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A3 - Trabalho de Clínica do Idoso atual

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A3
DISCIPLINA: CLÍNICA DO IDOSO - PSI048 - PS-MR01
SEMESTRE LETIVO: 2020.1
NOMES COMPLETO DOS INTEGRANTES DO GRUPO E Nº DE MATRÍCULA
1. CARMEN FERREIRA ESQUIVEL – 150142163 – 10° Semestre
2. CAROLINE GUEDES DE CAMPOS - 150152006
3. CRISTIANE DOS SANTOS MOREIRA – 150162006 – 8° Semestre
4. DIANA MOTTA NOGUEIRA REIS - 150151053 – 9° Semestre
5. MARIA CLARA CAMPOS BRITO – 150181051 – 8° Semestre
E-mail principal para receber a correção e observações do trabalho: dianamotta15@hotmail.com
E-mail secundário para recebimento da correção e observações do trabalho: cristianemoreira15@outlook.com
NOME DO DOCENTE: Rafael de Oliveira Rodrigues
DIRETRIZES:
· Escreva um texto entre 1000 e 1500 palavras, em letra Arial ou Times New Roman 12, justificado e com espaçamento entre linhas de 1,5. 
· O texto deve pode ter as seguintes estruturas: o Texto dissertativo (introdução, desenvolvimento, considerações finais e referencial bibliográfico que deve incluir fontes utilizadas para responder também as questões anteriores)
· O SNAPPS, conforme os modelos roteirizados disponíveis. 
· O texto deve ser escrito segundo a norma culta da língua portuguesa; 
· O texto deve ser referenciado cientificamente;
· As referências, citações e bibliografias devem ser escritas segundo as normas da ABNT.
1) Relacione e identifique as principais informações contidas no documentário e no texto. 
2) O que pode ser identificado como fenômeno(s) comum(ns) entre o artigo e o documentário? 
3) Por que as situações, eventos e ideias apresentadas nos materiais acontecem em nossa sociedade? 
4) Qual(is) a origem desse(s) fenômeno(s) em nossa sociedade? 
5) A partir das reflexões acima propostas, escreva uma dissertação (pode ser um SNAPPS, caso julguem pertinente) relacionando o fenômeno analisado com os conceitos estudados na disciplina Clínica do Idoso.
O documentário “Solitário Anônimo” retrata a história de um paciente idoso e sua difícil relação com os agentes de cuidados no ambiente hospitalar. Percebe-se, no vídeo, os percalços vividos pelo idoso que sai de sua cidade, com a intenção de morrer. Inclusive, deixando de se alimentar, quando é resgatado por uma equipe de saúde; impedindo que seus objetivos fossem concretizados. A única coisa que o senhor queria era ter seu direito de “morrer em paz”; por isso, a todo tempo, no vídeo há uma resistência do idoso com o atendimento feito no hospital; sendo que que ele estava ali contra sua vontade. Ao ser questionado sobre sua vida (nome, cidade, família), não respondia; porque, não queria ser encontrado.
“É importante salientar que a longevidade era um privilégio dos mais abastados até o século XIX. Os idosos pobres não estão na história, nem na literatura. (BEAUVOIR Apud BORGES, 2007)” Ou seja, o idoso que é vulnerável exatamente por ser velho, para qual foi criado o Estatuto do Idoso (2004), para proteger esse grupo social. O protagonista do documentário está duplamente em desvantagem, pois se os velhos são desvalorizados e os pobres são considerados “inexistentes” (intocáveis), aqui tem-se um desvalido invisível, uma personalidade infame, na visão popular. Os idosos “relevantes” da literatura histórica são os detentores de poder; portanto, o dispositivo social aparece; pois, eles não são vistos pela idade, mas pela propriedade de terras, fortuna, conhecimento e sabedoria. Tudo que foi adquirido em uma existência inteira. Algo que o jovem ainda não tem, e quer aprender a construir através da experiência do velho. Então, o idoso, que naturalmente está em desvantagem, aqui encontra-se em destaque, somente porque é objeto de cobiça do juvenil.
Deste modo, a equipe de saúde está impedida de ver o dito idoso, por ser a personificação da decadência, uma herança histórica infeliz. Por outro lado, um velho que tem seu último desejo sendo negado, que é a possibilidade de morrer, e não ser cuidado. O texto traz uma autoridade do Estado em “cuidar” desse cidadão como forma de mostrar o seu poder como representante do direito à vida. Visto que o Estado tornou-se o antigo “senhor” histórico e o “vassalo” é todo o povo. Ponderando que, o mecanismo estadual torna-se dono da vida dos cidadãos. Por isso, o suicídio é visto como um ato desafiante ao dispositivo de poder do Estado. 
A existência do dispositivo de idade (Foucault, 1979) nas relações da equipe de saúde para com o “Solitário Anônimo”, documentário de Débora Diniz de 2007, na qual não levam à sério suas demandas de respeitar sua liberdade total, presente na Constituição Federal. De modo que escolher a morte não é um direito reconhecido no Brasil, o qual o dispositivo de saúde se opõe veemente; reconhece-se, entretanto, como uma faceta da opção da liberdade total. Logo, abre a discussão de se a equipe deve respeitar o direito de liberdade do cidadão ou seguir os dispositivos sociais. Obviamente, seguem os dispositivos sociais, pois estão com o salário atado ao dispositivo de saúde, passando por cima dos direitos do sujeito do caso. Este fica repetindo para os funcionários de saúde, que não dão a ele a opção de liberdade, que estão o coagindo. (DINIZ, 2007) 
Formado em Direito, ele humildemente se coloca na posição de “infame solitário”, igualmente um cidadão. Entretanto, as pessoas só reconhecem sua cidadania quando o setor de Assistência Social pesquisa sobre sua real identidade e descobre seus diplomas universitários que o elevam acima da noção social de um “zé qualquer” para um erudito, um “cidadão de respeito”. Quando toda a sociedade tem o direito de respeito garantido pela lei, possuindo diploma ou não. Ao passo que o Estatuto do Idoso (Brasil, 2004) é uma adição de direitos para a classe de velhos, por serem uma classe vulnerável, não subtraindo seus direitos de cidadão pela lei nacional. 
Observa-se, nessa falta de respeito, o ageismo, preconceito relacionado à idade, cunhado em 1969 por Robert Butler (COUTO et al., 2009). Considerando que os idosos são tidos como dementes senis, ao expressar qualquer opinião percebida como inusitada ao público jovem. Inclusive, a juvenil equipe de saúde suspeita provavelmente, na fala do sujeito, um problema de degeneração mental, sendo este enviado ao psiquiatra, que tratou de ir passando logo prescrições ao invés de prestar uma análise com mais atenção. Visto que não se deve recomendar remédios em uma só sessão, pois isso é tomar uma decisão precipitada. Tal decisão endossada, pois, “a velhice é permeada por estereótipos e preconceitos que a reduzem a uma fase de declínio e perdas. (COUTO et al., 2009). 
Assim, a profissional de saúde no documentário, explica que o indivíduo “anônimo” discute bastante a medicação indicada pelo psiquiatria, alguém “com muito conhecimento”, como diz a funcionária. Um senhor que estava com alta lucidez e de posse de uma consciência privilegiada, que sobrepujado, citou a constituição, diplomaticamente, e ainda assim não foi ouvido. Isto devido ao dispositivo de idade e poder do dispositivo de saúde sobre o direito do cidadão onde se negligencia a pessoa ter opção e liberdade individual.
Ademais, no documentário (DINIZ, 2007), o senhor autonomeado como anônimo é coagido contra sua vontade ao ser colocado uma sonda para alimentá-lo e remédios para prolongar sua vida, que sem uma intervenção estaria destinada ao fim. Ele não aceitou tais intervenções, ele simplesmente viu que “na queda de braço” (em suas palavras) a equipe médica teria o poder de obrigá-lo através da sedação, onde a vontade do indivíduo é subjugada. É fato que o direito à vida se torna uma obrigação, mas nota-se que não houve grandes tentativas de diálogo, na tentativa de convencê-lo, como se esse sujeito não estivesse com a sua capacidade intelectual preservada. 
É possível observar a todo o momento, no documentário, a insistência que as pessoas (equipe de saúde) exercem em relação ao paciente. Sabe-se que o hospital tem normas, mas indaga-se até que ponto o profissional de saúde pode intervir na vida do indivíduo.
De acordo com Foucault (1969), o poder na sua forma moderna se exerce cada vez mais
em um domínio que não é o da lei, e sim o da norma e, por outro lado, não simplesmente reprime uma individualidade ou uma natureza já dada, mas, positivamente, constitui a forma (OLIVEIRA, 2013).
Segundo Branco (2001), Foucault (1969) afirma que a origem do poder foi representada pelo pressuposto de que o poder está propagado por todas as partes do mundo social, ou seja, não se encontra em algum lugar específico, e sim, é concretizado em rede, são sempre meios de transmissão.
Nesse aspecto, o poder e dominação em relação ao paciente idoso, caracteriza-se como um fenômeno comum. Além disso, percebe-se que a velhice já desperta suspeita de patologias de ordem mental. Consequentemente, faz-se necessária a discussão sobre os limites entre o normal e o patológico na velhice (GROISMAN, 2002).
Bibliografia: 
BORGES, M. B. O.: A produção de conhecimento sobre o envelhecimento humano: aspectos históricos e sociais. 2007. 79 f. Monografia (Graduação em Psicologia) – Faculdade de Ciências da Educação e Saúde, Centro Universitário de Brasília, Brasília, 2007.
BRASIL. Estatuto do idoso: Lei federal nº 10.741, de 01 de outubro de 2003. Brasília, DF: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2004.
COUTO, M.C.P.P.; KOLLER, S. H.; NOVO, R.; SOARES, P.S.: Avaliação de Discriminação Contra Idosos em Contexto Brasileiro – Ageismo. Out-dez 2009, Vol. 25 n. 4, pp. 509-518
DINIZ, D. Solitário Anônimo [I vídeo-disco]. Brasília: Imagens Livres, Annis; 2007. I video-disco: 18min, NTSC, sonoro, colorido.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organizaçao e tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.
GROISMAN, D.: A velhice, entre o normal e o patológico. História, Ciências, Saúde Manguinhos, Rio de Janeiro, vol. 9 (1):61-78, jan-abr. 2002.
OLIVEIRA, A. C. C.; SIQUEIRA, V. H. F. (2016). O infame solitário: o que o documentário Solitário Anônimo pode acrescentar aos debates sobre educação em saúde?. Pro-Posições, 24(2), 147-164. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/proposic/article/view/8642633. Acessado em 19 de maio de 2020.

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