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Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
Ética, Valores 
Humanos e 
Transdisciplinaridade 
Delmo Mattos 
2ª
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o 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
DIREÇÃO SUPERIOR 
Chanceler Joaquim de Oliveira 
Reitora Marlene Salgado de Oliveira 
Presidente da Mantenedora Jefferson Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira 
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira 
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves 
Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Marcio Barros Dutra 
 
DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA 
Diretora Claudia Antunes Ruas Guimarães 
Assessora Andrea Jardim 
 
FICHA TÉCNICA 
Texto: Delmo Mattos 
Revisão: Lívia Antunes Faria Maria e Walter P. Valverde Júnior 
Projeto Gráfico e Editoração: Andreza Nacif, Antonia Machado, Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
Supervisão de Materiais Instrucionais: Janaina Gonçalves de Jesus 
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
 
COORDENAÇÃO GERAL: 
Departamento de Ensino a Distância 
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói 
 
M444e Mattos, Delmo. 
Ética, valores humanos e transdisciplinaridade / Delmo 
Mattos ; revisão de Lívia Antunes Faria Maria e Walter P. 
Valverde Junior. 2. ed. – Niterói, RJ: UNIVERSO, 2011. 
167 p. ; il. 
1. Ética. 2. Moral. 3. Ética empresarial. 4. Responsabilidade 
social da empresa. I. Maria, Lívia Antunes Faria. II. Valverde 
Junior, Walter P. III. Título. 
 
 
CDD 170 
 
Bibliotecária: ELIZABETH FRANCO MARTINS – CRB 7/4990 
 
© Departamento de Ensino a Distância - Universidade Salgado de Oliveira 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma 
ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora 
da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
 
Informações sobre a disciplina 
 
Carga horária: 60 
Créditos: 04 
Ementa: Ética e moral. A ética profissional. A responsabilidade social. A 
questão da alteridade como principio da relação social. Os valores humanos 
fundamentais à construção de uma cultura de paz. Transdisciplinaridade e 
convergência de conhecimentos. 
Objetivo geral: oferecer ao discente as condições de referência para a 
compreensão da ética e da moral, do ponto de vista filosófico, bem como, a sua 
importância para a sua atividade profissional e acadêmica. Além disso, refletir e 
discutir sobre a dimensão ética na existência do ser humano, dentro do contexto 
da crise dos valores da nossa sociedade, conduzindo a uma compreensão global da 
influência da reflexão ética no âmbito das decisões e responsabilidades inerentes 
aos atores sociais e econômicos da atualidade. 
Conteúdo programático 
Unidade 1 – Fundamentos da Ética e da Moral: contexto histórico e social, 
conceitos e definições fundamentais. 
 Distinguindo Ética da Moral. 
 O caráter histórico e social da Moral. 
 O caráter histórico e social da Ética. 
 
Unidade 2 – Problemas Éticos e problemas morais: consciência moral, virtude, 
amizade, liberdade e felicidade. 
 A consciência moral e os valores éticos. 
 A busca da felicidade: virtude e o bem viver em Aristóteles. 
 Aristóteles e a amizade como um problema ético-moral. 
 Pensando a liberdade: La Boétie e Sartre. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
Unidade 3 – Ética aplicada: a ética na empresa e nos negócios. 
 Pressupostos teóricos da ética empresarial: história e 
desenvolvimento. 
 Empresa ética e visão ético-empresarial. 
 A ética nos negócios ou negociando com ética: lucro x princípios 
morais. 
 O código de ética profissional: funções e limites. 
 
Unidade 4 - Ética profissional e responsabilidade social. 
 Ética profissional: os valores sociais da profissão. 
 O desempenho ético-profissional: ambiência e relações pessoais. 
 Ética e responsabilidade social nos negócios. 
 Decisões morais racionais. 
 
Bibliografia Básica 
VAZQUEZ, A. S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. 304p. 
CAMARGO, M. Fundamentos de ética geral e profissional. 3ª. ed. Petrópolis: 
Vozes, 2002. 118p. 
Bibliografia Complementar 
NASH, L. Ética nas empresas: boas intenções à parte. São Paulo: Makron Books, 
2001. 359p. 
ASHLEY, P. A. (Coord.). Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. São 
Paulo: Saraiva, 2002. 340p. 
 
 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
Palavra da Reitora 
 
Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, 
exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de 
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO Virtual, que reúne os diferentes 
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi 
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero 
bem-sucedidas mundialmente. 
São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio 
dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço 
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio 
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se 
responsável pela própria aprendizagem. 
O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que 
permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo 
momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de 
nossa plataforma. 
Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores 
especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são 
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. 
A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a 
distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo 
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, 
graduação ou pós-graduação. 
Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando 
as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o 
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. 
 
Seja bem-vindo à UNIVERSO Virtual! 
Professora Marlene Salgado de Oliveira 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
Reitora 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
1. Apresentação da disciplina ............................................................................................................. 09 
2. Plano da disciplina .............................................................................................................................. 11 
3. Unidade 1 – Fundamentos da Ética e da Moral: contexto histórico e 
 social, conceitos e definições fundamentais. ......................................................................... 13 
4. Unidade 2 – Problemas éticos e problemas morais: consciência moral, virtude, 
amizade, liberdade e felicidade. ..................................................................................................47 
5. Unidade 3 – Ética aplicada: a ética na empresa e nos negócios ................................... 85 
6. Unidade 4 – Ética profissional e responsabilidade social .................................................117 
7. Considerações finais........................................................................................................................... 153 
8. Conhecendo a autora ........................................................................................................................154 
9. Referências ............................................................................................................................................. 155 
10. Anexos ...................................................................................................................................................... 165 
 
 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
Apresentação da Disciplina 
 
Caro aluno, 
Seja bem-vindo à disciplina Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade. 
O tema da ética constitui-se em uma das áreas de conhecimento da Filosofia 
que mais desperta interesse em nossa sociedade nos dia de hoje. Sabe-se, por 
exemplo, a maioria das profissões e empresas possui seus códigos de ética, o que 
nos leva a supor que estas se preocupam, especificamente, na fundamentação e 
sistematização dos princípios e valores que orientarão respectivamente as ações 
dos seus profissionais e dos seus funcionários. Também, podemos constatar um 
profundo interesse em discutir e refletir sobre os problemas relacionados à vida 
humana, principalmente, devido às descobertas mais recentes da medicina, da 
biologia e da genética que promovem uma alteração inigualável nos padrões 
habituais pelo qual pensávamos e reagíamos a situações, como a clonagem 
humana, o uso de alimentos transgênicos e a utilização de células tronco. 
Por outro lado, igualmente, constata-se uma preocupação em revisar os 
parâmetros habituais do homem em relação ao meio ambiente, assim como do 
nosso dever em conscientizarmos, do ponto de vista ético, a responsabilidade com 
o futuro de nossa espécie e das demais que habitam o nosso planeta. Estas são 
apenas algumas das questões que suscitam um debate relacionado à ética e à 
moral verificadas por nós diariamente nos jornais, revistas e nos noticiários da 
televisão. 
Mas porque este interesse tão grande sobre a ética? A ética, mais do que 
qualquer outra disciplina, está diretamente relacionada à nossa experiência 
cotidiana. Ela nos conduz a uma reflexão crítica acerca dos valores adotados por 
nós, o sentido dos atos praticados e a forma pela qual as nossas decisões são 
tomadas e que tipo de responsabilidade devemos ter sobre elas. A ética é um 
campo de estudo altamente controverso e absolutamente relevante para nossa 
época. 
Desejando ou não, todos nós somos confrontados por questões éticas a cada 
dia. Cada vez mais somos sobrecarregados de perguntas que, no fundo, são 
estritamente éticas. Vemo-nos cercados por decisões acerca de como devemos 
viver e de que tipo de pessoas devemos ser. De certa forma, possuímos consciência 
9 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
de que o que fazemos e quem somos são coisas absolutamente relevantes para 
nossa conduta enquanto ser social. Diante dessa perspectiva, estamos todos, de 
certa forma, refletindo sobre a ética. 
Neste sentido, é concebível afirmar que a ética está tão próxima de nós quanto 
estamos próximos dela. Contudo, o estudo da ética não se deve limitar em discutir 
e apresentar apenas os seus pressupostos fundamentais. Necessitamos ir sempre 
além deles, promovendo em nossa prática cotidiana os elementos que nos 
conduzirão a sermos indivíduos mais atentos com os valores básicos de nossa 
sociedade, e assim, tornando-nos capazes de possuirmos responsabilidade sobre 
nossas ações a fim de torná-las eticamente possíveis. Por isso, espera-se que o 
estudo da ética não seja tomado somente como exigência acadêmica. A ética é 
muito mais do que isso! 
Esta disciplina fora construída tendo em vista a fornecer um quadro geral de 
uma determinada questão ou problema, o que facilita o seu estudo em 
profundidade, pois permite facilmente uma visão crítica do âmbito em que está 
colocada cada questão particular da ética. Sendo assim, esta disciplina não se 
constitui em uma síntese esquemática e sufocante como muitas vezes acontece 
com certas apostilas e manuais, mas procura oferecer uma exposição que 
contempla o que há de mais valioso sobre uma determinada questão ou assunto 
da ética, deixando outras para que você tenha iniciativa de investigá-la por conta 
própria diante das variadas sugestões de bibliografia que serão apresentadas ao 
longo das unidades. 
Neste contexto, a disciplina apresenta uma integração que se manifesta no 
equilíbrio da sua exposição, na proporção e divisão dos assuntos abordados de 
modo a facilitar a compreensão em seu conjunto. Por outro lado, o 
desenvolvimento linear das unidades tem por finalidade fazer você se contagiar 
pelo gosto da disciplina, do raciocínio e da utilização da reflexão ética na sua vida 
pessoal e profissional, pois veremos então que esta disciplina, em lugar de ser 
penosa como muitos pensam, é condição para o viver em harmonia e liberdade 
respeitando as diferenças. 
Estaremos sempre presentes para auxiliá-lo em suas tarefas. 
Bons estudos! 
10 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
Plano da Disciplina 
 
Esta disciplina fora construída tendo em vista a fornecer um quadro geral de 
uma determinada questão ou problema, o que facilita o seu estudo em 
profundidade, pois permite facilmente uma visão crítica do âmbito em que está 
colocada cada questão particular da ética. 
Desse modo, esta não se constitui em uma síntese esquemática e sufocante 
como muitas vezes acontece com certas apostilas e manuais, mas procura oferecer 
uma exposição que contempla o que há de mais valioso sobre uma determinada 
questão ou assunto da ética, deixando outras para que você tenha iniciativa de 
investigá-la por conta própria diante das variadas sugestões de bibliografia que 
serão apresentadas ao longo das unidades. 
Diante desse contexto, a disciplina Ética, Valores Humanos e 
Transdisciplinaridade apresenta uma integração que se manifesta no equilíbrio da 
sua exposição, na proporção e divisão dos assuntos abordados de modo a facilitar 
a compreensão em seu conjunto. Sendo assim, faremos um breve resumo de cada 
unidade, enfatizando seus objetivos para que você tenha uma visão geral daquilo 
que irá estudar: 
Unidade 1: Fundamentos da Ética e da Moral: contexto histórico e social, 
conceitos e definições fundamentais 
Apresenta esquematicamente os aspectos históricos e sociais da ética e da 
moral e situa os seus elementos constitutivos no desenvolvimento da humanidade. 
Objetivo: expor a problemática relativa à distinção entre ética e moral e suas 
respectivas definições e objetos de estudo. 
 
Unidade 2: Problemas Éticos e problemas morais: consciência moral, virtude, 
amizade, liberdade e felicidade 
Esta unidade fornece os problemas norteadores da ética e discute a 
problemática da liberdade, da responsabilidade e do determinismo nos filósofos La 
Boétie e Sartre e, em seguida, dá noções de felicidade amizade e virtude na 
reflexão filosófica de Aristóteles. 
11 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
 
Objetivo: refletir sobre a nossa prática cotidiana e avaliar a direção para a qual 
nossos valores éticos dirigem-se no mundo em que vivemos hoje. 
 
Unidade 3: Ética aplicada: a ética na empresa e nos negócios 
Trata dos pressupostos teóricos da ética empresarial e seus fundamentos, para 
a partir deste, expor os aspectos éticos presentes nas relações comerciais ou nos 
negócios. 
Objetivo: abordar a prática da ética no nível das organizações e nos negócios. 
 
Unidade 4: Ética profissional e responsabilidade social 
Esta unidade versará sobre problemática relativa à distinção aos valores sociais 
da profissão. Trata-se, portanto, de debater a essência da ética profissional. 
Objetivo: expor os conceitos capitais da ética e da responsabilidade social nos 
negócios e expor os princípios norteadores das decisões morais racionais. 
 
12 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
Fundamentos da Ética e da 
Moral: contexto históricoe 
social, conceitos e 
definições fundamentais 
Distinguindo Ética de Moral. 
O caráter histórico e social da Moral. 
O caráter histórico e social da Ética. 
1 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
14 
 
Caro aluno, bem-vindo à nossa primeira unidade de estudo. Comecemos esta 
módulo apresentando a você o contexto histórico do surgimento da ética e da 
moral, assim como os principais conceitos e definições que as envolvem. Trata-se, 
portanto, de uma unidade introdutória cujo teor da abordagem preparará você ao 
entendimento seguro das questões tratadas nas unidades seguintes. Espero que, 
por intermédio desta explicação, você sinta-se confortável ao se introduzir no 
universo especulativo da ética e seus problemas fundamentais. 
 
Objetivos da unidade 
 Apresentar a problemática relativa à distinção entre ética e moral, 
assim como as suas respectivas definições e objetos de estudo. 
 Esboçar, de forma esquemática, os aspectos históricos e sociais da 
ética e da moral. 
 Situar os seus elementos constitutivos no desenvolvimento da 
humanidade. 
 
Plano da unidade 
 Distinguindo Ética de Moral. 
 O caráter histórico e social da Moral. 
 O caráter histórico e social da Ética. 
 
Como parceiros de sua aprendizagem, desejamos sucesso na sua formação! 
Bons Estudos! 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
15 
 
Distinguindo Ética da Moral 
No sentido geral, a palavra ética origina-se do grego antigo ήθική [ήθική 
φιλοσοφία] "filosofia moral" e do adjetivo ήθος (ēthos) que quer dizer "costume, 
hábito". Conexo ao conceito de ética está o conceito de moral, também originado 
de uma palavra grega “mores” (ήθος = mos) possui aparentemente um significado 
semelhante ao de ética. No entanto, se atentarmos como os gregos realmente 
usavam a grafia e a pronúncia do termo ēthos, nota-se uma nítida diferença de 
significado entre ambas. São elas: 
 (pronunciado como êtos) = para designar "costume”. 
 (pronunciado como étos) = para designar a índole, no sentido de caráter 
e temperamento natural da pessoa. 
 
Compreendeu como a diferença da pronúncia de ēthos altera substancialmente o 
seu significado? Certamente, em um ato concreto realizado por uma pessoa a diferença 
de sentido entre ambas não são claramente percebida. Por exemplo: o ato do cidadão 
grego de partir, com seus iguais, para a guerra, em defesa da cidade-estado (pólis), está 
presente nos dois sentidos indicados pelas duas palavras gregas. É costume da cidade 
grega que o cidadão seja soldado e não escravo, pois o ato de defender a cidade é um 
ato honroso. Com efeito, o ato de ir à guerra diz também algo íntimo acerca do homem, 
pois está relacionado ao seu caráter: ele é um homem corajoso e, como tal, valoroso. 
Vejam, nestas frases comuns entre nós, como os dois sentidos da palavra ēthos 
utilizados pelos gregos antigos estão intimamente relacionados: 
 
a) "O rapaz foi muito ético: não revidou agressão." 
b) “Aquele político é um homem ético." 
c) "Todos aqui o respeitam como um homem de moral." 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
16 
 
Diferentemente dos gregos, os romanos utilizavam a palavra latina mos 
(mores) para designar o costume ou costumes. Foi a partir deste termo romano que 
surge o modo como entendemos o significado de moral na Língua Portuguesa. 
Sendo assim, na nossa Língua, os dois termos, ética e moral, 
implicam, simultaneamente, de alguma forma, nos dois 
significados diferentes antigos e, de fato, tanto a ética 
quanto a moral, incidem sobre estas duas dimensões, ou 
seja, uma valoração do homem como tal e do seu agir em 
conformidade ou não com os costumes e a tradição. 
Reconhecendo as dificuldades para separar de modo consensual e técnico o 
que é ético do que é moral, em um terreno em que não há acordo fácil entre os 
filósofos sobre a distinção entre ambas, vejamos como o dicionário de Aurélio 
Buarque de Holanda as define: 
1. ÉTICA: refere-se ao "estudo dos juízos de apreciação referentes à 
conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e 
do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo 
absoluto" (HOLANDA, 1999, p. 848-849). 
2. MORAL: refere-se ao "conjunto de regras de conduta consideradas 
como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, 
quer para grupo ou pessoa determinada" (HOLANDA, 1999, p. 978-
979). 
IMPORTANTE: 
A distinção do dicionarista está de acordo com a certa tradição 
filosófica: a de considerar moral como as normas de convivência social e ética como 
o estudo e a reflexão teórica, sobre a moral, o comportamento moral dos homens e 
as valorações morais das diferentes culturas e sociedade, segundo uma 
metodologia estritamente racional, ou seja, filosófica e científica (Cf. VÁZQUEZ, 
2001). 
Percebe-se claramente que as definições de ética e moral fornecidas pelo 
dicionarista apresentam uma diferença técnica entre os dois termos, segundo seu 
uso correto em nossa língua, em que está também a chave da solução para 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
17 
 
entender o modo confuso e equivocado com que as duas palavras são usadas: os 
homens modernos não gostam de dizer que suas ações são morais, pois isto 
equivaleria a dizer que elas são corretas apenas porque são conformes ao costume 
e à tradição. Preferem dizer que agem segundo uma ética para denotar um 
suposto caráter independente, reflexivo e filosófico de sua posição existencial e 
política. 
Diante dos clamores da imprensa, dos políticos e dos militantes dos 
movimentos sociais por "mais ética na política", nos 
últimos anos, usa-se o termo ética e não o termo moral 
para uma fuga, até certo ponto fictícia, do caráter 
"tradicionalista" da moral. Por um lado, se avaliarmos bem 
quais seriam os "princípios éticos" que, em última análise, 
se espera dos políticos, encontraríamos antigos valores da cultura ocidental, 
consignados em mandamentos da lei de Deus, conforme a tradição mosaica e 
incorporada pelo cristianismo: “Não matarás; não roubarás”; “não levantarás falso 
testemunho”; “não cobiçarás as coisas alheias” (Cf. VÁZQUEZ, 2001). 
Diante disso, o apelo por mais ética na política nada mais é do que um apelo 
por mais fidelidade aos antigos valores morais do mundo ocidental. Desta forma, lá 
onde se alardeia uma novidade, produto de uma reflexão "filosófico-ética" original, 
nada mais há do que valores antigos sob novos nomes ou "novas fachadas". Por 
outro lado, há níveis de complexidade dos problemas humanos reais e concretos 
que já não são tão facilmente resolvidos com base nos costumes tradicionais. 
Veja-se que ninguém precisa fazer apelo à reflexão ética para dizer que "é 
imoral um vizinho roubar o cachorro do outro e dá-lo de presente a um amigo". Em 
geral, poder-se-ia dizer que a lei moral "não roubarás" surgiu neste mesmo 
contexto elucidativo, ou seja, problemas humanos antigos continuam sendo 
suficientemente bem resolvidos pela moral tradicional. Logo, um dos grandes 
dilemas dos estudos da moral na atualidade pode ser resumido nas seguintes 
questões: existem ou não valores morais válidos para todos os homens? Como 
justificar a classificação das ações em moralmente corretas ou incorretas, boas ou 
más? 
Tradição mosaica: 
tradição proveniente dos 
ensinamentos de Moisés. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
18 
 
Retomando a problemática da distinção conceitual entre ética e moral, 
Vázquez afirma que a “ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos 
homens em sociedade. Ou seja, é a ciência de uma forma específica do 
comportamento humano” (VÁZQUEZ, 2001, p. 12). Essa definição ressalta o caráter 
científico da ética, isto é, corresponde à necessidade de uma abordagem científica 
dos problemas morais. 
Por outro lado, Valls afirma que: 
“a ética preocupa-se com as formas humanas de 
resolver as contradições entrenecessidade e 
possibilidade, entre tempo e eternidade, entre o 
individual e o social, entre o econômico e o moral, entre 
o corporal e o psíquico, entre o natural e o cultural e 
entre a inteligência e a vontade, evidenciando as 
contradições enfrentadas pelos indivíduos na tomada 
de decisões envolvendo dilemas éticos (VALLS, 1996, p. 
48). 
Comparando as definições fornecidas pelos autores, poderemos traçar o 
seguinte esquema: 
1. a ética relaciona-se com a ciência (o conhecimento científico); 
2. a ética relaciona-se com avaliação da conduta humana; 
3. a ética é uma ciência normativa; 
4. a ética, pelo contrário, é uma reflexão filosófica, logo puramente 
racional; 
5. a ética possui um caráter universalista opostamente ao caráter 
restrito da moral. 
Conforme explicitado, os problemas éticos caracterizam-se pela sua 
generalidade; isto os distingue dos problemas morais relativos à vida cotidiana. De 
acordo com Vázquez, “por causa de seu caráter prático (…), tentou-se ver na ética 
uma disciplina normativa, cuja função fundamental seria a de indicar o 
comportamento melhor do ponto de vista moral” (VÁZQUEZ, 2001, p. 10). Desse 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
19 
 
modo, o ético tornar-se-ia uma espécie de “legislador do comportamento moral” 
dos indivíduos ou da comunidade. 
No entanto, ainda segundo Vázquez: 
 
A função fundamental da ética é a mesma de toda 
teoria: explicar, esclarecer ou investigar uma 
determinada realidade, elaborando os conceitos 
correspondentes. Por outro lado, a realidade moral 
varia historicamente e, com ela, variam os seus 
princípios e as suas normas (VÁZQUEZ, 2001, p. 10). 
 
Portanto, não cabe à ética formular juízos de valor sobre a prática moral de 
outras sociedades ou épocas, mas sim explicar a razão de ser destas mudanças de 
moral, esclarecendo o fato de o homem ter recorrido a práticas morais diferentes e 
até opostas. É importante notar que a ética não deve ser confundida com moral, 
como podem induzir expressões correntes como “ética católica” ou “ética do 
capitalismo”. 
Segundo Robert Srour: 
Enquanto a moral tem uma base histórica, o 
estatuto da ética é teórico, corresponde a uma 
generalidade abstrata e formal. A ética estuda as morais 
e as moralidades, analisa as escolhas que os agentes 
fazem em situações concretas, verifica se as opções se 
conformam aos padrões sociais. (…). Distingue-se das 
morais históricas que imbuem coletividades amplas 
(nações, classes ou categorias sociais) e que remetem a 
conceitos específicos ou de “espécie” (SROUR, 2000, p. 
270). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
20 
 
Embora sejam temas de natureza teórica, as definições 
construídas pela ética podem interferir substancialmente nas 
práticas morais. Por isso, Vázquez afirma que teoria ética e a 
prática moral, ainda que distintas, devem viver entrelaçadas 
ou, nas suas palavras, em “retroalimentação” permanente. 
Neste sentido, a ética estudaria os comportamentos “prático-
morais”, trazendo-lhes depois questionamentos e 
proposições. 
Quanto à moral, entende-se um conjunto de normas e 
regras destinadas a regular as relações entre os indivíduos. O seu significado, função e 
validade não podem deixar de receber uma variação histórica nas diferentes sociedades. 
De fato, o comportamento moral varia de acordo com o tempo e o lugar, conforme as 
exigências nas quais os indivíduos se organizam ao estabelecerem as formas de 
relacionamento e as práticas de trabalho. À medida que estas relações se alteram, exige-
se uma modificação progressiva nas normas do comportamento coletivo. Por exemplo, 
a idade média caracterizava-se pelo regime feudal, baseado, sobretudo, na hierarquia 
de suseranos, vassalos e servos (ARANHA, 2003). 
Neste regime, o trabalho era garantido pelos servos, possibilitando aos nobres uma 
vida dedicada ao ócio e à guerra. A moral cavalheiresca deriva e baseia-se no 
pressuposto da superioridade da nobreza, exaltando a virtude da lealdade e da 
fidelidade — suporte do “sistema de suserania”. Em contraposição, o trabalho é 
desvalorizado e restrito aos servos. Esta situação foi alterada substantivamente com o 
aparecimento da burguesia, a qual, formada pelos antigos servos libertos, tendeu a 
valorizar o trabalho e criticar a ociosidade (Cf. ARANHA, 2003). 
IMPORTANTE: 
Diante disso, é possível perceber que uma mudança radical na estrutura 
social acarreta uma mudança fundamental de moral. Em cada indivíduo, 
entrelaça-se, de modo particular, uma série de relações sociais próprias ou particulares 
de sua época ou da sua sociedade, o que demonstra que a sua individualidade possui 
também um caráter social. Percebe-se, por outro lado, que existe uma gama de padrões 
que, em cada sociedade, modelam o comportamento individual, o seu modo de 
trabalhar, o seu modo de se vestir, sentir, amar, etc. Estes padrões variam de uma 
sociedade para outra e, por isso, não há sentido em falar de uma individualidade fora 
das relações que os indivíduos encontram na sociedade. 
Retroalimentação 
significa, neste contexto, 
uma troca constante e 
mútua de elementos da 
moral e da ética que se 
entrecruzam 
simultaneamente. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
21 
 
Contudo, ainda que a moral mude historicamente, e uma mesma norma moral 
possa apresentar um conteúdo diferente em diferentes contextos sociais, a função 
social da moral em seu conjunto ou de uma norma particular é a mesma, isto é, 
regular as ações dos indivíduos nas suas relações mútuas ou as do indivíduo com a 
comunidade, objetivando preservar a sociedade no seu conjunto ou a integridade 
do grupo social. 
Para Vázquez (2001, p. 233): 
Assim a moral cumpre uma função social bem 
definida: contribuir para que os atos dos indivíduos ou 
de um grupo social desenvolvam-se de maneira 
vantajosa para toda a sociedade ou para uma parte. 
 
A moral implica, portanto, uma relação livre e consciente entre os indivíduos 
ou entre estes e a comunidade. Mas esta relação está também socialmente 
condicionada, precisamente porque o indivíduo é um ser social ou um nexo das 
relações sociais. O indivíduo se comporta moralmente no quadro de certas relações 
e condições sociais determinadas que ele não escolheu e dentro também de um 
sistema de princípios, valores e normas morais que não inventou, mas que recebe 
socialmente e segundo o qual regula as suas relações com os demais ou com a 
comunidade inteira. 
Com base nestes elementos conceituais, podemos definir a moral da seguinte 
forma: 
“A moral é um sistema de normas, princípios e 
valores, segundo o qual são regulamentadas as 
relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a 
comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas 
de um caráter histórico e social, sejam acatadas livre e 
conscientemente, por uma convicção íntima, e não de 
uma maneira mecânica, externa e impessoal (VÁZQUEZ 
2001, p. 84). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
22 
 
A moral, portanto, possui um caráter social, porque os indivíduos se sujeitam a 
princípios, normas ou valores socialmente estabelecidos. Também, regula somente 
atos e relações que acarretam consequências para outros e exigem 
necessariamente a sanção dos demais. Por outro lado, cumpre a função social de 
induzir os indivíduos a aceitar livre e conscientemente determinados princípios, 
valores e interesses. 
Com base na definição de moral em Vázquez, delinearemos um quadro 
comparativo entre ética e moral. Vejamos a seguir: 
ÉTICA MORAL 
Parte da filosofia prática que objetiva elaborar 
um reflexão sobre os problemas fundamentais 
da moral fundamentado em um estudo 
metafísico do conjunto de regras da conduta 
considerada como universalmente válida. 
A moral é uma forma de comportamento 
humano que compreende tanto uma aspecto 
normativo quanto um aspecto factual. 
Diferente da moral, a éticapreocupa-se em 
detectar os princípios de uma vida conforme a 
sabedoria filosófica, em elaborar uma reflexão 
sobre as razões de se desejar a justiça e a 
harmonia e sobre os meios de alcançá-la. 
A moral é um fato social. 
A ética é a ciência da moral, ou seja, de uma 
esfera do comportamento humano. Neste 
sentido, a ética não é moral nem a moral é 
científica. 
Embora a moral possua um caráter social, o 
individuo tem um papel fundamental, pois a 
moral exige a interiorização das normas e 
deveres. 
Diante desse quadro comparativo, é possível constatar a confluência dos 
enunciados com as definições de ética e moral formuladas anteriormente. Ética e 
moral relacionam-se, mas com objetos diferenciados, específicos e bem definidos. 
Com efeito, ambas as palavras mantêm uma relação que não possuíam 
propriamente em suas origens etimológicas. Certamente, a moral diz respeito ao 
conjunto de normas ou regras adquiridas pelo hábito. Neste caso, a ela refere-se ao 
comportamento adquirido socialmente ou modo de ser conquistado pelo homem. 
A ética, por sua vez, baseia-se em um modo de comportamento que não 
corresponde a uma disposição natural, mas é adquirido ou conquistado pelo 
hábito. É precisamente esse caráter não-natural da forma de ser do homem que, no 
período antigo da humanidade, conferia a este mesmo homem uma “dimensão 
moral”. 
A seguir, discutiremos com mais detalhe o caráter histórico e social da moral, 
especificando esta dimensão moral do homem. Preparados? 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
23 
 
 
O caráter histórico e social da Moral 
 
Mesmo considerando a origem divina das ideias morais, por intermédio das 
quais os indivíduos teriam adquirido a consciência dos meios adequados à sua 
elevação ao plano espiritual dos valores perenes, a investigação do problema da 
moral não pode desprezar os processos históricos responsáveis pelos mecanismos 
de criação, funcionamento e aplicação dos padrões e das regras morais. Todas as 
sociedades humanas possuem valores padrões, normas de conduta e sistemas que 
garantem a aplicação e o funcionamento das mesmas. 
O estudo do modo de implementação social desses sistemas de regulação 
moral revela-nos que o fundamento sobre o qual repousam constitui-se de hábitos 
e atitudes firmados diante de “padrões de conduta”, que funcionam como 
“cimento da unidade social dos grupos humanos”. A questão que nos interessa é 
saber se estes padrões de conduta moral são impostos a partir da própria estrutura 
de poder vigente ou se refletem a natureza geral humana. 
IMPORTANTE: 
No primeiro caso, a existência desses padrões é objetiva: está posta nas 
leis e normas emanadas das instâncias de poder. No segundo caso, fazem-se 
necessárias especulações e discussões sobre o que é a natureza humana e como 
ela deve ser cuidada para se manter fiel a si mesma. Para auxiliarmos no 
entendimento destas questões, verificaremos o comentário de Howard Parsons 
(1982, p. 158) sobre esta problemática: 
A “moral”, em suas raízes latinas, caracteriza-se 
como algo de pesado, inamovível e campesino: os 
mores são os usos e costumes de um povo, embebido 
de hábitos que estão na base dos seus caracteres e que 
os une num sólido liame. Destruam os mores, 
destruirão os homens e a sociedade. A moral 
tradicional, porém, não satisfaz muita gente hoje em 
dia. A sociedade e a mores estão em uma convulsão 
como nunca se viu antes. Deriva daí que a nossa 
pesquisa não deve voltar-se nem tanto para uma nova 
moral (os frutos), nem tampouco para velhas morais 
(troncos vazios), e sim para raízes eternas. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
24 
 
Baseados no comentário citado pelo autor, podemos dividir as concepções 
quanto à origem da moral em dois tipos básicos: aquelas que explicam esta origem 
por princípios metafísicos e, como tal, supra-históricos ou a-históricos. Alinham-se 
neste primeiro tipo as teorias que veem um poder sobre-humano como fonte das 
normas morais. Também as que veem o homem como origem e fonte da moral, 
mas referindo-se a uma essência eterna e imutável a todos os indivíduos. De outro 
lado, estão as teorias historicistas, ou seja, as que procuram a origem da moral no 
horizonte da história, vendo-a como produto histórico e social do homem. 
Entre as teorias a-historicistas ou metafísicas, 
poder-se-ia citar a posição Neotomista. Esta corrente 
de pensamento europeia e católica (representada por 
Garrigou-Lagrange e Jacques Maritain) surgiu entre as 
duas grandes guerras mundiais e que teve penetração 
no Brasil a partir dos anos cinquenta através do Pe. 
Leonel Franca e de Alceu de Amoroso Lima (Tristão de 
Ataíde). Estes seguem o pensamento de São Tomás de 
Aquino e afirmam que o homem é dotado de um 
senso moral natural, "no sentido de que possui uma 
infalibilidade resultante da própria natureza da 
inteligência" (Cf. ARANHA, 2003, p. 67). 
O senso moral, segundo Tomás de Aquino, é o 
"sentimento imediato e absoluto da lei reguladora do 
conhecimento e da ação práticos", define-se 
"adequada e essencialmente pelo princípio de que é 
preciso fazer o bem e evitar o mal". Desta forma, a 
vontade humana tende necessariamente para o bem. 
Por esta razão, os sentimentos morais, considerados 
componentes da consciência moral, manifestem uma 
tendência ao bem e uma repulsa ao mal, o respeito do 
dever e a antipatia pela má conduta. 
Tomás de Aquino que foi 
chamado o mais sábio dos 
santos e o mais santo dos 
sábios. Seu maior mérito foi a 
síntese do cristianismo com a 
visão aristotélica do mundo, 
introduzindo o aristotelismo, 
sendo redescoberto na Idade 
Média, na escolástica anterior, 
compaginou um e outro, de 
forma a obter uma sólida base 
filosófica para a teologia e 
retificando o materialismo de 
Aristóteles. Em suas duas 
"Summae", sistematizou o 
conhecimento teológico e 
filosófico de sua época : são elas 
a "Summa Theologiae", a 
"Summa Contra Gentiles" 
(Disponível em: 
<www.wikpedia.com.br>. 
Acesso em 16 maio 2008.) 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
25 
 
As teorias historicistas, por outro lado, defendem que a moral de uma 
comunidade encontra-se essencialmente em seus costumes. Em outras palavras, 
para estes os costumes dizem como cada homem deve agir em situações concretas 
em função daquilo que a comunidade considera como sendo o bem e o mal. Por 
isso, consideram o modo de agir e de pensar baseado na "moral" como aquele que 
está em conformidade com a moralidade. Por sua vez, para estes a moralidade 
consiste na obediência ao costume de tal forma que onde não há nenhum 
costume classificado como certo, não há moralidade, pois se pode agir de 
diferentes modos sem que nenhum deles seja visto pela comunidade como um ato 
imoral ou amoral. 
Mas o que é imoral e amoral? No sentido geral, o termo imoral significa algo 
que é contrário à moral. Especificamente, diz respeito a uma conduta ou regra que 
contraria a moral prescrita pela sociedade. Em outras palavras, entende-se por 
imoral tudo aquilo que uma sociedade (em um determinado espaço e tempo) 
consensualmente não admite ou julga ser correto ou justo em relação à conduta 
ou ao comportamento social de um indivíduo e um grupo de indivíduos que 
pertencem a ela. 
De outra forma, o termo amoral significa propriamente ausência de moral, ou 
seja, é o instante que não se pode avaliar ou emitir um juízo de valor de natureza 
moral ou imoral sobre o agir de um indivíduo ou mesmo um grupo de indivíduos 
pertencentes a uma determinada sociedade. 
Percebeu como estes dois termos estão intimamente relacionados ao 
comportamento dos indivíduos no seio da sociedade? É exatamente este o ponto 
de vista de Vázquez (2001, p. 244): 
A necessidade de ajustar o comportamento de 
cada membro aos interesses da coletividade leva a que 
se considere como bom ou proveitoso tudo aquilo que 
contribui para reforçar a união ou a atividade comum e,ao contrário, que se veja como mau ou perigoso o 
oposto; ou seja, o que contribui para debilitar o minar a 
união; o isolamento, a dispersão dos esforços, etc. 
Estabelece-se, assim, uma linha divisória entre o que é 
bom e o que é mau, uma espécie de tábua de deveres 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
26 
 
ou obrigações baseada naquilo que se considera bom 
ou útil para a comunidade. Destacam-se, assim, uma 
série de deveres: todos são obrigados a trabalhar, a 
lutar contra os inimigos da tribo, etc. Estas obrigações 
comuns comportam o desenvolvimento das qualidades 
morais relativas aos interesses da coletividade: 
solidariedade, ajuda mútua, disciplina, amor aos filhos 
da mesma tribo, etc. O que mais tarde se qualificará 
como virtudes ou como vícios acha-se determinado 
pelo caráter coletivo da vida social. Numa comunidade 
que está sujeita a uma luta incessante contra a 
natureza, e contra os homens de outras comunidades, o 
valor é uma virtude principal porque o valente presta 
um grande serviço à comunidade. Por razões análogas, 
são aprovadas e exaltadas a solidariedade, a ajuda 
mútua, a disciplina, etc. Ao contrário, a covardia é um 
vício horrível na sociedade primitiva porque atenta, 
sobretudo contra os interesses vitais da comunidade. E 
se deve dizer a mesma coisa de outros vícios como o 
egoísmo, a preguiça, etc. 
Cabe notar que a partir desta consideração, Vázquez entra em uma calorosa 
discussão entre as teses metafísicas e historicistas sobre a origem da moral, o que 
nos conduz a uma reflexão sobre os seus fundamentos, ou seja, uma discussão a 
respeito da legitimidade com que a moral se impõe aos indivíduos. Se a moral 
possui uma origem metafísica, não está ao alcance do 
homem modificar seus postulados fundamentais, tais 
como, o princípio "faça o bem e evite o mal". Um princípio 
metafísico como este garante por si mesmo uma forte 
fundamentação teórica para o ordenamento moral da 
sociedade. Se concepções historicistas da origem da moral estiverem certas, a 
moral a que estamos submetidos relativiza-se os nossos próprios atos, o que torna 
um desafio repensar os seus fundamentos. 
Com efeito, torna-se possível não apenas reformá-la, mas fazê-la com a 
consciência de que ela é apenas um produto humano. Isto retira boa parte de sua 
força de imposição e legitimidade proveniente da ideia de sua origem metafísica, 
transcendente e sagrada. O que acontece com o indivíduo e com a sociedade que 
dessacraliza sua moral? Surge o risco da desordem e da desestruturação da 
sociedade? Desestruturar a sociedade é correr risco de voltarmos para a 
animalidade, para a barbárie. 
Barbárie: estado ou 
condição de bárbaro. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
27 
 
Por conta disso, o âmbito da moral passar a existir como um traço de formação 
que todo homem recebe do processo de interação. Essa formação é inteiramente 
não-religiosa na sua própria justificação: por isso se diz que a moral do homem 
moderno é laicizada. Os valores morais não são reconhecidos como revelados por 
uma um origem divina, ou seja, trata de valores que não são sagrados. Ao 
contrário, estes valores são resultantes do processo histórico de sua 
dessacralização. A eles recusa-se qualquer transcendência, qualquer caráter 
sagrado. Mas existem objetivamente e sua existência pode até ser estatisticamente 
verificada, ou seja, justificada através de critérios científicos. 
Não é somente o critério científico que a moral justifica-se. Ela pode ainda ser 
justificada pelos seguintes critérios: 
 critério de justificação social: na medida em que a moral 
desempenha a função social de garantir o comportamento dos 
indivíduos de uma comunidade numa determinada direção, toda 
norma corresponderá aos interesses e necessidades sociais. Em 
suma, em uma comunidade em que se verifica a necessidade de um 
indivíduo ou o interesse de um indivíduo particular, justifica-se uma 
norma que exige o seu comportamento adequado; 
 critério de justificação prática: uma norma moral somente pode 
ser justificada se forem verificadas as condições reais para que a sua 
aplicação não se ponha às necessidades sociais da comunidade. 
Sendo assim, em uma determinada comunidade na qual se verificam 
as condições necessárias, justifica-se a norma que corresponde a tais 
condições; 
 critério de justificação lógica: a justificação lógica das normas 
satisfaz plenamente a função social de toda moral, pois impede que 
uma comunidade determinada elabore normas arbitrárias ou 
caprichosas que, precisamente, por não se integrarem no respectivo 
sistema normativo, entrariam em contradição com os interesses e 
necessidades da comunidade. Neste contexto, uma norma se 
justifica logicamente se demonstrada a sua coerência e não-
contraditoriedade com respeito às demais normas do código moral 
do qual faz parte. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
28 
 
Veremos a seguir alguns aspectos desta discussão, apresentando a você o 
contexto histórico e social da ética. Vamos lá? 
 
O caráter histórico e social da Ética 
Como já discutimos, toda coletividade humana possui sua própria moral ou 
suas morais (diferentes morais para diferentes grupos da mesma sociedade). Isto, 
porém, não significa que todo povo tenha uma ética, entendida como um estudo 
racional da moral. O nascimento (origem ou gênese) da moral data do próprio 
nascimento da coletividade humana e do seu processo de interação. Pode-se 
afirmar que as doutrinas éticas nascem e se desenvolvem em diferentes épocas e 
sociedades como respostas aos problemas básicos apresentados pelas relações 
entre os homens e, em particular, pelo seu comportamento moral efetivo. 
Por essa razão, existe uma estreita vinculação entre os conceitos morais e as 
realidades humana e social, sujeitas historicamente à mudança. Com efeito, as 
doutrinas éticas não podem ser consideradas isoladamente, mas dentro de um 
processo de mudança e de sucessão que constitui propriamente a história. Ética e 
história, portanto, relacionam-se duplamente: com a vida social e com a sua 
própria história, uma vez que cada doutrina ética está em conexão com as 
anteriores. 
Toda moral efetiva se elaboram certos princípios, valores ou normas. Assim, 
mudando radicalmente a vida social, muda também a vida moral. Os princípios, 
valores e normas encarnados nela entram em crise e exigem a sua justificação ou a 
sua substituição por outros. Assim explica-se o surgimento e sucessão de doutrinas 
éticas fundamentais em conexão direta com a mudança e sucessão de estruturas 
sociais e, dentro delas, da vida social. 
A gênese da moral é também um problema em relação à moral estabelecida 
na atualidade. O fato de ela estar estabelecida, de sustentar-se e perpetuar-se 
historicamente exige uma explicação. Por isso, do ponto de vista filosófico, há uma 
necessidade intrínseca para explicar a gênese e os pressupostos fundamentais da 
moral. A ética, enquanto estudo da moral, por outro lado, tem data de nascimento 
certa e, graças à história da filosofia, podemos conhecer o seu surgimento e a sua 
evolução. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
29 
 
A ética surgiu na Grécia, no século V a.C., com o surgimento dos sofistas e com 
a atitude de reação aos sofistas por parte de Sócrates. A sofística aparece num 
momento cultural e político muito específico da história e cultura grega. No 
período clássico grécia, os sofistas rejeitam a tradição mítica ao considerar que os 
princípios morais resultam de convenções humanas. Embora na mesma linha de 
oposição aos fundamentos religiosos, Sócrates se contrapõe aos sofistas ao buscar 
explicar os princípios morais não nas convenções, mas na natureza humana. 
Segundo Hamlyn (1990 p. 25): 
A ética propriamente dita começou com Sócrates, 
embora os sofistas lhe tenham dado um estímulo 
importante. Isto a despeito do fato de que Sócrates, a 
julgar pelas indicaçõesque nos dá Platão, se opunha a 
eles. Para seus contemporâneos, de qualquer maneira, 
eles provavelmente pareciam mais próximos a ele do 
que nos parece hoje. Os sofistas eram mestres 
ambulantes que davam cursos ou aulas individuais 
sobre vários assuntos e cobravam por esse privilégio. 
Alguns deles, pelo menos, parecem ter ganho bom 
dinheiro com essas atividades. É tentador atribuir a esse 
fato o desfavor em que são hoje tidos, embora seja 
duvidoso que cobrar honorários por serviços prestados 
tenha sido motivo de desaprovação para o ambiente 
ateniense típico de meados do século V a.C. Sócrates 
censurava-os porque achava que eles alegavam 
fornecer mais do que realmente davam. Em especial, 
alegava que eles diziam que podiam ensinar virtude ao 
homem e achava que não faziam nada disso. 
Um sofista era um professor e, por este motivo, a palavra sophistés era utilizada 
para se referir aos poetas, que foram os primeiros educadores na Grécia. Em 
princípio, a palavra sofista não possui um sentido pejorativo que veio adquirir mais 
tarde, em Atenas, quando os seus inimigos os acusavam de charlatães e 
mentirosos. O que ensinavam os sofistas? Os sofistas ensinavam a arte de 
argumentar e persuadir, arte decisiva para quem exerce a cidadania em uma 
democracia direta. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
30 
 
Mais uma vez, contudo, se acreditarmos nos diálogos de Platão, os 
próprios argumentos de Sócrates, considerados puramente como tais, são 
amiúde pouco melhores do que os de seus adversários sofistas. Pouca dúvida 
pode haver de que os contemporâneos de Sócrates o teriam julgado tão 
inigualável a esse respeito como os sofistas. Por outro lado, muitos 
tributavam a todos eles uma análoga admiração prudente. Sócrates, no 
entanto, exercia um fascínio próprio, como dá notícia Alcibíades em O 
Banquete, de Platão, e era o caráter do homem e a profundidade de sua 
consciência moral que o tornava especial. 
Inúmeros são os diálogos de Platão em que são descritas as discussões 
socráticas a respeito das virtudes e da natureza do bem. Resulta daí a convicção de 
que a virtude se identifica com a sabedoria e o vício com a ignorância. Neste 
termos, para Platão, a virtude pode ser aprendida. Na célebre passagem de 
República em que Platão descreve o mito da caverna reaparece essa ideia: o sábio é 
o único capaz de se soltar das amarras que o obrigam a ver apenas sombras e, 
dirigindo-se para fora, contempla o sol, que representa a ideia do Bem. Portanto, 
"alcançar o bem" se relaciona com a capacidade de "compreender bem". Todavia, 
apenas o filósofo atinge o nível mais alto de sabedoria, só a ele cabe a virtude 
maior da justiça e, portanto, lhe é reservada a função de governar a cidade. Outras 
virtudes menores, mas também importantes para a cidade, caberão aos soldados 
defensores da pólis e aos trabalhadores comuns, artesãos e comerciantes. 
 
IMPORTANTE: 
Herdeiro do pensamento de Platão, Aristóteles aprofunda a discussão a 
respeito das questões éticas. Mas, para este, o homem busca a felicidade, que 
consiste não nos prazeres nem na riqueza, mas na vida teórica e contemplativa cuja 
plena realização coincide com o desenvolvimento da racionalidade. O que há de 
comum no pensamento dos dois filósofos gregos em questão é a concepção de 
que a virtude resulta do trabalho reflexivo, da sabedoria, do controle racional dos 
desejos e paixões. Além disso, o sujeito moral não pode ser compreendido ainda, 
como nos tempos atuais, na sua completa individualidade. Os homens gregos são, 
antes de tudo, cidadãos, membros integrantes de uma comunidade, de modo que 
a ética se acha intrinsecamente ligada à política e a pólis. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
31 
 
No período helenista, os filósofos se ocupam 
predominantemente com questões morais, e 
destacam-se duas tendências opostas: hedonismo e o 
estoicismo. Para os hedonistas (do grego hedoné, 
"prazer"), o bem se encontra no prazer. O principal 
representante do hedonismo grego, Epicuro (341-270 
a.C.), considera que os prazeres do corpo são causas 
de ansiedade e sofrimento. Para permanecer 
imperturbável, a alma precisa desprezar os prazeres 
materiais, o que leva Epicuro a privilegiar os prazeres 
espirituais, dentre os quais aqueles referentes à 
amizade. 
Na mesma época, o estoico Zenon de Cítio (336-
264 a.C.) despreza os prazeres em geral, ao considerá-
los fonte de muitos males. As paixões devem ser 
eliminadas, porque só produzem sofrimento e, por 
isso, a vida virtuosa do homem sábio, que vive de 
acordo com a natureza e a razão, consiste em aceitar 
com impassibilidade o destino e o sofrimento (Cf. 
ARANHA, 2003). 
As teorias estoicas foram bem aceitas pelo 
cristianismo ainda na época do Império Romano, 
tendo também fecundado as ideias ascéticas do 
período medieval. Durante a Idade Média, a visão teocêntrica do mundo fez com 
que os valores religiosos impregnassem as concepções éticas, de modo que os 
critérios do bem e do mal se achavam vinculados à fé e dependiam da esperança 
de vida após a morte. Na perspectiva religiosa, os valores são considerados 
transcendentes, porque resultam de doação divina, o que determina a 
identificação do homem moral com o homem temente a Deus. 
No entanto, a partir da Idade Moderna, culminando 
no movimento da Ilustraçao no século XVIII, a moral se 
torna laica, secularizada. Ou seja, ser moral e ser religioso 
não são polos inseparáveis, sendo perfeitamente possível 
que um homem ateu seja moral e, mais ainda, que o 
fundamento dos valores não se encontre em Deus, mas no próprio homem. 
Epicuro (341-270 a.C.), filósofo 
grego (nascido em Samos) 
atomista, fundador do 
epicurismo. A base de seu 
sistema é uma física fundada 
nos *átomos como em 
Demócrito. Pontos últimos se 
deslocando no vazio. Os átomos 
constituem a explicação última 
do mundo: nada existe a não ser 
os átomos e o vazio no qual se 
move: a alma, como tudo o que 
existe, é formada de átomos 
materiais: tudo o que acontece 
no mundo deve-se às ações e 
interações mecânicas dos 
átomos. 
Visão teocêntrica é aquela que 
atribui Deus como centro de 
tudo. 
Laico e secular significam 
respectivamente o oposto ao 
eclesiástico. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
32 
 
O movimento intelectual do século XVIII conhecido como Iluminismo, 
Ilustração ou Aujklärung e que caracteriza o chamado Século das Luzes exalta a 
capacidade humana de conhecer e agir pela "luz da razão". Esta critica a religião 
que submete o homem à heteronomia, que o subjuga a preconceitos e o conduz 
ao fanatismo. Rejeita toda tutela que resulta do princípio de autoridade. Em 
contraposição, defende o ideal de tolerância e autonomia. 
No lugar das explicações religiosas, a Ilustração fornece três tipos de 
justificação para a norma moral: aquela se funda na lei natural (teses 
jusnaturalistas), no interesse (teses empiristas, que explicam a ação humana como 
busca do prazer e evitação da dor) e na própria razão (tese kantiana). 
A máxima expressão do pensamento iluminista encontra-se em Kant (1724-
1804) que, além da Crítica da razão pura escreveu a Crítica da razão prática e 
Fundamentação da metafísica dos costumes, nas quais desenvolve a sua teoria 
moral e ética. A razão prática diz respeito ao instrumento para compreender o 
mundo dos costumes e orientar o homem na sua ação. Analisando os princípios da 
consciência moral, Kant conclui que a vontade humana é verdadeiramente moral 
quando regida por imperativos categóricos. O 
imperativo categórico é assim chamado por ser 
incondicionado, absoluto, voltado para a realização da 
ação tendo em vista o dever. 
A tradição da moral ocidental encontrou no 
pensamento do filósofo alemão do século XVIII um 
momento de aparente resolução do antagonismo 
histórico entre as fontes judaicas e helênicas da 
moralidade. Para este, uma ação moralmente 
justificáveldeve ser pública e, como tal, não pode estar 
a serviço de qualquer intenção ou interesse particular ou egoísta. Deve-se, 
portanto, agir somente na medida em que a nossa ação possa ser imitada por 
todos sem prejuízo a ninguém. Ou seja, a norma a que obedeço é a norma que eu 
próprio me dou, mas que deve poder ser defendida publicamente, para que possa 
ser seguida por toda a humanidade como um “lei universal” ou , no mínimo, não 
ser rejeitada por esta. 
Imperativo categórico: Kant 
criou o termo imperativo no 
seu livro Fundamentação da 
Metafísica dos Costumes, 
escrito em 1785. Esta palavra 
pode ser entendida, segundo 
alguns autores, como uma 
analogia ao termo bíblico 
Mandamento. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
33 
 
Para Kant, esse ato de autonomia e de poder agir publicamente, sem ser 
acusado por ninguém, é a fonte da satisfação moral. Essa atitude moralmente 
válida decorre unicamente do uso de nossa capacidade racional, da liberdade da 
nossa vontade e, sobretudo, da orientação que, por educação, imprimimos à nossa 
vontade para que se torne boa ou para que seja absolutamente boa. 
Nesse sentido, fica patente que Kant rejeita as 
concepções morais predominantes até então, quer seja da 
filosofia grega, quer seja da cristã, e que norteiam a ação 
moral a partir de condicionantes como a felicidade ou o 
interesse privado. Por exemplo, para Kant não faz sentido 
agir bem com o objetivo de ser feliz ou evitar a dor, ou 
ainda para alcançar o céu ou não merecer a punição 
divina. O agir moralmente funda-se exclusivamente na 
razão. A lei moral que a razão descobre é universal, pois 
não se trata de descoberta subjetiva (mas do homem 
enquanto ser racional) e é necessária, pois é ela que 
preserva a dignidade dos homens. Isso pode ser 
sintetizado nas seguintes afirmações do próprio Kant (1988, p. 34): 
"Age de tal modo que a máxima de tua ação possa 
sempre valer como princípio universal de conduta"; 
"Age sempre de tal modo que trates a Humanidade, 
tanto na tua pessoa como na do outro, como fim e não 
apenas como meio". 
A autonomia da razão para legislar supõe a liberdade e o dever. Pois todo 
imperativo se impõe como dever, mas a exigência não é heterônoma — exterior e 
cega e sim livreniente assumida pelo sujeito que se autodetermina. Vamos 
exemplificar: suponhamos a norma moral "não roubar”. Para a concepção cristã, o 
fundamento da norma se encontra no sétimo mandamento de Deus. No entanto, 
para os teóricos jusnaturalistas (como Rousseau e Hobbes), ela se funda no direito 
natural, comum a todos os homens; por outro lado, para os empiristas (como 
Locke, Condillac) a norma deriva do interesse próprio, pois o sujeito que a 
desobedece será submetido ao desprazer, à censura pública ou à prisão. 
Lei moral é a expressão de 
um princípio moral, sob 
forma que explicite o que 
é o bem e o mal, a partir 
do qual se pode justificar a 
validade das normas ou 
valores morais por ele 
aceitos como fonte de 
sentido para a sua 
existência. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
34 
 
Para Kant, a norma se enraíza na própria natureza da razão; ao aceitar o roubo 
e consequentemente o enriquecimento ilícito, elevando a máxima (pessoal) ao 
nível universal, haverá uma contradição: se todos podem roubar, não há como 
manter a posse do que foi furtado. 
A reflexão ética de Kant foi importante para fornecer as categorias da 
moral iluminista racional, laica, acentuando o caráter pessoal da liberdade. 
Mas, a partir do final do século XIX e ao longo do século XX, os filósofos 
começam a se posicionar contra a moral formalista kantiana fundada na razão 
universal, abstrata, e tentam encontrar o homem concreto da ação moral. É 
nesse sentido que podemos compreender o esforço de pensadores tão diferentes 
como Marx, Nietzsche, Freud, Kierkegaard e os existencialistas. 
Vejamos a posição de Nietzsche. O pensamento de Nietzsche (1844-
1900) se orienta no sentido de recuperar as forças inconscientes, vitais, 
instintivas subjugadas pela razão durante séculos. Para tanto, critica 
Sócrates por ter encaminhado pela primeira vez a reflexão moral em 
direção ao controle racional das paixões. Segundo Nietzsche, nasce aí o 
homem desconfiado de seus instintos, tendo essa tendência culminado 
com o cristianismo, que acelerou a "domesticação" do homem (ARANHA, 
2003). 
Segundo Machado (1999), em diversas obras, como A genealogia da 
moral, Para além do bem e do mal e Crepúsculo dos ídolos Nietzsche faz a análise 
histórica da moral e denuncia a incompatibilidade entre esta e a vida. Em outras 
palavras, o homem, sob o domínio da moral, se enfraquece, tornando-se doentio e 
culpado. Nietzsche relembra a Grécia homérica, do tempo das epopeias e das 
tragédias, considerando-a como o momento em que predominam os verdadeiros 
valores aristocráticos, quando a virtude reside na força e na potência, sendo 
atributo do guerreiro belo e bom, amado dos deuses. 
Nessa perspectiva, o inimigo não é mau: "Em Homero, tanto o grego quanto o 
troiano são bons. Não passa por mau aquele que nos inflige algum dano, mas 
aquele que é desprezível". Ao fazer a crítica da moral tradicional, Nietzsche 
preconiza a "transvaloração de todos os valores" e denuncia a falsa moral, 
"decadente", "de rebanho", "de escravos", cujos valores seriam a bondade, a 
humildade, a piedade e o amor ao próximo. Também, contrapõe a ela a moral "de 
senhores", uma moral positiva que visa à conservação da vida e dos seus instintos 
fundamentais. A “moral de senhores” é positiva, porque baseada no sim à vida e se 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
35 
 
configura sob o signo da plenitude, do acréscimo. Por isso, ela funda-se na 
“capacidade de criação”, de invenção, cujo resultado é a alegria, consequência da 
afirmação da potência. O homem que consegue superar-se é o “super-homem”, diz 
Nietzsche apud MACHADO (1999, p. 67). 
À moral aristocrática, “moral de senhores”, que é sadia e voltada para os 
instintos da vida, Nietzsche contrapõe o pensamento socrático-platônico (que 
provoca a ruptura entre o trágico e o racional) e a tradição da religião judaico-
cristã. A moral que deriva daí é a moral de escravos, moral decadente, porque 
baseada na tentativa de subjugação dos instintos pela razão, o “homem-
fera”, “animal de rapina”, é transformado em “animal doméstico ou cordeiro”. 
De acordo com Nietzsche, a moral plebeia estabelece um sistema de juízos 
que considera o bem e o mal valores metafísicos transcendentes, isto é, 
independentes da situação concreta vivida pelo homem. O que é proveitoso 
constitui o valor. O homem é o criador de valores, mas se esquece de sua criação. A 
moralidade é o instinto gregário do indivíduo, pois quem é punido é quem pratica 
os atos. Para Nietzsche, na sociedade, existem os “instintos de rebanho”. Atribui-se 
às palavras um sentido fixo e acha que ela espelha a realidade, que tem caráter 
transitório. O homem chega, pelos costumes, à convicção de que é preciso 
obedecer. No inverso disso, existe o prazer, a autodeterminação e a liberdade de 
vontade. 
De acordo com Nietzsche (1987, p. 45): 
Qual a genealogia da moral, isto é, a origem do 
conceito “bom”?] (...) O juizo “bom” nao provém 
daqueles aos quais se fez o “bem”! Foram os “bons” 
mesmos, isto é, os nobres, poderosos, superiores em 
posição e em pensamento, que sentiram e 
estabeleceram a si e a seus atos como bons, ou seja, de 
primeira ordem, em oposição a tudo o que era baixo, de 
pensamento baixo, vulgar e plebeu (...). 
De uma forma geral, o que Nietzsche denomina de valor e, ao contrário do que 
poderíamos pensar, não é uma entidade utilizada para ajuizamento moral, mas o 
nome com que se designa todo tipo de manifestação engendrada por esse 
conflito. Quanto a sua apreensão, os valores podem apresentar-se sob duas 
disposições fundamentais para o filósofo em questão: 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade36 
 
1. “disposição afirmativa”, como aquela que se faz em sintonia com o 
lance e cadência do citado binômio, afirmando-o como modo 
estrutural da realidade em sua gênese; 
2. “disposição reativa”, que não se conforma com este modo 
constitutivo, fazendo que irrompa uma perspectiva derivada, que se 
arroga no direito de requerer um modo de realização da existência 
diverso do que se dá nessa instauração. 
 
Estes modos dos valores são possibilidades de realização dessa vida para 
Nietzsche. Estes, por estarem articulados com o próprio modo de dar-se da vida, 
isto é, com o movimento da vontade, são sempre passíveis de apreensão através 
de duas disposições fundamentais: as disposições afirmativas e reativas. 
Respectivamente, aquelas que indicam sintonia e dissintonia com a compreensão 
de vida como valor. No primeiro caso, a disposição afirmativa surge na sintonia 
com uma perspectiva que se constrói a partir do “aquecimento” do modo de ser 
sempre eterno da gênese de realidade, celebrando a vida enquanto experiência de 
criação (Cf. MACHADO, 1999, p. 78). 
De acordo com Machado (1999), a esse processo Nietzsche chama “vontade 
criadora”. No segundo caso, a disposição negativa irrompe em uma perspectiva 
que, ao se instaurar, nega a si mesma enquanto perspectiva e se arroga o direito de 
determinar — para além de toda e qualquer instância de realização — o modo de 
ser da totalidade dos entes. Esta é a compreensão da verdade, como uma instância 
que surge em função da separação radical frente ao mundo fenomênico, e recebe 
o nome de “vontade de verdade”. 
O que Nietzsche revela com isso é que os escravos negam os valores vitais e 
resulta na passividade, na procura da paz e do repouso. Nesta perspectiva, o 
homem se torna enfraquecido e diminuído em sua potência. 
A alegria é transformada em ódio à vida, isto é, o “ódio dos impotentes”. A 
conduta humana, orientada pelo ideal ascético, torna-se marcada pelo 
ressentimento e pela “má consciência”. O ressentimento nasce da fraqueza e é 
nocivo ao fraco. Por sua vez, para Nietzsche, o “homem ressentido”, incapaz de 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
37 
esquecer, é como o dispéptico: fica "envenenado" pela sua inveja e impotência de 
vingança. Ao contrário, o homem nobre sabe "digerir" suas experiências e esquecer 
é uma das condições de manter-se saudável. A má consciência ou sentimento de 
culpa é o ressentimento voltado contra si mesmo, daí fazendo nascer a noção de 
pecado, que inibe qualquer ação. 
Neste sentido, o ideal ascético nega a alegria da vida e coloca a mortificação 
como meio para alcançar a outra vida num mundo superior, do além. Assim, as 
práticas de altruísmo destroem o amor de si, domesticando os instintos e 
produzindo gerações de fracos. É por isso que, contra o enfraquecimento do 
homem, contra a transformação de fortes em fracos (tema constante da reflexão 
nietzschiana), é necessário assumir uma perspectiva além de bem e mal, isto é, 
"além da moral". Mas, por outro lado, para além de bem e mal não significa para 
além de bom e mau. A “dimensão das forças”, dos instintos, da vontade de 
potência, permanece fundamental. "O que é bom? Tudo que intensifica no homem 
o sentimento de potência, a vontade de potência, a própria potência. O que é mau? 
Tudo que provém da fraqueza” (MACHADO, 1999, p. 77). 
 
IMPORTANTE: 
Os pontos de vistas éticos apresentados não são os únicos existentes 
e nem representam a totalidade dos problemas relativos a ética. Existem várias 
doutrinas que se debruçaram sobre o tema da ética apresentado e refletindo sobre 
seus fundamentos e aplicacações. Cabe neste momento, apresentar as principais 
teorias ou doutrinas de ética e suas respectivas especifidades teóricas: 
● egoísmo ético: pressupõe que devemos agir apenas em função do nosso 
interesse pessoal. A única obrigação moral é promovermos o nosso próprio bem-
estar. Critério moral: são as consequências que as ações têm para nós próprios que 
as tornam certas ou erradas. O egoísmo ético é, portanto, uma teoria 
consequencialista: o que conta são as consequências que as ações têm para nós 
próprios. Regra moral básica: “age sempre e apenas em função do teu próprio 
bem-estar”; 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
38 
 
● utilitarismo ético: pressupõe que devemos agir com a finalidade de 
promover o máximo de bem-estar a um maior número possível de pessoas, 
numa perspectiva imparcial. O utilitarismo é também uma teoria 
consequencialista: o que conta são as consequências que as ações têm para a 
generalidade das pessoas (e não já apenas para nós próprios). Critério moral: são as 
consequências que as ações têm para o maior número de pessoas que as tornam 
certas ou erradas. Sendo assim, uma ação está moralmente certa apenas quando 
maximiza o bem-estar, ou seja, quando promove tanto quanto possível o bem-
estar e está errada quando não o promove. Regra moral básica: “age de tal modo 
que as tuas ações possam proporcionar o maior bem possível ao maior número de 
pessoas, imparcialmente consideradas”; 
● ética deontológica: pressupõe que devemos agir de acordo com o Dever e 
não pensar nas consequências das nossas ações. A pergunta a fazer é: toda as 
pessoas deveriam fazer o mesmo em idênticas circunstâncias? A ética deontológica 
é, portanto, uma teoria anticonsequencialista. O critério moral desta é a relação das 
ações com os deveres universais (são os esmos para todos os seres humanos) que 
as tornam certas ou erradas. Há, portanto, ações intrinsecamente más (ou seja, são 
más em si mesmas), ainda que tenham consequências boas. Desse modo, uma 
ação está moralmente certa quando não infringe os nossos deveres e está errada 
quando infringe intencionalmente algum desses deveres. Regra moral básica: “age 
de tal modo que as tuas ações possam valer para todo o ser racional, sem nunca 
infringir os deveres universais”. 
 
 
SUGESTÃO DE FILME 
Pegue seu caderno de anotações, sente-se e assista ao filme A Letra 
Escarlate de Douglas Day Stewart, baseado em livro de Nathaniel Hawthorne. Ele 
contextualizará melhor ainda o conteúdo que você acabou de estudar. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
39 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
Visando enriquecer seu processo de aprendizagem, procure efetuar a 
leitura complementar dos seguintes textos: 
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. FILOSOFANDO - Introdução à Filosofia. 
3ª edição. São Paulo: Editora Moderna, 2001. 439p. 
MACHADO, R. Nietzsche e a verdade. São Paulo: Brochura, 1999. 116p. 
HAMLYN, D. W. Uma história da filosofia ocidental. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar Ed., 1990. 416p. 
GRENZ, S. J. & SMITH, J. T. Dicionário de Ética. 1ª Edição. São Paulo: Brochura, 
2005. 184p. 
VALLS, Á. L.M. O que é ética. 9a edição. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1996. 84p. 
PARSONS, H. As raízes humanas da moral: Moral e sociedade. Rio de Janeiro: 
Paz e Terra, 1982. 300p. 
VAZQUEZ, A. S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. 304p. 
PEREIRA, O. O que é moral? São Paulo: Brasiliense, 1996. 90p. 
 
 
É HORA DE SE AVALIAR! 
Lembre-se de realizar as atividades propostas no caderno de 
exercícios! Elas são fundamentais para ajudá-lo a fixar o conteúdo teórico 
trabalhado, a sistematizar as ideias e os conceitos apresentados, além de 
proporcionar a sua autonomia no processo ensino-aprendizagem. Caso prefira, 
redija suas respostas no caderno de exercícios e depois as envie através do nosso 
ambiente virtual de aprendizagem (AVA). 
Procure interagir permanentemente conosco e utilize todos os recursos 
didáticos e pedagógicos disponibilizados com o objetivo de aprimorar a sua 
formação acadêmica. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
40 
 
Nesta unidade, você estudou o contexto histórico do surgimento da ética e da 
moral, assim como os principais conceitos e definições que as envolvem. 
Apresentamos a problemática da distinção entre éticae moral, assim como as suas 
respectivas definições e objetos de estudo. Além disso, esboçamos, de forma 
esquemática, os aspectos históricos e sociais da ética e da moral, objetivando situar 
você nos elementos do contexto do desenvolvimento da humanidade. 
Na próxima unidade, discutiremos alguns dos problemas fundamentais no 
qual a ética se ocupa. Trata-se, portanto, de apresentar a você os temas recorrentes 
da ética, tais como, a consciência moral e os valores éticos e a dicotomia liberdade 
versus determinismo, a felicidade, a virtude e a amizade. 
 
Bons estudos e até a próxima unidade! 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
41 
 
Exercícios - unidade 1 
 
1ª QUESTÃO: Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche 
CORRETAMENTE as lacunas do texto a seguir: 
“Vázquez (2001, p. 12) afirma que a “ética é a ________ do comportamento moral 
dos homens em sociedade. Ou seja, é a ciência de uma forma específica do 
___________.” 
a) Senso comum ou ciência - comportamento antissocial 
b) Hermenêutica ou ciência - comportamento surreal 
c) Teoria ou ciência - comportamento humano 
d) Psicologia jurídica - comportamento social 
e) Teoria ou anticiência - comportamento antirreal 
 
2ª QUESTÃO: Qual das alternativas abaixo NÃO se relaciona aos pressupostos da 
ética? 
a) A ética relaciona-se com a ciência. 
b) A ética relaciona-se com avaliação da conduta humana. 
c) A ética é uma ciência normativa. 
d) Os problemas éticos caracterizam-se pela sua particularidade e a ausência de 
critérios normativos e científicos. 
e) A função fundamental da ética é a mesma de toda teoria: explicar, esclarecer 
ou investigar uma determinada realidade, elaborando os conceitos 
correspondentes. 
 
3ª QUESTÃO: Segundo Robert Srour: “Enquanto a moral tem uma base histórica, o 
estatuto da ética é teórico, corresponde a uma generalidade abstrata e formal” 
(SROUR, 2000, p. 270). Seguindo a afirmativa de Srour, indique qual das alternativas 
abaixo corresponde ao correto sentido da ‘moral’. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
42 
 
a) A moral implica uma relação livre e consciente entre os indivíduos ou entre 
estes e a comunidade. 
b) A moral não se relaciona em nada com a ética. 
c) A moral não cumpre uma função social bem definida. 
d) A moral não possui um caráter social, porque os indivíduos se sujeitam a 
princípios, normas ou valores socialmente estabelecidos. 
e) A moral possui um caráter social, porque os indivíduos se sujeitam a 
princípios, normas ou valores socialmente construídos com base em normas 
artificiais. 
 
4ª QUESTÃO: Mesmo considerando a origem divina das ideias morais, por 
intermédio das quais os indivíduos adquirem consciência dos meios adequados à 
sua elevação ao plano espiritual dos valores perenes, a investigação do problema 
da moral não pode desprezar os processos históricos responsáveis de fato pelos 
mecanismos de criação, funcionamento e aplicação dos padrões e das regras 
morais. Como base nesta explicação, podemos afirmar que: 
a) o âmbito da moral passa a existir como um traço de desinformação que se 
recebe no processo de interação e de identificação a priori. 
b) as regras morais em nada correspondem aos pressupostos morais. 
c) os costumes nunca dizem como cada homem deve agir em situações 
concretas em função daquilo que a comunidade considera como sendo o bem 
e o mal. 
d) o termo imoral significa algo que é o mesmo que o de moral. 
e) todas as sociedades humanas possuem valores padrões, normas de conduta e 
sistemas que garantem a aplicação e o funcionamento das mesmas. 
 
5ª QUESTÃO: Não é somente o critério científico que a moral justifica-se. Ela pode 
ainda ser justicada por alguns critérios. Entre estes critérios podemos apontar: 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
43 
 
a) o critério de justificação social e o critério de justificação prática. 
b) o critério de justificação metafísica e o critério de justificação anárquica. 
c) o critério de justificação eloquente e o critério de justificação factual. 
d) o critério de justificação ilusório e o critério de justificação fatídico. 
e) o critério de justificação anormal e o critério de justificação multissocial. 
 
6ª QUESTÃO: As doutrinas éticas nascem e se desenvolvem em diferentes épocas e 
sociedades como respostas aos problemas básicos apresentados pelas relações 
entre os homens e, em particular, pelo seu comportamento moral efetivo. Uma 
dessas doutrinas é o egoísmo ético. Sobre esta doutrina afirma-se: 
a) que devemos agir com a finalidade de promover o mínimo de bem-estar a um 
menor número possível de pessoas, numa perspectiva imparcial. 
b) que devemos agir de acordo com o coração e a mente e não pensar nas 
consequências das nossas ações. 
c) que devemos agir de acordo com o Dever e não pensar nas consequências das 
nossas ações. 
d) que devemos agir com a finalidade de promover o máximo de bem-estar a um 
maior número possível de pessoas, numa perspectiva imparcial. 
e) que devemos agir apenas em função do nosso interesse pessoal. Para esta a 
única obrigação moral é promovermos o nosso próprio bem-estar. 
 
7ª QUESTÃO: No sentido geral, a palavra ética origina-se do grego antigo ήθική 
[ήθική φιλοσοφία] "filosofia moral" e do adjetivo ήθος (ēthos) que quer dizer 
"costume, hábito". Diferentemente dos gregos, os romanos utilizavam a palavra 
latina mos (mores) para designar o costume ou costumes. Foi a partir deste termo 
romano que surge o modo como entendemos o significado de moral na língua 
portuguesa. Diante do exposto, podemos afirmar que: 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
44 
 
a) na nossa Língua, os dois termos, ética e moral, implicam, simultaneamente, de 
alguma forma, nos dois diferentes significados antigos e, de fato, tanto a ética 
quanto a moral, incidem sobre estas duas dimensões, ou seja, uma valoração 
do homem como tal e do seu agir de conformidade ou não aos costumes e à 
tradição. 
b) na nossa Língua, os dois termos, ética e moral, implicam, simultaneamente, de 
alguma forma, os dois diferentes significados antigos e, de fato, tanto a ética 
quanto a moral, não incidem sobre estas duas dimensões, ou seja, uma 
valoração do homem como tal e do seu agir de conformidade ou não aos 
costumes e à tradição. 
c) na nossa Língua, os dois termos, ética e moral, não implicam, 
simultaneamente, de alguma forma, nos dois diferentes significados antigos e, 
de fato, tanto a ética quanto a moral, incidem sobre estas duas dimensões, ou 
seja, uma valoração do homem como tal e do seu agir de conformidade ou 
não aos costumes e à tradição. 
d) na nossa Língua, os dois termos, ética e moral, implicam, simultaneamente, de 
alguma forma, nos dois diferentes significados antigos e, de fato, tanto a ética 
quanto a moral não relaciona-se as duas dimensões, ou seja, uma valoração do 
homem como tal e do seu agir de conformidade ou não aos costumes e à 
tradição. 
e) na nossa Língua, os dois termos, ética e moral, diferem, simultaneamente, de 
alguma forma, dos dois diferentes significados antigos e, de fato, tanto a ética 
quanto a moral, afasta-se das dimensões contemporânea e medieval, ou seja, 
uma valoração do homem como tal e do seu agir de conformidade ou não aos 
costumes e à tradição. 
 
8ª QUESTÃO: Apesar de serem conceitos aparentemente idênticos, ética e moral 
possuem diferenças fundamentais. O ato de perceber os valores, de avaliar as 
nossas ações de acordo com o que é bom e o que é mau, ou quais são justas e 
injustas, corretas ou não é o que, de certa forma, diferencia o comportamento 
humano do comportamento animal. Neste contexto, podemos dizer que: 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
45 
 
a) para o animal, o campo da moralidade é inacessível, pois seu comportamento 
jamais pode ser guiado pelos seus instintos imediatos. Os seres humanos,por 
sua vez, possuem a consciência moral, ou seja, a “faculdade de observar a 
própria conduta e formular juízos sobre os atos passados, presentes e as 
intenções futuras”. 
b) para o animal, o campo da moralidade é completamente acessível, pois seu 
comportamento é guiado pelos seus instintos imediatos. Os seres humanos, 
por sua vez, possuem a consciência moral, ou seja, a “faculdade de observar a 
própria conduta e formular juízos sobre os atos passados, presentes e as 
intenções futuras”. 
c) para o animal, o campo da moralidade é inacessível, pois seu comportamento 
é guiado pelos seus instintos imediatos. Os seres humanos, por sua vez, 
possuem a consciência moral, ou seja, a “faculdade de observar a própria 
conduta e formular juízos sobre os atos passados, presentes e as intenções 
futuras”. 
d) para o animal, o campo da moralidade é inacessível, pois seu comportamento 
é guiado pelos seus instintos imediatos. Os seres humanos, por sua vez, 
possuem a consciência amoral, ou seja, a “faculdade de observar a própria 
conduta e formular juízos sobre os atos passados, presentes e as intenções 
futuras”. 
e) para o animal, o campo da moralidade é inacessível, pois seu comportamento 
é guiado pelos seus razões imateriais. Os seres humanos, por sua vez, 
possuem a consciência moral, ou seja, a “faculdade de observar a própria 
conduta e formular juízos sobre os atos passados, presentes e as intenções 
futuras”. 
 
9ª QUESTÃO: A experiência moral é comum a todos os homens, em todas as 
sociedades. Entretanto, nem todos são capazes de desenvolver uma crítica do 
conteúdo da moral. Essa é, portanto, tarefa da ética. Como você sabe há uma 
tendência de empregar indiscriminadamente os termos moral e ética. Em que 
consiste a moral? 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
46 
 
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__________________________________________________________________ 
 
10ª QUESTÃO: De acordo com Vázquez (2001, p. 10): “A função fundamental da 
ética é a mesma de toda teoria: explicar, esclarecer ou investigar uma determinada 
realidade, elaborando os conceitos correspondentes. Por outro lado, a realidade 
moral varia historicamente e, com ela, variam os seus princípios e as suas normas”. 
Comente esta consideração de Vázquez. 
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Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
47 
 
Problemas éticos e problemas 
morais: consciência moral, 
virtude, amizade, liberdade e 
felicidade. 
 
A consciência moral e os valores éticos. 
A busca da felicidade: virtude e o bem viver em Aristóteles. 
Aristóteles e a amizade como um problema ético-moral. 
Pensando a liberdade: La Boétie e Sartre. 
2 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
48 
 
Na unidade anterior, você teve a oportunidade de estudar o processo histórico 
da moral e da ética, assim como seus conceitos e definições mais relevantes. Nesta 
unidade, discutiremos alguns dos problemas fundamentais no qual a ética se 
ocupa. Trata-se, portanto, de apresentar a você os temas recorrentes da ética, tais 
como, a consciência moral e os valores éticos e a dicotomia liberdade versus 
determinismo e a liberdade versus responsabilidade. Para tanto, apresentaremos o 
ponto de vista filosófico sobre esta problemática em La Boétie e Sartre. Além disso, 
buscaremos debater o que é ser virtuoso e o que é necessário para ser feliz, 
segundo a perspectiva de Aristóteles. Esperamos que você desfrute dessa 
discussão e compreenda estes conceitos tão fundamentais na nossa prática 
cotidiana. Vamos lá! 
 
Objetivos da unidade 
 Fornecer alguns dos problemas norteadores da ética. 
 Discutir sobre a problemática da liberdade, da responsabilidade e do 
determinismo nos filósofos La Boétie e Sartre. 
 Compreender as noções de felicidade, amizade e virtude na reflexão 
filosófica de Aristóteles. 
 Avaliar a direção para a qual nossos valores éticos dirigem-se no 
mundo em que vivemos hoje. 
 
Plano da unidade 
 A consciência moral e os valores éticos. 
 A busca da felicidade: virtude e o bem viver em Aristóteles. 
 Aristóteles e a amizade como um problema ético-moral. 
 Pensando a liberdade: La Boétie e Sartre. 
 
Bons estudos! 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
49 
 
A consciência moral e os valores éticos 
 
A ideia de valor tem sido objeto de muitas reflexões ao longo da história da 
filosofia. Não cabe expor os pormenores deste debate nem o seu desdobramento 
na contemporaneidade. No entanto, propomos a você as seguintes noções gerais 
sobre os conceitos de “valor” e “valorar”: 
 os valores não são coisas. Não podem ser percebidos como se percebe as 
coisas, pois os valores são qualidades que as coisas têm, mas que não estão 
nas coisas de modo real e sensível, como estão a figura, o peso, a cor, etc; 
 o valor não se caracteriza pelo prazer que produz, se o produz. É errôneo 
dizer que as coisas são valiosas porque nos produzem prazer. Na realidade, 
os valores valem independentemente do prazer que produzem. 
 os valores podem se classificados também em “valores-meio” e “valores-
fim”. Os “valores-meio” são aqueles cuja valia consiste em servir para a 
obtenção de outros valores. Por sua vez, os “valores-fim” são os que valem 
por si e sem necessidade de servirem à obtenção de outros valores. 
Diante desses apontamentos gerais, podemos adiantá-lo que valorar implica 
uma avaliação e uma apreciação pelo qual emitimos juízos. Diante disso, toda 
moral e toda ética se relacionam diretamente aos juízos, que são avaliações e 
apreciações seja da melhor forma de vida, seja da boa ou má ação. Sendo assim, os 
valores são nada mais do que regras que orientam a conduta humana, servindo de 
padrão às deliberações dos indivíduos e dando coerência à sua vida social. 
Neste momento, você deve estar indagando sobre o que é um juízo. Pois bem, 
juízos são avaliações e apreciações da melhor ou pior forma de vida e da boa ou 
má ação. No entanto, podemos identificar dois tipos principais de juízos. Por 
exemplo: se dissermos “está amanhecendo”, estaremos enunciando um 
acontecimento constatado por nós e o juízo proferido é um juízo de fato. Se, 
porém, falarmos “o amanhecer é bom para os animais” ou “o amanhecer é 
esplêndido”, estaremos interpretando e avaliando um acontecimento. Nesse caso, 
proferimos um juízo de valor. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
50 
 
Os juízos de fato são aqueles que dizem o que as coisas são, como são e por 
que são. Em nossa vida cotidiana, mas também na metafísica e nas ciências, os 
juízos de fato estão presentes. Diferentemente deles, os juízos de valor — 
avaliações sobre coisas, pessoas e situações — são proferidos na moral, nas artes, 
na política e na religião. Estes juízos avaliam coisas, pessoas, ações, experiências, 
acontecimentos, sentimentos, estados de espírito, intenções e decisões como bons 
ou maus, desejáveis ou indesejáveis. 
Todos os juízos éticos de valor são normativos, isto é, enunciam normas que 
determinam o dever ser de nossos sentimentos, nossos atos e nossos 
comportamentos. Estes juízos determinam obrigações e avaliam intenções e ações 
segundo o critério do correto e do incorreto. Por outro lado, osjuízos éticos 
normativos nos dizem quais sentimentos, intenções, atos e comportamentos 
devemos ter ou fazer para alcançarmos o bem e a felicidade. Além disso, enunciam 
que atos, sentimentos, intenções e comportamentos são condenáveis ou 
incorretos do ponto de vista moral vigente. 
 
IMPORTANTE: 
Cabe indagar: qual é a origem da diferença entre os dois tipos de 
juízos, isto é, os de fato e os de valor? A diferença está na distinção entre a 
natureza e a cultura. A primeira é constituída por estruturas e processos 
necessários, que existem em si e por si mesmos, independentemente de nós: o 
amanhecer é um fenômeno cujas causas e cujos efeitos necessários podemos 
constatar e explicar. Por sua vez, a cultura nasce da maneira como os seres 
humanos interpretam a si mesmos e suas relações com a natureza, acrescentando-
lhe sentidos novos, intervindo nela, alterando-a através do trabalho e da técnica, 
dando-lhe valores. Dizer que o “amanhecer é bom para as plantas” pressupõe a 
relação cultural dos humanos com a natureza, através da agricultura. Considerar o 
amanhecer belo pressupõe uma relação valorativa dos humanos com a natureza, 
percebida como objeto de contemplação. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
51 
 
Com efeito, para que haja conduta ética, é preciso que exista o 
agente consciente (a consciência moral), isto é, aquele que conhece 
a diferença entre bem e mal, certo e errado, permitido e proibido, 
virtude e vício. A consciência moral não só conhece tais diferenças, 
mas também se reconhece como capaz de julgar o valor dos atos e 
das condutas e de agir em conformidade com os valores morais, 
sendo por isso responsável por suas ações e seus sentimentos e 
pelas consequências do que faz e sente. Consciência e 
responsabilidade são condições indispensáveis da vida ética (Cf. 
VÁZQUEZ, 2001). 
A consciência moral manifesta-se, antes de tudo, na capacidade 
para deliberar diante de alternativas possíveis, decidindo e escolhendo uma delas 
antes de lançar-se na ação. Esta possui a capacidade para avaliar e refletir as 
motivações pessoais, as exigências feitas pela situação, as consequências para si e 
para os outros, a conformidade entre meios e fins — empregar meios imorais para 
alcançar fins morais é impossível —, a obrigação de respeitar o estabelecido ou de 
transgredi-lo se o estabelecido for imoral ou injusto. 
Em outras palavras, a consciência moral diz respeito a uma escuta individual 
que todos temos como seres racionais e que às vezes faz com que sintamos 
remorso por ter agido de uma forma em vez de outra. Ou seja, pela consciência 
moral, operam-se julgamentos de adequação entre comportamentos escolhidos 
voluntariamente e ideais de conduta adotados pela máxima a que se deve 
obedecer. 
Por essa razão, o conceito de consciência moral está estritamente vinculado 
com o conceito de obrigatoriedade. Cabe observar que as normas obrigatórias 
mantêm-se sempre em um plano geral e, por conseguinte, não fazem referência ao 
modo de agir em cada situação concreta ou especifica. É a consciência moral que, 
neste caso, atua informando-se da situação concreta e com a ajuda das normas 
estabelecidas interioriza-as, tomando as decisões que consideramos adequadas e 
internamente julga os seus próprios atos como morais ou não (Cf. VÁZQUEZ, 2001). 
O ato amoralmente válido subdivide-se em duas formas fundamentais: o 
normativo e o fatual. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
52 
 
 Normativo: constituído pelas normas ou regras de ação e pelos 
imperativos que enunciam algo que deve ser; 
 Fatual: constituído por certos atos humanos que se realizam 
efetivamente, ou seja, que são independentemente de como 
pensamos que deveriam ser. 
No âmbito normativo, estas regras postulam determinados comportamentos, 
tais como: “cumpra o seu dever como cidadão”; “ama a teu próximo como a ti 
mesmo”, etc. É importante frisar que o normativo e o fatual não coincidem, mas 
encontram-se em mútua relação. O normativo exige ser realizado e, dessa forma, 
orienta-se no sentido do fatual. Assim, o realizado ou o fatual somente possui 
algum significado moral na medida em que pode ser referido a uma norma. Não 
existem normas que sejam indiferentes à sua realização, nem existem fatos que na 
esfera moral não sejam vinculados com as normas vigentes. Desse modo, o 
normativo e o factual — no âmbito da moral — são dois planos que podem ser 
distinguidos, mas não podem ser completamente apartados. 
A seguir, vamos discutir a problemática da virtude e da felicidade em 
Aristóteles. Note ao longo da discussão como o filósofo apresenta de forma clara e 
distinta a relação da felicidade e a virtude em relação ao “bem viver”. 
 
A busca da felicidade: virtude e o bem viver em Aristóteles 
 
Segundo Savater (2002), se considerarmos que o preceito fundamental da 
ética é aquele que diz respeito ao “saber-viver” ou a “arte de viver”, então podemos 
afirmar que os homens agem em direção ao viver e, acima de tudo, ao viver bem. 
Ora, para viver bem, é preciso alguns requisitos fundamentais que satisfaçam as 
exigências mínimas para alcançar este fim ou objetivo proposto. Entre estes 
requisitos está a felicidade. 
Para Aristóteles, a felicidade é o resultado do saber viver. Entendendo a ética 
como a “arte de viver”; o resultado desse viver seria, portanto, a felicidade. O que é 
necessário fazer para atingir a virtude e, portanto, ser feliz? A virtude, que segundo 
Aristóteles, é o que vai garantir ao homem a felicidade, é “o hábito que torna o 
homem bom e lhe permite cumprir bem a sua tarefa”, a virtude é “racional, 
conforme e constante”. (Cf. ARISTÓTELES, 2001). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
53 
 
Na obra Ética a Nicômacos, Aristóteles discute a finalidade de toda arte, 
indagação, ação e propósito da vida humana e conclui que é sempre o bem a que 
todas visam. Ao debater qual seria este bem que é a finalidade da vida humana, o 
filósofo nos apresenta a felicidade. Só que, simultaneamente, afirma que a 
felicidade é o “bem supremo” e indaga pela função própria do homem. 
De acordo com este: 
(...) o bem para o homem vem a ser o exercício 
ativo das faculdades da alma de conformidade com a 
excelência, e se há mais de uma excelência, de 
conformidade com a melhor e mais completa entre 
elas. Mas devemos acrescentar que tal exercício ativo 
deve estender-se por toda a vida, pois uma andorinha 
não faz verão (...); da mesma forma um dia só, ou um 
certo lapso de tempo, não faz um homem bem-
aventurado e feliz (ARISTÓTELES, 2001, p. 24-25). 
 
Pressupondo que a felicidade é a finalidade de nossa vida, Aristóte-
les preocupa-se em demonstrar que a vida humana possui em si uma 
finalidade, ou seja, uma função para a qual está dada. E, portanto, tal 
finalidade se objetiva dentro da função a que a vida acontece. Sendo 
assim, a felicidade resultará do atendimento a esta função. O que está 
pressuposto não é a felicidade em si mesma, mas a relação da mesma 
com a arte de viver, com o saber viver que estamos discutindo desde o 
início. Neste momento, cabe atentarmos para o modo como Aristóteles 
caracteriza a felicidade: 
(...) Parece que a felicidade, mais que qualquer 
outro bem, é tida como este bem supremo, pois a 
escolhemos sempre por si mesma, e nunca por causa 
de algo mais; mas as honrarias, o prazer, a inteligência e 
todas as outras formas de excelência, embora as 
escolhamos por si mesmas (...), escolhemo-las por causa 
da felicidade, pensando que através delas seremos 
felizes. Ao contrário, ninguém escolhe a felicidade por 
causa das várias formas de excelência, nem, de um 
modo geral, por qualquer outra coisa além dela mesma. 
(ARISTÓTELES, 2001. p. 23). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
54 
 
Aristóteles fundamenta a ética — a arte de bem viver — tendo como refe-
rência primordial o papel do homem, ou seja, da vida humana,pois não se trata da 
vida de um homem e sim do ser humano em geral. Com base nisso, o filósofo 
aponta para a felicidade como sendo a busca, em si mesma, da vida humana, ou 
seja, o bem supremo a que toda arte, indagação, ação e propósito o qual devam ter 
em vista. Devemos atentar para a Ética a Nicômacos, lugar onde Aristóteles discute 
as condições necessárias para ser feliz. 
(...) Devemos observar que cada uma das formas 
de excelência moral, além de proporcionar boas 
condições à coisa a que ela dá excelência, faz com que 
esta mesma coisa atue bem; por exemplo, a excelência 
dos olhos faz com que tanto os olhos quanto a sua 
atividade sejam bons, pois é graças à excelência dos 
olhos que vemos bem. De forma idêntica a excelência 
de um cavalo faz com que ele seja ao mesmo tempo 
bom em si e bom para correr e levar seu dono e para 
sustentar o ataque do inimigo. Logo, se isto é verdade 
em todos os casos, a excelência moral do homem 
também será a disposição que faz um homem bom e o 
leva a desempenhar bem a sua função. (ARISTÓTELES, 
2001, p. 41). 
 
O termo excelência utilizado por Aristóteles é 
corriqueiramente entendido também por virtude. Há 
duas espécies de excelência: a intelectual e a moral. A 
intelectual nasce e se desenvolve com a instrução, ou 
seja, com o processo educativo e formativo. Por isso, 
desenvolve-se com o tempo e a experiência. É o que 
de certa forma estamos fazendo desde que iniciamos 
nossa vida escolar e que vai se aprimorando à medida 
que nos dedicamos mais aos estudos. Cada um de nós 
pode perceber o quanto se aprimorou desde o dia em 
que esteve pela primeira vez em uma sala de aula. Já a 
excelência moral é produto do hábito, é tudo aquilo 
que podemos alterar pelo hábito. 
Virtude: etimologicamente, a 
palavra virtude deriva do latim 
virtus, que significa a qualidade 
própria da natureza humana. De 
modo geral, a expressão virtude 
designa, atualmente, a prática 
constante do bem, 
correspondendo ao uso da 
liberdade com responsabilidade. O 
oposto da virtude é o vício, que 
consiste no hábito de praticar o 
mal, correspondendo ao uso da 
liberdade sem responsabilidade. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
55 
 
IMPORTANTE: 
Então a excelência moral é adquirida através da prática, assim como as 
artes. Por exemplo: você toca violão na medida em que passa a praticar e quanto 
mais tempo praticar, maior será sua habilidade e chances de se tornar um exímio 
tocador. Por que o desenvolvimento da excelência moral é tão importante para 
nós? Porque está relacionada com as ações e emoções, que por sua vez estão 
relacionadas com o prazer ou sofrimento e, por isso, a excelência moral se relaciona 
com os prazeres e sofrimentos. Pode-se dizer que a excelência moral é a 
capacidade que vamos desenvolver para lidar com nossas emoções e ações na 
relação direta com o prazer e o sofrimento. E disso resultará o bom uso que 
faremos ou não do prazer e do sofrimento. 
 
Para Aristóteles (2001, p. 38), “toda a preocupação, tanto da excelência moral 
quanto da ciência política, é com o prazer e com o sofrimento, porquanto o 
homem que os usa bem é bom e o que os usa mal é mau”. Mas o fato de a 
excelência estar relacionada ao domínio que fará do prazer e sofrimento implica 
em que a excelência é o que garantirá atingir o alvo do meio-termo. Isto porque em 
relação as nossas ações e emoções há excesso, falta e meio-termo. Portanto, “a 
excelência moral é o que fará com que se busque sempre atingir o meio termo” (Cf. 
TUNGENDHAT, 1997). 
Vamos retomar o que o filósofo entende por disposição de caráter para que 
possamos entender o que seja a excelência moral ou virtude do homem. Ora, 
disposições de caráter são “os estados de alma em virtude dos quais estamos bem 
ou mal em relação às emoções” (ARISTÓTELES, 2001, p. 40). Isto nada mais seria que 
a nossa disposição em relação às coisas, ou melhor, como sentimos, encaramos a 
realidade que nos cerca, com certo grau de intensidade e ou indiferença. 
Por exemplo, pode-se sentir medo, confiança, desejos, cólera, piedade, e de 
um modo geral prazer e sofrimento, demais ou muito pouco e, em ambos os casos, 
isto não é bom; mas experimentar estes sentimentos no momento certo, em 
relação aos objetos certos e às pessoas certas, e de maneira certa, é o meio-termo e 
o melhor, isto é, característico da excelência. (ARISTÓTELES, 2001, p. 41-42). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
56 
 
Fala-se que a excelência moral é o desenvolvimento de hábitos que nos farão 
escolher nossas ações e emoções, que são marcadas pelo excesso, falta e meio-
termo. Mas o que é o “meio-termo” para Aristóteles? 
De tudo que é contínuo e divisível é possível tirar 
uma parte maior, menor ou igual, e isto tanto em 
termos da coisa em si quanto em relação a nós; e o 
igual é um meio termo entre o excesso e a falta. Por 
“meio termo” quero significar aquilo que é equidistante 
em relação a cada um dos extremos, e que é único e o 
mesmo em relação a todos os homens; por “meio 
termo em relação a nós” quero significar aquilo que não 
é nem demais nem muito pouco, e isto não é único 
nem o mesmo para todos” (ARISTÓTELES, 2001. p. 41). 
Portanto, a busca é pelo “meio-termo”, ou seja, o equilíbrio entre o excesso e a 
falta. Encarar este equilíbrio é o desafio e enfrentamento diante de cada ação e 
emoção. É por isso que a formação da excelência moral é uma busca constante e 
depende da capacidade racional, pois exige a todo o momento reflexão e escolha. 
A mediania não é algo pronto e dado, mas escolhido e que precisa ser entendido 
para que se chegue a atingi-la. 
Ao estudar o pensamento de Aristóteles, percebermos 
facilmente que a virtude do homem está relacionada às escolhas 
que cada um faz. Essas escolhas não no sentido de querer ou não um 
ou outro objeto, mas escolhas no sentido de nossa racionalidade (da 
nossa razão), ou seja, de agirmos de uma ou outra forma. São esco-
lhas que orientam o nosso agir e que estão ligadas ao que dissemos 
já no início, a arte de bem viver. Para Aristóteles, o homem só pode 
viver na pólis, cidade grega, e isto por ser, por natureza, um animal 
político, ou seja, que vive na pólis, portanto, em sociedade, pois seu 
agir não é isolado ou solitário, mas é sempre um agir em relação ao 
outro (Cf. ROOS, 1987). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
57 
 
Ora, se nossa vida ocorre em sociedade e nossas ações se dão em relação ao 
outro com quem convivemos, como ser virtuoso? O que Aristóteles nos aponta 
como meio de atingirmos a virtude, haja vista que somos marcados por escolhas e 
desde que nos levantamos pela manhã até nos deitarmos à noite? Ora, a excelência 
moral se relaciona com as emoções e as ações, nas quais o excesso é uma forma de 
erro, tanto quanto a falta, enquanto o meio-termo é louvado como um acerto; ser 
louvado e estar certo são características da excelência moral. A excelência moral, 
portanto, é algo como a equidistância, pois (...) seu alvo é o meio-termo. 
(ARISTÓTELES, 2001). 
É adequado destacar que a ética aristotélica não se apresenta de forma 
alguma como algo imperativo, ou seja, “faça isto”, não “faça aquilo”. O que está em 
questão é a opção a cada um de nós para que façamos as escolhas e sejamos assim 
sujeitos de nossos próprios atos e escolhas. Sendo assim, não há uma verdade 
preestabelecida e que nos cabe apenas segui-la, sem reflexão ou questionamento. 
Assim nos deparamos com a necessidade de, a cada ação, fazer a escolha e o 
desafio é o de fazer a escolha certa. É, portanto, mais difícil, pois exige de nós uma 
atitude ativa e não simplesmente passiva diante da vida e das coisas e escolhas que 
nos cercam. Veja como poder escolher e, portanto, poder errar é sempre o que 
acaba por inibir as pessoas. Precisamos refletir e desenvolver nossa capacidade de 
análise da realidade, pois isso depende exclusivamente de nós. E comoo mundo 
que nos cerca é também o mundo das relações humanas, saber escolher é um 
desafio constante e que diante das escolhas que fizermos não há retrocesso. Para o 
pensamento aristotélico, tudo isso diretamente relacionado com o fato de eu viver 
na pólis, ou seja, “viver em sociedade”. 
 
IMPORTANTE: 
Para o mundo grego, a ética e a política estão juntas, pois entendem 
que a comunidade social é o lugar necessário para a vivência ética. O homem só 
pode viver e buscar sua finalidade, que para Aristóteles é a felicidade, na 
comunidade social, pois é um animal político, ou seja, social. Portanto, não pode o 
homem levar uma vida moral como indivíduo isolado, pois vive e é membro de 
uma comunidade. E como a vida moral não é um fim em si mesmo, mas um meio 
para se alcançar a felicidade, não se pensa a ética fora dos limites das relações 
sociais, ou seja, não se pressupõe a ética sem a política. É por isso que, segundo 
Savater (2002, p. 16), “(...) os antigos gregos chamavam quem não se metia em 
política de idiotés, palavra que significava pessoa isolada, sem nada a oferecer às 
demais, obcecada pelas mesquinharias de sua casa e, afinal de contas, manipulada 
por todos”. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
58 
 
Você compreendeu como a questão da felicidade em Aristóteles é um tema 
relevante na sua reflexão sobre a ética? Vejamos, a seguir, como a amizade é 
também um problema ético e moral na reflexão aristotélica. 
 
A amizade como um problema ético-moral 
 
A amizade foi também motivo de investigação em Aristóteles em Ética a 
Nicômacos. Este, nos livros IX e X, discorre de forma minuciosa e exaustiva sobre o 
tema. Para Aristóteles, a amizade parece também manter as cidades unidas, e 
parece que os legisladores se preocupam mais com ela do que com a justiça; 
efetivamente a concórdia parece assemelhar-se à amizade, e eles procuram 
assegurá-la mais do que tudo, ao mesmo tempo em que repelem tanto quanto 
possível o facciosismo, que é a inimizade nas cidades. Quando as pessoas não têm 
necessidade de justiça, mesmo quando são justas, elas necessitam da amizade; 
considera-se que a mais autêntica forma de justiça é uma disposição amistosa. 
A amizade não é somente necessária diz o filósofo; 
“ela também é nobilitante, pois louvamos as pessoas 
amigas de seus amigos, e pensamos que uma das 
coisas mais nobilitantes é ter muitos amigos; além 
disto, há quem diga que a bondade e a amizade se 
encontram nas mesmas pessoas” (Aristóteles, 2001, p. 153-154). 
Aristóteles apresenta a amizade como fundamental para a união 
das cidades e dos povos. A inimizade entre as cidades e países gera 
conflitos e guerras, por isso a preocupação dos legisladores em evitar 
que haja divisões. Para entender melhor a questão da amizade como 
uma questão ética é preciso ter claro o que Aristóteles pressupõe, ou 
seja, os valores que fundamentam e dão sustentação à amizade. A 
“amizade perfeita”, que poderíamos aqui denominar de “correta”, 
ocorre entre pessoas boas e inexiste a calúnia, pois há confiança e 
sinceridade, já que pessoas boas gostam do que é bom. Por que 
Aristóteles diz isso? 
Nobilitante: aquele que 
nobilita, ou seja, aquele que se 
torna nobre ou engrandecedor. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
59 
 
Por entender que: 
 “(...) aquilo que é irrestritamente bom e agradável 
parece ser estimável e desejável, e para cada pessoa o 
bom ou o agradável é aquilo que é bom ou agradável 
para ela; e uma pessoa boa é desejável e estimável para 
outra pessoa por ambas estas razões (...) a pessoas boas, 
tornando-se amiga, torna-se um bem para seu amigo” 
(ARISTÓTELES, 2001, p.159). 
Então a amizade para Aristóteles está diretamente ligada à bondade. E a 
bondade é algo agradável e desejável e, por isso, torna-se busca para as pessoas 
boas. 
Mas o que nos torna bons, segundo Aristóteles, é o fato de agirmos de forma 
certa, buscando em tudo o equilíbrio em nossas ações e diante de nossas emoções. 
A amizade está relacionada a esta ação, equilíbrio por ter como características e 
causas a boa disposição e a sociabilidade, pois “(...) as pessoas boas são ao mesmo 
tempo agradáveis e úteis”. (ARISTÓTELES, 2001, p. 160). 
Ao mesmo tempo em que Aristóteles apresenta as características e causas da 
amizade e as afirma nas pessoas boas, procura destacar que nem sempre as 
pessoas estão em igualdade de situação nas relações de amizade. Ele passa a 
relacionar as espécies de amizade em que há a superioridade de uma das partes. 
São os casos de amizade entre pai e filho, pessoas idosas e jovens, marido e mulher 
e, em geral, entre quem manda e quem obedece. São amizades que diferem entre 
si, pois a excelência moral e suas funções, bem como as razões de envolvimento 
das pessoas são diferentes. Nestas amizades “(...) os benefícios que cada parte 
recebe e pode pretender da outra não são os mesmos da outra”. (ARISTÓTELES, 
2001, p. 161). 
Sendo assim, nestes tipos de amizade o que ocorre é a diferença na 
proporcionalidade de amor que cada uma das partes recebe e tem para com a 
outra. Então, se na justiça “(...) o que é igual no sentido primordial é aquilo que é 
proporcional ao merecimento”; na amizade “(...) a igualdade quantitativa é 
primordial e a proporcionalidade ao merecimento é secundária” (ARISTÓTELES, 
2001, p. 161). Segundo Aristóteles, isto é mais evidente em casos onde “(...) há um 
grande desequilíbrio entre as partes em relação a excelência moral ou à deficiência 
moral ou à riqueza ou a qualquer outra coisa”. (ARISTÓTELES, 2001, p. 161). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
60 
 
A maioria das pessoas, por causa de sua ambição, parece que prefere ser 
amada a amar, e é por isso que a maioria gosta de ser adulada; efetivamente, o 
adulador é um amigo de qualidade inferior, ou que tem a pretensão de ser amigo e 
quer estimar mais do que ser estimado; ser estimado é quase a mesma coisa que 
receber honrarias, e são a estas que a maioria das pessoas aspira. (ARISTÓTELES, 
2001). 
Pelo fato de haver proporcionalidade ao merecimento no caso da amizade ser 
secundário, já que há relações de amizade em que há superioridade de uma das 
partes, Aristóteles alerta que por ser comum as pessoas preferirem serem amadas a 
amarem, ou seja, serem aduladas, atraírem para junto de si amigos de qualidade 
inferior: o adulador. 
 
IMPORTANTE: 
Um outro conceito que Aristóteles apresenta relacionado à amizade é 
a justiça. Afirma que entre amigos não há necessidade de justiça. Aristóteles 
pressupõe a vida do homem na pólis, na cidade, por ser o homem um ser social. O 
conceito de justiça está diretamente ligado à vida na pólis. Quando se fala da pólis é 
preciso esclarecer que existem dois espaços: o da pólis – público — e o do oikos, da 
casa, o privado. A amizade entre os cidadãos Aristóteles denomina concórdia. Se-
gundo ele, a amizade não é apenas necessária, mas também nobilitante, ou seja, 
nobre, louvável. Conclui que a amizade e a bondade encontram-se nas pessoas que 
são amigas de seus amigos. Antes de opinar sobre o que seja a amizade, Aristóteles 
apresenta o que os estudiosos de sua época diziam, ou seja, alguns filósofos que o 
antecederam ou foram seus contemporâneos (Cf. ROOS, 1987). 
Mas não poucos aspectos da amizade são objeto de contestação. Alguns 
estudiosos do assunto definem a amizade como uma espécie de semelhança entre 
as pessoas e dizem que as pessoas semelhantes são amigas — daí vem os 
provérbios como “o semelhante encontra seu semelhante” (...). Outros tentam 
achar uma explicação mais profunda e mais física para este sentimento. Eurípides, 
por exemplo, escreve: “A terra seca ama a chuva, e o divino céu pleno de chuva 
ama molhar a terra!” Heráclito, em contraste, diz: “Os contrários andam juntos”, “A 
mais bela harmonia é feita de tons diferentes” e “Tudo nasce do antagonismo!” 
Outros sustentam um ponto de vista oposto a este, principalmente Empédocles,segundo o qual “o semelhante busca o semelhante” (ARISTÓTELES, 2001, p. 154). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
61 
 
De acordo com os intérpretes, segundo Aristóteles, basicamente dois 
princípios definem o sentimento amizade: o de Heráclito — “os contrários 
andam juntos” e o de Empédocles — “o semelhante busca o semelhante”. É 
preciso esclarecer que tanto Heráclito como Empédocles apresentam uma 
explicação física para a amizade. Independente de qual dos dois autores você 
tenha escolhido, para continuar é preciso posicionar-se em relação aos 
problemas que Aristóteles nos apresenta, após afirmar que em ambos os 
casos, Heráclito e Empédocles, a amizade é examinada como um problema 
físico e que deve ser analisada como “(...) problemas relativos ao homem, per-
tinentes ao caráter e aos sentimentos. (ARISTÓTELES, 2001, p. 154.). 
Para responder aos questionamentos que havia levantado, Aristóteles começa 
por afirmar que há várias espécies de amizade e “(...) a questão das várias espécies 
de amizades talvez possa ser esclarecida se antes chegarmos a conhecer o objeto 
do amor”. (ARISTÓTELES, 2001, p. 154). Também diz: “Parece que nem todas as 
coisas são amadas, mas somente aquelas que merecem ser amadas e estas são o 
que é bom, ou agradável, ou útil”. (ARISTÓTELES, 2001, p. 154). 
Aristóteles assevera a existência de várias espécies de amizades e admite que 
as mesmas estejam relacionadas aos objetos de amor, ou seja, de que amamos o 
que é bom, ou agradável, ou útil e, portanto, a amizade vai estar relacionada a isso. 
É preciso lembrar que Aristóteles concebe o homem como algo que realmente é: 
Ato; e algo que tende a ser: Potência. Então, o homem por meio de seus atos 
poderá ou não realizar o que é em potência. Isto irá ocorrer em busca de sua 
finalidade, isto é, a felicidade. Para isso, o homem dispõe da razão que lhe serve 
como guia, orientadora de suas ações. Por meio da razão o homem irá construir, 
desenvolver hábitos e formas de agir a partir da excelência moral, a virtude, que o 
possibilitará fazer as escolhas equilibradas para suas ações e emoções, ou seja, 
buscar a harmonia. 
Portanto, quando Aristóteles refere-se à amizade, e que a amizade perfeita é a 
que se dá entre pessoas boas, é preciso saber que, para o filósofo grego, as pessoas 
não são boas em si mesmas, mas o bem e a bondade estão em potência nas 
pessoas, que poderão, a partir de suas escolhas, atingirem ou não. Aristóteles 
pressupõe a existência da amizade entre os diversos tipos de pessoas e diz que o 
que demonstra uma pessoa ser boa ou má é a excelência moral de suas ações. “A 
amizade perfeita é a existente entre as pessoas boas e semelhantes em termos de 
excelência moral” (ARISTÓTELES, 2001, p. 156). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
62 
 
Havendo então três motivos pelos quais as pessoas amam, a palavra “amizade” 
não se aplica ao amor às coisas inanimadas, já que neste caso não há reciprocidade 
de afeição, e também não haverá o desejo pelo bem de um objeto (...) mas em 
relação a um amigo dizemos que devemos desejar-lhe o que é bom por sua causa. 
Entretanto, àqueles que desejam o bem desta maneira atribuímos apenas boas 
intenções se o desejo não é correspondido; quando há reciprocidade, a boa 
intenção é a amizade. (ARISTÓTELES, 2001, p. 155). A amizade, segundo Aristóteles, 
pressupõe reciprocidade. É um sentimento específico para os nossos semelhantes, 
pois precisamos que nosso sentimento seja correspondido. É por isso que muitos 
intérpretes de Aristóteles e do pensamento grego afirmam que a amizade para os 
gregos é o “(...) que torna, entre si, semelhantes e iguais” (VERNANT, 1973). 
Então, segundo Aristóteles, “(...) para que as pessoas sejam amigas deve-se 
constatar que elas têm boa vontade recíproca e se desejam bem reciprocamente”. 
(ARISTÓTELES, 2001, p. 155). Havendo então três motivos pelos quais as pessoas 
amam, a palavra “amizade” não se aplica ao amor às coisas inanimadas, já que 
neste caso não há reciprocidade de afeição e também não haverá o desejo pelo 
bem de um objeto (...) mas em relação a um amigo dizemos que devemos desejar-
lhe o que é bom por sua causa. Entretanto, àqueles que desejam o bem desta 
maneira atribuímos apenas boas intenções se o desejo não é correspondido; 
quando há reciprocidade, a boa intenção é a amizade. (ARISTÓTELES, 2001, p. 155). 
Existem espécies de amizade em que predomina a busca pelo útil ou 
agradável ou algo passageiro, segundo Aristóteles, pois é uma característica do ser, 
que ele chama de “acidente”, por se tratar de características que não são 
permanentes, pois a utilidade está sempre em mudança, pelo fato de ser o 
resultado de algum bem ou prazer. Este tipo de amizade, segundo Aristóteles, 
parece existir principalmente entre as pessoas idosas (nesta idade as pessoas 
buscam não o agradável, mas o útil) e, em relação às pessoas que estão em 
plenitude ou aos jovens, entre aqueles que buscam o proveito. Entre estas 
amizades se incluem os laços de família e de hospitalidade. (Cf. ARISTÓTELES, 
2001.). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
63 
 
Aristóteles afirma ainda que entre os jovens o motivo da amizade é o pra-
zer, por viverem sob a influência das emoções e buscarem o que agradável, 
porém o prazer muda com a idade. Para tanto, o filósofo faz uma observação 
minuciosa das fases da vida e de como as emoções e o prazer são diferentes 
em cada uma delas. Não está, contudo afirmando ou declarando que não seja 
possível outro tipo de amizade nestas fases da vida, mas demonstrando o que 
lhes é mais comum. 
A amizade perfeita é a existente entre as pessoas boas e semelhantes em 
termo de excelência moral. Neste caso, cada uma das pessoas quer bem à outra de 
maneira idêntica, porque a outra pessoa é boa, e elas são boas em si mesmas. 
Então as pessoas que querem bem aos seus amigos por causa deles são amigas no 
sentido mais amplo, pois querem bem por causa da própria natureza dos amigos e 
não por acidente. Logo, sua amizade durará enquanto estas pessoas forem boas e 
ser bom é uma coisa duradoura (ARISTÓTELES, 2001, p. 156). 
Aristóteles apresenta em que consiste uma “amizade perfeita”. A “amizade 
perfeita” acontecerá entre pessoas boas e semelhantes em relação à virtude, ou 
seja, as que fazem a escolha adequada de suas ações e emoções e que querem o 
bem aos amigos por causa deles mesmos, da própria natureza dos amigos e não 
por ser agradável ou útil. Toda amizade é baseada no bem ou no prazer. Portanto, a 
baseada no bem só poderá ocorrer entre pessoas boas. Quando se fala em bem, 
considera-se a ética, pois pressupõe que o homem age sempre em busca de ser 
feliz e que conseguirá isto se buscar o bem, pois o seu contrário lhe acarretará a 
infelicidade. 
As pessoas boas são aquelas que possuem uma vida orientada pela busca do 
agir ético, visam ao equilíbrio em suas ações e emoções. Então, quando a amizade 
é por prazer ou por interesse, mesmo duas pessoas más podem ser amigas, ou 
então uma pessoa boa e outra má, ou uma pessoa que não é nem boa nem má 
pode ser amiga de outra qualquer espécie; mas pelo que são em si mesmas é óbvio 
que somente pessoas boas podem ser amigas. Na verdade, pessoas más não 
gostam uma da outra a não ser que obtenham algum proveito recíproco 
(ARISTÓTELES, 2001). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
64 
 
De acordo com Ross (1987, p. 34), “Aristóteles fala da amizade que se dá pelo 
prazer ou interesse e a que se dá pelo que as pessoas são em si mesmas. Considera 
que a que se dá por prazer ou interesse poderá existir entre as pessoas más”. Mas a 
amizade perfeita só poderá ocorrer entre as pessoas boas e semelhantes pelo fato 
de que amam a pessoa em si mesma. Você já deve ter ouvido muito o ditado 
popular: “Diga-me com quem andas e te direi quem és”. Esse ditado popular é 
muito usado quando nos orientam a respeito de nossas amizades, de nossas com-panhias. Ele traduz o que nos ensina Aristóteles a respeito da amizade. Pois, 
podemos estar andando com pessoas más sem percebermos que o que em nós as 
atrai não é o que somos, mas o que lhes oferecemos ou temos a oferecer. 
Compreendeu como Aristóteles apresenta o seu conceito de amizade? A 
seguir discutiremos como os filósofos La Boétie e Sartre compreendem um outro 
tema importante para a temática geral ética, isto é, a liberdade. Vamos lá!! 
 
Pensando a liberdade: La Boétie e Sartre 
 
Hannah Arendt, na obra Entre o passado e o futuro, apresenta-nos a indagação 
sobre que é liberdade? 
Citemos a filósofa: 
O campo em que a liberdade sempre foi conhecido, não como um problema, é 
claro, mas como um fato da vida cotidiana, é o âmbito da política. E mesmo hoje 
em dia, quer saibamos ou não, devemos ter sempre em mente, ao falarmos do 
problema da liberdade, o problema da política e o fato de o homem ser dotado 
com o dom da ação; pois ação e política, entre todas as capacidades e 
potencialidades da vida humana, são as únicas coisas que não poderíamos sequer 
conceber sem ao menos admitir a existência da liberdade, e é difícil tocar em um 
problema político particular sem, implícita ou explicitamente, tocar em um 
problema da liberdade humana. A liberdade, além disso, não é apenas um dos 
inúmeros problemas e fenômenos da esfera política propriamente dita, tais como a 
justiça, o poder ou a igualdade; a liberdade, que só raramente – em épocas de crise 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
65 
 
ou de revolução – se torna o alvo direto da ação política, é na verdade o motivo por 
que os homens convivem politicamente organizados. Sem ela, a vida política como 
tal seria destituída de significado. A raison d‘être da política é a liberdade, e seu do-
mínio de experiência é a ação (ARENDT, 2003, p. 191-192). 
Partindo desta citação de Hannah Arendt, comecemos a analisar a discussão 
de La Boétie. A obra Discurso da servidão voluntária, de Etienne de La Boétie, é de 
um momento histórico bastante distinto. O período em que ela surge e é divulgada 
é marcado pelo que denominam os historiadores da filosofia de “nova ordem 
social”. Trata-se de um período de ruptura dos antigos laços sociais de 
dependência social e das regras corporativas; promovem, portanto, a liberação do 
indivíduo e os empurram para a luta da concorrência com outros indivíduos, 
conforme as condições postas pelo Estado e pelo capitalismo. O sucesso ou o 
fracasso nessa nova luta dependeria de quatro fatores básicos: acaso, engenho, 
astúcia e riqueza. Para os pensadores renascentistas, a educação seria o fator 
decisivo. 
Percebe-se que é um tempo em que as mudanças estão produzindo novas 
necessidades. É nesse contexto que é escrito o Discurso da servidão voluntária. É 
preciso atenção, sobretudo, para a questão da liberdade, pois ela age como 
princípio ético para a ação humana diante das circunstâncias por ele vivenciadas. 
La Boétie começa a discutir buscando entender porque os homens abrem mão de 
sua liberdade concedendo a um, no caso o rei, o direito de decidir e a todos 
comandar. 
Segundo este: 
Nossa natureza é de tal modo feita que os deveres 
comuns da amizade levam uma boa parte de nossa 
vida; é razoável amar a virtude, estimar os belos feitos, 
reconhecer o bem de onde recebemos, e muitas vezes 
diminuir nosso bem-estar para aumentar a honra e a 
vantagem daquele que se ama e que o merece. Em 
consequência, se os habitantes de um país en-
contraram algum grande personagem que lhes tenha 
dado provas de grande providência para protegê-los, 
grande cuidado para governá-los, se doravante 
cativam-se em obedecê-lo e se fiam tanto nisso a ponto 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
66 
 
de lhe dar algumas vantagens, não sei se seria sábio 
tirá-lo de onde fazia o bem para colocá-lo num lugar 
onde poderá malfazer; mas certamente não poderia 
deixar de haver bondade em não temer o mal de quem 
só se recebeu o bem. (LA BOÉTIE, 2001, p. 12) 
 
A questão que intriga La Boétie é o fato de os homens abrirem mão de sua 
liberdade em benefício de outro. Pensa ser estranho até mesmo quando este outro 
é alguém que sempre tenha a todos feito o bem, tenha agido como amigo. Ao 
fazer uma análise ao longo da história, observou o fato de que apesar “(...) da 
bravura que a liberdade põe no coração daqueles que a defendem (...), e mesmo 
assim (...) em todos os países, em todos os homens, todos os dias, faz com que um 
homem trate cem mil como cachorros e os prive de sua liberdade?” (LA BOÉTIE, 
2001, p. 14). 
Isto é tão ilógico e irracional para La Boétie que ele assim pergunta: “Quem 
acreditaria nisso se em vez de ver apenas ouvisse dizer?” (LA BOÉTIE, 2001, p. 14). O 
filósofo está falando diretamente a seus contemporâneos, procurando sensibilizá-
los a lutar pela liberdade, a romperem com a servidão. Passa a indicar o que no seu 
entendimento faz com que os homens estejam sobre pesados jugos, afirmando 
que: 
Portanto são os próprios povos que se deixam, ou 
melhor, se fazem dominar, pois cessando de servir 
estariam quites; é o povo que se sujeita, que se degola, 
que, tendo a escolha entre ser servo ou ser livre, 
abandona sua franquia e aceita o jugo; que consente 
seu mal – melhor dizendo, persegue-o. Eu não o 
exortaria se recobrar sua liberdade lhe custasse alguma 
coisa; como o homem pode ter algo mais caro que 
restabelecer-se em seu direito natural e, por assim 
dizer, de bicho voltar a ser homem? Mas inda não 
desejo nele tamanha audácia, permitindo-lhe que 
prefira não sei que segurança de viver miseravelmente 
a uma duvidosa esperança de viver à sua vontade. Que! 
Se para ter liberdade basta desejá-la, se basta um 
simples querer, haverá nação no mundo que ainda a 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
67 
 
estime cara demais, podendo ganhá-la com uma única 
aspiração, e que lastime sua vontade para recobrar o 
bem que deveria resgatar com seu sangue – o qual, 
uma vez perdido, toda a gente honrada deve estimar a 
vida desprezível e a morte salutar? (LA BOÉTIE, 2001, p. 
14-15). 
 
La Boétie afirma que são os próprios homens quem se fazem dominar, pois 
bastariam rebelar-se que teriam de volta a liberdade que lhes fora roubada. Nesse 
sentido, este trabalha com uma ideia revolucionária, que é o fato de atribuir ao 
povo, à população, o papel de sujeito da própria História. Por conseguinte, alerta 
para o fato de que se não o faz, talvez o seja pela segurança que sente sob o jugo 
do poder dos reis e príncipes. Porém, ao agir dessa forma, os homens vivem como 
se fossem bichos. E qual seria a causa de todas as mazelas que o homem sofre no 
seu dia-a-dia? 
Segundo La Boétie: 
A liberdade, todavia um bem tão grande e tão 
aprazível que, uma vez perdido, todos os males seguem 
de enfiada; e os próprios bens que ficam depois dela 
perdem inteiramente seu gosto e sabor, corrompidos 
pela servidão. Só a liberdade os homens não desejam; 
ao que parece não há outra razão senão que, se a 
desejassem, tê-la-iam; como se se recusassem a fazer 
essa; bela aquisição só porque ela é demasiado fácil. (LA 
BOÉTIE, 2001, p. 15). 
 
O filósofo insiste na ideia de que se não temos liberdade é porque não a que-
remos. E que todos os males que sofremos são decorrência de a havermos perdido 
e, no entanto, não nos dispomos a recuperá-la. Para sermos felizes, segundo ele, 
bastaria que “(...) vivêssemos com os direitos que a natureza nos deu e com as 
lições que nos ensina seriamos naturalmente obedientes aos pais, sujeitos à razão e 
servos de ninguém” (LA BOÉTIE, 2001, p. 17). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
68 
 
IMPORTANTE: 
Pressupondo que é de nossa própria natureza ser livre, La Boétie 
rejeita a tese de que uns sejam mais felizes do que outros, como alguns teóricos da 
“Teoria do direito divino”, que pressupunham que orei e a família real eram mais 
em dignidade que o restante dos homens, o que justificava a obediência e 
reverência a eles prestadas. Por isso, procura de forma contundente denunciar o 
marasmo diante da servidão. De acordo com este: “É incrível como o povo, quando 
se sujeita, de repente cai no esquecimento da franquia tanto e tão profundamente 
que não lhe é possível acordar para recobrá-la, servindo tão francamente e de tão 
bom grado que ao considerá-lo dir-se-ia que não perdeu sua liberdade e sim 
ganhou sua servidão” (LA BOÉTIE, 2001, p. 20). 
 
Embora fale para o conjunto da população, como os que detêm o poder em 
relação a rebelar-se contra o jugo da servidão, La Boétie tem o cuidado de 
distinguir entre aqueles que jamais conheceram a liberdade. Pode-se aqui 
entender a população a quem sempre foi negado tais direitos, daqueles que 
tornam o povo objeto de tirania: 
Por certo não porque eu estime que o país e a 
terra queiram dizer alguma coisa; pois em todas as 
regiões, em todos os ares, amarga é a sujeição e 
aprazível ser livre; mas porque em meu entender deve-
se ter piedade daqueles que ao nascer viram-se com o 
jugo no pescoço; ou então que sejam desculpados, que 
sejam perdoados, pois não tendo visto da liberdade se-
quer a sombra e dela não estando avisados, não 
percebem que ser escravos lhes é um mal. (LA BOÉTIE, 
2001, p. 23). 
 
Com efeito, o filósofo procura ser mais enfático ao falar daqueles que são 
instrumentos da tirania: 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
69 
 
Vendo, porém essa gente que gera o tirano para se 
encarregar de sua tirania e da servidão do povo, com 
frequência sou tomado de espanto por sua maldade e 
às vezes de piedade por sua tolice. Pois, em verdade, o 
que é aproximar-se do tirano senão recuar mais de sua 
liberdade e, por assim dizer, apertar com as duas mãos 
e abraçar a servidão? Que ponham um pouco de lado 
sua ambição e que se livrem um pouco de sua avareza, 
e depois, que olhem-se a si mesmos e se reconheçam; e 
verão claramente que os aldeões, os camponeses que 
espezinham o quanto podem e os tratam pior do que a 
forçados ou escravos – verão que esses, assim 
maltratados, são no entanto felizes e mais livres do que 
eles” (LA BOÉTIE, 2001, p. 33). 
 
Realmente, você concorda que a posição de La Boétie é tão atual? Não é 
interessante o seu ponto de vista sobre a questão da liberdade? A sua discussão 
poderia perfeitamente caber na nossa época atual? Bem, reflita sobre estas 
indagações em seguida, pois discutiremos agora o que Sartre propõe como debate 
sobre a liberdade. Vamos lá! 
Primeiramente, cabe ressaltar que Sartre preocupa-se em esclarecer que há 
dois tipos de existencialismo, o cristão, que tem como representantes Jaspers e 
Gabriel Marcel do o “existencialismo ateu”, que tem como representante Martin 
Heidegger, os “existencialistas franceses” e o próprio Sartre. O que há em comum 
entre os existencialistas cristãos e ateus é “(...) o fato de considerarem que a 
existência precede a essência. (SARTRE, 2004, p. 4-5). Isso significa que, diferente 
dos filósofos anteriores, sobretudo, da filosofia do século XVIII, os existencialistas 
não aceitam o fato de o homem possuir uma natureza humana. Por sua vez, o 
“existencialismo ateu”, do qual Sartre é um dos mentores, fundamenta a 
inexistência de uma natureza humana pelo fato de afirmarem a inexistência de 
Deus. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
70 
 
Sobre isto, reflete Sartre: 
(...) Se Deus não existe, há pelo menos um ser no 
qual a existência precede a essência, um ser que existe 
antes de poder ser definido por qualquer conceito: este 
ser é o homem (...) o homem existe, encontra a si mes-
mo, surge no mundo e só posteriormente se define. O 
homem, tal como o existencialista o concebe, só não é 
passível de uma definição porque, de início, não é nada: 
só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que 
ele fizer de si mesmo (SARTRE, 2004, p. 5-6). 
Para o existencialismo, o homem ao nascer não está definido, mas irá através 
de sua existência fazer-se homem. Quando nasce, diferente dos demais animais, o 
homem tem em suas mãos o que poderá tornar-se. Como afirma Silva “(...) 
liberdade implica que posso sempre ser um outro projeto, porque nenhuma 
escolha é em si justificada”. Sendo que “(...) nenhuma escolha decidirá sobre a 
própria liberdade, porque não posso escolher ser livre” (SILVA, 2004, p. 144). 
Sartre alerta para o fato de que mesmo que a escolha seja subjetiva, 
ou seja, individual, o homem está sempre relacionado aos limites da pró-
pria realidade humana. Assim, escolher ser isto ou aquilo é afirmar, 
concomitantemente, o valor do que estamos escolhendo, pois não 
podemos nunca escolher o mal; o que escolhemos é sempre o bem e 
nada pode ser bom para nós sem o ser para todos. Se, por outro lado, a 
existência precede a essência, e se nós queremos existir ao mesmo 
tempo em que moldamos nossa imagem, essa imagem é válida para 
todos e para toda a nossa época. (SARTRE, 2004, p. 6-7). 
Para Borheim (2000), a realidade, a existência de cada um de nós se dá inserida 
nos limites da subjetividade humana. O ser humano ao mesmo tempo em que é 
indivíduo, torna-se e realiza-se enquanto ser através da sua relação com os demais 
de sua espécie e, portanto, as escolhas que faz são escolhas que engajam toda a 
humanidade. Entretanto, “(...) essa escolha de ser, como todas as que poderiam ser 
feitas, está sempre em questão, porque a realidade humana é uma questão: 
nenhuma resolução, nenhuma deliberação assegura a persistência da escolha”. 
(SILVA, 2004, p. 145). É importante destacar que a ética sartreana fundamenta-se no 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
71 
 
valor e na responsabilidade. Desse modo, instituir valores é implicitamente negar 
valores, pois devo optar por um único critério e, quando o faço, os outros não 
permanecem como virtualidades positivas, mas se desvanecem como não-valores. 
É nesse sentido que a universalidade está implicada na instituição do valor 
imanente à escolha: só posso escolher um negando os outros e então aquele que 
escolho torna-se universal; naquele momento, ele é o único capaz de orientar a 
minha escolha, porque foi essa própria escolha que o posicionou como único. A 
“radicalidade” da escolha não permite que a instituição de um valor conserve uma 
pluralidade possível: ela anula todos os outros critérios. (SILVA, 2004, p. 147). 
O que, na realidade, Silva busca alertar é para o fato de que não há um valor 
em absoluto e que a cada escolha, ao instituir-se valores, ocorre a anulação dos 
demais critérios utilizados anteriormente. Na discussão da responsabilidade, e 
tendo claro que “(...) toda decisão é sempre decisão de criar valores (...) não é 
possível não escolher, não é possível não assumir responsabilidade pelas escolhas”. 
(SILVA, 2004, p. 150-151). 
Nesse sentido, é interessante discutir a questão histórica de responsabilidade 
do cidadão alemão comum com o Holocausto. É o que afirma o historiador Michael 
Marrus, quando afirma que: “Assim, temos apenas uma ideia muito vaga das 
relações entre a política antijudaica nazista e a opinião pública. Embora haja uma 
crença disseminada de que o antissemitismo fazia parte da força de coesão 
ideológica do Terceiro Reich, mantendo unidos elementos opostos da sociedade 
alemã, os historiadores não foram capazes de identificar um impulso assassino fora 
da liderança nazista”. 
Eu argumentei que as variedades populares de antissemitismo, sozinhas, 
nunca foram fortes o suficiente para apoiar a perseguição violenta na era moderna. 
No caso de certos grupos, como o alto comando da Wehrmach, é muito provável 
que as predisposições antijudaicas tenham facilitado sua colaboração efetiva no 
genocídio. Em outros casos, “a indiferença ou a superficialidade parecem ter sido 
mais comuns — o que é suficientemente chocante quando vemoshorrores do 
Holocausto, mas de fato isto é muito diferente de um incitamento ao assassinato 
em massa” (MARRUS, 2003, p. 180-181). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
72 
 
A discussão historiográfica mais recente busca entender como se comportava 
a população alemã diante do genocídio. Há alguns historiadores que 
responsabilizam a população alemã pelo fato de ter se comportado de forma 
indiferente ao que ocorria. Contudo, a posição do historiador Michael Marrus é de 
que apesar de sua indiferença não é possível responsabilizá-la. 
É interessante destacar que toda essa discussão histórica tem uma forte 
conotação ética por se tratar de valorar as ações dos homens diante de um 
acontecimento considerado hediondo, pelo fato de estender a responsabilidade a 
toda a população e ter saído do corriqueiro que é atribuir apenas aos governantes 
e aos que estavam a serviço do poder, mas também ao cidadão comum que se 
portou de forma indiferente ao que ocorria em sua pátria naquele momento. Para 
Sartre, o homem é liberdade. 
Como entender essa afirmação? Entende-se que não há certezas e nem 
modelos que possam servir de referência, cabe ao homem inventar o próprio 
homem e jamais esquecer-se que é de sua responsabilidade o resultado de sua 
invenção. Pelo fato de ser livre é o homem quem faz suas escolhas e que ao fazê-
las, torna-se responsável por elas. É por isso que: o existencialista declara 
repetidamente que o “homem é angústia”. Tal afirmação significa o seguinte: o 
homem que se engaja e que se dá conta de que ele não é apenas aquele que 
escolheu ser, mas também um legislador que escolhe simultaneamente a si mesmo 
e a humanidade inteira, não consegue escapar ao sentimento de sua total e 
profunda responsabilidade. (SARTRE, 2004). 
O conceito angústia está relacionado ao binômio: liberdade versus res-
ponsabilidade. Faço as escolhas e ao fazê-las sou eu, exclusivamente eu, o único 
responsável por elas. A angústia é o sentimento de cada homem diante do peso de 
sua responsabilidade, por não ser apenas por si mesmo, mas por todas as 
consequências das escolhas feitas. Com a angústia, há um outro sentimento que é 
fruto também da liberdade: o desamparo. É preciso lembrar que o conceito de 
angústia foi desenvolvido pelo filósofo Kierkegaard e o conceito de desamparo, 
pelo filósofo Heidegger (Cf. BORHEIM, 2000). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
73 
 
O existencialista, pelo contrário, pensa que é extremamente incômodo que 
Deus não exista, pois, junto com ele, desaparece toda e qualquer possibilidade de 
encontrar valores num céu inteligível; não pode mais existir nenhum bem a priori, 
já que não existe uma consciência infinita e perfeita para pensá-lo; não está escrito 
em nenhum lugar que o bem existe, que devemos ser honestos, que não devemos 
mentir, já que nos colocamos precisamente num plano em que só existem homens. 
Dostoiévski escreveu: ‘”Se Deus não existisse, tudo seria permitido” (SARTRE, 2004, 
p. 9). 
O desamparo se dá pelo fato de o homem saber-se só. É por isso que Sartre diz 
que “(...) o homem está condenado a ser livre”. (SARTRE, 2004, p. 9). Pois não há 
nenhuma certeza, não há nenhuma segurança e tudo o que fizer é de sua irrestrita 
responsabilidade. De fato o homem, sem apoio e sem ajuda, está condenado a “(...) 
inventar o homem a cada instante”. (SARTRE, 2004, p. 9). Diante da constatação de 
que “(...) somos nós mesmos que escolhemos nosso ser”. (SARTRE, 2004, p. 12), 
surge o outro sentimento: o desespero. O que marca o desespero é o fato de que 
só podemos contar com o que depende da nossa vontade ou com o conjunto de 
probabilidades que tornam a nossa ação possível. Quando se quer alguma coisa, há 
sempre elementos prováveis. 
Posso contar com a vinda de um amigo. Esse amigo vem de trem ou de 
ônibus; sua vinda pressupõe que o ônibus chegue na hora marcada e que o trem 
não descarrilhará. Permaneço no reino das possibilidades, porém trata-se de contar 
com os possíveis apenas na medida exata em que nossa ação comporta o conjunto 
desses possíveis. A partir do momento em que as possibilidades que estou 
considerando não estão diretamente envolvidas em minha ação, é preferível 
desinteressar-me delas, pois nenhum Deus, nenhum desígnio poderá adequar o 
mundo e seus possíveis a minha vontade. Não posso, porém contar com os 
homens que não conheço, fundamentando-me na bondade humana ou no 
interesse do homem pelo bem-estar da sociedade, já que o homem é livre e que 
não existe natureza humana na qual possa me apoiar (SARTRE, 2004, p. 12). 
Pelo fato de a realidade ir além, extrapolar os domínios de minha vontade e de 
minhas ações, o reino das possibilidades passa a evidenciar que minha ação deverá 
ocorrer sem qualquer esperança. O desespero é, portanto, o sentimento de que 
não há certezas e verdades prontas, é o sentimento de insegurança que impregna 
a vontade e o agir, pelo fato de ambos serem confrontados com o reino das 
possibilidades e apontarem para o limite a liberdade de cada indivíduo. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
74 
 
A realidade não existe a não ser na ação; (...) o 
homem nada mais é do que o seu projeto; só existe na 
medida em que se realiza; não é nada além do conjunto 
de seus atos, nada mais que sua vida (SARTRE, 2004, p. 
13). 
Segundo Borheim (2000, p. 23), “uma vez que não existe para cada um senão 
aquilo que faz, ou seja, o resultado de suas ações; a vida é, portanto, a somatória 
dos próprios atos”. Sendo assim, Sartre destaca a ideia de que o homem é levado a 
agir, pois é por meio do engajamento que direciona seus atos em relação aos 
outros homens. Alerta Sartre que não se nasce herói, covarde ou gênio, mas é o 
engajamento que faz com que assim se torne. Isso se dá pelo fato de que: 
(...) se bem que seja impossível encontrar em cada 
homem uma essência universal que seria a natureza 
humana, consideramos que exista uma universalidade 
humana de condição. Não é por acaso que os 
pensadores contemporâneos falam mais 
frequentemente da condição do homem do que de sua 
natureza. Por condição, eles entendem, mais ou menos 
claramente, o conjunto dos limites a priori que 
esboçam a sua situação fundamental no universo 
(SARTRE, 2004, p. 16). 
 
IMPORTANTE: 
Ao falar da condição do homem, Sartre apresenta o que delimita o 
agir. Portanto, para este cada um enfrentará os limites de sua própria 
existência que está dada em sua condição e diante da qual “(...) a escolha é possível, 
em certo sentido, porém o que não é possível é não escolher. Eu posso sempre 
escolher, mas devo estar ciente de que, se não escolher, assim mesmo estarei 
escolhendo.” (SARTRE, 2004, p. 17). É interessante que as escolhas são ativas ou 
passivas e a responsabilidade pesa sobre elas, seja qual delas for. É verdade no 
sentido em que, cada vez que o homem escolhe o seu engajamento e o projeto 
com toda a sinceridade e toda a lucidez, qualquer que seja, aliás, esse projeto, não 
é possível preferir-lhe um outro; é ainda verdade na medida em que nós não 
acreditamos no progresso; o progresso é uma melhoria; o homem permanece o 
mesmo perante situações diversas e a escolha é sempre uma escolha numa 
situação determinada (SARTRE, 2004, p. 18). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
75 
 
É o homem quem escolhe seu engajamento e isto, segundo Sartre, “jamais 
mudará”. É por isso que o filósofo preocupa-se em dizer que não há a ideia de 
progresso em relação ao homem, já que o mesmo sempre estará diante da escolha 
de seu engajamento. Talvez fique mais evidenciada a ideia de que o homem não é 
uma essência, pois não se trata de chegar a um ponto ou lugar determinado, antes 
o que resta a cada um é fazer sua escolha, a escolha que lhe for possível. Quando 
declara que a liberdade, através de cada circunstância concreta, não pode ter outro 
objetivo senão o de querer-se a si própria, quero dizer que, se alguma vez o 
homemreconhecer que está estabelecendo valores, em seu desamparo, ele não 
poderá mais desejar outra coisa a não ser a liberdade como fundamento de todos 
os valores. Isso não significa que ele a deseja abstratamente. Mas simplesmente, 
que os atos dos homens de boa fé possuem como derradeiro significado a procura 
da liberdade enquanto tal (SARTRE, 2004, p. 19). 
Portanto, o valor máximo da existência humana é a liberdade. Mas a liberdade 
não é algo individual, ou seja, a nossa liberdade implica na dos outros. Apesar das 
circunstâncias é a liberdade o valor imprescindível da vida humana. O alerta que 
faz Sartre em relação à liberdade como fundamento de todos os valores é o de que: 
Temos que encarar as coisas como elas são. E, 
aliás, dizer que nós inventamos os valores não significa 
outra coisa senão que a vida não tem sentido a priori. 
Antes de alguém viver, a vida, em si mesma, não é 
nada; é quem a vive que deve dar-lhe um sentido; e o 
valor nada mais é o que esse sentido escolhido. 
(SARTRE, 2004, p. 21). 
O homem, pelo fato de ser livre e tornar-se homem, já que a existência 
precede a essência, depara-se com a situação de que a vida não possui sentido 
anteriormente dado. O sentido da vida é traçado a partir das escolhas que faz e 
através dos atos que realiza. Sendo assim, Sartre não aceita os demais humanismos, 
pois apresenta um sentido à vida humana como sendo uma meta, algo pronto e 
acabado ao qual cada indivíduo deva alcançar. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
76 
 
Existe uma universalidade em todo projeto no sentido em que qualquer 
projeto é inteligível para qualquer homem. Isso não significa de modo algum que 
esse projeto defina o homem para sempre, mas que ele pode ser reencontrado. 
Temos sempre a possibilidade de entender o idiota, a criança, o primitivo ou o 
estrangeiro, desde que tenhamos informações suficientes. Nesse sentido, podemos 
dizer que há uma universalidade do homem, porém ela não é dada, ela é 
permanentemente construída. (SARTRE, 2004, p. 16). 
Uma das diferenças entre o humanismo divulgado pelo 
existencialismo está no fato de que há uma universalidade humana 
que é uma “construção do próprio homem”, contrária à afirmação de 
uma essência humana já que a mesma entende-se como algo dado, 
pronto e sempre o mesmo. Por não haver valores estabelecidos, o 
homem pode inventá-los e, ao fazê-lo, atribui sentido à própria vida. 
O humanismo do qual fala o existencialismo é o que permite que os 
homens, por meio da invenção de valores, criem a comunidade 
humana. Deve-se destacar o fato de que não há um modelo ou meta 
predeterminada, mas se dá por meio da própria ação dos homens (Cf. 
BORHEIM, 2000). 
A afirmação de Sartre “(...) o homem é liberdade” depara-se com o humanismo 
proposto pelo existencialismo que entende que o homem não pode ser colocado 
como meta ou fim. É por isso, que mesmo havendo a meta, para os demais 
humanismos, Sartre a rejeita pelo fato de entender que é por meio de sua ação — 
engajamento —, o homem, por não haver valores estabelecidos, pode inventá-los 
e, ao fazê-lo, atribui sentido à própria vida. O humanismo do qual fala o 
existencialismo é o que permite que os homens por meio da invenção de valores 
criem a comunidade humana. 
De acordo com Silva (2004, p. 34) 
(...) deve-se destacar o fato de que não há um 
modelo ou meta predeterminada, mas se dá por meio 
da própria ação dos homens. Também, por entender 
que o homem não é uma meta, é impossível, para 
Sartre, admitir que o homem possa julgar o homem”. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
77 
 
Quando recusou o prêmio Nobel de literatura, o fez por entender que nin-
guém poderia valorar, ou seja, julgar a sua obra. Para o existencialismo, o 
humanismo está dado na realização da própria vida, em que por meio das escolhas 
e diante das circunstâncias e condições o homem realiza sua existência por meio 
da liberdade. 
O problema da liberdade é verdadeiramente uma questão intrigante e atual. 
Espero que você tenha aprendido sobre esta problemática de forma tranquila e 
segura, pois não é tão difícil como aparenta ser. 
 
SUGESTÃO DE FILME 
Pegue seu caderno de anotações, sente-se e assista ao filme A Dona 
da História de Daniel Filho. Ele contextualizará melhor ainda o conteúdo 
que você acabou de estudar. 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
Visando enriquecer seu processo de aprendizagem procure efetuar a 
leitura complementar dos seguintes textos: 
ARISTÓTELES (Tradução de Mário da Gama Kury). Ética a Nicômacos. 4ª ed. 
Brasília: Editora Universidade de Brasília - UNB, 2001. 240p. 
ARENDT, H. Entre o passado e o futuro. 5ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2003. 
350p. 
BORHEIM, G. A. Sartre. São Paulo: Editora Perspectiva, 2000. 320p. 
LA BOETIE. E. Discurso da Servidão Voluntária. 4ª ed. São Paulo: Brasiliense, 
2001. 455p. 
TUNGENDHAT, E. Lições sobre ética. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 1997. 432p. 
VAZQUEZ, A. S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. 304p. 
VERNANT, Jean-Pierre. Mito e Pensamento entre os gregos. 28ª ed. São 
Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 2005. 400p. 
MARRUS, M. R. A assustadora história do Holocausto. Rio de Janeiro: 
Ediouro, 2003. 340p. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
78 
 
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Nova 
Brochura, 2004. 257p. 
SAVATER, F. Ética para meu filho. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 189p. 
SILVA, F. L. Ética e Literatura em Sartre: ensaios introdutórios. São Paulo: 
UNESP, 2004. 264p. 
 
 
É HORA DE SE AVALIAR! 
Lembre-se de realizar as atividades propostas no caderno de 
exercícios! Elas são fundamentais para ajudá-lo a fixar o conteúdo teórico 
trabalhado, a sistematizar as ideias e os conceitos apresentados, além de 
proporcionar a sua autonomia no processo ensino-aprendizagem. Caso prefira, 
redija suas respostas no caderno de exercícios e depois as envie através do nosso 
ambiente virtual de aprendizagem (AVA). 
 
Procure interagir permanentemente conosco e utilize todos os recursos 
didáticos e pedagógicos disponibilizados com o objetivo de aprimorar a sua 
formação acadêmica. 
Nesta unidade, procuramos fornecer alguns dos problemas norteadores da 
ética. Vimos a discussão sobre a problemática da liberdade, do determinismo e da 
responsabilidade nos filósofos La Boétie e Sartre. Também, buscou-se 
compreender as noções de felicidade amizade e virtude na reflexão filosófica de 
Aristóteles. Além disso, debatemos o que é ser virtuoso e o que é necessário para 
ser feliz, segundo a perspectiva de Aristóteles. Espero que você tenha desfrutado 
dessa discussão e tenha compreendido a relevância destes conceitos tão na nossa 
prática cotidiana. Na próxima unidade discutiremos a aplicação prática dos 
fundamentos da ética. 
Bons estudos! Te vejo na próxima unidade! 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
79 
 
Exercícios - unidade 2 
 
“Para definir um ______, temos de ponderar, avaliar, ajuizar, apreciar ou 
estimar. Neste sentido, valorar implica uma avaliação e uma _________. Logo, toda 
moral e toda ética se relacionam diretamente aos _______, que são avaliações e 
apreciações seja da melhor forma de vida, seja da boa ou má ação”. 
a) Valor – apreciação - instintos 
b) Valor – apreciação - juízos 
c) Humor – discriminação - instintos 
d) Valor – apreciações - juízos 
e) Humor – discriminação - instintos 
 
2ª QUESTÃO: Marque (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas e 
assinale a alternativa CORRETA. 
( ) Valorar é dar preferência ao que é melhor. 
( ) Juízos são avaliações e apreciações da melhor ou pior forma de vida e da boa ou 
má ação. 
( ) Alguns dos juízos éticos de valor são informativos. 
 
a) V, V, F. 
b) V, V, V. 
c) F, V, F. 
d) V, F, F 
e) F, F, F. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
80 
 
3ª QUESTÃO: É o homem quem escolhe seu engajamentoe isto, segundo Sartre, 
“jamais mudará”. É por isso que o filósofo preocupa-se em dizer que não há a ideia 
de progresso em relação ao homem, já que o mesmo sempre estará diante da 
escolha de seu engajamento. Em relação a esta afirmativa, podemos afirmar que, 
para Sartre: 
a) o homem, pelo fato de ser livre e tornar-se homem, já que a existência sucede 
a essência, depara-se com a situação de que a vida não possui sentido 
anteriormente dado. 
b) o homem, pelo fato de ser livre e tornar-se homem, já que a existência 
precede a essência, depara-se com a situação de que a vida não possui sentido 
anteriormente dado. 
c) o homem, pelo fato de não conseguir ser livre e tornar-se um animal, já que a 
existência precede a essência, depara-se com a situação de que a vida não 
possui sentido anteriormente dado. 
d) o homem, pelo fato de ser livre e tornar-se homem, já que a existência 
precede a inconsistência, depara-se com a situação de que a vida possui um 
sentido anteriormente dado. 
e) o homem, pelo fato de ser livre e tornar-se homem, já que a essência precede 
a existência, depara-se com a situação de que a vida não possui sentido 
anteriormente dado. 
 
4ª QUESTÃO: Para La Boétie é preciso atenção, sobretudo, para a questão da 
liberdade, pois ela age como princípio ético para a ação humana diante das 
circunstâncias por ele vivenciadas. Seguinte a esta sentença, é possível afirmar que: 
a) para La Boétie, os homens são escravos e a sua existência precede a sua 
essência. 
b) a questão que intriga La Boétie é o fato de os homens abrirem mão de sua 
liberdade em benefício de um outro. 
c) La Boétie afirma enfaticamente que a lei moral é um imperativo categórico. 
d) a questão que intriga La Boétie é aquela que diz respeito ao profissionalismo 
religioso. 
e) para La Boétie, a amizade é um fenômeno sagrado e impositivo. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
81 
 
5ª QUESTÃO: Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche 
CORRETAMENTE as lacunas do texto a seguir: 
“Existem __________ em que predomina a busca pelo útil ou agradável, ou 
algo passageiro, segundo Aristóteles, pois é uma característica do ser, que 
Aristóteles chama de ______, por se tratar de características que não são 
permanentes, pois a utilidade está sempre em mudança, pelo fato de ser o 
resultado de algum bem ou prazer.” 
a) espécies de moralidade - “acidente” 
b) espécies de coragem - “lei moral” 
c) espécies de amizade - “acidente” 
d) espécies de coragem - “lei moral” 
e) espécies de amizade - “imperativo” 
 
6ª QUESTÃO: Leia atentamente o texto a seguir: 
“De tudo que é contínuo e divisível é possível tirar uma parte maior, menor ou 
igual, e isto tanto em termos da coisa em si quanto em relação a nós; e o igual é um 
meio termo entre o excesso e a falta. Por “meio termo” quero significar aquilo que é 
equidistante em relação a cada um dos extremos, e que é único e o mesmo em relação 
a todos os homens; por “meio termo em relação a nós” quero significar aquilo que não 
é nem demais nem muito pouco, e isto não é único nem o mesmo para todos” 
(ARISTÓTELES, 2004. p. 41). 
 
Com base na sua leitura podemos afirmar que: 
a) para Aristóteles, a busca é pelo “meio-termo”, ou seja, o equilíbrio entre o 
excesso e a falta. 
b) para Aristóteles, o “meio-termo” é a própria essência da felicidade. 
c) para Aristóteles, a busca é pelo “meio-termo”, ou seja, o equilíbrio entre o 
processo e a falta. 
d) para Aristóteles, o “meio-termo” é o meio para o fim da coragem. 
e) para Aristóteles, o equilíbrio e a falta são termos metafísicos fora do alcance da 
infelicidade. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
82 
 
7ª QUESTÃO: Dentre as alternativas a abaixo, qual delas é completamente FALSA? 
a) Aristóteles fundamenta a ética — a arte de bem viver — tendo como refe-
rência primordial o papel do homem, ou seja, da vida humana, pois não se tra-
ta da vida de um homem e sim do ser humano em geral. 
b) para Aristóteles, a felicidade é o resultado do saber viver. 
c) para Aristóteles toda a preocupação, tanto da excelência moral quanto da 
ciência política, é com o prazer e com o sofrimento, porquanto o homem que 
os usa bem é bom e o que os usa mal é mau. 
d) na obra Ética a Nicômacos é o lugar onde Aristóteles discute as condições 
necessárias para ser feliz. 
e) o termo excelência utilizado por Aristóteles é corriqueiramente entendido 
também por coragem. 
 
8ª QUESTÃO: Considere as afirmativas: 
I. Para que haja conduta ética, é preciso que exista o agente consciente. 
II. A consciência moral não só conhece tais diferenças, mas também se reconhece 
como capaz de julgar o valor dos atos e das condutas e de agir em conformidade 
com os valores morais. 
III. A consciência moral manifesta-se, antes de tudo, na incapacidade para deliberar 
diante de poucas possíveis, decidindo e escolhendo uma delas antes de lançar-se 
na ação. 
IV. A consciência moral diz respeito a uma escuta coletiva que todos temos como 
seres irracionais e que às vezes faz com que sintamos remorso por ter agido de 
uma forma em vez de outra. 
Assinale a alternativa verdadeira. 
a) I e II são corretas; III e IV são falsas. 
b) I e III são corretas; II e IV são falsas. 
c) II e IV são corretas; I e III são falsas. 
d) I e II são falsas; III e IV são corretas. 
e) I, II e IV são falsas; III é correta. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
83 
 
9ª QUESTÃO: O ato amoralmente válido subdivide-se em duas formas 
fundamentais: o normativo e o fatual. Como se constitui o ‘ato normativo’? 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
 
10ª QUESTÃO: Todos os juízos éticos de valor são normativos, isto é, enunciam 
normas que determinam o “dever ser” de nossos sentimentos, nossos atos, nossos 
comportamentos. Com base no que você estudou nesta unidade, discorra sobre as 
especificidades dos juízos éticos de valor normativos. 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
84 
 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
85 
 
Ética aplicada: a ética na 
empresa e nos negócios 
Pressupostos teóricos da ética empresarial: história e desenvolvimento. 
Empresa ética e visão ético-empresarial. 
A ética nos negócios ou negociando com ética: lucro x princípios morais. 
O código de ética profissional: funções e limites. 
3 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
86 
 
Seja bem-vindo à terceira unidade de estudo. Na unidade anterior, você teve a 
oportunidade de estudar alguns dos temas mais recorrentes da ética, no plano 
tradicional da história da filosofia. O estudo daqueles temas foi fundamental para 
que você se sentisse confortável e seguro para entender o que estudaremos a 
partir desta unidade. Trata-se, portanto, de discutirmos a aplicação prática dos 
fundamentos da ética. Sendo assim, nesta unidade, ressaltaremos a aplicação da 
ética no plano das empresas e dos negócios. Uma abordagem estritamente 
fundamental para quem atua ou atuará no ramo da administração ou da 
contabilidade, assim como os que possuem interesse em compreender como 
procedem as relações éticas no âmbito empresarial emgeral. Bom estudo! 
 
Objetivos da unidade 
 Discutir a abordagem prática da ética no nível das organizações e 
nos negócios. 
 Compreender os aspectos éticos presentes nas relações comerciais 
ou nos negócios. 
 Discutir o código de ética e seus fundamentos. 
 
Plano da unidade 
 Pressupostos teóricos da ética empresarial: história e 
desenvolvimento. 
 Empresa ética e visão ético-empresarial. 
 A ética nos negócios ou negociando com ética: lucro x princípios 
morais. 
 O código de ética profissional: funções e limites. 
 
Bons estudos! 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
87 
 
Pressupostos teóricos da ética empresarial: 
história e desenvolvimento 
 
Atualmente é notória a importância da ética no desenvolvimento das 
organizações, isto é, da postura que as empresas adotam para terem uma conduta 
ética e dos instrumentos de aplicação da mesma. Estas investem cada vez mais na 
criação de estruturas adequadas ao fortalecimento das relações éticas com os seus 
consumidores, fornecedores e a comunidade em que está inserida. Qualquer que 
seja a razão ou o motivo, tudo isto nos faz compreender que a ética é realmente 
um “ótimo negócio”! 
Segundo Moreira (2002), o comportamento ético nos negócios é esperado e 
exigido por toda a sociedade, pois é a única forma de obtenção de lucro com 
respaldo moral ou ético. Por sua vez, Nash (2001) avalia que vários empresários 
vêm resgatando os valores morais compreendidos pela conduta ética nos 
negócios, tais como: honestidade, justiça, respeito pelos outros, compromisso 
cumprido, confiabilidade, entre outros. Para a autora, a aplicação da ética nos 
negócios consiste em um diferencial competitivo, que pode determinar a 
permanência da empresa no mercado tão competitivo. Mas o que é uma empresa? 
O que a caracteriza? 
Considerando a empresa como uma “unidade econômica”, podemos dizer 
que, através dela, todo empresário utiliza os três fatores técnicos em relação à sua 
produção: a natureza, o capital e o trabalho. Estes fatores aliados suscitam um 
resultado bem definido, que é um serviço ou um bem ou até mesmo um direito. O 
bem, ou o serviço, ou o direito é, por sua vez, 
vendido ao mercado pelo preço mais adequado 
que este puder oferecer. Por conseguinte, a 
diferença entre o preço da venda e o custo da 
produção é o proveito monetário designado de 
lucro. Deste modo, defini-se uma empresa como 
uma organização cujo seu objetivo final é a 
garantia do lucro. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
88 
 
Nestes termos, a ética empresarial objetiva avaliar ou investigar as 
consequências do comportamento de uma empresa, isto é, de uma “unidade 
econômica” quando a sua ação está ou não em conformidade com os princípios 
morais e as regras do bem proceder aceitas pela coletividade nas quais está 
inserida. Por outro lado, a ética empresarial reflete e discute as normas e valores 
dominantes de uma empresa, também interroga pelos fatores qualitativos que 
fazem com que determinado agir seja um agir eticamente válido. Por outro lado, 
sob o prisma da ética aplicada, ela tem como meta estabelecer, através do acordo 
com as pessoas atingidas, pelo agir empresarial, normas materiais e processuais 
que foram postas em vigor na empresa como possuindo “caráter vinculante” 
(MOREIRA, 2002, p. 22). 
Por fim, podemos ainda enfatizar que a ética empresarial ou organizacional 
pode ser apreendida como o “descobrimento e a aplicação dos valores e normas 
compartidos pela sociedade no âmbito da empresa ou organização, 
especificamente, no processo de tomada de decisões a fim de aumentar sua 
qualidade” (MOREIRA, 2002, p. 33). Pensando assim, a tarefa principal da ética 
empresarial consiste em elucidar o sentido e o fim da atividade empresarial e 
propor orientações e valores éticos específicos para alcançá-los. Com efeito, as 
decisões concretas ficam nas mãos dos sujeitos que são responsáveis por elas e, 
portanto, não “podem tomá-las sem considerar o fim que se persegue, os valores 
éticos orientadores, a consciência ética socialmente alcançada e os contextos e 
consequências de cada decisão” (TOFFLER, 1993, p. 34). 
Cabe salientar que estas definições somente fazem sentido se tivermos em 
mente as características fundamentais da ética empresarial. Quais são estas 
características? Como se caracteriza a ética empresarial? Toffler (1993) destaca os 
seguintes pontos: 
 “A ética empresarial não consiste em uma ética de convicção, mas 
sim de responsabilidade pelas consequências das decisões tomadas. 
No entanto, deve-se evitar extremos, pois aquele que pauta seu agir 
puramente pela ética da responsabilidade, sem convicções, pode 
transformar-se em um frio calculador de consequências”; 
 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
89 
 
Entende-se por ética de convicção a que prescreve ou proíbe determinadas 
ações, incondicionalmente, como boas ou más em si, sem levar em conta as 
condições em que devem realizar-se ou omitir-se ou, ainda, sem considerar as 
consequências que podem advir de sua realização ou omissão. E por ética da 
responsabilidade, a que ordena ponderar as consequências previsíveis das próprias 
decisões ou das circunstâncias em que ocorrem. 
 “Uma vez que a atividade empresarial tem uma função social que a 
legitima, a empresa que esquece este aspecto não logra esta 
legitimação. Desta forma, os consumidores são interlocutores válidos 
e constitui-se uma exigência para a ética da empresa ter em conta 
seus interesses através de mecanismos de participação efetiva”; 
 “Os membros da empresa devem cumprir com suas obrigações e 
“co-responsabilizarem-se” pelo andamento de suas atividades com a 
cooperação, suplantando o conflito e a apatia”. 
Com isso, pode-se concluir que, de acordo com Toffler, uma empresa ou 
organização que atua de forma eticamente adequada é a que persegue os 
objetivos pelos quais realmente existe, isto é, satisfazer as necessidades humanas e 
caracteriza-se fundamentalmente pela agilidade e iniciativa, pelo fomento da 
cooperação entre seus membros, pela solidariedade, pelo “risco racional” e pela 
“co-responsabilidade”. Contudo, todas estas evidências devem ocorrer dentro dos 
parâmetros da justiça, sem o qual a organização estaria em desacordo com os 
princípios éticos e morais da sociedade em que está inserida (TOFFLER, 1993, p. 56). 
Bem, depois dessa breve explanação sobre os pressupostos da Ética 
empresarial, vejamos alguns dos seus pressupostos históricos. Vamos lá? 
A evolução histórica da ética empresarial seguiu concomitantemente ao 
desenvolvimento econômico, histórico e social da nossa civilização. Este 
desenvolvimento concomitante fez surgir vários problemas. Você deve estar 
perguntando que problemas são estes? Bem, inicialmente, na economia baseada 
em “troca” das sociedades primitivas e antigas, não havia lucro e nem efetivamente 
o que hoje denominamos de empresa. Com efeito, o advento do conceito de lucro 
como finalidade das operações econômicas representou uma dificuldade para a 
moral e para a ética, assim como para o que hoje entendemos como empresa. Você 
deve estar se perguntando: como assim? 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
90 
 
Durante muito tempo, pensadores, intelectuais e estadistas debruçaram-se a 
estudar apenas a “economia de troca”, na qual se assumiam valores idênticos para 
os bens comercializados. Em função disso, consideravam o lucro como um 
acréscimo indevido ou um “ato imoral” (contra a moral ou antiético). Todavia, no 
século XVII, Adam Smith demonstrou, na sua obra A Riqueza das Nações (1776), que 
o lucro não e um “acréscimo indevido” nem algo de imoral, mas um 
“vetor de distribuição de renda” e de “promoção do bem-estar 
social”. Com isso, Adam Smith logrou expor pela primeira vez a 
compatibilidade entre ética e a atividade lucrativa (Cf. TOFFLER, 
1993). 
Não obstante, a primeira tentativa formalde impor um 
comportamento ético a empresa foi encíclica Rerum Novarum, do 
papa Leão XIII. Nela, foram expostos os princípios éticos 
fundamentais aplicáveis aos relacionamentos entre a empresa e seus 
empregados. Esses princípios valorizavam, sobretudo, o respeito aos 
direitos e a dignidade dos trabalhadores. 
Em 1890, nos Estados Unidos, vigorou a lei denominada Sherman Act a qual 
passou a proteger a sociedade contra acordos entre empresas contrárias ou 
restritivas da livre concorrência. Ainda nos Estados Unidos, foi promulgada, no 
começo do século XX, a Lei Clayton, modificada na década de 30, mediante a 
emenda Pattman Robison. Essa lei complementou a Sherman Act, proibindo a 
prática de discriminação de preço por parte de uma empresa em relação aos seus 
clientes. 
Por conseguinte, nas décadas seguintes, de 50 a 70 do século passado, os 
Estados Unidos permitiram que outras nações como Alemanha e Japão, por 
exemplo, crescessem sem quaisquer obstáculos, perdendo importantíssimas 
empresas para concorrentes estrangeiros. Os países de origem Alemã, na década 
de 60, começaram a incentivar debates sobre a ética nos negócios, com o objetivo 
de fazer do trabalhador um participante dos conselhos de administração das 
organizações ou das empresas. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
91 
 
Ainda na década de 60, tanto as faculdades de administração e de negócios 
nos Estados Unidos, iniciaram a inclusão em seus currículos o ensino da ética, 
quando alguns filósofos e intelectuais deram suas contribuições aproximando suas 
pesquisas com o ensino da ética. Como consequência imediata da aproximação e 
aplicação do ensino da ética nas Universidades americanas, surge os primeiros 
balbucios da Ética empresarial. Contrário aos Estados Unidos, na América Latina, o 
desenvolvimento do estudo e da pesquisa da ética nos negócios ou nas empresas 
iniciaram-se a partir dos esforços isolados de professores e pesquisadores 
universitários, além das atividades subsidiárias das empresas multinacionais 
instaladas em alguns países. 
Com efeito, foi somente na segunda metade do século XX que o tema da ética 
empresarial de fato ganhou importância fora do meio acadêmico. Como exemplo, 
podemos citar o ano de 1972 quando a organização das nações unidas (ONU) 
realizou em Estocolmo, na Suécia, a conferência internacional sobre o meio-
ambiente. Este evento serviu para alertar todos os segmentos sociais, inclusive as 
empresas, sobre a necessidade de se preservar a proteger o nosso planeta. Depois 
dessa conferência, quase todos os países do mundo adotaram ou reforçaram as 
suas leis, subordinando a atividade econômica à proteção do meio ambiente. 
Em 1977 o congresso norte-americano aprovou uma lei relativa à ética 
empresarial, que chamou a atenção do mundo. Ela foi denominada Foreign Corrupt 
Practices Act (FCPA). Tal lei passou a proibir e a estabelecer penalidades para 
pessoas ou organizações que oferecessem subornos a autoridades estrangeiras 
para obter negócios ou contratos. Em 1980, os jesuítas abrem, em Wall Street, um 
“centro de reflexão” para os banqueiros e os bolsistas católicos, procurando 
estimular um debate qualificado sobre a ética empresarial ou dos negócios através 
de seminários, palestras e estudos dirigidos. 
Neste mesmo ano, a Universidade de Harvard recebe uma doação de 23 
milhões de dólares do presidente da Securities and Exchange Commission (SEC) para 
financiar pesquisas na área de ética. Em 1988, a ética nos negócios tornou-se 
disciplina obrigatória para todos os seus estudantes de administração de empresas 
nos Estados Unidos. Também, criaram-se, numerosos manuais para o ensino da 
ética empresarial, abrangendo conceitos básicos e soluções práticas ou aplicadas. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
92 
 
Posteriormente, a ética dos negócios ou empresarial converte-se em tema de um 
best-seller com a publicação do Manager Minute, de Kenneth Blanchard. Em 
seguida, este publica com Norman Peale, The Power of Ethical Management. Em 
1988, Gordon Shea publica Pratical Ethics, promovida no meio dos negócios e nas 
Universidades pela American Management Association (AMA). 
No Brasil, mais especificamente em São Paulo, a Escola Superior de 
Administração de Negócios (ESAN), pioneira na área, mantém no currículo o ensino 
da ética desde sua fundação, em 1941. Contudo, somente em 1992, o Ministério da 
Educação e Cultura (MEC) aconselhou que todos os cursos de graduação e pós-
graduação prestigiassem o ensino da ética e seus desdobramentos teóricos. Neste 
mesmo ano, foi desenvolvida uma sólida pesquisa sobre a Ética nas empresas 
brasileiras pela Fundação (FIDES) (ARRUDA, 2002). 
Cabe salientar que, em 1992, a Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, criou o 
(CENE), isto é, o Centro de Estudos de Ética nos Negócios. Depois de vários projetos 
de pesquisa desenvolvidos com empresas, os próprios estudantes da Escola de 
Administração de Empresas de São Paulo (EAESP) e da Fundação Getúlio Vargas 
(FGV) solicitaram a ampliação dos objetivos do CENE para incluir organizações do 
governo e não-governamentais. A partir de 1997, o CENE passou a ser denominado 
Centro de Estudos de Ética nas Organizações e introduziu novos projetos em suas 
atividades contribuindo decisivamente para os estudos da ética empresarial no 
Brasil (Cf. ARRUDA, 2002). 
Tanto o Brasil como em outros países, as leis e, principalmente, as decisões 
judiciais voltam-se no sentido de exigir das empresas um comportamento ético em 
todos os seus relacionamentos. Para motivá-las a seguir os princípios da ética, 
através do estímulo aos seus “instintos egoísticos” alguns países permitem que os 
tribunais imponham condenações milionárias às empresas infratoras e antiéticas. 
Atualmente, a preocupação com a ética empresarial, em todo o mundo, é de tal 
relevância que podemos afirmar estarmos vivendo uma nova era nesse assunto. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
93 
 
De acordo com Jacomino (2000, p. 56): 
A importância da ética nas empresas cresceu a 
partir da década de 80, com a redução das hierarquias e 
a consequente autonomia dada às pessoas. Os chefes, 
verdadeiros xerifes até então, já não tinham tanto 
poder para controlar a atitude de todos, dizer o que era 
certo ou errado. 
Não obstante, é importante ressaltar que a questão da ética empresarial passa 
necessariamente pela questão do indivíduo. São os indivíduos que formam as 
organizações e nela convivem diariamente. Neste sentido, a conscientização da 
importância de valorização da ética deve partir do indivíduo. Sobre esta questão 
Jacomino (2000, p. 29) destaca: “Além de ser individual, qualquer decisão ética tem 
por trás um conjunto de valores fundamentais. Ser ético nada mais é do que agir 
direito, proceder bem, sem prejudicar os outros”. 
 
IMPORTANTE: 
Com efeito, o “agir eticamente” é, acima de tudo, uma “decisão 
pessoal e moral”, ou seja, uma opção particular de cada indivíduo. A partir do 
momento que há o despertar para a relevância sobre assunto, ele passa a estar 
cada vez mais presente nas atitudes das pessoas que compõem a organização e 
nas decisões que venham a ser tomadas. 
Ainda segundo Jacomino (2000, p. 31): 
Não podemos ser inocentes e pensar que 
empresas são apenas entidades jurídicas. Empresas são 
formadas por pessoas e só existem por causa delas. Por 
trás de qualquer decisão, de qualquer erro ou 
imprudência estão seres de carne e osso. E são eles que 
vão viver as glórias ou o fracasso da organização. Por 
isso, quando falamos de empresa ética, estamos 
falando de pessoas éticas. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
94 
 
Para tanto, é fundamental que a empresa defina regras claras para a condução 
dos seus negócios e para o relacionamento entre as pessoas que compõem as 
equipes de trabalho, buscando promover a participação de todos na discussãodos 
“limites éticos na organização”. 
No entanto, para Arruda (2002, p. 34): 
Enquanto a ética profissional está voltada para as 
profissões, os profissionais, associações e entidades de 
classe do setor correspondente, a ética empresarial 
atinge as empresas e organizações em geral. A empresa 
necessita desenvolver-se de tal forma que a conduta 
ética de seus integrantes, bem como os valores e 
convicções primários da organização se tornem parte 
de sua cultura. 
 
De forma geral, Srour (2000, p. 45) indica que a: 
(...) ética empresarial ou dos negócios responde de 
forma instrumental às necessidades empresariais, 
valendo o esforço de conciliar os conflitos dos mais 
variados, relacionamento com clientes, conquistar 
novos consumidores potenciais que simpatizam com 
determinada atividade comercial”. 
 
Além disso, esta produz no imaginário social a ideia de que se preservam os 
valores morais internamente e externamente, e, sobretudo, a necessidade de se 
alcançar os objetivos intentados pela empresa pela tomada “racional” de decisões 
que exigem grande poder de deliberação em decorrência da análise das 
circunstâncias e das complexidades que a envolve. 
Compreendeu como a ética empresarial se constitui? Percebeu as nuances que 
a caracteriza? Vejamos a seguir as razões que identificam uma empresa ética: o que 
é visão ético-empresarial? 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
95 
 
Empresa ética e visão ético-empresarial 
 
Como já dissemos anteriormente, o comportamento ético por parte da 
empresa é “esperado e exigido por toda a sociedade” (MOREIRA, 2002). Ele é a 
única forma de obtenção de lucro com “respaldo da moral”. Este respaldo impõe 
que a empresa aja com ética em todos os seus relacionamentos, especialmente 
com clientes, fornecedores, competidores e seu mercado, empregados, governos e 
públicos em geral. 
Você deve estar indagando: ora, as afirmações são 
suficientes para esclarecer os motivos básicos para que uma 
empresa se convencesse a agir com ética ou eticamente? Sim, 
você tem toda razão. No entanto, existem outros motivos bem 
definidos e específicos. Vejamos quais são. 
Uma empresa ética incorre em custos menores do que uma 
antiética. A empresa ética não faz pagamentos irregulares ou 
imorais, como subornos, compensações indevidas e outros. 
Exatamente por não fazer este tipo de transação, ela consegue 
colocar em prática uma avaliação de desempenho de suas áreas 
operacionais com mais precisão e eficácia do que a empresa 
antiética. 
Uma empresa ética cultiva valores, define suas estratégias de acordo com 
princípios, possui responsabilidade social baseado em juízos estritamente 
racionais, enquanto a empresa antiética não se pauta por valores e nem possui 
responsabilidade alguma. A empresa ética propõe valores, como a integridade, 
honestidade, transparência, qualidade do produto, eficiência do serviço, respeito 
ao consumidor, entre outros. Por outro lado, na empresa antiética, o comprador se 
envolve com o fornecedor e acaba favorecendo-o mesmo sem a intenção de fazê-
lo. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
96 
De acordo com Camargo (2006, p. 56), 
A legitimação de uma empresa, assim como a sua 
identidade na sociedade, só se constrói pela ética. 
A consciência tranquila e o caminho da virtude 
dão a merecida credibilidade e confiança a uma 
instituição. Quanto menos um funcionário de uma 
empresa internalizar esses valores, maior será o sinal de 
fraqueza dessa organização. Por outro lado, a 
internalização se da quando uma instituição estabelece 
os canais de comunicação numa perspectiva de 
realização pessoal. O sujeito passa a ser ator e não 
receptor passivo das ordenações. 
 
Diante do exposto, percebemos que uma empresa ética possui a necessidade 
de criar uma “autoidentidade”, estabelecendo uma interiorização de valores, 
crenças e interesses, ou seja, promover a ideia de pertencimento, uma “identidade 
espiritual” que se consolida tanto externa como internamente. 
Portanto, a identidade da empresa ética está baseada em três princípios 
fundamentais: 
 internalizar; 
 exteriorizar; 
 objetivar. 
Estes princípios são passíveis de análise crítica, pois são eles que distinguirão a 
ética do lucro ou a ética construída no dia-a-dia, a partir do envolvimento daqueles 
que compõem a empresa. 
Obviamente, diz Camargo (2006), uma empresa que prima por bons princípios 
éticos procura, no funcionário, um “ser crítico”. A consciência crítica é fundamental 
para a construção da ética e, se viver em sociedade constitui um preceito para a 
condição humana, a empresa é uma das instituições mais relevantes para fornecer 
credibilidade e moral à constituição de uma ética fundamentada. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
97 
 
Por isso, neste contexto, a consciência crítica tem 
a função de desmascarar as falsas intenções, pois o 
indivíduo não pode ser visto somente como “fazedor 
de coisas” e objeto daquilo que faz, mas como sujeito 
de suas ações, ou seja, deve saber por que, como e 
para que realiza suas ações ou atividades. 
Também, a consciência crítica ajuda a estabelecer 
a diferença entre o discurso e a práxis, na medida em 
que a desconexão entre teoria e prática é 
compreendida como algo danoso para o 
estabelecimento do “agir ético” na empresa 
(CAMARGO, 2006, p. 34). Em outras palavras, 
compreender quando uma empresa prega as “boas 
intenções” (a teoria), mas que sua ação pode ser 
carregada do “ranço autoritário” (prática), por 
exemplo. 
Assim, viver socialmente na empresa não pode 
constituir-se em um fardo, mas uma “condição 
existencial ética” que personifique uma nova 
“estrutura do ser” integrado e preocupado com o outro 
e as diferenças. Com efeito, para que isso ocorra, torna-
se fundamental que os empregados participem das 
decisões, propiciando um ambiente de união e 
cooperação em que exista cumplicidade entre as 
partes, de modo que todos saiam ganhando neste processo. 
Isso somente pode ser obtido se a empresa souber trabalhar e identificar as 
diferenças, respeitando-as e compreendendo-as. Assim, o desafio a ser alcançado, 
em termos éticos pela empresa, é perceber-se como parte de uma equipe na qual, 
se um indivíduo ganha ou perde, todos ganham ou perdem. Daí a importância da 
empresa ver a pessoa não como uma peça de engrenagem, mas como motor de 
uma estrutura organizacional. 
Cabe ressaltar que uma empresa ninguém está isolado, em decorrência disso, 
estabelece-se uma rede de confiabilidade e solidariedade em vista a tecer um bom 
entrosamento e proporcionar a construção de uma convivência humana, de forma 
ética e sólida. Este entrosamento possibilita a construção de amizades e 
afetividades, numa perspectiva que se aproxima perfeitamente da harmonia e da 
cooperação. 
Práxis: na filosofia marxista, a 
palavra grega práxis é usada 
para designar uma relação 
dialética entre o homem e a 
natureza, na qual o homem, ao 
transformar a natureza com seu 
trabalho, transforma a si 
mesmo. A filosofia da práxis se 
caracteriza por considerar como 
problemas centrais para o 
homem os problemas práticos 
de sua existência concreta: 
"Toda vida social é 
essencialmente prática. Todos 
os mistérios que dirigem a 
teoria para o misticismo 
encontram sua solução na 
práxis humana e na 
compreensão dessa práxis" 
(Marx, Oitava tese sobre 
Feuerbach). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
98 
 
IMPORTANTE: 
Nesta perspectiva, cabe salientar que ética distinguem-se em dois 
grandes planos de ação que são propostos como desafios às empresas: de um lado, 
em termos de projeção de seus valores para o exterior (exteriorização), fala-se em 
“empresa cidadã”, no sentido de respeito ao meio ambiente, incentivo ao trabalho 
voluntário, realização de algum benefício para a comunidade, responsabilidade 
social, sustentabilidade, etc. Por outro lado, sob a perspectivade seu público mais 
próximo, tais como: executivos, acionistas, empregados, colaboradores, 
fornecedores, percebe-se esforços para a criação de um sistema que assegure um 
modo ético de operar, sempre respeitando os princípios gerais da empresa e os 
princípios do direito, da justiça e da moral. 
Enfim, na atualidade a empresa que quiser ser competitiva e obter sucesso 
tanto no mercado nacional como no mundial, terá de manter impreterivelmente 
uma sólida reputação no que diz respeito a seu comportamento ético-moral. Para 
tanto, é necessário que a empresa tenha bem definida a sua missão, a sua filosofia 
de atuação e a sua visão empresarial. 
Você deve estar se perguntando: o que significam estes termos? A “filosofia de 
uma empresa” consiste em um conjunto de princípios, diretrizes e atitudes que 
auxiliam a programar metas, planos e regras para todos os seus empregados. Por 
outro lado, a “visão” de uma empresa está diretamente relacionada à ideia de 
futuro. A “visão” de uma empresa é a visão que ela possui do seu futuro e do futuro 
da sociedade. Por fim, a “missão de uma empresa” esta relacionada à ideia de 
encargo ou incumbência, ou mesmo, dever a cumprir e compromisso. Nestes 
termos, a “missão da empresa” indica e afirma a forma pela qual ela faz e age em 
seus negócios. 
Com efeito, esta noção de missão poderia ser ampliada, contemplando-se 
também a história, as intenções atuais, os fatores de ambientes, etc. Neste sentido, 
a missão tem o objetivo de orientar e delimitar a ação da empresa, definindo o que 
ela se propõe a fazer e a forma como atua. Na verdade, é a missão quem exprime a 
razão de existência da empresa. 
A seguir, apresentaremos a você alguns exemplos de como certas grandes 
empresas definem suas respectivas missões: 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
99 
 
Sony: “Experimentar a alegria de fazer avançar a tecnologia e aplicá-la em 
benefício das pessoas”. 
Cobra: “Contribuir para a informatização da sociedade, mediante o domínio e 
a difusão da tecnologia, ofertando soluções para a realidade brasileira”. 
3M: “Resolver problemas ainda pendentes de maneira inovadora”. 
Medtronics: “Ajudar as pessoas a voltarem a viver plenamente”. 
Mary Kay Cosmetics: “Dar às mulheres oportunidades ilimitadas”. 
Merck: “Preservar e melhorar a vida humana”. 
Wal-Mart: “Dar às pessoas comuns a chance de comprar as mesmas coisas 
que as pessoas ricas”. 
Walt Disney: “Fazer as pessoas felizes”. 
Depois dessa breve exposição sobre a visão, missão e filosofia da empresa 
ética e os seus pressupostos fundamentais, a seguir discutiremos de forma 
específica e contextualizada alguns elementos da ética nos negócios. Então, vamos 
lá? 
 
A ética nos negócios ou negociando com ética: 
lucro x princípios morais 
 
Em sua obra A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905), Max Weber 
reproduz as teses fundamentais apresentadas por Benjamin Franklin que 
permeiam o “espírito” ou a essência do capitalismo. Com base nestas teses, Weber 
faz uma investigação minuciosa a respeito da ética capitalista baseada 
estritamente no “utilitarismo”. 
Max Weber foi um dos principais responsáveis pela formação do pensamento social 
contemporâneo, sobretudo do ponto de vista metodológico, quanto à constituição de uma 
epistemologia das ciências sociais que, segundo sua visão, deve ter um modelo de explicação próprio 
diferente do das ciências naturais. É de grande importância sua distinção entre a razão instrumental e 
a razão valorativa, sendo que os juízos de valor não podem ter sua origem nos dados empíricos. Em 
sua análise da formação da sociedade contemporânea, Weber investigou os traços fundamentais do 
Estado moderno, da sociedade industrial que o caracteriza e da burocracia que tem nele um papel 
central. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
100 
 
Segundo Weber (1967, p. 32-35): 
O homem é dominado pela produção de dinheiro, 
pela aquisição encarada como finalidade última da sua 
vida. A aquisição econômica não mais está subordinada 
ao homem como meio de satisfazer as suas 
necessidades materiais. Esta inversão do que 
poderíamos chamar de relação natural, tão irracional de 
um ponto de vista ingênuo, é evidentemente um 
princípio orientador do capitalismo, tão seguramente 
quanto ela é estranha a todos os povos fora da 
influência capitalista. Um estado mental como o 
expresso nas passagens de Franklin e que receberam o 
aplauso de todo um povo, teria sido proscrito como o 
mais baixo tipo de avareza e como uma atitude 
inteiramente desprovida de autorrespeito, tanto na 
Antiguidade como na Idade Média. 
Percebe-se que Weber destaca a condição última do capitalismo à 
qual vai se sujeitar toda a cadeia de “valores éticos” e comportamentais 
da sociedade, a saber: a utilidade. Em uma sociedade regida por este 
pressuposto, só tem valor o que pode ser considerado útil. Este conceito 
de utilidade está intrinsecamente relacionado no capitalismo à ideia de 
lucro, aumento de capital e de patrimônio. Sendo assim, o que é útil é o 
que produz algum tipo de ganho econômico. 
Daí, as pessoas serem levadas a uma busca incessante pelo “ter”, pelo 
“acumular”, numa corrida desenfreada em que os fins sempre justificarão 
os meios. É um verdadeiro “vale-tudo”, em que ficam para trás valores como 
honestidade, lealdade, solidariedade e outros, a menos que estes se subordinem à 
ideia do “útil”, quando, então, deixarão de ser legítimos. 
Essa situação remete-nos à principal reflexão Srour sobre a ética nos negócios, 
na medida em que, para este, nos momentos de decisão e condução de um 
negócio, o agente deve saber o que é certo fazer em relação ao lucro ou a utilidade. 
Todavia, o limiar desta transição pode modificar-se, fazendo com que o agente (o 
empresário) deixe de tomar a decisão certa, justificando-se mediante as possíveis 
vantagens que vislumbrou diante do desconhecimento do outro e, a partir daí, 
“fazendo deslizar na incerteza moral às vezes peculiar do comportamento 
humano” (Cf. SROUR, 2000). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
101 
 
Para Srour (2000, p. 274), existem três inferências que nos ajudam a entender 
uma situação como esta: as pessoas não são legítimas, isto é, totalmente boas ou 
totalmente más; não basta enunciar normas morais e 
pautas de decência para que os agentes ajam com 
probidade; controles permanentes e sanções 
intimidadoras são indispensáveis para que as normas 
morais prosperem. A moral e a ética estão de certa 
forma entrelaçadas no mundo dos negócios, porque, 
por um lado, não se ganha dinheiro sem ser pragmático e, noutro sentido, não se 
é pragmático sem se preocupar em refletir eticamente sobre as ações que se deve 
tomar. 
O autor mostra sua visão sobre este paradigma 
dos negócios: 
Ora, pode-se contra-argumentar dizendo que toda 
a organização – e, sobretudo toda empresa capitalista – 
opera em um ambiente hostil em que os stakeholders 
defendem interesses próprios. Uma vez que as 
contrapartes são vulneráveis a produtos, ações e 
mensagens, as decisões organizacionais não podem ser 
neutras. Quem decide faz escolhas entre diferentes 
cursos de ação e deflagra consequências. Aí entra a 
reflexão ética. Ela antecipa o que poderia ser danoso 
aos negócios e responde a algumas indagações tais 
como: o que afeta o meio ambiente? Quais os efeitos 
colaterais os produtos geram nos consumidores? Como 
as políticas corporativas atingem empregados e 
clientes? Quem se beneficia e quem sai prejudicado? 
(Srour, 2000, p. 291) 
 
A razão de ser desta “reflexão ética” mencionada pelo autor mostra-nos que as 
empresas possuem tendências a não operarem mais com tomadas de decisões em 
curto prazo e sem preocupação em agir de forma ética, principalmente, aquelas 
que podem expor ao risco a sua imagem publicamente. Cada vez mais as ações e 
decisões das empresas, consideradas com responsabilidade social, são submetidasao crivo do cidadão disposto a retaliar as empresas que negligenciem a confiança e 
credibilidade dos seus parceiros e sociedade. 
Pragmático: relacionado à 
doutrina filosófica que adota 
como critério da verdade a 
utilidade prática. 
Paradigma: modelo padrão. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
102 
 
Ainda se pode afirmar que as decisões das empresas não são em totalidade 
imorais e morais em sentido forte do termo, pois suas atividades não estão acima 
do bem e do mal. Se desta forma fossem, as operações econômicas ilícitas seriam 
legitimadas dentro da normalidade do mercado e os efeitos colaterais gerados de 
seus produtos seriam desconsiderados e sem repercussão da responsabilidade 
caso atingisse de forma maléfica o meio ambiente ou o ser humano. 
Podemos perceber que a reflexão acima a despeito da imagem das 
organizações é de extrema responsabilidade e aponta a importância de resguardar 
e zelar por ela, pois a imagem representa a sustentação e continuidade dos 
negócios e, além disso, é o patrimônio essencial para o reconhecimento no 
mercado. 
E dentro desta análise, Srour (2000, p. 292) confirma que: 
A imagem da empresa não pode ser vilipendiada 
impunemente, nem pode ser reduzida à mera moeda 
publicitária, porque ela representa um ativo econômico 
sensível a credibilidade que inspira. Então, afirmar sem 
mais nem menos que as empresa simulam serem 
morais apenas para manterem as aparências ou para 
não sofrer penalidades legais, seria pressupor que elas 
estariam dispostas a quaisquer imoralidades para obter 
lucros. 
 
Pode-se ainda, dentro dessa reflexão do autor, aprofundar a análise e concluir 
que é extremamente difícil desvencilhar moral e interesses organizacionais e 
desvinculá-las também das pressões exercidas pela sociedade civil. Desta forma, o 
que importa é saber se as organizações têm um código de ética ou se suas ações 
são provenientes de uma “essência moral do seu estatuto” ou se os reflexos de suas 
tomadas de decisões são ou não legais e benéficas para os seus parceiros 
comerciais e a sociedade como um todo. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
103 
 
Diante dos fatos, não podemos imaginar que todas as empresas agem de 
acordo com a ética em seus negócios. O meio capitalista é regido em um ambiente 
hostil e as organizações se movimentam mostrando suas forças e presença nos 
negócios e, se não fizer, certamente será dominada por outras ou mesmo padecer 
diante do mercado. 
Evidencia-se, com isso, o alto risco que uma empresa enfrenta quando orienta-
se pela “maximização dos lucros”, sobretudo, pelas pressões que a sociedade e o 
“sistema capitalista social” exercem atuando como legítimos indicadores e 
controladores da gestão dos negócios de uma empresa. Por outro lado, quando 
uma empresa por si mesma encontra o equilíbrio entre o lucro, sobrevivência e a 
responsabilidade social, esta acaba formando a sua identidade ética que terá 
reflexos expressivos nos seus negócios e na sua “imagem corporativa”. 
Dentro dessa ótica reflexiva, Srour (2000, p. 294) afirma: 
(...) praticar uma moral da integridade não 
equivale sempre a bom negócio como prega a máxima 
e good ethics is good business, mas significa sabedoria 
preventiva no campo em que forças se enfrentam sem 
cessar. Reconhecer tal fato representa um passo 
decisivo para a saúde das empresas. Implica abandonar 
o velho registro da maximização do lucro em benefício 
do lucro com a responsabilidade social. Trocado em 
miúdos, as empresas não mais desempenham apenas 
uma função econômica, mas também uma função 
ética. 
 
Percebe-se que, dentro do ponto de vista do autor, as empresas que atuam 
efetivamente dentro do modelo capitalista, embora na sua maioria operem por 
códigos morais, estas só passam a se comportar conforme o código rege quando se 
colocam em risco a sua continuidade ou mesmo sua sobrevivência. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
104 
 
O autor também se refere ao lucro sim, todavia com responsabilidade social. 
Nota-se que a responsabilidade social deve ser compreendida como orientação 
para a necessidade humana e do ecossistema e não deve ser confundida como 
produto de interesses empresariais, como simplesmente “jogos” comerciais. Sabe-
se que tornar compatíveis lucros e respeito a parceiros, meio ambiente, 
empregados e clientes, é uma “equação bastante complicada”. 
No entanto, se esta compatibilização for aplicada com eficiência, terá efeitos 
benéficos na “imagem corporativa” de uma empresa desde que praticada na sua 
essência. Diante do exposto, percebe-se que inclusão ética no comportamento 
organizacional fornece lucro às empresas. Os padrões éticos são a base do 
comportamento dos funcionários e favorece a criação de uma cultura 
organizacional. 
As empresas precisam estar alertas e permanentemente criando condições e 
espaço para a ética sem perder o foco na sua produtividade e na agilidade das 
respostas para as necessidades que o mercado, a sociedade e o meio ambiente 
colocam-na comumente. 
Portanto, ser ético nos negócios significa: 
 a necessidade de obedecer a regras relativas à ocupação territorial, 
costumes e expectativas da comunidade, princípios de moralidade, 
políticas da organização, atender à necessidade de todos por um 
tratamento adequado e justo; 
 entender como os produtos e serviços de uma empresa e as 
organizações e as ações de seus membros podem afetar seus 
empregados, a comunidade e a sociedade como um todo de modo 
positivo e de modo negativo. 
Depois de tudo que você leu fica fácil compreender como as relações 
empresarias concretizam-se no sentido de propagar uma ética no mundo dos 
negócios, sintonizadas com as mudanças ocorridas na sociedade e de acordo com 
as exigências da competição que embala a discussão pela aprovação de “novos 
padrões comportamentais” para as empresas e seus administradores. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
105 
 
Bem, até aqui apresentamos a você os pressupostos fundamentais da ética 
aplicada aos negócios. A partir de agora, iremos discutir as questões pertinentes ao 
código de ética. Você sabe o que é um código de ética? Quais são os seus atributos 
e funções? Não se desespere se não souber, apresentaremos a você estas questões 
de forma detalhada e bastante didática. Vamos lá! 
 
O código de ética profissional: funções e limites 
De uma forma geral, um código de ética profissional é um acordo explícito 
entre membros de um grupo social, isto é, de uma categoria profissional, de um 
partido político ou de uma associação civil. Por sua vez, o objetivo de um código de 
ética é explicitar como o “grupo social” — que o constitui — pensa e define sua 
própria identidade política e social. Por outro lado, como o “grupo social” — que o 
constitui — compromete-se a realizar, moralmente e eticamente, seus objetivos 
particulares. 
Podemos conceber ainda o código de ética profissional como um instrumento 
de realização dos princípios, visão e missão da empresa. Neste contexto, serve para 
orientar as ações de seus colaboradores e explicitar a postura social da empresa em 
face dos diferentes públicos com os quais interage. 
É da máxima importância que seu conteúdo seja refletido nas 
atitudes daqueles a que se dirige e encontre respaldo na alta 
administração da empresa, que tanto quanto o último empregado 
contratado tem a responsabilidade de vivenciá-lo na prática (Cf. 
TOFFLER, 1993). 
Segundo Arruda (2002), a elaboração de um código de ética 
profissional se dá a partir da definição da base de princípios e valores 
esperados dos funcionários de uma determinada organização ou 
empresa. Para se chegar a isso, o ideal é que se proceda a um 
relatório que irá agregar as práticas e políticas específicas da 
organização, o qual deverá ser discutido e criticado por todos os 
funcionários em todos os níveis. 
Este relatório, aprimorado pelas críticase sugestões, irá servir de suporte para 
a definição de “padrões de comportamento e responsabilidades” que nortearão a 
elaboração dos artigos constitutivos e definitivos do código de ética profissional. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
106 
 
Entre estes podemos citar: 
 antes de mais nada, a necessidade que a empresa possui como 
instituição, de responder à nobre função de ajudar ao 
desenvolvimento humano e profissional dos seus membros. Se os 
empresários e diretivos se esquecem desta função e não fazem o 
possível por incentivá-la, falha no mais nobre dos aspectos da sua 
profissão: o (auto) aperfeiçoamento dos membros da organização; 
 toda empresa que no futuro objetiva ter bons profissionais não pode 
prescindir do desenvolvimento ético dos mesmos. Um profissional, 
tecnicamente bem preparado, pode ser perigoso se seu nível ético, 
por desconhecimento ou má fé, for reduzido ou limitado. 
 o interesse no cumprimento do código de ética deve ser 
compreendido como um interesse geral e não de interesse 
particular. Ou seja, o exercício de uma “virtude obrigatória” somente 
torna-se exigível se for considerada como proveito de todos; 
 todo código de ética deve possuir uma base ou uma orientação 
filosófica na sua estrutura. Esta estrutura terá sempre a orientação de 
estabelecer qual a forma de um profissional se conduzir no exercício 
da sua profissão de maneira a não prejudicar os seus semelhantes e 
garantir a qualidade do seu trabalho e dos outros. 
A autora destaca a importância de um código de ética profissional ser bem 
estruturado para a empresa ou organização. Segundo esta: “os códigos tornam 
claro o que a organização entende por conduta ética. Procuram especificar o 
comportamento esperado dos empregados e ajudam a definir marcos básicos de 
atuação” (ARRUDA, 2002, p. 5). Como exemplo disso, citaremos um estudo 
realizado por Rob Van Tulder e Ans Kolk, professores universitários na Holanda, 
onde analisaram os códigos de 17 empresas brasileiras. Este estudo evidenciou 
alguns pontos relevantes na conduta profissional dos empregados e as decisões 
éticas apresentadas pelos empregadores. A pesquisadora Arruda (2002) apresenta 
no seu livro Código de Ética: Um instrumento que adiciona valor os tópicos que mais 
predominaram nestes códigos, que podem ser considerados como elementos 
necessários a qualquer formulação correta de um código de ética profissional: 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
107 
 
Analisando as 17 organizações brasileiras, parece 
predominar a preocupação com a Ética como 
comportamento correto com as pessoas, manutenção 
dos valores éticos fundamentais e o esforço por abolir 
práticas como o suborno e as facilidades de 
pagamentos. Quase com o mesmo nível de consciência, 
os códigos parecem indicar a obediência às leis, 
especialmente no tocante à sociedade e às relações de 
trabalho. A seguir, fica patente também o respeito aos 
interesses do consumidor, voltado para a atenção à 
necessidade de consumo, a revelação de informação e 
a prática respeitosa de marketing. Na mesma linha, boa 
parte das organizações registra os interesses 
comunitários como de importância, a ponto de 
consubstanciá-los no seu Código de Ética (ARRUDA, 
2002, p. 24-26). 
Pode-se verificar, com isso, que a preocupação com os aspectos éticos 
fundamentais é premente em todas as empresas integrantes do universo 
pesquisado, assim como o compromisso com o cumprimento das leis e a 
necessidade de um bom relacionamento com os consumidores, fornecedores e até 
com os concorrentes. Além disso, fica patente, na pesquisa, que as empresas têm 
participado mais ativamente na discussão e resolução dos problemas da 
comunidade em que estão inseridas, o que representa um avanço de relevada 
importância e magnitude. 
De acordo com Sá (2001, p. 119): 
As peculiaridades em um código de ética de 
conduta profissional dependem de diversos fatores, 
todos ligados à forma como a profissão se 
desempenha, ao nível de conhecimentos que exige, ao 
ambiente em que é executada etc. Isto significa que 
não pode existir um padrão universal que seja aplicado 
com eficácia a todos os casos, embora as linhas mestras 
sejam comuns, pois comuns são as principais virtudes 
de todas as profissões exigíveis. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
108 
 
Por conta disso, o conteúdo do código de ética deve ser necessariamente 
formado de um conjunto de políticas e práticas específicas, abrangendo os campos 
mais vulneráveis das ações profissionais. Tal material é reunido em um relatório de 
fácil compreensão para que possa circular adequadamente entre todos os 
interessados. Uma vez aprimorado com sugestões e críticas de todos os envolvidos 
o relatório dará origem a um documento que servirá de parâmetro para 
determinados comportamentos, deixando visíveis as 
responsabilidades fundamentais. 
Entre os inúmeros tópicos abordados no código 
de ética profissional, predominam alguns como 
respeito às leis do país, conflitos de interesse, proteção 
do patrimônio da instituição, transparência nas 
comunicações internas e com os stakeholders da 
organização, denúncia, prática de suborno e corrupção 
em geral. 
Por outro lado, abordam-se as relações com os 
funcionários, desde o processo de contratação, desenvolvimento profissional, 
lealdade entre os funcionários, respeito entre chefes e subordinados, saúde e 
segurança, comportamento da empresa nas demissões, entretenimento e viagem, 
propriedade da informação, assédio profissional e sexual, alcoolismo, uso de 
drogas, entre outros. 
Dentre os problemas éticos de maior conhecimento público, estão aqueles 
referentes às relações com os consumidores, e aqueles sujeitos aos 
enquadramentos da lei de defesa do consumidor, incluindo as práticas de 
marketing, propaganda e comunicação, qualidade do atendimento e reparações 
de danos. 
Quanto à “cadeia produtiva”, envolvendo fornecedores e empresas 
terceirizadas, o código de ética pode estabelecer condutas de responsabilidade 
social, respeito à legislação, eventual conduta restritiva, bem como estimular a 
melhoria dos parceiros visando a um crescimento profissional e mercadológico 
conjunto. O código de ética profissional pode também fazer referência à 
participação da empresa na comunidade, fornecendo diretrizes sobre as relações 
com os sindicatos, órgãos da esfera pública, relações com o governo, entre outros 
(Cf. SÁ, 2001). 
Stakeholders: o termo 
“stakeholders” designa todos os 
segmentos que influenciam ou 
são influenciados pelas ações de 
uma organização, fugindo do 
entendimento de que o público 
alvo de uma organização é o 
consumidor. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
109 
 
Cabe lembrar que a implementação do código de ética profissional envolve o 
trabalho de comunicar a sua necessidade e o seu valor a todos na empresa, com o 
objetivo de garantir a sua efetivação e aprovação. Sem o apoio dos funcionários e 
diretores da empresa, o código de ética não surtirá efeito nenhum no cotidiano da 
empresa. Neste caso, o segredo do sucesso do código de ética está na sua 
comunicação e na sua divulgação. 
A implementação do código de ética profissional exige, portanto: 
 divulgação do código a todos na empresa em uma forma clara e 
concisa; 
 divulgação a todos na empresa do apoio incondicional da direção e 
da gerencia da empresa; 
 divulgação a todos na empresa da maneira pela qual cada um deve 
aplicar o código de ética; 
 divulgar e disponibilizar ao público externo, tais como fornecedores 
e clientes o código de ética da empresa. 
Diante dessas considerações, não se esqueça: 
IMPORTANTE 
O código de ética profissional deve ser entendido como uma relação 
das práticas de comportamento que se espera ser observada no exercício 
da profissão. As normas do código de ética visam ao bem-estar da sociedade, de 
forma a assegurar a lisura de procedimentos de seusmembros dentro e fora da 
instituição. 
 Um dos objetivos de um código de ética profissional é a formação de 
consciência profissional sobre os padrões de conduta. 
 Um código de ética profissional deve asserções sobre princípios éticos 
gerais e regras particulares sobre problemas específicos que surgem na 
prática da profissão. 
 O objetivo primordial do código de ética profissional é expressar e encorajar 
no sentido da justiça e decência em cada membro do grupo organizado, 
deve indicar um novo padrão de conduta interpessoal na vida de cada 
profissional que esteja exercendo qualquer cargo na organização. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
110 
 
Enfim, do ponto de vista da empresa, a função principal do código de ética 
consiste em proporcionar critérios de atuação para resolver conflitos de interesses 
e, de preferência, resolvê-los antes ou no momento em que eles surjam. 
Não é interessante esta discussão sobre o código de ética profissional? Toda 
empresa séria e comprometida com a ética possui o seu “código”. Você já 
consultou o código de ética da sua empresa ou da sua profissão? Se não consultou 
ainda, consulte-o, pois lá estão as diretrizes principais da sua empresa. 
 
SUGESTÃO DE FILME 
Pegue seu caderno de anotações, sente-se e assista ao filme Fora de 
controle (2002) de Roger Michell. Ele contextualizará melhor ainda o conteúdo que 
você acabou de estudar. 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
Visando enriquecer seu processo de aprendizagem procure efetuar a 
leitura complementar dos seguintes textos: 
ARRUDA, M.C.C. Código de Ética: Um instrumento que adiciona valor. 1ª. ed. 
São Paulo: Negócio, 2002. 390p. 
CAMARGO, M. Fundamentos de ética geral e profissional. 3ª. ed. Petrópolis: 
Vozes, 2002. 118p. 
DISKIN, L.; MARTINELLI, M.; MIGLIORI, R.F.; SANTO, R.C.E. Ética, Valores 
humanos e Transformação. 1ª. ed. São Paulo: Fundação Petrópolis, 1998. 200p. 
JACOMINO, D. Você é um profissional ético? Revista Você. São Paulo, n.25, 
p.28-39, jul.2000. 
MOREIRA, J. M. A Ética empresarial no Brasil. São Paulo: Pioneira, 2002. 389p. 
NASH, L. Ética nas empresas: boas intenções à parte. São Paulo: Makron 
Books, 2001. 359p. 
SROUR, H.S. Ética Empresarial. 8ª. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. 389p. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
111 
 
VAZQUEZ, A. S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. 304p. 
SÁ, A. L. de. Ética profissional. 4 ª edição: São Paulo: Ed. Atlas, 2001. 296p. 
TOFFLER, B. L. Ética no trabalho. São Paulo: Makron Books, 1993. 125p. 
Aproveite e visite os sites abaixo. Todos eles foram amplamente consultados 
em nossa pesquisa. Bom proveito! 
Disponível em <http://www.eticaempresarial.com.br>. Acesso em 28 maio 08. 
Disponível em <http://www.ethos.org.br>. Acesso em 28 maio 08. 
 
 
É HORA DE SE AVALIAR! 
Lembre-se de realizar as atividades propostas no caderno de 
exercícios! Elas são fundamentais para ajudá-lo a fixar o conteúdo teórico 
trabalhado, a sistematizar as ideias e os conceitos apresentados, além de 
proporcionar a sua autonomia no processo ensino-aprendizagem. Caso prefira, 
redija suas respostas no caderno de exercícios e depois as envie através do nosso 
ambiente virtual de aprendizagem (AVA). 
Procure interagir permanentemente conosco e utilize todos os recursos 
didáticos e pedagógicos disponibilizados com o objetivo de aprimorar a sua 
formação acadêmica. 
Nesta unidade, você estudou a aplicação prática dos fundamentos da ética. 
Ressaltaremos a aplicação da ética no plano das empresas e dos negócios. Para 
tanto, seguimos um percurso que se iniciou com a discussão sobre os pressupostos 
teóricos da ética empresarial e seus fundamentos, em seguida, vimos os aspectos 
éticos presentes nas relações comerciais ou nos negócios. Por fim, discutimos o 
código de ética e seus principais fundamentos. Na próxima unidade, 
apresentaremos a você os pressupostos da ética profissional. Para tanto, 
discutiremos os valores sociais predominantes nas profissões em geral, em 
seguida, abordaremos a questão da ambiência e relações pessoais, ou seja, o 
desempenho ético-profissional. Por fim, discutiremos os princípios fundamentais 
das decisões morais racionais. 
Bons estudos! Te espero na próxima unidade! 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
112 
 
Exercícios - unidade 3 
 
1ª QUESTÃO: Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche 
CORRETAMENTE as lacunas do texto a seguir: 
“A tarefa principal da ética empresarial consiste em elucidar o sentido e o fim 
da _________ e propor orientações e _______ para alcançá-los. Com efeito, as 
decisões concretas ficam nas mãos dos sujeitos que são responsáveis por elas e, 
portanto não “podem tomá-las sem considerar o fim que se persegue, os valores 
éticos orientadores, a _______ socialmente alcançada e os contextos e 
consequências de cada decisão” (TOFFLER, 1993, p. 34). 
a) atividade empresarial - valores éticos específicos - consciência ética. 
b) atividade sub empresarial - valores éticos específicos - consciência mítica. 
c) atividade lúdica - valores éticos específicos - consciência normal. 
d) atividade forte - valores éticos específicos - consciência ética. 
e) atividade extracurricular - valores éticos específicos - consciência mítica. 
 
2ª QUESTÃO: Todo empresário utiliza os três fatores técnicos em relação à sua 
produção. Qual das alternativas abaixo apresenta estes fatores corretamente? 
a) A natureza, o capital e o trabalho. 
b) A guerra, a falência e o trabalho. 
c) A força, a expectativa e o comércio. 
d) A natureza, a falência e o capital. 
e) A falência, o capital e o sacrifício. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
113 
 
3ª QUESTÃO: Segundo o conteúdo da disciplina, qual das alternativas abaixo diz 
respeito ao objetivo principal da empresa? 
a) A falência. 
b) A guerra. 
c) O lucro. 
d) O sacrifício. 
e) A glória. 
 
4ª QUESTÃO: Assinale a alternativa que confere CORRETAMENTE o objetivo 
proposto pela ética empresarial. 
a) A ética empresarial objetiva avaliar ou investigar as consequências 
psicológicas do comportamento de uma empresa. 
b) A ética empresarial objetiva destruir e investigar as consequências do 
comportamento de uma empresa. 
c) A ética empresarial objetiva avaliar ou investigar as consequências do 
comportamento de uma empresa, isto é, de uma “unidade econômica” 
quando a sua ação está ou não em conformidade com os princípios morais e 
as regras do bem proceder aceitas pela coletividade no qual está inserida. 
d) A ética empresarial objetiva avaliar ou investigar as consequências 
neurológicas do comportamento de uma empresa. 
e) A ética empresarial objetiva avaliar ou investigar as consequências cientificas e 
sociológicas do comportamento de uma empresa. 
 
5ª QUESTÃO: Em 1977, o congresso norte-americano aprovou uma lei relativa à 
ética empresarial, que chamou a atenção do mundo. Qual é esta lei? 
a) Pratical Ethics. 
b) The Power of Ethical Management . 
c) Foreign Corrupt Practices Act (FCPA). 
d) Wall Street Law. 
e) Securities and Exchange Commission (SEC). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
114 
 
6ª QUESTÃO: Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche 
CORRETAMENTE as lacunas do texto a seguir: 
“O _________ é regido em um ambiente hostil e as organizações se 
movimentam mostrando suas forças e presença nos negócios e, se não fizer, 
certamente será dominada por outras ou mesmo padecer diante do _______”. 
a) meio socialista - mercado 
b) meio comunista - mercado 
c) meio capitalista - mercado 
d) meio anarquista - mercado 
e) meio sindicalista - mercado 
 
7ª QUESTÃO: Ser ético nos negócios significa: 
a) fraudar documentos e investir em práticas ilícitas. 
b) ser desleal. 
c) omitir informações relevantes nos negócios. 
d) obedecer a regras implícitas e desleais a favor da concorrência. 
e) obedecer a regras relativasà ocupação territorial, costumes e expectativas da 
comunidade, princípios de moralidade, políticas da organização, atender à 
necessidade de todos por um tratamento adequado e justo. 
 
8ª QUESTÃO: O conteúdo do código de ética deve ser necessariamente formado de 
um conjunto de políticas e práticas específicas, abrangendo os campos mais 
vulneráveis das ações profissionais. Diante disso, podemos afirmar: 
a) este conjunto de políticas e práticas específicas é reunido em um relatório de 
difícil compreensão para que possa circular adequadamente entre todos os 
interessados. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
115 
 
b) este conjunto de políticas e práticas específicas é reunido em um relatório de 
fácil compreensão para que possa circular adequadamente entre alguns 
membros interessados. 
c) este conjunto de políticas e práticas específicas é reunido em um relatório de 
fácil compreensão para que possa circular adequadamente entre alguns 
membros desinteressados. 
d) este conjunto de políticas e práticas específicas é reunido em um relatório de 
difícil leitura para que possa circular adequadamente fora do circulo 
empresarial. 
e) este conjunto de políticas e práticas específicas é reunido em um relatório de 
fácil compreensão para que possa circular adequadamente entre todos os 
interessados. 
 
9ª QUESTÃO: O que é um código de ética? 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
 
10ª QUESTÃO: Qual é o objetivo primordial do código de ética? 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
116 
 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
117 
 
Ética profissional e 
responsabilidade social 
Ética profissional: os valores sociais da profissão. 
O desempenho ético-profissional: ambiência e relações pessoais. 
Ética e responsabilidade social nos negócios. 
Decisões morais racionais. 
4 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
118 
 
Caro aluno, bem-vindo à nossa quarta unidade de estudo. Na unidade 
anterior, discutirmos a aplicação efetiva dos fundamentos da ética. Ressaltamos a 
prática da ética no plano das empresas e dos negócios e os princípios norteadores 
do código de ética profissional. Nesta última unidade de estudo, apresentaremos a 
você os pressupostos da ética profissional. Para tanto, discutiremos os valores 
sociais predominantes nas profissões em geral, em seguida, abordaremos a 
questão da ambiência e relações pessoais, ou seja, o desempenho ético-
profissional. Por fim, discutiremos os princípios fundamentais das decisões morais 
racionais. Bom estudo! 
 
Objetivos da unidade 
 Apresentar a problemática relativa à distinção aos valores sociais da 
profissão. Discutir a essência da ética profissional. 
 Expor os conceitos de ambiência e relações pessoais no campo ético-
profissional. 
 Mostrar os conceitos capitais da ética e da responsabilidade social 
nos negócios. 
 Abordar os princípios norteadores das decisões morais racionais. 
 
Plano da unidade 
 Ética profissional: os valores sociais da profissão. 
 O desempenho ético-profissional: ambiência e relações pessoais. 
 Ética e responsabilidade social nos negócios. 
 Decisões morais racionais. 
 
Bons estudos! 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
119 
 
Ética profissional: os valores sociais da profissão 
 
Você tem ideia do que significa ética profissional? Bem, antes de discutirmos o 
que é efetivamente ética profissional começaremos definindo o que é uma 
‘profissão’ e o seu significado intrínseco. Vamos lá! 
O termo ‘profissão’ origina-se do latim professione, mais especificamente do 
substantivo professio, que teve diversas acepções ao longo dos tempos. O conceito 
de profissão, na época atual, diz respeito ao trabalho que se pratica com habilidade 
a serviço de terceiros, isto é, “uma prática constante de um ofício” (Cf. SÁ, 2001). 
Toda profissão possui, além de sua utilidade para o indivíduo, uma expressão 
moral e social. De fato, se acompanharmos a vida de um profissional, desde a sua 
formação escolar, percebemos, claramente, o quanto ele produz e recebe de 
utilidade da sua profissão. 
Citemos alguns exemplos: 
 é pela profissão que o indivíduo se destaca e se realiza plenamente, 
provando a sua capacidade, habilidade e inteligência comprovando 
a sua personalidade em relação aos obstáculos encontrados; 
 mediante o exercício profissional, todos conseguem elevar o seu 
nível moral e ético; 
 pela profissão que todo indivíduo pode ser útil a sua comunidade e 
nela elevar-se e destacar-se na prática pelos seus valores e 
reconhecimentos. 
 
De acordo com Sá (2001, p. 34), “como a prática habitual de um trabalho, a 
profissão oferece uma relação entre necessidade e utilidade. Esta relação exige 
uma conduta específica para o desempenho eficaz das atividades exercidas pelo 
profissional”. Com efeito, todas as capacidades necessárias ou exigíveis para o bom 
desempenho de qualquer profissão devem passar essencialmente pelos deveres 
éticos. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
120 
 
Sendo o propósito do exercício profissional a prestação de uma utilidade a 
terceiros, todas as qualidades pertinentes à satisfação das necessidades passam a 
ser uma obrigação perante o desempenho do profissional. Neste sentido, é fato 
que um complexo de deveres envolve a vida profissional sob as formas de conduta 
a ser seguida para a execução de uma atividade ou trabalho. 
Nas empresas, os indivíduos conscientes desse esforço ético têm maior 
probabilidade de tomar decisões corretas, sendo certo que ao tomá-las, estarão 
crescendo na virtude almejada. Decorre daí ser a ética uma ciência também prática, 
e as virtudes, o resultado de ações repetidas no intuito de solucionar certos 
dilemas. 
Cabe notar que os deveres mencionados impõem-se e passam a governar as 
ações dos indivíduos perante seus clientes, seu grupo, seus colegas, o Estado e sua 
própria conformação ética e espiritual. Diante disso, fica fácil entender como os 
deveres profissionais aliam-se ao conceito de dignidade e respeito à pessoa em sua 
conduta profissional. 
Você deve estar se perguntando: como assim? O que uma coisa tem a ver com 
outra? Ora, a conduta do profissional aliada aos deveres básicos de todo 
profissional expõe uma relação intrínseca entre valores sociais e a profissão. Ou 
seja, esta relação indica uma correspondência entre a sociedade e os valores 
profissionais. 
Uma das estratégias oferecidas para realçar esta relação está em abordar tal 
assunto sob o prisma da “dignidade da pessoa”. Para tanto, faz-se necessário 
explorar o que se entende por ‘pessoa’, ‘dignidade’ e ‘respeito’. 
O que é uma ‘pessoa’ do ponto de vista filosófico? O termo latino persona 
possui, entre outros, o mesmo sentido da voz grega prósopon, que significa 
máscara. Trata-se da máscara que cobria o rosto de um ator, enquanto atuava nas 
tragédias. Neste sentido, pessoa designa o personagem, e os personagens de uma 
peça teatro são designados de dramatis personae. 
Deve ao filósofo Boécio (480-524), o emprego, pela primeira vez, do termo 
pessoa fora dos sentidos restritos que lhe eram fornecidos pelo teatro. Inspirando-
se no teatro, onde os atores usavam máscaras para representarfiguras importantes 
da vida social e política, Boécio usou o termo pessoa para referir-se a todo ser 
humano. Para este, o ser humano é a pessoa por causa de sua importância e de sua 
autonomia. Autonomia e dignidade são, portanto, a característica fundamental da 
pessoa humana. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
121 
 
Assim, respeitar o outro como alteridade significa entendê-lo como pessoa, 
como diverso e, portanto, reconhecê-lo como autônomo ou livre. Por outro lado, 
há uma correspondência mútua entre reconhecer a alteridade do outro e ter sua 
alteridade reconhecida. Respeitar o outro como centro de 
dignidade consiste na difícil tarefa de tratá-lo, efetivamente, 
como pessoa e não como uma coisa. 
Tratar alguém como pessoa e não como coisa significa 
percebê-la e tratá-la como um valor próprio, que não pode ser avaliado segundo 
princípios de ordem material ou econômica. Pois, a pessoa e os seus bens relevam-
se de várias formas para a organização da comunidade. Na sua dimensão pessoal e 
irredutível, como ser que se assiste a si próprio, a pessoa é essencialmente 
liberdade, ou atividade livre, um valor, ou uma fonte de valores, que não se deixa 
objetivar ou substanciar para além do seu próprio corpo e atitude moral. 
A esta dimensão mais íntima corresponde, no plano profissional, à afirmação 
da dignidade da “pessoa humana”, além de outros valores pessoais. Dignidade da 
pessoa é a de todo o ser humano individual e concreto, não a de uma humanidade 
universal e abstrata ou do homem como parcela de qualquer agrupamento social. 
De igual modo, a dignidade refere-se ao reconhecimento do valor intrínseco e 
soberano da pessoa perante quaisquer condições externas, valor que se impõe por 
igual a todos os membros da sociedade e vai muito para além da dignidade ligada 
à honra, ao prestígio profissional ou ao mérito social de qualquer cidadão em 
particular. 
Cada pessoa, só pelo fato de o ser, é merecedora do máximo respeito e 
proteção sociais, sobretudo em contextos que tornam evidente a fragilidade da 
condição humana. Este valor postula a existência de garantias que assegurem uma 
respectiva proteção, seja no plano subjetivo, como bem ou conjunto de bens 
jurídicos atribuídos e titulados pelas pessoas individualmente consideradas; seja no 
plano objetivo, como algo a integrar nos bens comuns da coletividade e a 
proteger, preventiva ou sucessivamente, sempre que for questionada ou posta em 
perigo a dignidade da “pessoa humana”. 
Alteridade: relativo ao 
outro. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
122 
 
IMPORTANTE: 
Portanto, a ética profissional deve estar em sintonia com os 
pressupostos que incidem na “pessoa humana” e a sua dignidade. Respeitar a 
“pessoa humana” implica também combater toda a prática que a diminua. A 
“pessoa humana”, em sua totalidade, é muito mais que um simples corpo ou uma 
simples “máquina”, que pretende ter suas peças trocadas ou desmontadas. A 
pessoa é, sobretudo, uma interseção de valores e de relações. Ela é um fim em si 
mesmo, um centro de autonomia e complexidade que lhe torna única, indivisível e 
não-intercambiável. Por essas razões, a pessoa possui dignidade e respeito. 
Bem, compreendeu como é relevante a valorização da pessoa. Agora, veremos 
como este conceito de pessoa relaciona-se diretamente à questão das relações 
pessoais no ambiente profissional. Trata-se de apresentarmos a você o problema 
da ambiência e das relações pessoais no âmbito empresarial. Vamos lá? 
 
O desempenho ético-profissional: ambiência e relações 
pessoais 
 
É inegável que há ambientes distintos onde as condutas humanas se 
processam no trabalho. Todo profissional convive com diversas e específicas 
formas de relacionamento conforme a ambiência onde realiza suas tarefas. 
Diversas são as condições ambientais sob as quais se pode observar a atuação 
do profissional em seus respectivos espaços e relações de trabalho. Basicamente, 
podemos citar: 
 empregado particular ou público; 
 participante de uma empresa multinacional ou nacional; 
 sócio de uma empresa consorciada ou associada; 
 autônomo individual ou coletivo. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
123 
 
Cada um desses desempenhos processa-se em um 
ambiente próprio, com relações definidas, exigindo 
condutas também definidas. Como afirmamos 
anteriormente, o modo de atuação da personalidade do 
profissional varia conforme os ambientes, neste caso, a 
tendência é de que quanto mais impessoal tornar-se o 
ambiente profissional tanto menos ética é possível que 
venha a ser a conduta, se um sistema rígido de práticas de normas não obrigar 
efetivamente à prática virtuosa do profissional. 
Certamente, quanto mais a “pessoa humana” venha a perder o seu grau de 
importância numa empresa, tanto menos ética poderá ser a sua atuação, pois 
enfraquecer a condição de uma pessoa autônoma e portadora de vontade, menos 
esta assume um compromisso real com a sua atividade profissional. 
Contudo, não se pode negar que os conflitos de consciência entre as práticas 
éticas e virtuosas e as que devem seguir a determinações e imperativos de 
natureza superior possam contribuir para certas turbulências profissionais. 
Também, não se pode omitir que a variedade de condutas exigíveis em relação a 
alguns aspectos de comportamento na empresa é o que atende realmente aos 
interesses particulares de um profissional. Em nenhuma dessas posições 
exemplificadas, é possível alterar a condição real de trabalho de um bom 
profissional. 
Na atualidade, as grandes mudanças que o avanço tecnológico, as 
comunicações, a globalização e outros fenômenos vêm acarretando com certeza 
têm impacto negativo, numa perspectiva ética, sobre o trabalho, a economia e as 
empresas. Como parte integrante desse processo, os indivíduos não estão à 
margem do turbilhão de ideias, conceitos e movimentos novos que aparecem com 
intensidade a sua volta. Seu interesse pela informação, por conhecer e saber é o 
mais válido possível, ou melhor, é algo imprescindível. 
Ora, as considerações propostas acima nos conduzem diretamente ao âmago 
do processo de “sociabilidade na empresa”. Em que consiste a sociabilidade? A 
complexidade do mundo contemporâneo se apresenta como o fato da não 
existência de consenso, já que a vida é posição plural de pretensões de relações e 
de satisfações (Cf. SÁ, 2001). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
124 
 
IMPORTANTE: 
Cada forma de vida possui uma pretensão de sociabilidade, ou seja, 
uma pretensão de como se relacionar com outras formas e uma pretensão 
de satisfação. Com efeito, a satisfação pessoal só se dá a partir de um sistema de 
regras e de valores proveniente de uma determinada comunidade. Cada forma de 
vida se pauta nas pretensões de satisfação de uma instituição, além de exprimir 
uma forma de sociabilidade própria. A sociabilidade é a coexistência de formas de 
vida que se pautam nas mesmas regras e normas sociais. Coexistir é estar junto. 
Dessa forma, sociabilidade significa uma maneira ou uma forma de organizar 
relações, sejam sociais, sejam no âmbito do trabalho. 
Portanto, as empresas que se pautam pela ética devem levar em conta a noção 
de “estarmos juntos”, isto é, da convivência e da sociabilidade, pois na sociedade 
existem relações que se articulam em diferentes grupos sociais. Como cada pessoa 
elege uma forma de sociabilidade, existem lógicas diferentes na articulação das 
relações sociais. Sendo assim, a empresa ou a organização torna-se o espaço de 
confrontação entre as várias pretensões de sociabilidade. 
Nessa perspectiva, a “intenção da pessoa” para agir eticamente ou conforme 
as normas estabelecidas pela empresa e a sua atuação profissional constituem a 
força propulsora básica do seu comportamento. As “intenções pessoais” 
dependem das crenças e atitudes que definem a maneira de um indivíduo ver o 
mundo e agir sobre ele, ou seja, as suas percepções.Portanto, as “intenções 
pessoais” são as causas imediatas e principais do comportamento ético-
profissional, e as crenças e atitudes são apenas “causas remotas”. Segundo essa 
perspectiva, as pessoas têm objetivos e expectativas e agem intencionalmente 
para concretizá-los. A finalidade dá o impulso e mobiliza as energias e gera a 
intenção de realizar algo de “bom” ou de “ruim”. 
Desse modo, segundo Camargo (2001), compete ao indivíduo avaliar as 
alternativas de comportamento segundo sua capacidade de desempenhar e 
conforme as exigências da tarefa proposta (a probabilidade de se motivar aumenta 
à medida que o indivíduo se julga capaz de cumprir a tarefa e diminui quando ele 
se julga incapaz) e, ainda, a sua crença de que o desempenho o levará ao resultado 
desejado (a probabilidade de agir aumenta quando o indivíduo acredita que a 
alternativa e os instrumentos escolhidos levam ao fim predeterminado). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
125 
 
Na perspectiva da “intencionalidade pessoal”, como principal fator motivador 
para um indivíduo dedicar-se a sua atividade profissional é o grau de satisfação 
esperado em relação a sua atividade e não a satisfação realmente obtida na 
execução de uma tarefa específica. 
No sentido de aplicação prática, assim se resumem às dimensões básicas dessa 
perspectiva: 
 as pessoas dirigem seu comportamento de forma a alcançar 
resultados que julgam serem os mais atraentes; logo, a maior 
motivação para o trabalho estará ligada à capacidade de cada 
serviço satisfazer expectativas individuais; 
 os objetivos específicos definidos em conjunto com os subordinados 
são bons instrumentos para melhorar a motivação e o desempenho; 
objetivos vagos ou definidos unilateralmente, sem a incorporação de 
expectativas individuais têm pouca força motivadora; 
 a perspectiva da intencionalidade concentra-se no conhecimento do 
indivíduo sobre os objetivos a alcançar. Mostra como objetivos bem 
definidos e que constituem desafios resultam em melhor 
desempenho, ao contrário de objetivos abstratos, pouco desafiantes 
e sem levar em conta interesses individuais; 
 a existência de uma política de relações humanas é decisiva para a 
ética e o profissionalismo. Sua ausência compromete qualquer 
padrão ético ou modelo de gestão responsável porque dissocia a 
interação e o comportamento cotidiano das pessoas. 
 
Na atuação profissional, tanto os deveres quanto as qualidades pessoais de um 
profissional, devem ser levados em conta para a atuação virtuosa e ética do 
profissional. A “ética da virtude” ensina que o exercício contínuo de bons hábitos 
conduz à aquisição da virtude, mesmo que seja árduo o caminho para conquistá-la. 
Da mesma forma, o atleta que almeja atingir recordes necessita treinar inúmeras 
vezes e por longo tempo, antes de alcançar seu intento (Cf. CAMARGO, 2001). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
126 
 
Em toda empresa, as pessoas conscientes desse esforço ético têm maior 
probabilidade de tomar decisões corretas, sendo certo que, ao tomá-las, estarão 
crescendo na virtude almejada. Decorre daí ser a ética uma ciência também prática, 
e as virtudes, o resultado de ações repetidas no intuito de solucionar os dilemas. 
Você deve estar se perguntando: quais são as virtudes que um profissional 
precisa ter para que desenvolva com eficácia seu trabalho. Na verdade, múltiplas 
exigências existem, mas entre elas, destacam-se algumas básicas, a qual 
impossibilita a consecução do êxito moral. Quase sempre, na maioria dos casos, o 
sucesso profissional se faz acompanhar de condutas fundamentais corretas. Tais 
virtudes básicas são comuns a quase todas as profissões: virtudes são qualidades 
que capacitam as pessoas a encontrar motivos para agir bem. Sem coação, 
exercitando sua liberdade, a pessoa virtuosa sempre procura escolher o que é bom, 
certo e correto. 
As virtudes básicas profissionais, segundo Sá (2001), são aquelas 
indispensáveis, sem a qual não se consegue a realização de um exercício ético 
competente, seja qual for a natureza do serviço prestado. Estas virtudes devem 
formar a consciência ética estrutural, os alicerces do caráter e, em conjunto, 
habilitarem o profissional ao êxito em seu desempenho. 
Ainda, na visão de Sá (2001, p. 34): 
O senso de responsabilidade é o elemento 
fundamental da empregabilidade. Sem 
responsabilidade a pessoa não pode demonstrar 
lealdade, nem espírito de iniciativa (...). Uma pessoa que 
se sinta responsável pelos resultados da equipe terá 
maior probabilidade de agir de maneira mais favorável 
aos interesses da equipe e de seus clientes, dentro e 
fora da organização (...). A consciência de que se possui 
uma influência real constitui uma experiência pessoal 
muito importante. É algo que fortalece a autoestima de 
cada pessoa. Só pessoas que tenham autoestima e um 
sentimento de poder próprio são capazes de assumir 
responsabilidade. Elas sentem um sentido na vida, 
alcançando metas sobre as quais concordam 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
127 
 
previamente e pelas quais assumiram responsabilidade 
real, de maneira consciente. As pessoas que optam por 
não assumir responsabilidades podem ter dificuldades 
em encontrar significado em suas vidas. Seu 
comportamento é regido pelas recompensas e sanções 
de outras pessoas - chefes e pares (...). Pessoas desse 
tipo jamais serão boas integrantes de equipes. 
Por esse motivo, a ética profissional visa também fundamentar ou justificar um 
comportamento moral virtuoso. Mas com que propósito? Reprovando aqueles 
comportamentos morais que não tomam o partido de justiça e do que é 
socialmente bom para o homem ou refletindo sobre as amarras que fazemos 
agentes sociais ficarem presos ao egoísmo ou àquilo que faz com que o indivíduo 
não se importe com os outros. 
Podemos então mostrar que o contexto da “ética dos negócios” segue os 
mesmos pressupostos da questão teórica da ética como evidenciamos acima: 
sabemos que o objeto da ética empresarial visa estudar, a partir de contextos 
sociais bem demarcados e distintos, aquelas formas de comportamentos morais 
que pautam as regras morais empresariais. 
A importância dessa preocupação, surgida nos últimos anos sobre a 
necessidade da ética dentro do mundo empresarial, seja no modo de formação de 
funcionários ou na forma presencial de palestras e de reprovações a atitudes 
inconcebíveis e danosas, reporta-nos à questão no qual já assinalamos: a 
preocupação com a repercussão social e moral que certos problemas de decisões 
acarretam na administração de bens e negócios. 
Por essa razão, o “empresário líder”, ciente da realidade do mundo, dispõe-se a 
modificar o rumo daquilo que muitos 
consideram imutável, motivando seus 
empregados a segui-lo, incentivando outros 
líderes e empresários ou diretores a tomarem 
decisões visando ao bem comum, mostrando-
se mais flexíveis e menos doutrinários. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
128 
 
Para a “ética da responsabilidade”, o que importa é que os agentes possam 
avaliar os efeitos e as consequências previsíveis de suas ações, buscando conciliar 
os objetivos da empresa para fins que sejam vistos como bons. Todavia, a 
finalidade de agir em função do que é visto como “bom” pode justificar que os 
indivíduos realizem ações e recursos que não são sempre éticos. 
 
IMPORTANTE: 
A “ética da responsabilidade” não converte princípios ou ideais em 
práticas do cotidiano, nem aplica normas ou crenças sobre virtudes 
filosóficas, religiosas ou máximas morais aplicando-as nos termos da ética dos 
negócios. Os valores do mundo econômico só podem ser compreendidos como 
instrumentais e de acordo com as práticas empresariais aos quais são requeridos. 
A lógica dessa ética, particularmente a da “responsabilidade”, é própria do 
capitalismo em suas fases de complexidade, como diz Weberapud SROUR (2000, p. 
50): 
(...) toda atividade orientada pela ética pode 
subordinar-se a duas máximas totalmente diferentes e 
irredutivelmente opostas. Ela pode orientar-se pela 
ética da responsabilidade ou pela ética da convicção. 
Isso não quer dizer que a ética da convicção seja 
idêntica à ausência de responsabilidade e a ética da 
responsabilidade à ausência de convicção. Não se trata 
evidentemente disso. Todavia, há uma oposição abissal 
entre a atitude de quem age segundo as máximas da 
ética da convicção — em linguagem religiosa, diremos: 
‘O cristão faz seu dever, e no que diz respeito ao 
resultado da ação remete-se a Deus’ — e a atitude de 
quem age segundo a ética da responsabilidade que diz: 
‘Devemos responder pelas consequências previsíveis 
de nossos atos’. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
129 
 
Não obstante, diante dos deveres de um profissional, devem ser levadas em 
conta as qualidades pessoais que também concorrem para o enriquecimento de 
sua atuação profissional, algumas delas facilitando o exercício da profissão. Muitas 
destas qualidades são adquiridas com esforço e boa vontade, aumentando neste 
caso o mérito do profissional que, no decorrer de sua atividade profissional, 
consegue incorporá-las à sua personalidade, procurando vivenciá-las ao lado dos 
seus deveres profissionais. Por fim, segundo Srour (2000, p. 46): 
Agir eticamente dentro (ou fora) da empresa sempre foi e será uma decisão 
pessoal. Uma vez que você tenha despertado para o assunto, mais e mais ele tende 
a ser considerado nas decisões, num processo permanente, sem fim. É claro que 
sempre estamos sujeitos a deslizes e equívocos. Nunca se esqueça, porém, de que 
esse costuma ser um caminho sem volta. Para o bem ou para o mal. 
Bem, as considerações apresentadas sobre a ambiência e o desempenho ético-
profissional são altamente relevantes para entendermos os conceitos principais da 
responsabilidade social nos negócios. Veremos a partir de agora como este fato é 
incorporado pelas empresas. 
 
Ética e responsabilidade social nos negócios 
 
As discussões sobre a responsabilidade social das empresas cada vez mais 
ocupa espaço tanto no ambiente empresarial como nas discussões acadêmicas. 
Todavia, não há unanimidade quanto a qual deva ser o procedimento social das 
empresas, pois existem vários autores que a conceituam com grandes variações 
terminológicas. Mas como assim? O que significa uma empresa ser socialmente 
responsável? 
Há aqueles que advogam que a empresa é socialmente responsável se cumpre 
meramente a sua função de gerar empregos, pagar impostos e proporcionar lucros 
aos acionistas. De outro lado, há aqueles que defendem a ideia de que as empresas 
devem assumir um papel mais relevante do que o comportamento empresarial 
clássico. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
130 
 
Para Ashley (2002, p. 173): 
Ser socialmente responsável implica, para a 
empresa, valorizar seus empregados, respeitar os 
direitos dos acionistas, manter relações de boa conduta 
com seus clientes e fornecedores, manter ou apoiar 
programas de preservação ambiental, atender à 
legislação pertinente à sua atividade, recolher 
impostos, apoiar ou manter ações que visem diminuir 
ou eliminar problemas sociais nas áreas de saúde e 
educação e fornecer informações sobre sua atividade. 
 
De uma forma geral, entende-se por responsabilidade social o 
comprometimento e o compromisso de uma empresa com relação à sociedade, a 
partir de todas as ações que afetam os indivíduos e organizações, envolvendo 
também e, principalmente, a prestação de contas para essa mesma sociedade. A 
postura ética da organização, que envolve de forma ampla o crescimento 
econômico com sustentabilidade, são componentes fundamentais da estratégia de 
uma empresa socialmente responsável (Cf. ASHLEY, 2002). 
Dentro desta linha de raciocínio, temos que na evolução da humanidade 
sempre houve uma ligação entre o conceito de responsabilidade relacionado à 
vida em sociedade. O homem sempre teve a 
guiar suas ações o comprometimento de, ao 
desempenhar suas atividades, não esquecer 
caráter social e em como poderia afetar de 
forma positiva ou negativa a sociedade em 
que vivia. Todavia, na concepção de Fischer 
(2002), o termo responsabilidade social surge 
no século XX, como uma forma de buscar ampliar o papel das organizações em 
suas relações com a sociedade, demonstrando que é inevitável sua interação com o 
sistema social. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
131 
 
Para a autora, o conceito de responsabilidade social foi extraído dos estudos 
da “teoria das organizações” sendo uma das funções organizacionais a serem 
administradas tanto nas relações internas quanto nas externas do sistema 
organizacional. Essa visão, conforme afirma Fischer, foi o motivo pelo qual o 
conceito não foi totalmente absorvido na gestão organizacional e gerencial. As 
organizações ou empresas, muitas vezes, escolhiam cumprir com sua função social 
através de um modo mais abrangente. No entanto, limitavam-se a desenvolver 
pequenas ações em curto prazo de tempo ou apenas assumiam um caráter 
“paternalista”, visando somente a resolver manifestações de conflito entre os 
setores. Mas qual é a relação entre a responsabilidade social da empresa com a 
ética? 
Antes de prosseguirmos, cabe, portanto, fazer uma distinção entre 
responsabilidade social e filantropia. Como já definimos responsabilidade social, 
podemos dizer que na filantropia o foco é a ação social da empresa que tem como 
beneficiária direta a comunidade. Na filantropia, as motivações são humanitárias, a 
participação é reativa e as ações são isoladas, a relação com o público-alvo é de 
demandante / doador, a ação social decorre de uma opção pessoal dos dirigentes, 
os resultados resumem-se na gratificação pessoal de poder ajudar não havendo 
preocupação em associar a imagem da empresa à ação social. 
No sentido etimológico, a palavra responsabilidade deriva do latim respondere, 
responder. Segundo o dicionário Aurélio, responsabilidade é “a qualidade de 
responsável”, que “responde por atos próprios ou de outrem”, que “deve satisfazer 
os seus compromissos ou de outrem” (HOLANDA, 1999, p. 578). As diferentes 
significações percebidas para o termo suscitam questões ligadas à área do dever, 
da obrigação legal ou moral que, por sua vez, nos faz adentrar o campo da ética. 
Não obstante, o conceito de responsabilidade social empresarial surge dessa 
forma como um “dilema ético”. Sabemos que a ética é definida como um sistema 
de regras que governa a ordenação de valores. Como pessoas possuem códigos de 
ética pessoais diferenciados, as organizações devem ser explícitas com relação aos 
seus padrões éticos. Neste sentido, falar sobre ética e sua relação com 
responsabilidade social nos conduzem diretamente ao problema do costume e 
hábitos ligados às manifestações de cada sociedade através de sua cultura, 
vivência e crenças (Cf. ASHLEY, 2002). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
132 
 
Sendo assim, as responsabilidades éticas correspondem a atividades, práticas, 
políticas e comportamentos esperados por membros da sociedade apesar de não 
codificado em leis que envolvem uma série de normas, padrões e expectativas de 
comportamento para entender o que os diversos públicos (stakeholders) com as 
quais a empresa se relaciona consideram legítimo, correto, justo ou de acordo com 
seus direitos morais e expectativas. 
Com efeito, na atualidade, a discussão acerca do papel social das empresas 
assume novas vertentes. Com a forma de fundamentação contra ou a favor da 
responsabilidade social das empresas, existe no meio empresarial e acadêmico 
uma busca por conhecer a relação entre o desempenho financeiro e o 
desempenho social. Esta busca por conhecer tal relação se ampliou até o momento 
de escolher as empresas nas quais o capital está aplicado,fazendo com que a 
responsabilidade social não se insira nas considerações de mercado somente na 
hora de uma compra ou uma venda de produtos ou na contratação de 
fornecedores. 
Um aspecto que reforça a relação do valor da empresa com práticas sociais é o 
posicionamento dos maiores fundos de pensão da atualidade que, na condição de 
investidores institucionais, estão exigindo cada vez mais responsabilidade social 
das empresas aos quais investem: 
Em encontro realizado em Haia, na Holanda, em 
2001, representantes de cerca de 300 entidades, que 
somam patrimônio de mais de US$ 5 bilhões, 
elaboraram uma “lista negra” das empresas nas quais 
não se deve investir por motivos que vão desde as 
agressões ao meio ambiente até a exploração de 
crianças. Além dos comentários sobre a corrupção no 
Brasil, forma citados no encontro os acidentes 
ambientais da Petrobrás – um fundo dinamarquês 
sugeriu até que não se investe mais na petrolífera 
brasileira por causa de acidentes (Ashley, 2002, p. 180). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
133 
 
Diante do exposto a respeito das conceituações sobre a responsabilidade 
social das empresas, ficou-nos patente que uma empresa socialmente responsável 
é aquela que responde às expectativas de seus consumidores e acionistas. Com 
base nisso, chegamos à conclusão de que a empresa socialmente e eticamente 
responsável diz respeito à empresa que está atenta para lidar com as expectativas 
de seus stakeholders atuais e futuros, na visão mais radical de sociedade 
sustentável. Por outro lado, podemos afirmar que o conceito de “responsabilidade 
social” agrupa, em seu núcleo central, as seguintes ideias: 
 consciência maior sobre as questões culturais, ambientais e de 
gênero; 
 antecipação, evitando regulações restritivas à ação empresarial pelo 
governo; 
 diferenciação de seus produtos diante de seus competidores menos 
responsáveis socialmente; 
 promoção de valores e comportamentos morais que respeitem os 
padrões universais de direitos humanos e de cidadania e 
participação da sociedade. 
 
A empresa socialmente responsável sempre agrega mais valores para si, 
diferenciando-se de suas concorrentes numa ótica positiva, ainda que do ponto de 
vista estritamente empresarial. 
De acordo com Mattar (2001, p. 15): 
Pesquisa do Instituto Ethos/Jornal Valor sobre a 
percepção dos consumidores, realizada em 2000, 
mostra que, no Brasil, 57% deles julgam se uma 
empresa é boa ou ruim tendo por base a 
responsabilidade social. E o que eles querem dizer com 
isso? Os primeiros elementos citados são tratamento de 
funcionários e a ética nos negócios. Adicionalmente, os 
consumidores querem que a empresa melhore a 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
134 
 
sociedade: é o que pedem 35% deles. E não apenas no 
Brasil, mas em todo o mundo. Em quase todos os países 
onde a mesma pesquisa foi feita o resultado neste item 
foi o mesmo: 35%. Além disso, os consumidores 
recompensam e punem as empresas pela sua 
responsabilidade social. Recompensam ao comprar os 
produtos e recomendar a empresa a seus conhecidos. 
Punem ao não comprar os produtos e não recomendar 
a empresa. Trinta e um por cento dos consumidores no 
Brasil e 49% nos consumidores nos Estados Unidos 
comportam-se desta forma. 
 
Por outro viés, nas palavras de Boff (2003, p. 9), “responsabilidade é dar-se 
conta das consequências que advêm de nossos atos”. Sabendo-se que a ética está 
presente em todos e quaisquer relacionamentos que envolvem o ser humano, 
levá-la em consideração é uma necessidade também nos negócios. Desse modo, 
age eticamente e com responsabilidade social a empresa que: 
 respeita a dignidade de seus empregados, não os vendo como 
meros recursos; 
 não agride o meio ambiente; 
 não infringe os direitos do consumidor; 
 não compromete as necessidades, as utilidades e os interesses 
públicos quando objetiva usufruir benefícios fiscais; 
 valoriza verdadeiramente o seu quadro de pessoal, promovendo o 
seu desenvolvimento; 
 não coloca a busca do lucro acima da legitimidade e justiça dos 
interesses do homem e da sociedade. 
Gostou das considerações a respeito da relação entre ética e responsabilidade 
social? Compreendeu como estes dois conceitos estão alinhados na prática nas 
empresas? A seguir discutiremos o tema das decisões morais racionais. Trata-se de 
uma questão importante no âmbito empresarial: como tomar decisões? O que é 
certo decidir? Como decidir? Estas são algumas indagações que vamos lhe 
responder. Preparado? Vamos lá? 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
135 
 
Decisões morais racionais 
 
Você já se deparou em uma situação em que precisava tomar uma decisão 
rapidamente? O que você fez? Ah, não lembra né? Todos nós tomamos decisões, 
elas estão presentes em todo momento da nossa vida. Você saberia definir o que é 
uma decisão? O que significa “tomar uma decisão”? 
Bem, primeiramente é preciso dizer que toda “tomada de decisão” envolve 
escolhas. Por sua vez, as escolhas envolvem critérios gerais ou particulares aos 
quais são determinados por nossa vontade. Neste sentido, é fácil perceber que o 
processo de decisão moral está intimamente associado ao tema da vontade. Mas o 
que é vontade? A vontade é a capacidade que o ser humano possui de deliberar e 
escolher as ações que irá realizar, pois tão somente o ser humano possui a 
capacidade de deliberar e escolher as ações que irá realizar. 
Por conseguinte, a vontade diferencia-se do instinto, dos desejos e do apetite, 
que se dão de forma mais ou menos pré-programada e fortemente vinculada à 
estrutura corpórea. Na medida em que a intervenção resulta de uma atividade 
refletida, as ações dela oriundas estão muito além das ações inconscientes e 
predeterminadas. 
Podemos conceituar a vontade como “a faculdade de perseguir o bem, 
conhecido pela razão”. Neste sentido, a vontade não pode não querer buscar 
aquilo que lhe é indicado pelo intelecto como bem naquele momento. Quando se 
faz a opção por algo que a moral vigente condena, o problema não está na 
vontade, mas na informação inadequada que lhe foi fornecida a partir da qual foi 
feita a escolha. 
Costuma-se caracterizar a vontade sob os seguintes princípios: 
 princípio de atividade inteligente: não atua cegamente, pois conhece 
o fim a que tende; sabe dos meios de que necessita para atingir o 
fim; tem noção das consequências que resultarão da decisão 
tomada; pode ser orientada; 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
136 
 
 princípio de atividade livre: é capaz de conduzir a si mesma 
(autônoma); escolhe entre as diferentes possibilidades que a razão 
lhe oferece. 
 princípio de atividade ordenada: é o objeto próprio da vontade; a 
liberdade nasce da escolha que o homem deve fazer entre os 
diferentes bens que se lhe apresentam. 
Diante da definição de vontade referida acima, podemos notar que esta refere-
se tão-somente ao ato moral e racional praticado em vistas ao bem. Por 
conseguinte, a noção de bem deve ser sempre acompanhada pela noção de mal. 
Desse modo, o bem e o mal se encontram em uma relação recíproca e constituem 
um par de conceitos axiológicos inseparáveis e opostos. Toda concepção de bom 
implicará na definição de mal. Contudo, atualmente, em função da pluralidade de 
formas de vida, de sociabilidade e das formações culturais é difícil constatar um 
consenso sobre o que é bem e o que é mal. Na verdade, nem na Antiguidade 
clássica houve um consenso a respeito dos critérios para se avaliar o que é bem e o 
que mal. 
Vejamos brevemente algumas destas concepções a respeito do que é bem e 
do que mau ao longo da história da filosofia: 
 o hedonismo: doutrina que foi pregada desde a Grécia Antiga por 
filósofos como Górgias, Cálicles e Arístipo. Defende que o bem é 
tudo aquilo capaz de oferecer prazer imediato. Por sua vez, o mal é 
aquiloque gera sofrimento; 
 o epicurismo: doutrina elaborada por Epicuro, que procurava 
aperfeiçoar o hedonismo. Defendia que o bem não era qualquer 
prazer, mas os prazeres devidamente selecionados. Assim, Epicuro 
construiu uma espécie de hierarquia dos prazeres, considerando 
superiores, por exemplo, os prazeres naturais em vez dos artificiais; 
os prazeres calmos, em vez dos violentos. O supremo prazer era, 
entretanto, o prazer intelectual, obtido mediante o domínio das 
paixões pela razão; 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
137 
 
 o estoicismo: o filósofo Zenão é considerado o fundador da escola 
estoica, que pregava um espírito de total renúncia aos desejos, 
considerados como a fonte de todo sofrimento humano. O bem 
consistia na aceitação da ordem universal, que deve ser 
compreendida pela razão; 
 o formalismo kantiano: o filósofo alemão Kant defende a 
concepção moral que identifica o bem ao cumprimento puro e 
simples do dever. A fonte do dever é a razão humana que elabora 
normas orientadoras de nossa conduta moral; 
 o tomismo: o filósofo cristão Santo Tomás de Aquino postula que o 
bem consiste nas ações capazes de aproximar o homem de Deus. 
Tomás de Aquino reconhece que a razão humana possui condições 
de estabelecer deveres morais, mas procura harmonizar esses 
deveres à ordem de Deus, revelada ao homem pela fé cristã; 
 o humanismo: Os pensadores contemporâneos da tradição 
humanística defendem que somente o homem deve determinar, 
para si próprio, o que seja bem ou mal. E o que é bem? É tudo o que 
é bom para a natureza humana; tudo o que impulsiona a vida dessa 
natureza; tudo o que colabora para a realização das potencialidades 
humanas. Assim, para determinarmos o bem, devemos estudar e 
conhecer a natureza humana em profundidade, tarefa da qual se 
ocupam ciências como a Psicologia, a Antropologia, a História, etc. 
Diante do exposto, verifica-se que as doutrinas elencadas oferecem uma 
tentativa de resposta ao que é bom no sentido geral ou o bom em absoluto, ou 
seja, em todas as circunstâncias, independente do ato moral que se trate ou da 
situação concreta que se efetue. 
No caminho inverso a estas concepções doutrinárias originadas ao longo da 
histórica da filosofia, as decisões morais racionais partem de situações concretas e 
específicas. Segundo Chiavenato (2004), a tomada de decisão é tarefa mais comum 
de todo bom administrador. Porém, os gestores ou administradores não são os 
únicos a decidir, pois o trabalho do executivo consiste não apenas em tomar 
decisões próprias, mas também em providenciar para que toda a empresa que 
dirige, ou parte dela, tome-as também de maneira efetiva. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
138 
 
Mas o que é uma decisão? A decisão é um processo de análise e escolha entre 
várias alternativas disponíveis em relação a uma ação que deverá ser seguida ou 
não de acordo com a nossa vontade. Em outras palavras, a decisão é um 
julgamento, uma escolha estabelecida entre alternativas, incluindo todos os “o 
que”, “quando”, “quem”, “por que” e “como”, que aparecem nos processos de 
decisão. Com o objetivo de evitar problemas futuros, os administradores devem se 
basear em decisões cuidadosamente formuladas. 
As principais condições de decisão são: 
 decisão em condições de certeza: ocorre quando a decisão é feita 
com pleno conhecimento de todos os estados da natureza do 
processo decisório. Existe a certeza do que irá ocorrer durante o 
período em que a decisão é tomada. É possível atribuir 
probabilidade 100% a um estado específico da natureza da decisão. 
A probabilidade estatística e pragmática do processo decisório pode 
indicar que a posição de 0% será a completa incerteza e a posição de 
100% ou 1 indica a certeza da tomada de decisão; 
 decisão em condições de risco: ocorre quando não são conhecidas 
as probabilidades associadas a cada um dos estados da natureza do 
processo decisório. Ao contrário do item anterior, que dispunha de 
quase 100% de certeza no resultado final, aqui essa certeza irá variar 
entre 0% e 100%; 
 decisão em condições de incerteza ou em condições de 
ignorância: ocorre quando não se obteve informações e dados 
sobre o estados da natureza do processo decisório, ou mesmo em 
relação à parcela desses estados. A empresa possui dados e 
informações parciais, obtidos com probabilidade incerta ou é 
desconhecida a probabilidade associada aos eventos que estão 
provocando a decisão; 
 decisão em condições de competição ou em condições de 
conflito: ocorre quando estratégia e estados da natureza do 
processo decisório são determinados pela ação de competidores. 
Existem, obrigatoriamente, dois ou mais gestores externos — outras 
empresas concorrentes — envolvidos e o resultado vai depender da 
escolha de cada um dos decisores nesse ambiente competitivo. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
139 
 
O ato de tomar decisões faz parte do cotidiano da vida e está presente em 
todos os seus aspectos, indo desde tópicos pessoais até decisões mais 
abrangentes, como no planejamento de grandes projetos que envolvem as 
organizações privadas e públicas. As decisões têm frequentemente um impacto 
muito além do resultado imediato. Em geral, as decisões 
tomadas no âmbito organizacional estão direcionadas 
para o futuro, que é fruto das idealizações nas quais as 
decisões são baseadas. 
De acordo com Gomes (2002), numa empresa, uma 
decisão precisa ser tomada sempre que está diante de 
um problema que apresenta mais de uma alternativa de 
solução. Mesmo quando, para solucioná-lo, possuí uma 
única opção a seguir, podendo ter a alternativa de adotar 
ou não essa opção, ou seja, alternativa para deliberar. 
Este processo de escolher o caminho mais adequado à 
empresa, naquela circunstância, também é conhecido 
como “tomada de decisão”. 
Toda escolha que fazemos envolve um fim ao qual visamos. Para realizar uma 
ação, é preciso competência e coragem para realizá-la. A essência das atividades 
administrativas é, fundamentalmente, um processo de tomada de decisão e este, 
por sua vez, o ato de decidir é essencialmente uma ação humana e 
comportamental. Ela envolve a seleção consciente de determinadas ações entre 
aquelas que são fisicamente, moralmente e racionalmente possíveis para o agente 
e para aquelas pessoas sobre as quais ele exerce influência e autoridade. 
Como vimos, a tomada de decisão no interior das organizações 
contemporâneas envolve vários estilos de enfrentamento de decisões e problemas. 
Tanto aquele que evita, como aquele que soluciona, bem como aquele que 
soluciona o problema possui um papel a desempenhar dentro da mesma empresa. 
Embora um tipo e estilo em particular possa ser mais eficaz que os outros, em uma 
situação específica, todas as organizações ou empresas são confrontadas com uma 
variedade bastante complexa de desafios que exigem uma gama de estilos e 
soluções (Cf. GOMES, 2002). 
Podemos apontar seis elementos fundamentais no processo de decisão 
moralmente racional: 
A “Teoria das Decisões” 
nasceu de Herbert Simon, que a 
utilizou para explicar o 
comportamento humano nas 
organizações. O autor, no seu 
livro O Comportamento 
Administrativo (1970), diz que a 
Teoria Comportamental 
concebe a organização como 
um “sistema de decisões”. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
140 
 
 o tomador de decisão: é a pessoa que faz uma escolha ou opção 
entre várias alternativas de ação; 
 os objetivos: aquele em que o tomador de decisão pretende 
alcançar com suas ações; 
 as preferências: os critérios que o tomador de decisão usa para fazer 
sua escolha; 
 a estratégia: o curso da ação que o tomador de decisão escolhe para 
atingir os objetivos, dependendo dos recursos que venha a dispor; 
 a situação: os aspectos do ambiente que envolvem o tomador de 
decisão, muitos dos quais se encontram fora do seu controle, 
conhecimento ou compreensão e que afetam sua escolha; o resultado: refere-se à consequência ou resultante de uma dada 
estratégia de decisão. 
 
Com efeito, a tomada de decisão dentro das empresas ou organizações 
contemporâneas de negócios envolve todos os tipos e estilos de solução de 
problemas. Tanto aquele que evita como aquele que soluciona, bem como aquele 
que antecipa os problemas, tem um papel a desempenhar dentro da mesma 
empresa. Embora um tipo e estilo em particular possa ser mais eficaz do que 
outros, em uma situação específica, todas as empresas são confrontadas com uma 
variedade bastante complexa de desafios que exigem uma gama de estilos de 
solução de problemas (Cf. GOMES, 2002). 
No interior da empresa, em razão da busca das metas, existem níveis 
diferentes de tomada de decisão. São os níveis estratégico, tático e operacional de 
tomada de decisão que vão mobilizar todos os recursos de uma empresa para a 
concretização dos seus objetivos. 
Vejamos alguns exemplos: 
 as decisões estratégicas são aquelas que determinam os objetivos da 
organização como um todo, seus propósitos e direção, sendo uma 
função exclusiva da alta administração. A direção da empresa tem o 
“quadro geral” de todos os elementos de seu negócio e 
precisa ser capaz de integrá-los em um todo coerente no 
ambiente da organização. As decisões tomadas nesse âmbito 
também determinarão como a empresa se relacionará com os 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
141 
 
ambientes externos. Já que as políticas estratégicas afetam a 
empresa como um todo, elas são mais adequadas quando tomadas 
no nível mais alto. Essas políticas e metas não são muito específicas, 
porque precisam ser aplicadas em todos os níveis e departamentos; 
 em relação às decisões táticas (ou administrativas), elas são tomadas 
em um nível abaixo das decisões estratégicas. Normalmente são 
tomadas pela gerência intermediária, como gerentes de divisão ou 
de departamentos. Essas decisões envolvem o desenvolvimento de 
táticas para realizar as metas estratégicas definidas pela alta 
gerência. Decisões táticas são mais específicas e concretas do que 
decisões estratégicas e mais voltadas para a ação. Por exemplo, 
decisões sobre compras, execução de uma política de redução de 
custos, definição do fluxo produtivo ou treinamento do pessoal, 
entre outras. 
 e por último, as decisões operacionais, que são tomadas no nível 
mais baixo da estrutura organizacional, no campo da supervisão ou 
operacional de uma empresa e se referem ao curso de operações 
diárias. Essas decisões determinam a maneira como as operações 
devem ser conduzidas — operações desenhadas a partir de decisões 
táticas tomadas pela gerência intermediária — e referem-se à 
maneira mais eficiente e eficaz de realizar as metas estabelecidas no 
nível médio. 
 
Cabe ressaltar que as decisões tomadas nas empresas frequentemente afetam 
todo o seu contexto, influenciam uma determinada política ou até mesmo uma 
parcela da sociedade onde elas estão inseridas. Por isso, ao longo do tempo, o 
estudo sobre a decisão vem se apoiando em diversos fatores para que o “tomador 
de decisão” tenha mais segurança diante dos possíveis problemas surgidos (Cf. 
GOMES, 2002). 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
142 
 
Com efeito, as decisões administrativas se referem a problemas mais 
complexos, exigem maior quantidade de informações, envolvem maior número de 
pessoas e geram mais impacto na comunidade. Nesse tipo de decisão, a própria 
caracterização do problema foge às possibilidades normais do senso comum. Não 
se esqueça: uma decisão é uma opção clara pela prática de algo diferente, pela 
tomada de um novo curso de ação. Toda decisão impõe uma escolha, gera uma 
possibilidade de mudança. 
Escolhas — profissionais ou não — provocam dilemas. Dilemas 
que muitas das vezes implicam o abandono de opções também 
valiosas que envolvem a consciência de riscos e incertezas e o 
sentimento de responsabilidade. Em se tratando de decisões 
administrativas, esperam-se justificativas ou razões que fundamentem 
as escolhas. A razão é parte da causa da decisão: se há razões para se 
escolher e agir, a decisão se impõe aos decisores. 
Normalmente, presume-se que as organizações desenvolvem 
intenções de mudar suas relações com o mundo exterior, ou seja, suas 
intenções estratégicas, de acordo com as variações percebidas no 
contexto em que se inserem. Na tentativa de responder a essas 
provocações externas, dirigentes e gestores procuram ser racionais e eticamente 
coerentes — procuram saber por que decidem da maneira como o fazem. Para 
tanto, necessitam, além de conhecer suas razões, saber como serão 
responsabilizados, ou seja, conhecer as razões de outros. 
Para Gomes (2002), a todo instante o administrador sofre o desafio das 
mudanças constantes, das transformações rápidas e da convivência com situações 
nem sempre muito claras. Estes pressupostos levam-no a decidir de forma rápida e 
coerente com os anseios da empresa. 
Vejamos um pequeno exemplo de decisão racional ética envolvendo uma 
empresa particular: o caso Granite Rock. 
Granite Rock é uma empresa de 99 anos, sediada em Watsonville, Califórnia 
nos Estados Unidos, especializada no ramo de venda de cascalho triturado, 
concreto, asfalto e areia. Há alguns anos, os irmãos herdeiros, Bruce e Steve 
Woolpert, tomaram a decisão de lançar o que chamaram de MEGAA – “Metas 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
143 
 
Grandiosas, Arriscadas e Audaciosas”. A proposta dos irmãos Woolpert era 
garantir a total satisfação do cliente e tornar a empresa tão ou mais bem 
posicionada que a Nordstrom, empresa conhecida em todo o mundo por encantar 
seus clientes. 
Tratava-se de um objetivo nada simples para uma empresa que atua em um 
setor árido e enfadonho, com empregados com qualificação relativamente baixa e, 
em geral, bastante rudes. Por um lado, os irmãos Woolpert queriam tornar sua 
empresa parecida com a Nordstrom em eficiência e simpatia no atendimento aos 
clientes, contudo não pretendiam seguir o mesmo caminho que a maioria das 
empresas faz quando lança um programa desse porte — nada de liderança 
empolgante, patrocínio de eventos extravagantes ou grandes programas de 
serviços aos clientes. 
Eles pensavam em algo mais discreto, de acordo com o perfil relativamente 
conservador da família. Optaram por implementar uma política radical chamada 
pagamento a menor. Essa política estava enunciada na parte inferior da nota fiscal 
da Granite Rock: “Se você não estiver satisfeito por qualquer razão, não nos pague 
pela mercadoria em questão. Basta riscar a linha a ele correspondente, escrever 
uma breve nota sobre o problema e devolver-nos uma cópia da fatura com seu 
cheque no valor do saldo remanescente”. 
A política do pagamento a menor não é, simplesmente, restituição de 
pagamento. É bem mais do que isso. Os clientes não precisam devolver a 
mercadoria. Eles decidem se e quanto devem pagar, de acordo com o nível de 
satisfação total. Os impactos causados pela política do pagamento a menor foram 
extraordinários, tanto em âmbito externo quanto interno. Externamente, significou 
uma clara demonstração de que qualidade no atendimento não era somente um 
slogan. Por outro lado, internamente, passou a exigir dos funcionários um real 
empenho no bom atendimento à clientela. 
O raciocínio ético se fez fartamente presente na decisão do caso Granite Rock. 
Por que isto aconteceu? Ora, os irmãos queriam implantar, em sua empresa, um 
sistema de atendimento ao cliente similar ao da Nordstrom. No entanto, para fugir 
dos padrões convencionais de implementação de novas políticas dentro da 
empresa, os irmãos Woolpert adotaram eticamente caminhos diferentes. Dessa 
forma, tiveram a oportunidade do insight criativo do “pagamento a menor”. 
Realmente, esta forma de pagamento foi impactante nos negócios da empresa. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade144 
 
Compreendeu através do exemplo como as decisões são tomadas na prática 
em uma empresa? Continue lendo e se aprofundando no assunto, pois a literatura 
sobre este tema é vastíssima. 
 
SUGESTÃO DE FILME 
Pegue seu caderno de anotações, sente-se e assista ao filme A Firma 
(1993) dirigido por Sydney Pollack. Ele contextualizará melhor ainda o conteúdo 
que você acabou de estudar. 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
Visando enriquecer seu processo de aprendizagem procure efetuar a 
leitura complementar dos seguintes textos: 
MATTAR, J. A. Filosofia e Ética na Administração. São Paulo: Saraiva, 2004. 
408p. 
ASHLEY, P. A. (coord.). Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. São 
Paulo: Saraiva, 2002. 340p. 
BOFF, L. A ética e a formação de valores na sociedade. Reflexão, São Paulo: 
Instituto Ethos, ano 4, nº. 11, p. 3-20, out. 2003. Disponível em: 
<http://www.ethos.org.br>. Acesso em: 29 out. 2004. 
FISCHER, R. M. O desafio da colaboração: práticas de Responsabilidade social 
entre empresas e terceiro Setor. São Paulo: Editora Gente, 2002. 234p. 
CAMARGO, M. Fundamentos de ética geral e profissional. 3ª. ed. Petrópolis: 
Vozes, 2002. 89p. 
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 7ª. Ed. Rio de 
Janeiro: Campus, 2004. 280p. 
DISKIN, L.; MARTINELLI, M.; MIGLIORI, R.F.; SANTO, R.C.E. Ética, Valores 
humanos e Transformação. 1ª. ed. São Paulo: Fundação Petrópolis, 1998, p. 66 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
145 
 
GOMES, L. F. A. M.; GOMES, C. F. S.; ALMEIDA, A. T. Tomada de decisão 
gerencial: enfoque multicritério. São Paulo: Atlas, 2002. 296p. 
SROUR, H.S. Ética Empresarial. 8ª. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. 389p. 
VAZQUEZ, A. S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. 304p. 
SÁ, A. L. de. Ética profissional. 4ª edição: São Paulo: Ed. Atlas, 2001. 296p. 
TOFFLER, B. L. Ética no trabalho. São Paulo: Makron Books, 1993. 125p. 
Aproveite e visite os sites abaixo. Todos eles foram amplamente consultados 
em nossa pesquisa. Bom proveito! 
Responsabilidade social: Disponível em: <http://www.responsabilidadesocial.com/>. 
Acesso em 16 maio 2008. 
GIFE: Disponível em: <http://www.gife.org.br/>. Acesso em 16 maio 2008. 
IBASE: Disponível em: <http://www.ibase.org.br/>. Acesso em 16 maio 2008. 
 
É HORA DE SE AVALIAR! 
Lembre-se de realizar as atividades propostas no caderno de 
exercícios! Elas são fundamentais para ajudá-lo a fixar o conteúdo teórico 
trabalhado, a sistematizar as ideias e os conceitos apresentados, além de 
proporcionar a sua autonomia no processo ensino-aprendizagem. Caso prefira, 
redija suas respostas no caderno de exercícios e depois as envie através do nosso 
ambiente virtual de aprendizagem (AVA). 
Procure interagir permanentemente conosco e utilize todos os recursos 
didáticos e pedagógicos disponibilizados com o objetivo de aprimorar a sua 
formação acadêmica. 
Nesta unidade, você estudou os pressupostos da ética profissional. Para tanto, 
discutimos os valores sociais predominantes nas profissões em geral, em seguida, 
abordamos a questão da ambiência e relações pessoais, ou seja, o desempenho 
ético-profissional. Por fim, discutimos os princípios fundamentais das decisões 
morais racionais. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
146 
 
Como esta é nossa última unidade de estudo, gostaria de registrar que foi um 
imenso prazer tê-lo como aluno. Esperamos, sinceramente, que a perspectiva 
aberta pela ética possa contribuir para o sucesso da sua prática profissional e para 
um relacionamento pessoal e existencial mais tolerante e aberto, com a difícil e, ao 
mesmo tempo, fascinante oportunidade que a vida nos oferece de conviver e de 
aprender com a diferença e os múltiplos valores sociais com os quais nos 
relacionamos constantemente. 
 
Sucesso nos estudos! Estamos torcendo por você! 
 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
147 
 
Exercício – unidade 4 
 
1ª QUESTÃO: Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche 
CORRETAMENTE as lacunas do texto a seguir: 
“A ética profissional deve estar em sintonia com os pressupostos que incidem 
na _______ e a sua dignidade. Respeitar a “pessoa humana” implica também 
combater toda a prática que a diminua. A “pessoa humana”, em sua ________, é 
muito mais que um simples corpo ou uma simples “máquina”, que pretende ter 
suas peças trocadas ou desmontadas”. 
a) conduta desumana - heterogeneidade 
b) conduta humana - totalidade 
c) mentalidade humana - homogeneidade 
d) “pessoa humana” - totalidade 
e) conduta humana - totalidade 
 
2ª QUESTÃO: O emprego, pela primeira vez, do termo pessoa fora dos sentidos 
restritos que lhe eram fornecidos pelo teatro se deve a: 
a) Kant. 
b) Foucault. 
c) Sartre. 
d) Boécio. 
e) Maquiavel. 
 
3ª QUESTÃO: Diversas são as condições ambientais sob as quais se pode observar a 
atuação do profissional em seus respectivos espaços e relações de trabalho. Entres 
estas, podemos citar: 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
148 
 
a) demissões e permissões. 
b) comissão de qualidade e grupo inconstante. 
c) empresa falida e empresa secreta. 
d) sociedade secreta e ambiente exposto. 
e) sócio de uma empresa consorciada ou associada. 
 
4ª QUESTÃO: Em que consiste as decisões táticas (ou administrativas)? 
a) As decisões táticas (ou administrativas) são aquelas tomadas fora do ambiente 
empresarial. 
b) As decisões táticas (ou administrativas) são aquelas tomadas por um grupo 
minoritário e fora de controle. 
c) As decisões táticas (ou administrativas) são aquelas tomadas em um nível 
abaixo das decisões estratégicas. Normalmente são tomadas pela gerência 
intermediária, como gerentes de divisão ou de departamentos. 
d) As decisões táticas (ou administrativas) são aquelas tomadas em um nível mais 
alto das decisões funcionais. 
e) As decisões táticas (ou administrativas) são aquelas tomadas longe das 
decisões específicas que permitem o empresário decidir como e onde sonegar 
impostos. 
 
5ª QUESTÃO: Cada forma de vida possui uma pretensão de sociabilidade, ou seja, 
uma pretensão de como se relacionar com outras formas e uma pretensão de 
satisfação. Com efeito, a satisfação pessoal só se dá a partir de um sistema de 
regras e de valores proveniente de uma determinada comunidade. Cada forma de 
vida se pauta nas pretensões de satisfação de uma instituição, além de exprimir 
uma forma de sociabilidade própria. De acordo como isso, assinale a única questão 
que apresenta corretamente o conceito de “coexistir”. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
149 
 
a) Coexistir é viver além da existência. 
b) Coexistir é existir solitariamente. 
c) Coexistir é estar junto. 
d) Coexistir é não existir. 
e) Coexistir é conviver sem o próximo. 
 
6ª QUESTÃO: No sentido etimológico, a palavra responsabilidade deriva do latim 
respondere, responder. Com este sentido etimológico, assinale a alternativa que 
indica o que entende-se por ‘responsabilidade’. 
a) Responsabilidade é “a qualidade de responsável”, que “responde por atos 
próprios ou de outrem”, que “deve satisfazer os seus compromissos ou de 
outrem”. 
b) Responsabilidade é o fato de responder socialmente as exigências 
transfiguradas. 
c) Responsabilidade significa ser irresponsável consigo mesmo. 
d) Responsabilidade é qualidade de estar aquém ao outro. 
e) Responsabilidade é o mesmo que coexistir. 
 
7ª QUESTÃO: Toda “tomada de decisão” envolve escolhas. Por sua vez, as escolhas 
envolvem critérios gerais ou particulares os quais são determinados pela nossa 
vontade. Neste sentido, é fácil perceber que o processo de decisão moral está 
intimamente associado ao tema da vontade. Por vontade, entende-se: 
a) a capacidade que o ser humano possui de formular decisões. 
b) a capacidade que o ser humano possui de impor regras a si mesmo. 
c) a capacidade que o ser humano possui de formularindecisões. 
d) a capacidade que o ser humano possui de incidir momentos especiais na sua 
mente. 
e) a capacidade que o ser humano possui de deliberar e escolher as ações que irá 
realizar, pois tão-somente o ser humano possui a capacidade de deliberar e 
escolher as ações que irá realizar. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
150 
 
8ª QUESTÃO: Assinale a letra correspondente à alternativa que preenche 
CORRETAMENTE as lacunas do texto a seguir: 
“A decisão é um ______ de análise e escolha entre _________ disponíveis em 
relação a uma ação que deverá ser seguida ou não de acordo com a nossa 
_______”. 
a) acaso - várias alternativas - vontade 
b) processo - poucas alternativas - deliberação 
c) acaso - nenhuma alternativa - deliberação 
d) processo - várias alternativas - vontade 
e) processo - várias alternativas - indexação 
 
9ª QUESTÃO: O ato de tomar decisões faz parte do cotidiano da vida e está 
presente em todos os seus aspectos, indo desde tópicos pessoais até decisões mais 
abrangentes, como no planejamento de grandes projetos que envolvem as 
organizações privadas e públicas. Com base nisso, explique o que caracteriza a 
decisão em condições de incerteza ou em condições de ignorância. 
 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
151 
 
10ª QUESTÃO: Costuma-se caracterizar a vontade sob os seguintes princípios. 
Caracterize o princípio de “atividade inteligente”. 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
__________________________________________________________________ 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
152 
 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
153 
 
Considerações finais 
 
Caro aluno, chegamos ao término da disciplina Ética, Valores Humanos e 
Transdisciplinaridade. As discussões que nortearam esta disciplina objetivaram 
esclarecer que a preocupação com a ética é fundamental para a manutenção da 
nossa vida social e dos direitos dos cidadãos, pois a democracia é alinhada à 
cidadania e à consciência ética. Nunca a história da humanidade se deparou com 
tamanho interesse acerca da ética, dos valores morais e das normas sociais como 
nos tempos atuais. 
O que se verifica nisso é que o cidadão de hoje despertou para o 
conhecimento de seus direitos e deveres primordiais. Aprendeu evolutivamente a 
distinguir o que é certo do que é errado, aprendeu a exigir e a fundamentar as suas 
decisões em preceitos puramente racionais. Em contrapartida, também passou a 
ser cobrado em suas respectivas obrigações, deveres sociais ou profissionais. 
Com efeito, o cultivo dos valores da cidadania e da responsabilidade social, 
profissional, ética e moral tornou-se fundamental para o bom convívio dos 
indivíduos no ambiente profissional e na esfera social. Sem o devido respeito às 
garantias individuais e às diferenças culturais, nunca poderemos obter conquistas e 
avanços sólidos em nossa sociedade contemporânea. Ao aprender a respeitar o 
outro, aprendemos a respeitar a nós mesmos, pois o direito do outro começa onde 
termina o nosso. Para tanto, precisamos perpetuar estes elementos estabelecendo 
regras claras e objetivas capazes de delinear uma conduta segura, válida e 
socialmente aceita entre os indivíduos. 
Enfim, uma vida melhor depende de uma vida com ética e responsabilidade 
social. 
A Universo Virtual parabeniza-o por ter concluído seus estudos, aumentando a 
sua bagagem com conhecimentos e habilidades que irão beneficiá-lo por toda a 
vida. Mas a sua aprendizagem não pára por aqui. Mantenha sempre o hábito da 
leitura e da pesquisa: atualize-se e não se esqueça de praticar o que foi aprendido. 
Sucesso! 
Equipe Universo Virtual. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
154 
 
Conhecendo o autor 
 
O professor Delmo Mattos é Bacharel, Mestre e Doutor em Filosofia pela 
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atua como professor universitário e 
tutor em EaD na Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), além disso, 
desenvolve pesquisas acadêmicas na área de Ética e Filosofia Política Moderna e 
Contemporânea. 
 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
155 
 
Referências 
 
ASHLEY, P. A. (Coord.). Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. São 
Paulo: Saraiva, 2002. 340p. 
Escrita por 12 importantes pesquisadores sobre o assunto no Brasil esta obra é 
totalmente voltada à realidade brasileira. Fugindo da visão tradicionalista, 
mercantil ou puramente filantrópica, o livro utiliza-se de abordagem inovadora 
para mostrar o papel estratégico da responsabilidade social nos negócios. Além de 
apresentar os conceitos fundamentais, a obra dedica uma parte a exemplos e casos 
reais ocorridos nos mais diversos tipos de organizações no Brasil. 
 
ARRUDA, M.C.C. Código de Ética: Um instrumento que adiciona valor. 1ª. ed. 
São Paulo: Negócio, 2002. 390p. 
Nesta obra, o leitor terá acesso a um conjunto de informações para construir 
um novo código de ética, sintonizado com uma postura mais consciente. Nesta 
publicação, a autora traz exemplos concretos de código de ética de indústrias, 
associações, empresas multinacionais, bancos e serviços. 
 
CAMARGO, M. Fundamentos de ética geral e profissional. 3ª. ed. Petrópolis: 
Vozes, 2002. 118p. 
Hoje se fala muito em ética: ética na política, nas relações compre entre 
pessoas, grupos e povos. Mas, o que seria propriamente a ética? O que a distingue 
de outras ciências humanas? Ética nas empresas: o que é? Como, entretanto, a ética 
vê o premiado ser humano? Este pequeno e denso livro propõe-se a responder 
estes questionamentos aos estudantes que dão os primeiros passos no 
Fundamentos da Ética Geral e Profissional. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
156 
 
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 7ª ed. Rio de 
Janeiro: Campus, 2004. 280p. 
A “Introdução à teoria geral da administração” oferece uma visão das 
organizações e do seu contexto, traz novidades da teoria administrativa, bem 
como indicações das tendências do moderno mundo organizacional. A idéia é 
manter o ITGA como a bíblia do administrador em um mundo em constante 
mudança e inovação. Como a TGA é ampla e mutável, as teorias tradicionais estão 
cedendo gradativamente mais espaço no livro para as teorias mais recentes e 
modernas. A idéia é preparar o leitor para o mundo novo que virá, sem deixar de 
lado o conhecimento sobre o mundo organizacional que está sendo superado 
gradativamente pelas inovações. 
 
DISKIN, L.; MARTINELLI, M.; MIGLIORI, R.F.; SANTO, R.C.E. Ética, Valores 
humanos e Transformação. 1ª. ed. São Paulo: Fundação Petrópolis, 1998, 200p. 
Com esse volume, dedicado ao potencial humano, ao autoconhecimento, à 
ética e aos valores humanos, os profissionais empenhados numa atuação mais 
integrada e flexível terão excelentes oportunidades para refletir sobre temas que 
vêm sendo ilustrados no Programa de Educação para a Paz, realizado pela 
Fundação Petrópolis e pelo Instituto de Estudos do Futuro. 
 
FISCHER, R. M. O desafio da colaboração: práticas de Responsabilidade social 
entre empresas e terceiro Setor. São Paulo: Editora Gente, 2002. 234p. 
Este livro aborda a questão da responsabilidade social comoum processo, não 
como mais um modismo corporativo. Apresenta os condicionantes que explicam o 
crescente engajamento de empresas em ações que buscam minimizar a exclusão 
social. Também demonstra a implementação de uma conduta socialmente 
responsável no dia-a-dia das atividades das empresas no mercado em relação aos 
impactos das ações empresariais na comunidade, com seus funcionários, clientes, 
fornecedores, etc. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
157 
 
GOMES, L. F. A. M.; GOMES, C. F. S.; ALMEIDA, A. T. Tomada de decisão 
gerencial: enfoque multicritério. São Paulo: Atlas, 2002. 296p. 
Este livro é pioneiro no tratamento dos princípios e métodos analíticos do 
Apoio Multicritério à Decisão, técnica que permite a estruturação dos problemas 
decisórios e viabiliza sua análise, conduzindo à recomendação de soluções. O 
objetivo dos autores é tornar acessível à língua portuguesa um conjunto de 
conceitos que caracterizam o vasto campo da Administração e da Pesquisa 
Operacional, usualmente denominado em nosso idioma de “Apoio Multicritério à 
Decisão” ou, do ponto de vista essencial de suas aplicações, “Tomada de Decisão 
Gerencial”. Eles demonstram como os processos complexos de tomada de decisão 
podem ser facilitados quando se utiliza o enfoque multicritério. 
 
MACHADO, R. Nietzsche e a verdade. São Paulo: Brochura, 1999. 116p. 
Ao apresentar os aspectos crítico e afirmativo do pensamento nietszcheano, 
que vai ao passado para diagnosticar o presente, o autor focaliza sua análise da 
racionalidade científico-filosófica de Nietszche e explicita suas relações com a arte 
e a moral, além de fornecer instrumentos conceituais indispensáveis para uma 
crítica radical aos valores da sociedade contemporânea. 
 
MATTAR, J. A. Filosofia e Ética na Administração. São Paulo: Saraiva, 2004. 
408p. 
Na obra, Filosofia e ética na administração o autor busca explorar os pontos de 
comunicação entre os universos da filosofia, da ética e da administração. Um de 
seus grandes destaques é a aplicação da filosofia e da ética na vida das 
organizações de forma clara, didática e completa. O livro aprofunda-se em algumas 
questões mais complexas, levando o leitor a refletir e a compreender melhor não 
só o mundo dos negócios, mas também a sociedade que o cerca e a si próprio. O 
livro traz para o debate e introduz as idéias de Chester Barnard e Mary Parker 
Follett, 'filósofos da administração' importantíssimos, mas que foram esquecidos e 
ignorados na história das idéias e da administração. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
158 
 
MOREIRA, J. M. A Ética empresarial no Brasil. São Paulo: Pioneira, 2002. 389p. 
Neste livro, o autor desvenda muitos aspectos da ética das empresas e 
apresenta conceitos e temas de reflexão aplicáveis aos relacionamentos dessas 
organizações com seus clientes, fornecedores, concorrentes, empregados, 
autoridades e a sociedade em geral. 
 
STANLEY J. GRENZ & JAY T. SMITH . Dicionário de Ética. 1ª Edição. São Paulo: 
Brochura, 2005. 184p. 
Este dicionário de ética tem por objetivo ajudar o leitor a se tornar um bom 
eticista. Os autores desejam contribuir com esse objetivo grandioso fornecendo ao 
leitor um instrumento para que venha a ser um eticista mais bem informado. Para 
isso, apresentam definições ou descrições breves de alguns dos termos e nomes 
mais importantes encontrados em livros e em debates no vasto domínio da ética. 
Apesar de não serem exaustivas, essas definições visam a fornecer um 
conhecimento funcional básico dos conceitos fundamentais que se ligam a 
conversas em torno de ética. Entre os mais de 300 definições, você encontrará - 
termos, como altruísmo e virtude; Assuntos controversos, como eutanásia e guerra; 
Cosmovisão, como aristotelismo e utilitalismo; áreas de competição de valores e 
idéias, como ética publicitária e tecnológica. 
 
VAZQUEZ, A. S. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. 
304p. 
Ao elaborar este volume, o grande objetivo de Adolfo Sánchez Vásquez foi 
introduzir o leitor nos problemas fundamentais da Ética nos dias de hoje. Além de 
abordar temas clássicos como 'o objetivo da ética', ' a essência da moral', 'o 
determinismo e liberdade' e ' a avaliação moral', o autor discute questões cruciais e 
pouco exploradas como moral e história, e forma lógica e justificação dos juízos 
morais. Usando uma linguagem clara e acessível, mas mantendo o rigor teórico e 
observando as exigências de fundamentação e investigação sistemática, Sánchez 
Vázquez examina os diversos fatores sociais que contribuem para a prática da 
moral. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
159 
 
ARANHA, M. L. de A., MARTINS, M. H. P. FILOSOFANDO - Introdução à Filosofia. 
3ª edição. São Paulo: Editora Moderna, 2001. 439p. 
Neste livro, as autoras propõem uma introdução à Filosofia tanto para alunos 
do Ensino Médio e dos ciclos básicos universitários, quanto para aqueles que 
desejam um conhecimento mais sistemático dos variados pensamentos filosóficos. 
O livro possui trinta e três capítulos distribuídos em seis unidades. Cada capítulo 
inicia-se com um texto básico contando ainda, a maioria deles, com leituras 
complementares que visam ampliar o conhecimento de textos de outros autores. 
No final de cada capítulo, há questões de interpretação para aprofundamento. O 
livro traz também projetos de trabalhos, filmografia, quadro cronológico, 
vocabulário dos principais conceitos filosóficos utilizados, orientação bibliográfica 
e índice de nomes. 
 
VALLS, Á. L.M. O que é ética. 9a edição. São Paulo: Ed.Brasiliense, 1996. 84p. 
Não existe povo ou lugar que não tenha noções de bem e mal, de certo e 
errado. Da Grécia Antiga aos nossos dias, a ética é um conceito que sempre esteve 
presente em todas as sociedades. Mas apesar disso, as dúvidas são muitas. Seria a 
ética apenas um conjunto de convenções sociais? Teria ela um princípio supremo 
que atravessa toda a história da humanidade? E numa sociedade capitalista, qual a 
relação entre ética e lucro? 
 
SROUR, H.S. Ética Empresarial. 8ª. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. 389p. 
Nas empresas inseridas em mercados competitivos, as relações de trabalho 
passaram por radicais mudanças - os trabalhadores deixaram de ser descartáveis e 
desqualificados, para tornar-se trabalhadores qualificados e polivalentes. Ao 
operário clássico contrapôs-se uma nova espécie de operador, profissional sem 
uniforme, escolarizado e capacitado, portador de qualificações técnicas sujeitas à 
permanente reciclagem. Ao uso físico que se fazia da força de trabalho do primeiro, 
opôs-se a utilização das faculdades mentais do segundo. Todas essas 
transformações, no entanto, não resultaram de algum voluntarismo altruísta. 
Decorreram das inúmeras pressões que a cidadania organizada exerceu no 
cotidiano das empresas e das ruas. E o processo de intervenção política da 
sociedade civil veio testando as suas forças e veio redefinindo as relações 
capitalistas desde o período entre as duas guerras mundiais. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
160 
 
HAMLYN, D.W. Uma história da filosofia ocidental. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar ed., 1990. 416p. 
Uma história dos grandes pensadores filosóficos, desde os pré-socráticos até 
as principais correntes da filosofia contemporânea, e suas respostas aos profundos 
problemas envolvidos na tentativa de entender o mundo e nosso lugar nele. 
 
ARISTÓTELES (Tradução de Mário da Gama Kury). Ética a Nicômacos. 4ª ed. 
Brasília: Editora Universidade de Brasília - UNB, 2001. 240p. 
Ética Nicômaco é a principal obra ética de Aristóteles. Nela se expõe sua 
concepção teleológica e eudaimonista de racionalidade prática, sua concepção da 
virtude como mediania e suas considerações acerca do papel do hábito e da 
prudência na ética. É considerada a mais amadurecida e representativa do 
pensamento aristotélico. 
 
ARENDT, H. Entre o passado e o futuro. 5ªed. São Paulo: Perspectiva, 2003. 
350p. 
Entre o passado e o futuro é, entre os livros de Hannah Arendt, aquele que 
pulsa simultaneamente o conjunto de inquietações a partir do qual esta admirável 
representante da cultura de Weimar ilumina o discurso político do século XX. Ele 
contém praticamente todo o temário de sua obra, constituindo-se, portanto, num 
ponto de partida por excelência de toda a tentativa de interpretação e organização 
do seu pensamento. 
 
BORHEIM, G. A. Sartre. São Paulo: Editora Perspectiva, 2000. 320p. 
Autor busca as implicações metafísicas do pensamento sartriano a fim de 
elucidar as raízes e o alcance de seus dois conceitos básicos; o Ser e o Nada. 
Integram o volume dois textos suplementares que abordam a concepção sartriana 
da linguagem e o problema de Deus. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
161 
 
PEREIRA, O. O que é moral? Sao paulo: Brasiliense, 1996. 90p. 
'Eu crio a minha própria moral e o mundo que se dane!' Quem define assim a 
própria 'liberdade' de agir e pensar desconhece que a moral carrega uma 
contradição - ela nasce da interação dialética entre seu caráter social (herança 
preservada pela comunidade) e a convicção pessoal, alimentada por todos nós, de 
que o 'bom' para uns pode não ser bom para outros, e vice-versa. A moral tem, 
portanto, duas faces - pode servir à reação conservadora ou a postura 
revolucionária. 
 
LA BOÉTIE, E. Discurso da Servidão Voluntária. 4ª ed. São Paulo: Brasiliense, 
2001. 240p. 
Nesse livro, La Boétie analisou, com grande profundidade, o problema da 
tirania e da liberdade, concluindo que o maior bem do cidadão é a liberdade. O 
livro teve grande repercussão na Europa e foi amplamente analisado por 
Montaigne. O autor joga, intencionalmente, com o termo tirano, no decorrer da 
obra, confundindo-o, como na Antigüidade, com a acepção de rei. 
 
NASH, L. Ética nas empresas: boas intenções à parte. São Paulo: Makron 
Books, 2001. 359p. 
Este livro fornece informações para a implantação de um conceito de Ética nas 
empresas, além de descrever situações em que a falta de ética resulta em 
problemas graves internos nas organizações, em interrupções da rotina normal de 
trabalho e outras ocorrências danosas às empresas. Este livro consegue, ao lado de 
uma rica conceituação teórica, transmitir reflexões e conselhos eminentemente 
práticos aos que diariamente se confrontam com os dilemas éticos do mundo dos 
negócios. A autora fornece informações para a solução de problemas como - 
implantar conceitos éticos nas empresas; restabelecer os conceitos de integridade 
e bom senso; enxergar situações de ângulos diversos; formar condutas 
responsáveis nos negócios e também no âmbito individual. Este é um livro de Ética 
que, acima de tudo, enfatiza o fator liderança. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
162 
 
MARRUS, M. R. A assustadora história do Holocausto. Rio de Janeiro: 
Ediouro, 2003. 436p. 
Esta obra estuda a gênese da ideologia anti-judaica dos nazistas, e em que 
medida esse pensamento existia no povo alemão ou fora inculcado por seus 
líderes. Analisa também, o surgimento da Endlösung, da Solução Final, e seu 
significado. Haveria uma intencionalidade central, vinda dos líderes do Reich, ou 
uma ação interminante, influenciada pelas mudanças de cenário de guerra, por 
explosões de ódio, ou, até mesmo, pela fria máquina dos burocratas? 
 
ROOS, Sir D. Aristóteles. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1987. 395p. 
Aristóteles é, com certeza, o pensador mais estudado e interpretado da 
história da Filosofia. Sua obra tem despertado interesse crescente, principalmente 
nas últimas décadas, o que fez com que o número de estudos sobre os aspectos da 
sua filosofia se multiplicasse. No entanto, nem sempre essas novidades e trabalhos 
recentes conseguem atingir a complexidade e excelência de conteúdo que estudos 
antigos preservam. Este livro, escrito há mais de cem anos, conserva a atualidade e 
a qualidade dos argumentos, tamanha é a afinidade entre os espíritos do intérprete 
e o do autor interpretado. É uma introdução valiosa a toda essa tradição em cujo 
renascimento recaem hoje as melhores esperanças de uma ciência que não seja 
inimiga da sabedoria. 
 
SÁ, A. L. de. Ética profissional. 4 ª edição. São Paulo: Ed. Atlas, 2001. 296p. 
Seguindo a tendência das ciências de se embasarem não só na lógica, mas 
também na metafísica, o livro estuda a consciência ética e o dever ético sempre 
com base em filósofos clássicos e modernos significativos no que diz respeito à 
ética profissional na sociedade contemporânea. Embora direcionado 
preferencialmente às Ciências Contábeis, curso em que a disciplina Ética é 
obrigatória, o livro propicia uma fonte de referência sobre o tema para professores, 
estudantes e profissionais das mais diversas áreas. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
163 
 
SAVATER, F. Ética para meu filho. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 189p. 
Como falar de ética a adolescentes sem cair na simples crônica das idéias 
morais ou na doutrinação casuística sobre questões práticas? Este livro não 
pretende resolver este problema nem ser um manual escolar de moralidade. 
Procura contribuir, filosófica e literalmente, para colocar da melhor maneira essa 
preocupação. Dirige-se especialmente aos leitores entre quatorze e dezesseis anos 
e nem tanto aos professores deles. 
 
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Nova 
Brochura, 2004. 257p. 
O texto O Existencialismo é um humanismo, foi escrito por Sartre para explicar 
o existencialismo e defender-se de críticas feitas por leigos. Nele, Sartre afirma que 
a existência precede a essência. Isto significa que não há uma receita para se fazer 
um ser humani, que Deus não é um artífice superior que antes de criar o homem já 
tinha seu rascunho em mente. Ou seja, temos que partir da subjetividade. Não há 
uma essência igual em todas as pessoas, explica Sartre, uma natureza humana, 
portanto não há uma lista de regras estabelecidas antes de o ser humano existir; 
então, ele as tem que criar por si mesmo. Não pode existir nada a priori, para Sartre, 
já que ele não acredita em Deus, em uma consciência perfeita que pudesse 
conceituar as coisas. 
 
TOFFLER, B. L. Ética no trabalho. São Paulo: Makron Books, 1993. 125p. 
Este livro contribui para a implantação de posturas comportamentais nas 
organizações, oferecendo uma detalhada visão dos principais códigos existentes 
na iniciativa privada e no serviço público, além de incluir um capítulo específico 
sobre 'como instituir uma ética de qualidade' e um questionário para 'auditoria 
ética'. A obra mostra ao leitor que as exigências do cidadão contemporâneo não 
recaem apenas em produtos ou serviços de qualidade, mas também de natureza 
ética. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
164 
 
TUNGENDHAT, E. Lições sobre ética. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 1997. 432p. 
Tugendhat iniciou seus trabalhos sobre filosofia prática após quinze anos de 
trabalho teórico. Dessa nova fase já resultaram suas dezoito "Lições sobre ética", 
que compõem, segundo o autor, sua obra mais expressiva. Nela ele aplica toda a 
sua capacidade em debates da ética contemporânea, com uma vitalidade 
empolgante. 
 
SILVA, F. L. Ética e Literatura em Sartre: ensaios introdutórios. São Paulo: 
UNESP, 2004. 264p. 
Este livro integra a Coleção Biblioteca de Filosofia, cujo objetivo é a publicação 
de trabalhos dos mais jovens e dos mais velhos, na busca de dar visibilidade ao que 
Antonio Candido (referindo-se à literatura brasileira) chama de 'um sistema de 
obras' capaz de suscitar debate, constituir referência bibliográfica nacional para os 
pesquisadores e despertar novas questões no intuito de alimentar uma tradição 
filosófica no Brasil, além de ampliar, com outros leitores, o interesse pela filosofia e 
suas enigmáticas questões. Mostra como a questão da éticaé relevante na obra de 
Sartre, considerada a abordagem concreta de delineamentos presentes nas 
reflexões do pensador francês sobre conceitos como a má-fé, o ser-para-si e o ser-
para-outro. 
 
VERNANT, Jean-Pierre. Mito e Pensamento entre os gregos. 28ª ed. São 
Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 2005. 400p. 
Mito e pensamento entre os gregos é uma pesquisa sobre a Grécia antiga. 
Jean-Pierre Vernant oferece um sugestivo estudo das transformações psicológicas 
que a experiência grega preparou e da viragem que ela operou na história interior 
do homem 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
165 
 
 
Anexos 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
166 
 
Gabaritos 
 
Unidade 1 
1. c 
2. d 
3. a 
4. e 
5. a 
6. e 
7 a 
8 c 
9 R: A moral refere-se ao conjunto de regras de conduta consideradas como 
válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou 
pessoa determinada. 
10 R: Para o autor, a ética relaciona-se com qualquer teoria científica. Sendo 
assim, seu papel é de explicar esclarecer ou investigar uma determinada realidade, 
elaborando os conceitos correspondentes. 
 
Unidade 2 
1. b 
2. a 
3. b 
4. b 
5. c 
6. a 
7 e 
8 a 
9 R: O ato normativo é constituído pelas normas ou regras de ação e pelos 
imperativos que enunciam algo que deve ser. 
10 R: Estes juízos que enunciam obrigações e avaliam intenções e ações segundo 
o critério do correto e do incorreto. Os juízos éticos de valor nos dizem o que são o 
bem, o mal e a felicidade. 
Ética, Valores Humanos e Transdisciplinaridade 
 
167 
 
Unidade 3 
1. a 
2. a 
3. c 
4. c 
5. c 
6. c 
7 e 
8 e 
9 R: Um código de ética profissional é um acordo explícito entre membros de 
um grupo social, isto é, de uma categoria profissional, de um partido político ou de 
uma associação civil. 
10 R: O objetivo primordial do código de ética profissional é expressar e 
encorajar no sentido da justiça e decência em cada membro do grupo organizado, 
deve indicar um novo padrão de conduta interpessoal na vida de cada profissional 
que esteja exercendo qualquer cargo na organização. 
 
Unidade 4 
1. d 
2. d 
3. e 
4. c 
5. c 
6. a 
7 e 
8 d 
9 R: Decisão em condições de incerteza ou em condições de ignorância ocorre 
quando não se obteve informações e dados sobre os estados da natureza do 
processo decisório, ou mesmo em relação à parcela desses estados. A empresa 
possui dados e informações parciais, obtidos com probabilidade incerta ou é 
desconhecida a probabilidade associada aos eventos que estão provocando a 
decisão. 
10 R: Este princípio pressupõe que não se deve atuar cegamente, pois conhece o 
fim a que tende; sabe dos meios de que necessita para atingir o fim; tem noção das 
consequências que resultarão da decisão tomada; pode ser orientada.

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