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Centro Universitário Leonardo da Vinci Curso Bacharelado em Serviço Social JOSÉ GLAUBER MELO DE OLIVEIRA SES 0465/ Capitão Poço TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: MEDIDAS DE PREVENÇÃO AO ABUSO E EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM CAPITÃO POÇO. CAPITÃO POÇO 2020 2 JOSÉ GLAUBER MELO DE OLIVEIRA MEDIDAS DE PREVENÇÃO AO ABUSO E EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM CAPITÃO POÇO. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de TCC – do Curso de Serviço Social – do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Maria Jeanne de Oliveira Siqueira – Orientadora Local CAPITÃO POÇO 2020 3 MEDIDAS DE PREVENÇÃO AO ABUSO E EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM CAPITÃO POÇO POR JOSÉ GLAUBER MELO DE OLIVEIRA Trabalho de Conclusão de Curso aprovado do grau de Bacharel em Serviço Social, sendo-lhe atribuída à nota “______” (_____________________________), pela banca examinadora formada por: ___________________________________________ Presidente: Prof. Maria Jeanne de Oliveira Siqueira – Orientadora Local ____________________________________________ Membro: XXXXXXXXXXXXX - Supervisor de Campo ____________________________________________ Membro: XXXXXXXXXXXXX - Profissional da área CAPITÃO POÇO Data da Realização da Banca 4 DEDICATÓRIA Este TCC é dedicado a Francisca Vieira de Melo e Salvino Gomes de Melo, de todo o coração! 5 AGRADECIMENTOS Sou imensamente grato a Deus pelo sopro da vida e pelo dom do conhecimento, sou grato a minha família e aos meus amigos (as) que sempre estiveram ao meu lado, sobretudo nos momentos mais difíceis. Agradeço a minha família, em especial Francisca Vieira de Melo e Salvino Gomes de Melo, que genealogicamente são meus avós, mas me criaram, educaram e conduziram como pais, sou eternamente grato por tudo que fizeram e fazem por mim. Expresso minha gratidão a minha mãe, Francisca Núbia de Melo, que sempre fez todos os esforços para suprir todas as necessidades, foi minha primeira professora, me ensinou a ler e escrever, me dando oportunidade de ter conhecimento. Também sou grato aos meus irmãos Gabriele, Lucas e Luan, por estarem comigo nos momentos mais adversos. Meus mais sinceros agradecimentos à amiga Vanessa Lima, idealizadora do Movimento Infância Livre de Abusos- MILA, que na qual também faço parte. Agradeço ao Delegado de Policia Civil Dr. Heitor Gonçalves por ser incansável na luta de enfrentamento ao crime contra crianças e adolescentes. Quero também expressar minha gratidão pelo apoio e ajuda vindos da tutora presencial, Maria Jeanne de Oliveira Siqueira, sem as orientações e compromisso com a profissão eu não estaria formando, assim como sou grato por esta instituição (UNIASSELVI) por ter aberto as portas para o mundo do conhecimento acadêmico. 6 No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade. Albert Einstein. 7 RESUMO Esta pesquisa traz abordagens sensíveis em resposta ao abuso sexual infantil são importantes porque, a intervenção de serviços estatutários e não estatutários tem o potencial de mitigar ou agravar os danos à vítima. É feita uma diferença significativa para os sobreviventes de abuso sexual, onde os profissionais identificaram e intervieram adequadamente. Os seguintes recursos foram identificados como exemplos potencialmente úteis de abordagens de melhores práticas para apoiar assistentes sociais no município de Capitão Poço, a fim de minimizar o risco de danos em casos de abuso sexual infantil, incluem recomendações sobre abordagens que os assistentes sociais devem adotar para investigar possíveis abusos de crianças de maneiras sensíveis às necessidades das crianças e dos pais que não abusam, a fim de apoiá-las efetivamente e / ou evitar danos e traumas adicionais através da abordagem adotada por trabalhadores sociais. Este trabalho buscou descrever o trabalho do assistente social na instituição de acolhimento Lar Feliz, diante ao combate e prevenção da exploração sexual de crianças e adolescentes. Palavras-chave: Abuso sexual; Exploração Sexual; Assistente Social. 8 ABSTRACT This research brings sensitive approaches in response to child sexual abuse are important because, the intervention of statutory and non-statutory services has the potential to mitigate or aggravate harm to the victim. A significant difference is made for sexual abuse survivors, where professionals have identified and intervened appropriately. The following resources were identified as potentially useful examples of best practice approaches to support social workers in the municipality of Capitão Poço, in order to minimize the risk of harm in cases of child sexual abuse. include recommendations on approaches that social workers should take to investigate possible child abuse in ways that are sensitive to the needs of children and non-abuse parents, in order to effectively support them and / or prevent further harm and trauma through the approach adopted by social workers. This work sought to describe the work of the social worker at the host institution Lar Feliz, in the face of combating and preventing the sexual exploitation of children and adolescents. KEYWORDS: Sexual abuse; Sexual Exploitation; Social Worker. 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................10 2 APRESENTAÇÃO DO TEMA .................................................................................11 3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E A RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL ....................................................................................................................................16 4 JUSTIFICATIVA .....................................................................................................17 5 OBJETIVOS DA PESQUISA..................................................................................21 6 METODOLOGIA DE PESQUISA...........................................................................23 7 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA................................................................25 7.1. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.....................................................................26 8 CONCLUSÕES.......................................................................................................37 REFERÊNCIA............................................................................................................39 APÊNDICES...............................................................................................................40 10 1 INTRODUÇÃO O abuso sexual contra crianças e adolescentes é uma realidade gritante em todo o mundo. Uma percepção errônea comum sobre o abuso sexual infantil é que é um evento raro perpetrado contra meninas por homens estranhos em áreas pobres da cidade. Pelo contrário, é uma ocorrência muito comum que resulta em danos a milhões de crianças, meninos e meninas, em grandes e pequenas comunidades, e em uma variedade de culturas e contextos socioeconômicos. Esses atos são praticados por muitos tipos de agressores, incluindo homens e mulheres, estranhos, amigos ou familiares de confiança e pessoas de todas as orientações sexuais,classes socioeconômicas e antecedentes culturais. No município de Capitão Poço o índice de crianças e adolescentes vulneráveis a algum tipo de violência sexual é alarmante, isto ocorre, principalmente, pelo grande número de crianças e adolescentes em situação de risco. O presente trabalho de conclusão de curso visa conscientizar sobre o abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes. Esta conscientização será por meio de palestras feitas na instituição de acolhimento Lar Feliz, localizada no município de Capitão Poço. Apresenta-se com o objetivo de demonstrar a questão da violência contra crianças e adolescentes. Na atuação junto a esta demanda, se faz necessário um trabalho de reconhecimento da realidade vivida por esses sujeitos, para assim, elaborar ações e medidas para fortalecer os vínculos familiares na perspectiva de superação e rompimento da violência. Considerando a situação das crianças e adolescentes expostas à possibilidade de exploração e abuso sexual, qual a melhor forma de conscientizar estas crianças e adolescentes e prevenir a violência sexual? Para que a produção deste trabalho seja possível se fará necessária uma pesquisa bibliográfica, onde o objetivo principal será conhecer a visão de alguns autores sobra a temática, bem como conhecer melhor leis em vigor sobre o assunto em nosso país. Também serão necessárias observações, entrevistas e conversas com profissionais da instituição de acolhimento Lar Feliz. 11 2. APRESENTAÇÃO DO TEMA O tema escolhido para esta pesquisa foi dentro da tremática de Políticas Sociais e Cidadania, tendo como título Medidas de prevenção ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes em Capitão Poço, a pesquisa de campo ocorreu na isntituição de Acolhimento Lar Feliz-Capitão Poço. O debate sobre políticas públicas e cidadania é relativamente no campo dos direitos humanos, bem como no âmbito acadêmico, especialmente nas ciências sociais. Durante o último século, uma maior relevância foi atribuída a teorias com enfoque empírico no comportamento dos atores políticos e sociais, e a ação estatal foi vista como pouco relevante. A realidade atual traz um grande número de crianças e adolescentes que sofreram ou sofrem com abusos e exploração sexual, o assistente social, como uma espécie de defensor da cidadania deve fazer trabalhos de abordagem de combate e prevenção a este mal. 2.1. ABUSO E EXPLORAÇÃO SEXUAL: fenomenologia e definições O abuso sexual de crianças é qualquer ato sexual concluído ou tentado (não concluído) , contato sexual ou exploração (por exemplo, sem contato)interação sexual) de uma criança por um cuidador. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como: O envolvimento de uma criança em atividade sexual que ela não compreende totalmente, é incapaz de dar consentimento ou que viola as leis ou tabus sociais da sociedade. O abuso sexual de crianças é evidenciado por esta atividade entre uma criança e um adulto ou outra criança que, por idade ou desenvolvimento, esteja em um relacionamento de responsabilidade, confiança ou poder, cuja atividade se destina a satisfazer ou satisfazer as necessidades da outra pessoa. Isso pode incluir, mas não está limitado a: indução ou coerção de uma criança para se envolver em qualquer atividade sexual ilegal; o uso exploratório da criança na prostituição ou outras práticas sexuais ilegais; o uso explorador de crianças em performances e materiais pornográficos. É importante notar que essas definições incluem como atos que envolvem e não envolvem toque físico ou força física, incluindo atos sexuais concluídos, tentativas de 12 atos sexuais, toque sexual abusivo e agressões sem contato, como assédio, ameaças, exposição forçada à pornografia e capturar imagens sexuais indesejadas, como filmagens ou fotografias. Em alguns casos, o destinatário pode não estar ciente de sua própria vitimização ou de que a violência tenha sido perpetrada contra ele. Essa amplitude de escopo reflete o reconhecimento de que impor qualquer tipo de intenção sexual a alguém contra sua vontade é um ato inerentemente violento, independentemente do uso de força física ou do contato ou lesão resultante. Essas definições também levantam a consideração importante do consentimento e identificam categorias de pessoas que não conseguem consentir ou resistir devido à idade. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) endossa a definição do Conselho da Europa de abuso sexual infantil, que inclui atividades que envolvem uma criança menor de idade, conforme previsto na legislação nacional, além de atividades sexuais com crianças que envolvam coerção, abuso de posição. de confiança ou influência, ou exploração de uma criança vulnerável ou dependente. Atos adicionais em relação às crianças envolvem a exploração sexual de crianças através da prostituição ou de imagens abusivas; lucrar com ou qualquer papel na facilitação, observação ou exploração do envolvimento de uma criança em performances sexuais; fazer com que uma criança testemunhe abuso sexual ou atos sexuais; e solicitação de crianças. Para conscientizar as pessoas, em 18 de maio, o Dia Nacional do Brasil para o Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, organizações sociais e a Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente se uniram para lançar iniciativas como seminários, flash mobs, estudos e a distribuição de material relacionado ao tópico. Em 2015 e 2016, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos recebeu mais de 37 mil denúncias de agressões sexuais em sua linha direta Disque 100, visando vítimas de até 18 anos de idade - 10% das ligações. Abuso sexual (72%) e exploração sexual (20%) foram os casos mais 13 mencionados na pesquisa. As outras ligações estavam relacionadas a outras violações, como pornografia infantil, sexagem (compartilhamento de conteúdo sexual por meio de mensagens de texto móveis), higiene (tentativa de um adulto de conquistar a confiança da vítima), exploração sexual no turismo e estupro. A maioria das vítimas são meninas (67,69%), seguidas por meninos (16,52%). As vítimas não tiveram seu sexo especificado em 15,79% dos relatos. Homens (62,5%) e adultos de 18 a 40 anos (4%) são os autores na maioria dos casos. Em cerca de 40% das ligações, as vítimas eram crianças de até 11 anos de idade. Os adolescentes de 12 a 14 e 15 a 17 anos totalizaram 30,3% e 20,09% das vítimas, respectivamente. Na opinião de Carlos Tilkian, chefe da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (ABRINQ), uma das instituições participantes da campanha, o melhor combate é a prevenção por meio de uma iniciativa de conscientização envolvendo os pais e a população em geral, bem como educadores e profissionais de saúde. O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi introduzido por meio de uma lei federal promulgada em 2000. A data era originalmente uma oportunidade para lembrar Araceli Crespo, 8 anos, sequestrada, estuprada e violentamente morta em Vitória, Espírito Santos. Apesar do crime hediondo, os autores nunca foram punidos. A violência sexual contra crianças é uma violação grave dos direitos da criança. No entanto, é uma realidade global em todos os países e grupos sociais. Pode assumir a forma de abuso sexual, assédio, estupro ou exploração sexual em prostituição ou pornografia. Isso pode acontecer em casas, instituições, escolas, locais de trabalho, em instalações de viagens e turismo, dentro das comunidades - tanto em contextos de desenvolvimento quanto em emergências ( ver violência de gênero em situações de emergência ) , bem como em contextos não emergenciais em países desenvolvidos.. Cada vez mais, a Internet e os telefones celulares também colocam as crianças em risco de violência sexual, já que alguns adultos buscam a Internet parabuscar relações sexuais com crianças. Há também um aumento no número e na circulação de imagens de abuso infantil. As próprias crianças também enviam mensagens ou imagens sexualizadas em seus celulares, o chamado 'sexting', que as coloca em risco de outros 14 abusos. O estudo da UNICEF de 2018, Hidden in Plain Sight, estima que cerca de 120 milhões de meninas com menos de 20 anos (cerca de 1 em cada 10) foram submetidas a relações sexuais forçadas ou outros atos sexuais forçados em algum momento de suas vidas. Os meninos também relatam experiências de violência sexual, mas o fazem em menor grau do que as meninas. Embora estimativas globais mais recentes sobre violência sexual entre meninos não estejam disponíveis devido à falta de dados comparáveis na maioria dos países, as meninas geralmente relatam taxas de vida três vezes mais altas que os meninos nos países de alta renda. É provável que milhões de crianças sejam exploradas anualmente em prostituição ou pornografia em todo o mundo, na maioria das vezes atraídas ou forçadas a essas situações por meio de falsas promessas e conhecimento limitado sobre os riscos. No entanto, a verdadeira magnitude da violência sexual está oculta por causa de sua natureza sensível e ilegal. A maioria das crianças e famílias não relata casos de abuso e exploração por causa de estigma, medo e falta de confiança nas autoridades. A tolerância social e a falta de consciência também contribuem para a subnotificação. As evidências mostram que a violência sexual pode ter sérias consequências físicas, psicológicas e sociais de curto e longo prazo, não apenas para meninas ou meninos, mas também para suas famílias e comunidades. Isso inclui riscos aumentados de doenças, gravidez indesejada, sofrimento psicológico, estigma, discriminação e dificuldades na escola. Como parte do compromisso da UNICEF com a Convenção sobre os Direitos da Criança, o Protocolo Opcional sobre Venda de Crianças, Prostituição Infantil e Pornografia Infantil e a Declaração do Rio de Janeiro e Apelo à Ação para Prevenir e Parar a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, O UNICEF trabalha para prevenir e responder à violência sexual, envolvendo diferentes setores do governo - justiça, bem-estar social, educação e saúde - além de legisladores, sociedade civil, líderes comunitários, grupos religiosos, setor privado, mídia, famílias e crianças. O UNICEF apoia os governos no fortalecimento dos sistemas de proteção à criança nos níveis nacional e local - incluindo leis, políticas, regulamentos e a prestação de serviços abrangentes às crianças vítimas. O UNICEF também trabalha com as comunidades e o 15 público em geral para aumentar a conscientização sobre o problema e abordar atitudes, normas e práticas que são prejudiciais às crianças. 2.2. FATORES CONSIDERADOS DE RISCO O abuso sexual de crianças e adolescentes geralmente ocorre ao lado de outras formas de abuso ou negligência e em ambientes familiares em que pode haver baixo apoio familiar e / ou alto estresse, como pobreza alta, baixa educação dos pais, pais ausentes ou solteiros, abuso de substâncias parentais, uso doméstico violência ou pouca atenção do responsável. Crianças e adolescentes impulsivos, emocionalmente carentes e com dificuldades de aprendizado ou físicas, problemas de saúde mental ou uso de substâncias podem estar em maior risco (PINHEIRO, 2016). Para Nelson (2012) as crianças e adolescentes em situação de rua podem estar particularmente em risco, inicialmente como uma condição que leva ao status de fora de casa e, mais tarde, como consequência de situações como a vida violenta nas ruas. Essas crianças e adolescentes podem ser explorados e forçados a trocar sexo por necessidades de sobrevivência, como comida, abrigo, dinheiro ou drogas. Em muitos países, crianças em conflito com a lei podem estar em risco de abuso por parte das autoridades nas ruas e em detenção; Quando detidos, eles também podem ser alojados inadequadamente com adultos e ficar vulneráveis ao abuso e exploração sexual. Segundo Pinheiro (2016) crianças que vivem em ambientes de conflito e pós- conflito também correm um risco maior de abuso e exploração sexual, atribuível à quebra de estruturas de proteção normais. Algumas das crianças e adolescentes em risco particular nesses locais são crianças não acompanhadas que foram separadas de suas famílias e podem não ter proteção adequada; crianças detidas; crianças-soldados; adolescentes; crianças com deficiência; crianças que trabalham; mães adolescentes, que podem não ter apoio ou recursos; e filhos nascidos de estupro, que podem ser deixados de lado por suas comunidades. 16 3. PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E A RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL. Para Goldman (2010) a heterogeneidade das definições de abuso sexual infantil também se reflete nas reações amplamente variadas, que variam de forte impacto psicológico a nenhuma evidência de sequelas psicológicas negativas. Para os afetados, os efeitos na saúde mental do abuso sexual são variados. Crianças e adolescentes sobreviventes de abuso sexual correm um risco aumentado de ansiedade, comportamento e preocupações sexuais inadequadas, raiva, culpa, vergonha, depressão, transtorno de estresse pós-traumático e outros problemas emocionais e comportamentais ao longo da vida. Pesquisas mostram que os sobreviventes de abuso sexual infantil têm maior probabilidade de ter problemas sociais e / ou de saúde na vida adulta, como problemas com álcool, uso de drogas ilícitas, tentativas de suicídio e problemas de casamento / família. Numerosos estudos mostram que os sobreviventes são vulneráveis a revitimização sexual posterior na adolescência e na idade adulta (UNICEF, 2010). A instituição de acolhimento Lar Feliz, acolhe crianças e adolescentes em situação de risco social, que foram abandonadas ou retiradas de suas famílias por maus tratos/abandono. Diante este trabalho partiu da seguinte indagação o: que medidas são cabíveis para prevenção e combate de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes da instituição de acolhimento Lar Feliz? 17 4. JUSTIFICATIVA O abuso e exploração sexual é realmente um problema global, muitas vezes desafiando mitos e estereótipos, e não parece estar diminuindo ao longo do tempo. Existem muitas definições diferentes de abuso e exploração sexual, adicionando aos desafios de medição, avaliação e tratamento (OMS, 2012). A globalização e a tecnologia moderna podem aumentar o risco de abuso e exploração, mas também podem oferecer oportunidades para fortalecer nossas respostas, principalmente em áreas de recursos mais baixos. É claro que o abuso e exploração estão associados ao risco de resultados psicossociais e de saúde negativos, mas os processos de resiliência também identificaram vários fatores de proteção (por exemplo, apoio familiar, relacionamento pais-filho, apoio social) que poderiam ser fortalecidos através da prevenção e intervenção precoce esforços. O abuso sexual infantil explora e degrada as crianças e pode causar sérios danos ao desenvolvimento cognitivo, social e emocional de uma criança (ASSIS, 2009). Como sociedade, temos uma responsabilidade coletiva de impedir o abuso sexual infantil. Para conseguir isso, precisamos iniciar e apoiar serviços e políticas que melhorem o desenvolvimento, a saúde e a segurança das crianças e devemos defender políticas e programas para ajudar a atender às necessidades básicas de crianças e famílias. Também devemos promover pesquisa, treinamento e educação pública para fortalecer os fatores de proteção que amortecem os fatores de risco para abuso sexual e, ao mesmo tempo, abordam diretamente esses fatores de risco. Muitos especialistas estão preocupados que, mesmo quando as crianças mantêm o conhecimento adquirido por meio de programasde prevenção de abuso sexual infantil, essas crianças são incapazes de resistir a comportamentos abusivos direcionados a eles por agressores mais velhos e mais fortes. Tais preocupações parecem válidas, uma vez que aproximadamente 40% das crianças vítimas de abuso sexual têm 6 anos ou menos e, portanto, podem ser especialmente impressionáveis e vulneráveis à vitimização (CAVALCANTI, 2007). 18 Os adultos devem exercer uma obrigação afirmativa de proteger as crianças contra abuso sexual. Portanto, ao fortalecer os programas de prevenção de abuso sexual infantil existentes, devem ser feitos esforços para criar programas que mudem a responsabilidade da prevenção de abuso sexual infantil de crianças para adultos e instituições públicas (GOMES, 2017) . Uma dessas abordagens inclui educação pública ampla e intensiva, como o uso de campanhas na mídia, para aumentar a conscientização e o conhecimento dos adultos sobre abuso sexual infantil e ensinar as ações que os adultos podem adotar para proteger as crianças. Os sinais de abuso sexual infantil costumam ser sutis e desafiam a detecção mesmo por pais e profissionais experientes. São necessários esforços adicionais, incluindo a educação dos pais em métodos para reduzir o risco de abuso sexual infantil e treinamento para profissionais e outros cuidadores que trabalham com crianças para reconhecer e responder adequadamente ao comportamento sexualmente reativo (GOMES, 2017). Além disso, o treinamento e a educação dos pais, cuidadores e profissionais também devem se concentrar no que fazer quando uma criança revela abuso sexual, como denunciar abuso sexual e em como responder às necessidades da criança quando a divulgação é feita. O abuso sexual infantil é tratado principalmente por dois sistemas - o sistema de proteção infantil e o sistema de justiça criminal. Ambos os sistemas abordam o abuso sexual infantil somente depois que o abuso já ocorreu (CAVALCANTI, 2007). Além disso, ambos estão preocupados com a distribuição de justiça, em vez de impedir o abuso sexual infantil. Como tal, nem se concentra na formulação de soluções para reduzir o abuso sexual infantil ou curar as consequências negativas do abuso sexual infantil. Além disso, como a maioria dos casos de abuso sexual infantil não é formalmente relatada à justiça criminal nem aos sistemas de proteção à criança, nem os interesses da justiça ou da proteção são adequadamente atendidos pela resposta institucional atual ao abuso sexual infantil. Novas abordagens de ponta estão sendo desenvolvidas para evitar o abuso sexual infantil (CAVALCANTI, 2007). 19 Tais abordagens complementam a justiça criminal e os sistemas de proteção à criança, mas se concentram mais na prestação de contas, na reabilitação e na restituição do que na punição. No entanto, apesar do grande potencial que tais abordagens têm para impedir o abuso sexual infantil, elas são novas e ainda não foram totalmente testadas. Tais abordagens, incluindo a promoção da liderança dos sobreviventes, círculos de prestação de contas e apoio, mensagens públicas direcionadas a autores e pretensos autores de abuso sexual infantil e tratamento de agressores sexuais infantis, devem ser mais exploradas, avaliadas rigorosamente e fortalecidas. As crianças que sofreram abuso sexual podem enfrentar consequências psicológicas graves e de longo prazo. Os serviços de saúde mental, especialmente se oportunos, podem ajudar a aliviar algumas dessas consequências. Eles também podem ajudar a interromper a transmissão intergeracional de abuso sexual infantil (GOMES, 2017). Os serviços de saúde mental para aqueles que praticam comportamentos abusivos podem ajudá-los a lidar com estressores que muitas vezes levam ao abuso sexual, ajudando a acabar com esse abuso. O abuso sexual infantil é definido como a exposição ou a submissão inadequada de uma criança a contato, atividade ou comportamento sexual. O abuso sexual inclui contato oral, anal, genital, nádegas e seios (CAVALCANTI, 2007). Também inclui o uso de objetos para penetração vaginal ou anal, acariciando ou estimulação sexual. A exploração de uma criança para fins pornográficos, disponibilizando-a para outra como prostituta infantil e estimulando uma criança com solicitações inadequadas, exibicionismo e material erótico também são formas de abuso sexual. Os comportamentos sem contato, como voyeurismo, exposição indecente e comentários sexuais a crianças, também constituem abuso sexual. O município de Capitão Poço também apresenta muitos casos de abuso e exploração sexual de menores. A instituição de acolhimento Lar Feliz, recebe crianças que encontram-se em situação de vulnerabilidade social, que foram abandonadas por seus pais e familiares ou por diversos motivos precisaram ser retiradas do seio familiar. 20 Falar abertamente sobre a temática de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes é de suma importância, sobretudo, para estas crianças, tendo em vista seus históricos de vulnerabilidade social. Durante as experiências de estágios supervisionados ocorridos no primeiro semestre de 2019, surgiu o interesse por pesquisar sobre as formas de prevenção destas situações com as crianças e adolescentes desta instituição de acolhimento. Considerando a flexibilidade das funções desempenhadas pelo assistente social no exercício de sua profissão, compreende-se, que quanto futura assistente social, se faz necessário ter conhecimento acerca das formas e medidas de prevenção ao abuso e exploração sexual infantil, tento em vista, ser uma triste e rotineira realidade para as crianças e adolescentes em nosso país. Esta temática já é amplamente debatida por diversos autores pelo mundo e ao longo da história, no entanto, é preciso, que enquanto futura assistente social, também conheça a realidade local da região norte, sobretudo do estado do Pará, em especial o município de Capitão Poço, que é onde resido, estagio e onde atuarei após a formatura de assistente social. Ter esta visão micro, além da macro, vista e revisada por autores e documentos oficiais, faz com que o assistente social paraense, principalmente o atuante no município de Capitão Poço, tenha uma noção mais aproximada e fiel a sua realidade, dando assim, embasamento para seu trabalho de prevenção e combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes neste município. Tendo em vista que o abuso sexual infantil ocorre em todas as populações. Isso acontece com crianças em todos os níveis socioeconômicos e educacionais, em todos os grupos raciais e culturais e em áreas rurais e urbanas. A grande maioria dos abusadores sexuais de crianças inclui alguém que a criança conhece, como um pai ou outro parente, professor, clero, vizinho ou amigo (ASSIS, 2009). É preciso elaborar estratégias de prevenção, conscientização e combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. 21 5. OBJETIVOS Embora o abuso e exploração sexual não ocorram apenas com crianças e adolescentes, este grupo é especialmente vulnerável a este tipo de ocorrência. Por isto, é importante que menores estejam cientes dos riscos que correm. É necessário que o assistente social, para fim de prevenção, esteja atento de que não há um perfil traçado do abusador, mas que algumas atitudes são comuns entre eles, de forma geral, Sinais de alerta comuns daqueles que abusam sexualmente de crianças incluem conversas excessivas sobre as atividades sexuais de crianças ou adolescentes; masturbação excessiva; falar sobre fantasias sexuais, incluindo crianças; incentivar uma criança a guardar segredos; visualização de pornografia infantil; pedidos para parceiros adultos se vestirem ou agirem como uma criança durante a atividade sexual; tempo excessivo gasto com crianças ou adolescentes, não com adultos; e a identificação de crianças comgírias sexuais. No entanto, os agressores sexuais geralmente não apresentam indicadores tão evidentes de abuso sexual de crianças. Portanto, além de estarem sintonizados com os sinais de alerta, os pais e responsáveis devem empregar rotineiramente estratégias de redução de risco, que minimizem, na medida do possível, a exposição ao risco da criança por abuso sexual. Medidas básicas como abster-se da exibição pública do nome impresso da criança do lado de fora de roupas ou mochilas, fornecer supervisão dos pais calibrada para o nível de oportunidade que uma dada circunstância pode apresentar para a ocorrência de abuso sexual infantil e observar e monitorar os relacionamentos da criança O fato de ter adolescentes e adultos é uma prática rotineira que pais e cuidadores podem adotar para reduzir a exposição ao risco da criança por abuso sexual. Tendo em vista esta dificuldade em se reconhecer um potencial abusador, é preciso estar constantemente atento, por isso, esta pesquisa traçou alguns objetivos a serem alcançados, que mostraremos a seguir. 22 5.1 OBJETIVO GERAL Conscientizar crianças e adolescentes da instituição de acolhimento Lar Feliz sobre a violência sexual, afim de diminuir a ocorrência deste tipo de crime no município de Capitão Poço. 5.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Esclarecer os conceitos de abuso e exploração sexual; Fazer com que crianças e adolescentes sejam capazes de identificar possíveis abusadores, com a finalidade de prevenir a violência sexual, antes que esta seja consumada; Expor as consequências do abuso e/ou exploração sexual para a vitima; Mostrar quais as penas para quem comete este tipo de violência; Conscientizar as vitimas a denunciarem e os procedimentos para que esta denuncia ocorra. 23 6. METODOLOGIA DE PESQUISA Pretendeu-se, através de pesquisas bibliográficas e de campo, elaborar palestras sobre a temática abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, para dinamizar as palestras e as tornar mais atrativas, se fez necessário o uso de fantoches, que encenaram ocorrências e esclareceram dúvidas dos ouvintes. A partir destas premissas, houve a intenção de realizar uma pesquisa de campo, para isto, foi necessária a escolha de uma metodologia capaz de proporcionar um estudo mais detalhado, sendo selecionada uma pesquisa qualitativa, que pode proporcionar ao pesquisador um contato mais próximo com os sujeitos envolvidos. Segundo Gil (2007) O contato direto com a realidade, “considerando a reação dos sujeitos da pesquisa em relação ao que está sendo proposto” (p. 32) permite uma análise significativa da realidade, tendo como fundamento a intenção de preservar um rigor científico tanto na coleta como na análise de informações, propiciando o surgimento de um conhecimento com condições de ser decodificado. Também foi utilizado um questionário, composto por perguntas objetivas e subjetivas, contendo 10 perguntas que visaram conhecer melhor o assistente social atuante na instituição de acolhimento Lar Feliz, no município de Capitão Poço, bem como a sua visão sobre o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Esta entrevista em forma de questionário, foi entregue à duas assistentes sociais que atuam na instituição de acolhimento “Lar Feliz”. A exploração e o abuso sexual contra crianças e adolescentes ocorre desde de muito tempo, numa relação de poder, ultrapassando os limites dos direitos humanos, legais, de poder e de regras sociais e familiares, sendo que a criança e/ou adolescente passa por um processo de desumanização, ou seja, de coisificação, se tornando um objeto para satisfazer o desejo do outro. No município de Capitão Poço o índice de crianças e adolescentes vulneráveis à algum tipo de violência sexual é alarmante, isto ocorre, principalmente, pelo grande número de crianças e adolescentes em situação de risco. 24 A presente pesquisa é fruto dos dados coletados através de um projeto de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) que visou conscientizar sobre o abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes. Esta conscientização ocorreu por meio de palestras feitas com ajuda de fantoches, na instituição de acolhimento Lar Feliz, localizada no município de Capitão Poço. Os dados coletados foram minuciosamente analisados e sistematizados em gráficos e tabelas, e visam compreender e demonstrar as funções do assistente social diante situações de abuso e exploração, na prevenção e combate. Por questões de ética, não foram utilizados e citados os nomes das assistentes sociais participantes da pesquisa, as denominaremos de Social 1 e Social 2. 25 7. ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA O projeto Combate Ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes ocorreu na instituição de acolhimento Lar Feliz, através de palestras, utilizando-se de fantoches, que tentaram responder os seguintes questionamentos: O que é o abuso sexual? Qual o perfil do abusador? Quais as consequências do abuso? Qual a pena para quem comete abuso? Como denunciar um abusador? Levando em consideração o grande número de crianças e adolescentes que sofreram algum tipo de violência sexual ou em situação de vulnerabilidade à este tipo de violência, questiona-se: Como alertar e instruir crianças e adolescentes contra a violência sexual e como devem agir, caso a violência já tiver ocorrido? Percebemos que mesmo diante de grandes conquistas, a real efetivação dos direitos das crianças e adolescentes nem sempre ocorrem de maneira eficaz em nossa sociedade, porém há serviços e mobilizações que buscam por alternativas nesse embate. A instituição onde esta pesquisa ocorreu, fica localizada na rua Josefa Alves Bezerra, nº 38. Devido a uma regra interna da instituição, não foi possível fazer registros fotográficos do local. A instituição de Acolhimento Lar Feliz atende um número bastante rotativo de crianças e adolescentes, que foram vitimas de algum tipo de violência ou abandono, por parte de suas famílias. No período em que a aplicação do projeto de TCC ocorreu, a instituição contava com 8 menores (com idades entre 4 e 16 anos) residindo nela e outros 9 menores que passavam parte do dia lá e ao final da tarde voltavam para suas casas. 26 7.1. O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL NO COMBATE E PREVENÇÃO DO ABUSO E EXPLORAÇÃO SEXUAL NA INSTITUIÇÃO DE ACOLHIMENTO “LAR FELIZ” A entrevista, em forma de questionário era composta por 10 questões, sendo objetivas e subjetivas, as questões de número 1 e 2, eram, respectivamente sobre a formação dos sujeitos participantes e seu tempo de atuação na instituição, as repostas foram as seguintes: Social 1: Bacharel em Assistência Social; Atuante na instituição “Lar Feliz” há 3 anos. Social 2: Bacharel em Assistência Social; Atuante na instituição “Lar Feliz” há 3 anos. A questão de número 3, trouxe a seguinte indagação: Quais as funções que você desempenha dentro da instituição lar Feliz? As respostas foram as seguintes: Tenho como funções a analise e elaboração de projetos que visem o bem-estar social das crianças que se encontram internas na instituição, bem como aquelas que vêm passar o dia no Lar Feliz e ao final das tardes regressam às suas famílias. Também tenho como função acompanhar as famílias destas crianças e adolescentes, em visitas e elaboração de relatórios sobre às mesmas. Além de repassar relatórios e dados referentes à casos de crianças vitimas de violência ou abandono ao Conselho Tutelar de Capitão Poço. (Social 1, 2020). Busco desenvolver estratégias, junto à equipe de acolhimento que visam receber as crianças e adolescentes que chegam ao Lar Feliz, também é de minha incumbência também acompanhar a situação de cada uma e de suas famílias e produzirrelatórios sobre isso. (Social 2, 2020). A experiência das desigualdades extremas que o Brasil compartilha com vários outros países da América Latina faz com que seja indispensável considerar as características históricas e sociais, do trabalho social no Brasil (BARROCO, 2013). Voltando o questionamento sobre abuso e exploração sexual, a questão de número 4, era composta pelas letras A e B, que pediam o que casa assistente social compreendia como Abuso sexual e Exploração sexual, as respostas foram as seguintes: Sobre abuso sexual: Existem várias definições de abuso sexual. Posso aqui defini-lo como qualquer interação sexual envolvendo uma pessoa que não consente . Essa extensa definição nos leva a compreender a representação atual do abuso sexual, seguindo três eixos: o que a determina, os comportamentos que a compõem e os processos que estão em funcionamento (Social 1). 27 O abuso sexual é um fenômeno complexo e onipresente. Com base em sua definição atual no princípio do consentimento, consagra a possibilidade do indivíduo decidir sobre seu (não) envolvimento na atividade sexual. E identifica uma categoria de pessoas que não podem usar validamente essa faculdade: crianças, que, portanto, merecem estar sujeitas a proteção especial contra interações sexuais nas quais os adultos as envolveriam e que, em todos os casos , será considerado abuso sexual. (Social 2). O abuso sexual é uma atividade sexual indesejada, com os autores usando a força, fazendo ameaças ou tirando proveito das vítimas que não são capazes de dar consentimento. A maioria das vítimas e agressores se conhecem. As reações imediatas ao abuso sexual incluem choque, medo ou descrença (ASSIS, 2009). Os sintomas a longo prazo incluem ansiedade, medo ou transtorno de estresse pós-traumático. Embora os esforços para tratar os agressores sexuais continuem pouco promissores, as intervenções psicológicas para os sobreviventes - especialmente a terapia de grupo - parecem eficazes (CAVALCANTI, 2007). O abuso sexual é um comportamento sexual ou um ato sexual forçado a uma mulher, homem ou criança sem o seu consentimento. O abuso sexual inclui o abuso de uma mulher, homem ou criança por um homem, mulher ou criança (GOMES, 2017). O abuso sexual é um ato de violência que o agressor usa contra alguém que considera mais fraco do que ele. Não vem de um desejo sexual incontrolável, mas é um crime cometido deliberadamente com o objetivo de controlar e humilhar a vítima (NELSON, 2012). A maioria das vítimas de violência sexual são mulheres - fato que reflete sua posição social ainda hoje, no século XXI, como inferior aos homens. A violência sexual é outro meio de oprimir as mulheres em uma sociedade patriarcal (GOLDMAN, 2010). Sobre exploração sexual, as assistentes sociais definiram: A exploração sexual é um ato ou atos cometidos por abuso não consensual ou exploração da sexualidade de outra pessoa com a finalidade de gratificação sexual , ganho financeiro, benefício ou vantagem pessoal ou qualquer outro objetivo não legítimo. (Social 1). A exploração sexual infantil é um tipo de abuso sexual . Quando uma criança ou jovem é explorada, eles recebem coisas como presentes, drogas, dinheiro, 28 status e carinho, em troca de realizar atividades sexuais. Crianças e jovens geralmente são levados a acreditar que estão em um relacionamento amoroso e consensual. (Social 2). A exploração sexual pode ser difícil de detectar e, às vezes, confundida com comportamento adolescente "normal". Conhecer os sinais pode ajudar a proteger as crianças e ajudá-las quando elas não têm mais ninguém a quem recorrer. Uma criança pode saber que está sendo explorada sexualmente. Eles podem estar preocupados ou confusos e menos propensos a falar com um adulto em quem confiam (GOMES, 2017). É importante entender que não há limite de idade para ser explorada sexualmente ou para explorar alguém. Isso pode acontecer com qualquer pessoa, não importa o tempo de sua vida. É por isso que você precisa aprender a reconhecer os sinais ou como funciona a exploração sexual e também sabe onde procurar ajuda (CAVALCANTI, 2007). Como é a exploração sexual? Bem, é bastante difícil de detectar, porque a coisa toda geralmente é esquecida. As vítimas, na maioria das vezes, são manipuladas: chantagem, ameaças, força física, isolamento, violência psicológica ... Em suma, a vítima é atraída para esse processo sem sequer perceber, na maioria das vezes. Não existe um "manual" para levar alguém à prostituição ou à pornografia infantil, mas muitas vezes a vítima recebe várias recompensas, como bens materiais (jóias, roupas, sapatos ...), dinheiro, drogas ou um sentimento de proteção e segurança em troca de serviços sexuais ou mesmo desempenho sexual (fotos ou vídeos íntimos e eróticos com menores de idade) para fins comerciais. Deve-se entender que a exploração sexual decorre de uma dinâmica de poder e violência entre a vítima e a pessoa que a explora (ASSIS, 2009). A exploração e a violência sexual conseguem interferir furtivamente em vários tipos de relacionamentos: pode ser em um casal, em um relacionamento amigável, em uma situação de dependência, em uma situação em que alguém abuse do seu poder, etc. . A pessoa que explora também pode fazer parte de uma rede em que outras pessoas compartilham os ganhos que a vítima lhes permite obter. em uma situação em que alguém está abusando de seu poder, etc (GOMES, 2017). A pessoa que explora 29 também pode fazer parte de uma rede em que outras pessoas compartilham os ganhos que a vítima lhes permite obter. em uma situação em que alguém está abusando de seu poder, etc. A pessoa que explora também pode fazer parte de uma rede em que outras pessoas compartilham os ganhos que a vítima lhes permite obter, o que é comumente chamado de gangues de rua ou crime organizado. Na maioria das vezes, a pessoa que explora não é um completo estranho: é uma pessoa em que conhecemos e confiamos. Manipulação é sua arte favorita. No entanto, várias consequências negativas emergem da exploração sexual, seja na vítima ou na pessoa que a explora (CAVALCANTI, 2007). A questão de número 5, trouxe a indagação: quais fatores você considera de risco para que haja o abuso ou exploração sexual de crianças e adolescentes? As assistentes sociais deram as seguintes respostas: Os fatores de risco estão ligados a uma maior probabilidade de perpetração de violência sexual. Eles são fatores contribuintes e podem não ser causas diretas. Nem todo mundo identificado como em risco se torna um perpetrador de violência. Uma combinação de fatores individuais, relacionais, comunitários e sociais contribui para o risco de se tornar um autor de violência sexual. A compreensão desses fatores pode ajudar a identificar várias oportunidades de prevenção. (Social 1). Posso dividir os riscos em fatores distintos, o primeiro é o fator individual: ambiente familiar caracterizado por violência física e conflito; histórico infantil de abuso físico, sexual ou emocional; ambiente familiar emocionalmente sem apoio; más relações pai-filho, particularmente com pais. Falta de apoio institucional da polícia e do sistema judicial; Tolerância geral à violência sexual na comunidade; Fracas sanções da comunidade contra os autores de violência sexual. Fatores sociais: Normas sociais que apoiam a violência sexual; Normas sociais que apoiam a superioridade masculina e o direito sexual sobre o outro; Normas sociais que mantêm a inferioridade e a submissão sexual das mulheres e altos níveis de criminalidade e outras formas de violência. (Social 2). O abuso sexual na infância é reconhecido como um fator de risco associado a distúrbios mentais, como depressão, ansiedade e personalidade e distúrbios sexuais, fobia social, dependência e sofrimento físico, incluindo infecções sexuais, entre outros (ASSIS, 2009).Na maioria dos casos, os membros da família ou pessoas conhecidas pela vítima são implicados, razão pela qual os casos de abuso são mantidos em segredo pela 30 família e, consequentemente, são transmitidos de geração em geração (GOLDMAN, 2010). No geral, as características dos autores, vítimas e famílias das vítimas foram fatores de risco moderados a fortes para abuso sexual infantil. No entanto, é difícil distinguir entre fatores de risco para vitimização sexual infantil extrafamiliar e intrafamiliar porque a maioria dos estudos combinou esses dois tipos de abuso sexual infantil, embora os fatores de risco para esses dois tipos de abuso sexual infantil provavelmente sejam diferentes (ASSIS, 2009). A pesquisa nessa área é difícil, porque os modelos etiológicos e de prevenção à vitimização diferem substancialmente daqueles da perpetração. Dada a baixa prevalência anual de vitimização sexual infantil, seriam necessárias amostras muito grandes para obter energia suficiente. Assim, a maioria dos estudos utilizou prevalência ao longo da vida, o que pode fornecer muitas informações úteis, mas que adicionam tempo substancial (CAVALCANTI, 2007). Finalmente, a vitimização sexual infantil é provavelmente um nome impróprio, pois a natureza, o impacto e a etiologia da vitimização sexual diferem muito provavelmente ao longo da grande faixa etária da infância e do sexo (GOLDMAN, 2010). Como modelos e programas de prevenção aprimorados exigem modelos etiológicos aprimorados (com base no conhecimento de fatores de risco e proteção), esperamos que esta revisão concentre as partes interessadas na necessidade de continuar a pesquisa nessa área. A questão de número 6, foi: considerando sua experiência dentro e fora da instituição Lar Feliz, o abuso sexual é algo alarmante no município de Capitão Poço? ( ) Sim ( ) Não. As respostas estão expressas no quadro abaixo: Figura 1: Respostas dos participantes Participante Resposta Social 1 Sim Social 2 Sim Fonte: questionário da pesquisa 31 Considerando suas vivencias, as assistentes sociais consideram o número de casos envolvendo violência sexual contra crianças e adolescentes alarmante. O abuso sexual na infância tem sido amplamente discutido em todo o mundo e é um problema de saúde pública (CAVALCANTI, 2007). Aparece de maneira semelhante em todo o mundo, pois não está relacionado a uma raça ou grupo socioeconômico específico, a maioria das vítimas é do sexo feminino e há uma prevalência de casos intrafamiliares. A literatura mundial sustenta que todos os tipos de abuso, em especial o sexual, são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de psicopatologias. Vários estudos relatam uma grande variedade de distúrbios identificados em vítimas de abuso. Os principais sintomas observados no abuso sexual estão relacionados ao transtorno de estresse pós-traumático, comportamento, diminuição do desempenho escolar, ansiedade generalizada e depressão. O abuso de álcool e outras drogas pelas vítimas também é comum, assim como distúrbios do sono e dificuldades de memória (ASSIS, 2009). Os efeitos psicológicos do abuso e da violência podem variar significativamente por sua duração e intensidade e dependem de muitos fatores, incluindo a frequência do abuso, o relacionamento da vítima com o agressor e a história da psicopatologia da criança (GOLDMAN, 2010). As consequências também podem se manifestar durante a vida adulta, mesmo que nenhum sintoma apareça logo após sua ocorrência. Cada sintoma isolado pode ter várias causas. No entanto, a presença de vários desses sintomas merece uma avaliação mais abrangente, pois o comportamento é a principal forma de comunicação da criança quando algo está errado. Enquanto a literatura internacional relata vários instrumentos para medir o impacto do abuso na saúde mental da criança, no Brasil há uma falta de ferramentas com esse objetivo (ASSIS, 2009). A questão de número 7: Em sua opinião, as crianças e adolescentes estão mais vulneráveis a estes riscos? ( ) Sim ( ) Não. As respostas encontra-se no quadro a seguir: 32 Figura 2: Respostas dos participntes Participante Resposta Social 1 Sim Social 2 Sim Fonte: Questionário da pesquisa Também trouxe em seu corpo, as questões a, b e c, que foram: a) Justifique sua opinião: O abuso sexual contra crianças e adolescentes é uma realidade gritante em todo o mundo. Uma percepção errônea comum sobre o abuso sexual infantil é que é um evento raro perpetrado contra meninas por homens estranhos em áreas pobres da cidade. Pelo contrário, a violência sexual contra crianças e adolescentes é uma ocorrência muito comum que resulta em danos a milhões de crianças, meninos e meninas, em grandes e pequenas comunidades, e em uma variedade de culturas e contextos socioeconômicos. (Social 1). Esses atos são praticados por muitos tipos de agressores, incluindo homens e mulheres, estranhos, amigos ou familiares de confiança e pessoas de todas as orientações sexuais, classes socioeconômicas e antecedentes culturais. A criança e o adolescente, por sua fragilidade física, emocional e social, tende a ser uma vítima em potencial. (Social 2). O envolvimento de uma criança em atividade sexual que ela não compreende totalmente, é incapaz de dar consentimento informado ou para o qual a criança não está preparada para o desenvolvimento e não pode dar consentimento ou que viola as leis ou tabus sociais da sociedade (GOLDMAN, 2010). O abuso sexual de crianças é evidenciado por esta atividade entre uma criança e um adulto ou outra criança que, por idade ou desenvolvimento, esteja em um relacionamento de responsabilidade, confiança ou poder, cuja atividade se destina a satisfazer ou satisfazer as necessidades da outra pessoa (ASSIS, 2009). Isso pode incluir, mas não está limitado a: indução ou coerção de uma criança para se envolver em qualquer atividade sexual ilegal; o uso exploratório da criança na prostituição ou outras práticas sexuais ilegais; o uso explorador de crianças em performances e materiais pornográficos. 33 b) Considerando sua atuação na instituição lar Feliz de Capitão Poço, você diria que existe um perfil de crianças e adolescentes mais vulnerável no município? ( ) Sim ( ) Não: Figura 2: Respostas dos participntes Participante Resposta Social 1 Sim Social 2 Sim Fonte: Questionário da pesquisa b) Quais as principais características deste perfil (observadas por você)? São crianças e adolescentes que vivem em lares sem estabilidade e estrutura familiar e de baixa renda, também é notável a grande quantidade de crianças e adolescentes criadas por pais solteiros, ou seja, onde há uma rotatividade de parceiros (as) por parte da mãe ou pai. (Social 1). Geralmente, são crianças e adolescentes vindas de lares desestruturados, onde este tipo de comportamento já vem sendo perpetuado, ou seja, são filhos de pais que já sofreram algum tipo de abusou exploração sexual quando crianças ou adolescentes, muitos destes pais são usuários de drogas ilícitas e possuem envolvimento com outras atividades ilegais. (Social 2). Como podemos perceber pelas falas das assistentes sociais e considerando a visão de autores sobre o perfil destas vitimas, percebemos que este perfil se repete em Capitão Poço, são crianças e adolescentes advindos de famílias desestruturadas e que se encontram em risco ou vulnerabilidade social. A questão de número 8, trouxe a indagação: Como você classificaria as ações de prevenção e combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes na instituição Lar Feliz, as opções viáveis a resposta eram: Excelente; Bom ou ruim, o posicionamento das assistentes ficou o seguinte: 34 Figura 3: Respostas dos participntes Sujeito 1 Sujeito 2 Excelente X Bom X Ruim Fonte: Questionário da pesquisa A questãode número 9 foi: Questão a) Existem crianças e/ou adolescentes da instituição de acolhimento Lar Felizes que sofreram abuso ou exploração sexual? Sim ou Não: As duas assistentes social responderam que sim, que existem crianças na instituição de acolhimento Lar Feliz que foram vitimas de abuso e exploração sexual. A questão de letra b, trouxe: Você classificaria que estas crianças e/ou adolescentes apresentam comportamentos diferentes da demais crianças que não foram expostas a esta violência? Sim ou Não. Ambas afirmaram que sim, que estas crianças e adolescentes vitimas de violência sexual apresentam um comportamento diferente das demais. A questão de número 10 foi: Que ações a instituição Lar Feliz poderia fazer numa tentativa de conscientizar estas crianças e adolescentes na prevenção e ao combate da exploração e abuso sexual? A instituição Lar Feliz, promove palestras e ações de conscientização, além de acolher crianças e adolescentes vitimas de violência sexual e outros tipos de violência ou abandono. Muito poderia ser feito, por exemplo, campanhas de conscientização, porta a porta nos bairros que apresentam maiores índices de violência sexual contra crianças e adolescentes (Social 1). O Lar feliz poderia promover mais ações, juntamente com o Conselho Tutelar, afim de fazer uma busca por crianças e adolescentes vitimas de abuso ou exploração sexual, já que muitas sofrem violências por anos e não denunciam. (Sujeito 2). O abuso sexual infantil é passível de ocorrer em qualquer lugar e a qualquer momento. Os autores contam com o silêncio de suas vítimas e de suas famílias. Por isto, é importante ensinar as crianças e adolescentes a falarem se forem tocados de maneira inadequada e, em 35 seguida, buscar apoio e ajuda de um adulto confiável. Segundo, Gomes (2017) algumas atitudes podem auxiliar na prevenção ao abuso e exploração sexual infantil, dentre elas, podemos citar: Promover palestras e ações que visam a prevenção de abuso sexual infantil; Orientar pais e responsáveis a só deixarem seus filhos com estranhos em caos onde haja extrema necessidade. Rotineiramente, lembrar às crianças e adolescentes de que elas estão no comando de seu corpo e ninguém pode tocá-las. Não importa qual a sua função atualmente de assistente social ou tipo de serviço em que trabalha, a necessidade de identificar, reconhecer e responder a preocupações de abuso sexual é vital e pode melhorar significativamente a curto e longo prazo (PINHEIRO, 2016). Intervir o mais cedo possível quando houver preocupações sobre abuso sexual é fundamental. Muitas vezes aprendemos os sinais e indicadores da violência sexual em crianças e jovens; Embora estes sejam muito importantes, quando vemos sinais na criança, o abuso já começou Se procurarmos sinais e indicadores de comportamento abusivo e contextos em que as crianças possam ser mais vulneráveis ao abuso sexual, é mais provável que evitemos o abuso antes que ele aconteça. É preciso ressaltarmos que o abuso sexual nunca é culpa da criança ou jovem que foi abusado: crianças e jovens geralmente se sentem responsáveis por seus próprios abusos, pois foram "preparados" para acreditar nisso. Devemos garantir que retratamos esse entendimento para crianças e jovens em nosso idioma e nas ações que tomamos. Segundo Pinheiro (2016): Os estereótipos da mídia e suposições pessoais geralmente dominam nosso pensamento sobre abuso sexual. Embora existam algumas características comuns de pessoas que abusam de crianças, também existem muitas 36 diferenças. Homens e mulheres, meninos e meninas, mais velhos e mais jovens, deficientes e não deficientes, e aqueles de qualquer classe cultural, étnica, religiosa ou socioeconômica podem se comportar de maneira abusiva em relação aos outros (p. 36). Não há vítima típica de abuso sexual, enquanto mais meninas são vítimas de abuso sexual, os meninos também sofrem abuso. Considerando estes fatores, é necessário que o assistente social adote uma 'abordagem da família inteira' ao abordar a violência sexual contra criança ou adolescente: Se ocorrer no contexto familiar, precisamos considerar a prevenção, a proteção e o apoio à recuperação no contexto da família também. Ensinar "comportamentos de proteção" das crianças não deve ser tudo o que fazemos para sustentar uma família; também precisamos desenvolver a capacidade de adultos que não abusam para proteger crianças e reduzir fatores de risco para comportamento abusivo. 37 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para pessoas que repudiam a violência sexual, pode ser muito difícil pensar em abuso sexual - talvez mais quando crianças são muito jovens ou são deficientes, ou quando o abuso é cometido por quem deveria cuidar deles, como mães e pais. Pode ser uma resposta humana afastar pensamentos e emoções difíceis, por isso é essencial incentivar a reflexão em nós mesmos e nos outros sobre eventos "insuportáveis". A evidência é mais ampla que a divulgação verbal, tendemos a pensar na divulgação como o ato de uma criança que nos diz verbalmente o que está acontecendo com ela. De fato, é mais provável que as crianças nos mostrem do que nos dizem que algo está errado. Pode haver evidências nas ações e comportamentos das crianças e no comportamento passado ou atual de seus familiares. Lembre-se dos limites legais, pois o limite legal para a intervenção no serviço social é 'o equilíbrio de probabilidades', enquanto o limite de condenação do sistema de justiça criminal está 'além da dúvida razoável'. Se a polícia não puder levar um caso adiante, pois não possui evidências de prisão ou condenação, isso não significa que nós, como assistentes sociais, devemos encerrar nosso envolvimento. O abuso sexual raramente é claro, normalmente, trabalharemos frequentemente com famílias em que suspeitamos de abuso, mas não há divulgação verbal clara. Em vez de encerrar os casos, precisamos nos sentar com os sentimentos de incerteza que isso produz e garantir que façamos algo para reduzir riscos e vulnerabilidades e criar pontos fortes, independentemente de podermos "provar" que isso aconteceu. Aplique o conhecimento à prática, pois, embora ainda exista muita pesquisa sobre comportamentos abusivos sexuais, existem alguns modelos muito úteis e bem estabelecidos de como o abuso ocorre, que podemos aplicar à nossa prática para tornar as crianças mais seguras. Cuide de si mesmo, pois as emoções despertadas ao trabalhar com casos de abuso sexual podem ser esmagadoras. Usar o apoio de pares e de supervisão é essencial para manter a saúde em nosso trabalho e conter a angústia daqueles com quem trabalhamos. Este trabalho teve relevância pessoal, por proporcionar a vivencia de realidades diferentes de minha realidade pessoal e familiar. Teve relevância acadêmica por 38 proporcionar a vivencia com assistentes de saúde que já possuem experiência profissional na área. 39 REFERÊNCIAS ASSIS S.G. Situação de crianças e adolescentes brasileiros em relação à saúde mental e à violência. Ciência e Saúde Coletiva, 14(2), 349-361. 2009. BARROCO, M. L. S. Ética e serviço social: fundamentos ontológicos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2013. BRASIL. Presidência da República. Lei n ° 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e outras providências. Brasília: Diário Oficial da União; 1990. ________ Presidência da República. Lei nº 8.242, de 12 de outubro de 1991. Criando o Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União; 1991. CARVALHO, M. C. B. O conhecimento da vida cotidiana: base necessária à prática social. In: ______; NETTO, J. P. Cotidiano: conhecimento e crítica. 9. ed. São Paulo:Cortez, 2011. CAVALCANTI, M. L. T. Prevenção da violência doméstica na perspectiva dos profissionais de saúde da família. Ciência e Saúde Coletiva, 4(1), 193-200. 2007. GIL.A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. PESSOA L. Sobre a relação entre emoção e cognição. São Paulo. 2008; GOLDMAN JD. Alguns problemas metodológicos na estimativa da incidência e prevalência no abuso sexual infantil. Lages. 2010. GOMES, R., Silva, C. M. F. P. & Njaine, K. Prevenção à violência contra a criança e o adolescente sob a ótica da saúde: Um estudo bibliográfico. Ciência e Saúde Coletiva, 4(1), 171-181. 2017. NELSON E. C. Associação entre abuso sexual infantil auto relatado e resultados psicossociais adversos. Porto Alegre. 2012 40 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório da consulta sobre prevenção de abuso infantil (OMS / HSC / PVI / 99.1) Organização Mundial da Saúde; Genebra (Suíça): 2012. PINHEIRO P.S.. Relatório mundial sobre violência contra crianças: estudo do Secretário-Geral das Nações Unidas sobre violência contra crianças. ATAR Roto Presse SA; Genebra (Suíça): 2016. Disponível em: http://www.unicef.org/violencestudy/reports.html.com Acesso em 23/11/2020. UNICEF. Definições de termos selecionados de proteção à criança. 2010. http://www.unicef.org/violencestudy/reports.html 41 APÊNDICES 42 APÊNDICE I: ENTREVISTA COM ASSISTENTE SOCIAL Centro Universitário Leonardo da Vinci Curso Bacharelado em Serviço Social TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: MEDIDAS DE PREVENÇÃO AO ABUSO E EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM CAPITÃO POÇO. 1) Qual sua formação? ____________________________ 2) Qual seu tempo de atuação na instituição de acolhimento Lar Feliz? ____________________________ 3) Quais as funções que você desempenha dentro da instituição lar Feliz? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ _ 4) Como você definiria: a) Abuso sexual __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ b) Exploração sexual __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________ 5) Quais fatores você considera de risco para que haja o abuso ou exploração sexual de crianças e adolescentes? 43 __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________ 6) Considerando sua experiência dentro e fora da instituição Lar Feliz, o abuso sexual é algo alarmante no município de Capitão Poço? ( ) Sim ( ) Não 7) Em sua opinião, as crianças e adolescentes estão mais vulneráveis a estes riscos? ( ) Sim ( ) Não a) Justifique sua opinião: __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________ b) Considerando sua atuação na instituição lar Feliz de Capitão Poço, você diria que existe um perfil de crianças e adolescentes mais vulnerável no município? ( ) Sim ( ) Não c) Quais as principais características deste perfil (observadas por você)? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________ 8) Como você classificaria as ações de prevenção e combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes na instituição Lar Feliz: ( ) Excelente; ( ) Bom; ( ) Ruim 9) Existem crianças e/ou adolescentes da instituição de acolhimento Lar Felizes que sofreram abuso ou exploração sexual? ( ) Sim ( ) Não 44 a) Você classificaria que estas crianças e/ou adolescentes apresentam comportamentos diferentes da demais crianças que não foram expostas a esta violência? ( ) Sim ( ) Não 10) Que ações a instituição Lar Feliz poderia fazer numa tentativa de conscientizar estas crianças e adolescentes na prevenção e ao combate da exploração e abuso sexual? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________
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