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- -1 FUNDAMENTOS DE ENGENHARIA AMBIENTAL NOÇÕES DE DIREITO AMBIENTAL Eliana Menezes dos Santos - -2 Olá! Você está na unidade . Conheça aqui os conceitos de lei, decreto, norma, portaria eNoções de Direito Ambiental instrução normativa, temos comuns a vários ramos do direito, inclusive o direito ambiental. Entenda os princípios que regem o direito ambiental e estão pautados em diversas leis e na Carta Magna. Princípios importante que norteia o trabalho do profissional de meio ambiente, diante das suas obrigações legais e responsabilidades. Aprenda sobre algumas das principais leis que orientam o dia a dia do profissional de meio ambiente bem como a fiscalização por parte dos órgãos responsáveis pelas emissões de autorizações e licenças. Bons estudos! - -3 1. Introdução ao direito ambiental O direito ambiental é um conjunto de regras, princípios, leis e normas que aborda as interferências humanas no meio ambiente, com o propósito de assegurar a preservação ambiental. Isso porque os recursos ambientais são considerados pela legislação brasileira um bem de uso comum do povo. Neste sentido, atuar na área ambiental não requer apenas conhecimento técnico. É preciso avaliar dados confrontando-os com normas legais vigentes e, assim, tomar a decisão mais assertiva. O conhecimento do profissional da engenharia ambiental é parte fundamental na tomada de decisão diante, por exemplo, de conflitos de interesse que possam surgir mediante um problema ambiental. As normas legais ou mesmo técnicas contribuem com o dia a dia do profissional, pois atribuem à atividade um fator comparativo ou, até mesmo, um parâmetro de atuação. Por isso, é importante compreender as noções gerais de Direito para dar seguimento a esse propósito. As , portanto, leis são criadas pelo Poder Executivo de cada esfera de governo por meio dos representantes do povo: os vereadores, deputados e senadores. Assim, a lei consiste em um conjunto de regras a serem seguidas para o bem da sociedade. Os , por sua vez, são criados apenas pelos chefes do executivo (presidente,decretos governadores e prefeitos) e buscam regulamentar o que diz a lei. São nos decretos que constam os detalhes para a execução da lei, por exemplo. Já as são criadas por diversas autoridades superiores, que não incluem os chefes do executivo. Essasresoluções pessoas são responsáveis por regulamentar um assunto de competências específica do departamento que a criou, como, por exemplo, as Resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). É importante, no entanto, que todas essas resoluções estejam em consonância com os preceitos estabelecidos na Constituição Federal, leis ou decretos. As são criadas pelos chefes e diretores de órgãos e tem como função instruir a aplicação da lei. É oportarias caso, por exemplo, das portarias emitidas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou pelo Ministério do Meio Ambiente. Por fim, as são como normas complementares a uma portaria já criada.instruções normativas Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /dd81c2ec678546438ebad04d1148fa2e https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/dd81c2ec678546438ebad04d1148fa2e https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/dd81c2ec678546438ebad04d1148fa2e - -4 1.1 Hierarquia das leis O Direito pode ser definido como um conjunto de leis que regem a conduta de uma sociedade, estando este conjunto pautado em uma estrutura hierárquica que define quem é mais restritiva e qual é mais abrangente, definindo-se assim as leis superiores e as inferiores. Riccitelli (2007) descreve que o Direito é o elemento da ciência política e social que estuda, analisa, coordena e controla o conjunto de leis, princípios, doutrina e jurisprudência de que se vale o poder competente (o Estado) para atingir o bem-estar coletivo. A lei mais importante do país é Constituição Federal de 1988, considerada a lei maior do ordenamento jurídico nacional. Nenhuma lei que está abaixo dela pode contrariar os pressupostos que ela estabelece: pode, apenas, complementá-la ou suplementá-la. De maneira didática, as várias normas irão compor uma ordem similar a uma pirâmide, tendo a Constituição Federal no topo e as demais na sequência, como podemos observar na figura a seguir: - -5 Figura 1 - Pirâmide com o ordenamento jurídico brasileiro Fonte: Elaborada pela autora (2020). #PraCegoVer: A imagem apresenta as leis em estrutura similar a uma pirâmide, sendo a Constituição Federal disposta no topo seguida das leis, decretos, resoluções e, na base, as portarias e instruções normativas. A importância do conhecimento dessa hierarquia está no fato que uma lei não pode ferir os pressupostos estabelecidos na Constituição, com base no princípio da predominância do interesse, podendo ser considerada inconstitucional. É previsto no ordenamento jurídico brasileiro delimitações de competências entre os entes federados que a integra, essa organização político-administrativo tem como objetivo a delimitação das ações de cada esfera, para tanto definiu-se que alguns temas somente a União teria competência para legislar ficando a - -6 cargo de criar as normas gerais e os Estado incumbidos de suplementá-la, outros temas é previsto aos Estados legislar a competências residuais, ou seja não estejam vedadas pela Constituição, já no caso dos Municípios ficaram responsáveis pelos assuntos de interesse local. Conforme previsto na Constituição: Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (EC no 19/98 e EC no 69/2012) IV – águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão [..] Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. (EC no 5/95) § 1o São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. § 2o Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. Art. 30. Compete aos Municípios: (EC no 53/2006) I – Legislar sobre assuntos de interesse local; II – Suplementar a legislação federal e a estadual no que couber (BRASIL,1988). - -7 2. Legislação ambiental O Direito se divide em áreas, tais como constitucional, administrativo, civil, penal, comercial, entre outras e o Direito ambiental faz parte dessa divisão. O termo possui na legislação ambiental brasileira duasmeio ambiente definições e/ou divisões. O é composto por solo, água, ar, conforme prevê o art. 3° dameio ambiental natural Lei 6.938/81). Já o é aquele construído pela humanidade, como as edificações, e estámeio ambiente artificial estabelecido nos arts. 182 e 183 da Constituição Federal de 1988. - -8 2.1 Princípios do direito ambiental Os princípios são a base do ordenamento jurídico. Em todos os ramos do Direito há princípios que servem como alicerce das normas jurídicas. No direito ambiental não édiferente: muitos deles, inclusive, tiveram origem no direito ambiental internacional e, também, dos acordos e conferências internacionais. Os princípios basilares mais importantes do direito ambiental são: Princípio da precaução Teve origem após a Conferência Eco 92, realizada no Rio de Janeiro, e trata da necessidade de atuar com cautela nos casos em que ainda existam dúvidas e incertezas a respeito do dano que determinado impacto possa causar em função do exercício de uma atividade. Princípio da prevenção Tem como objetivo impedir ou ao menos reduzir os danos causados por ocorrência de poluição, pois existe comprovações cientificas acerca do risco certo, concreto e conhecido de dano inerentes a certas atividades humanas. Princípio do poluidor-pagador Tem como objetivo internalizar as externalidades provocadas por alguma atividade empresarial, afim de minimizar ou mitigar os impactos negativos dela decorrente. Esse princípio requer atenção, pois aqui não se tem a intenção de criar direito de poluir, apenas tem intenções preventivas do dano. Portanto, o princípio do poluidor- pagador pode ser compreendido como a obrigação de internalizar os custos ambientais na produção e que eles não sejam repassados a sociedade. O princípio de poluidor-pagador e do usuário-pagador são citados no art. 4, parágrafo 7 da Lei 6.9838/81, que impõe ao poluidor e ao predador a obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, a contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. Princípio do usuário-pagador Impõe valor ao recurso ambiental com o intuito de usá-lo de forma racional, evitando o desperdício. Um bom exemplo é o pagamento pelo uso da água, por meio da emissão de outorga, como previsto no art. 5, parágrafo 4 da Lei 9.433/97. Princípio do protetor-recebedor É o inverso do princípio do poluidor-pagador e consiste no recebimento de incentivos públicos ou privados pelos serviços ambientais de preservação. Segundo Amado (2014), é necessária a criação de benefícios em favor daqueles que protegem o meio ambiente com o desiderato de fomentar e premiar essas iniciativas. Princípio do desenvolvimento sustentável Tem como objetivo integrar os aspectos econômicos, sociais e ambiental, utilizando os recursos sem esgotá-los de forma a garanti-los às futuras gerações. Princípio do limite - -9 Entende-se como o estabelecimento de padrões de emissões que deve ser imposto pelo Estado aos emissores, conforme previsto no art. 225, inciso I, parágrafo 5, da Constituição Federal. Princípio da responsabilidade Busca responsabilizar os culpados pelo dano causado, de forma a arcar com os custos de reparação ou compensação da degradação que provocaram no meio ambiente, conforme previsto no parágrafo 3º do art. 225 da Constituição Federal e no art. 14, parágrafo 1º da Lei nº 6.938/1981, que estabelece o poluidor é obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente. Princípio participação comunitária ou cidadã É entendido como o direito dos indivíduos na participação da tomadas de decisão em matéria ambiental. Segundo Frederic (2013), as pessoas têm o direito de participar ativamente das decisões políticas ambientais, em decorrência do sistema democrático semidireto, uma vez que os danos ambientais são transindividuais. Princípio da natureza pública É o dever que o poder público tem de promover a proteção ambiental, segundo estabelecido no art. 225 da Constituição Federal de 1988. Fique de olho O Ministério do Meio Ambiente disponibiliza em seu endereço eletrônico um painel sobre legislação ambiental, contendo uma relação com todas as leis, decretos, portarias, resoluções e instruções normativas da esfera federal. O documento pode ser acessado no link: <https://app. p o w e r b i . c o m / v i e w ? r=eyJrIjoiZGEyMzBkMWYtNzNiMS00ZmIyLTg5YzgtZDk5ZWE5ODU4ZDg2IiwidCI6IjJiMjY2ZmE5LTNmOTMtNGJiMS05ODMwLTYzNDY3NTJmMDNlNCIsImMiOjF9>. - -10 3. Legislação ambiental: poluição Na Política Nacional de Meio Ambiente, o termo poluição está atrelado definido como a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que diretamente ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. É importante conhecer o termo degradação da qualidade ambiental, de acordo com art. 3, parágrafo III da Lei 6938/81, considera-se uma alteração adversa das características do meio ambiente, no caso do termo poluição podemos entender como conceito mais específico e pontual. Na ocorrência de um impacto negativo e geração de poluição o autor do feito poderá ser responsabilizado nas três esferas (administrativa, civil e penal) que são independentes entre si. Conforme estabelecido no art. 225, inciso 3, da Constituição Federal: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados (BRASIL,1988). Portanto, na sanção administrativa poderá incorrer multa, advertência, embargo de obras entre outros. No caso da responsabilização civil ambiental o poluidor será obrigado a reparar o dano independente do fato de ainda não ter sido comprovado a culpabilidade do ato danoso, nesse contexto pode-se exigir a reparação do dano por qualquer dos responsáveis do empreendimento, caso haja mais de um, que inclui a chamada responsabilidade solidaria ou tríplice responsabilidade, podendo ser composta pelo empreendedor, Estado e/ou profissional de meio ambiente. A responsabilidade penal, por sua vez, consiste em penalidades privativas de liberdade, restritiva de direitos e multa para pessoa física e para os casos de pessoa jurídica são previstos multa, suspensão de atividades, interdição, proibição de contratar ou obter contribuições do Poder Público, entre outros. Amado (2014, p.632) explica que - -11 considerando que a atuação da pessoa jurídica ocorre por intermédio das pessoas físicas que a presentam, o STJ não vem acatando denúncia por crime ambiental apenas contra o ente moral, pois “excluindo-se da denúncia a pessoa física, torna-se inviável o prosseguimento da ação penal, tão somente, contra a pessoa jurídica. Não é possível que haja a responsabilização penal da pessoa jurídica dissociada da pessoa física, que age com elemento subjetivo próprio”. Imagine, por exemplo, uma pessoa que adquire um terreno com árvores e resolve removê-las para a construção de uma casa. Ela tem autorização regulamentada pelo licenciamento, mas incorre em uma degradação amparada pela legislação, pois a documentação adquirida nos órgãos competentes permitiu a remoção da vegetação dentro de padrões legalmente estabelecidos, ausentando assim, o portador da licença a responsabilidade administrativa ou criminal de agente causador do impacto. Segundo Amado (2014), mesmo a poluição licenciada não exclui a responsabilidade civil do poluidor, na hipótese de geração de danos ambientais, pois esta não é sancionatória, e sim reparatória. Nota-se que as ações humanas geram impactos em suas mais diversas atividades e que para tanto se faz necessário observar as legislações vigente, para reduzir os danos provocados no meio ambiente e atender aos padrões estabelecidos pelo poder público com vistas a capacidade de suporte do meio ao qual o impacto ocorrerá. Nesse sentido, o licenciamento ambiental é considerado um instrumento relevante para a gestão pública e o cumprimento do controle, fiscalização e proteção do meio ambiente. Vamos, então, estudar algumas das leis mais importantes do direito ambiental. Fique de olho A Advocacia Geral da União (AGU) disponibiliza, em seu canal oficial no Youtube, um vídeo explicativo sobre responsabilidade civil por dano ambiental. O vídeo pode ser acessado no link: <https://www.youtube.com/watch?v=DUiBdPwWDg8>. - -12 3.1 Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981 A referida legislação criou, em 1981, a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), composta por princípios, objetivos gerais e específicos, definições e instrumentos. Seu objetivo geral é a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental propícia à vida. Neste sentido, estabeleceu, em seu conteúdo, diversos instrumentos como o estabelecimento de padrões de qualidade, zoneamento ambiental, Avaliação de Impactos Ambientais (AIA), licenciamento, penalidades administrativas, cadastro técnico federal e instrumentos econômicos. O estabelecimento de padrões de qualidade são fundamentais para garantir o cumprimento da lei vigente, tambémé indispensável para a prevenção de poluição por meio de mecanismos de comando e controle. De acordo com Frederic (2013, p.127) é possível a edição de padrões de qualidade de acordo com cada recurso natural isoladamente, a exemplo do ar. O instrumento de padrões de qualidade, anteriormente mencionado, não contempla a aplicação pratica, ficando este a cargo das Resoluções Conama e Decretos suplementar de cada ente federativo, nos casos de situações que se exigia aspectos mais restritivos. Lembrando sempre da necessidade de harmonia entre as normas. É importante destacar que a PNMA criou e regulamentou o Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), composto pelo órgão superior o Conselho de governo, o órgão consultivo e deliberativo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), o órgão central denominado Ministério de Meio Ambiente, órgão executores o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), além dos órgão seccionais de cada Estado e os órgãos locais municipais. Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /4b29bcf3595e45ea0cf577ba34365bdf https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/4b29bcf3595e45ea0cf577ba34365bdf https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/4b29bcf3595e45ea0cf577ba34365bdf - -13 3.2 Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 Conhecida também como Lei de Crimes Ambientais, a normativa dispõe sobre sanções penais e infrações administrativas, tendo como principal objetivo a reparação do dano ambiental. A lei é considera um importante marco na legislação brasileira, com ela as infrações foram claramente definida, permitiu que a responsabilização da pessoa jurídica e quando esta representar um impedimento para o ressarcimento dos prejuízos causados ao meio ambiente, a lei traz a possibilidade da desconsideração da personalidade jurídica permitindo que o crime possa ser imputado as pessoas físicas responsáveis pela empresa que provou o dano. Conforme apresentado no art. 3 da Lei 9.605/98: As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, coautoras ou participes do mesmo fato (Brasil,1998). A norma traz as infrações elencadas em cinco diferentes categorias, crimes contra a Fauna do arts. 29 a 37, crimes contra a Flora do arts. 38 a 53, na seção III - Da Poluição outros Crimes Ambientais composto pelos arts. 54 a 61, Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural do arts. 62 a 65, Crimes contra a Administração Ambiental arts. 66 a 69. É importante ressaltar que todos os artigos que compõem essa Lei são relevantes, entretanto o profissional de meio ambiente deve atentar-se para os artigos que constituem a seção III – Da Poluição e outros Crimes Ambientais, pois nesse trecho da lei estão descritos as infrações cometidas por ausência ou ineficiência de controles ambientais em sistemas de produção, tais como lançamento de residuos sólidos ou líquidos em desacordo com a legislação vigente, lembrando que é nesse ambiente em que se encontrará alocado no dia a dia. - -14 3.3 Lei 12.187, de 29 de dezembro de 2009 Criou a Política Nacional sobre Mudanças do Clima (PNMC), composta por princípios, objetivos, diretrizes e instrumentos. A lei elenca os princípios da precaução, da prevenção, da participação cidadã, do desenvolvimento sustentável e das responsabilidades comuns. A PNMC é diferente das demais normas do ordenamento jurídico brasileiro, pois ela representa uma ação voluntária do Brasil, pois este não compõem a lista de países que deverão realizar a redução de suas emissões de gases do efeito estufa, conforme consta no Anexo I do Acordo das Nações Unidas, assinado em integrantes do anexo I do Protocolo Kyoto. - -15 3.4 Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 Instituiu a Política Nacional de Residuos Sólidos (PNRS), composta por princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes metas e ações que visam a gestão integrada e o gerenciamento do resíduo sólido, não se aplicando aos rejeitos radioativos por possuírem norma própria. A lei trouxe inovação ao ordenamento jurídico brasileiro, como, por exemplo, o conteúdo do art. 6, parágrafo 7, que regulamenta a responsabilidade compartilhada entre poder público, setor empresarial e sociedade pela destinação do resíduo. Figura 2 - Pilha de resíduos em solo Fonte: Nokuro, Shutterstock (2020). #PraCegoVer: A imagem mostra uma pilha de resíduos em processo de decomposição descartado em um terreno, sem o devido tratamento. Outra novidade está no art. 7, parágrafo 2, que prioriza a não geração de resíduos e, caso não seja possível, a redução dessa quantidade, de forma a garantir a reutilização, a reciclagem, o tratamento e a disposição em solo. As etapas recomendadas pela PNRS são subsidiadas por leis e resoluções distintas, tais como: • Resolução Conama 401/2008 descarte de pilhas e baterias; • Resolução Conama 452/2012 controle de importação de resíduos perigosos; • • • • - -16 • Decreto 96.044/1988 transporte de produtos perigosos; • Decreto 5.940/2006 Separação e destinação de recicláveis em instituição pública; • Resolução Conama 358/2005 Tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde; • Resolução 420 da Agência Nacional de Transporte Terrestre Regulamenta transporte terrestre de produtos perigosos • • • • - -17 4. Legislação ambiental: recursos naturais Entende-se por recurso natural todo os elementos encontrados na natureza e são essenciais para sustentar a vida. As principais legislações que os envolvem são: 4.1 Lei 12.651, de 25 de maio de 2012 O antigo Código Florestal era regido pela Lei 4.771/65 que, em 2012 foi substituído pela Lei 12.651, considerado o atual e atual Código Florestal. É essa legislação que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa, classificando os espaços territoriais especialmente protegidos como: Amazônia Legal; Área de Preservação Permanente (APP); Reserva Legal (RL); Áreas de Uso Restrito. É preciso atentar-se que as APP são faixas marginais de qualquer curso d’agua, mesmo que a vegetação tenha sido removida por qualquer motivo ainda será considerada APP. O Código Florestal delimitou em seu art. 4, parágrafo 1, a largura que mínima de vegetação para cada tamanho dos corpos hídricos. Os tipos de APPs são faixas marginais, áreas de entorno de nascente, encostas, restingas, manguezais, topos de morros entre outros. - -18 4.2 Lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997 A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), também conhecida como Lei das Águas, tem por objetivo assegurar a disponibilidade de água às futuras gerações, a utilização racional e integrada dos recursos hídricos e trabalhar na prevenção e defesa contra estiagens ou uso indevido do recurso natural. A lei estabelece fundamentos essenciais que contribuem para gerenciamento do recurso, conforme art.1 da Lei 9.433/97: I – a água é um bem de domínio público; II – a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III – em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; V – a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI – a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades (BRASIL, 1997). O gerenciamento descentralizado expresso na PNRH permite uma melhor participação de todos osenvolvidos no uso do corpo hídrico, essa premissa tornou a lei moderna dotada de conceitos de sustentabilidade e participação equilibrada, no qual os integrantes dos comitês e bacias hidrográficas podem atuar, mesmo com interesse distintos, escolhendo de forma democrática o uso mais assertivo que será dado ao recurso. É importante ressaltar que a gestão dos comitês é pautada nos instrumentos da própria Política Nacional de Recursos Hídricos, expressos no art. 5, dentre eles podemos destacar a outorga e a cobrança pelo uso da água. A outorga tem por objetivo assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água, evitar conflitos de interesse entre os usuários do recurso e ao mesmo tempo garantir o direito de acesso à água. A outorga é emitida pelo órgão gestor do recurso do estado ao qual o corpo hídrico se encontra localizado, nos casos que o rio pertença a mais de um estado a autorização será emitida pela Agencia Nacional das Águas – ANA, pois este recurso natural estará enquadrado como bem de domínio da União. Os usos que dependem de outorga estão elencados no art.12 da lei 9.433/97: derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo d'água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; - -19 Lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; aproveitamento dos potenciais hidrelétricos; Outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água. O instrumento denominado cobrança pelo uso da água tem por objetivo reconhecer a água como um bem dotado de valor econômico e dessa forma incentivar o uso racional, além de obter recurso financeiro a ser aplicado nos planos de recurso hídricos. 4.3 Lei 10.295, de 17 de outubro de 2001 Também conhecida como Lei de Eficiência Energética reflete uma preocupação brasileira em alocar recurso de forma eficiente na produção de energia. Trata-se de um instrumento normativo que traz a obrigatoriedade de o poder executivo estabelecer níveis máximos de consumo de energia ou mínimos de eficiência energética. A lei foi regulamentada primeiramente pelo Decreto 4.059, de 19 de dezembro de 2001, e revogado pelo novo Decreto 9.864, de 27 de junho de 2019 Coube ao Decreto que regulamentou a Lei de Eficiência Energética a instituição de um Comitê Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética, com função deliberativa e que é composto por representantes do Ministério de Minas e Energia, Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Agência Nacional de Energia Elétrica, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e sociedade civil. É imprescindível a gestão dos recursos energéticos do país, sendo necessário a adoção de medidas que possibilitem realizar o mesmo trabalho com uso menor de energia, é importante conhecermos as variáveis mais significativas que impactam no consumo de energia do país, para que ações como criação e implantação de políticas públicas e investimento de recursos possam ser realizadas. Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /f7f2a5d915d8fc23b6e7c24829786bd1 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/f7f2a5d915d8fc23b6e7c24829786bd1 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/f7f2a5d915d8fc23b6e7c24829786bd1 - -20 é isso Aí! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer as noções e conceitos preliminares utilizados em vários ramos do Direito, tais leis, decretos, portarias e instrução normativa; • aprender sobre a hierarquia das leis e como elas podem influenciar no cotidiano e no controle de padrões de qualidade, quando aplicadas de forma incorreta; • compreender alguns dos princípios basilares do direito ambiental que são fundamentais para o ordenamento jurídico e orientam o dia a dia e a tomada de decisão do profissional de meio ambiente; • estudar sobre a responsabilidade solidaria ou tríplice responsabilidade e sua repercussão em todos os envolvidos em dano ambiental; • compreender algumas das leis da esfera federal que norteiam a criação de leis estaduais ou municipais e todas devem estar em harmonia. Referências AMADO, F. A. T. . 5 ed. São Paulo: Método, 2014.Direito ambiental: esquematizado BRASIL. , 1988. Disponível em: <Constituição da República Federativa do Brasil http://www.planalto.gov.br >. Acesso em: 25 fev. 2020./ccivil_03/constituicao/constituicao.htm _____. , de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins eLei nº 6.938 mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br >. Acesso em: 25 fev. 2020./ccivil_03/LEIS/L6938.htm _____. , de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o SistemaLei nº 9.433 Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Disponível em: < >. Acesso em: 25 fev. 2020.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433.htm _____. , de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas deLei nº 9.605 condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto. >. Acesso em: 25 fev. 2020.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm _____. , de 29 de dezembro de 2009. Institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC eLei nº 12.187 dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei >. 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Legislação ambiental: poluição 3.1 Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981 Assista aí 3.2 Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 3.3 Lei 12.187, de 29 de dezembro de 2009 3.4 Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 Resolução Conama 401/2008 Resolução Conama 452/2012 Decreto 96.044/1988 Decreto 5.940/2006 Resolução Conama 358/2005 Resolução 420 da Agência Nacional de Transporte Terrestre 4. Legislação ambiental: recursos naturais 4.1 Lei 12.651, de 25 de maio de 2012 4.2 Lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997 4.3 Lei 10.295, de 17 de outubro de 2001 Assista aí é isso Aí! Referências
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