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Renata Scavazza - Zootecnia / UFRGS 2020/1 AGR01127 Produção e Manejo de Bovinos de Leite TRABALHO AVALIATIVO Ciclo das fêmeas leiteiras, colostragem, desmame e desenvolvimento corporal. 1. Descreve as principais etapas do ciclo de vida de fêmeas leiteiras jovens NASCIMENTO: inclui cuidados prévios com as gestantes, como a observação da condição corporal, manejo nutricional adequado para suprir as necessidades (de energia, macro e micro minerais, etc.), manejo de secagem nos 45 a 60 dias pré-parto, que é importante para a saúde do terneiro pois a qualidade do colostro depende da regeneração dos tecidos do úbere. Ainda, dispor de instalações em áreas de fácil acesso, com disponibilidade de água e alimento de qualidade, limpas e que proporcionem conforto, visto que estresse térmico pode acarretar em menor peso ao nascer da cria e, posteriormente, menor eficiência de absorção das imunoglobulinas do colostro, bem como alterações metabólicas. É importante manter registros e realizar monitoramento constante da sanidade e do comportamento das vacas, acompanhando o parto e auxiliar em dificuldades ou nos demorados para garantir a saúde e a sobrevivência dos nascidos. Os primeiros cuidados incluem a limpeza do muco das vias aéreas (ações de emergência, se necessário) e restos de placenta, secagem, realizar os manejos de identificação, corte e desinfecção do cordão umbilical, ajudar e/ou estimular o bezerro à primeira mamada - até 3 horas após o nascimento e no máximo 6 horas, oferecer colostro o mais rápido possível com utensílios limpos e em boas condições, garantindo a imunidade adquirida, vigor e a nutrição. Renata Scavazza - Zootecnia / UFRGS 2020/1 AGR01127 Produção e Manejo de Bovinos de Leite DESALEITAMENTO: pode ser um período de estresse para os bezerros, portanto, se recomenda uma adoção do método progressivo, ou seja, diminuir gradativamente a oferta de leite para que possam se adaptar e se tornarem cada vez menos dependentes, consumindo as outras fontes alimentares disponíveis. Inicialmente, se fornece a quantidade de leite satisfatória para o animal e então, a redução pode iniciar nos 20 dias de idade (se a terneira apresentar bom estado corporal, vigor, saúde e estiver iniciado a ingestão de volumoso/ feno/ ração – fala-se em pelo menos 700 g/ dia...) e ir até os 60 a 90 dias, avaliando o crescimento, monitoramento do peso e condição corporal, sendo a observação o principal elemento para a decisão. PRIMEIRO SERVIÇO: a avaliação do crescimento e a observação deve continuar na fase da puberdade e primeiro serviço (I.A. ou acasalamento). As fêmeas devem apresentar o trato reprodutivo desenvolvido completamente e o peso de cobertura entre 330 e 350 Kg, dos 12 aos 15 meses de idade, cujos erros podem comprometer expectativas das propriedades perante às taxas reprodutivas (como de prenhez e concepção, por exemplo), visto ainda que a idade ao primeiro cio é dependente da sanidade, raça, peso, escore/ condição corporal. Destaca-se a importância dos manejos iniciais inclusive para esta fase, que terão resultados na antecipação da puberdade, no aumento do peso corporal, desenvolvimento do tecido mamário e parição de até 15 dias antes do convencional. É importante ter cautela na escolha do reprodutor, raças com escore ou histórico de crias muito grandes em ventres menores podem ocasionar partos distócicos, entre outras dificuldades. PRIMEIRO PARTO: 1 a 2 meses depois da cobertura (ou I.A.) é realizado o diagnóstico de prenhez e, se confirmada, a fêmea será manejada com as vacas secas ou no lote de novilhas. 3 a 4 semanas pré-parto é indicada a transferência das novilhas junto ao lote das vacas em lactação para adaptação da dieta com mais concentrado e à rotina de ordenha de, no mínimo, duas vezes por dia. Dependendo da idade ao primeiro serviço, espera-se que o parto ocorra por volta dos 24 meses e seguem as recomendações de observar o comportamento, se possível separar lotes apenas de Renata Scavazza - Zootecnia / UFRGS 2020/1 AGR01127 Produção e Manejo de Bovinos de Leite novilhas, acomodá-las em áreas limpas e de fácil acesso com disponibilidade de alimento e água e que proporcionem o máximo de bem-estar, reservar horários (e mão-de-obra, se necessário) para acompanhamento do parto visto que a distocia é um problema recorrente nas primíparas. LACTAÇÃO E NOVA PRENHEZ: Terminada a gestação inicial, a vaca passará por um ciclo de lactação, cujo período mais crítico para descarte é nos primeiros 90 dias que, se o requerimento nutricional não for atendido, reservas corporais serão mobilizadas e há significativa perda de peso, por isso, aumenta as exigências de cuidados e observação. Nos últimos 75 dias da lactação ocorre aumento gradual no peso e deposição de gordura como forma de reserva corporal, portanto, a qualidade e quantidade da dieta fornecida é de suma importância no ajuste do escore corporal para o próximo parto (entre 3,3 e 3,5). A secagem deve ser feita nos 45 a 60 dias pré parto e tem como objetivo a restauração da função ruminal para melhor suprir as necessidades do feto e também do “descanso” da glândula mamária e é a fase ideal para fornecer uma dieta mais fibrosa. O último período é chamado de transição, de 3 semanas antes do parto, que é destinado ao ajuste da alimentação para uma dieta de primeiro ciclo de lactação destas vacas recém-paridas e da volta à rotina de ordenha. 2. Destaque as principais práticas de manejo que devem ser seguidas para a correta colostragem. Deve-se oferecer colostro ao bezerro o mais rápido possível (até 2 a 4 horas após o nascimento, mas quanto antes melhor) pois a composição nutricional em proteína, gordura, lactose e pH tende a mudar conforme as horas pós-parto, inclusive a capacidade de absorção das imunoglobulinas presentes no colostro, que conferirão imunidade passiva ao recém-nascido, tende a diminuir. Recomenda-se a oferta em 2 a 4 refeições por dia, por pelo menos 3 dias em quantidade suficiente para que se sinta saciado (aproximadamente 1 a 2 Kg, uma média de 12 ou 13% do peso vivo). Para congelar o colostro excedente, deve-se avalia-lo logo após a ordenha com um colostrômetro ou um refratômetro de Brix, identificando com data e a avaliação, utilizando recipientes de até 3 litros para evitar desperdícios ao descongelá-los. Pelo alto risco de contaminação nas primeiras horas de vida, é essencial atentar às boas Renata Scavazza - Zootecnia / UFRGS 2020/1 AGR01127 Produção e Manejo de Bovinos de Leite condições de higiene e procurar evitar a contaminação do colostro por agentes infecciosos (limpar e desinfetar o úbere, equipamento de ordenha, de coleta, armazenamento e fornecimento), além de fornecer o colostro logo após a retirada ou então pasteurizar em banho-maria a 60ºC por 30 a 60 min. 3. Quais as consequências da colostragem inadequada? As consequências da colostragem inadequada incluem falha na transferência de imunidade passiva, tendo maior ocorrência de doenças como a diarreia e a pneumonia, aumentando a taxa demorbidade e até de mortalidade. Ainda, alteração do funcionamento e desenvolvimento do sistema endócrino, resultando em deposição alterada de tecidos, com propensão a depositar mais gordura, fator importante quando pensamos a respeito do tecido mamário. Falta de estímulo para desenvolvimento do epitélio ruminal, afetando seu crescimento e desempenho no consumo, tanto pré quanto pós desmama, que pode alterar a produção futura de leite e atraso na puberdade e parição, aumentando inclusive o custo de produção das novilhas. 4. Qual o critério para desaleitar que você recomenda? Na busca somente pelo peso “ideal” de desmame, pode-se deixar de priorizar outras observações e informações importantes que auxiliam na avaliação de desempenho dos bezerros. O principal para a definição do momento ideal do desmame é adotar o critério de observação, monitoramento e mensuração de crescimento via avaliação de parâmetros em medidas como peso, altura, condição corporal e, inclusive, avaliar o estado de saúde e capacidade de ingestão de concentrado, mantendo a escrituração zootécnica para que se tenha um bom conhecimento sobre as condições dos animais. Assim, a decisão se torna mais segura e minimiza o estresse dos bezerros e a mão de obra extra para manejo dos tratadores da propriedade. 5. Quais as práticas de manejo complementares (além da alimentação) que podem ser feitas? Logo após o nascimento pode haver necessidade de ações de emergência por dificuldade para respirar ou incapacidade de mamar (se for o caso da colostragem/ 1ª Renata Scavazza - Zootecnia / UFRGS 2020/1 AGR01127 Produção e Manejo de Bovinos de Leite mamada natural). Remover restos de placenta e secar o recém-nascido, fazer a cura do umbigo (1º dia, logo após 1ª mamada), recomenda-se corte somente se o cordão for maior que 15 cm, deixando aproximadamente 4 a 5 dedos (de 8 – 10 cm), utilizar os materiais desinfetados. A solução para cura é de iodo diluído a 10% em álcool, trocando a solução para cada animal a fim de evitar contaminação cruzada. Escovação do bezerro durante o aleitamento como forma de estimulá-los imitando o comportamento da mãe, que o lambe enquanto mama. Além disso, se utiliza para realizar um exame cuidadoso de limpeza, detecção de bicheiras e carrapatos, inflamações, corrimentos nasais, diarreia, etc. Amochamento (1º ao 3º mês) utilizando anestésicos para o procedimento causar menos dor ao animal e analgésico para diminuir a dor pós corte/ queima (ferro quente, pasta sódica). Vacinação (calendário do 1º ao 8º mês, de pneumoenterite, brucelose, carbúnculos, aftosa...), remoção de tetas extras e atenção redobrada nos cuidados especiais para os enfermos, necessários até a recuperação total, inclusive da limpeza nas áreas ou baias. 6. Como se pode avaliar o desenvolvimento corporal de fêmeas para reposição e quais os valores de peso nas diferentes idades? O desenvolvimento corporal e desenvolvimento pode ser avaliado através do monitoramento de peso e altura (cernelha, no ponto mais alto) de bezerras/ novilhas e faz-se uma comparação com a média da raça para o grupo específico de idade, podendo indicar problemas e é crucial para ajustes no manejo de criação. Algumas tabelas também podem sugerir pesos para fêmeas de reposição, a fim de que tenham melhores condições para enfrentar a gestação e lactação sem desgaste físico acentuado. Fonte: MilkPoint – adaptado de Bittar, 2005. Renata Scavazza - Zootecnia / UFRGS 2020/1 AGR01127 Produção e Manejo de Bovinos de Leite REFERÊNCIAS: BITTAR, Carla Maris Machado. Eficiência na criação de fêmeas de reposição. [S. l.], 29 abr. 2016. Disponível em: <https://www.milkpoint.com.br/colunas/carla bittar/eficiencia-na-criacao-de-femeas-de-reposicao-99928n.aspx?r=2001143055 . Acesso em: 5 set. 2020. NOVAES, Luciano Patto et al. Procedimentos para o manejo correto da vaca gestante, no pré-parto, ao parto e pós-parto. Juiz de Fora, MG: Embrapa Gado de Leite, 13/10 2003. 20 p. Disponível em: <https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/Manejo_de_VacasID fS00ee88ar.pdf.> Acesso em: 3 set. 2020. DA COSTA, M. J. R. P.; SILVA, L. C. M. Boas Práticas de Manejo: Bezerros Leiteiros. 1. ed. rev. Jaboticabal, SP: Funep, 2014. 53 p. ISBN 978-85-7805-107-5. Disponível em: <https://www.zoetisus.com/global-assets/private/manual-bezerros leiteiros-e-book.pdf>. Acesso em: 3 set. 2020.
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