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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL APLICABILIDADE DE NORMAS E PROGRAMAS OCUPACIONAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL – ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA NA CIDADE DE FLORIANÓPOLIS, SC TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Jordana Fumagali Corá Santa Maria, RS, Brasil 2015 APLICABILIDADE DE NORMAS E PROGRAMAS OCUPACIONAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL – ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA NA CIDADE DE FLORIANÓPOLIS, SC Jordana Fumagali Corá Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheira Civil. Orientador: Prof. Dr. Joaquim Cesar Pizzutti dos Santos Santa Maria, RS, Brasil 2015 Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia Curso de Engenharia Civil A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso APLICABILIDADE DE NORMAS E PROGRAMAS OCUPACIONAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL – ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA NA CIDADE DE FLORIANÓPOLIS, SC elaborado por Jordana Fumagali Corá como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheira Civil COMISSÃO EXAMINADORA: ___________________________________ Joaquim Cesar Pizzutti dos Santos, Dr. (Orientador) ___________________________________ Carlos José Antonio Kummel Felix, Dr. ___________________________________ Carlos José Marchesan Kummel Felix Santa Maria, 08 de Janeiro de 2015 RESUMO APLICABILIDADE DE NORMAS E PROGRAMAS OCUPACIONAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR NA CONSTRUÇÃO CIVIL AUTORA: JORDANA FUMAGALI CORÁ ORIENTADOR: JOAQUIM CESAR PIZZUTTI DOS SANTOS Santa Maria, 08 de Janeiro de 2015 A indústria da construção civil é um dos principais componentes da economia do país, porém é ainda considerada perigosa pois expõe os trabalhadores a variados riscos ocupacionais. Acidentes e doenças na construção civil representam uma perda significativa para o setor e para o trabalhador. Para a realização das melhorias nas condições do ambiente de trabalho e de uma adequada prática de segurança é fundamental o comprometimento de todos os envolvidos. A capacitação dos operários e as inspeções periódicas são importantes para a prevenção. É muito importante analisar riscos de acidentes, localizar situações que possam provocá-los e tomar as medidas necessárias antes que aconteçam. As normas regulamentadoras, com ênfase na NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, auxiliam na elaboração de programas, estabelecem condições que os canteiros provisórios devem possuir, fazem recomendações e definem procedimentos para garantir a segurança. O trabalho é seguro se não houver acidentes, ou seja, se os fatores de risco forem minimizados ou excluídos, se as normas de proteção forem respeitadas, se for considerado a análise, planejamento e ação da prevenção e se o local tiver limpeza e organização. Com o objetivo de destacar a importância da segurança na construção civil e obter subsídios para tal, este estudo apresenta uma síntese genérica dos tipos, causas e consequências dos acidentes e doenças, e a prevenção, que vai desde a implantação de programas de Segurança e Saúde do Trabalho, até sua aplicação prática no canteiro de obras, seguindo as normas recomendadas. E por fim, um exemplo real da aplicação de todas as recomendações necessárias para a melhoria nas condições do ambiente de trabalho, comprovando que é possível e acessível todas as formas de prevenção. Palavras-chave: saúde e segurança do trabalho, construção civil, acidentes e doenças ocupacionais. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Localização dos Condomínios no Terreno .................................................65 Figura 2: Treinamento Admissional dos Funcionários...............................................67 Figura 3: Organização e Limpeza da Obra................................................................70 Figura 4: Acesso às Instalações Sanitárias................................................................70 Figura 5: Instalações Sanitárias.................................................................................71 Figura 6: Chuveiros....................................................................................................71 Figura 7: Vestiário......................................................................................................72 Figura 8: Refeitório.....................................................................................................73 Figura 9: Lavatórios e pias.........................................................................................74 Figura 10: Armários no Refeitório...............................................................................75 Figura 11: Bebedouros...............................................................................................75 Figura 12: Sinalização para áreas de vivência...........................................................75 Figura 13: Descarte de metais...................................................................................76 Figura 14: Descarte de Recicláveis............................................................................76 Figura 15: Almoxarifado.............................................................................................77 Figura 16: Acesso portaria e vigilância.......................................................................77 Figura 17: Sinalização de Segurança.........................................................................78 Figura 18: Trabalho em altura....................................................................................79 Figura 19: Proteção da corda de sustentação............................................................79 Figura 20: Sistemas Guarda-Corpo e Rodapé...........................................................80 Figura 21: Trabalho em altura (2) ..............................................................................80 Figura 22: Plataformas de proteção (bandejas).........................................................80 Figura 23: Ponto de Ancoragem.................................................................................81 Figura 24: Andaimes Suspensos manuais ................................................................81 Figura 25: Torre de elevador a cabo..........................................................................82 Figura 26: Sistema de cancela do elevador cremalheira ..........................................82 Figura 27: Operação com ferramentas elétricas........................................................83 Figura 28: Área de Carpintaria...................................................................................83 Figura 29: Bancada de operação da Serra Circular – Carpintaria.............................84 Figura 30: Operação com ferramentas manuais........................................................84 Figura 31: Área armação............................................................................................85 Figura 32: Proteção nas pontas dos vergalhões........................................................85 Figura 33: Concretagem.............................................................................................86 Figura 34: Limpeza e organização das formas..........................................................86 Figura 35: Operação de Betoneira.............................................................................87 LISTA DE ANEXOS ANEXO A – Certificado Treinamento AdmissionalSECONCI ANEXO B – Certificado de Treinamento Admissional WOA Empreend. Imob. ANEXO C – Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) ANEXO D – Ordem de Serviço ANEXO E – Relatório de Inspeção LISTA DE ABREVIATURAS CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes NR – Norma Regulamentadora PCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional PIB – Produto Interno Bruto PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais SESMT – Serviços Especializados em Engenharia e Medicina do Trabalho SST – Segurança e Saúde no Trabalho SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................12 1.1 Objetivos .............................................................................................................13 1.2 Estrutura do Trabalho ........................................................................................14 2. ACIDENTES E DOENÇAS DE TRABALHO ..........................................................15 2.1 Conceitos e Definições ......................................................................................15 2.2 Causas dos Acidentes .......................................................................................15 2.2.1 Atos Inseguros ..................................................................................................16 2.2.2 Condições Inseguras ........................................................................................16 2.2.3 Atividades Insalubres ........................................................................................16 2.3 Fatores Negativos dos Acidentes .....................................................................17 2.3.1 Aspectos Humanos ...........................................................................................17 2.3.2 Aspectos Sociais ...............................................................................................18 2.3.3 Aspectos Econômicos .......................................................................................18 3. NORMAS E PROGRAMAS OCUPACIONAIS .......................................................20 3.1 Programas e Ações de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) ......................21 3.1.1 Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção – PCMAT ................................................................................................22 3.1.2 Programa de Sensibilização e Treinamento ......................................................22 3.1.3 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA ...................................23 3.1.4 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO .....................23 3.1.5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA ......................................24 4. RECOMENDAÇÕES NORMATIVAS ....................................................................26 4.1 Condições Gerais dos Canteiros de Obra ........................................................26 4.1.1 Organização dos Canteiros de Obras ................................................................26 4.1.2 Planejamento do Canteiro de Obra ...................................................................27 4.1.3 Vantagens do Planejamento do Canteiro ..........................................................28 4.1.4 Áreas de Vivência ..............................................................................................29 4.1.4.1 Instalações Sanitárias ....................................................................................30 4.1.4.2 Vestiários .......................................................................................................30 4.1.4.3 Cozinha e Refeitório .......................................................................................31 4.1.4.4 Bebedouros ....................................................................................................31 4.1.4.5 Ambulatório ....................................................................................................32 4.1.5 Áreas de Apoio ..................................................................................................32 4.1.5.1 Tapume ..........................................................................................................32 4.1.5.2 Almoxarifado ..................................................................................................33 4.1.5.3 Guarita de vigia e portaria ...............................................................................33 4.1.6 Acessos ao Canteiro e Vias de Circulação Interna ............................................33 4.1.7 Áreas para Armazenamento de Materiais .........................................................34 4.2 Sinalização de Segurança .................................................................................34 4.3 Equipamentos de Proteção Individual – EPIs ..................................................35 4.4 Sistemas de Proteção Coletiva .........................................................................38 4.4.1 Sistema Guarda-Corpo-Rodapé (GcR) .............................................................38 4.4.2 Barreiras com redes ..........................................................................................39 4.4.3 Vãos de acesso .................................................................................................40 4.4.4 Aberturas em piso .............................................................................................40 4.4.5 Plataformas de proteção: Bandejas ...................................................................41 4.5 Andaimes e Plataformas de Trabalho ...............................................................42 4.5.1 Andaimes Suspensos: Balancim .......................................................................42 4.5.2 Andaime em Balanço ........................................................................................43 4.5.3 Andaimes Apoiados ..........................................................................................43 4.5.4 Cadeira suspensa (balancim individual) ............................................................44 4.6 Escadas, Rampas e Passarelas ........................................................................45 4.6.1 Escadas Portáteis .............................................................................................45 4.6.2 Escadas Fixas ...................................................................................................47 4.6.3 Superfícies de passagem – Rampas e Passarelas ............................................48 4.7 Atividades ...........................................................................................................48 4.7.1 Instalações Elétricas Provisórias .......................................................................49 4.7.2 Trabalho em Altura ............................................................................................50 4.7.3 Concretagem ....................................................................................................52 4.7.3.1 Operação da Betoneira ..................................................................................53 4.7.4 Confecção de Formas ......................................................................................53 4.7.5 Escoramentos ...................................................................................................54 4.7.6 Desforma ..........................................................................................................54 4.7.7 Confecção de Armações de Aço .......................................................................55 4.7.8 Alvenariade vedação ........................................................................................56 4.7.9 Movimentação e transporte de materiais e pessoas – elevadores de obra ........57 4.7.9.1 Requisitos Técnicos de Procedimentos ..........................................................57 4.7.9.1.1 Montagem ...................................................................................................57 4.7.9.1.2 Operação ....................................................................................................58 4.7.9.1.3 Inspeção e Manutenção ..............................................................................59 4.7.9.2 Elevador de pessoas e cargas: elevador cremalheira ....................................60 4.7.9.3 Elevador de cargas: elevador a cabo ..............................................................60 4.7.10 Operações de Ferramentas Elétricas ..............................................................60 4.7.10.1 Policorte .......................................................................................................62 4.7.10.2 Serra circular ................................................................................................62 4.7.11 Operações de Ferramentas Manuais ..............................................................63 4.8 Prevenção Contra Incêndios .............................................................................65 5. APLICABILIDADE DAS NORMAS E PROGRAMAS DE SST ..............................66 5.1 Programas Implantados ....................................................................................67 5.1.1 Programa de Sensibilização e Treinamento dos Operários ...............................68 5.2 Inspeção de Segurança .....................................................................................69 5.3 Avaliação Geral do Canteiro de Obra: Organização e Espaço ........................70 5.3.1 Organização e Limpeza .....................................................................................70 5.3.2 Instalações Sanitárias .......................................................................................71 5.3.3 Vestiário ............................................................................................................73 5.3.4 Refeitório e Cozinha ..........................................................................................73 5.3.5 Áreas de Apoio ..................................................................................................76 5.3.5.1 Áreas de Descarte de Materiais ......................................................................76 5.3.5.2 Almoxarifado ..................................................................................................77 5.3.5.3 Portaria ..........................................................................................................78 5.3.6 Sinalização de Segurança .................................................................................79 5.4 Trabalhos em Altura ...........................................................................................79 5.4.1 Sistemas de Proteção Coletiva ..........................................................................80 5.4.2 Andaimes ..........................................................................................................82 5.4.3 Elevadores de Obra ...........................................................................................83 5.5 Operações com ferramentas elétricas e manuais ...........................................84 5.6 Áreas de Armação de Aço .................................................................................84 5.7 Concretagem ......................................................................................................85 5.8 Operação de Betoneira ......................................................................................86 5.9 Avaliação Geral da Empresa .............................................................................87 6. CONDIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................88 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................91 ANEXOS ....................................................................................................................93 12 1. INTRODUÇÃO A indústria da construção é um importante setor que movimenta a economia e multiplica empregos em todo país. De acordo com os dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), emprega em torno de 5,6 milhões de pessoas, representando 6,36% de mão de obra nacional. (SESI, 2008) O Brasil atualmente está entre as oito maiores economias do mundo, e a construção civil representa uma parcela muito expressiva do produto interno bruto (PIB), em torno de 5,4% do total no ano de 2013. Diante deste cenário, podemos enxergar uma série de desafios. A atividade da indústria da construção civil, em todo o mundo, devido às suas características, é considerada perigosa e expõe os trabalhadores a variados riscos ocupacionais, dependendo do tipo da construção, da etapa da obra e da forma de conduzir os programas de ações de segurança e saúde no trabalho. O trabalhador é exposto aos riscos do ambiente, das intempéries, de suas tarefas e das atividades de outros trabalhadores. O elevado índice de acidentes neste setor não é uma exclusividade do Brasil. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, dos 100 milhões de trabalhadores empregados em todo o mundo nas atividades de construção civil, mais de 10 milhões sofrem acidentes anualmente. Ainda, segundo dados das OIT, enquanto o setor industrial apresenta uma média de 60 a 80 acidentes por mil trabalhadores, o setor da construção civil apresenta uma média de 160 a 250 acidentes por mil trabalhadores. (ARAUJO, 2000) De acordo com o Ministério Público da Saúde, em 2012, os acidentes resultaram em 2731 mortes e 14755 trabalhadores com incapacidade permanente para exercer atividades laborais no Brasil. Já no ano de 2013, 12,92% do total de 3,38 mil acidentes foram fatais. Segundo ARAUJO (2000), a grande incidência de acidentes na construção civil é razão da alta rotatividade da mão-de-obra e do seu baixo nível de especialização, além das constantes alterações do ambiente de trabalho que geram situações de riscos, como queda, exposição às intempéries, trabalhos que exigem grande esforço físico, e outros. Estas características criam a necessidade de adoção de medidas de prevenção que garantem a segurança e a melhoria do ambiente de trabalho; da conscientização 13 e treinamento do trabalhador; da implantação de programas de SST e da ideal organização e disposição do canteiro de obras, mantendo as condições de trabalho seguro. Nos últimos anos, a campanha de prevenção de acidentes na construção civil tem se intensificado, tanto por parte dos empregadores quanto pelos sindicatos. A criação de programas e comissões de Segurança e Saúde do Trabalho auxilia no gerenciamento das condições seguras do ambiente de trabalho e do processo produtivo, porém a eficiência destes programas em um canteiro de obra depende da participação e colaboração de todas as pessoas envolvidas, bem como da coordenação de todo os esforços para pôr em prática. Isso significa que tanto o empregador como o empregado devem cumprir as normas de saúde e segurança do trabalho, as quais orientam as medidas preventivas e os métodos corretos para a execução de qualquer operação, evitando assim os acidentes e as doenças ocupacionais. Não devemos esperar pelo acidente. É muito importante localizar situações que possam provoca-la e tomar as medidas necessárias antes que ele aconteça. O tema proposto neste trabalho, insere-se na área de Engenharia de Segurança, relacionada com a Construção Civil, nasáreas de Acidentes de Trabalho, Equipamentos de Segurança e Programas de Saúde e Segurança no Trabalho. Serão apresentados os acidentes e doenças ocupacionais, suas causas, e uma série de medidas necessárias à prevenção destes, baseados nas Normas Regulamentadoras NRs, com ênfase na NR 18: Condições de Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, específica às obras de construção, demolição e reparos, criada pelo Ministério do Trabalho e Emprego com a finalidade de promover condições de saúde e de segurança nos canteiros de obra. 1.1 Objetivos O objetivo geral deste trabalho visa destacar a importância da preocupação com a qualidade de vida dos trabalhadores da construção civil, principalmente no que tange a segurança destes nos seus ambientes de trabalho. São objetivos específicos deste trabalho: a) Identificar os tipos e as principais causas de acidentes e apresentar as medidas preventivas necessárias. 14 b) Fornecer informações para as melhorias das condições de trabalho nos canteiros de obra, dando maior segurança e produtividade ao trabalhador da construção civil. c) Apresentar sugestões voltadas à redução dos fatores de riscos, medidas de prevenção, proteção e promoção da saúde dos trabalhadores, como ações e programas que tratam deste assunto, além do estudo de caso em uma obra referência neste assunto. 1.2 Estrutura do Trabalho Inicialmente será realizada uma pesquisa de caráter bibliográfico, onde serão abordados aspectos gerais da construção civil, focada na área de segurança e saúde do trabalhador no canteiro de obra, baseados nas normas referentes. Posteriormente será apresentada a obra analisada para a idealização e realização deste trabalho e a execução do assunto na prática, com fotos e anexos sobre o assunto. Trata-se de uma empresa de grande porte, onde a preocupação e o cumprimento de normas a favor da segurança de todos os trabalhadores é referência na cidade de Florianópolis, Santa Catarina. Ao término será comprovado que as normas regulamentadoras podem ser executadas se houver colaboração de todos os envolvidos. Ainda, será possível concluir os benefícios dos programas e investimentos nesse assunto, tanto para a melhor eficiência de trabalho, quanto para aspectos de qualidade de vida do trabalhador. 15 2 ACIDENTES E DOENÇAS DE TRABALHO 2.1 Conceitos e definições De acordo com BRUNETTO (2001), acidente é toda a ocorrência não desejada que modifica ou põe fim ao andamento normal de qualquer atividade, como lesão corporal ou perturbação funcional que causa morte, perda, ou redução, permanente ou temporária, da capacidade do trabalho. Acidente de trabalho é aquele que acontece durante o horário de expediente, quando se está a serviço da empresa, dentro ou fora do local de trabalho, mesmo quando se está em viagem a serviço. Também é acidente de trabalho aquele que ocorre no trajeto habitual, durante o deslocamento de casa para o local de serviço e vice-versa. A doença profissional ou do trabalho é aquela adquirida em determinados ramos de atividades, provocada pelo tipo de trabalho exercido e também pelas condições do ambiente de trabalho. 2.2 Causas dos Acidentes Para evitar o acidente do trabalho, é de fundamental importância que sejam conhecidas suas causas. A análise das causas é o estudo do conhecimento de como e porque elas surgem. Isso facilita o estudo de medidas preventivas. Para os profissionais de segurança e saúde, ter um método de identificação e avaliação de riscos é o primeiro passo no trabalho de prevenção de acidentes, sobretudo quando se trata daqueles em que as probabilidades de ocorrência são altas, por dependerem, em grande parte, do ambiente. Para isso, é de extrema importância realizar o acompanhamento dos processos, analisar o potencial de ocorrência e a gravidade de cada risco, para que assim se possa trabalhar as questões de segurança. Os acidentes ocorridos em canteiros provisórios são geralmente derivados do não cumprimento das normas de segurança estabelecidas. As normas estabelecem quais as condições que o canteiro provisório deve possuir, fazem recomendações quanto aos procedimentos e o que deve ser observado para garantir a segurança dos 16 trabalhadores e das instalações. Elas devem ser seguidas à risca, principalmente em atividades insalubres e para proporcionar condições seguras. As principais causas dos acidentes na construção civil são atos e condições inseguras e a realização de atividades insalubres. 2.2.1 Atos Inseguros Os atos inseguros são, geralmente, definidos como causas de acidentes do trabalho que residem exclusivamente no fator humano, isto é, aqueles que decorrem da execução de tarefas de forma contrária às normas de segurança, como, por exemplo, subir em telhados sem cintos de segurança; mexer em eletricidade com as mãos molhadas; etc. 2.2.2 Condições Inseguras Muitos trabalhos são realizados em ambiente que colocam em risco a integridade física e mental do trabalhador, devido a possibilidade do mesmo se acidentar, tais como a realização de trabalhos em áreas insuficientes, pisos fracos, máquinas em estado precário e sem manutenção, instalações elétricas impróprias, falta de proteção em partes móveis, proteção insuficientes, roupas e calçados impróprios, entre outros. O não fornecimento de equipamento de proteção individual e coletivo pelo empregador também configura condição insegura. 2.2.3 Atividades Insalubres Atividades e operações insalubres são também causas comuns de acidentes ou doenças. O conceito legal de insalubridade é dado pelo artigo 189 da Constituição das Leis do Trabalho, nos seguintes termos: “Serão consideradas atividades insalubres aquelas que exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza de exposição aos seus efeitos, podendo causar danos à saúde.” 17 Segundo a NR 15 – Atividades e Operações Insalubres, são consideradas atividades ou operações insalubres exposições acima ou abaixo dos limites de tolerância previstos na própria norma ou apenas a presença de agente nocivo, quando não há sequer a necessidade da sua quantificação (avaliação quantitativa). Os agentes agressivos possíveis a levar o empregado a adquirir doença profissional podem ser: -Agentes físicos: ruído, calor, frio, radiações, vibrações excessivas e umidade. -Agentes químicos: poeira, gases e vapores, névoas e fumos, cimento, solventes e resinas. -Agentes Biológicos: microrganismos, vírus, bactérias ou insetos. De acordo com os anexos 7, 8, 9, e 10, a NR 15 estabelece que a insalubridade é comprovada através de laudo de inspeção pelo perito-judicial, que analisa detalhadamente o posto de trabalho e a função do trabalhador, levando em conta o tempo de exposição, a forma de contato com o agente e o tipo de proteção usada. Devido às características do trabalho, a atuação preventiva requer foco na antecipação e reconhecimento dos riscos, a adoção e manutenção de regras, métodos e procedimentos voltados a garantir a segurança e saúde dos trabalhadores, além de proteger pessoas e patrimônios nas proximidades do canteiro de obra. 2.3 Fatores negativos dos acidentes Segundo a FUNDACENTRO - Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho, o acidente de trabalho apresenta, sob todos os ângulos em que possa ser analisado, fatores bastante negativos no que se refere aos aspectos humanos, sociais e econômicos. 2.3.1 Aspectos Humanos Os acidentes que prejudicam a integridade física do trabalhador, tornam a pessoa incapacitada para o trabalho, requerendo cuidados especiais para a readaptação deste, ou, dependendo do tipo de lesão física, a sua reintegração na 18 própria sociedade; e em casos de mortes, pode ter como consequênciaa destruição do ambiente familiar por tempo indeterminado. 2.3.2 Aspectos Sociais Acidentes de trabalho podem se constituir em causas ou agravantes de problemas sociais como falta de emprego e até marginalização. 2.3.3 Aspectos Econômicos Trata-se do prejuízo econômico que atinge o governo e a sociedade - constituindo obstáculos no desenvolvimento da economia nacional e agravando problemas socioeconômicos; o trabalhador - que sente o problema econômico quando a indenização não lhe garante o mesmo padrão mantido anteriormente ou até uma invalidez; e principalmente, a empresa, a mais fortemente atingida pelas consequências antieconômicas dos acidentes. O custo de acidentes pode trazer inúmeros prejuízos para a empresa, como perda da produtividade e pagamento de indenização. Ou seja, além da preocupação com o bem estar do trabalhador, investir na prevenção de acidentes faz a empresa economizar. A empresa é a mais fortemente atingida pelas consequências anti- econômicas dos acidentes do trabalho, apesar de nem sempre perceber. Podemos dizer que mesmo que as empresas desconheçam os prejuízos que têm com os acidentes, estes oneram o custo dos seus trabalhos ou produtos. (FUNDACENTRO) Os custos devido aos acidentes podem ser direto - ou custo segurado, que é de responsabilidade da empresa seguradora (INSS), oriunda da contribuição empresarial, pois as empresas são obrigadas a manter seus empregados segurados contra acidentes de trabalho; ou custo indireto, de responsabilidade exclusiva do empregador, ou seja, custo não segurado. O custo direto ou segurado diz respeito a todas as despesas ligadas diretamente ao atendimento do acidentado, que são responsabilidades do INSS, como despesas médicas e hospitalares; indenizações; transportes. 19 Já a parcela de custo indireto ou não segurado engloba todas as despesas geralmente não atribuíveis aos acidentes, como salários adicionais pagos a outros trabalhadores em horas extras, salário ao acidentado e despesas médicas não cobertos pelo INSS, custo do material danificado no acidente, etc. A empresa corre ainda o risco de sofrer a aplicação de multas pelos auditores fiscais do trabalho. Por isso é mais econômico investir em prevenção e regularização da segurança, evitando quaisquer complicações futuras. 20 3 NORMAS E PROGRAMAS OCUPACIONAIS Toda e qualquer empresa tem a obrigação de garantir a segurança e a saúde no ambiente de trabalho, seguindo exigências das normas regulamentadoras, que estabelecem como e porque devem ser implementados os serviços em todas as áreas. As Normas Regulamentadoras que devem ser seguidas na construção civil, que estabelecem condições e fazem recomendações são: NR 1 – Disposições Gerais, expressa a observância obrigatória por todas as empresas no que for relativo à segurança e medicina do trabalho. A NR expressa ainda que o canteiro de obra é a área de trabalho, fixa ou temporária, onde há execução de construção, demolição ou reforma. Para todos os fins, portanto, o canteiro de obra ou a obra de engenharia será considerado um estabelecimento, por isso a obrigação do cumprimento das disposições requeridas. NR 4 – SESMT NR 5 – CIPA NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual NR 7 – PCMSO NR 8 – Edificações: estabelece os requisitos técnicos mínimos que devem ser observados nas edificações para garantir aos trabalhadores, a segurança e o conforto nas áreas edificadas. Remete-se sobre pisos, escadas e rampas dos locais de trabalho, equipamentos de proteção coletiva e todas as outras recomendações referentes à construção de edificações. NR 9 – PPRA NR 10 – Instalações e Serviços em Eletricidade NR 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais NR 12 – Máquinas e Equipamentos NR 15 – Atividades e Operações Insalubres NR 18 – Condições de Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção: específica às obras de construção, demolição e reparos, criada pelo Ministério do Trabalho e Emprego com a finalidade de promover condições de saúde e de segurança nos canteiros de obra. NR 23 – Prevenção Contra Incêndios 21 NR 24 – Instalações Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho NR 26 – Sinalização de Segurança NR 35 – Trabalho em Altura Para cumprimento destas normas, faz-se necessário o trabalho, conjunto e comprometido, de todos os trabalhadores contratados, terceirizados, empresas parceiras e outros que, de forma direta ou indireta, participem do empreendimento desde o projeto até a entrega da obra. No intuito de aplicar as referidas Normas, são deveres do empregador: garantir a capacitação dos operários, implantar os programas de segurança e saúde na obra, fornecer e assegurar a utilização dos equipamentos de proteção. Os profissionais de segurança e saúde no trabalho são obrigatórios em qualquer local de trabalho ou empresa que ofereça riscos ao trabalhador. Os engenheiros, técnicos de segurança e médicos do trabalho são os profissionais habilitados para elaborar o plano de eliminação de riscos de acidentes e doenças ocupacionais de cada tipo de atividade na indústria da construção civil, seguindo a orientação da norma regulamentadora NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. O médico e o enfermeiro são responsáveis pela saúde ocupacional, prevenindo doenças, tratando ferimentos, aplicando vacinas e fazendo exames nos funcionários, que devem ocorrer tanto no momento de admissão quanto na dispensa e, também, periodicamente durante o período de vigência do contrato de trabalho. O empregador indica o responsável técnico (técnico de segurança) para representá-lo, conferir as condições de segurança, identificar trabalhos com riscos específicos e aplicar medidas de segurança e saúde. A implementação de medidas de segurança faz com que a empresa aumente a produtividade, a qualidade dos seus produtos e melhore as relações interpessoais. Além do mais, investir em segurança também aumenta o grau de conscientização dos funcionários sobre a importância da prevenção. 3.1 Programas e Ações de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) As características inseguras da construção civil criam necessidades de programas de prevenção de acidentes, diferentes daqueles dirigidos aos processos industriais em geral. 22 Segundo o Ministro do Trabalho, Manoel Dias (2014), estão sendo criadas condições (estratégias e políticas públicas) para que a SST alavanque, em parceria com centrais sindicais, patronais e com a sociedade civil, afim de que se crie uma consciência de que é fundamental a prevenção de acidentes e doenças. Trata-se de inovações sobre soluções em Segurança e Saúde no Trabalho, com o objetivo de prover e manter condições seguras de trabalho e diminuir os perigos nas construções, demolições ou reformas. O gerenciamento dos programas e ações em SST implica em melhor aproveitamento dos meios e recursos necessários – que a empresa deve fornecer – para a manutenção de condições de segurança e de e de conforto no ambiente laboral, além de outros benefícios, como a motivação dos trabalhadores pela melhoria das condições gerais, redução de desperdício de materiais e de horas trabalhadas, aumento de produtividade e reforço da imagem institucional da empresa. 3.1.1 Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção – PCMAT O PCMAT tem por objetivo a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção Civil. Previsto no item 18.3 da NR 18, foi criado para garantir a segurança de quem trabalha nessa área. O programa é elaborado e executado por profissional legalmente habilitado na área de segurança, junto com o engenheiro da obra, que tem as informações sobre a construçãoe os prazos. Sua elaboração e execução são obrigatórias nos estabelecimentos com 20 (vinte) trabalhadores ou mais. É composto por uma série de documentos: memorial de inspeção, com as condições do ambiente de trabalho, a descrição dos possíveis riscos de acidentes doenças e as respectivas medidas de prevenção; o projeto de instalação das proteções coletiva em conformidade com as etapas e execução da obra; especificações técnicas das proteções individuais; a planta da obra com todos os detalhes do canteiro, como local das gruas e elevadores, áreas de armação, carpintaria, betoneira, almoxarifado e a área de convivência. No cronograma do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Industria da Construção, 23 devem ser determinadas as datas e as frequências das inspeções. Todo detalhe por menos acidentes e mais qualidade de vida foi pensado. A existência do programa, em conjunto com outros, citados a seguir, permite monitorar as não conformidade e fatores ambientais pré-existentes, desenvolver medidas de controle, reduzir perda de materiais, prevenir danos ambientais e, principalmente, iniciar atividades de forma organizada. 3.1.2 Programa de Sensibilização e Treinamento Segundo item 18.28 - NR 18 - todos os empregados devem receber treinamentos admissional e periódico, visando garantir a execução de suas atividades com segurança. O treinamento admissional deve ter carga horária mínima de seis horas, ministrado no horário de trabalho, e deve conter informações sobre as Condições e Meio Ambiente de Trabalho; riscos inerentes a cada função; uso adequado dos Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva, entre outras coisas. Já o treinamento periódico deve ser fornecido no início de cada etapa da obra. O trabalhador deve ser treinado e orientado para bem desenvolver suas atividades de forma segura prevenindo acidentes. O treinamento deve ser realizado em linguagem acessível, enfatizando as atividades que serão desenvolvidas, os métodos que serão utilizados, os riscos a que os trabalhadores estarão expostos e o que será esperado deles. Visa-se, assim, criar condições para que possam colaborar com a qualidade do ambiente de trabalho, além de facilitar o desenvolvimento das atividades. 3.1.3 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA O PPRA, descrito na NR 9, estabelece a avaliação dos riscos ambientais nos locais de trabalho e implantação de ações para a melhoria das situações encontradas. O PPRA subsidia o PCMAT e o PCMSO. Este programa tem como objetivos a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o controle dos agentes físicos, químicos, biológicos e ergonômicos, nos ambientes de trabalho que podem causar danos à saúde do trabalhador, considerando também a proteção do meio ambiente de trabalho e dos recursos naturais. É aplicado em todas as empresas com trabalhadores contratados, 24 independentemente do tipo de atividade, risco ou número de trabalhadores, sendo seu cumprimento de responsabilidade do empregador. 3.1.4 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO O programa serve para preservar a saúde do trabalhador através da execução de acompanhamentos e exames médicos obrigatórios. Basicamente são o exame médico admissional, para antes que o trabalhador assuma a sua função; o periódico, durante a vigência do contrato; o de mudança de função, prevendo riscos diferentes dos anteriores; o de retorno ao trabalho, feito no primeiro dia após algum tipo de afastamento prolongado; e o demissional, no desligamento do funcionário por qualquer motivo. De acordo com a norma regulamentadora NR 7, o PCMSO deverá: Ser planejado e implantado com base nos riscos identificados nas avaliações, considerando as questões individuais e coletivas dos trabalhadores; ter caráter de prevenção, ou diagnóstico precoce dos agravos à saúde devidos ao trabalho. Os exames médicos permitem a elaboração de Atestado de Saúde Ocupacional – ASO. Trata-se de um documento de suma importância, emitido pelo médico de trabalho para definir se o funcionário está apto para as suas funções dentro da empresa. Deve conter a identificação completa do trabalhador, função exercida, os riscos das suas tarefas, procedimentos médicos que realizou e informações do médico encarregado. O ASO tem que ser emitido a cada exame realizado, seja admissional, periódico, de mudança de função, retorno ao trabalho ou demissional. Toda empresa deve ter esse documento, independentemente do número de empregados. O documento serve ainda como elemento para a concessão de aposentadorias especiais. 3.1.5 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA Segurança e saúde no trabalho é dever de todos. A CIPA auxilia na prevenção de acidentes e doenças no trabalho, com a participação do trabalhador, mediante a identificação dos riscos, sugestões de medidas de controle e o acompanhamento das medidas adotadas, de modo a obter permanente integração entre trabalhador, 25 segurança e promoção da saúde. Além de cuidar da prevenção de acidentes, também zela pelas condições do ambiente de trabalho. A CIPA obedece as disposições contidas na NR 5 e sua constituição em um canteiro de obras deverá seguir as determinações contidas na NR – 18, item 18.33 e seus subitens. É composta por representantes do empregador e dos empregados. A comissão formada deve: 1. Verificar periodicamente ambientes e condições de trabalho para identificar situações de riscos; 2. Mapeamento dos riscos, com identificação destes nas atividades e a elaboração de um mapa. Os mapas têm que identificar situações e locais potencialmente perigosos e deve ficar disponível em local visível para alertar os trabalhadores sobre os perigos existentes em todas as áreas. 3. Elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança e saúde; 4. Participar da implementação e do controle de qualidade das medidas de prevenção, definindo a urgência de cada medida; 5. Divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho; 6. Fazer uma avaliação dos problemas e das soluções: participar da análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução; 7. Promover a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT), com atividades culturais e esportivas, como peças de teatro e outras formas criativas de abordar a preocupação com a saúde e segurança do trabalhador; e outras campanhas de promoção da saúde e de prevenção de doenças, em conjunto com o SESMT, com a realização de cursos, palestras e treinamentos; Cabe aos trabalhadores cooperar com a gestão da CIPA, indicar situações de riscos e auxiliando a sugerir melhorias para as condições de trabalho. O ministério do trabalho, através da superintendência regional do trabalho, fiscaliza a organização das CIPAs, autuando e multando as empresas que não estejam cumprindo a lei. 26 4 RECOMENDAÇÕES NORMATIVAS 4.1 Condições gerais dos Canteiros de Obra Os riscos encontrados nos canteiros de obras que não recebem a devida atenção quanto às disposições e organização são numerosos e por isso se tornou um dos principais tópicos quando o assunto é segurança na construção civil. 4.1.1 Organização dos canteiros de obras Uma das causas dos acidentes de trabalho na construção civil é a precária organização dos canteiros de obras. Conhecemos por organização, a reunião de atividades que tem por objetivo estabelecer e manter as condições ideais de trabalho. A organização e limpeza do canteiro é fundamental para facilitar o trabalho e diminuir os riscos de acidente, deixando-o conveniente para a execução da obra nas melhores condições possíveis. O canteiro organizado propicia otimização dos trabalhos, redução de distâncias, melhoria no fluxode pessoas e materiais, além de economia, qualidade e, principalmente, segurança. A maioria das obras não ganha a devida atenção para a organização satisfatória do canteiro por este ser provisório e as estruturas não permanecerem por muito tempo. Porém os canteiros não são temporários para o trabalhador que os utiliza, por isso, devemos dedicar a eles igual atenção que dedicamos às instalações definitivas. A proteção e as práticas de higiene devem fazer parte da rotina. (NR 18, item 18.29) Instalações provisórias de um canteiro de obras são o conjunto dos serviços temporários referentes as diversas atividades da futura edificação. Trata-se da construção de tapumes, depósitos de materiais, vias de acesso, equipamentos, instalações elétricas, etc. Antes da implantação do canteiro, porém, é necessário efetuar um planejamento que assegure o andamento normal dos trabalhos e a concretização das medidas preventivas na construção civil. A organização do canteiro deve ser feita antes do início da obra, integrando o planejamento e programação global da construção. Devem contemplar todas as etapas da obra, adotando e mantendo regras 27 para o trabalho seguro e medidas para assegurar o envolvimento e a cooperação dos trabalhadores, reduzindo gastos provenientes de retrabalho, perda de tempo e de materiais. O canteiro deverá ser preparado de acordo com a previsão de todas as necessidades, assim como a distribuição conveniente do espaço disponível. 4.1.2 Planejamento do Canteiro de Obra O planejamento do canteiro tem sido um dos aspectos mais negligenciados na construção civil, e muitos engenheiros o fazem com o progresso da obra, resultando num deficiente arranjo físico do espaço. Existem diversos estudos que apontam a ausência ou insuficiência de planejamento como uma das principais causas da desordem da obra. O planejamento do canteiro é definido como o planejamento do layout e da logística das instalações provisórias, instalações de movimentação e armazenamento de materiais e instalações de segurança. Entende-se por layout, a disposição física de homens, materiais, equipamentos, áreas de trabalho e de estocagem e, de um modo geral, a disposição racional dos diversos serviços de uma empresa. O problema de layout do canteiro não pode ser separado da atividade de planejamento da produção, já que este define o ambiente no qual todos os trabalhos de construção são desempenhados, podendo facilitar ou dificultar a execução dos mesmos. Os itens básicos constituintes de um planejamento de canteiro são: a) definição dos elementos de proteção; b) definição das instalações provisórias; c) definição do sistema de transporte. Além disso, deve-se determinar as necessidades de estoque dos materiais mais volumosos (areia, cimento, tijolos, etc.) e a frequência de entrega; determinar o pico máximo de operários na obra e analisar a programação da obra. Deve-se procurar ao máximo reduzir e proteger os deslocamentos dos operários e clientes na obra, de forma a que não fiquem sujeitos às intempéries ou queda de materiais. O ideal seria não existir interferência entre os fluxos das pessoas 28 e equipamentos que circulam pelo canteiro. Cada um deveria possuir um percurso totalmente independente do outro, contribuindo, assim, para a diminuição dos acidentes e tempos improdutivos. Quanto às instalações, pode-se priorizar as instalações orientadas à mão-de- obra (banheiros, vestiários e escritórios), seguidas por instalações orientadas aos materiais. É indispensável que o arranjo físico considere as necessidades de segurança, salubridade e higiene dos trabalhadores. Em um canteiro de obras, o gerenciamento visual dos processos, através da demarcação de áreas de estoque e vias de circulação, capacetes de cores diferentes para diferentes profissionais, sinalização identificadora de diversos setores do canteiro, é indispensável. Os princípios gerais a serem levados em consideração no projeto do layout do canteiro são: a) áreas para os equipamentos de transporte vertical de pessoas e cargas, como os elevadores ou guinchos; b) área do posto de produção da argamassa e concreto, o qual envolve a betoneira e os estoques de materiais relacionados; c) centrais de aço e fôrmas (bancadas, máquinas e estoques de madeira e aço); d) área de armazenamento de outros materiais; e) áreas de vivência (refeitório, vestiário, alojamento, banheiros, salas de aula); f) áreas de apoio (almoxarifado, escritório, guarita, portaria, plantão de vendas); g) área de depósito para entulho; h) acessos ao canteiro e vias de circulação interna, tanto para funcionários e visitantes quando para veículos. 4.1.3 Vantagens do planejamento do canteiro Todas as obras, independentemente do tipo de terreno, devem possuir planejamento em seu canteiro. O correto posicionamento das instalações provisórias estão servem para: 29 a) obter a melhor utilização do espaço físico, possibilitando que homens e máquinas trabalhem com segurança e eficiência, facilitando o fluxo de materiais, equipamentos e mão-de-obra, através da minimização de movimentações destes; b) conceber um ambiente de trabalho seguro e adequado às atividades a serem desenvolvidas ao longo da construção. A produtividade da movimentação aumenta quando as condições de trabalho tornam-se mais seguras. c) reduzir custos e tempo de construção, minimizando distâncias de viagem e retrabalhos, aumentando o tempo produtivo; d) prover condições técnicas para se alcançar uma obra com qualidade; e) dar segurança a todos que circulam no canteiro, que se dá, principalmente, quando se proporciona uma melhor visualização das circulações internas e externas do canteiro. 4.1.4 Áreas de vivência De acordo com a NR 18, item 18.4, as áreas de vivência devem dispor de: instalações sanitárias, vestiários, alojamento, locais de refeição, cozinha (quando houver preparo de refeições), lavanderia, área de lazer e ambulatório. Obs: Alojamento, lavanderia e área de lazer são obrigatórios apenas onde houver trabalhadores alojados, por isso não será comentado. O canteiro é a segunda casa de muitos trabalhadores. Por isso, as áreas de vivência deverão ser mantidas em perfeito estado de conservação, estando sempre limpas, arejadas, iluminadas. Todas as áreas de vivência devem ter padrão de qualidade pelo conforto e proteção do trabalhador. Seguem as recomendações da NR 24 – Instalações Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho, que expressa os requisitos mínimos de higiene e conforto nas instalações sanitárias, vestiários e refeitórios. Os vestiários, banheiros e refeitórios devem oferecer condições satisfatórias de isolamento térmico, ventilação e iluminação. Aspectos como a limpeza, sinalização, facilidade de acesso de circulação a todos os pontos do ambiente de trabalho contribuem para esses propósitos. 30 4.1.4.1 Instalações Sanitárias Instalações sanitárias constituem o local destinado ao asseio corporal e/ou atendimento das necessidades fisiológicas de excreção. Deverão ser constituídas de paredes e pisos laváveis e resistentes. O piso ainda deve ser impermeável com antiderrapante para evitar escorregões. A limpeza desses locais deve ser feita regularmente. Os banheiros não podem ficar mais de 150 metros de distância das frentes de trabalho, instalados em local de fácil acesso. O pé direito deve ter, no mínimo, dois metros e meio de altura ou o que determinar o Código de Obras do Município. Mulheres precisam de banheiros exclusivos. Os vasos sanitários e os mictórios (um para cada 20 trabalhadores) devem ter caixa de descarga ou válvula automática, ser provido de assento e tampa, abastecido de papel higiênico e isolado por porta com trinco. Nos lavatórios, torneiras de metal ou plástico. Para a coleta de papéis, deve haver uma cesta com tampaao lado do lavatório e do vaso sanitário. Para o banho, deve ser dimensionado um chuveiro com área mínima de 0,80m² para cada grupo de 10 trabalhadores. Nessa área deve existir ainda suporte para sabonete e toalha. O chuveiro deve ser aterrado e o piso deve ter caimento para escoamento da água. Todo o sistema deve estar ligado ao esgoto ou fossa séptica. 4.1.4.2 Vestiários Os vestiários deverão ter pisos e paredes resistentes e laváveis, de alvenaria ou madeira, cobertura e instalações elétricas corretamente dimensionadas e instaladas. Devem ficar perto do alojamento ou da entrada da obra, sem ligação direta com o refeitório e com, no mínimo, 2,50m de pé direito, ou a medida determinada no Código de Obras do Município. Deve-se disponibilizar armários individuas com cadeado ou fechadura para cada trabalhador, que permitam a separação dos pertences e bancos com largura mínima de 0,30m e espaço suficiente para todos. 31 Recomenda-se para os vestiários, uma área de 0,50m²/operário e que disponha de equipamentos de combate a incêndio. 4.1.4.3 Cozinha e Refeitório A cozinha e o refeitório devem ser cobertos, com pé-direito mínimo de 2,80m ou o que determinar o Código de Obras do Município, com iluminação e ventilação adequadas, não podendo, portanto serem construídos em porões ou subsolos. A cozinha deve ficar adjacente ao local para refeições e com ligação para o mesmo através de aberturas por onde serão servidas as refeições, e não podem comunicar-se com outros locais de trabalho ou instalações sanitárias. O refeitório deve ter capacidade e assentos para atender todos os trabalhadores, mesmo que em horários alternados. Recomenda-se uma área de no mínimo 0,75m²/operário. Os tampões das mesas devem ser lisos ou forradas com material impermeável para facilitar a limpeza. O piso deve ser de concreto, cimento ou material fácil de lavar. Os alimentos devem ser conservados em geladeira e o aquecimento das refeições dos trabalhadores devem ter local exclusivo. Os botijões de gás, em uso, cheio ou vazios, devem ser instalados, obrigatoriamente fora da cozinha, na parte externa, em local ventilado e coberto, com cobertura de material resistente ao fogo. Restos de comida devem ser jogados em lixos com tampas e sinalização indicativa, por isso, o local para refeições deve ter latões de lixo em quantidade suficiente para recolhimento dos restos de comida e detritos. A coleta de restos de comida e limpeza das mesas deve ser feita no final da refeição. O refeitório deve dispor de lavatórios para não precisar ir até o sanitário lavar as mãos antes e depois das refeições. Deve também ser construído um tanque para lavagem de panelas e uma pia para pratos, copos e talheres com revestimento interno de azulejo ou cimentado liso. 4.1.4.4 Bebedouros É primordial disponibilizar aos trabalhadores água potável fresca filtrada ou de garrafão. A distância entre o posto de trabalho e o bebedouro não pode ser superior 32 a 100m no plano horizontal e a 15m no plano vertical. O bebedouro deverá ser instalado na proporção de um para cada grupo de 25 trabalhadores. Não permitir o uso de copo coletivo nos postos de trabalho. 4.1.4.5 Ambulatório Se houver mais de 50 operários nas frentes de trabalho, fundamental ter um ambulatório para casos de emergência. 4.1.5 Áreas de Apoio As áreas de apoio (almoxarifado, guarita ou portaria, escritório e plantão de vendas) compreendem aquelas instalações que desempenham funções de apoio à produção, abrigando funcionários durante a maior parte do tempo da jornada diária de trabalho, ao contrário do que ocorre nas áreas de vivência, as quais só são ocupadas em horários específicos. 4.1.5.1 Tapume É obrigatória a colocação de tapumes ou barreiras sempre que se executarem atividades da indústria da construção, tratando-se de um painel contínuo, feita no alinhamento da rua e ao redor de toda obra. Serve para fechamento do canteiro de obras, de modo a impedir ou dificultar a entrada de pessoas não autorizadas e também a saída indevida de materiais e equipamentos, e proteger o público contra possíveis efeitos prejudiciais que decorram da execução dos trabalhos. Podem ser usados diversos materiais para a construção do tapume, tais como madeira, compensado, concreto ou tela de alambrado. O importante é considerar o Código de Obras da cidade e os objetivos antes de escolher o material. A construção deve ser resistente e ter uma altura mínima de 2,20m em relação ao nível do terreno, segundo NR 18, item 18.30.2. 4.1.5.2 Almoxarifado Deve ser instalado próximo a entrada, ou no centro do terreno, de modo que permita uma fácil distribuição dos materiais pelo canteiro de obra. 33 A finalidade do almoxarifado é manter materiais de pequeno porte e fácil extravio guardados. Deve ser mantido limpo, organizado e identificado, de modo a não prejudicar o trânsito de pessoas, a circulação de materiais e o acesso aos equipamentos de combate ao incêndio. O almoxarife deve ainda manter as ferramentas manuais e elétricas portáteis em boas condições de uso e somente fornecê-las sem nenhum defeito, e conferi-las ao recebê-las de volta, manter o estoque mínimo do material de segurança, alertando quando a necessidade de reposição e entregar equipamentos de segurança limpos, auxiliando o trabalhador com a orientação de uso. 4.1.5.3 Portaria A função da portaria é de controlar a entrada e saída de pessoas e caminhões, portanto exige-se que esta instalação localize-se junto ao portão de entrada, localizada de modo que o vigia possa controlar os acessos da obra. O encarregado ou chefe da portaria não deve permitir a entrada de visitantes sem os equipamentos de segurança determinados pela Administração da Obra, por isso, é na portaria que devem ser guardados e distribuídos os capacetes para visitantes. 4.1.6 Acessos ao Canteiro e Vias de Circulação É fundamental que a localização do(s) portão(ões) de acesso sejam bem estudada. Quando se define o local do portão de entrada de pessoas deve-se verificar a necessidade de construir um acesso coberto desde este portão até a área edificada, afim de garantir a segurança de operários, clientes, e visitantes ao entrarem e saírem do canteiro. Quando, no percurso entre a portaria e a edificação, houver risco de queda de materiais, recomenda-se a sua cobertura com madeira ou tela, ficando este acesso como circulação obrigatória. As vias de circulação, no interior do canteiro, devem ter largura mínima de 1,00 m (um metro) e serem mantidas permanentemente desobstruídas. 34 Para o bom aproveitamento da área dos canteiros e prevenção de riscos aos trabalhadores é importante que passagens e corredores fiquem sempre limpos, sem pedras, entulhos ou equipamentos soltos nos postos de trabalho, mantendo as vias de circulação, passagens e escadarias desobstruídas. 4.1.7 Áreas para Armazenamento de Materiais Deve-se tentar, na medida do possível, armazenar todos os materiais no subsolo, liberando o pavimento térreo para a locação exclusiva das instalações provisórias, favorecendo desta forma, a manutenção da limpeza nesta região do canteiro. Também justificando a opção pelos subsolos, têm-se o fato que esta é uma área protegida das intempéries e quase que totalmente desobstruída, facilitando o estoque e circulação de materiais e trabalhadores. Para facilitar o trabalho, a obra pode ficar abastecida de lixeiras adequadas e caçambas metálicas por todo canteiro. A faxina é necessária frequentemente, principalmente para evitar poeira excessiva. 4.2 Sinalização de Segurança O trabalho de melhorias da segurança depende da dedicação intensiva de todos os envolvidos na organização, incluindo o apoio dos participantes, trabalho de motivação e conscientização das pessoas. Para os operários,a parte de comunicação visual alertando sobre as possibilidades de acidente no trabalho é fundamental. A sinalização em obras baseia-se na NR 26 – Sinalização de Segurança. Consistem em placas, luzes, alarmes e sirenes que podem salvar vidas: ela não elimina riscos, porém identifica o perigo antes dele aparecer. Mas para funcionar, os operários devem ficar atentos. As obras mudam o tempo todo, e as ameaças também. O importante é manter a comunicação com os operários e alertar quanto aos ricos. Todos os locais do canteiro precisam de sinalização de indicações de saída, de locais de usos comum, e, principalmente de atenção. Nas vias públicas, os pedestres e motoristas também precisam de aviso. Os operários devem vestir coletes ou tiras refletivas na região do tórax. 35 Grua, guincho, betoneira, elevadores só podem ser operados por quem tem qualificação. No local onde essas máquinas estiverem é fundamental colocar placa com nome completo e foto do operador. As advertências são ainda indispensáveis para substâncias tóxicas, corrosivas, inflamáveis ou radioativas. As cores estimulam a percepção, mas devem ser usadas de forma racional , a fim de evitar distração, confusão ou cansaço na visão. O vermelho identifica os equipamentos de proteção e combate a incêndio, como alarmes, extintores e saídas de emergência. A cor laranja indica perigo e á aplicada nas partes móveis das máquinas, nos equipamentos e nas faces internas das caixas de dispositivos elétricos. O verde significa segurança e localiza áreas de vivencia. O azul indica ações obrigatórias, como o uso dos equipamentos de segurança. Para não confundir o trabalhador, placas estragadas ou com cores desbotadas devem ser substituídas e a sinalização que já não serve mais, retirada. 4.3 Equipamentos de Proteção Individual – EPIs Segundo o conceito da Norma Regulamentadora NR 06 – Equipamentos de proteção Individual, são todos os dispositivos ou produtos, acessórios ou vestimentas de uso individual, utilizados pelo trabalhador, destinado a proteger os possíveis riscos que ameaçam sua segurança e saúde. Sempre que as medidas de ordem geral não oferecem completa proteção contra os riscos de acidentes ou doenças do trabalho; enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e para atender as situações de emergência, os EPIs devem ser utilizados, de acordo com a Norma regente. Atualmente, a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual é obrigatória e de extrema importância à saúde e segurança do trabalhador. As empresas são obrigadas a fornecer os equipamentos, o que é estabelecido pela NR 06, publicada em 1978 e atualizada pela última vez em 2010, fundamentada pelo Artigo 166 da CLT: “A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamentos de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas e ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.” 36 A empresa é responsável por adquirir o tipo de EPI adequado à atividade do empregado; fornecer ao empregado somente o EPI aprovado; treinar e instruir o trabalhador sobre seu uso adequado e torná-lo obrigatório; higienizar e fazer a manutenção do material e substitui-lo quando danificado ou extraviado. O fornecimento dos EPIs deve ser sempre registrado, seja em livros, fichas ou computador. Porém, além da obrigatoriedade, as empresas têm se tornado cada vez mais conscientes da importância de investir em EPIs e da própria responsabilidade na prevenção dos acidentes de trabalho. O uso de EPIs pelos operários da construção civil reduz o custo total de mão-de-obra em função da eliminação do valor pago ao total do adicional de insalubridade. A empresa, porém, não é a única encarregada de zelar pela segurança. Isso também é responsabilidade dos operários. Obriga-se o empregado, quanto ao EPI, a usá-lo apenas para a finalidade destinada; responsabilizar-se por sua guarda e conservação e comunicar ao empregador de qualquer dano. Os aparelhos devem estar de acordo com as normas técnicas respectivas da NR 06 e com o risco da atividade. As orientações são dadas pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e pela Comissão de Prevenção de Acidentes (CIPA). Existem instrumentos adequados para cada etapa de serviço. Os EPIs devem ser escolhidos de acordo com os riscos pré-identificados, ou seja, a escolha deve se basear no estudo e avaliação de riscos existentes no local de trabalho, compreendido no item 18.23 na NR 18. Protetores faciais e óculos de segurança são destinados à proteção dos olhos e da face contra lesões ocasionados por partículas, respingos, poeiras, vapores de produtos químicos e radiações luminosas; máscaras especiais são indicadas para soldadores nos trabalhos de soldagem e corte; capuz e capacetes para proteção contra choques, queimaduras, impactos e agentes térmicos. Além destes, para membros superiores são indicadas luvas em trabalhos que houver perigo de lesão provocada por materiais ou objetos cortantes ou perfurantes, como pregos ou cacos de vidros; produtos químicos corrosivos ou tóxicos; materiais ou objetos aquecidos; choques elétricos; entre outros. Já para a proteção dos membros inferiores, o trabalhador deve executar seus serviços com calçados fechados, resistentes contra cortes, impactos ou choques, e 37 impermeáveis, sendo proibido o uso de sandálias ou chinelos. As calças evitam machucados e impedem o contato com o cimento. Os macacões, aventais e as roupas de corpo inteiro evitam riscos químicos, mecânicos, radioativos e térmicos. Os equipamentos de proteção contra choques, em trabalhos com eletricidade, exigidos na NR 18, item 18.21 são: botinas de couro com solado isolante, óculos de segurança, capacete, luvas isolantes e de cobertura, e vestimenta adequada à atividade elétrica, como roupas compridas e secas. Não se deve trabalhar com a roupa ou o corpo molhado. Nunca se deve usar adornos pessoais no trabalho com eletricidade como relógio, anéis, pulseiras, etc., eles podem gerar acidente pela condução elétrica. Quem trabalha em locais em que o nível de ruído seja superior ao estabelecido na NR 15, ou seja, 85 dB para oito horas de exposição, não pode ficar sem protetores auditivos. Os respiradores servem para quem fica exposto a vapores, poeira, névoa e gases. Para proteção contra quedas com diferença de nível com mais de dois metros (atividades executadas em andaimes, na beirada de prédios, subidas em telhados), a NR 18, item 18.13, determina as normas para a utilização de EPIs para trabalho em altura, que garante a retenção segura em caso de queda, na qual a força de impacto não provoque lesões corporais. Um sistema contra queda de altura é composto por: a) Cinto de segurança do tipo paraquedista e cinturão abdominal, destinados a reter o trabalhador em caso de quedas, compostos por fitas, fivelas de ajuste e engate, argolas e mosquetões; b) elo entre o cinturão e um ponto de ancoragem: trava-quedas ou talabarte de segurança, confeccionados em corda sintética, cabo de aço, fita sintética ou corrente, que garantem um suporte para o posicionamento ou restringem a movimentação, evitando assim que algum indivíduo alcance zonas onde exista o perigo de queda e altura; c) Ponto de ancoragem: funciona como um ponto seguro para conectar linha de vida, talabarte, trava-queda ou qualquer outro sistema se resgate e acesso, como componentes estruturais - vigas ou pilares, não podendo ser em paredes de alvenaria. Devem apresentar boas condições de solda, sem corrosão ou desgaste nas conexões. 38 *Talabarte com comprimento acima de 0,9 m precisa obrigatoriamente ter um absorvedor de energia (amortecedor). O talabarte e o sistema de amortecedordevem ficar a cima da linha da cintura, ajustados de forma a impedir queda ou colisão. *Trava-quedas é usado caso seja necessária a movimentação horizontal ou vertical. Os equipamentos devem ser testados e aprovados. A garantia de segurança é um certificado de aprovação, mais conhecido como CA, emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego, com validade de cinco anos, juntamente com o selo do INMETRO. Todos os EPIs deverão apresentar, em caracteres indeléveis e bem visíveis, em português, o nome do fabricante, o lote e o número do CA - informações que devem resistir aos efeitos do tempo. Para fornecer uma proteção eficaz contra os riscos, o EPI deve se manter útil, durável e resistente, frente às inúmeras ações e influências, de forma que sua função de proteção seja garantida durante toda sua vida útil. Dentre as ações que garante a segurança dos EPIs são: armazenamento em local seco e arejado; limpeza e manutenção adequadas; proteção a contato com produtos químicos; inspeção periódica com análise de possíveis desgastes devido à natureza do trabalho. Vale lembrar ainda que o simples fornecimento do equipamento de proteção individual não exime o empregador da responsabilidade de adotar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação dos agentes nocivos, como frio e calor excessivo, ruídos, etc; além também, do sistema de proteção coletiva. 4.4 Sistemas de Proteção Coletiva De acordo com a NR 18, item 18.13: É obrigatória a instalação de proteção coletiva onde houver risco de queda de trabalhadores ou de projeção e materiais. 4.4.1 Sistema Guarda-Corpo-Rodapé (GcR) Esse sistema, de instalação obrigatória, destina-se a promover a proteção contra riscos de queda de pessoas, materiais e ferramentas, a partir da primeira laje. Assim como todo sistema de proteção coletiva, deve ter projeto de execução de acordo com as etapas da obra, especificações técnicas e cronograma de instalação das medidas preventivas. Todos esses documentos fazem parte do PCMAT. 39 O GcR deve ser construído com materiais rígidos e resistentes, convenientemente fixados e instalados nos pontos de plataformas, áreas de trabalho e de circulação onde haja risco de queda. Em caso de madeira, deve bem escolhida, sem aparas, nós, rachaduras ou falhas. Todo GcR tem regras detalhadas, estabelecidas pela NR18, a serem obedecidas. Como elementos construtivos, o GcR tem: - travessão superior, formado parapeito, serve como anteparo rígido de proteção. Deve ser instalado a 1,20m ou até a altura suficiente para a segurança. Deve ter resistência mínima a esforços concentrados de 150kgf por metro linear, no meio da estrutura. - travessão intermediário fica entre o rodapé e o travessão superior, a 0,70m de altura. -rodapé: elemento apoiado sobre o piso de trabalho que objetiva impedir a queda de objetos. Formado por peça plana e resistente com altura mínima de 0,20m de mesmas características e resistências dos travessões. -o montante compõe-se de elemento vertical que serve para fixar o GcR à superfície de trabalho ou de circulação, além de prender os travessões e o rodapé. As distâncias entre eles devem ser de, no máximo, 1,50m. Para impedir a queda de materiais, uma tela deve ser fixada para fechar o espaço entre os travessões e o rodapé. 4.4.2 Barreiras com redes Em trabalhos em altura, as redes possuem papel primordial para anular os riscos de queda de materiais. A principal diferença entre o sistema de barreira com rede e o de guarda-corpo e rodapé está nas barras horizontais. Para as barreiras com rede, as extremidades precisam ser fixadas na estrutura definitiva da construção, sendo o vão entre o elemento superior e inferior fechado unicamente por uma rede com malha de abertura de intervalo entre 20mm e 40mm. A barra de cima, feita de aço ou tubo metálico, funciona como parapeito e fica a 1,20m do piso. Se a barra de baixo também for feita de um desses dois materiais, deve ficar rente ao piso. A fixação deve ser colocada a cada 0,50m, servindo também de estrutura para a tela, que cobre todo espaço entre as barras de cima e as de baixo. 40 A armação precisa ser contínua, uniforme e feita na vertical. Em qualquer ponto do sistema (elementos superior e inferior, tela ou rede de fixação) deve haver uma resistência mínima a esforços horizontais de 150 kgf. 4.4.3 Vãos de acesso Os vãos de acesso às caixas dos elevadores devem ter fechamento vertical provisório, com material resistente, como um sistema de GcR ou de painel inteiriço de no mínimo 1,20m de altura, fixado à estrutura da edificação até a colocação definitiva das portas. Obrigatória em todos os níveis das edificações. A proteção tem que ser sólida, fixada em peça metálica ou de madeira. Não pode apresentar frestas ou falhas, para impedir a queda de qualquer material. 4.4.4 Aberturas em piso Todas as aberturas no piso ou na laje da construção exigem medidas de segurança. Quando as aberturas no piso são utilizadas para o transporte de materiais e equipamentos, devem também sem protegidas. O ponto de entrada ou saída de material deve ser protegida por cercados ou barreiras do tipo cancela ou similar. Se o vão aberto não está sendo usado para transportes de materiais e equipamentos, deve ser dotada de proteção sólida, na forma de fechamento provisório fixo (guara-corpo ou assoalho provisório) sem frestas ou falhas. Vários tipos de guarda-corpo podem ser utilizados: de madeira, de estrutura metálica ou mistos. Em todo o perímetro e nas proximidades de vãos e/ou aberturas das superfícies de trabalho da edificação devem ser previstos e instalados elementos de fixação ou apoio para cabo-guia/cinto de segurança, a serem utilizados em atividades junto ou nessas áreas expostas de trabalho, possibilitando aos trabalhadores, dessa forma, o alcance seguro de todos os pontos da superfície de trabalho. 4.4.5 Plataformas de proteção: Bandejas O trabalho em altura requer o uso cuidadoso de plataformas de proteção. Sempre que a obra atingir mais de quatro pavimentos, é obrigatório instalar a plataforma principal e as secundárias em todo perímetro da construção. Elas impedem 41 que os trabalhadores sejam feridos se qualquer ferramenta ou material cair, garantindo a qualidade e a segurança do trabalho. Estas plataformas devem ser rígidas e dimensionadas de modo a resistir aos possíveis impactos a qual estarão sujeiras, conforme a NR 18. A plataforma principal de proteção deve ser instalada na altura da primeira laje, em balanço ou apoiada, e a cada três lajes deve haver uma plataforma secundária. Recomenda-se que na própria laje concretada sejam previstos e instalados meios de fixação ou apoio para as vigas, perfis metálicos ou equivalentes (ganchos, forquilhas, etc). A fixação da plataforma na laje concretada deve ser planejada com antecedência. A plataforma principal deve ter projeção horizontal mínima de 2,50m e um complemento de 0,80m, com inclinação de 45 graus a partir da extremidade. Já a plataforma secundária deve ter no mínimo, 1,40m de projeção horizontal e complemento igual ao da plataforma horizontal. Nas construções em que os pavimentos mais altos forem recuados, a plataforma principal deve ser instalada na primeira laje recuada e as secundárias a partir da quarta laje. Se a construção tiver pavimentos no subsolo, as plataformas terciárias entram a cada duas lajes, a partir da plataforma principal até o subsolo. Essas plataformas devem ter, no mínimo 2,20m de projeção horizontal da face externa da construção e o complemento de 0,80m de extensão com inclinação de 45 graus, a partir de sua extremidade. Todo o perímetro da construção deve ser fechado com tela, bem fixa nas extremidades dos complementos das plataformas. O estrado das plataformas deverá ser contínuo, sem nenhuma imperfeição ou vãos. Os recortes para as
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