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Psicologia Un 9 p 1

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PSICOLOGIA 
APLICADA
O processo de individuação
Vimos, na Unidade de Aprendizagem 8, a presença de alguns 
conceitos criados por Jung, tais como os arquétipos e a formação 
da psique através da consciência, inconsciente pessoal e 
inconsciente coletivo. 
Porém, ao estudar todas essas estruturas, Jung percebeu que 
ainda faltava uma questão particular em relação ao indivíduo. 
Diante de toda essa apresentação simbólica, o autor notou que 
isso era necessário à correta interpretação individual de cada 
um. Ficou curioso (a)? Então siga em frente para saber mais!
O que é o processo de individuação?
Você concorda que o ser humano, ao crescer e se desenvolver, 
quer se sentir completo? Veja que esse desejo torna o indivíduo 
capaz de tomar consciência desse desenvolvimento e o 
influencia nas suas decisões ao longo da vida, seja nas escolhas 
da profissão, das relações afetivas e até mesmo de crenças 
pessoais. Surge, assim, um confronto entre o inconsciente 
e a consciência, e é nesse confronto que os componentes da 
personalidade amadurecem, moldando um sujeito específico e 
único. Essa construção é o processo de individuação que cada 
um passa ao longo da vida. 
E de que forma esse processo começa?
Perceba que esse processo tem início com uma simples estrutura, 
que se desenvolve até se transformar em algo complexo. Quer um 
exemplo? Pense em uma larva, que começa com uma pequena 
estrutura e se transforma em borboleta. Dessa forma também 
é o desenvolvimento do nosso self: ele parte de uma simples 
estrutura, que vai se desenvolvendo ao longo de nossas vidas até 
atingir o seu amadurecimento. Note, porém, esse processo não é 
linear, pois depende da organização que o self estabelece entre 
o consciente e o inconsciente, construindo uma personalidade 
individual.
A figura a seguir simboliza o caminho que o indivíduo percorre 
para descobrir seu verdadeiro eu.
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Fonte: connel, Shutterstock, 2018.
Clique na figura para assistir ao vídeo
Contudo, esse conceito de Jung é muitas vezes deturpado, 
por dois motivos: primeiramente porque esse conceito não 
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se relaciona à perfeição, mas ao objetivo de completar-se, 
principalmente em relação a aceitar, conscientemente, os 
erros e defeitos; e, em segundo lugar, há uma confusão entre 
individuação e individualismo – veja que, mesmo em processo 
de individuação, o sujeito ainda participa de componentes que 
são partilhados, inclusive o inconsciente coletivo.
Através do processo de individuação, 
você se despe de suas máscaras e 
descobre o seu verdadeiro eu.
Podemos notar o estímulo desse processo de individuação dentro 
da psicoterapia. Jung descobriu, através de diversos estudos, 
que através da psicoterapia os arquétipos podem tomar forma 
para o consciente, desenrolando o processo de individuação 
através da análise dos sonhos e visões do paciente.
Como a individuação se relaciona com os 
principais arquétipos
Embora as ideias de Jung sejam recentes, o processo de 
individuação é descrito em diversas produções históricas e 
mitológicas. Além disso, ele sempre existiu por meio dos nossos 
sonhos.
Mas por que os sonhos têm relação com a individuação?
Perceba que são os sonhos que sinalizam os progressos, as 
interrupções e interferências. Por exemplo, rotineiramente 
podemos sonhar com alguém com quem brigamos devido ao 
fato de que isso pode estar nos incomodando. Além disso, através 
de diversos estudos, Jung percebeu que esse processo passa 
por um caminho no qual as etapas são os principais arquétipos. 
Dessa forma, a persona, a sombra, a anima e o animus e os 
demais arquétipos vão se expressando de maneira singular, na 
medida em que vão se individualizando.
E como ocorre o processo de individuação?
O verdadeiro processo de individuação acontece através de uma 
harmonização do consciente com o self, que é o nosso centro 
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psíquico, e isso só acontece na medida em que o indivíduo toma 
consciência dos seus símbolos inconscientes e os toma para si. 
Vamos a um exemplo disso? 
Veja que muitas pessoas podem sonhar com algum episódio em 
que elas se sentem culpadas. Isso pode se referir a algum fato 
que aconteceu na vida real e que, de alguma forma, faz com 
que essa pessoa possua algum sentimento de culpa que esteja 
recalcado.
Individuação não é individualização, 
mas a realização consciente daquilo 
que está na existência do indivíduo, ou 
seja, a individuação não isola, conecta.
Saiba, ainda, que a individuação ocorre por etapas: a primeira 
etapa acontece através da persona, que aqui representa a 
defesa de cada um diante do mundo externo. Essa defesa pode 
ser representada pelas máscaras que colocamos para que não 
percebam uma face desconhecida nossa. Então, através do 
processo psicoterápico, é possível estimular que nos dispamos 
de nossa persona, refletindo a nossa verdadeira face, nua e crua.
Veja, a seguir, uma imagem que simboliza a remoção das 
máscaras da persona.
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Fonte: benik.at, Shutterstock, 2018. 
Perceba que, quando deixamos transparecer essa nossa face que 
estava oculta, mostra-se, também, o nosso lado escuro. Assim, 
encontramos as coisas que reprimimos, que nos desagradam 
ou nos assustam. Ou seja, vem à tona a sombra, o conjunto das 
coisas que abominamos e que projetamos em pessoas que 
condenamos.
E de que forma a sombra se manifesta?
Geralmente a sombra aparece em nossos sonhos, por meio de 
símbolos que representam o avesso. Por exemplo, uma pessoa 
muito caridosa pode sonhar com algum episódio em que ela 
esteja sendo egoísta. Isso não representa necessariamente um 
desejo de ser egoísta, mas, talvez, em determinados momentos, 
essa pessoa pode desejar dizer não, mas não consegue. 
Perceba que faz parte da individuação retirar a sombra da 
repressão e iniciar a segunda etapa, que seria a aceitação 
dos nossos defeitos e desejos condenáveis que habitam o 
inconsciente, incorporando, na personalidade de cada um, 
também os traços mais sombrios.
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Depois de aceitar a própria sombra, é preciso começar a 
confrontar a anima. Lembre-se de que a anima é a representação 
psíquica da minoria genética feminina presente no corpo do 
homem. Essa anima se manifesta através das experiências 
ancestrais que o homem teve com a mulher e que foi moldando 
o que seria essa herança feminina dos traços da personalidade, 
como a sensibilidade ou a vocação para o cuidado, que cada 
homem pode carregar.
Dessa forma, faz-se necessário confrontar e entender as 
manifestações dessa anima para o inconsciente, através dos 
sonhos. Ela pode se manifestar através dos mitos, folclore ou 
produções artísticas, tais como a sereia, a feiticeira, fada, deusa, 
etc. É preciso desenvolver e diferenciar esse princípio feminino 
para o homem e procurar evoluir, buscando aceitar essas 
características femininas que cada um tem, sem demonstração 
de preconceitos. Afinal, é através da anima que o homem vai 
estabelecer a forma como se relaciona com o mundo exterior.
E a mulher, não recebe influência masculina?
Claro! Assim como a manifestação da anima, há também a 
presença do animus, que representa a masculinidade existente 
no psiquismo da mulher. Essa masculinidade se apresenta 
através de opiniões convencionais e simplistas, estimulando 
o raciocínio lógico. Perceba que o animus se opõe à essência 
feminina, que busca como prioridade o relacionamento afetivo.
Além disso, da mesma maneira que a anima, o animus pode 
evoluir e se transformar através da psicoterapia e análise dos 
sonhos. Dentre os contos, é possível ver figuras masculinas que se 
redimem pela ajuda da heroína. Isso pode simbolizar a evolução 
do princípio masculino através da consciência da mulher.
Veja, na figura a seguir, que todos os principais arquétipos se 
relacionam com a persona.
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Self
PersonaSombra Anima
Animus
Ressaltamos que todos esses componentes da psique humana 
que vimos até agora são muito úteis para nos conhecermos, 
principalmente através de um processo psicoterápico. Além 
disso, esses aspectos também podem ser muito úteis no 
ambiente organizacional, como forma de conhecer mais 
profundamente as motivações e as razões pelas quais as 
pessoas agem de diferentes maneiras frente aos problemas 
que podem aparecer no cotidiano do trabalho.

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