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PERFIL SOCIOECONÔMICO DA REGIÃO HIDROGRÁFICA TOCANTINS-ARAGUAIA

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PERFIL SOCIOECONÔMICO DA REGIÃO HIDROGRÁFICA TOCANTINS-ARAGUAIA
João Carlos Silva Prates[footnoteRef:1] [1: Graduando em Licenciatura em Geografia na Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Campus VI, e-mail: jcarlosprts@hotmail.] 
Ronaldo Rocha Cruz[footnoteRef:2] [2: Graduando em Licenciatura em Geografia na Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Campus VI, e-mail: ronaldorocha@hotmail.com.] 
Tatiane Pinheiro Ribeiro[footnoteRef:3] [3: Graduanda em Licenciatura em Geografia na Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Campus VI, e-mail: thatyribeiro@hotmail.com.] 
Manoel Alves de Oliveira[footnoteRef:4] [4: Docente do componente curricular Hidrografia do Curso de Geografia da UNEB, Campus VI, e-mail: mano.geografia@gmail.com. ] 
Resumo: Este artigo tem como objetivo analisar a Região Hidrográfica Tocantins-Araguaia, observando aspectos da gestão, da distribuição, preservação dos recursos hídricos e a condição de demanda e disponibilidade da água. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de caráter qualitativo, com base em referenciais como Rocha (2012), Matos; Rocha; Oliveira (2018) e Christofidis (2001). O estudo também apresenta perfil documental, visto que foram utilizados como suporte a Lei n° 9. 433/97, o caderno das regiões hidrográficas brasileiras e outros documentos de órgãos oficiais do Governo Federal como a Agência Nacional de Águas, o Ministério do Meio Ambiente e a Secretaria de Recursos Hídricos. Diante disso, resultados obtidos com a pesquisa focam-se na contribuição para a caracterização da região hidrográfica, compreendidos como relevantes na realização de futuros estudos sobre essa unidade de paisagem. 
Palavras-chave: Recursos hídricos. Tocantins-Araguaia. Uso e ocupação.
Introdução
O cientista planetário Steve Vance, do laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, fez um cálculo do acervo hidrográfico do sistema solar, levando em conta a espessura do gelo e a profundidade de oceanos de corpos celestes vizinhos. Vance chegou à conclusão sobre o volume provável de água liquida em nove mundos oceânicos, incluindo a Terra. As quantidades de água são apresentadas por ele em Zettalitros (ZL), é igual a um sextilhão de litros ou 1 bilhão de km³. De acordo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, a Terra abriga cerca de 1,335 ZT de água e por esse motivo deveria ser denominado planeta água.
Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), o Brasil encontra-se divido em doze regiões hidrográficas, as quais abrangem determinados estados e suas bacias, permitindo, assim melhor gerenciamento das águas do país. Isso porque se torna possível caracterizar as regiões com base em seus aspectos físicos, climáticos, demográficos entre outros, estabelecendo relações entre os recursos hídricos e o perfil socioeconômico de cada região hidrográfica, como é o caso da região do Tocantins-Araguaia, objeto desta investigação.
Nesse sentido, a pesquisa trata-se de uma análise da ocupação humana sobre essa região hidrográfica em sua condição socioeconômica atual, considerando a importância da gestão e preservação dos recursos hídricos no que se refere à demanda e disponibilidade. Para isso, realizou-se investigação bibliográfica e análise documental que se desenvolveu inicialmente com consulta ao Caderno da Região Hidrográfica Tocantins-Araguaia (2006), o Plano Estratégico dos Recursos Hídricos da região do Tocantins-Araguaia (2009), Agência Nacional de Águas, além de pesquisas em artigos, na busca por informações e dados atualizados. 
O artigo, além da introdução e das considerações finais, se subdivide basicamente em dois setores: o primeiro promove discussões acerca de conceitos, teorias e aspectos metodológicos que balizam e norteiam a investigação; e o segundo apresenta caracterização da dinâmica socioeconômica da Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia (RHTA).
Sendo assim, a pesquisa consiste em análise crítica a respeito da gestão e dinâmica socioespacial das regiões hidrográficas, com foco na região do Tocantins-Araguaia e, para que os objetivos traçados pudessem ser alcançados, a elaboração deste trabalho foi realizada em três etapas: na primeira, procedeu-se na busca por conhecimentos específicos através de aporte bibliográfico voltado para a dinâmica que envolve as regiões hidrográficas; na etapa seguinte realizou-se análises documentais, tais como estudos e entendimento das leis nacionais de gestão e recursos hídricos; e, por fim, a discursão sobre a relação entre a legislação e suas implicações na forma como a região é caracterizada. 
O que motiva produção da pesquisa é o interesse em ampliar saberes sobre aspectos de demanda e disponibilidade de recursos hídricos nessa região, bem como conhecer o potencial energético por essa oferecido. Diante disso, resultados obtidos podem servir como fonte de informações para o desenvolvimento de novas pesquisas acadêmicas, mesmo reconhecendo que o estudo deva ser complementado com trabalho de campo e observações empíricas para potencializar a sua relevância.
2. Conceitos e teorias que balizam e norteiam o estudo 
A divisão do território brasileiro em termos de distribuição espacial dos recursos hídricos, longe de constituir uma simples e tradicional delimitação geográfica do país, tem na atualidade importância central para a gestão do território nacional, notadamente quando se considera o sentido estratégico que vem adquirindo a regulação do uso desses recursos.
Dessa forma, nenhum outro recurso natural oferece tantos usos socioeconômicos quanto a água, incluindo seu aproveitamento para o abastecimento doméstico e industrial e como matéria-prima nas atividades industriais e agrícolas, para geração de energia e irrigação, entre outros. 
Segundo Borges 2001, as primeiras leis fixadas por escrito, foram códigos que regulavam o uso da água, em 1700 a.C, a Mesopotâmia produziu o primeiro código de leis abrangentes da história, que compreende 282 parágrafos para a regulamentação da vida social, a exemplo do que consta no parágrafo 53:	Comment by Mano: Não está meio confuso aqui?	Comment by Conta da Microsoft: Apenas a informação do ano, acho que fica mais claro, o que achou?
Se alguém se exime de manter seu dique em boas condições, se este dique se romper e todas as lavouras forem alagados, então o responsável pelo dique rompido será vendido como escravo, e a renda em dinheiro devem repor os cereais cuja destruição causou (BORGES, 2001, p. 70).	Comment by Mano: Em citação direta recuada não se deve usar aspas.Neste tipo de citação, pode-se usar tamanho da fonte 11.
Desse modo, com finalidade de que a existência seja propiciada, o meio deve estar de acordo, não faltando nenhum elemento condicionante a viver, principalmente a água. Esse líquido incolor e insípido é um componente importante e especialmente indispensável a toda e qualquer forma de vida, uma vez que sem água é impossível viver (ANTUNES, 1998). 
Para a realização de estudos e pesquisas a respeito da preservação e gestão dos recursos hídricos, sobretudo de bacias hidrográficas, é preciso primeiramente ter consciência dessas como sendo as principais fontes desse recurso essencial à vida, pois comportam elementos ambientais, sociais e físicos que definem determinada região hidrográfica, bem como aspectos de oferta, gestão, distribuição e potencial energético disponibilizado na região. Sendo assim, para realizar o debate teórico a respeito da gestão e dinâmica socioeconômica das regiões hidrográficas do Brasil, em especial a RHTA, é preciso ter noções prévias sobre o assunto mencionado.
2.1 Bacias e regiões hidrográficas como unidades de pesquisa e de planejamento 
Observando dimensões continentais do Brasil e a diversidade de condições de disponibilidade de água, bem como de atendimento a necessidades básicas da população relacionadas a recursos hídricos, como é o caso do saneamento, a escolha de recortes espaciais relevantes para o estudo de realidades específicas ao tema representou um marco inicial para a caracterização pretendida dos recursos hídricosem escala nacional. Nesse contexto, pode-se afirmar que a divisão de bacias hidrográficas de um determinado país representa um desafio, e sua compartimentação depende de objetivos que se pretende atingir, da concepção metodológica adotada e, sobretudo, da escala de apresentação. 
De acordo com Lima, Cano e Nascimento (2016) compreende-se que a região hidrográfica, unidade geográfica reconhecidamente utilizada para o planejamento dos recursos hídricos, seria o recorte espacial de agregação compatível com dimensões de biomas, contextos econômicos regionais e macro vetores da expansão populacional do País.
A Resolução Nº 32/2003 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), considerou como região hidrográfica “o espaço territorial brasileiro compreendido por uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas com características naturais, sociais e econômicas homogêneas ou similares, com vista a orientar o planejamento e gerenciamento dos recursos hídricos” (LIMA, CANO E NASCIMENTO, 2016 p.323).
A bacia hidrográfica, de acordo com Oliveira (2012), não é apenas um elemento de cunho natural, pois sua configuração exerce influência em diversos âmbitos sociais, principalmente por determinar questões referentes à disponibilidade de recursos hídricos. Desse modo, mais do que uma área de drenagem com um rio principal e seus afluentes, a bacia hidrográfica é condicionante social e econômico, se configurando como fator determinante para a política de gerenciamento e distribuição da água entre os setores que dela fazem uso. 
Segundo a ANA (2002, p. 43), “para fins de gestão de recursos hídricos e dentro do contexto da Lei das Águas, divide-se o Brasil em regiões hidrográficas. Uma região hidrográfica é uma bacia ou conjunto de bacias hidrográficas contíguas onde o rio principal deságua no mar ou em território estrangeiro”. Atualmente, no Brasil são consideradas 12 regiões hidrográficas: Amazônica, Tocantins-Araguaia, Atlântico Nordeste Ocidental, Parnaíba, Atlântico Nordeste Oriental, São Francisco, Atlântico Leste, Paraguai, Paraná, Sudeste, Uruguai e Atlântico Sul (Figura 1). Neste trabalho, entretanto, a investigação se concentra na região Tocantins-Araguaia. 	Comment by Mano: É figura ou mapa? Surgiu-me essa dúvida agora. Precisamos confirmar na ABNT. 	Comment by Conta da Microsoft: Pelo que li nas normas é figura, ai o titulo que eu tenho que por “Mapa” ... mas caso sua concepção seja de por no texto como mapa, a gente coloca sem problemas
As regiões hidrográficas sempre foram motivo de desejo de estudos pelo homem, devido à sua importância para a vida como pela ambição humana de compreender fenômenos da natureza. Esses estudos se tornaram mais numerosos e aprofundados com avanços da tecnologia, que possibilitou o aperfeiçoamento de detalhes na análise dessas regiões. 
Isso está atrelado ao fator econômico, uma vez que essas regiões, na visão capitalista, representa uma forma de acumular capital através do trabalho empregado nas áreas com valor de mercado. Sendo assim, essas acabam recebendo maior destaque e investimentos financeiros, a exemplo da produção de energia elétrica por usinas hidrelétricas instaladas em bacias das regiões hidrográficas brasileiras, que engendra uma série de implicações socioeconômicas e ambientais ainda carentes de estudos mais aprofundados. 
Figura 1: Mapa das Regiões Hidrográficas Brasileiras
Fonte: Conselho Nacional de Recursos Hídricos, 2003.
Uma forma encontrada pela sociedade em equilibrar necessidades humanas com a preservação dessas regiões hidrográficas, sobretudo áreas de bacias que passam por uso exacerbado dos recursos hídricos, foi a criação de leis e comissões de planejamento. Essa normatização é considerada essencial para a saúde de mananciais de água doce, pois cada região possui nível de necessidades e quantidades de recursos hídricos diferentes. Entretanto, mesmo com essas medidas, o uso de recursos hídricos brasileiros é, em parte, realizado de forma inadequada e prejudicial a sistemas hídricos e à natureza de maneira geral. 
Para Finkler (2009), as bacias hidrográficas são uma área de captação natural da água da chuva que converge os escoamentos para um único ponto de saída composta por um conjunto de superfícies vertentes constituídas pela superfície do solo e de uma rede de drenagem formada pelos cursos da água que confluem até chegar a um leito único no ponto de saída. Estes conjuntos de elementos compõe a bacia hidrográfica, que é delimitada por meio de técnicas de monitoramento (Figura 2).
Figura 2- Delimitações de bacias hidrográficas
 Fonte: Ambiativa Consultoria Ambiental, 2007
Para compreender o processo de funcionamento de uma bacia hidrográfica, bem como seu potencial socioeconômico, são utilizadas algumas técnicas de gestão e planejamento, um dos exemplos mais adotados com essa finalidade é o hidrograma (Figura 3) que, segundo Finkler (2009), é a representação gráfica da variação de uma seção de uso de água ao longo do tempo.	Comment by Mano: É figura ou gráfico?	Comment by Conta da Microsoft: É a mesma situação da anterior, professor
De acordo com Tucci (2004, p. 394), para caracterizar o hidrograma de uma bacia são utilizados os seguintes componentes: 
• Tempo de retardo (tl): é definido como o intervalo de tempo entre o centro de massa da precipitação e o centro de gravidade do hidrograma; 	Comment by Mano: Depois de dois pontos se usa letra minúscula?Subi parte do texto para eliminar espaços vazios.
• Tempo de pico (tp): é definido como intervalo de tempo entre o centro de massa da precipitação e o pico de vazão máxima; 
Figura 3: Funcionamento do um Hidrograma
 
Fonte: FINOTTI et al, 2009.
• Tempo de concentração (tc): é o tempo necessário para a água precipitada ir do ponto mais distante da bacia até a seção avaliada. Esse é o tempo definido também como o tempo entre o fim da precipitação e ponto de inflexão do hidrograma; 
• Tempo de ascensão (tm): é o tempo entre o início da chuva e o pico do hidrograma; 
• Tempo de base (tb): é o tempo entre o início da precipitação e o tempo que o volume precipitado já escoou através da seção avaliada, ou em que o rio volta às condições anteriores da precipitação;
• Tempo de recessão (te): é o tempo necessário para a vazão baixar até o Ponto C quando acaba o escoamento superficial.
Nesse sentido, 
Avaliar o ciclo hidrológico em uma bacia hidrográfica nos permite compreender sua dinâmica e suas relações. A precipitação pluvial representa as entradas de água na bacia hidrográfica. O relevo, solo, vegetação e até mesmo o homem são elementos que compõem a bacia, definindo sua paisagem como única. As saídas são representadas pelo deflúvio, pela evapotranspiração, pela evaporação direta dos corpos d’água, pelos processos erosivos e o carreamento de sedimentos levados pelos rios (FINKLER, 2009 p. 29). 	Comment by Mano: Sem aspas.	Comment by Conta da Microsoft: Retiradas
Assim, a gestão de bacias hidrográficas é um processo que utiliza uma série de técnica e ferramentas tais como mapas, fotografia aéreas, imagens de satélites para realizar a caracterização Fisiográfica ou Fluviomorfológica dessas unidades de paisagem através de dados fisiográficos.
2.2 Legislação brasileira aplicada ao setor de recursos hídricos
A Lei nº 9.433/97, conhecida como Lei das Águas, estabeleceu instrumentos para a gestão dos recursos hídricos de domínio federal, sendo esta conhecida por seu caráter descentralizador, por criar um sistema nacional que integra União e estados, de forma participativa, inovação quanto à instalação de comitês de bacias hidrográficas, que unem os poderes públicos nas três instâncias, usuários e sociedade civil na gestão de recursos hídricos. A Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) é considerada uma lei moderna, que criou condições para identificar conflitos pelo uso das águas, por meio dos planos de recursos hídricos das bacias hidrográficas e arbitrar conflitos no âmbito administrativo (ANA, 2015). Nesse contexto,Comment by Mano: Está correto o ano?	Comment by Conta da Microsoft: De acordo com o Participa.com do governo federal, o PNRH foi inserido no site da ANA a 5 anos atrás, sendo assim 2015 ...
O CNRH, órgão máximo que define a política e elabora o Plano Nacional de Recursos Hídricos, foi criado em 1998. Já a ANA, que começou a funcionar em 2001, é responsável pela implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), a exemplo do apoio na implantação de Comitês de Bacias Hidrográficas (CBH). Os comitês constituem-se em fóruns deliberativos tripartites importantes no ato de dirimir conflitos quanto ao uso da água, definindo regras para o direito de uso de um determinado quantitativo de água [...]. (OLIVEIRA, 2012, p. 53).
Para a ANA (2015), a PNRH criou também o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), que é o conjunto de órgãos e colegiados que comtempla a política nacional de água, tendo como papel principal fazer a gestão dos usos da água de forma democrática e participativa. Além disso, o Sistema tem como objetivos: coordenar a gestão integrada das águas, arbitrar administrativamente os conflitos relacionados aos recursos hídricos, planejar, regular e controlar o uso, bem como recuperar corpos d’água, promover a cobrança pelo uso da água. O SINGREH é composto pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), pela Secretaria de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental (SRQA), pela ANA, pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos (CERH), pelos Órgãos gestores de recursos hídricos estaduais (Entidades Estaduais), pelos Comitês de Bacia Hidrográfica e pelas Agências de Água. 
Segundo a ANA a Lei de águas, deu maior abrangência ao Código de Águas, de 1934, que centralizava as decisões sobre gestão de recursos hídricos no setor elétrico. Ao estabelecer como fundamento o respeito aos usos múltiplos e como prioridade o abastecimento humano e para suprir a sede animal em casos de escassez, essa lei deu outro passo importante proporcionando perfil democrático à gestão dos recursos hídricos. 
O acompanhamento da evolução da gestão dos recursos hídricos em escala nacional é feito por meio da publicação do Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos, que a cada quatro anos faz um balanço da implementação dos instrumentos de gestão, dos avanços institucionais do SINGREH e da conjuntura dos recursos hídricos no País. 
Os Planos de Recursos Hídricos são documentos que definem a agenda dos recursos hídricos de uma região, incluindo informações sobre ações de gestão, projetos, obras e investimentos prioritários. Além disso, fornecem dados atualizados que contribuem para o enriquecimento das bases de dados da ANA. 
Conforme a ANA 2015, a partir de uma visão integrada dos diferentes usos da água, os planos são elaborados em três níveis: bacia hidrográfica, nacional e estadual. Contam também com o envolvimento de órgãos governamentais, da sociedade civil, dos usuários e de diversas instituições que participam do gerenciamento dos recursos hídricos.	Comment by Mano: Ano.
A ANA atua na implantação do SINGREH, elaborando planos de recursos hídricos em bacias hidrográficas de domínio da União (aquelas em que o curso d’água passa por mais de um estado ou país). Nas outras esferas, a ANA atua oferecendo apoio técnico na elaboração dos planos. Outro instrumento da política utilizada pelo órgão, no âmbito do planejamento, é o enquadramento dos corpos d’água, que estabelece o nível de qualidade a ser alcançado ou mantido ao longo do tempo.
Segundo a Lei nº 9.433, a ANA é a instituição responsável pela análise técnica para a emissão da outorga de direito de uso da água em corpos hídricos de domínio da União.  De acordo com a Constituição Federal de 1988, esses corpos são os lagos, rios e quaisquer correntes d’águas que passam por mais de um estado, ou que sirvam de limite com outros países ou unidades da Federação. Em corpos hídricos de domínio dos Estados e do Distrito Federal, a solicitação de outorga deve ser feita junto ao órgão gestor estadual de recursos hídricos. 
Além da análise, cabe também à ANA a fiscalização do uso desses corpos, bem como supervisionar ações voltadas ao cumprimento da legislação federal sobre o uso da água, apoiar o estabelecimento de regras especiais (marcos regulatórios e alocações negociadas), subsidiar as ações necessárias ao atendimento dos padrões de segurança hídrica e realizar campanhas de cadastro e de regularização de usos de recursos hídricos. Além das funções já mencionadas, a ANA realiza a análise técnica das solicitações do Certificado de Sustentabilidade de Obras Hídricas (CERTOH) e a implementação e o gerenciamento do Cadastro Nacional de Usuários de Recursos Hídricos (CNARH), conforme dados do Planejamento de Recursos Hídricos da ANA. 	Comment by Mano: Fonte.Ano. São dados do site? Se sim, está nas referências?	Comment by Conta da Microsoft: Sim do site
Ressalta-se que o artigo 1º Lei nº 9.433 elenca os principais fundamentos da política nacional. Na Lei há a indicação de que a água é um bem público (não pode ser controlado por particulares), e recurso natural limitado, dotado de valor econômico, mas que deve priorizar o consumo humano e de animais, em especial em situações de escassez. A água deve ser gerida de forma a proporcionar usos múltiplos e sustentáveis, e a gestão deve acontecer de forma não centralizada, com participação de usuários, sociedade civil e governo. Essa lei surge em um contexto de escassez de água potável, com preocupação de que sua distribuição seja equitativa.
3. Dinâmica socioeconômica da região hidrográfica Tocantins-Araguaia 	Comment by Mano: Esta a parte empírica e deve ser a mais relevante da pesquisa. Porém, está com menos de duas laudas, o que não pode acontecer. Este é o espaço para se aprofundar na análise sobre a Região Hidrográfica Tocantins-Araguaia. Sugere-se aproximar das 20 páginas com esse aprofundamento.O subitem 2.2, inclusive, pode/deve ser trazido para cá.Poderiam enriquecer o texto com mapas, fotografias... atualizados (se conseguirem).
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e ANA (2005) por possuir grande reserva natural de água, a região do Tocantins-Araguaia inicialmente passou por uma falsa ideia de que esse recurso nunca se esgotaria, sendo que as práticas realizadas dentro dessa região são um reflexo da ideologia de um recurso sem fim. Com o tempo, atividades humanas realizadas nessas áreas se alteram constantemente, se tornando palco de modificações socioambientais e econômicas. Projetos de irrigação, mineração, garimpo, o aproveitamento da capacidade hidrelétrica e o crescimento urbano acelerado são marcantes na causa dessas mudanças.	Comment by Mano: Ministério do Meio Ambiente? Por extenso antes.	Comment by Mano: Como o artigo se trata de pesquisa bibliográfica, é prudente inserir as fontes das argumentações. 
 Nesse sentido, com várias formas para o aproveitamento e uso da água, a região se divide em Tocantins-Alto, Araguaia e Tocantins-Baixo, cada uma possui suas características de exploração e uso dos recursos disponíveis (Figura 4).	Comment by Mano: Ou mapa?
 No Tocantins-Alto, destaca-se o desvio do curso natural do rio para a construção de reservatórios e, a partir disso, possa a gerar a instalação de hidrelétricas, o estabelecimento de extensas áreas de atividades de produção agropecuária e a prática de ações extrativistas. A correlação entre a implantação de hidrelétricas e a constante atração populacional (trabalhadores e comerciantes, por exemplo), resulta no surgimento de aglomerações urbanas, formando cidades e distritos. A região do Araguaia tem como destaque a atividade de garimpeira, além da utilização da água para projetos de irrigação vinculada à expansão da fronteira agrícola. 
Por último, a região do Tocantins-Baixo conta com área de atividade mineradora, que amplia o índice de crescimento urbano, entrando em contraponto com ações ambientalistas que ocorrem na região e com unidades de conservação indígena. Essa região ainda sofre com o alto índicede desmatamento natural, e mesmo havendo significativa diminuição da área desmatada no decorrer dos anos entre 1997 a 2004, o controle do desmatamento ainda é constante visando a diminuir danos causados ao bioma. 
Figura 4: Mapa da Subdivisão da Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia
Fonte: Fonte: Caderno da RHTA (2006).
Em se tratando da dinâmica populacional da região hidrográfica, seu processo de ocupação se deu com investidas de europeus no século XVI, escravizando indígenas e explorando riquezas minerais. Com o passar dos anos a área foi utilizada para diversos fins como atividades agropecuária e industrial, porém os primeiros núcleos urbanos foram surgindo ao longo dos séculos XIX e XX (FGV, MMA, ANEEL, 1998). 
Outro ponto relevante para o aumento populacional da região se deu durante a marcha para o Oeste[footnoteRef:5]. Nos anos de 1990 a população que residia em áreas urbanas era de 62%, o que a partir dos anos 2000 passou a ser de 73%. Isso reflete, entre outros aspectos, no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), em os estados que fazem parte da região hidrográfica encontrem-se dentro da média do país, apesar de o PIB ser baixo na maioria dos estados, segundo dados levantados pelo (IPEA, 2000). (Quadro 1).	Comment by Mano: Poderiam inserir nota de rodapé, explicando o que foi essa marcha.	Comment by Mano: Qual é mesmo a média? Poderiam colocar entre parênteses. [5: A “Marcha para o Oeste” foi um projeto desenvolvido durante a ditadura do Estado Novo, governado por Getulio Vargas, tendo como objetivo promover o desenvolvimento populacional e a integração econômica das regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil. O projeto promoveu a criação de pequenos núcleos de colonização nessas regiões, que eram consideradas pouco povoadas e pouco integradas com as regiões litorâneas. ] 
Quadro 1: Indicadores Socioeconômicos da Região Hidrográfica
Fonte: Caderno da RHTA (2006) e IPEA (2000).
Com base no IBGE, em 2013 a região concentrava 4,5% da população nacional, sendo 76% em áreas urbanas. A densidade demográfica era de 9,8 hab./km², bem menor que a densidade demográfica do país, de 22,4 hab/km²
Por possuir ampla extensão territorial, a região sofre com problemas de inchaço populacional em centros urbanos às margens de hidrelétricas, onde parte significativa de moradores não tem acesso a saneamento básico, tratamento de saúde e disponibilidade de recursos de subsistência, além de ficar exposta a atos violência. Ou seja, o cotidiano vivido por habitantes do Tocantins-Araguaia reflete diretamente em dados econômicos do país, devido à importância da região hidrográfica e sua abundância de recursos hídricos.
Conforme dados do MMA os movimentos populacionais nessa região estão diretamente ligados às características da expansão da agricultura, no momento em que o desmatamento inicial absorvia intensamente a mão de obra que, posteriormente, veio a ser liberada com a modernização dos processos produtivos (MMA, 1998)
A Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos, no ano de 2009, estabeleceu um cenário no qual a lavoura permanente da região está presente em 3,46 milhões de há de terra e lavouras temporárias ocupando um total de 0,16 milhões de há. (Figura 5).
Figura 5: Cenário da Agropecuária em 2009.
Fonte: Planejamento de Recursos Hídricos e ANA (2009).
Essa região encontra-se inserida na área de influência do corredor Norte-Nordeste, produzindo desenvolvimento econômico para a região, cujo contorno geográfico delimita parte dos Estados do Maranhão, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Piauí e Pará, onde se localiza áreas produtoras de grãos, madeiras e minérios que, juntamente com os derivados de petróleo, representam as principais cargas movimentadas na região (FGV; MMA; ANEEL 1998).
A hidrovia do Tocantins-Araguaia é uma das principais vias de transporte do corredor Centro-Norte do Brasil, com um potencial de se transformar numa das mais importantes vias navegáveis do país, possuindo um potencial navegável de quase 3.000km, além das vias navegáveis a hidrovia possui terminais hidroviários e estrutura de transposição de nível, como duas eclusas de 210 metros de comprimento, 33 metros de largura e 3,5 metros de profundidade mínima (BRASIL, 2018).
A mineração representa importante setor da economia, já que na RHTA encontram-se cerca de 50% da produção de ouro do país e grande parte das reservas nacionais de amianto (92%), cobre (88%), níquel (86%), bauxita (82%), ferro (64%), manganês (60%), prata (21%), e cassiterita (28%), com destaque para a atividade mineradora em Carajás, no Para (ANA e MMA 2005).
Pode-se observar o cenário de mineração na região conforme o Planejamento de Recursos Hídricos da ANA em 2009 (Figura 6).
Figura 6: Cenário de Mineração 2009
Fonte: Planejamento de Recursos Hídricos e ANA 2009
De acordo com o Caderno da RHTA (2006), a região apresenta potencial hidrelétrico, segundo o Plano Decenal 2003-2012 do setor elétrico de 26.764 MW, destacando-se em ordem de importância, as bacias dos rios Tocantins, Araguaia, Paranã, Sono e Itacaiunas. Quanto à geração de energia, o grande potencial hidrelétrico e sua localização frente aos mercados consumidores do Nordeste brasileiro, colocam a região hidrográfica como prioritária para implantação de aproveitamentos hidrelétricos. 
Conforme a ANA (2005), o potencial hidrelétrico instalado totaliza 6.981 MW, distribuídos em 28 centrais hidrelétricas, entre as quais se destacam as usinas do Tucuruí, que está localizada no baixo Tocantins, e as usinas de Serra da Mesa, Cana Brava e Luís Eduardo Magalhães (Lajeado), estabelecidas no alto Tocantins, observando que somente a usina do Tucuruí é responsável pelo abastecimento de energia elétrica de 96% do Estado do Pará e 99% do Estado do Maranhão.
3.1 Disponibilidade, demanda e usos da água na Região Hidrográfica Tocantins-Araguaia	Comment by Mano: Deve-se deslocar este subitem para o item 4, pois aborda sobre aspectos empíricos da pesquisa.
A presença da água é necessária para que a humanidade possa realizar suas atividades de subsistência, seu desenvolvimento socioeconômico e, consequentemente, da região à qual está inserida. 
Nesse contexto, pensando na importância de recursos hídricos para o desenvolvimento humano, entende-se o sentido de se analisar, estudar e compreender a disponibilidade hídrica do Brasil, tendo como foco as bacias hidrográficas do país, especialmente a RHTA. As doze regiões hidrográficas brasileiras abrangem estados e suas bacias, necessitando de gerenciamento eficaz, embasado por caracterização que envolva aspectos físicos, demográficos, climáticos e outros que possam defini-las, possibilitando, assim, a compreensão da dinâmica de recursos hídricos no que refere à disponibilidade, à distribuição e ao potencial para geração de energia elétrica. 
Nesse sentido, a RHTA é considerada de relevância nacional, pois é caracterizada pela expansão da fronteira agrícola, principalmente pelo cultivo de grãos. Isso é verificado em dados apresentados sobre a demanda pelo uso da água, no qual a irrigação de cultivos agrícolas apresenta maior percentual de utilização, aliada ao alto potencial hidrelétrico (MMA, 2006).
Essa região hidrográfica possui uma área total de aproximadamente 920 mil km², correspondendo a um total de 10,8% de todo território nacional, incluindo partes dos estados de Goiás, Tocantins, Pará, Maranhão, Mato Grosso e do Distrito Federal. A maior parte encontra-se na região Centro-Oeste, desde as nascentes dos rios Araguaia e Tocantins até sua confluência, e dai, para jusante, adentra na região Norte até a sua foz no Oceano Atlântico (ANA, 2015).
Conforme Gráfico 1, em se tratando da disponibilidade hídrica, a bacia do Tocantins-Araguaia é a segunda maior bacia do Brasil, apresentando 13.624 m³/s de vazão média, o que equivale a 9,6% do total de todo o país. Tem vazão específica de 14.841 L/s/km² e consequentemente acaba por ocupar vasta área, equivalente a 918.273 km² (ANA e MMA, 2005).	Comment by Mano: Trata-se de um estudo produzido emconjunto pelos dois órgãos ou são documentos independentes no mesmo ano?Se são independentes, isso deve aparecer na indicação da referência ANA (2005) e MMA (2005). 	Comment by Conta da Microsoft: É o mesmo documento professor.
Gráfico 1 – Vazão Especifica da Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia
Fonte: Caderno da RHTA, 2006.
A vazão de estiagem da região é de 95%, sendo uma das regiões hidrográficas brasileiras que apresenta maiores índices de vasão de estiagem juntamente com a região hidrográfica da Amazônia e do Paraná (ANA e MMA, 2005). 
Dados climáticos da região hidrográfica apresentam precipitação de 1.837 mm e evapotranspiração real de 1.371 mm, o que, por sua vez, equivale a 75% da sua precipitação, possuindo assim número de evapotranspiração média maior que a do país, que é em média de 1.134 mm, equivalentes a 63% da sua precipitação (ANA e MMA, 2005). 
Com essa disponibilidade de água distribuída ao longo da área ocupada pela RHTA, dados de oferta hídrica à população também são expressivos. Porém, a quantidade de água por habitante não corresponde à disponibilidade real desse recurso para uso da população, sendo que a vasão média não está disponível em todas as circunstâncias e nem acessível para todas as pessoas (ANA e MMA, 2005). 
De acordo com o sistema de informação do PNRH, essa região está subdividida em três sub-regiões no nível 1- Sub 1 e em 18 Sub-regiões no nível 2- Sub2. O Quadro 2 mostra as Sub-regiões hidrográficas do Tocantins-Araguaia e suas respectivas vazões. 
	
Quadro 2: Sub-Regiões do Hidrográficas do Tocantins-Araguaia
Fonte: Caderno da RHTA, 2006.
Destro das 18 subdivisões, os índices populacionais podem variar de 77.345 habitantes até 901.472 habitantes, sendo que 77.345 desses correspondem à disponibilidade de 316.988,2 m³ de água por ano, e 901.472 habitantes correspondem à quantidade de 6.457,6 m³ de água por ano. Com base nesses dados, pode-se entender que, em algumas partes da região hidrográfica que apresentam elevado índice populacional, a água disponível é menor que em locais com baixa densidade demográfica, sendo que quanto maior a população, menor a quantidade de água ofertada para uso.
Outro ponto que se destaca é que as águas subterrâneas vêm sofrendo contaminação por conta do crescimento populacional urbano, ao tempo em que aumenta a quantidade de lixo descartado de maneira inadequada, o que acaba ocasionando a contaminação de reservas de água do subsolo. O lançamento de efluentes industriais sem controle também causa esse tipo de impacto. Há ainda a ocorrência de atividades extrativistas, da mineração e da constante expansão da fronteira agrícola que fazem uso de elevadas quantidades de insumos, além da realização de práticas intensivas de manejo da produção. 
Ressalta-se que a expansão da prática agrícola se deve ao fato de a região do MATOPIBA se encontrar localizada em parte significativa da RHTA, fazendo com que suas águas sejam constantemente utilizadas em projetos de irrigação na agricultura intensiva. O MATOPIBA engloba áreas dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, formando assim uma grande área de produção e expansão agrícola, reverberando diretamente na dinâmica da utilização do recurso água nessa região. 
4. Considerações finais	
Durante a discussão envolvendo dinâmicas das regiões hidrográficas apresentadas no território brasileiro, buscou-se discutir a importância dos recursos hídricos no país, utilizando como foco da análise a Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia. Porém, considera-se que parte dos apontamentos realizados durante a construção deste estudo é de considerável importância para se compreender outras regiões hidrográficas brasileiras. Nessa perspectiva, deve-se considerar que alguns pontos como capacidade hidrelétrica, dinâmica social e ocupação humana apresentam diferenciações de região para região; no entanto, em linhas gerais, seguem dinâmicas parecidas de organização quando se trata dos recursos hídricos. 
A forma de organização das bacias hidrográficas e do uso da água no território brasileiro segue a dinâmica estabelecia pela ANA, sendo ela a responsável pela liberação do uso das águas e também pela fiscalização. Porém, como abordado no desenrolar desta pesquisa, fatores como crescimento populacional e organização urbana estão diretamente ligados à presença de água nas regiões. Desse modo, há aglomerações urbanas no entorno de reservatórios artificiais construídos, sobretudo para a produção de energia elétrica, mas que também estimulam o uso da água para a agricultura irrigada de pequena e larga escala.
Sendo assim, percebe-se que problemas sociais são maximizados com o aumento desordenado da população de determinado ambiente e, quando se trata de uma área rica em recursos hídricos torna-se ainda mais comum, como é o caso do Tocantins-Araguaia. Então, constata-se que o alto índice de utilização de água (na agricultura, na indústria e em residências) é fator de contaminação de recursos hídricos, decorrente do descarte de materiais em mananciais superficiais, que, pela dinâmica do ciclo das águas, influi negativamente na qualidade de reservatórios subterrâneos. 
Esse quadro indica a necessidade de potencialização de mecanismos de fiscalização de atividade envolvendo o uso da água, assegurando que todos os atos de consumo utilizem o recurso de forma controlada e coerente com limitações ambientais estabelecidas. Evidência disso é o fato de parte importante da contaminação de lençóis freáticos ser causada por dejetos humanos descartados de maneira irregular. 
Assim, em linhas gerais pode-se constatar que a água possui o papel de promover atividades econômicas e sociais dos locais em que se encontram. Suas diversas utilidades permitem vasto aproveitamento econômico, podendo mudar a dinâmica de determinada área. Por essa razão tona-se cada vez mais importante a compreensão de impactos que bacias hidrográficas sofrem em âmbito nacional. 
Portanto, este estudo representa um trabalho analítico que visa instigar o exercício do posicionamento crítico de leitores quanto à importância dos recursos hídricos, sua distribuição e também a complexidade envolvida na sua exploração. 
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