Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
License-527300-37890-0-6 PSICOLOGIA APLICADA O processo de individuação Vimos, na Unidade de Aprendizagem 8, a presença de alguns conceitos criados por Jung, tais como os arquétipos e a formação da psique através da consciência, inconsciente pessoal e inconsciente coletivo. Porém, ao estudar todas essas estruturas, Jung percebeu que ainda faltava uma questão particular em relação ao indivíduo. Diante de toda essa apresentação simbólica, o autor notou que isso era necessário à correta interpretação individual de cada um. Ficou curioso (a)? Então siga em frente para saber mais! O que é o processo de individuação? Você concorda que o ser humano, ao crescer e se desenvolver, quer se sentir completo? Veja que esse desejo torna o indivíduo capaz de tomar consciência desse desenvolvimento e o influencia nas suas decisões ao longo da vida, seja nas escolhas da profissão, das relações afetivas e até mesmo de crenças pessoais. Surge, assim, um confronto entre o inconsciente e a consciência, e é nesse confronto que os componentes da personalidade amadurecem, moldando um sujeito específico e único. Essa construção é o processo de individuação que cada um passa ao longo da vida. E de que forma esse processo começa? Perceba que esse processo tem início com uma simples estrutura, que se desenvolve até se transformar em algo complexo. Quer um exemplo? Pense em uma larva, que começa com uma pequena estrutura e se transforma em borboleta. Dessa forma também é o desenvolvimento do nosso self: ele parte de uma simples estrutura, que vai se desenvolvendo ao longo de nossas vidas até atingir o seu amadurecimento. Note, porém, esse processo não é linear, pois depende da organização que o self estabelece entre o consciente e o inconsciente, construindo uma personalidade individual. A figura a seguir simboliza o caminho que o indivíduo percorre para descobrir seu verdadeiro eu. License-527300-37890-0-6 PSICOLOGIA APLICADA Fonte: connel, Shutterstock, 2018. Clique na figura para assistir ao vídeo Contudo, esse conceito de Jung é muitas vezes deturpado, por dois motivos: primeiramente porque esse conceito não License-527300-37890-0-6 PSICOLOGIA APLICADA se relaciona à perfeição, mas ao objetivo de completar-se, principalmente em relação a aceitar, conscientemente, os erros e defeitos; e, em segundo lugar, há uma confusão entre individuação e individualismo – veja que, mesmo em processo de individuação, o sujeito ainda participa de componentes que são partilhados, inclusive o inconsciente coletivo. Através do processo de individuação, você se despe de suas máscaras e descobre o seu verdadeiro eu. Podemos notar o estímulo desse processo de individuação dentro da psicoterapia. Jung descobriu, através de diversos estudos, que através da psicoterapia os arquétipos podem tomar forma para o consciente, desenrolando o processo de individuação através da análise dos sonhos e visões do paciente. Como a individuação se relaciona com os principais arquétipos Embora as ideias de Jung sejam recentes, o processo de individuação é descrito em diversas produções históricas e mitológicas. Além disso, ele sempre existiu por meio dos nossos sonhos. Mas por que os sonhos têm relação com a individuação? Perceba que são os sonhos que sinalizam os progressos, as interrupções e interferências. Por exemplo, rotineiramente podemos sonhar com alguém com quem brigamos devido ao fato de que isso pode estar nos incomodando. Além disso, através de diversos estudos, Jung percebeu que esse processo passa por um caminho no qual as etapas são os principais arquétipos. Dessa forma, a persona, a sombra, a anima e o animus e os demais arquétipos vão se expressando de maneira singular, na medida em que vão se individualizando. E como ocorre o processo de individuação? O verdadeiro processo de individuação acontece através de uma harmonização do consciente com o self, que é o nosso centro License-527300-37890-0-6 PSICOLOGIA APLICADA psíquico, e isso só acontece na medida em que o indivíduo toma consciência dos seus símbolos inconscientes e os toma para si. Vamos a um exemplo disso? Veja que muitas pessoas podem sonhar com algum episódio em que elas se sentem culpadas. Isso pode se referir a algum fato que aconteceu na vida real e que, de alguma forma, faz com que essa pessoa possua algum sentimento de culpa que esteja recalcado. Individuação não é individualização, mas a realização consciente daquilo que está na existência do indivíduo, ou seja, a individuação não isola, conecta. Saiba, ainda, que a individuação ocorre por etapas: a primeira etapa acontece através da persona, que aqui representa a defesa de cada um diante do mundo externo. Essa defesa pode ser representada pelas máscaras que colocamos para que não percebam uma face desconhecida nossa. Então, através do processo psicoterápico, é possível estimular que nos dispamos de nossa persona, refletindo a nossa verdadeira face, nua e crua. Veja, a seguir, uma imagem que simboliza a remoção das máscaras da persona. License-527300-37890-0-6 PSICOLOGIA APLICADA Fonte: benik.at, Shutterstock, 2018. Perceba que, quando deixamos transparecer essa nossa face que estava oculta, mostra-se, também, o nosso lado escuro. Assim, encontramos as coisas que reprimimos, que nos desagradam ou nos assustam. Ou seja, vem à tona a sombra, o conjunto das coisas que abominamos e que projetamos em pessoas que condenamos. E de que forma a sombra se manifesta? Geralmente a sombra aparece em nossos sonhos, por meio de símbolos que representam o avesso. Por exemplo, uma pessoa muito caridosa pode sonhar com algum episódio em que ela esteja sendo egoísta. Isso não representa necessariamente um desejo de ser egoísta, mas, talvez, em determinados momentos, essa pessoa pode desejar dizer não, mas não consegue. Perceba que faz parte da individuação retirar a sombra da repressão e iniciar a segunda etapa, que seria a aceitação dos nossos defeitos e desejos condenáveis que habitam o inconsciente, incorporando, na personalidade de cada um, também os traços mais sombrios. License-527300-37890-0-6 PSICOLOGIA APLICADA Depois de aceitar a própria sombra, é preciso começar a confrontar a anima. Lembre-se de que a anima é a representação psíquica da minoria genética feminina presente no corpo do homem. Essa anima se manifesta através das experiências ancestrais que o homem teve com a mulher e que foi moldando o que seria essa herança feminina dos traços da personalidade, como a sensibilidade ou a vocação para o cuidado, que cada homem pode carregar. Dessa forma, faz-se necessário confrontar e entender as manifestações dessa anima para o inconsciente, através dos sonhos. Ela pode se manifestar através dos mitos, folclore ou produções artísticas, tais como a sereia, a feiticeira, fada, deusa, etc. É preciso desenvolver e diferenciar esse princípio feminino para o homem e procurar evoluir, buscando aceitar essas características femininas que cada um tem, sem demonstração de preconceitos. Afinal, é através da anima que o homem vai estabelecer a forma como se relaciona com o mundo exterior. E a mulher, não recebe influência masculina? Claro! Assim como a manifestação da anima, há também a presença do animus, que representa a masculinidade existente no psiquismo da mulher. Essa masculinidade se apresenta através de opiniões convencionais e simplistas, estimulando o raciocínio lógico. Perceba que o animus se opõe à essência feminina, que busca como prioridade o relacionamento afetivo. Além disso, da mesma maneira que a anima, o animus pode evoluir e se transformar através da psicoterapia e análise dos sonhos. Dentre os contos, é possível ver figuras masculinas que se redimem pela ajuda da heroína. Isso pode simbolizar a evolução do princípio masculino através da consciência da mulher. Veja, na figura a seguir, que todos os principais arquétipos se relacionam com a persona. License-527300-37890-0-6PSICOLOGIA APLICADA Self PersonaSombra Anima Animus Ressaltamos que todos esses componentes da psique humana que vimos até agora são muito úteis para nos conhecermos, principalmente através de um processo psicoterápico. Além disso, esses aspectos também podem ser muito úteis no ambiente organizacional, como forma de conhecer mais profundamente as motivações e as razões pelas quais as pessoas agem de diferentes maneiras frente aos problemas que podem aparecer no cotidiano do trabalho.
Compartilhar