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Vol_III_7_Direito_Civil

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DIREITO CIVIL
Didatismo e Conhecimento 1
DIREITO CIVIL
Prof. Flávia Eliana de Melo Colucci
Especialista em Direito do Trabalho e Previdenciário
Advogada. Bacharel em Direito pela FADAP/FAP – Turma 2006
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO 
DIREITO BRASILEIRO 
A Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, instituída pelo Decreto-Lei nº 4.657/1942, estabelece os alicerces de nosso 
sistema jurídico, e é considerada pela doutrina, como norma de interpretação de todo o ordenamento jurídico, apresentando institutos e 
regras que abrangem todos os ramos do Direito, e não apenas ao Direito Civil. 
Antes tal decreto era intitulado como “Lei de Introdução ao Código Civil” (LICC), mas após a edição da Lei nº 12.376/2010, 
passou a vigorar com a seguinte denominação: “Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro” (LINDB).
Este Decreto-Lei, cuja natureza jurídica é de lei ordinária, uma vez que foi criada sob a forma de decreto-lei, espécie legislativa que 
nos termos das Constituições que a admitiam, tinham força de lei ordinária, não sofreu nenhuma alteração ou revogação em qualquer de 
seus dispositivos, com a entrada em vigor do Novo Código Civil (Lei n. 10.406/2001). Isto porque, conforme afirmado acima, o objeto 
tratado por este Decreto-Lei é distinto do objeto do Direito Civil.
Prevaleceu então a tese de ser uma lei autônoma, pela maior facilidade de se fazer uma mudança, se necessário. Portanto, não é parte 
integrante do Código Civil, trata-se de uma lei geral, que se aplica a todos os ramos do Direito. Assim, é uma norma de sobredireito ou 
de apoio, porque busca disciplinar a aplicação de todas as normas.
Caracteriza-se por ser um metadireito ou supradireito, na medida em que dispõe sobre a própria estrutura e funcionamento das nor-
mas, coordenando, assim, a aplicação de toda e qualquer lei, e não apenas dos preceitos de ordem civil. 
Neste Decreto-Lei pode-se encontrar vários objetos, sendo os principais:
- tratar da obrigatoriedade das leis, discorrendo sobre a vigência, a validade e a eficácia destas;
- estabelecer o início e o fim da produção dos efeitos das normas, a aplicação, a revogação, bem como delimitar alguns conceitos 
como o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido. Consagrando a irretroatividade como regra no ordenamento jurídico 
e ao mesmo tempo definir as condições para a ocorrência do efeito repristinatório.
- Apresentar todas as fontes do direito conferindo ao intérprete princípios hermenêuticos de interpretação e integração.
- solucionar o conflito das leis no tempo;
- resolver o conflito das leis no espaço;
Em seus seis primeiros artigos, a LINDB cuida da eficácia, da interpretação e do conflito de leis no tempo. A seguir e, até o final, trata 
do conflito de leis no espaço, delineando a maneira como os juízes devem agir para resolverem controvérsias internacionais de Direito 
Privado, como, por exemplo, julgar caso oriundo de contrato entre brasileiro e francês, ou seja, que Lei aplicar, a brasileira ou a francesa.
Segue abaixo os critérios abordados por este Decreto-Lei.
1.1 Vigência, aplicação, interpretação e integração das leis. 
a) VIGÊNCIA DAS LEIS
Vigência da Lei é um critério puramente temporal. Uma norma está em vigência até que ocorra sua revogação. Vigência é diferente 
de vigor. Vigor é a força vinculante da norma. Uma norma pode estar em vigor mesmo tendo sido revogada conforme previsto no artigo 
2.038 do Código Civil. 
A vigência é a existência social e jurídica da norma. Entrou em vigor, deve ser obedecida ou aplicada.
A vigência é o que vincula todos a lei, ela não só existe formalmente como deve ser aplicada a todo caso concreto que se enquadre 
na situação ali tratada.
Dizer que uma determinada lei está em vigência ou entrou em vigor significa dizer que essa lei deve, obrigatoriamente, ser respei-
tada. Significa que aqueles que não a observarem estarão sujeitos às penalidades previstas.
Didatismo e Conhecimento 2
DIREITO CIVIL
A vigência, portanto, está relacionada com o tempo. Na publicação, verificamos quando aquela lei será considerada obrigatória ou 
quando aquela lei entrará em vigor. Vale aqui a observação de que, em geral, a data em que passará a viger coincide com a data de sua 
publicação, no entanto, se a lei não dispuser de prazo para a sua entrada em vigor, o prazo será de 45 dias contados de sua publicação, 
uma vez que toda lei deve ser publicada pela Imprensa Oficial. A LINDB adota o sistema do prazo de vigência único ou sincrônico, ou 
simultâneo, pelo qual a lei entra em vigor de uma só vez em todo o país.
No exterior, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 (três) meses depois de oficialmente publicada.
Uma observação é de que uma norma pode ser eficaz e não ser efetiva, como no caso do casamento pelo regime dotal. É uma norma 
eficaz, considerando que ainda não foi revogada, no entanto, não é efetiva, pois caiu em desuso. Assim, o desuso não implica na perda 
da vigência da norma, e sim, na perda de sua efetividade.
Portanto a eficácia da Lei esta relacionada a produção de seus efeitos. Uma questão interessante é se a norma produz efeitos a partir 
de sua vigência? A resposta é depende, se a lei entrar em vigor a partir de sua publicação, sim, porém, há leis que possuem vacatio legis 
que falaremos a seguir. 
VACÂNCIA DA LEI ou “VACATIO LEGIS”
a) Conceito
 
Denomina-se vacatio legis o período de tempo que se estabelece entre a publicação e a entrada em vigor da lei. A lei não produzirá 
efeitos durante a vacatio legis (artigo 1º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro). Existem dois motivos para sua existência:
a.1) cognitivo: para que a lei seja levada ao conhecimento do destinatário antes de sua vigência e com ela se familiarizem para bem 
cumpri-la;
a.2) instrumental: para que os órgãos da administração se aparelhem, para que a norma ganhe efetividade.
b) Sistemas de “vacatio legis”
Existem três sistemas distintos de vacatio legis, quais sejam:
b.1) Sistema simultâneo ou sincrônico: de acordo com esse sistema, que é o sistema brasileiro, a lei sempre entra em vigor na 
mesma data em todo o território nacional. Há, portanto, uma sincronia na entrada em vigor da lei.
b.2) Sistema progressivo: era o sistema da Lei de Introdução ao Código Civil anterior, no qual a vigência era distinta para locais 
distintos do território nacional. Substituído por gerar insegurança jurídica.
b.3) Sistema omisso: segundo esse sistema, não existe vacatio legis e toda lei entra em vigor na data de sua publicação.
c) Espécies de “vacatio legis”
Há três espécies de leis referentes à vacatio legis:
c.1) Lei com “vacatio legis” expressa: é a lei de grande repercussão, que, de acordo com o artigo 8º da Lei Complementar n. 95/98, 
tem a expressa disposição do período de vacatio legis. Temos, como exemplo, a expressão contida em lei determinando “entra em vigor 
um ano depois de publicada”.
c.2) Lei com “vacatio legis” tácita: é aquela que continua em consonância com o artigo 1º da LINDB, ou seja, no silêncio da lei 
entra em vigor 45 dias depois de oficialmente publicada.
c.3) Lei sem “vacatio legis”: é aquela que, por ser de pequena repercussão, entra em vigor na data de publicação, devendo esta estar 
expressa ao final do texto legal.
d) Contagem
A Lei Complementar n. 107/01 estabelece em seu artigo 8º, § 1.º, o seguinte: “A contagem do prazo para entrada em vigor das leis 
que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data de publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia 
subsequente a sua consumação integral”.
Didatismo e Conhecimento 3
DIREITO CIVIL
ERRATA
Os erros encontrados na lei podem ser de duas espécies:
a) erro irrelevante: não influi na interpretação da norma, não havendo necessidade de correção. É erro material, pode ser corrigido 
de ofício pelo juiz.
b) erro substancial: implica divergência de interpretação e poderá ocorrer em três fases distintas do processo legislativo:
b.1) antes da publicação:a norma poderá ser corrigida sem maiores problemas;
b.2) no período de “vacatio legis”: Caso a lei tenha sido publicada, porém não tenha ainda entrado em vigor e tenha sido detectado 
algum erro material ou incorreção, poderá ela ser corrigida, sem necessidade de uma nova lei. Haverá nova publicação da lei e reiniciar-
-se-á o prazo da vacatio legis. Essa possibilidade de republicação da lei só é admitida para as hipóteses de imperfeições ortográficas ou 
gramaticais. Em caso de mudança de conteúdo da lei, não é possível se prescindir de nova lei.
b.3) após a entrada em vigor: a norma poderá ser corrigida mediante uma nova norma de igual conteúdo, ainda que a correção se 
volte apenas para erros materiais, mostra-se imprescindível a elaboração de uma nova lei – a lei corretiva - que será publicada e entrará 
em vigor posteriormente.
PRINCÍPIOS INFORMADORES DA EFICÁCIA DAS LEIS:
Os princípios informadores da eficácia das leis orientam a aplicação da norma, e informam o jurista sobre o que deve ser feito, sem-
pre que se deparar com alguma dúvida. São eles:
a) Princípio da obrigatoriedade (art. 3º, LINDB), segundo esse princípio, somente a norma jurídica publicada é obrigatória a 
todos os seus destinatários e ninguém poderá descumpri-la, alegando ignorância, alegando o seu desconhecimento. É lógico que não 
somos obrigados a conhecer toda a legislação vigente. Isso seria humanamente impossível. A questão é que, se nos fosse dado alegar 
que desconhecemos a lei, para justificar o fato de a termos descumprida, a sociedade se transformaria em verdadeira balbúrdia, e nin-
guém respeitaria o direito de ninguém. Assim, o princípio da obrigatoriedade das leis veio por ordem nas relações sociais. É princípio 
de segurança jurídica.
b) Princípio da continuidade (art. 2º, LINDB), tal postulado estabelece que uma norma permanente só perderá a eficácia se outra, 
de mesma ou superior hierarquia, vier modificá-la ou revogá-la. Portanto, não é possível a revogação da lei por decisão judicial ou ato 
administrativo. No caso do desuso da lei, não faz com que esta perca sua eficácia formal. Em outras palavras, formalmente, a lei existe 
e vige, apesar de na realidade não ser observada por ninguém. Pode-se dizer que tal lei tem eficácia formal, mas não eficácia real ou 
material. Exceção é feita no que diz respeito à lei temporária, ou seja, aquela lei que já traz em seu texto o prazo de sua vigência. Findo 
este, automaticamente a lei já estará revogada, não sendo necessário, neste caso, outra lei que a revogue.
c) Princípio da irretroatividade (art. 6º, LINDB), a lei nova não pode retroagir para abarcar situações consolidadas por lei anterior. 
Visa estabelecer a segurança jurídica do sistema, por intermédio do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada.
d) Princípio do Iura Novit Curia: estabelece que o juiz é conhecedor do Direito. Assim, não se faz necessário à parte interessada 
provar a existência de determinada lei. As exceções a esse princípio são: o direito estrangeiro, estadual, municipal, e consuetudinário.
REVOGAÇÃO DA LEI
É a hipótese em que a norma jurídica perde a vigência porque outra Lei veio modificá-la ou revogá-la, uma vez que a norma jurídica 
é permanente e só poderá deixar de surtir efeitos se à ela sobrevier outra norma que a revogue.
As espécies de revogação da Lei são:
a) revogação expressa: um novo comando normativo dispõe expressamente a respeito da perda da eficácia da lei anterior ou os seus 
dispositivos que estão sendo revogados;
b) revogação tácita: é aquela que ocorre quando a lei revogadora, embora não exponha expressamente quais são as lei ou os seus 
dispositivos que estão sendo revogados, o seu texto se mostra incompatível com o texto da lei anterior, ou então, regula inteiramente 
matéria tratada por outra lei.
Essas duas espécies de revogação citadas acima podem acontecer de duas formas:
a) ab-rogação: é a revogação total da norma, ou seja, a norma antiga perde sua eficácia na totalidade;
b) derrogação: é a revogação parcial da norma, ou seja, a norma antiga continua vigorando com alguns dispositivos revogados pela nova lei.
Para a verificação de revogação das normas, três critérios devem ser utilizados:
a) hierárquico: verificar qual das normas é superior, independentemente da data de vigência das duas normas (exemplo: um regu-
lamento não poderá revogar uma lei ainda que entre em vigor após esta);
b) cronológico: a norma que entrar em vigor posteriormente irá revogar a norma anterior que estava em vigor;
c) especialidade: as normas gerais não podem revogar ou derrogar preceito ou regra disposta e instituída em norma especial.
Didatismo e Conhecimento 4
DIREITO CIVIL
Repristinação da Lei
Repristinação da Lei é a restauração da vigência da uma lei anteriormente revogada, em razão da revogação da lei anterior. A repris-
tinação só é admitida expressamente, pois a repristinação tácita não é admitida. Assim, uma Lei nova que faça expressamente remissão 
à norma revogada poderá restituir-lhe a vigência, desde que em sua totalidade.
A não repristinação ou não restauração da norma é a impossibilidade que uma norma jurídica tem de, uma vez revogada, voltar a 
vigorar no sistema jurídico novamente, pela simples revogação de sua norma revogadora, ou seja, o “aniquilamento” da norma revoga-
dora não restaura a norma revogada.
Para um melhor entendimento, suponhamos a Lei A em vigor. Posteriormente é promulgada Lei B que trata do mesmo assunto da 
Lei A de forma exaustiva e revoga a Lei A. Passado um tempo surge a Lei C que simplesmente revoga a Lei B sem regular o assunto 
tratado por esta. Como ficaria a questão, a Lei A estaria automaticamente revigorada pela Lei C?
A resposta será não. Para que a Lei C ressuscite a Lei A, ou seja, para que fosse lei repristinadora, seria necessário disposição ex-
pressa neste sentido. Por exemplo:
Lei C
Art. 1º Fica revogada a Lei B.
Art. 2º Volta a vigorar a Lei A.
 
No caso em análise, tal não ocorreu. Portanto, simplesmente deixaria de se ter lei regulando a matéria. Em outras palavras, a repris-
tinação jamais será tácita.
O motivo dessa não restauração de normas é o controle do sistema legal para que se saiba exatamente qual norma está em vigor.
b) APLICAÇÃO DA LEI
Para resolver os casos que lhe são apresentados, o juiz procura, dentro da sistemática do direito, a lei que se deve aplicar à hipótese 
sub judice.
Tal operação consiste em transferir para um caso particular e concreto a decisão que se encontra na regra abstrata. Esta é a premissa 
maior de um silogismo, e, partindo dela, o juiz aplicará a lei ao caso concreto.
Por vezes, entretanto, o juiz não encontra na legislação escrita uma norma a aplicar ao caso concreto. Poderá ele recusar-se a decidir 
sob tal pretexto? Evidentemente não, sob pena de conturbar-se a ordem social. Compete ao Estado, através do Poder judiciário, solucio-
nar os conflitos entre particulares, e a esse mister não poderá fugir.
Quando a lei é omissa sobre algum problema, ou sobre a solução de alguma relação jurídica, diz-se que há uma lacuna da lei. Esta 
é inevitável em qualquer ordenamento jurídico, porque o legislador, por mais sagaz que seja, não pode prever todos os casos capazes de 
aparecer nas relações entre os indivíduos. E, mesmo que antevisse todas as relações jurídicas presentes, não teria o dom de prever casos 
que o progresso trará.
Então como proceder? O artigo 4º da Lei da Introdução às Normas do Direito Brasileiro determina que quando a lei for omissa, o 
juiz deve decidir o caso concreto de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito.
Tais institutos serão descritos a seguir ao tratar da Interpretação e Integração das leis.
c) INTERPRETAÇÃO DAS LEIS
Hermenêutica jurídica é a ciência, a arte da interpretação da linguagem jurídica, é buscar a sua real intenção e significado. Serve para 
trazer os princípios e as regras que são as ferramentas do intérprete através de métodos para o alcance da justiça na aplicação adequadaao caso concreto. A aplicação, a prática das regras hermenêuticas, é chamada exegese.
Assim, para que a Lei vigore plenamente, para que seja aplicada com Justiça, é preciso decifrá-la. É fundamental que fique claro que, 
por Lei, deve entender-se não só a norma escrita, mas toda e qualquer norma jurídica, seja qual for sua fonte: a lei escrita, os costumes, 
os princípios gerais não escritos, os valores, a doutrina, a jurisprudência, a dogmática.
A interpretação admite quatro classes: quanto à origem, quanto aos métodos, quanto ao resultado, e quanto à natureza. Vejamos:
a) Quanto à origem:
I) Autêntica: é aquela que é exercida pelo próprio órgão que editou a norma. Geralmente, quando uma lei é interpretada por 
outra lei. Por exemplo, o art. 327 do CP, que traz o conceito de funcionário público para a caracterização dos crimes praticados por 
este, ou seja, é aquela feita pelo próprio legislador por intermédio de lei interpretativa. É muito comum leis virem seguidas de decre-
tos, com o objetivo de interpretá-las e regulamentá-las.
Didatismo e Conhecimento 5
DIREITO CIVIL
II) Doutrinária: é a interpretação dada pelos estudiosos do Direito em livros, textos, pareceres etc.
III) Judicial: é a interpretação fornecida pelos juízes e tribunais diante do caso concreto que lhes foi posto à apreciação. A interpre-
tação judicial será, de regra, casuística, ou seja, o juiz interpretará a Lei em cada caso concreto. Já a autêntica e a doutrinária serão, habitu-
almente, genéricas, não se referindo a caso concreto em especial, e quando adotam casos concretos, é, normalmente, para exemplificar. A 
interpretação judicial é, talvez, a mais importante de todas, uma vez que é o juiz, em última análise que aplica a norma ao caso concreto.
b) Quanto aos métodos: 
I) gramatical ou linguística: decorre da análise sintática, semântica ou ortográfica das palavras que constam do texto da lei;
II) lógica: a interpretação se dá por meios de critérios lógicos, raciocinando-se no plano das ideias manifestado pelo legislador;
III) sistemática: é como um quebra-cabeça. O intérprete simplesmente encontrará lugar para a lei interpretada no sistema legal. 
Ora, não podemos interpretar o Código do Consumidor sem o Código Penal, sem o Código Civil, sem a Constituição e tantas outras leis. 
Todas elas, em conjunto, formam sistema que interage, uma complementando a outra;
IV) ontológica: é a interpretação que se busca a essência da Lei, sua razão de ser, a chamada ratio legis, ou razão da Lei;
V) teleológica: é aquela que busca a finalidade da Lei, seus objetivos. Nesse ponto, devemos salientar que o art. 5º da LINDB men-
ciona a finalidade a ser perseguida pelo juiz quando da aplicação da lei: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se 
dirige e às exigências do bem comum.”;
VI) Analógica: o intérprete deve manusear o método comparativo, aplicando ao fato concreto preceitos que regulam situações 
similares;
VII) histórica: perquirem-se os dados históricos que subsidiam a criação da norma para aclarar o sentido da lei atual;
VIII) sociológica: deve o intérprete conjugar a norma legal com elementos extraídos do meio social à época de elaboração da lei 
para alcançar a exata conjuntura que implicou a edição da lei.
c) Quanto ao resultado:
I) restritiva: deve ser aplicada quando a norma diz mais do que deveria, implicando, em razão disso, a diminuição do alcance de 
sua interpretação;
II) extensiva: deve ser aplicada quando a norma diz menos do que deveria, induzindo à ampliação de sua interpretação;
III) declarativa: quando a norma não carece de ser ampliada ou diminuída, posto que na medida certa o seu conteúdo foi expresso.
d) Quanto à natureza:
I) Concreta: quando se estiver resolvendo um caso particular, real. A interpretação judicial, como vimos, é como regra, concreta.
II) Abstrata: é a que não leva em conta esse ou aquele caso real. Procura analisar a lei de forma não casuística. É o que, normal-
mente, faz a doutrina.
Há de ser esclarecido, contudo, que a interpretação será como regra, fenômeno empírico, o que vale dizer que a Lei, habitualmente, 
é interpretada, não de modo abstrato, mas diante de um ou mais casos concretos. Pela interpretação, o hermeneuta deverá subsumir a 
Lei ao caso concreto, conjugando os distintos métodos de exegese. Daí ser possível interpretar uma mesma norma de várias maneiras 
distintas, dependendo dos vários casos concretos que se tenha em vista.
Deve-se dizer que o Direito Civil, especificamente, segundo a concepção mais atual, deve ser interpretado à luz da Constituição. Isso 
porque é na Constituição que iremos encontrar as bases do ordenamento jurídico. Consequentemente será com fundamento nos valores 
por ela adotados, que todas as normas infraconstitucionais deverão ser interpretadas.
d) INTEGRAÇÃO DO ORDENAMENTO JURÍDICO
Ocorre por razões de lacuna na lei (e não no direito), e decorre da indeclinabilidade da jurisdição. Com efeito, diante da hipótese de 
anomia (ausência de normas), o ordenamento jurídico de um Estado deve adotar um entre os três sistemas conhecidos para solução da 
ausência de norma para o caso concreto, a saber:
* Non liquet: sistema pelo qual o magistrado decide pela não solução da relação jurídica, por não haver respaldo legal. Esse sistema 
é criticado por não atender aos fins primordiais da jurisdição (realização da justiça, pacificação social e resolução da lide).
* Suspensivo: por este, o intérprete suspende o andamento do feito, e consequentemente suspende a decisão para a relação jurídica, 
comunicando o legislativo da ausência de norma regulamentadora, para fins de edição.
* Integrativo: sistema pelo qual, ante a ausência de lei aplicável à relação jurídica sob decisão, o intérprete não pode se furtar à 
sentença, devendo fazer uso da analogia, dos costumes e dos princípios gerais de Direito. É o sistema adotado por nossa Lei de Intro-
dução às Normas do Direito Brasileiro. O artigo 4º fez questão de estabelecer uma hierarquia entre as fontes, pois só autorizou o juiz a 
valer-se de outras fontes quando houvesse omissão na lei e impossibilidade de aplicação da analogia, buscando resoluções legais para 
casos semelhantes. 
Didatismo e Conhecimento 6
DIREITO CIVIL
Assim, temos o seguinte quadro: fonte principal: Lei; fontes secundárias ou acessórias: analogia, costumes e princípios gerais do 
Direito, e mais: doutrina, jurisprudência e brocardos jurídicos.
A doutrina diverge quanto às fontes secundárias. Alguns autores entendem que apenas a analogia, os costumes e os princípios gerais 
de Direito são fontes secundárias, não admitindo a doutrina, a jurisprudência e os brocardos jurídicos. A maioria, porém, entende que 
estas últimas fontes secundárias também estão presentes no sistema jurídico.
Analogia
Analogia é fonte formal mediata do direito, utilizada com a finalidade de integração da lei, ou seja, a aplicação de dispositivos legais 
relativos a casos análogos, ante a ausência de normas que regulem o caso concretamente apresentado à apreciação jurisdicional (a que 
se denomina anomia). 
Na analogia usa-se uma lei que trata de um caso semelhante, ao caso concreto, para o qual não há lei específica. É a analogia legis 
(analogia legal). Pode haver a analogia iúris (analogia jurídica), em que se busca a solução não em outra lei, pois esta não existe, mas 
nas outras fontes do direito, no sistema do ordenamento jurídico como um todo. Se o texto não é claro, mas existe, busca-se interpretá-lo 
com base em outro texto. A analogia ocorre na lacuna da lei (quando não existe lei). 
A matéria é tratada no artigo 4º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro que estabelece: “Quando a lei for omissa, o juiz 
decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”. É sabido que o intérprete é obrigado a integrar 
o sistema jurídico, ou seja, diante da lacuna (ausência de norma para o caso concreto) ele deve sempre encontrar uma solução adequada. 
Aliás, basta verificarmoso verbo “decidirá” para entendermos que o sistema jurídico ordena a decisão do caso concreto. 
Costumes
O direito consuetudinário ou costumeiro pode ser conceituado como a norma aceita como obrigatória pela consciência do povo, 
sem que o Poder Público a tenha estabelecido, ou seja, é a reiteração constante de um comportamento em virtude da convicção de sua 
obrigatoriedade. O direito costumeiro apresenta os seguintes requisitos:
•	 subjetivo (“opinio necessitatis”): é a crença na obrigatoriedade, isto é, a crença que, em caso de descumprimento, incide sanção;
•	 objetivo (“diuturnidade”): constância na realização do ato.
A diferença existente entre o costume e o hábito está no elemento subjetivo, que inexiste neste último. Isso significa que no hábito 
existe a prática constante, porém, sem a crença da sua obrigatoriedade.
Os costumes classificam-se em:
1) “Contra legem”: é aquele contra a lei. O costume não respeita as normas constantes do sistema jurídico. É a desobediência 
reiterada do comando legal com a crença na inefetividade da lei. Temos como exemplo, o costume de não respeitar o sinal vermelho, por 
questão de segurança, após um determinado horário.
2) “Praeter legem”: é aquele que amplia o preceito da lei. É previsão de uma conduta paralela, não prevista pela lei; porém, não 
proibida por esta, podendo-se citar, como exemplo, o cheque que, apesar de ser uma ordem de pagamento à vista, funciona como uma 
garantia de pagamento, respeitando-se sua dupla condição. O cheque pós-datado deve respeitar a data consignada para apresentação 
junto ao sacado, embora a apresentação à vista garanta o pagamento.
3) “Secundum legem”: é o costume segundo o qual, o próprio texto da lei delega ao costume a solução do caso concreto. Esse 
caso é exemplificado pelo artigo 569, inciso II, do Código Civil, que determina ao locatário pagar pontualmente o aluguel segundo o 
costume do lugar, quando não houver ajuste expresso. Outros exemplos podemos encontrar nos artigos 596, 597, 615, todos do CC.
Princípios gerais do Direito
São postulados que estão implícito ou explicitamente expostos no sistema jurídico, contendo um conjunto de regras. Os princípios 
gerais de Direito são a última salvaguarda do intérprete, pois este precisa se socorrer deles para integrar o fato ao sistema. De acordo com 
as lições de Celso Antônio Bandeira de Mello, princípios são vetores de interpretação, que, por sua generalidade e amplitude, informam 
as demais regras, constituindo a base de todo o ramo do Direito ao qual se aplica. Em outras palavras, são as vigas mestras do ordena-
mento jurídico, as suas pilastras fundamentais.
Doutrina
Chamada de Direito Científico é o conjunto de indagações, pesquisas e pareceres dos cientistas do Direito. Há incidência da doutrina 
em matérias não codificadas, como no Direito Administrativo e em matérias de Direito estrangeiro, não previstas na legislação pátria. 
Há duas orientações:
1) formalista: o doutrinador é o doutor em Direito. Até a década de 60, essa orientação era pacífica;
2) informal: não precisa ser escrita por doutor, bastando que seu autor consiga imprimir ao trabalho coerente conteúdo científico.
Didatismo e Conhecimento 7
DIREITO CIVIL
Jurisprudência
A jurisprudência é uma função atípica da jurisdição. São decisões reiteradas, constantes e pacíficas do Poder Judiciário sobre deter-
minada matéria num determinado sentido. Não há necessidade de a jurisprudência ser sumulada para ser fonte. Aqui, cabe ressaltar que 
a jurisprudência não pode ser confundida com a orientação jurisprudencial, que é qualquer decisão do Poder Judiciário que esclareça a 
norma legal. A orientação jurisprudencial é apenas um método de interpretação da lei e não precisa de uniformidade, sendo rara a adoção 
da jurisprudência como fonte. Existem três posições quanto à jurisprudência:
1) corrente negativista: para essa corrente, a jurisprudência não é fonte de Direito;
2) corrente jurisprudencialista: tudo se resolve pela jurisprudência;
3) corrente eclética (realista): a jurisprudência pode ser usada desde que tenha conteúdo científico.
Em relação à súmula vinculante podemos dizer que há pontos favoráveis e desfavoráveis. Os pontos favoráveis fazem com que 
haja uma igualdade sistêmica entre as decisões, limitando o número de recursos para matérias amplamente discutidas, desafogando o 
Judiciário. Já os pontos desfavoráveis são porque torna o Direito estático e neste sentido há a necessidade de uma melhor sistematização 
dos métodos de criação de súmulas atualmente existentes.
Brocardos jurídicos
Brocardos jurídicos são frases, sentenças concisas e de fácil memorização, que encerram uma verdade jurídica (exemplo: ne proce-
dat judex ex officio – princípio da inércia da jurisdição).
Funcionam como meio integrativo, estando configurada hipótese de anomia. Aplicam-se a todo o sistema jurídico, sendo muitas 
vezes traduzidos como normas do ordenamento positivo. Exemplo: Exceptio non adimpleti contractus, que vem devidamente previsto 
no artigo 1.092 do Código Civil.
Passos para a Interpretação e Integração da lei
São cinco os passos utilizados na interpretação da lei:
1) primeiro passo: interpretação literal (gramatical);
2) segundo passo: verificação dos outros métodos (lógica + sistemática + ontológica + teleológica + analógica + histórica + sociológica);
3) terceiro passo: utilização da analogia, e no tocante a esta aplicação, cumpre informar a existência de regra básica de hermenêu-
tica apta a informar a aplicação do meio integrativo analógico, traduzida na expressão latina ubi idem ratio, ibi eadem dispositivo (onde 
há a mesma razão, aplica-se a mesma disposição);
4) quarto passo: uso das fontes secundárias (costumes + doutrina + jurisprudência + brocardos jurídicos);
5) quinto passo: utilização dos princípios gerais do Direito.
Equidade
Em brevíssimas linhas, a equidade poderá ser reduzida a um raciocínio análogo ao de justiça. Aplicando-se a equidade, busca-se, 
basicamente, um ideal daquilo que é justo. Embora não mencionada no art. 4º da LINDB, a equidade vem como viés inolvidável quando 
se trata da integração do ordenamento jurídico.
É certo que o ordenamento jurídico não dispõe da equidade para aplicação indistinta e desordenada, tanto é que o art. 127 do CPC 
desponta: “O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.”
Mas, de igual modo, a equidade é recurso fornecido ao julgador no exercício de sua atividade judicante. A equidade nos induz a um 
raciocínio análogo ao de justiça.
1.2 Conflito das leis no tempo. 
O conflito de leis ocorre quando há dúvidas em relação à qual lei que deverá ser aplicada em determinada situação em virtude do 
tempo. Vale dizer que a parte do Direito que trata da questão temporal denomina-se Direito Intertemporal.
Em outras palavras, a dúvida se instaura pois o fato jurídico ocorreu na data X, quando uma determinada lei tinha vigência. Mas 
ocorre que, posteriormente, essa lei fora revogada, surgindo uma nova lei que disciplina o assunto em questão. Nesse caso haverá con-
flito entre qual a lei que deverá ser aplicada sobre os efeitos de um fato que ocorreu na vigência de uma lei passada, mas que está sendo 
discutido sob a égide da lei atual?
Estamos diante de um caso típico de conflito de leis no tempo. Acerca do problema, a LINDB forneceu algumas instruções em seu 
artigo 6º, que apresenta a seguinte redação: “A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito ad-
quirido e coisa julgada.” Em estreita sintonia com este artigo da LINDB, a CF/88 estabeleceu em seu artigo 5º, XXXVI, que “a lei não 
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
Didatismo e Conhecimento 8
DIREITO CIVIL
O caput do art. 6º traz o Princípio da Irretroatividade das Leis, pelo qual uma lei presente ou futura não deverá atingir fatos passa-
dos. Ressalta-se a importância desse princípio uma vez que assegura a ordem e a Segurança Jurídica necessária a um Estado de Direito.Salienta-se que, se uma lei presente ou futura, atingir fatos passados, estaria seriamente maculada a segurança dos indivíduos, pois, 
o que antes era permitido, futuramente pode ser proibido, e o indivíduo, que efetuou determinada relação com outro, sob o respaldo da 
lei, na época, ficaria prejudicado, se, futuramente a lei condenasse essa relação e seus efeitos.
Dessa forma, a regra geral é que as leis não retroagem, ou seja, não atingem fatos que ocorreram antes de sua vigência. Urge então 
compreender o alcance das exceções, uma vez que não existe uma proibição direta em relação a existência de leis retroativas, o que 
existe é um limite ou critério que, obrigatoriamente, deve ser observado.
Assim, uma nova lei poderá retroagir desde que respeite:
• Direito adquirido - são aqueles cujos titulares possam exercer desde já;
• Ato jurídico perfeito - é o que já produziu efeitos segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou;
• Coisa julgada (caso julgado) - decisão judicial sob o qual não cabe mais recurso;
Cabe, neste momento, o entendimento dessas três figuras jurídicas, que são as responsáveis pela nossa segurança social e econômica. 
Direito adquirido
O direito adquirido é conceituado como aquele que já se incorporou definitivamente ao patrimônio e à personalidade de seu titular, 
ainda que de efeitos latentes, de modo que nem a lei e nem fato posterior possa alterar tal situação jurídica.
Não se pode confundir o direito adquirido com a expectativa de direito. Por esse último, o que há é uma esperança de que algo ve-
nha a se concretizar, mas ainda não se concretizou efetivamente, resultando um fato aquisitivo incompleto e, por isso, não integrante do 
patrimônio de seu titular, sendo atingido, portanto, pela nova lei.
O direito adquirido apresenta os seguintes limites:
1) não prevalece contra normas constitucionais, exceto, para alguns doutrinadores, se e quando decorrentes de emenda constitucio-
nal, pois o Direito adquirido é cláusula pétrea, por ser direito previsto no artigo 5º da Constituição Federal.
2) retroage normas administrativas e processuais;
3) retroage normas penais benéficas ao réu;
4) retroage normas que dizem respeito ao estado e à capacidade das pessoas.
Dentro do conceito de Direito adquirido, existem dois que são espécies do gênero, quais sejam:
Ato jurídico perfeito
É o ato que tem aptidão para produzir efeitos. Alguns doutrinadores entendem que o ato jurídico não difere do negócio jurídico; no 
entanto, outros entendem que a diferença reside nos efeitos de um e de outro, tendo em vista que no ato jurídico os efeitos ocorrem in-
dependentemente da vontade das partes (exemplo: poder familiar), enquanto no negócio jurídico os efeitos são perseguidos pelas partes 
(exemplo: contratos em geral). No entanto, por ato jurídico perfeito deve ser aplicada a interpretação mais ampla, a englobar tanto o ato 
jurídico em sentido estrito, como o negócio jurídico. Ou seja, a palavra perfeito significa que o ato jurídico já completou seu ciclo de 
formação, já está pronto para produzir seus efeitos, de acordo com a lei vigente quando de sua conclusão.
O ato jurídico pode ser:
1) instantâneo: aquele que, no momento de seu nascimento, já produz efeitos e, neste caso, não existe conflito de leis (exemplo: 
compra e venda à vista de um imóvel);
2) diferido: é o ato que produz efeito em momento único; todavia, a concretizar-se em momento posterior à sua prática (exemplo: 
compra e venda, com entrega e pagamento a prazo);
3) de trato sucessivo, ou execução continuada: ato que produz efeitos periodicamente, enquanto a relação jurídica se protrai no 
tempo (exemplo: contrato de locação com pagamento de parcelas periódicas).
O ato jurídico perfeito divide-se em duas espécies:
1) condicional: há manifestação de vontade; porém, os efeitos dependem de evento futuro e incerto, diferente de mera expectativa 
de direito;
2) termo: há manifestação de vontade; porém, os efeitos dependem de evento futuro e certo.
Didatismo e Conhecimento 9
DIREITO CIVIL
Coisa julgada
De acordo com a doutrina de vanguarda, coisa julgada é a qualidade dos efeitos da sentença, no sentido de lhes traduzir imutabili-
dade. Somente o dispositivo da sentença, cuja função é analisar o pedido, fará coisa julgada, não podendo haver coisa julgada quanto 
à fundamentação, em que se analisa a causa de pedir. A coisa julgada é soberana, ou seja, não pode ser alterada por ação rescisória, se 
decorrido o prazo legal para propositura desta (após o período de dois anos de trânsito em julgado, a questão ficará inquestionável).
1.3 Eficácia da lei no espaço. 
Outra problemática é saber se a lei de um país pode ter eficácia, ou seja, surtir efeitos fora de seu território.
Do artigo 7º até o último, a Lei de Introdução trata do conflito de leis no espaço, fixando regras para que o juiz brasileiro saiba qual 
Lei aplicar em conflitos internacionais, se a Lei brasileira ou a estrangeira.
O Estado politicamente organizado tem, sobre o seu território e sobre os seus habitantes, um poder que não conhece outro maior, 
chamado soberania. 
Vale aqui lembrar a definição tradicional de Estado: reunião dos elementos: povo, governo e território.
A soberania traduz-se, dentre vários aspectos, pela não eficácia de norma de outro Estado em seu território e pela obrigatoriedade 
de suas normas no seu território. A simples limitação física do território é insuficiente para abranger todas as relações jurídicas possíveis 
em um mundo em constante interação. 
A mobilidade dos homens foram fatores determinantes para que os Estados adotassem posição menos rígida; em outras palavras, 
surgiu a conveniência de se permitir em certas circunstâncias que a lei de um Estado soberano fosse aplicada no território de outro Estado 
também soberano.
Esta transigência não diminui ou ofende a soberania desses Estados, por se tratar de transigência recíproca e por se efetuar com base 
em critérios estabelecidos pelos próprios Estados envolvidos, com aplicação de princípios e de convenções internacionais. Os critérios 
para aplicação são:
a) questões envolvendo direitos da personalidade e direitos de família, são aquelas que tratam de direitos que toda pessoa possui, 
pelo simples e indiscutível fato de ser pessoa humana. São aqueles direitos que não se separam da pessoa, são inerentes à pessoa humana, 
ligados a ela perpétua e permanentemente.
São eles, os direitos: à vida; à liberdade física ou intelectual; ao nome; ao corpo; à imagem; à honra.
São questões de direitos de família as que se ocupam de regras para realização de casamento, dissolução do casamento, restauração 
do casamento, guarda de filhos, arbitramento de pensão, etc.
Para estes “direitos”, o critério adotado é o do domicílio da pessoa envolvida. Ou seja, busca-se resolver os conflitos com a aplicação 
da norma do país onde a pessoa fixou-se, onde está vivendo e tem como referência.
b) questões envolvendo Bens e Patrimônio, é possível que surja quando um conflito envolva um bem e pessoas que estejam em 
diferentes Estados. Todos os conflitos que tenham como centro um bem ou um patrimônio serão resolvidos com a aplicação da lei do 
país onde está localizado o bem.
c) questões envolvendo obrigações, são aquelas que surgem quando a mobilidade das pessoas permite que travem relações, não 
somente no plano pessoal, mas naturalmente também no plano obrigacional. Contratos podem ser firmados para cumprimento de obri-
gação em mais de um território.
Nestas situações, para administrar essas obrigações e solucionar conflitos que possam advir, deverá ser aplicada a lei do país onde foi 
constituída a obrigação. Vale dizer que, em relação às obrigações que foram celebradas no estrangeiro, não será aplicada a lei brasileira 
e sim a do país onde foi celebrado o contrato.
Deve-se ainda observar que será considerado local de celebração para aplicação deste critério o local em que reside o proponente, 
aquele que figura como oferecedor da proposta.
Didatismo e Conhecimento 10
DIREITOCIVIL
DECRETO-LEI Nº 4.657, 
DE 4 DE SETEMBRO DE 1942.
Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.376, de 2010)
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da Constituição, decreta:
Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publi-
cada.
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficial-
mente publicada. 
§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009).
§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos 
parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.
§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. 
Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. (Vide Lei nº 3.991, 
de 1961)
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule 
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. 
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. 
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do 
exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. 
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. 
Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a 
capacidade e os direitos de família.
§ 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formali-
dades da celebração.
§ 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os 
nubentes. 
§ 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.
§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diver-
so, a do primeiro domicílio conjugal.
§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato 
de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos 
de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. 
§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 
1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação 
produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal 
de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de 
homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. 
§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o 
do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.
§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se 
encontre.
Didatismo e Conhecimento 11
DIREITO CIVIL
Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.
§ 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destina-
rem a transporte para outros lugares.
§ 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada.
Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas 
as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. 
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qual-
quer que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos 
brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. 
§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.
Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado 
em que se constituírem. 
§ 1o Não poderão, entretanto ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprova-
dos pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.
§ 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituído, dirijam ou 
hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptíveis de desapropriação.
§ 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáti-
cos ou dos agentes consulares.
Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cum-
prida a obrigação.
§ 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil. 
§ 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as 
diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências.
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de 
produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.
Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência.
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reuna os seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; 
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado; 
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. (Vide art.105, I, i da Constituição Federal).
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009).
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição 
desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei.
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquerdeclarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, 
quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e 
os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira 
nascido no país da sede do Consulado. 
Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do 
Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais. 
Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos tiver sido recusada pelas autoridades consulares, com fundamento 
no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado renovar o pedido dentro em 90 (noventa) dias contados da data 
da publicação desta lei. 
Didatismo e Conhecimento 12
DIREITO CIVIL
DAS PESSOAS.
PESSOAS NATURAIS
Podemos definir como pessoa natural o ser humano livre de qualquer adjetivação, ou seja, o ser humano independentemente de sexo, 
crença, idade, religião, etc.
Portanto, para ser considerado pessoa natural basta que esse ser humano exista, é o ser humano considerado como sujeito de direitos 
e deveres.
A pessoa natural no CC/1916 era conhecida como sinônimo de pessoa física, mas, com a nova normatização do CC/2002, da qual 
esta deva ser interpretada dentro dos parâmetros da CF/1988, deve-se evitar usar como sinônimo de pessoa natural o termo pessoa física, 
porque chamar o ser humano de pessoa física é patrimonializá-lo demais, é materializá-lo demais, e o direito civil atual caminha exata-
mente no sentido da despratimonialização.
Não podemos, portanto, deixar de mencionar a proteção constitucional da pessoa natural que pode ser verificada no art. 1º, III da CF, 
porque afinal de contas este dispositivo prevê expressamente que um dos fundamentos da República Federativa do Brasil é a proteção 
da pessoa humana.
Justamente por isso muitos autores de direito civil falam e utilizam a expressão personalização do direito civil, pois com essa idéia 
de personalização do direito civil, a pessoa esta no centro do ordenamento jurídico brasileiro, ou seja, a personalidade jurídica concedida 
à pessoa natural é a aptidão para que se possa ser titular de relações jurídicas e fazer jus a toda uma rede de proteção que é destinada aos 
direitos da personalidade. Assim, as pessoas, naturais ou jurídicas, são sujeitos dos direitos subjetivos, entes dotados de personalidade. 
É, principalmente, em função dessas pessoas, que existe a ordem jurídica. 
Na realidade, há duas acepções para o termo personalidade. Na primeira acepção, é atributo jurídico conferido ao ser humano e a 
outros entes (pessoas jurídicas), em virtude do qual se tornam capazes, podendo ser titulares de direitos e deveres nas relações jurídicas. 
A pessoa, por ser dotada de personalidade, é o elemento subjetivo da estrutura das relações jurídicas.
Numa segunda acepção, a personalidade é um valor, “o valor fundamental do ordenamento jurídico e está na base de uma série 
aberta de situações existenciais, nas quais se traduz sua incessantemente mutável exigência de tutela”. Daí se falar em direitos da perso-
nalidade, que estudaremos no próximo capítulo.
De qualquer forma, num primeiro momento a personalidade é invenção do Direito. Por isso dizemos que personalidade é atributo ou 
valor jurídico. A personalidade, em tese, não é natural. Tanto não é natural, que se atribui personalidade a entes não humanos, as pessoas 
jurídicas, que podem ser meros patrimônios, como as fundações. Sem sombra de dúvida, antigamente havia seres humanos aos quais o 
Direito não atribuía personalidade. Eram os escravos, considerados coisas perante o ordenamento jurídico. Hoje em dia, porém, o Direito 
não reconhece a escravidão e, com base nisso, podemos afirmar que todo ser humano é pessoa pela simples condição humana. Sendo 
assim, se a personalidade humana se adquire pela simples condição humana, podemos dizer que é atributo natural, inato.
1. INÍCIO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA PESSOA NATURAL.
A personalidade civil da pessoa natural inicia-se a partir do nascimento com vida, conforme disposto no art. 2º do CC, mas a lei 
protege desde a concepção, os direitos do nascituro, entretanto, estes direitos estão condicionados ao nascimento com vida, ou seja, se 
nascer morto, os direitos eventuais que viria a ter estarão frustrados.
Assim, no instante em que principia o funcionamento do aparelho cárdio-respiratório, clinicamente aferível pelo exame de docima-
sia hidrostática de Galeno, o recém-nascido adquire personalidade jurídica, tornando-se sujeito de direito, mesmo que venha a falecer 
minutos depois.
Na mesma linha, a Res. nº 1/88 do Conselho Nacional de Saúde dispõe que o nascimento com vida é a: “expulsão ou extração 
completa do produto da concepção quando, após a separação, respire e tenha batimentos cardíacos, tendo sido ou não cortado o cordão, 
esteja ou não desprendida a placenta”.
Em uma perspectiva constitucional de respeito à dignidade da pessoa, não importa que o feto tenha forma humana ou tempo mí-
nimo de sobrevida. Se o recém-nascido, cujo pai tenha morrido deixando esposa grávida, falece minutos após o parto, terá adquirido, 
por exemplo, todos os direitos sucessórios do seu genitor, transferindo-os para a sua mãe, uma vez que se tornou, ainda que por breves 
instantes, sujeito de direito. Portanto, a importância de se constatar se a criança respirou ou não, adquirindo ou não personalidade, é neste 
exemplo, em casos de herança, visto que, se a criança adquiriu personalidade, ela estará na qualidade de herdeiro.
Didatismo e Conhecimento 13
DIREITO CIVIL
São três as teorias para explicação do início da personalidade jurídica:
a) Teoria Natalista: a personalidade do ser humano se inicia do nascimento com vida, não se exigindo mais nenhuma caracterís-
tica como a forma humana, viabilidade de vida ou tempo de nascido. Ademais, o subsequente registro no Cartório de Registro Civil das 
Pessoas Naturais possui natureza meramente declaratória, e não constitutiva.
Não se pode confundir o neomorto com o natimorto. Natimorto é aquele que nasceu morto, não adquirindo, portanto, personalidade. 
O registro do natimorto é feito no cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais em livro próprio denominado “C Auxiliar” (art. 53, § 
1º, Lei nº 6.015/73). Neomorto é aquele que nasceu com vida, ou seja, nasceu, respirou, porém, logo em seguida veio a falecer. Nessa si-
tuação, diferentemente do natimorto, procede-se primeiro a um registro de nascimento e, posteriormente, a um registro de óbito, uma vez 
que chegou a ser, ainda que por breve instante, titular de personalidade, herdando e transmitindo os seus direito sucessórios. O CC/2002 
adota a teoria natalista na primeira metade do art. 2º: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe 
a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. 
b) Teoria da Personalidade Condicional: entende que a personalidade tem início a partir da concepção, porém, condiciona-se ao 
nascimento com vida. Em outras palavras, os adeptos dessa teoria dizem que antes de nascer o que existe é uma personalidade jurídica 
formal a justificar o resguardo dos direitos de personalidade do nascituro, e depois do nascimento é que surge a personalidade jurídica 
material, que alcançará os direitos patrimoniais. Mas, a crítica a esta teoria é de que os direitos não patrimoniais, incluindo os direitos da 
personalidade, não dependem do nascimento com vida para a sua aplicação.
c) Teoria concepcionista: a personalidade se adquire desde a concepção, e o nascituro já possui personalidade jurídica. Tanto é 
assim que os concepcionistas sugerem uma releitura do art. 2º do CC, entendendo que, na realidade, o que se adquire com o nascimento 
com vida é a capacidade e não a personalidade, de modo que os direitosde personalidade já estariam salvaguardados desde a concepção.
Para fins práticos, muito se confunde em se tratando das teorias da personalidade condicional e concepcionista. É possível vis-
lumbrar a diferença que existe entre elas se compreendermos que a teoria da personalidade condicional, embora reconheça direitos ao 
nascituro, aponta que a personalidade jurídica estaria sujeita a uma condição, qual seja, o nascimento com vida. Já os concepcionistas, 
além de reconhecerem direitos ao nascituro, admitem a personalidade jurídica desde a concepção, sem submetê-la a qualquer condição.
A grande polêmica em torno do nascituro é se é pessoa ou se não é.
Para os adeptos da teoria concepcionista, afirmam estes que atribuir direitos e deveres significa afirmar personalidade. Tanto a se-
gunda parte do art. 2º, que é exemplificativo, como outras normas do Código reconhecem expressamente ao nascituro direitos e status 
(como o de filho, por exemplo), e não expectativas de direitos. O nascituro pode ser reconhecido ainda no ventre materno (art. 1.609, 
p. ú., do CC, e art. 26, p. ú., da Lei nº 8.069, de 13.07.1990), está sujeito à curatela (arts. 1.778 e 1.779) e pode ser adotado (art. 1.621). 
Além de direitos consagrados de modo expresso, a redação exemplificativa do art. 2º permite reconhecer o direito a alimentos ao nasci-
turo e investigar-lhe a paternidade. É beneficiário de doação (art. 542) e herança (art. 1.799), direitos patrimoniais materiais, podendo o 
representante legal entrar na posse de bens doados ou herdados, provando-se a gravidez, por meio da posse em nome do nascituro (arts. 
877 e 878 do CPC). O nascimento com vida apenas consolida o direito patrimonial, aperfeiçoando-o. O nascimento sem vida atua, para 
a doação e herança, como condição resolutiva, problema que não se apresenta em se tratando dos direitos não patrimoniais. Ora, é despi-
ciendo dizer que, segundo a lógica tradicional de nosso sistema jurídico, direitos detem apenas as pessoas. Sendo assim, muito embora, a 
primeira parte do art. 2º se refira ao nascimento com vida, o Direito Brasileiro, considerado em seu todo, adota a posição concepcionista.
 São de grande relevância os direitos da personalidade do nascituro, entre os quais os direitos à vida, à integridade física, à honra e 
à imagem, assim como também o direito à proteção do pré-natal e a tipificação de crime em casos de aborto.
O próprio Enunciado nº 1, do CJF afirma que: “A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direi-
tos de personalidade, tais como o nome, imagem e sepultura.” Esse enunciado demonstra a aguda tendência da doutrina à teoria concepcionista.
Vale lembrar que a Lei de Alimentos Gravídicos (Lei nº 11.804/2008) encontra respaldo na proteção destinada ao nascituro e a sua 
base repousa na teoria concepcionista, sendo considerado como conceito de alimentos gravídicos o previsto em seu art. 2º que assim 
é expresso: “os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de 
gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psi-
cológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a 
juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes”. 
Uma questão bastante interessante a ser enfrentada neste terceiro milênio é se a quarta era dos direitos, caracterizados pelos avanços 
da biomedicina, da genética e das telecomunicações, o conceito de nascituro pode se estender ao nascituro concebido in vitro, isto é, 
fora do ventre materno?
Para a doutrina moderna, o conceito de nascituro abrange tanto o que está no ventre materno, como o embrião pré-implantatório, in 
vitro ou crioconservado. A reprodução assistida é tratada de modo geral, sem pormenores, no art. 1.597, incisos III, IV, V, CC.
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2. DA CAPACIDADE
A personalidade possui certos atributos, certos elementos que a caracterizam. São eles, dentre muitos outros, a capacidade, o nome 
e o estado.
O artigo 1º do CC/2002 prevê que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
Devemos fazer algumas observações a respeito deste artigo, como:
1ª observação: o novo código civil não utiliza mais a expressão homem e sim a expressão pessoa, uma vez que o código de 1916 uti-
lizava em seu artigo 2º a expressão homem. Assim a expressão pessoa é melhor adaptada a CF/88 que utiliza a expressão pessoa humana. 
2ª observação: o dispositivo não fala mais em direitos e obrigações e sim em direitos e deveres, isso porque existem deveres que não 
são obrigacionais em um sentido patrimonial, como por exemplo, o dever de fidelidade.
3ª observação: o dispositivo fala ordem civil, porque afinal de contas traz a pessoa enquadrada na socialidade, traz a pessoa dentro 
de uma ideia de função social. 
Continuando o estudo do art. 1º do CC quando o dispositivo fala que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil, temos 
neste dispositivo a chamada capacidade de direito. Essa capacidade de direito é a capacidade para ser sujeito de direitos e deveres, e 
todas as pessoas sem distinção tem essa capacidade de direito, também conceituada como capacidade de gozo. Existe também uma outra 
capacidade que é a de fato ou de exercício que algumas pessoas não tem.
A personalidade, aptidão para ser titular de direitos e deveres, é ínsita à pessoa, enquanto a capacidade é a medida da personalidade. 
Diz-se que a personalidade é um quid (substância, essência) e a capacidade, um quantum.
Há duas espécies de capacidade:
a) de direito ou de gozo: é a capacidade de aquisição de direitos, não importando a idade da pessoa;
b) de fato ou de exercício: é a capacidade de exercício de direitos, de exercer, por si só, os atos da vida civil.
As pessoas que possuem os dois tipos de capacidade têm a chamada capacidade plena, e aqueles que não possuem a capacidade de 
fato são chamados incapazes, tendo a chamada capacidade limitada. No Brasil não poderá existir incapacidade de direito.
Portanto, todas as pessoas têm capacidade de direito ou de gozo, mas só a algumas a lei confere a capacidade de exercê-los pessoal-
mente. As que não têm a de exercício necessitam de outra pessoa que as representará ou as assistirá, conforme se trate de incapacidade 
absoluta ou de incapacidade relativa.
Assim, se todos possuímos capacidade de direito, isso não quer dizer que todos possamos, de fato, exercer atos da vida civil. É evi-
dente que o recém-nascido, o deficiente mental ou a pessoa esclerosada não podem. Desse modo, vemos que, além da capacidade de di-
reito, ou seja, desse mero potencial, é necessário para o exercício da vida civil poder efetivo, real, que nos é dado pela capacidade de fato.
Não confundir Capacidade com Legitimação, uma vez que esta última é a idoneidade para o exercício dos direitos, ou seja, há situ-
ações em que a pessoa mesmo sendo capaz, a lei impede que faca. Ex: Uma pessoa que tenha a capacidade de direito e de fato pode se 
casar, porém, se já é casado, não pode mais; outro ex: um homem (capacidade de direito), com 30 anos (capacidade de fato) querendo se 
casar, porém, se a esposa fosse sua irmã, o Código Civil impediria o casamento, por falta de legitimação.
Assim, capacidade é diferente de legitimação, ou seja, a capacidade de fato é genérica, enquanto que a legitimação surge para um 
caso específico.
3. PREMISSAS PARA O ESTUDO DAS INCAPACIDADES:
a) a regra é a capacidade, e a incapacidade, exceção. Se considerarmos que a incapacidade é a exceção e o legislador tem por 
ímpeto dispor na lei acerca das exceções, por evidente que estará previsto na lei civil o rol dos incapazes (arts. 3º e 4º, CC) e não dos 
capazes.
b) Conceito de incapacidade: é a restrição legal para a prática, por si só, de atos na vida civil. Por meio desse conceito, extraímos 
que somente o legislador poderáapontar quem são os incapazes, não sendo admissível a incapacidade negocial ou contratual.
c) O instituto da incapacidade existe para a proteção dos incapazes, repudiando qualquer manifestação que os avilte, humilhe ou 
rebaixe.
d) Não se pode confundir incapacidade com falta de legitimação. O incapaz não pode praticar sozinho nenhum ato da vida jurídi-
ca. A falta de legitimação impede apenas a prática de um determinado ato da vida jurídica.
e) Existem dois graus de incapacidade: total e parcial.
Didatismo e Conhecimento 15
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4. DA INCAPACIDADE ABSOLUTA (TOTAL):
A incapacidade absoluta acarreta a proibição total da prática dos atos da vida civil, sob pena de nulidade (art. 166, I, do CC), e é 
suprida pela representação que agirá em nome e por conta do representado. A representação pode ser por força de lei ou outorga do 
interessado (art. 115 do CC).
O incapaz é proibido de praticar sozinho qualquer ato da vida civil, sob pena de ser nulo todo ato praticado por ele. No entanto, pode 
haver exceções. Ex: Uma pessoa de dez anos comprando um picolé seria nulo. Mas, preserva-se a estabilidade jurídica.
A incapacidade absoluta tem como consequência o simples fato de a pessoa não ter sua vontade levada em consideração. É como 
se não tivesse vontade própria. Tem assim, que ser representada por responsável legal em tudo o que for fazer. É a vontade desse re-
presentante que conta. Logicamente os poderes do representante são limitados. Dessa forma, necessita ele de autorização do juiz e do 
Ministério Público para realizar qualquer ato que importe perda patrimonial para o incapaz. Ficam, pois, proibidos de, sem autorização, 
vender, doar ou trocar bens do incapaz, fazer acordos em nome do incapaz, renunciar a direitos do incapaz etc.
Os absolutamente incapazes são aqueles estabelecidos no art. 3º do CC. São eles:
I) os menores de dezesseis anos;
Também conhecidos por menores impúberes. Os pais são representantes legais dos filhos menores de 16 anos, dos quais detém o 
poder familiar (antigo pátrio poder), conforme o artigo 1.634, V, CC.
II) os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
Aqui há total falta de discernimento para a prática dos atos da vida civil em virtude de algum sofrimento mental. Apresenta-se como 
imprescindível a sentença que se manifeste pela interdição do alienado.
O Código se preocupa com as aptidões para manifestar a vontade e ter discernimento que podem estar obstadas por causas várias, 
originadas da idade, e de ordem física ou mental. Suprimiram-se a expressão imprópria “loucos de todo o gênero” do Código revogado e 
a referência a surdos-mudos, pois eles não estão impedidos de manifestar a vontade e, em regra, podem fazê-lo de modo adequado para 
os fins visados pela lei.
O Decreto-lei n. 24.559/34 trata minuciosamente da situação dos loucos. Autoriza ao juiz, na sentença de interdição, fixar limites à 
curatela.
O Decreto-lei n. 891/38 regulou a interdição dos toxicômanos, que são aqueles que, em virtude do uso de tóxicos, perdem sua ca-
pacidade mental.
Como nem sempre a dependência de tóxicos torna o toxicômano absolutamente incapaz, o Decreto-lei permitiu a fixação de limites 
para a curatela em caso de interdição, ou seja, o Juiz pode considerar o toxicômano relativamente incapaz, entendendo que ele poderá 
praticar alguns atos jurídicos. Com base nesse Decreto-lei, podem-se interditar, também, os alcoólatras. As duas hipóteses hoje são tra-
tadas pelo Código Civil como de incapacidade relativa (art. 4º, II, CC), porém, podem gerar incapacidade absoluta quando a cognição 
da pessoa inexistir para a prática de atos jurídicos.
A vontade do absolutamente incapaz é, em regra, desconsiderada pelo Direito. No Estatuto da Criança e do Adolescente, em caso de 
adoção, se a criança tiver 12 anos, deverá concordar com a adoção.
O ordenamento jurídico cível brasileiro não admite a teoria dos lúcidos intervalos adotada em outros países. A referida teoria se pres-
ta a validade o ato praticado pelo absolutamente incapaz sob o argumento de que, no instante em que o praticou, o incapaz estava lúcido.
III) os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
O que temos aqui é a chamada incapacidade acidental. Na verdade, a pessoa não sofre de nenhuma patologia mental, mas, no mo-
mento da prática do ato, encontra-se impossibilitada de manifestar a sua vontade de maneira sadia. Não se exige, portanto, que a pessoa 
esteja interditada. Ocorre em situações de embriaguez, hipnose, perda de memória, estado de coma etc.
Enquanto perdurar a causa que transitoriamente impede a manifestação de vontade, a pessoa é absolutamente incapaz. Desaparecen-
do a causa, restabelece-se a capacidade.
5. DA INCAPACIDADE RELATIVA (PARCIAL):
Na incapacidade relativa é permitida a prática dos atos civis, desde que o incapaz seja assistido por seu representante, sob pena de 
anulabilidade (art. 171, I, do CC), e é suprida pela assistência.
Assim os relativamente incapazes deverão praticar os atos da vida civil devidamente assistidos por terceira pessoa, isto é, o ato de-
verá ser praticado em conjunto por ambos. Isso porque na incapacidade relativa, não se despreza de todo a vontade do incapaz. 
Por vezes, a lei protege de modo igual os absolutamente e os relativamente incapazes, como no art. 934, do CC, segundo o qual 
aquele que ressarciu o dano causado por outrem não pode reaver daquele por quem pagou, se o causador do dano for descendente seu.
Didatismo e Conhecimento 16
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Tratando-se de prescrição, ela só ocorre contra os absolutamente incapazes (art. 198, I do CC).
Outras vezes, a lei sanciona o menor, seja absolutamente, seja relativamente incapaz, como ocorre em caso de ocultação dolosa da 
idade, conforme dispõe o art. 180 do CC.
O Código Civil está permeado de institutos que protegem os incapazes.
Por tal motivo, o legislador destinou uma pessoa capaz para representar o absolutamente incapaz e para assistir o relativamente 
incapaz, suprindo assim a incapacidade. Institui-se, por conseguinte, a ação declaratória de nulidade do ato jurídico, ou ação anulatória. 
Os relativamente incapazes são aqueles estabelecidos no art. 4º do CC. São eles:
I) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
Também conhecidos como menores púberes.
Considerando que a maioridade civil foi antecipada de 21 anos para 18, a incapacidade relativa, começa aos 16 e termina aos 18.
Embora o menor (homem ou mulher) com 16 anos possa se casar, conforme disposto o art. 1.517, ele necessita da autorização dos 
pais ou dos representantes legais.
Existe algumas exceções em que os relativamente incapazes podem praticar atos sozinhos, como fazer um testamento (art. 1860, 
§ único, do CC), aceitar mandato para negócios (art. 666 do CC), ser testemunha (art. 228, I do CC), exercer o direito de voto (art. 14, 
CF/88) e ajuizar ação popular (basta ser eleitor, Lei nº 4.717/65). Ademais, se o menor púbere tiver sido emancipado também não ne-
cessitará de assistência.
Afora as exceções observadas acima, a regra é que o maior de 16 anos e menor de 18 anos só poderá praticar os atos da vida civil 
devidamente assistido. E, ratifique-se, caso pratique um ato da vida civil sem a assistência necessária, esse ato será anulável. Entretanto, 
se o menor púbere, ao praticar o ato, dolosamente oculta sua idade se inquirido sobre ela ou se, deliberadamente, se declarou maior, este 
ato praticado nessa circunstância será válido e plenamente exigível (art. 180, CC). Isso ocorre em decorrência da aplicação do princípio 
que impõe a impossibilidade de se tirar proveito da própria malícia (Teoria do tu quoque).
II) os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
Inova o Código Civil ao introduzir no rol dos relativamente incapazes os ébrios habituais – não os eventuais – os viciados em tóxi-
cos, bem como os deficientes mentais que tenhamo discernimento reduzido. Estes antes incluíam-se como absolutamente incapazes na 
expressão ampla “loucos de todo gênero”, do Código revogado.
Foi a ciência médico-psiquiátrica que ampliou as hipóteses de incapacidade relativa, como no caso de alcoólatras ou dipsômanos, 
toxicômanos, entre outros que tenham sua capacidade cognitiva alterada. Todos esses precisarão da assistência de um curador (art. 1767, 
III, do CC).
Esses incapazes são conhecidos por “fronteiriços”. Não se pode prescindir, nesta hipótese, da sentença de interdição. Os alcoóla-
tras e toxicômanos são pessoas que não possuem a manifestação de vontade absolutamente livre, uma vez que seus atos são sempre 
norteados pela necessidade de obtenção da substância química que lhes satisfaça o vício. Em relação àqueles que sofrem de deficiência 
mental, deve ser observado o grau da doença e seus reflexos na manifestação da vontade. Assim, se a deficiência mental conduzir a um 
discernimento “reduzido” da pessoa, estaremos diante de um relativamente incapaz.
III) os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
Além de diferenciar os deficientes mentais que não possam manifestar a vontade – considerados absolutamente incapazes – e os 
que o possam fazer, ainda que de modo insuficiente, o Código distingue deficiente mental e excepcional sem desenvolvimento mental 
completo, considerando-os em categorias diversas.
A hipótese dá grande discricionariedade ao julgador, pois abarca todos os “fracos dementes”, portadores de anomalias psíquicas, 
comprovados e declarados em sentença de interdição, que os tornam incapazes de praticar atos da vida civil, sem assistência de um 
curador (art. 1767, IV, do CC).
Como exemplo, os portadores de Síndrome de Down e aqueles que tenham o QI reduzido.
Estas pessoas estão sujeitas a ter decretada pelo juiz sua incapacidade absoluta ou relativa, conforme restar apurado em perícia mé-
dica realizada na correspondente ação de interdição.
IV) os pródigos.
Pródigo é aquele que gasta ou destrói desordenadamente o seu patrimônio. O pródigo não é considerado louco, apenas possui um 
desvio de personalidade. Para estar sob a proteção da lei deverá estar interditado. 
A interdição do pródigo tem três características:
•	 se ele tiver família para a proteção da família, poderá ser interditado, cujo conceito de família aqui é restrito ao cônjuge, aos 
descendentes e aos ascendentes. 
•	 A jurisprudência acoplou a companheira no rol da família para requerer a interdição do pródigo. O Ministério Público poderá 
requerer a interdição se houver somente filhos menores caso não exista qualquer pessoa da família que tenha capacidade para requerer 
a interdição;
Didatismo e Conhecimento 17
DIREITO CIVIL
•	 se ele não tiver família, não poderá ser interditado, tendo em vista não haver a quem proteger;
•	 a restrição que ele sofre é muito pequena, só se limitando à prática de atos que acarretam a redução de seu patrimônio (transigir, 
alienação de bens, doação, dar quitação, inserir ônus real, etc – art. 1.782, CC).
Assim, o pródigo poderá praticar sozinho os atos de mera administração, bem como os atos que não tenham repercussão na esfera 
patrimonial, como o casamento.
No que diz respeito ao casamento, o pródigo pode livremente casar-se sem autorização de seu curador, e o regime de bens será o 
da comunhão parcial. Não é correto dizer que o regime de bens imposto por lei ao pródigo seja o da separação obrigatória. As pessoas 
sujeitas a esse regime estão no art. 1.641, do CC que deve ser interpretado restritivamente, e o pródigo por lá não se encontra. Porém, se 
o pródigo manifestar desejo de realizar pacto antenupcial, deverá fazê-lo conjuntamente com o seu curador.
6. SILVÍCOLAS
É vulgarmente chamado de índio e sujeito a regime tutelar estabelecido em leis e regulamentos especiais, o qual cessará à medida 
que se adaptar a civilização do país. O artigo 4º, parágrafo único, do Código Civil, estabelece: «A capacidade dos índios será regulada 
por legislação especial». A incapacidade estabelecida por lei especial não é uma restrição e sim uma proteção, ou seja, não serão aplicá-
veis as regras do Código Civil aos índios.
A Lei Federal nº 6.001/73, conhecida como Estatuto do Índio, regulamenta a proteção dos silvícolas que ficam sob a tutela da União 
(tutela estatal). Foi criado um órgão para tutelar os silvícolas em nome do Estado: a FUNAI. Há também a proteção Constitucional 
prevista nos arts. 231 e 232, da CF/88.
Os silvícolas não possuem registro de nascimento civil, sendo que seu registro é feito na própria FUNAI.
Se um silvícola se adaptar à civilização, poderá requerer sua emancipação, tornando-se, assim, pessoa capaz. Para a emancipação, 
os silvícolas devem comprovar que já completaram 21 anos de idade, que já conhecem a língua portuguesa e que já estão adaptados à 
civilização, podendo exercer uma atividade útil.
O Estatuto do Índio dispõe que todo ato praticado por silvícola, sem a assistência da FUNAI, é nulo. O próprio Estatuto, no entanto, 
dispõe que o juiz poderá considerar válido o ato se constatar que o silvícola tinha plena consciência do que estava fazendo e que o ato 
não foi prejudicial a ele.
7. Observações importantes sobre algumas pessoas:
a) O idoso não é incapaz, isso porque a velhice, por si só, não induz à incapacidade. Porém, não nos olvidemos das situações em 
que, acompanhando a idade avançada, precipita-se alguma debilidade psicológica, como a esclerose ou mal de Alzheimer. Nesse caso, em 
havendo a devida interdição, o idoso poderá ser posto em moldura de absoluta ou relativa incapacidade, a depender do grau de sua doença.
b) Os surdos-mudos poderão se enquadrar na qualificação de absolutamente incapazes, relativamente incapazes, ou até mesmo 
de plenamente capazes, tudo a depender do que a surdo-mudez cause àquela pessoa.
c) O ausente é considerado capaz, pois, aonde quer que se encontre, essa pessoa não apresenta problema nenhum.
8. INTERDIÇÃO
É processo judicial pelo qual pessoa capaz é declarada incapaz.
Como vimos, em algumas hipóteses o reconhecimento judicial da incapacidade de determinada pessoa se mostra essencial para a 
sua proteção. Tal reconhecimento judicial se dará por meio de uma ação designada de interdição, cujo procedimento é especial de juris-
dição voluntária a seguir a orientação prevista nos arts. 1.177 e ss. do CPC. A sentença, basicamente, reconhecerá uma situação jurídica 
que culminará na incapacidade jurídica. Ademais, caberá ao juiz a gradação do grau de incapacidade, por meio de especialistas, e a 
conseguinte designação de um curador para a devida representação ou assistência do incapaz.
Ressalte-se que aqueles que possuem menos de 18 anos são incapazes (absoluta ou relativamente), independentemente de interdi-
ção. A proteção é automaticamente imposta por lei, por meio de critério objetivo: a reduzida idade que induz á presunção absoluta de 
imaturidade da pessoa. Entretanto, não podemos afastar a possibilidade de haver interesse na interdição de um menor, entre 16 e 18 anos, 
a fim de se reconhecer a sua incapacidade absoluta.
Natureza jurídica da sentença de interdição. A doutrina não chega a um consenso sobre a natureza jurídica da sentença de inter-
dição: se constitutiva ou se declaratória. Para os adeptos do primeiro posicionamento (sentença constitutiva positiva), a sentença cria um 
novo estado jurídico – o de interdito – para uma pessoa que, até então, apenas padecia de um sofrimento mental, por exemplo. Entretanto, 
tem prevalecido na doutrina o posicionamento de que a sentença da ação de interdição é meramente declaratória, já que o juiz apenas 
reconhece e declara um estado de incapacidade pré-existente, sobretudo em virtude da dicção do art. 1.773 do CC: “A sentença que 
declara a interdição produz efeitos desde logo, embora sujeita a recurso”.
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DIREITO CIVIL
Atos praticados pelo incapaz antes de sua interdição. Embora partindo da posição prevalente de que a interdição apenas declara

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