Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Auditoria das Demonstrações Contábeis 1ª edição 2018 Auditoria das Demonstrações Contábeis 5 3 Unidade 5 Planejamento de auditoria Para iniciar seus estudos Você está iniciando o estudo da quinta unidade da disciplina Auditoria das Demonstrações Contábeis. Preparado(a) para entender como é a organização de uma auditoria? Nesta unidade, estudaremos o planejamento de auditoria, compreen- dendo todo o seu processo. Vamos lá? Objetivos de Aprendizagem • Compreender o processo de planejamento de auditoria. • Ser capaz de identificar o conteúdo do planejamento de auditoria. • Entender os planos de auditoria. 4 Auditoria das Demonstrações Contábeis | Unidade 5 - Planejamento de auditoria 5.1 Conceitos iniciais Para iniciar nossos estudos, partiremos da ideia de que “[...] o objetivo do auditor é planejar a auditoria de forma a realizá-la de maneira eficaz” (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2016a, s.p.). O conceito trazido pela Norma Brasileira de Contabilidade Técnica de Auditoria n. 300 – R1 de 2016 – Planejamento da Auditoria de Demonstrações Contábeis chama a atenção para o conteúdo que trataremos nesta unidade. O planejamento de auditoria consiste na organização de dois itens: I. a definição da estratégia de trabalho; e II. o plano de auditoria. E o que isso significa? A estratégia de trabalho apresenta quais serão as estratégias definidas pela firma de auditoria para atin- gir o objetivo do serviço, enquanto o plano de auditoria descreve quais atividades serão desenvolvidas durante a auditoria. Desta forma, o planejamento de auditoria constitui a etapa em que é elaborada a estratégia a ser utilizada na entidade e/ou instituição que será auditada, com a planificação de metas para que o serviço seja realizado com excelência e com o menor custo possível. Figura 5.1: Planejamento de auditoria Legenda: A figura mostra uma mesa de trabalho com notebook, tablet, bloco de anotação e papéis com dados e grá- ficos sendo manipulados por diversas pessoas, simbolizando a organização de um planejamento de auditoria. Fonte: Plataforma Deduca (2018). 5 Auditoria das Demonstrações Contábeis | Unidade 5 - Planejamento de auditoria É importante saber que, antes do início do trabalho de auditoria, o auditor deve: • realizar os procedimentos de aceitação e continuidade de relacionamento com clientes e trabalhos de auditoria, exigidos pela Norma Brasileira de Contabilidade Técnica de Auditoria n. 220 – Controle de Qua- lidade da Auditoria de Demonstrações Contábeis; • avaliar a conformidade com os requisitos éticos, inclusive independência, no que diz respeito à exigência ética relevante, conforme exigido pela Norma Brasileira de Contabilidade Técnica de Auditoria n. 220 – Controle de Qualidade da Auditoria de Demonstrações Contábeis (CONSELHO FEDERAL DE CONTABI- LIDADE, 2016b); • estabelecer o entendimento dos termos do trabalho, conforme exigido pela Norma Brasileira de Conta- bilidade Técnica de Auditoria n. 210 – Concordância com os Termos do Trabalho de Auditoria (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2016a); Considera-se exigência ética relevante as exigências éticas às quais a equipe de trabalho e o revisor de controle de qualidade do trabalho estão submetidos; elas “[...] compreendem o Código de Ética do Conselho Federal de Contabilidade e suas normas profissionais” (CONSE- LHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2016b, s.p.). Glossário Somente após essas atividades é que precisam ser iniciados quaisquer trabalhos de auditoria. Essa primeira etapa é fundamental para que se assegure que o trabalho realizado é idôneo e se observem as normas e orientações que regulamentam a auditoria contábil; esta consiste na elaboração do planejamento. Vale ressaltar que um adequado planejamento de auditoria oferece diversos benefícios para a auditoria das demonstrações contábeis, como, por exemplo: • auxiliar o auditor a dedicar atenção apropriada às áreas importantes da auditoria; • auxiliar o auditor a identificar e resolver tempestivamente problemas potenciais; • auxiliar o auditor a organizar adequadamente o trabalho de auditoria para que seja realizado de forma eficaz e eficiente; • auxiliar na seleção dos membros da equipe de trabalho com níveis apropriados de capacidade e competência para responderem aos riscos esperados e à alocação apropriada de tarefas; • facilitar a direção e a supervisão dos membros da equipe de trabalho e a revisão do seu trabalho; • auxiliar, se for o caso, na coordenação do trabalho realizado por outros auditores e especia- listas. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2016c) Franco e Marra (2001, p. 297) destacam que “[...] ao se iniciar qualquer trabalho de auditoria, este deve ser cuida- dosamente planejado, tendo em vista seu objetivo. Os exames e verificações serão orientados conforme o alcance visado pela auditoria”. Nesse sentido, todo trabalho executado pela auditoria é previsto nessa etapa inicial. 6 Auditoria das Demonstrações Contábeis | Unidade 5 - Planejamento de auditoria Já sabemos que o planejamento de auditoria engloba duas etapas: a definição da estratégia de trabalho e o plano de auditoria. Podemos observar as principais características delas na Figura 5.2: Figura 5.2: Características do planejamento de auditoria Estratégia de trabalho • Abrangente • Amplo • Sem direcionamentos específicos Plano de auditoria • Mais aprofundado • Com direcionamentos mais específicos Fonte: Elaborada pela autora (2018). A estratégia de trabalho auxilia o auditor a determinar quais recursos serão empregados na auditoria, quando eles devem ser alocados e como serão gerenciados, direcionados e supervisionados. Para definir a estratégia de trabalho, o auditor deve observar alguns itens: 1. identificar as características do trabalho para definir o seu alcance; 2. definir os objetivos do relatório do trabalho de forma a planejar a época da auditoria e a natureza das comunicações requeridas; 3. considerar os fatores que no julgamento profissional do auditor são significativos para orien- tar os esforços da equipe do trabalho; 4. considerar os resultados das atividades preliminares do trabalho de auditoria e, quando apli- cável, se é relevante o conhecimento obtido em outros trabalhos realizados pelo sócio do trabalho para a entidade; e 5. determinar a natureza, a época e a extensão dos recursos necessários para realizar o traba- lho. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2016c, s.p.) Desta forma, depreende-se que a estratégia é um trabalho inicial no qual devem ser observadas todas as infor- mações de maior relevância para os trabalhos. Ela é item necessário que antecede o plano de trabalho, visto que é apenas após a definição da estratégia que se pode defini-lo. Como você já deve ter percebido, o plano de auditoria, por sua vez, é mais aprofundado que a estratégia, pois abrange a natureza, a época e a extensão dos procedimentos de auditoria que serão realizados pela equipe de trabalho. É necessário que o plano de auditoria inclua: • a natureza, a época e a extensão dos procedimentos planejados de avaliação de risco; • a natureza, a época e a extensão dos procedimentos adicionais de auditoria planejados no nível de afirmação; • outros procedimentos de auditoria planejados e necessários para que o trabalho esteja em conformidade com as normas de auditoria. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2016c, s.p.) 7 Auditoria das Demonstrações Contábeis | Unidade 5 - Planejamento de auditoria Como sabemos, todos os itens relevantes para a auditoria devem ser registrados. O planeja- mento de auditoria consiste em documentação, logo, será registrado nos papéis de trabalho da firma de auditoria. 5.2 Definições e objetivos do planejamento de auditoria O planejamento apresenta tudo aquilo que é necessário para a realização da auditoria. Para ele, é requisito fun- damental que a firma de auditoria tenha um amplo conhecimento sobre a entidade auditada e suas atividades, pois, com base nisso, serão delimitadas asestratégias dos trabalhos. Uma fonte importante de informação são os relatórios de auditoria anteriores realizados na empresa (ALMEIDA, 2008), além, também, dos registros contábeis anteriores. E quais são os conhecimentos necessários para o pla- nejamento de auditoria? Vamos conhecê-los no Quadro 5.1. Quadro 5.1: Conhecimentos para o planejamento de auditoria Conhecimentos detalhados sobre Organização, ramo da atividade, negócios e práticas organizacionais. Sistema contábil e de controles internos e externos da auditada e seu grau de confiabilidade. Natureza, oportunidade e extensão dos procedimentos de auditoria a serem aplicados. Riscos de auditoria e identificação das áreas importantes da entidade, seja pelo volume de transações, seja pela complexidade de auditoria a serem aplicados. Existência de entidades associadas, filiais e partes relacionadas. Uso dos trabalhos de outros auditores independentes, especialistas e auditores internos. Natureza, conteúdo e oportunidade dos pareceres, relatórios e outros informes a serem entregues à entidade. Necessidade de atender a prazos estabelecidos por entidades reguladoras ou fiscalizadoras e para a entidade prestar informações aos demais usuários externos. Fonte: Adaptado de Almeida (2008). 8 Auditoria das Demonstrações Contábeis | Unidade 5 - Planejamento de auditoria Esse conhecimento prévio permite a identificação de problemas relacionados à contabilidade, à auditoria e aos impostos (ALMEIDA, 2008). Além disso, de posse dessas informações, o planejamento de auditoria permite que sejam determinadas a natureza, a extensão e as datas dos testes de auditoria. Os objetivos do planejamento de auditoria quase se confundem com sua própria conceituação, e isso ocorre por- que o planejamento de auditoria tem como finalidade preparar todo o plano que será executado, conhecendo o passo a passo predeterminado para o trabalho. 5.3 Adquirindo conhecimentos sobre a empresa Vimos anteriormente que um bom planejamento demanda conhecimentos sobre a empresa. E como obtê-los? É preciso estudar a empresa, sua posição no mercado, suas estratégias e, mais do que isso, conhecer suas principais áreas e quais as atividades que demandam mais atenção. Almeida (2008) elenca oito setores como os mais relevantes a serem estudados pela auditoria, são eles: finan- ceiro, contábil, orçamentário, pessoal, fiscal e legal, operações, vendas e suprimentos. Assim, é possível destacar os principais componentes que devem ser observados em cada setor: • Financeiro: dados e valores que envolvem comportamentos financeiros da empresa, como, por exem- plo, informações sobre transações de compra e venda com fornecedores e clientes, relacionamento com bancos e condições firmadas, devedores duvidosos etc. • Contábil: dados referentes à forma dos registros contábeis, como os princípios contábeis adotados, a uniformidade na aplicação dos princípios, se a análise das contas está sendo preparada regularmente ao longo do ano, entre outros. • Orçamentário: dados referentes à análise entre projeção e efetividade, abordando a situação atual do orçamento em comparação com o incorrido, as explicações para as variações entre o orçado e o real, e as projeções até o fim do exercício social. • Pessoal: dados referentes à política empresarial estabelecidos pela empresa para contratação e manu- tenção de pessoal, como políticas de admissões, de treinamento, de avaliação, de aumento salariais, estrutura organizacional da empresa e saída de funcionários importantes. “Política empresarial é o guia de definições estratégicas que são os alicerces da organização. São políticas internas, parâmetros, balizamentos ou orientações que facilitam e servem de base para as tomadas de decisão” (MARQUES, 2017, s.p.). Ela pode estar presente em qual- quer nível da empresa. Desse modo, “[...] a política empresarial padroniza a linguagem utili- zada em todos os departamentos e operações” (MARQUES, 2017, s.p.). Glossário 9 Auditoria das Demonstrações Contábeis | Unidade 5 - Planejamento de auditoria • Fiscal e legal: dados que apontem a condição fiscal e legal da empresa, como situação atual de pro- cessos envolvendo o nome da empresa, livros fiscais e legais e sua escrituração, e mudanças no con- trato social ou estatuto. • Operações: dados referentes aos principais registros da empresa, como todos os bens imobilizados da empresa, seus desgastes e suas depreciações. • Vendas: relatório de vendas da empresa, trazendo a situação da empresa no mercado frente aos con- correntes, à política de propaganda, às causas das devoluções de vendas, e à política de garantia dos produtos. • Suprimentos: relatório sobre as métricas utilizadas pela empresa para controle de suprimentos, como limites de aprovação de compras, sistema de compras e problemas potenciais de compra. Esses são os principais setores, pois envolvem transações com numerários, que são evidenciadas nas demonstra- ções contábeis, as quais são auditadas. 5.4 O planejamento de auditoria O planejamento de auditoria, para ser completo e amplo, deve seguir algumas etapas, que veremos a seguir. Primeiramente, deve-se elaborar o cronograma. Nele, são elencadas todas as atividades previstas para a audito- ria, como os prazos para a realização dos trabalhos. Como vimos, o primeiro passo a ser feito é uma visita prelimi- nar à empresa a fim de conhecer suas rotinas e operações. Essa etapa é o primeiro item contemplado no planeja- mento de auditoria. Para isso, o auditor leva em conta todas as horas que foram utilizadas para levantamento de informações, a experiência adquirida ao longo dos procedimentos de auditoria e a experiência de cada auditor. Figura 5.3: Planejamento de auditoria Legenda: A figura mostra um círculo dividido em partes; em uma delas, duas pessoas estão conversando; nas demais, há prancheta e caneta, xícara de café, quadro branco e envelopes, ou seja, objetos que remetem ao ambiente de traba- lho. Há um cronômetro centralizado, simbolizando a organização de um cronograma de planejamento de auditoria. Fonte: Plataforma Deduca (2018). 10 Auditoria das Demonstrações Contábeis | Unidade 5 - Planejamento de auditoria É importante que você saiba que o cronograma de auditoria permite a visualização de todas as etapas que devem ser cumpridas pela equipe de auditoria, além de fazer com que o auditor sinta-se “pressionado” na medida em que transcorre o tempo, podendo, inclusive, demonstrar a necessidade de contratação de mais profissionais. Outro passo a ser realizado é a determinação dos procedimentos de auditoria que serão realizados. Franco e Marra (2001, p. 298) destacam que os métodos utilizados na auditoria incluem procedimentos de auditoria. São eles: • Inspeção • Observação • Confirmação externa • Recálculo • Reexecução • Indagação • Procedimentos analíticos De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade (2016c), o planejamento desses procedimentos de auditoria ocorre de forma mais apropriada durante os trabalhos. Por exemplo, o planejamento dos procedimentos de avaliação de riscos ocorre na fase inicial de auditoria. Entretanto, o planejamento da natureza, da época e da extensão de procedimentos específicos adicionais de auditoria depende do resultado dessa avaliação de riscos. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2016c, s.p.) Ademais, o auditor pode executar procedimentos adicionais de auditoria para alguns tipos de operação antes de planejar todos os procedimentos adicionais de auditoria. Entretanto, a priori, é interessante que o auditor submeta uma carta endereçada à empresa relacionando as informações necessárias para o serviço de auditoria. Essas informações representam, por exemplo: • cópia das demonstrações contábeis; • análise de contas; • reconciliações bancárias; • extratos bancários; • cópias de atas; • cópias de contratos. A carta deve ser clara e direta, elencando quais documentos o auditor necessita. Ela é um instrumento extrema- mente importante, uma vezque possibilita ao auditor planejar mais adequadamente a época de realização dos serviços de auditoria. O auditor deve, também, analisar os riscos de auditoria, os quais estão relacionados aos controles internos da empresa e às revisões analíticas realizadas. Após analisar os controles internos e efetuar revisões analíticas, esse profissional é capaz de planejar com segurança a natureza, a extensão e o cronograma dos testes e procedimen- tos de auditoria. 11 Auditoria das Demonstrações Contábeis | Unidade 5 - Planejamento de auditoria A revisão analítica constitui uma análise das contas do ativo e do passivo e de receitas e despesas. Tem como objetivos: determinar o relacionamento entre as mais diversas contas; e verificar as causas das flutuações anormais, tendências etc. Essa revisão indica ao auditor as áreas com possíveis problemas e aquelas em que podem ser reduzidos os testes detalhados. Isso porque a ideia do planejamento de auditoria reside justamente na antecipação de problemas que a empresa, não sabendo de sua existência, levaria para as demonstrações contábeis. Assim, um bom plane- jamento evita algumas situações, permitindo que a empresa tenha tempo hábil de solucionar problemas sem que incida em atrasos na divulgação de suas demonstrações (ALMEIDA, 2008). Nesse contexto, possíveis problemas que podem ser identificados pelo auditor são: a falta de atendimento ou cumprimento às normas de contabilidade e legislações específicas que cabem à própria empresa (por exemplo, empresas de telecomunicações que devem seguir normas específicas de agências reguladoras); a quebra de uni- formidade na aplicação dos princípios de contabilidade (outrora extintos, mas ainda intrínsecos); as transações registradas em desacordo com a normatização; os erros nos procedimentos ou cálculos de contas ativas reduto- ras, como depreciações, exaustões e amortizações; os cálculos errados de impostos; as provisões inadequadas; ou os registros executados de maneira errada (ALMEIDA, 2008). Figura 5.4: Riscos de auditoria Legenda: A figura expressa uma pessoa andando na corda bamba segu- rando um guarda-chuva, o que simboliza os riscos da auditoria. Fonte: Plataforma Deduca (2018). Como dissemos anteriormente, para contornar potenciais problemas, os auditores executam, sempre que pos- sível um maior volume de serviços de auditoria. Para tanto, realizam visitas preliminares na empresa a fim de conhecer e coletar informações, visto que elas precisam ser utilizadas, de acordo com Almeida (2008), para: 12 Auditoria das Demonstrações Contábeis | Unidade 5 - Planejamento de auditoria • detectar problemas de imediato; • dar mais atenção à empresa auditada; • emitir o relatório de auditoria dentro de um prazo razoável de tempo após a publicação das demonstra- ções contábeis pela empresa auditada. Para evitar custos adicionais para a empresa, o auditor pode utilizar pessoal interno à empresa auditada para desempenhar algumas atividades, como o fornecimento de documentos que serão apanhados nos arquivos da empresa, o preenchimento de papéis de trabalho referentes às movimentações de contas patrimoniais, assim como análises de seus saldos, conciliação entre procedimentos de confirmação externa e dados da empresa (ALMEIDA, 2008). Esperamos que você esteja compreendendo os conteúdos abordados. Além de importan- tes para a sua formação, eles serão úteis para a sua participação no Fórum Desafio. O próximo passo consiste na designação de pessoal competente para a realização da auditoria, ou seja, junta-se a equipe de auditoria e determinam-se quais serão as atribuições e responsabilidades de cada um dos membros da equipe. Devem ser analisadas a capacidade e a competência dos membros individuais para elencá-los à equipe de traba- lho. Para o Conselho Federal de Contabilidade (2016c, s.p.), “[...] o envolvimento do sócio e de outros membros- -chave da equipe de trabalho no planejamento da auditoria incorpora a sua experiência e seus pontos de vista, otimizando assim a eficácia e a eficiência do processo de planejamento”. Quase no final do planejamento, ocorre a supervisão e revisão do planejamento de auditoria, verificando se o que foi planejado está adequado ao objetivo da auditoria. A natureza, a época, a extensão do direcionamento e da supervisão dos membros da equipe, além da revisão do seu trabalho, podem variar em razão de diferentes fatores, como o porte e a complexidade da entidade, a área da auditoria, os riscos de distorção, o volume de ope- rações e a capacidade e competência dos membros individuais da equipe de auditoria. Ainda nessa etapa do planejamento, cabem, também, novas reuniões com a administração da empresa audi- tada, submetendo indagações no que diz respeito às potenciais dúvidas, que precisam ser esclarecidas para que o planejamento seja adequadamente encerrado. Continuando, Almeida (2008) lista algumas providências que devem ser tomadas para a reunião com a gerência da empresa, vejamos: • Leitura das atas de reunião de acionistas, do conselho de administração, da diretoria e do conselho fiscal. • Leitura dos relatórios da auditoria interna emitidos durante o exercício social a ser auditado. • Leitura das legislações fiscais e das normas de contabilidade e auditoria emitidas durante o exercício social e aplicáveis à empresa sob exame. Também podem ser realizadas visitas às instalações da empresa para conhecer mais sobre as atividades realiza- das. Entretanto, é de praxe que essas visitas sejam realizadas ainda na etapa de identificação de riscos. A Figura 5.5 resume o passo a passo do planejamento de auditoria: 13 Auditoria das Demonstrações Contábeis | Unidade 5 - Planejamento de auditoria Figura 5.5: Passo a passo do planejamento Elaboração do cronograma Verificação dos procedimentos de auditoria Enumeração dos riscos de auditoria Designação de pessoal Determinação dos períodos de testes e procedimentos Supervisão e revisão Reuniões com a administração Revisões e atualizações Fonte: Elaborada pela autora (2018). Vimos que um planejamento de auditoria é a etapa inicial da auditoria e, ainda assim, perpassa diferentes ativi- dades. Logo, percebemos a sua importância frente aos serviços realizados pela auditoria. Destaca-se, no entanto, que tanto o planejamento quanto os programas de auditoria devem ser revisados de forma periódica, pois podem haver circunstâncias que demandem ajustes e que, caso não sejam efetuados, podem impactar no trabalho prestado. Assim, consideramos que o planejamento pode (e deve!) ser revisto, para que seja oportuno o bastante para auxiliar nas rotinas de auditoria. As atualizações no planejamento e nos pro- gramas de auditoria serão documentadas nos papéis de trabalho correspondentes, devendo ficar evidenciados, também, os motivos das modificações a que se procedeu. No planejamento da primeira auditoria, o auditor independente deve avaliar a necessi- dade de revisão dos papéis de trabalho e dos relatórios emitidos pelo seu antecessor? Caso entenda que é necessária a revisão, deve proceder com as atividades habituais de revisão? 14 Auditoria das Demonstrações Contábeis | Unidade 5 - Planejamento de auditoria Um item que cabe destacar diz respeito à realização da primeira auditoria em uma entidade. Esse fato requer alguns cuidados especiais por parte do auditor, podendo ocorrer três situações básicas, conforme destaca Almeida (2008): quando a entidade nunca foi auditada; quando ela foi auditada de forma imediata anterior- mente; e quando já foi auditada, mas não em um período imediatamente anterior. Tal período diz respeito ao exercício social anterior da empresa. Se esta utiliza o ano-calendário como exercício social, então o período ime- diatamente anterior ao exercício de 2018 é o de 2017. Sobre isso, portanto, percebe-se que, quando a entidade nunca foi auditada, o auditor deve demandar uma aten- ção maior, pois a empresa não tem nenhuma experiência com esse tipo de trabalho e não conheceas demandas e rotinas de uma auditoria. Quando a entidade foi auditada e essa auditoria ocorreu no período imediatamente anterior, Almeida (2008) observa que já há uma maior facilidade, visto que as orientações acerca do que será realizado são recebidas e percebidas com maior facilidade. A terceira situação trazida pelo autor é cautelosa, mas não tanto quanto a primeira. Nesse caso, a empresa já tem experiência com auditoria, entretanto as demonstrações contábeis de anos anteriores, que servem de base para os trabalhos do auditor, não foram auditadas, o que pode gerar um trabalho adicional para ela. Figura 5.6: Auditoria Legenda: A figura apresenta duas mãos, uma segura um papel, enquanto a outra aproxima uma lupa para visu- alizar os dados que há nele. Ao fundo tem uma calculadora, uma caneta e um bloco de anotações. Fonte: Plataforma Deduca (2018). Os dados obtidos de auditorias anteriores são importantes para a formação de opinião do auditor, pois é possível aplicar as características qualitativas de comparabilidade entre procedimentos e rotinas executados em anos anteriores com os executados no período em análise. Sobre a observância às normas, cabe destacar que, se uma empresa utiliza técnicas e procedimentos contábeis que não atendam às Normas Brasileiras de Contabilidade, o auditor deve imediatamente comunicar isso à admi- nistração da empresa auditada, tendo em vista que essa observância é o objetivo da auditoria e, se este não está sendo respeitado, o auditor deverá emitir parecer com ressalva ou adverso (ALMEIDA, 2008). Para evitar adiamento das demonstrações contábeis e retrabalho da auditoria, o auditor deve recomendar à gerên- cia que sejam realizadas mudanças com o intuito de tornar as rotinas contábeis adequadas ao que é exigido. 15 Auditoria das Demonstrações Contábeis | Unidade 5 - Planejamento de auditoria As grandes empresas de auditoria apresentam, em seus sites, informações sobre os traba- lhos realizados sob diferentes perspectivas e escopos. Você pode explorar os sites dessas empresas para verificar a constância e a demanda de trabalhos das firmas de auditoria. Um exemplo é a Ernst & Young. Para saber mais, acesse: <http://www.ey.com/br> Estudamos, até agora, as principais características do planejamento de auditoria, o que deve ser feito, de que maneira, quando, entre outros aspectos. E qual a amplitude do planejamento de auditoria? Podemos dizer que o planejamento de auditoria pressupõe a formação do programa de auditoria, que, por sua vez, “[...] consiste no plano de trabalho para exame de área específica. Ele prevê os procedimentos que deverão ser aplicados para que se possa alcançar o resultado desejado” (FRANCO; MARRA, 2001, p. 297). Esse programa deve ser amplo e flexível de modo que permita alterações durante as revisões. Vale a pena destacar que não é necessário um programa para toda a auditoria realizada, mas, sim, programas que sejam realizados de forma específica, pois assim garan- tem maior confiabilidade e acurácia à informação gerada. Pelo que vimos até aqui, esperamos que você tenha compreendido que um planejamento de auditoria deve prever programas específicos para cada área da empresa, como, por exemplo, um programa para as disponibili- dades, um programa para as contas a pagar e outro para as contas a receber etc. http://www.ey.com/br 16 Considerações finais Nesta unidade, tivemos acesso a um conteúdo fundamental para o pro- cesso de planejamento de auditoria. Vamos relembrar os principais tópi- cos sobre o planejamento? • Vimos que o planejamento de auditoria é uma das primeiras fases da auditoria das demonstrações contábeis, o qual ocorre em duas etapas: estratégias de trabalho e plano de auditoria. Enquanto as estratégias de trabalho são mais amplas, o plano de auditoria é mais aprofundado. • O planejamento tem fundamental importância para a realização de uma auditoria, como a maximização da eficácia e da eficiên- cia dos trabalhos. • Dentre os principais objetivos do planejamento de auditoria, podemos destacar: adquirir conhecimento sobre a natureza das operações, dos negócios e da forma de organização da empresa; planejar maior volume de horas nas auditorias preliminares; obter maior cooperação do pessoal da empresa; determinar a natureza, a amplitude e as datas dos testes de auditoria; identificar previa- mente problemas relacionados com contabilidade, auditoria e impostos. • Por fim, estudamos que a elaboração de um planejamento demanda diferentes etapas, desde a elaboração do cronograma até as revi- sões e atualizações do planejamento. Todas são muito importantes, pois orientam o auditor nos caminhos a seguir, de forma a buscar as informações com maior relevância para a auditoria. Referências 17 ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Norma Brasileira de Con- tabilidade Técnica de Auditoria n. 210 – R1 - Concordância com os ter- mos do trabalho de auditoria. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 ago. 2016a. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/ NBCTA210(R1).pdf>. Acesso em: 10 maio 2018. ______. Norma Brasileira de Contabilidade Técnica de Auditoria n. 220 – R1– Controle de Qualidade da Auditoria das Demonstrações Contá- beis. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 ago. 2016b. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTA220(R2).pdf>. Acesso em: 10 maio 2018. ______. Norma Brasileira de Contabilidade Técnica de Auditoria n. 300 – R1 de 2016 – Planejamento da Auditoria das Demonstrações Contá- beis. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 ago. 2016c. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTA300(R1).pdf>. Acesso em: 10 maio 2018. FRANCO, H.; MARRA, E. Auditoria Contábil. São Paulo: Atlas, 2001. MARQUES, R. J. O que são políticas empresariais. 10 jul. 2017. Disponí- vel em: <https://www.ibccoaching.com.br/portal/rh-gestao-pessoas/o- -que-sao-politicas-empresariais/>. Acesso em: 15 maio 2018. http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTA210(R1).pdf http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTA210(R1).pdf http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTA220(R2).pdf http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTA300(R1).pdf https://www.ibccoaching.com.br/portal/rh-gestao-pessoas/o-que-sao-politicas-empresariais/ https://www.ibccoaching.com.br/portal/rh-gestao-pessoas/o-que-sao-politicas-empresariais/
Compartilhar