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TCC ABUSO SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

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PAGE 
Sistema de Ensino Presencial Conectado
SERVIÇO SOCIAL
ROSILENE ROCHA DA SILVA LOYOLA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
ABUSO SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
VITÓRIA-ES
2020
ROSILENE ROCHA DA SILVA LOYOLA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
ABUSO SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Pitágoras Unopar, como requisito parcial para a obtenção do título de Graduação em Serviço Social.
VITÓRIA-ES
2020
AGRADECIMENTOS
O Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.
A está universidade, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela que hoje deslumbro um horizonte superior, enviado pela acendrada confiança no mérito da ética aqui presente.
Aos meus amigos e colegas pela ajuda e parceria
Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado.
EPÍGRAFE
Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque está escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e benefício de todos os aceite e viva-o.
Buda
LOYOLA, Rosilene Rocha da Silva. ABUSO SEXUAL INFANTIL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESECENTES. 2020. Total de folhas 54 Trabalho de Conclusão de Curso.
RESUMO
O abuso sexual contra crianças e adolescentes têm sido considerados um grave problema social e de saúde pública, devido aos altos índices de incidência e às sérias conseqüências para o cognitivo, afetivo e social da vítima e de sua família. O problema sobre o abuso sexual infantil se perpetua ao longo de muitos anos, mas nunca se deu tanta ênfase ao mesmo como nos nossos dias, haja vista que suas conseqüências vêm se estendendo não apenas no âmbito familiar, mais em toda a sociedade. Não é um assunto simples de ser resolvido e envolve questões difíceis de serem tratadas, por que diz respeito à família e a crianças e adolescentes, que deveriam estar sendo protegidas por essas famílias e não agredidas e violentadas nos seus direitos de criança e também de ser humano. A dinâmica desta forma de violência é complexa, envolvendo aspectos psicológicos, sociais e legais. Este estudo apresenta o mapeamento de fatores de risco para abuso sexual intra-familiar na rede de atendimento às vítimas de violência sexual. Apresenta, ainda, o perfil das vítimas a caracterização da violência sexual, dos agressores e das famílias. Os resultados apontaram que o desemprego, famílias reconstituídas, abusa de álcool e drogas, dificuldades econômicas e presença de outras formas de violência constituíram os principais fatores de risco associados ao abuso sexual. Portanto o trabalho aqui exposto visa relatar a identificação dos abusos sexuais sofridos por crianças e adolescentes, quais as suas conseqüências, e como podemos identificar essas crianças abusadas e tentar protegê-las de crime tão brutais.
Palavras-Chave: Crianças, Adolescentes, Abuso Sexual, Assistente Social.
LOYOLA, Rosilene Rocha da Silva CHILD SEXUAL ABUSE AGAINST CHILDREN AND ADOLESECENTES. In 2020. Total Work sheets 54 End of Course.
ABSTRACT
Sexual abuse against children and adolescents have been considered a serious social and public health, due to high rates of incidence and the serious consequences for cognitive, affective and social victim and his family. The problem of child sexual abuse is perpetuated over many years, but never gave much emphasis to the same as it is today, considering that its consequences have been extending not only within the family, the most in the whole society. There is a simple matter to be resolved and involves difficult issues to be addressed, for respect to family and children and adolescents who should be being protected by these families and not battered and raped in their child's rights as well as human. The dynamics of this form of violence is complex, involving psychological, social and legal. This study presents the mapping of risk factors for intra - familial sexual abuse in the network of care for victims of sexual violence. It also presents the profile of the victims of sexual violence, perpetrators and families. The results showed that unemployment, blended families, abuse of alcohol and drugs, economic difficulties and the presence of other forms of violence were the main risk factors associated with sexual abuse. So the work displayed here aims at reporting the identification of sexual abuse suffered by children and teenagers, what their consequences, and how we can identify these abused children and try to protect them from crime so brutal.
 Keywords: Children, Adolescents, Sexual Abuse, Social Worker.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
	ABNT
CF
CNCC
CMDCA
CREAS 
ECA
PETI
PNAS 
PSE
SUAS 
	Associação Brasileira de Normas Técnicas
Constituição Federal 
Comissão Nacional da Criança e Constituinte
Conselho Municipal de Direito da Criança e do Adolescente
Centro de Referência Especializado de Assistência Social
Estatuto da Criança e do Adolescente
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
Política Nacional de Assistência 
Proteção Social Básica
Sistema Único de Assistência Social
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................13
2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE EM RELAÇÃO AO ABUSO SEXUAL............................................................................16
2.1 conceituando o Abuso Sexual Infantil................................................................20
2.2 Tipos de Abusos................................................................................................22
2.3 Indícios do Abuso..............................................................................................23
3 ABUSO SEXUAL INFANTIL E A DINÂMICA FAMILIAR...................................28
3.1 O Abusador e a Família Abusiva......................................................................30
3.2 Crianças e Adolescentes Abusadas Sexualmente...........................................34
3.3 A Lei do Silêncio...............................................................................................37
4 A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL NO ENFRENTAMENTO DO ABUSO SEXUAL INFANTIL.................................................................................................39
4.1 O Assistente Social e a Prevenção...................................................................42
4.2 O Assistente Social no Acompanhamento das Vítimas de Abuso Sexual Dentro do CREAS..............................................................................................................45
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................48
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................51
1. INTRODUÇÃO
Apesar de ser um fenômeno que ocorre desde a Antiguidade, a violência sexual dirigida à criança e ao adolescente, passou a ser mais discutida no meio científico a partir dos anos 80. É também a partir dessa década que começam a surgir os primeiros serviços destinados a atender essa problemática, previstos no artigo 87, inciso III, lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e Adolescente.
O abuso sexual contra crianças e adolescentes têm sido considerados um grave problema social e de saúde pública, devido aos altos índices de incidência e às sérias conseqüências para o processo de desenvolvimento das vítimas e de seus familiares.
De acordo com Faleiros (2000), a violência sexual contra crianças e adolescentes sempre se manifestaram em todas as classes sociais de forma articulada ao nível de desenvolvimentocivilizatório da sociedade, relacionando-se com a concepção de sexualidade humana, compreensão sobre as relações de gênero, posição da criança e o papel das famílias no interior das estruturas sociais e familiares. Desta forma, devemos entendê-la “em seu contexto histórico, econômico, cultural e ético” (FALEIROS, 2000, p 17). 
A criança e adolescente que são vítimas de abuso sexual necessitam de um acompanhamento muito sério por profissionais que estejam inteirados e capacitados a ajudá-los a superar esse problema que se não tratados adequadamente trarão danos que marcarão suas vidas para sempre, fazendo com que essas crianças sejam adultas e apresentem sérios problemas afetivos e de difíceis relacionamentos.
É preciso que os pais ou os responsáveis por crianças estejam atentos a qualquer tipo de mudança de comportamento que ocorra, como por exemplo: mudança de humor, agressividade latente, mudanças de hábitos como: fazer xixi na cama, não permitir que alguém lhe toque principalmente se esse alguém for um adulto. 
Por ser a família a base da sociedade faz-se necessário uma reestruturação das mesmas, haja vista que o índice de abuso contra crianças vem crescendo a cada dia assustadoramente, e que a maioria desses casos tem sido freqüentes dentro dos lares e por pessoas bem próximas a elas. 
Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo geral abordar questionamentos sobre o abuso sexual contra crianças e adolescentes e ao mesmo tempo trazer informações necessárias sobre as formas de enfrentamento contra esse tipo de violência, que na maioria das vezes ficam submersos no silêncio familiar. Identificando os tipos de abusos sexuais contra crianças e adolescentes; compreendendo os efeitos e as conseqüências causadas por esse tipo de violência e apresentar propostas de enfrentamento e prevenção por meio da prática do profissional de Serviço Social.
A justificativa desse trabalho baseia-se no tema abuso sexual contra crianças e adolescentes que não é um assunto recente, mas ultimamente tem se falado muito sobre o assunto, tendo em vista o número alarmante de casos de abusos sexuais praticados esses menores.
O número de casos alarmantes não chega ao conhecimento das autoridades nem dos órgãos competentes, por se tratar de um assunto muito delicado e familiar, e por isso os pais ou responsáveis preferem, resolver o caso em família ou mesmo ignorá-lo, tornando assim o trabalho da prevenção mais difícil. O maior índice de violência sexual contra crianças e adolescentes se dão em geral com meninas onde normalmente o agressor é o pai ou padrasto.
Por isso a necessidade de uma conscientização maior não só por conta das famílias, mas da sociedade como um todo, pois o Abuso Sexual Infantil, não afeta apenas a Criança e a Família, mas afeta toda a sociedade, pois se essas crianças que são vítimas de abuso não forem tratadas, futuramente serão adultos com sérios problemas que afetarão toda uma sociedade. 
Diante da relevância do tema e da necessidade de se obter uma sistematização do conhecimento a cerca dele, analisando aspectos básicos identificados em redes de atendimentos as vítimas de violência sexual, tais como: o conceito do abuso sexual, os tipos de abusos, os agressores, os efeitos e conseqüências. Os resultados obtidos podem contribuir para subsidiar ações de caráter preventivo e de intervenção, bem como, melhoria das vítimas nos atendimentos dentro dos programas socioassistenciais. 
Para a realização deste trabalho, utilizamos de uma metodologia baseada em uma pesquisa bibliográfica realizada através de muita leitura e pesquisas de sites, que enfocaram o abuso sexual infantil contra crianças e adolescentes. Por isso a utilização de várias citações devido ao grande número de artigos e sites encontrados, que enfocaram o assunto supracitado.
O trabalho está dividido em três capítulos que buscam compreender a importância deste tema e a necessidade de questionamentos do mesmo. O capítulo primeiro apresenta a contextualização histórica da criança e do adolescente em relação ao abuso sexual, descrevendo o conceito de abuso sexual, os tipos, os indícios, os agressores e os efeitos e consequências que esta causa na vida das crianças e adolescentes vitimadas.
O capítulo segundo apresenta o abuso infantil e a dinâmica familiar, onde são abordados o perfil da família abusiva e a lei do silêncio que surge dentro do seio familiar. O abuso sexual infantil é uma forma de violência que envolve poder, coação com ou sem sedução. È uma violência que envolve duas desigualdades básicas: de gênero e geração. Este freqüentemente praticado sem o uso da força física e não deixa marcas visíveis, o que dificulta a sua comprovação, principalmente quando se trata de crianças pequenas. 
Já no capítulo terceiro apresentamos a prática do assistente social no enfrentamento do abuso sexual infantil, bem como, os meios de prevenção e o acompanhamento deste profissional nos atendimentos das crianças e adolescentes vitimadas. Para a criança a importância da convivência familiar é uma maneira segura de enfrentar os desafios e manter-se protegido dos inimigos invisíveis que as rodeiam. O papel dos pais é preparar os filhos psicologicamente para conquistar seus espaços dentro da sociedade e superar os problemas futuros, garantindo aos mesmos a unção dos laços afetivos.
Apesar das leis inseridas no Estatuto da Criança e do Adolescente que mantêm esses cuidados com as crianças e adolescentes, nota-se que a convivência familiar vem enfrentando desajuste em seu contexto histórico, pois a violência sexual contra crianças e adolescentes vêm ganhando espaço no meio familiar.Este estudo visa contribuir significativamente para a reflexão acerca do abuso sexual contra crianças e adolescentes, Identificando todas as formas de violência e os reflexos que estas causam durante a vida das vítimas. Entende-se que estas informações são indispensáveis para minimizar os problemas originados de práticas violentas presentes na atualidade.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE EM RELAÇÃO AO ABUSO SEXUAL
O abuso sexual sempre esteve presente em toda história da humanidade, independente da classe social, etnia, cultura religião. E para compreender esse contexto histórico e avaliar os significados que resultaram nesse tema que descreve o abuso sexual, faz-se necessário conhecer o processo da criança e do adolescente durante esse período social.
Recorrendo a Aires (1981) podemos traçar essa trajetória da história da criança:
A criança na sociedade tradicional não tinha valor, a infância era apenas um período de transição que tão logo era ultrapassado e esquecido. Nesta época, desde muito nova a criança era inserida no contexto dos adultos, não havendo assim, separação entre o mundo adulto e o infantil. (ARIES, 1981, p. 23).
O processo que descreve a história da criança e do adolescente teve inicio no período Brasil Colônia e Império no século XVI, com a chegada das embarcações portuguesas que trouxeram com elas os jesuítas que utilizavam métodos bastante severos para lidar com as crianças. 
Os jesuítas apossavam de diversos castigos que colocavam as crianças e adolescentes (conhecidas como grumetes) diante de um cenário de sofrimento e medo, embora usassem a evangelização para explorar os sentimentos dos mesmos. 
Alguns autores, como Guerra (1998), Faleiros (2000) e Libório (2003), explicam que a história social da infância em várias épocas e países nos mostra como as crianças sempre foram vitimizadas por diversas formas de violência, seja devido a concepções autoritárias e repressoras de uma sociedade paternalista, que pautaram as posturas educativas durante muito tempo, baseadas em castigos corporais, seja pela ausência de políticas públicas de proteção e atendimento de qualidade às crianças e adolescentes em situação de exclusão social, o que fica claro na realidade brasileira. 
As crianças e adolescentes viviam em um estado de vulnerabilidade, cercados de violência, como maus tratos e agressões pelas instituições. Os abandonados,órfãos, filhos de escravos, filhos ilegítimos (brancos e/ ou filhos dos senhores com escravas) também eram esquecidos. 
Nos anos 70, esse tema adquiriu uma nova conotação no Brasil e a partir disso, esse segmento tomou uma nova proporção, quando começa a ser referenciada com outra visão, onde a concepção de infância e adolescência passou a ser construída visando os indivíduos que necessitavam do tutelamento ou do assistencialismo do Estado através de políticas públicas. Movimentos de reforma institucional começaram a fomentar reivindicações centradas na crítica do conceito de menor, em prol da concepção integral e universal da criança e do adolescente, como sujeito de direitos.
Nas primeiras ações de cuidados à criança no Brasil, a história registra a Roda dos Expostos e Casa dos Expostos (1726), a Santa Casa de Misericórdia, na Vila de Santos. Segundo Faleiros, 2008:
A roda dos expostos foi uma das instituições brasileiras de mais longa vida, sobrevivendo aos três grandes regimes de nossa história. Criada na Colônia perpassou e multiplicou-se no período imperial, conseguiu manter-se durante a República e só foi extinta definitivamente na década de 1950. Sendo o Brasil o último país a abolir a chaga da escravidão, foi ele igualmente o último a acabar com o triste sistema da roda dos enjeitados [...] essa instituição cumpriu importante papel. Quase por século e meio a roda dos expostos foi praticamente a última instituição de assistência à criança abandonada em todo o Brasil. (Faleiros, 2008, p.20). 
Vale ressaltar que a “Roleta dos Expostos” era um cilindro onde as crianças eram deixadas e recolhidas na “Casa da Roda” sem que pudesse ser visto quem colocava a criança. Era também chamada “Casa dos Expostos”. A primeira roda foi em 1726, na Bahia e a última exterminada no século XX, hoje chamada Educandário Romão de Mattos Duarte, uma homenagem ao seu fundador, na cidade do Rio de Janeiro.
Durante esse período foram criados os primeiros asilos, roda dos expostos, que legitimava o trabalho realizado pelas crianças que viviam numa casa de misericórdia em situação de total vulnerabilidade. O trabalho nessa época exercia grande força e o trabalho infantil contribuía para esse processo, principalmente porque as crianças e adolescentes eram filhos de famílias pobres, sem salários e que desconheciam os seus direitos.
Neste contexto, surgem as creches em substituição às Rodas, a fim de que os pais pudessem trabalhar deixando suas crianças em lugar seguro. Embora essas instituições surgissem para beneficiar essas crianças às mesmas continuaram submetidas à violência, ao trabalho infantil, vivenciando assim todas as práticas de exploração e humilhações. 
No decorrer dos anos, ocorreram avanços significativos. No entanto, alguns obstáculos ainda precisavam ser vencidos para que a criança tivesse seus direitos preservados. Para que isso acontecesse, os mesmos necessitavam de cuidados e intervenções das políticas públicas do Estado, da sociedade e da família.
Nessa linha veio o Código de Menores de 1927, um dispositivo de poder que emerge no contexto histórico da urbanização do Rio de Janeiro e São Paulo das primeiras décadas do século XX. A discussão da sociedade sobre o problema da criminalidade infanto-juvenil migra do discurso da benevolência para a necessidade de repressão aos menores. 
Dentre os dispositivos, que se totalizavam duzentos e trinta e um artigos, destacava-se a prerrogativa da autoridade competente do Juiz de Menores que abrangem às crianças menores de dois anos abandonadas pelos pais, os “menores” expostos, os estabelecimentos de recolhimento e internação de “menores”, suspensão do Pátrio Poder e as ações administradas aos menores abandonados, delinqüentes ou que estivesse e perigo de ser, conforme Bentes (1999, p. 1).
Esse período marcou profundamente a historia da criança e do adolescente, e para reconhecer ainda mais a viabilização desses direitos, com novos conhecimentos teóricos sobre a proteção infanto-juvenil o Brasil em 1980, adota uma nova legislação contida no Código de Menores, que segundo Cury, Paula e Marçura têm como objetivo:
Romper definitivamente com a doutrina da situação irregular; até, então admitida pelo Código de Menores (Lei 6.697, de 10.10.79), e estabelecer como diretriz básica e única no atendimento de crianças e adolescentes a doutrina de proteção integral, o legislador pátrio agiu de forma coerente com o texto constitucional de 1988 e documentos internacionais aprovados com amplo consenso da comunidade das nações. (CURY, PAULA & MARÇURA, 2002, p. 16).
Um novo Código de Menores, inserido na Lei 6.697/1979, como legislação complementar ao Código Civil Brasileiro o Estado age de uma forma jurídico-administrativa restrita às formas de exclusão de crianças e adolescentes por estarem fora das regras “normais” da sociedade; desta forma, a categoria infanto-juvenil, neste período, não é vista como conseqüência do desequilíbrio do processo de desenvolvimento no âmbito do capitalismo; as ações são de caráter não universalista, porque se restringia ao menor em situação irregular. Diante disso, Liberati (2002, p. 78) explica sobre as situações descritas como irregulares no Código de Menores de 1979:
A declaração de situação irregular poderia derivar da conduta pessoal do menor (no caso de infrações por ele praticadas ou de ‘desvio de conduta’), de fatos ocorridos na família (como os maus-tratos) ou da sociedade (abandono). Ou seja, o menor estaria em situação irregular, equiparada a uma ‘moléstia social’, sem distinguir, com clareza, situações decorrentes da conduta do jovem ou daqueles que o cercavam. (LIBERATI, 2002, p. 78).
Diante deste contexto, a história da criança e do adolescente ganhou proporção imensa e, apesar de ser um fenômeno que ocorre desde a antiguidade, a violência sexual contra criança e adolescente passou a ser mais discutida no meio científico a partir da década de 80. E para fomentar as reivindicações centradas no conceito do menor, em 1986 surge a 
Comissão Nacional da Criança e Constituinte, em 1987 essa comissão elaborou uma lista de recomendações, propondo a Assembléia Nacional Constituinte, sobre os direitos da criança e do adolescente o que resultou nas alterações secundárias, no art. 227 da Constituição de 1988.
Para Machado (2003, p. 55), a proteção especial que à infância e juventude receberam no Brasil foi através da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988, em seu artigo 227 cap. 3, demonstrando que foi estruturada através de mobilização social “democratizante e humanitário”. 
Assim, para dar complementação e fazer valer todos os direitos das crianças e adolescentes, cria-se em 13 de Julho de 1990, sob a Lei 8.069 o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, que tem como resultado a articulação da sociedade civil e concretiza os direitos inscritos no artigo 227 da Constituição Federal de 1988, que determina que toda criança e adolescente, dentro da faixa etária de 0 a 18 anos completo (em alguns casos até os 21 anos de idade) devem receber proteção integral e especial. 
As crianças e adolescentes passam a ser considerados cidadãos, com direitos pessoais e sociais garantidos, desafiando os governos municipais a implementarem políticas públicas especialmente dirigidas a esse segmento. Sendo assim, de acordo com o artigo 3º do ECA temos que:
A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes a pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. (BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente, 1990, Art. 3º).
Portanto, o ECA traz indicações ao conjunto da política, da economia e da organização social a operar um reordenamento, a revisar prioridades políticas e de investimentos, colocando em questão o modelo de desenvolvimento e respectivo projeto desociedade, que historicamente, reproduz a cultura da exclusão social, desconhecendo, na prática, crianças e adolescentes como sujeitos de direitos. 
Se considerarmos os direitos de crianças e de adolescentes já conquistados, e a implantação de novas estruturas para a efetivação destes direitos, é possível identificar a organização de relações societárias que implicam a compreensão da dinamicidade dialética entre a cultura política e as práticas sociais.
2.1. Conceituando o Abuso Sexual Infantil
O abuso sexual infantil é uma forma de violência que envolve poder, coação com ou sem sedução. È uma violência que envolve duas desigualdades básicas: de gênero e geração. Este freqüentemente praticado sem o uso da força física e não deixa marcas visíveis, o que dificulta a sua comprovação, principalmente quando se trata de crianças pequenas. 
O abuso sexual é caracterizado por uma progressão ascendente que inicia quando a criança é ainda muito pequena (5 a 10 anos nesta pesquisa) através de carícias mais sutis e torna-se mais explícito à medida que a criança cresce, ocorrendo a manipulação de genitais até relações sexuais orais ou genitais, freqüentemente na adolescência. Os abusos são mantidos em segredo, devido às ameaças e barganhas do abusador e aos sentimentos de vergonha e medo da vítima (Furniss, 1993; Habigzang & Caminha, 2004).
Esta forma de violência pode ser definida como qualquer contato ou interação entre uma criança ou adolescente e alguém em estágio de desenvolvimento psicossexual mais adiantado, na qual a criança ou adolescente estiver sendo usado para estimulação sexual do perpetrador.
A interação sexual pode incluir toques, carícias, sexo oral ou relações com penetração (digital genital ou anal). O abuso sexual também inclui situações nas quais não há contato físico, tais como voyeurismo, assédio e exibicionismo. Estas interações sexuais são impostas às crianças ou aos adolescentes pela violência física, ameaças ou indução de cuidadores. 
A problematização do abuso sexual infantil encontra-se na maneira com que os abusadores usam de seus afetos familiares para abusarem de seus filhos e assim, utilizar seus papeis de responsáveis e pessoas de confiança para amedrontar os menores fazendo com que estes se sintam acuados e fragilizados.
Esse tema sobre o abuso sexual esta contido em vários debates da sociedade, e conforme alguns referenciais teóricos afirmados podemos dizer que segundo ABRAPIA (2000):
“O abuso sexual constitui-se em uma das formas mais graves de maus tratos, devido às suas conseqüências e tamanho constrangimento a qual a vítima é submetida”. Na maioria das vezes, ocorre de forma repetida, dentro de casa, sem violência evidente e sem sinais físicos. Existe um ar de segredo entre a vítima e o abusador um verdadeiro “muro de silêncio” intrafamiliar. ABRAPIA, Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (2000).
Para o autor o abuso sexual interfere de todas as maneiras na vida da vitima, a forma como esta é levada ao constrangimento, a tensão, o medo e o silêncio acaba se tornando num mundo de segredos. A vítima perde todas as esperanças em relação à família e o lar onde ela sempre sentiu amparada torna-se um local de pavor constante.
A violência sexual contra criança e adolescente é um crime, e para que tais problemas sejam solucionados é preciso que se avaliem e respondam perante a Lei sobre a violação desse direito.
2.2 Tipos de Abusos sexuais 
A violência em todo o seu contexto é um dos problemas atuais que vem gerando várias causas externas de mortalidade. Graças à sua abrangência nacional e à sistematização de mais de 25 anos, é possível ter um quadro epidemiológico consiste sobre as razões de morte violenta no país (Fernandes, 2005). 
No caso da violência sexual contra crianças e adolescentes esse tipo de violência toma proporção em diversas formas atingindo a todos dentro da sociedade. Este tipo de violência se traduz pelo abuso ou pela exploração do corpo e da sexualidade da criança e do adolescente, onde meninas e meninos são envolvidos em atividades sexuais impróprias para sua idade.
O crescimento desse tipo de violência está relacionado às questões sociais que coloca os indivíduos numa luta por espaços e conquistas pessoais, além de ser um problema que perde o controle diante da responsabilidade do Estado. 
Para Souza (2005), as várias formas de violência fatal, seja ela auto-infligidas ou interpessoal, há um predomínio – em todas as faixas etárias, da criança ao idoso – do sexo masculino.
A violência sexual pode ocorrer de duas formas: pelo abuso sexual ou pela exploração sexual. O abuso sexual também pode ser definido, de acordo com o contexto de ocorrência, em diferentes categorias. Fora do ambiente familiar, o abuso sexual pode ocorrer em situações nas quais crianças e adolescentes são envolvidos em:
· Exploração Sexual;
· Exploração Sexual no Contexto da Prostituição;
· Pornografia Infantil;
· Tráfico para fins de Exploração Sexual;
· Turismo com Motivação Sexual.
Por outro lado, Azevedo e Guerra (1989), ao se referirem à exploração sexual, alertam para os diversos conceitos apresentados pela literatura especializada, que são: assalto sexual, abuso sexual, ataque sexual, agressão sexual, maus tratos sexuais, ofensa sexual, perturbação sexual, violência sexual e vitimização sexual.
A exploração sexual é presumida por meio de uma relação de mercantilização, onde o sexo é considerado um objeto de troca, através de dinheiro, favores e presentes. Na maioria dos casos de exploração sexual existe por trás um aliciador, pessoa responsável que intermédia entre as crianças e os abusadores (compradores), que exigem o tipo de corpo, idade, cor, que eles querem utilizar. Muitas crianças são forçadas a praticarem esse sexo com pessoas desconhecidas, e em alguns casos as mesmas são violentadas de todas as formas.
Schraiber, D’Oliveira e Couto (2006) discorrem que a violência configura-se como uma questão que envolve a sociedade e a saúde pública, tanto no plano nacional como no internacional, sendo considerada uma violação de direitos, ainda que seja expressa de forma diversa, dependendo do contexto em que está inserida. Ainda comentam que os domínios da violência têm se expandido na atualidade e os direitos humanos e sociais entram em declínio a cada dia.
No entanto, a maioria dos abusos sexuais cometidos contra crianças e adolescentes ocorrem dentro de casa e são perpetrados por pessoas próximas, que desempenham papel de cuidador destas. Nesses casos, os abusos são denominados intrafamiliares ou incestuosos.
2.3 Indícios do Abuso Sexual Contra Crianças e Adolescentes
Durante a infância toda criança necessita de proteção e afeto, já que sua formação ainda não lhe permite caminhar ou assumir suas responsabilidades. Assim, a infância é decorrente de uma trajetória histórica que marca uma transição de valores entre as fases da infância e a fase adulta.
Por vivenciar a violência sexual a criança passa a ser inserida no contexto adulto perdendo assim, toda a sua transição infantil deixando de lado o mundo encantado dos brinquedos e dos sonhos.
Assim, a violência sob forma de indícios quase não deixa marcas aparentes, ao contrário na maioria das vezes , ocorrendo no âmbito familiar (intrafamiliar), a violência não apresenta testemunhas a não ser a própria vítima no caso de uma criança em formação e normalmente desacreditada pelos adultos em função da fértil imaginação, da pouca capacidade cognitiva, do seu peculiar estado de desenvolvimento como criança, etc. O artigo 227 da Constituição Federal Brasileira de 1988 determina:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL,CF, 1988, art. 227).
A violência sexual infantil não afeta apenas a criança, mais toda a família. As marcas que essas crianças levarão (se não tratadas) podem fazer dessas crianças adultas extremamente violentas. 
Para o Sistema Legislativo Brasileiro, os indícios são provas e em muitos casos os únicos meios de prova; haja vista que a criança abusada, por medo não revela o que aconteceu e porque esse crime não deixa marcas visíveis. Segundo o artigo 227 da Constituição Federal Brasileira, assegura: 
A criança e adolescente tem absoluta prioridade, o direito à vida, a saúde, à alimentação à educação, ao lazer, á profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los à salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, CF, 1988, art. 227).
Assim, durante toda nossa existência criamos laços de afetividade, e estabelecemos relacionamentos, sejam eles de afetividade homem mulher, pais e filhos, etc. O fato é que essas relações se instituem como relações de afeto. A outras relações de poder com patrão x empregado, que impõem relação de valores e de hierarquia, como relação de domínio do mais forte com o mais fraco.
E quando esses laços se rompem e caracterizam o abuso sexual contra a criança e por pessoas próximas a ela, que representava para esta criança, confiança, segurança, a mesma passa a excluir esses sentimentos de sua vida, passando a não ter mais segurança em ninguém e principalmente em um adulto. 
Com a exclusão dos sentimentos de confiança a criança reage de maneira diferente em familiares em relação aos familiares e amigos da família e passa a viver vários indícios que marcam claramente a violência a qual está sendo submetida. 
Segundo (Brito & Koller, 1999; Saywitz& cols., 2000), os indícios do abuso sexual estão relacionados a fatores intrínsecos à criança, tais como, vulnerabilidade e resiliência (temperamento, resposta ao nível de desenvolvimento neuropsicológico) e a existência de fatores de risco e proteção extrínsecos (recursos sociais, funcionamento familiar, recursos emocionais dos cuidadores e recursos financeiros, incluindo acesso ao tratamento). Algumas conseqüências negativas são exacerbadas em crianças que não dispõem de uma rede de apoio social e afetiva
Há várias situações que evidenciam se uma criança ou adolescente está sendo abusada sexualmente: dores de cabeça com freqüência, vômitos, tristeza, agressividade, comportamento autodestrutivo ou suicida. É comum mudança bruscas de comportamento e de humor.
Geralmente essa criança foge do contato físico, se retraem, choram sem motivo aparente desenvolve comportamentos que antes não lhes eram peculiar (como por exemplo, chupar dedo), outro indicador e que muito se observa são crianças que possuem o hábito de se masturbar excessivamente e isso geralmente acontece muito precocemente com a criança. Entre outros podemos citar:
· Comportamento incompatível com a idade (regressões);
· Envolvimento com drogas (no caso dos adolescentes);
· Conduta sedutora;
· Relatos de agressões sexuais;
· Dificuldade em adaptar-se à escola;
· Aversão ao contato físico;
· Autoflagelação, culpabilização;
· Fuga de casa;
· Depressão crônica;
· Tentativa de suicídio;
Esses tipos de indícios variam de acordo a idade e sexo das vítimas abusadas, além de que muitos desses comportamentos vêm acompanhados de problemas físicos, psicológicos, sociais, educacionais, entre outros. De acordo ABRAPIA, 1997, p.28:
Altos níveis de ansiedade; baixa auto-estima; distúrbios no sono e na alimentação; problemas no aprendizado e dificuldades de concentração; mudanças extremas, súbitas e inexplicadas alterações no comportamento da criança /adolescente; comportamento muito agressivo ou apático/ isolado; regressão a um comportamento muito infantil; tristeza e abatimento profundo; comportamento sexualmente explícito ou presença de conhecimentos inapropriados para a idade; masturbação visível e contínua; brincadeiras sexuais agressivas; relutância em voltar para casa; faltar freqüentemente à escola e ter poucos amigos. (ABRAPIA, 1997, p.28).
 Se forem observadas com a devida atenção, a criança que foi molestada sexualmente deixa transparecer indícios do abuso sofrido por isso é necessário que os familiares que suspeitem que essa criança esteja sendo molestada, fiquem atentos a alguns fatores, principalmente fatores psicológicos, que são os mais difíceis de serem tratados: culpa, perda e tristeza, vergonha, ansiedade, medo, insegurança, etc.
No caso elas desenvolvem sentimentos de culpa. As crianças vitimam de abuso normalmente se sentem culpadas pelo que aconteceu, principalmente se já vem sofrendo de abuso por muito tempo, e por não terem coragem de denunciá-los por medo ou vergonha.
As crianças também sentem vergonha, um sentimento muito comum em crianças violentadas, elas sentem vergonha de si mesmas, se tornam retraídas, normalmente não costuma olhar-se em espelhos, principalmente o próprio corpo, ainda mais se estiverem despidas.
Outro fator está relacionado à perda e tristeza, um dos sentimentos mais dolorosos para a criança é sentir que depois da violência sexual cometida contra ela, sua infância foi perdida. Ela não se sente mais como criança, mesmo que tenha idade cronológica de uma criança. Perde o sentimento de inocência, proteção e segurança. Normalmente esse sentimento de perda o acompanha durantes longos anos de sua vida, não só na infância.
As crianças vítimas do abuso ainda vivem um sentimento de confusão que se faz muito presente na vida da dela. Ela se sente confusa em relação a muitas áreas de sua vida, principalmente na área sexual. Meninos que são vítimas de abuso se sofreram esse abuso por parte de um agressor masculino, normalmente demonstram tendências homossexuais ou se tornam homens totalmente agressivos com suas parceiras. Em caso de meninas violentadas há mesma tendência a homossexualidade.
Papalia e Olds (2000, p. 16) também citam alguns efeitos do abuso sexual sofrido por crianças. Entre eles estão os atrasos de linguagem, déficit cognitivo, agressividade, rejeição por parte de outros grupos, abuso de álcool e drogas, e, até mesmo, tendência a tornarem-se delinqüentes quando adultos
Elas também apresentam medo e normalmente essas crianças se tornam crianças amedrontadas, e demonstram esse medo em sua as atitudes, se assustam com facilidade, são sempre retraídas, nunca se aproximam das pessoas, justamente por receberem intimidação por parte do agressor, e pelo fato do agressor está tão próximo a ela.
Normalmente essa criança mostra sempre agitada ou retraída demais, se comporta de maneira tensa, se ruboriza com facilidade, entra em pânico ao ver o agressor ou até mesmo um adulto. E por fim insegurança, este é um dos principais sintomas que a criança adquire por causa da violência. O adulto que simboliza proteção, amor, segurança, deixa de ser seu protetor para ser seu algoz.
Os reflexos do abuso sexual causam grandes efeitos no processo de desenvolvimento da criança. Além disso, os conflitos que essas crianças e adolescentes enfrentam podem repercutir em seu aprendizado e em sua personalidade em formação. 
De acordo com a teoria histórico-cultural o processo de aprendizagem é sempre ativo, ou seja, o indivíduo tem que agir sobre o meio (Mello, 2004). As conseqüências refletem na vida futuras das crianças ocasionando dificuldades em relacionamentos amorosos, bem como uma necessidade de diálogo com outras pessoas.
O Estatuto da Criança e do Adolescente neste sentido dispõe de medidas pertinentes aos pais ou responsáveis causadores de maus-tratos, opressão ou abusos, chegando a medidas extremas, dependendo da forma e violência, como o afastamento da moradia, ou até a perda do poder familiar.
Para que haja uma mudança dessa realidade é necessário que a sociedade e familiares das vítimas tomem conhecimento desse crime e mobilizem a sociedade como um todo a estarem preparadas para defenderem suascrianças e estarem atentas a tantos sinais que muitas e muitas vezes essas crianças tem dado e que por falta de conhecimento não conseguem ouvir seus gritos.
É necessário criar espaços para que sejam trabalhadas essas informações e em particular nas áreas mais carentes escolas e onde muitas vezes a informação se torna inviável, para alcançar essas pessoas. 
3. ABUSO SEXUAL INFANTIL E A DINÂMICA FAMILIAR
No dicionário da língua portuguesa a palavra Família significa o conjunto e ascendentes, descendentes, colaterais e afins de uma linhagem, o pai, a mãe e os filhos. È um grupo constituído pela reunião de gêneros afins. 
O conceito de família vem do latim ”Famulus” que significa conjunto de servos e dependentes de um chefe ou Senhor. A família exerce uma função importante para o desenvolvimento d seus agregados. Essa família pode ser biológica ou não, sendo ela a primeira Instituição formada. 
A família possui diversas funções, como: cuidar da educação dos filhos, reproduzirem, transmitir cultura, dentre outros. A mente humana começa a se desenvolver no período da infância, por isso a importância do convívio familiar de forma harmoniosa para o bom desenvolvimento mental de uma criança. O papel do pai e da mãe é de suma importância na formação psicológica de uma criança; não só em se tratando de laços afetivos, mas também como os provedores para a formação social da mesma.
Desde Freud, família e, em especial, a relação mãe-filho, tem aparecido como referencial explicativo para o desenvolvimento emocional da criança. A descoberta de que os anos iniciais de vida são cruciais para o desenvolvimento emocional posterior focalizou a família como os lócus potencialmente produtor de pessoas saudáveis, emocionalmente estáveis, felizes e equilibradas, ou como o núcleo gerador de inseguranças, desequilíbrios e toda a sorte de desvios de comportamento. (SZYMANSKY, 2000, p. 23)
Toda base cultural de normas e valores sociais na vida de uma criança começa pela família. A família deve representar um ambiente de harmonia, amor e compreensão. Esses são alguns dos deveres da família, dentre outros como diz a ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) em seu artigo 4º, lei 8.069/90:
È dever da família, da Comunidade, da Sociedade em geral e do Poder Público, assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, À liberdade e a convivência familiar comunitária. (BRASIL- ECA, 1990, art. 4º).
Diante disso, a família é a maior instituição no desenvolvimento e preparação de seus agregados, e sua função é garantir a educação dos filhos e a formação dos mesmos dentro da sociedade. De acordo com Rizzini (2007), entende-se por convivência familiar e comunitária "a possibilidade de a criança permanecer no meio a que pertence", com contato preferencial com seus pais e familiares.
Para a criança a importância da convivência familiar é uma maneira segura de enfrentar os desafios e manter-se protegido dos inimigos invisíveis que as rodeiam. O papel dos pais é preparar os filhos psicologicamente para conquistar seus espaços dentro da sociedade e superar os problemas futuros, garantindo aos mesmos a unção dos laços afetivos.
Apesar das leis inseridas no Estatuto da Criança e do Adolescente que mantêm esses cuidados com as crianças e adolescentes, nota-se que a convivência familiar vem enfrentando desajuste em seu contexto histórico, pois a violência sexual contra crianças e adolescentes vêm ganhando espaço no meio familiar.
Atualmente as famílias já não cuidam mais dos seus e isso vem contribuindo para o crescimento da violência dentro da sociedade, o que antes era visto como responsabilidade familiar hoje é visto como medo, fuga e violação de direitos, abuso sexual infantil. Segundo a Drª. Daiane Langberg existe vários tipos de famílias abusivas:
Pai ou padrasto dominante, autoritário, machista, freqüentemente alcoólatra; mãe quieta, passiva, medrosa, também vítima; mãe dominante, os filhos existem para satisfazer os desejos e necessidades dela; pai dominante, estilo machista tradicional; os dois pais viciados, os filhos cuidam de si mesmos. Mãe egoísta, nacirsista, manipulador; às vezes estas mães abusam de seus filhos, pai ausente. (Citação: Livro: Sobreviventes do abuso Sexual; Autora: Daiane Langeberg Counseling, Tradutora: Tyndale Haise, Wheaton, 1997, p.64-65)
O abuso sexual familiar é aquele que acontece dentro do seio familiar, o local mais apropriado para a criança se sentir segura e confortável o que as torna presas fáceis para seus abusadores. A troca de afetos de pais para filhos para muitas crianças pode ser a confirmação do amor, do carinho, do afeto e dos laços familiares, mas para outras essas caricias podem ser a incidência de uma violência que levará essas crianças e adolescentes a temerem a pessoas que mais amavam. A violência doméstica contra menores de idade:
[…] representa todo ato ou omissão, praticados por pais, parentes ou responsáveis, contra crianças e adolescentes que – sendo capaz de causar dano físico, sexual e/ou psicológico à vítima – implica, de um lado, uma transgressão do poder/dever de proteção do adulto e, de outro, uma coisificação da infância, isto é, uma negação do direito que crianças e adolescentes têm de serem tratados como sujeitos e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento. (GUERRA, 1998, p. 44).
A violência intrafamiliar tem sido debatida dentro de todas as categorias profissionais, onde há uma busca por uma participação mais efetiva do Estado, requerendo-se deste uma resposta a essas séries de problemas que afetam toda a sociedade. Como o Estado não oferece recursos para garantir a proteção das vítimas, estas continuam submetidas ao poder dos agressores, que mantêm o seu perfil violentador.
3.1 O Abusador e família abusiva
O abuso sexual infantil intrafamiliar é um dos diversos tipos de violência a que a criança está exposta no lar. É praticada sem distinção de raça, cor, etnia ou condição social, ao longo dos tempos. De forma velada ocorre e, na maioria das vezes, o silêncio impede que este seja relatado às autoridades competentes.
Para Baptista et al (2008), o abusador geralmente age usando de sedução e ameaças, buscando a parceria da vítima. Ele pode ser um pedófilo assumido ou não. O adulto utiliza-se do poder que tem sobre a criança, usando-a como meio para satisfazer seus desejos, infligindo seu direito à autonomia. A violência pode ocorrer uma única vez, ou podem durar anos, só chegando ao fim.
São inúmeras as causas que levam um adulto a abusar sexualmente de uma criança, uma delas é a falta de estrutura dentro da família, a revolução sexual (que assume como norma a prática do sexo fora do casamento) o livre acesso que as crianças têm os meios de comunicação, principalmente a Internet, onde os pais não impõem mais limites aos seus filhos. 
O que normalmente acontece num abuso sexual intrafamiliar é que esse abuso ocorre durante anos, onde o adulto faz da criança sua válvula de escape para os seus desejos mais impuros. Isso cria de certa forma um vínculo entre a criança e esse adulto, de uma cumplicidade a base de intimidações e ameaças.
Os agressores na maioria das vezes estão associados a pessoas do sexo masculino, e tem algum tipo de vínculo afetivo e de confiança com a vítima. O pai é o tipo de agressor mais presente nos casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes, e depois padrasto, ou pais adotivos. 
Estes resultados corroboram a literatura especializada que aponta que o abuso sexual contra crianças e adolescentes são perpetrados, na maioria dos casos, por cuidadores do sexo masculino. Este fenômeno pode ser compreendido por meio de aspectos sociais e culturais que envolvem a desigualdade, a dominação de gênero e de gerações (Gomes, Deslades, Veiga, Bhering& Santos, 2002). 
Quando se fala em abuso sexual infantil intrafamiliar fica claro a evidência de que para se viabilizar esse ato faz-se necessáriouma cumplicidade ainda que forçada, entre o agressor e a vítima. Alguns comportamentos em adultos ou adolescentes podem indicar que os mesmos sejam abusadores sexuais:
· Recusa-se a deixar que a criança estabeleça seus próprios limites;
· Insiste em abraçar, pegar, beijar brincar, fazer cócegas ou segurar uma criança mesmo que ela não queira;
· Passa a maior parte de seu tempo livre com crianças e demonstra pouco interesse em ficar com pessoas de sua própria faixa etária;
· Se oferecer freqüentemente para tomar conta de uma ou mais criança de graça;
· Compra presentes caros para as crianças ou lhes dá dinheiro sem razão aparente;
· Freqüentemente entra no banheiro quando crianças e adolescentes estão usando;
· Permite consistentemente que crianças e adolescentes se saiam sem punição por atos impróprios;
· Conversa sobre atividades sexual de crianças e adolescentes; fala sobre fantasias sexuais com crianças e adolescentes e não demonstra constrangimento do que é ok para com as crianças;
· Foi vítima de abuso sexual quando criança e não quer lidar com isso (se recusa a falar, a fazer terapia, tratamento, etc.)
· Olha pornografia infantil junto com crianças;
· Pede ao seu parceiro sexual que se vista como criança com freqüência;
· Freqüentemente tem uma criança como seu amigo especial;
· Faz piada sobre as partes íntimas do corpo da criança ou chama a criança por nomes sexuais com: “vadia, garanhão, etc...
De acordo com Pfeiffer e Salvagni (2005), o agressor usa da relação de confiança que tem com a criança e do poder como responsável para se aproximar cada vez mais, praticando atos que a vitima considera inicialmente como demonstrações afetivas e de interesse. Essa demonstração é recebida a principio pela criança com satisfação, pois a mesma se sente privilegiada pela atenção do responsável. Este lhe passa a idéia de proteção e que seus atos seriam normais de um relacionamento entre pais e filhas ou filhos, ou mesmo da posição de parentesco que o mesmo tem com a vítima
Ainda em relação aos agressores é válido ressaltar ainda, informações disponíveis nos processos sobre características pessoais comumente apontadas como fatores de risco para violência sexual. Entre estas, as mais significativas são agressividade, problemas com álcool e outras drogas, transtornos mentais, rigidez, fanatismo religioso e possessividade. 
Segundo Dias et al (2007), o abusador impõe não somente à vítima, mas também a todos os membros da família, o silêncio absoluto. Ele prioriza manter a unidade familiar, e para isso apela para várias táticas, e uma delas é a ameaça de que sua prisão implicaria em prejuízos de ordem econômica para toda a família. Essa estratégia faz aflorar sentimentos de culpa na vitima, fazendo com que outros membros da família procurem obter o silêncio da mesma.
Normalmente nessas famílias faltam padrões básicos para que haja um bom convívio familiar entre os seus membros, vale ressaltar: respeito amor, carinho, confiança dentre outros requisitos básicos para um bom relacionamento familiar, a falta desses requisitos já deixa lacunas bastante grandes para a entrada desses fatores que vem a acarretar na forma de abuso. Conseqüentemente o índice de agressão é muito elevado, porque envolvem padrões de violência, como distúrbios psicológicos.
É importante salientar que estas características indicam maior probabilidade de violência, mas não podem ser consideradas em uma relação direta de causa e efeito. O desemprego é um fator de risco para a violência intrafamiliar, uma vez que pode gerar estresse e conditos entre os membros da família. O fato de essas famílias estarem vulneráveis a esses aos problemas sociais propiciam a elas a perpetuação da violência e do abuso sexual
Outro grupo comum de agressor provém da confiança quebrada com a família, que desta é conhecido, e com próximas relações, como prestadores de serviços, tais como: babás, vizinhos, motoristas de transporte escolar, creches, pessoas que a principio, não levantam nenhuma suspeita, que estariam prestando serviços e cuidados aos menores.
Esse tipo de violência acontece em um ambiente relacional favorável, em que a vítima deposita no abusador a confiança que, aproveitando-se da ingenuidade da criança ou adolescente, pratica a violência de forma repetitiva, insidiosa, fazendo crer que ela, a vítima, é culpada por ser abusada.
Para não sofrer nenhum tipo de rejeição ou punição, a criança se cala, usando a lei do silêncio. Furniss enumera os fatores externos e internos que levam a esse comportamento:
[…] a falta de evidências médicas e de elementos para comprovar o abuso sexual infantil, a necessidade de acusação verbal por parte da criança, a falta de credibilidade ao menor, as conseqüências da revelação, ameaças físicas e psicológicas, distorção da realidade, medo de punição pela ação que participou a culpa da criança, a negação e a dissociação. (FURNISS, 1993, p. 29.)
Não é simples e fácil quando envolve laços familiares. Expor a situação, a criança, os envolvidos a um processo judicial trazem um sentimento de vergonha, dor e humilhação. 
Para a criança relatar a agressão sofrida, no conceito dos adultos, é entendido que a criança está mentindo. Por outro lado, a criança não consegue guardar por muito tempo um segredo de tamanha gravidade, mais cedo ou mais tarde, ela contará verbalmente ou através de suas atitudes que certamente a denunciará, dizendo que há algo de errado com ela.
Diante da complexidade e das particularidades que envolvem a dinâmica do abuso sexual intrafamiliar, e das conseqüências para a saúde mental da criança, compreende-se a dificuldade que ela enfrenta para expressar ou revelar a situação do abuso no contexto familiar. Além disso, e para que seja garantida sua proteção integral, a revelação do abuso poderá implicar em algum processo judicial, fazendo com que a criança precise envolver-se com o Sistema de Justiça. Reviver os fatos através da revelação gera sentimentos de culpa, vergonha, medo, além de sentimentos ambivalentes em relação ao agressor, possibilidade de desintegração da família e/ou institucionalização da criança (Azambuja, 2006; Azevedo, 2001).
Este resultado pode ser compreendido pelo comportamento hipersexualizado que muitas vítimas apresentam em decorrência do abuso sexual. Esta alteração do comportamento coloca crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, potencializando a revitimização. 
As estatísticas apontam para um número alarmante de abuso sexual contra crianças e adolescentes em nosso país. O problema do crescimento do abuso sexual infantil é a impunidade, haja vista que os agredidos são crianças indefesas e que não tem como denunciar àqueles que as agridem; a criança vítima de abuso sexual além das marcas interiores e exteriores levam consigo uma cumplicidade com o seu agressor, cumplicidade essa obtida através de sérias ameaças.
Ainda existe um fato bastante alarmante, parentes não agressores, mas que convivem e tem conhecimento dessas agressões, se omitem ou até mesmo fecham os olhos a qualquer atitude de proteção da vítima ou denúncia do seu agressor. Por esta razão, qualquer programa de tratamento a vítimas de violência sexual deve trabalhar terapeuticamente medidas de proteção para reduzir o risco de novas situações abusivas.
3.2. Crianças e Adolescentes abusadas sexualmente
O abuso sexual traz traumas profundos nas vítimas, e se acompanhadas de abuso incestuoso, praticados por pessoas da família, alguém que deveria protegê-las, a situação fica mais grave haja vista o grau de intimidade e confiança. A idade da vítima quando o abuso começa a duração do abuso, o grau de envolvimento, se seu pai é o agressor, se sua mãe coopera ou não faz nada para interferir ou para proteger a criança ou adolescente, ou se o ouvinte escolhido não acredita em sua história.
A vítima internaliza as atitudes que os adultos lhes infringem de que elas “devem obedecer aos mais velhos porque eles sempre sabem o que fazem”. As crianças dificilmente inventam histórias sobre abuso sexual, istoporque simplesmente são desprovidas de vocabulários ou experiências para ter o conhecimento necessário em fantasiar histórias que envolvam a sexualidade (proibida) entre adultos e crianças. Relatos de crianças sobre comportamentos que as deixam desconfortáveis são sempre dignos de absoluta e cuidadosa atenção. Segundo Vivarta,( 2003, p. 5):
As conseqüências do crime sexual podem aparecer de diferentes formas na vida da criança e do adolescente’’. Variam conforme o tipo de indução ao ato sua periodicidade e o número de agressores e abusadores envolvidos. Mas quase sempre há efeitos sobre a saúde física e psicológica. Esses traumas físicos e psicológicos que afetam as crianças e os adolescentes abusados ou explorados sexualmente costumam ser graves, mas podem ter duração e intensidade variadas. O abuso pode causar sentimento de medo, angústia, ansiedade, culpa, humilhação, vergonha, autocensura, baixa auto-estima, depressão. (VIVARTA, 2003, p. 5).
As crianças e adolescentes vítimas do abuso sexual possuem um vocabulário e conhecimento bem acima de sua idade. Mostra diferenças de comportamento que podem ser impróprias para a sua idade também. Torna-se uma criança retraída, desconfiada e insegura. Pode voltar a fazer xixi ou coco na roupa, e levam na memória, no coração e no corpo, marcas profundas que o tempo não é capaz de apagar.
São pessoas marcadas pela incapacidade de confiar em outras pessoas, com baixa auto-estima, revoltadas e amarguradas. Com uma necessidade desesperada de carinho, afeição, que não sabem receber nem se expressar fora do contexto sexual.
Ficam presas a relacionamentos doentios – muitas vezes com pessoas do mesmo sexo – ou entregues a um desenfreio emocional e à promiscuidade. (ZWAHLEN, 1996, Pág. 48-49).
As conseqüências do abuso sexual são imensuráveis, que pode causar não só problemas emocionais como também físicos. Ex; doenças sexualmente transmissíveis, gestação indesejada e problemática, e uma série de outros fatores que acompanharão essas crianças para o resto de suas vidas. 
Nas doenças psicológicas, quando adultas, elas terão dificuldades nos seus relacionamentos amorosos, levando-as a uma sucessiva troca de parceiros, bem como a promiscuidade. Em uma pesquisa feita constatou-se que a maioria das garotas e garotos de programa já sofreu abuso na infância.
O abuso sexual infantil traz conseqüências devastadoras e muito delicadas, principalmente no âmbito familiar.
As vítimas crianças e adolescentes devem ser levadas a um psicólogo assim que seus responsáveis tomem conhecimento dos fatos ocorridos. Há conseqüências do ponto de vista: psicológico (Traumas), físico (doenças sexualmente transmissíveis).
Há muitos casos em que as crianças e adolescentes vítimas de abuso acabam assumindo a culpa induzida pelo próprio agressor; e normalmente nesses casos o abuso continua ocorrendo. Dentre as doenças sexualmente transmissíveis há registros de vários casos de crianças que formas infectadas pelo vírus HIV.
Outro fator traumático para as crianças e adolescentes abusadas é quando ocorre a gravidez, e ainda maior o trauma quando essas crianças se descobrem grávidas de seus próprios progenitores, irmãos ou padrastos.
Para o abusador nada lhes é imputado, não há traumas, não há seqüelas e na grande maioria, não há punição. Eles continuam levando uma vida normal, sem se interessar pelo bem estar das vítimas, ao passo que as crianças “suas” vítimas jamais tornarão a ter uma vida normal.
Na sociedade, é observada sensível diferença na forma de encarar a violência física e sexual da criança. “Um dos fatores responsáveis pela diferença de visão vem apontando na assertiva de que “no abuso físico” um pouquinho de violência física é considerado aceitável, e somente as formas severas de violência ou punição física são identificadas como abuso”. (FURNISS, 1999, p.13). 
Não faz muito tempo que o assunto “Abuso Sexual Infantil Intrafamiliar” tornou-se conhecido na sociedade. Há alguns anos atrás era muito raro se ouvir falar em abuso, até porque como tantos outros era um tabu – dificilmente toma-se conhecimento de ingressos de crianças em hospitais que fossem vítimas de abuso.
A violência sexual da criança, manifestada através da pedofilia (preferência de um adulto por relações sexuais com crianças, através da adição), de atos violentos de abuso sexual ou através do incesto, por pertencer à esfera privada, “acaba se revestindo de tradicional característica de sigilo” (Guerra, 1998, p.32). 
A negação via de regra, acompanha a situação de violência sexual, sendo-lhe atribuída natureza específica de síndrome do segredo, para criança e a família, e síndrome de adição, para a pessoa que comete o abuso (Furniss, 1993, p.29).
Em estudos feitos constatou-se que a maioria dos ataques sexuais contra crianças não foi feitos por instrumentos de armas ou outros objetos, e sim utilizando a força física, o que torna esse crime ainda mais cruel, por se tratar de um ser indefeso.
3.3 A Lei do Silêncio
O segredo é uma das condições essenciais para que o abuso perdure. O agressor utiliza dele como arma e não hesitará em ameaçar a vítima como bem entender. Faz a criança acreditar que a revelação do segredo (estupro/ abuso sexual) causará uma crise terrível e perigosa. Assim sendo, seus temores se transformam numa prisão de segurança: ao ficar calada, tudo terminará bem.
A iniciativa de revelar o abuso pode estar associada à qualidade da relação que a criança estabelece com a pessoa para quem contou e, conseqüentemente, com a interpretação que a criança supõe que a pessoa faria (Berliner & Conte, 1995). Nesse sentido, a percepção das vítimas sobre suas mães e sobre o contexto familiar em que estão inseridas influencia sua disponibilidade para revelar o que aconteceu (Plummer, 2006).
Quando a criança torna público o abuso sexual, o silêncio e o segredo são quebrados, uma vez que ela espelha sua vulnerabilidade como também a de sua família, sem contar com a questão jurídica.
Os mecanismos de adaptação produzidos pelas crianças para mascarar que tudo vai bem, numa falsa “normalidade”, acontecem como um mecanismo de defesa. Elas fazem atividades costumeiras, seguindo a mesma rotina que tinham antes do acontecido: brincam, vão à escola, participam do convívio familiar, mas lhes faltam à alegria de viver, o brilho no olhar e a espontaneidade, que são características próprias da infância. O pressuposto dessa definição é a idéia de liberdade de Spinoza: 
A liberdade não é a escolha voluntária ante várias opções mas a capacidade de autodeterminação para pensar, querer, sentir e agir. É autonomia. Não se opõe à necessidade (natural ou social), mas trabalha com ela, opondo-se ao constrangimento e à autoridade. Nessa perspectiva, ser sujeito é construir-se e constituir-se como capaz de autonomia numa relação tal que as coisas e os demais não se ofereçam como determinantes do que somos e fazemos, mas como o campo no qual o que somos e fazemos pode ter a capacidade aumentada ou diminuída, segundo nos submetamos ou não à força e à violência ou sejamos agentes dela (CHAUÍ,1985 p.36). 
O segredo normalmente é revelado no seio familiar, mas muitas vezes causa conflito é pouco convincente. Pouco crédito é depositado na criança, porque a mesma “mente” e “fantasia”, por isso a raiva e o desespero impregna em sua personalidade fazendo com que ela se arrependa de ter revelado o segredo.
No início do abuso, é mais fácil perceber sinais e sintomas na criança. Dependendo do estágio da experiência traumática, no qual ela apresenta ações e reações diferentes, os indicadores psicológicos e os sintomas estão relacionados ao estresse pós-traumático, enquanto que, na fase crônica, os comportamentos e condutas desenvolvidos são associados à síndrome de acomodação ao abuso reiterado.
Neste sentido, denunciar isso implica questionar esses próprios lugares, ou seja, desconstruir essa relação de poder desigual, que não é natural, mas sim construída socialmente, conforme apontam os estudos de gênero (Saffioti, 1999; Scott, 1990).Devemos interromper o ciclo de violência contra crianças e isto só ocorrerá se cada um de nós: professores, vizinhos, médicos, pessoas próximas da criança tiver a consciência do papel que devemos exercer na comunidade. Ao tomarmos conhecimento de abuso sexual praticado contra crianças e adolescentes ou mesmo uma mera suspeita, deve-se procurar o Conselho Tutelar.
È necessário que a lei do silêncio acabe, para que assim também possa acabar a impunidade contra esses agressores. A sociedade deve estar ciente do seu papel em denunciá-los e saber que abuso sexual infantil é crime e como tal deve ser denunciado.
O importante é interromper o contato da vítima com o agressor através da denúncia. Detectando o abuso e considerando que a criança se acha em situação de risco, mesmo faltando elementos suficientes para intervir, deve-se procurar a justiça informando e solicitando colaboração.
“... a família se delimita, simbolicamente, a partir de um discurso oficial. Embora culturalmente instituído, ele comporta uma singularidade. Cada família constrói sua própria história, ou seu próprio mito, entendido como uma formulação discursiva em que se expressam o significado e a explicação da realidade vivida, com base nos elementos objetiva e subjetivamente acessíveis aos indivíduos na cultura em que vivem” (Sarti, 2004 p. 13). 
Uma família bem estruturada e atenta aos comportamentos da criança dentro de casa percebe quando alguma coisa foge da rotina. Fica mais fácil tomar medidas preventivas no início e medidas mais enérgicas, caso já tenha acontecido algo mais concreto. A fim de garantir a proteção da criança, sendo essa uma de suas necessidades, a revelação ou confirmação do abuso também é considerada importante.
Cabe à família interromper o ciclo do agressor, proporcionado à criança uma relação de confiança (vínculo), um ambiente estável, confortável, tranqüilo, lúdico, para que a agressão seja o menos traumático possível.
4. A PRÁTICA DO ASSISTENTE SOCIAL NO ENFRENTAMENTO DO ABUSO SEXUAL INFANTIL
Por se tratar de um assunto muito difícil ainda mais em se tratando de uma criança, faz-se necessário uma abordagem muito sutil e delicada para que a vítima não se sinta ainda mais agredida e acuada como já está, devido ao fato da agressão.
È necessário uma grande habilidade e sensibilidade para que se conheça a fundo a situação que está criança está vivendo; um vínculo de afetividade sincera e de muita confiança deve ser transmitido a ela de maneira espontânea e seguro. Deve ser mostrado um interesse sincero por parte do inquirido a cada relato feito pela vítima, para que ela sinta que a pessoa que a está inquirindo se preocupa de verdade com o seu problema e que tem interesse em ajudá-la.
Neste sentido, ressaltando a profundidade deste tema é que o abuso sexual é considerado uma violação de direito, surge à necessidade de profissionais qualificados e competentes que usem de suas práticas e conhecimentos em proteção e prevenção das crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual. 
Todas as categorias de profissionais que têm acesso as crianças e adolescentes podem atuar no reconhecimento de sinais preditivos e precisam estar preparados para abordar, de forma preventiva, as situações de violência. Para isso, é necessária a capacitação de profissionais de serviço social, de saúde, bombeiros, policiais, agentes jurídicos e população em geral para a identificação, avaliação e acompanhamento dos casos de violência contra crianças e adolescentes. 
Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões cotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública etc. (IAMAMOTO, 1999, p. 27-28). 
Dentro das diversidades de profissionais envolvidos neste segmento podemos destacar o Assistente Social que tem como função desenvolver uma ação protagonista dentro da sociedade, trabalhando na promoção da cidadania e na construção de redes de integração de serviços que contribua para combater essas demandas sociais. Assim como afirma Miotto (2006, p.22):
Estruturam-se sustentadas no conhecimento da realidade e dos sujeitos para as quais são destinadas, na definição de objetivos considerando o espaço dentro do qual se realiza na escolha de abordagens adequadas para aproximar-se dos sujeitos destinatários da ação e compatíveis com os objetivos. Finalmente, implica na escolha de instrumentos apropriados às abordagens definidas e também de recursos auxiliares para sua implementação. (MIOTTO, 2006, P. 22)
O enfrentamento do Assistente Social no âmbito da violência contra crianças e adolescentes é uma questão indiscutível, já que sua profissão é baseada na divisão e técnica social, uma demanda que está dentro da sociedade que visa atingir estratégias para superar problemas frente à questão social. A violência, desemprego, empobrecimento, moradia, entre outros, são fenômenos que estão frente às demandas sociais, constituindo assim inúmeros desafios para os profissionais de serviço social. Quanto a isso, Ferreira e Scharamm (2000, p.660) ainda colocam: 
Sendo assim, os profissionais encontram-se diante do desafio de evitar as formas traumáticas de intervenção, sem resvalar, contudo, na negligência com que o tema da violência contra crianças tem sido tratado no Brasil, com raras e honrosas exceções. (FERREIRA & SCHARAMM, 2000, p. 660). 
A partir de então os profissionais assumem o compromisso com a qualidade dos serviços prestados. Para legitimar-se nessa sociedade, o Serviço Social, como profissão, tem que responder as suas demandas, essas que são pautadas nas relações sociais, respondendo tanto as demandas do capital como a do trabalho fortalecendo um ou outro. 
O Assistente Social tem o papel de modificar a existência da violação contra crianças e adolescentes dentro da sociedade, e assim promover a divulgação dos direitos desses indivíduos contidos no ECA – Estatuto da Criança. O profissional deve ser responsável pela inserção da criança e do Adolescente em programas socioassistenciais, utilizando das políticas públicas e efetivação dos direitos conquistados.
Neste contexto, o assistente social trava batalhas cotidianas para colocar em curso o seu exercício profissional, recorrendo a um grande número de conhecimentos que qualificam aquilo que faz. 
Diante disso, seu papel é enfrentar a discriminação, o preconceito e as barreiras existentes que vão de contra o enfrentamento da violência contras esses meninos e meninas, e assim lutar pelas possibilidades de participação dos usuários na utilização dos seus serviços e direitos.
O Serviço Social brasileiro contemporâneo apresenta uma feição acadêmico-profissional e social renovada, voltada à defesa do trabalho e dos trabalhadores, do amplo acesso a terra para a produção de meios de vida, ao compromisso com a afirmação da democracia, da liberdade, da igualdade e da justiça social no terreno da história. (IAMAMOTO, 2009, p.18)
No enfrentamento do abuso sexual infantil o assistente social deve contar a participação de programas sociais, Ministério Público, Conselho Tutelar, Conselho Municipal do Direito da Criança e do Adolescente, Delegacias, CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social, entre outros. È primordial a presença de órgãos que se proponham a auxiliar essas crianças dando a elas todo o suporte necessário para que as mesmas possam voltar a reestruturarem suas vidas. 
Com ajuda de outros profissionais o assistente social desenvolve um trabalho eficiente e para que isso seja completo o mesmo pode utilizar de alguns princípios que podem contribuir para esse enfrentamento:
· Assegurar o equilíbrio entre a proteção à vítima e o respeito a sua autonomia;
· Avaliar o risco de morte ou lesão grave para a vítima e decidir se é necessário ou não uma intervenção urgente;
· Observar a intencionalidade ou não do agressor quando há suspeita da violência;
· Realizar a intervenção em conjunto com equipe interdisciplinar. A existência de uma equipeinterdisciplinar não significa a anulação da responsabilidade individual de atuação de cada profissional;
· O plano de intervenção deve contemplar as condições físicas, emocional, social e familiar da criança e do adolescente
Esses meios de intervenção permitem uma primeira aproximação a uma realidade que permanece ainda mais invisível do que qualquer outra forma de violência no nosso país. O serviço social tem como objetivo modificar a realidade em que vive, ou seja, provocar a conscientização e o entendimento à questão da criança e do adolescente aprenda a respeitar e valorizar esses indivíduos.
Sendo assim, o assistente social deve ter consciência dos obstáculos e barreiras que enfrentarão e que poderão interferir no seu trabalho, bem como reconhecer que é preciso superar algumas dificuldades e dar andamento a sua prática cotidiana, haja vista que as demandas existentes virão de todos os indivíduos da sociedade e principalmente daqueles que irão omitir as questões sociais que envolvem violência, crianças e adolescentes.
4.1 O Assistente Social na Prevenção
Alguns fatores são essenciais para que se possa prevenir o ciclo do de abuso dentro da sociedade, bem como ajudar a crianças e o adolescente a manter uma relação de confiança com a família, para que a mesma possa sentir que nem todos os adultos são pessoas capazes de fazer mal a ela. 
Uma das coisas primordiais para prevenir a violência contra crianças e adolescentes dentro da sociedade, dentro dos lares e dentro das escolas é a comunicação. Um diálogo aberto com a sociedade e a família sobre os cuidados que devem ter com os filhos nos locais e com as pessoas as quais eles mantêm contato. 
Neste sentido, “prevenir realmente é a melhor forma de remediar” e as informações sobre a prevenção contra o abuso infantil deve ser descrita de maneira clara para os familiares e responsáveis por esses indivíduos menores.
Segundo Guralnick (1998) existem três padrões que podem ser identificados como essenciais na interação da família: a qualidade da interação dos pais com a criança; na medida em que a família fornece à criança experiências diversas e apropriadas com o ambiente físico e social ao seu redor; e o modo pelo qual a família garante a saúde e a segurança da criança, como, por exemplo, levando a mesma para ser vacinada e dando-lhe nutrição adequada
É necessário que os pais ou até mesmo os adultos que cuidam de crianças estejam mais atentos ao que elas dizem, nem tudo parte de uma imaginação fértil, é necessário estar mais atentos , quando a criança se refere há alguns assuntos que não são peculiares a uma criança, como, por exemplo, assuntos sexuais.
Diante das necessidades desses cuidados é que os profissionais de Serviço Social devem trabalhar na prevenção e orientação familiar sobre os problemas sociais existentes, desvendando sua realidade e tomando medidas de proteção sobre esse segmento. Para Machado (2000, p.31):
Fazer uma leitura da realidade significa desvendá-la, limpando-a de estereótipos, preconceitos, ideologias. Significa reconstruir o real no pensamento, realizando um movimento dialético onde as conclusões abstraídas do real retornam a ele para reiniciar o processo de conhecimento. Afinal, o real não se dá a conhecer de imediato, é só a atitude investigativa e reflexiva que possibilita apreender a riqueza do ser social. (MACHADO, 2000, p.31).
Ao conhecer a realidade das vítimas o assistente social deve orientá-los sobre os meios de proteção e a forma exata de punir os agressores, já que na maioria dos casos de abuso infantil acontece nos lares, e se o problema não for solucionado poderá vim ocorrer outras vezes. O assistente social deve exercer um trabalho que atinja a todos os familiares para que se rompa o circulo vicioso do abuso dentro da família e dentro da sociedade.
Para que esses efeitos devastadores sobre o abuso sexual contra crianças e adolescentes não se alastre é necessário que o assistente social pratique o ato da prevenção dentro da sociedade e dessa forma consiga prevenir esse tipo de violação de direitos. Cabe aos profissionais utilizarem de técnicas de prevenção dentro da família:
· Orientar os pais, mães e responsáveis sobre as necessidades das crianças e dos adolescentes;
· Favorecer a integração das famílias em redes de apoio e serviços;
· Incentivar as famílias a participarem das atividades diárias dos filhos, (escola, brincadeiras, lazer, etc.);
· Orientar a família sobre a necessidade de atividades em grupo com os filhos, tirando dúvidas e curiosidades dos mesmos;
· Incentivar a participação dos pais nos cuidados dos filhos;
· Orientar as mães sobre o processo das adolescentes (a primeira menstruação, etc);
· Orientar a família a trabalhar com os filhos a respeito das diversidades, preconceitos e discriminação;
· Inserir as famílias em programas, projetos em outras áreas como saúde, educação, religião, entre outros.
O profissional deve trabalhar na orientação visando à prevenção contra o abuso sexual e contra qualquer outra forma de violência. A maioria das famílias que vivem o abuso desconhece essas orientações necessárias e muitas vezes a falta de conhecimento consegue colocar essas famílias em situação de vulnerabilidades. A prevenção e a orientação é um instrumento importante para as famílias cujos direitos foram violados. 
Segundo Hazeu, 2003, p. 248, devem-se orientar as crianças sobre a sua sexualidade, respeitando e conhecendo cada fase do seu crescimento. Isto poderá ajudar a evitar equívocos na maneira de lidar com a sexualidade da criança e do adolescente, respeitando formas de expressão sem reprimi-las, e enfrentando a invasão da sexualidade infantil por adultos. 
Embora, a maneira mais eficaz para que esse crime seja combatido pela sociedade, principalmente os vizinhos e parentes próximos da vítima é tomar conhecimento do crime, é não se intimidar e nem se calar, a denúncia é fator primordial para que se acabe com a impunidade a esses agressores.
Portanto, na questão da prevenção o assistente social deve prezar sempre pela qualidade dos serviços prestados, seja no setor público ou nas organizações do terceiro setor, ainda que estas se configurem como uma afirmação da desresponsabilização do Estado. 
A prevenção nas demandas diversas da população deve ser igualmente eficaz, contribuindo para transformações na realidade, articulando-se com as demais políticas sociais, pois se tratam de direitos, porém muito profissional depara-se com entidades que atendem à criança e ao adolescente, mas que se negam a aceitar e colocar em prática o Estatuto.
4.2 O Assistente Social no Acompanhamento das Crianças e Adolescentes Vítimas de Abuso Sexual dentam CREAS.
A política de Proteção a Criança e ao Adolescente tem como estrutura a Política de Assistência Social e o Estatuto da Criança e do Adolescente, o qual defende os direitos e deveres desse público alvo, que ordena aos órgãos competentes que na efetivação dessas políticas sejam implementadas todas as ações contidas no ECA em seu art. 87, (1990, p. 25):
I- Políticas sociais básicas;
II- Políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que necessitem;
III- Serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vitimas de negligencia, maus-tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;
IV- Serviços de identificação e localização de pais, responsável, crianças e adolescentes desaparecidos;
V- Proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente.
Tais ações precisam ser direcionadas pelas seguintes diretrizes:
I- Municipalização do atendimento;
II- Criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurados à participação popular partidária por meio de organismos representativos;
III- Criação e manutenção de programas específicos, observado a descentralização político-administrativa;
IV- Manutenção dos fundos nacionais, estaduais

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