ESTRANGEIRO. ART. 5º, INCISOS LXXVI E LXXVII DA CF. LEI Nº 13.445/2017. ISENÇÃO DE TAXAS. 1. Sobre o mérito, vinha decidindo, esta Relatoria, que diante da competência privativa da União Federal para legislar sobre emigração, imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros (art. 22, XV, CF) e diante da ausência de norma específica acerca do tema, a isenção da taxa não poderia ser deferida. 2. Entretanto, o referido argumento encontra-se superado diante da entrada em vigor da Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração. 3. Diante da existência de norma que isenta os imigrantes (pessoa nacional de outro país ou apátrida que trabalha ou reside e se estabelece temporária ou definitivamente no Brasil; de acordo com o conceito dado pela própria lei) do pagamento de taxas migratórias, é de rigor a manutenção da sentença monocrática que determinou a emissão da primeira via dos documentos de identidade do impetrante, independentemente do pagamento de taxas relativas a este serviço. 4. Nesse exato sentido, esta C. Turma julgadora, na AC/REEX 005485-33.2016.4.03.6100/SP, Relatora Desembargadora Federal MÔNICA NOBRE, j. 21/03/2018, D.E 04/05/2018. 5. Apelação da União Federal e remessa oficial a que se nega provimento. (TRF-3 - ApelRemNec: 50053136920174036100 SP, Relator: Desembargador Federal MARLI MARQUES FERREIRA, Data de Julgamento: 19/05/2020, 4ª Turma, Data de Publicação: Intimação via sistema DATA: 26/05/2020) (grifei) No que se refere a restrição dos direitos sociais ao trabalho, a lei também viola a Constituição, uma vez que o Art. 6º da CRFB/88, assegura a todos o direito ao trabalho, logo, a lei não pode restringir direitos garantidos pela Carta Magna. Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Em ultima análise, é necessário evidenciar também que a lei transgrediu preceito fundamental ao violar direito fundamental garantido pela Consituição Federativa da República ao restringir o direito ao trabalho dos imigrantes, afetando diretamento o direito a dignidade da pessoa humana, uma vez que o resultado da restrição é a impossiblidade da pessoa em garantir sua subsistência e a de sua família, colocando assim a vida de um grupo em risco. Dito isso, fica evidente que a referida lei viola a Carta Magna, e por esta razão deve ser considerada inconstitucional. IV. DA MEDIDA CAUTELAR O Art. 5º, §3º da Lei 9.882, prevê a possibilidade de concessão da medida cautelar em sede de ADPF. No que se refere ao perigo de dano, é evidente no caso em tela que a permanecencia da lei em vigor coloca em risco a vida dos imigrantes que estão sendo restringidos do direito ao trabalho e dessa forma não há possibilidade de manter sua subsitência, além disso, a referida lei está condicionando os imigrantes a situação vexatória e colaborando para a ocorrência de conflitos diários no Município de Constancia do Sul. V. DOS PEDIDOS Ante o exposto requer: 1. A concessão da medida cautelar para sustar a eficácia da Lei Municipal 10.020/2018. 2. A citação da autoridade competente pelo ato em questão para que, querendo, se manifeste. 3. A oitiva do Procurador Geral da Republica 4. A procedencia da Arguição de descumprimento de preceito fundamental para reconhecer a inconstitucionalidade da Lei 10.020/2018. VI. DO VALOR DA CAUSA Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 para fins procedimentais Termos em que pede deferimento. Local e Data AdvogadoOAB/UF
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