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Vol_II_6_Legislacao_Especial

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Didatismo e Conhecimento 1
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Prof. Mariela Ribeiro Nunes Cardoso
Jornalista e advogada na Área Civil e Direito de Família.
Especialização na Fundação Getúlio Vargas, graduada pelo Centro Universitário Eurípides de Marília e pela Universidade de 
Marília.
A partir de agora serão analisados os temas em relação à Legislação Especial.
O objetivo do presente trabalho é potencializar os seus estudos, sendo que procuramos trazer um conteúdo mais abrangente, 
viabilizando um estudo mais aprofundado do tema.
O foco principal é disponibilizar um material didático, objetivo e de conteúdo amplo, que os capacite para concursos públicos. 
Sendo que antes de cada assunto serão disponibilizados os artigos referentes a cada um.
A leitura prévia da legislação sem comentários é muito importante para que aumente a capacidade de um entendimento maior.
Diante disto, aproveitem o material fazendo-o bom uso e boa sorte, para novas conquistas, com muita dedicação.
- DECRETO-LEI Nº 3.688/1941 (LEI DAS 
CONTRAVENÇÕES PENAIS) 
DECRETO-LEI Nº 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941.
O Presidente da República, usando das atribuições que lhe confere o artigo 180 da Constituição, 
DECRETA: 
LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS
PARTE GERAL 
Art. 1º Aplicam-se as contravenções às regras gerais do Código Penal, sempre que a presente lei não disponha de modo diverso. 
 
Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território nacional. 
 
Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a ação ou omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o dolo ou a culpa, 
se a lei faz depender, de um ou de outra, qualquer efeito jurídico. 
 
Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção. 
 
 Art. 5º As penas principais são: 
I – prisão simples. 
II – multa. 
 
 Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de 
prisão comum, em regime semiaberto ou aberto.
§ 1º O condenado a pena de prisão simples fica sempre separado dos condenados a pena de reclusão ou de detenção. 
§ 2º O trabalho é facultativo, se a pena aplicada, não excede a quinze dias. 
 
Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha 
condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção. 
 
Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreensão da lei, quando escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada. 
 
Didatismo e Conhecimento 2
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 9º A multa converte-se em prisão simples, de acordo com o que dispõe o Código Penal sobre a conversão de multa em detenção. 
Parágrafo único. Se a multa é a única pena cominada, a conversão em prisão simples se faz entre os limites de quinze dias e três meses. 
 
 Art. 10. A duração da pena de prisão simples não pode, em caso algum, ser superior a cinco anos, nem a importância das multas 
ultrapassar cinquenta contos. 
 
Art. 11. Desde que reunidas as condições legais, o juiz pode suspender por tempo não inferior a um ano nem superior a três, a 
execução da pena de prisão simples, bem como conceder livramento condicional. 
Art. 12. As penas acessórias são a publicação da sentença e as seguintes interdições de direitos: 
I – a incapacidade temporária para profissão ou atividade, cujo exercício dependa de habilitação especial, licença ou autorização 
do poder público; 
lI – a suspensão dos direitos políticos. 
Parágrafo único. Incorrem: 
a) na interdição sob nº I, por um mês a dois anos, o condenado por motivo de contravenção cometida com abuso de profissão ou 
atividade ou com infração de dever a ela inerente; 
b) na interdição sob nº II, o condenado a pena privativa de liberdade, enquanto dure a execução do pena ou a aplicação da medida 
de segurança detentiva. 
 
Art. 13. Aplicam-se, por motivo de contravenção, as medidas de segurança estabelecidas no Código Penal, à exceção do exílio local. 
 
Art. 14. Presumem-se perigosos, além dos indivíduos a que se referem os ns. I e II do art. 78 do Código Penal: 
I – o condenado por motivo de contravenção cometido, em estado de embriaguez pelo álcool ou substância de efeitos análogos, 
quando habitual a embriaguez; 
II – o condenado por vadiagem ou mendicância; 
 
Art. 15. São internados em colônia agrícola ou em instituto de trabalho, de reeducação ou de ensino profissional, pelo prazo 
mínimo de um ano: 
I – o condenado por vadiagem (art. 59); 
II – o condenado por mendicância (art. 60 e seu parágrafo); 
 
Art. 16. O prazo mínimo de duração da internação em manicômio judiciário ou em casa de custódia e tratamento é de seis meses. 
Parágrafo único. O juiz, entretanto, pode, ao invés de decretar a internação, submeter o indivíduo a liberdade vigiada. 
 
Art. 17. A ação penal é pública, devendo a autoridade proceder de ofício. 
PARTE ESPECIAL
CAPÍTULO I
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA
 
Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em depósito ou vender, sem permissão da autoridade, arma ou munição: 
Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou multa, de um a cinco contos de réis, ou ambas cumulativamente, se o fato não 
constitui crime contra a ordem política ou social. 
 
Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência desta, sem licença da autoridade: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de duzentos mil réis a três contos de réis, ou ambas cumulativamente. 
§ 1º A pena é aumentada de um terço até metade, se o agente já foi condenado, em sentença irrecorrível, por violência contra 
pessoa. 
§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a um conto de réis, quem, 
possuindo arma ou munição: 
a) deixa de fazer comunicação ou entrega à autoridade, quando a lei o determina; 
b) permite que alienado menor de 18 anos ou pessoa inexperiente no manejo de arma a tenha consigo; 
c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela se apodere facilmente alienado, menor de 18 anos ou pessoa inexperiente 
em manejá-la. 
Didatismo e Conhecimento 3
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 20. Anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto: 
Pena - multa de hum mil cruzeiros a dez mil cruzeiros. 
Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não constitui crime. 
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. 
 
Art. 22. Receber em estabelecimento psiquiátrico, e nele internar, sem as formalidades legais, pessoa apresentada como doente mental: 
Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. 
§ 1º Aplica-se a mesma pena a quem deixa de comunicar a autoridade competente, no prazo legal, internação que tenha admitido, 
por motivo de urgência, sem as formalidades legais. 
§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, aquele 
que, sem observar as prescrições legais, deixa retirar-se ou despede de estabelecimento psiquiátrico pessoa nele, internada. 
Art. 23. Receber e ter sob custódia doente mental, fora do caso previsto no artigo anterior, sem autorização de quem de direito: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. 
CAPÍLULO II 
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES AO PATRIMÔNIO 
 
Art. 24. Fabricar, ceder ou vender gazua ou instrumento empregado usualmente na prática de crime de furto: 
Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. 
 
Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado, por crime de furto ou roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou 
quando conhecidocomo vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos empregados usualmente na prática de 
crime de furto, desde que não prove destinação legítima: 
Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, e multa de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
 
Art. 26. Abrir alguém, no exercício de profissão de serralheiro ou oficio análogo, a pedido ou por incumbência de pessoa de cuja 
legitimidade não se tenha certificado previamente, fechadura ou qualquer outro aparelho destinado à defesa de lugar nu objeto: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a um conto de réis. 
Art. 27. Revogado.
CAPÍTULO III 
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À INCOLUMIDADE PÚBLICA 
 
Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela: 
Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. 
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de 
réis, quem, em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, sem licença da autoridade, causa deflagra-
ção perigosa, queima fogo de artifício ou solta balão aceso. 
 
Art. 29. Provocar o desabamento de construção ou, por erro no projeto ou na execução, dar-lhe causa: 
Pena – multa, de um a dez contos de réis, se o fato não constitui crime contra a incolumidade pública. 
 
Art. 30. Omitir alguém a providência reclamada pelo Estado ruinoso de construção que lhe pertence ou cuja conservação lhe incumbe: 
Pena – multa, de um a cinco contos de réis. 
 
Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente, ou não guardar com a devida cautela animal perigoso: 
Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa, de cem mil réis a um conto de réis. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: 
a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou corrida, ou o confia à pessoa inexperiente; 
b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia; 
c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a segurança alheia. 
Didatismo e Conhecimento 4
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou embarcação a motor em aguas públicas: 
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
 
Art. 33. Dirigir aeronave sem estar devidamente licenciado: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, e multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
 
Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou embarcações em águas públicas, pondo em perigo a segurança alheia: 
Pena – prisão simples, de quinze das a três meses, ou multa, de trezentos mil réis a dois contos de réis. 
 
Art. 35. Entregar-se na prática da aviação, a acrobacias ou a vôos baixos, fora da zona em que a lei o permite, ou fazer descer a 
aeronave fora dos lugares destinados a esse fim: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. 
 
Art. 36. Deixar do colocar na via pública, sinal ou obstáculo, determinado em lei ou pela autoridade e destinado a evitar perigo 
a transeuntes: 
Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: 
a) apaga sinal luminoso, destrói ou remove sinal de outra natureza ou obstáculo destinado a evitar perigo a transeuntes; 
b) remove qualquer outro sinal de serviço público. 
 
Art. 37. Arremessar ou derramar em via pública, ou em lugar de uso comum, ou do uso alheio, coisa que possa ofender, sujar ou 
molestar alguém: 
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, sem as devidas cautelas, coloca ou deixa suspensa coisa que, caindo em via 
pública ou em lugar de uso comum ou de uso alheio, possa ofender, sujar ou molestar alguém. 
 
Art. 38. Provocar, abusivamente, emissão de fumaça, vapor ou gás, que possa ofender ou molestar alguém: 
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
CAPÍTULO IV
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PAZ PÚBLICA
 
 Art. 39. Participar de associação de mais de cinco pessoas, que se reúnam periodicamente, sob compromisso de ocultar à auto-
ridade a existência, objetivo, organização ou administração da associação: 
Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. 
§ 1º Na mesma pena incorre o proprietário ou ocupante de prédio que o cede, no todo ou em parte, para reunião de associação 
que saiba ser de caráter secreto. 
§ 2º O juiz pode, tendo em vista as circunstâncias, deixar de aplicar a pena, quando lícito o objeto da associação. 
 
Art. 40. Provocar tumulto ou portar-se de modo inconveniente ou desrespeitoso, em solenidade ou ato oficial, em assembleia ou 
espetáculo público, se o fato não constitui infração penal mais grave; 
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
 
Art. 41. Provocar alarma, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tu-
multo: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
 
Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego alheios: 
I – com gritaria ou algazarra; 
II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais; 
III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; 
IV – provocando ou não procurando impedir barulho produzido por animal de que tem a guarda: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
Didatismo e Conhecimento 5
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
CAPÍTULO V 
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À FÉ PÚBLICA 
 
Art. 43. Recusar-se a receber, pelo seu valor, moeda de curso legal no país: 
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
 
 Art. 44. Usar, como propaganda, de impresso ou objeto que pessoa inexperiente ou rústica possa confundir com moeda: 
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
 
Art. 45. Fingir-se funcionário público: 
Pena – prisão simples, de um a três meses, ou multa, de quinhentos mil réis a três contos de réis. 
 
Art 46. Usar, publicamente, de uniforme, ou distintivo de função pública que não exerce; usar, indevidamente, de sinal, distintivo 
ou denominação cujo emprego seja regulado por lei. 
Pena – multa, de duzentos a dois mil cruzeiros, se o fato não constitui infração penal mais grave. 
CAPÍTULO VI 
DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 
 
Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que por lei está su-
bordinado o seu exercício: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. 
 
Art. 48. Exercer, sem observância das prescrições legais, comércio de antiguidades, de obras de arte, ou de manuscritos e livros 
antigos ou raros: 
Pena – prisão simples de um a seis meses, ou multa, de um a dez contos de réis. 
Art. 49. Infringir determinação legal relativa à matrícula ou à escrituração de indústria, de comércio, ou de outra atividade: 
Pena – multa, de duzentos mil réis a cinco contos de réis. 
CAPÍTULO VII 
DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À POLÍCIA DE COSTUMES 
Art. 50. Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar público ou acessível ao público, mediante o pagamento de entrada ou sem ele:
Pena – prisão simples, de três meses a um ano, e multa, de dois a quinze contos de réis, estendendo-se os efeitos da condenação 
à perda dos moveis e objetos de decoração do local. 
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se existe entre os empregados ou participa do jogo pessoa menor de dezoito anos. 
§ 2º Incorre na pena de multa,de duzentos mil réis a dois contos de réis, quem é encontrado a participar do jogo, como ponteiro 
ou apostador. 
§ 3º Consideram-se, jogos de azar: 
c) o jogo em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente da sorte; 
b) as apostas sobre corrida de cavalos fora de hipódromo ou de local onde sejam autorizadas; 
c) as apostas sobre qualquer outra competição esportiva. 
§ 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar acessivel ao público: 
a) a casa particular em que se realizam jogos de azar, quando deles habitualmente participam pessoas que não sejam da família 
de quem a ocupa; 
b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a cujos hóspedes e moradores se proporciona jogo de azar; 
c) a sede ou dependência de sociedade ou associação, em que se realiza jogo de azar; 
d) o estabelecimento destinado à exploração de jogo de azar, ainda que se dissimule esse destino. 
 
Art. 51. Promover ou fazer extrair loteria, sem autorização legal: 
Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e multa, de cinco a dez contos de réis, estendendo-se os efeitos da condenação 
à perda dos moveis existentes no local. 
§ 1º Incorre na mesma pena quem guarda, vende ou expõe à venda, tem sob sua guarda para o fim de venda, introduz ou tenta 
introduzir na circulação bilhete de loteria não autorizada. 
§ 2º Considera-se loteria toda operação que, mediante a distribuição de bilhete, listas, cupões, vales, sinais, símbolos ou meios 
análogos, faz depender de sorteio a obtenção de prêmio em dinheiro ou bens de outra natureza. 
§ 3º Não se compreendem na definição do parágrafo anterior os sorteios autorizados na legislação especial. 
Didatismo e Conhecimento 6
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 52. Introduzir, no país, para o fim de comércio, bilhete de loteria, rifa ou tômbola estrangeiras: 
Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e multa, de um a cinco contos de réis. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, expõe à venda, tem sob sua guarda. para o fim de venda, introduz ou tenta 
introduzir na circulação, bilhete de loteria estrangeira. 
Art. 53. Introduzir, para o fim de comércio, bilhete de loteria estadual em território onde não possa legalmente circular: 
Pena – prisão simples, de dois a seis meses, e multa, de um a três contos de réis. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, expõe à venda, tem sob sua guarda, para o fim de venda, introduz ou tonta 
introduzir na circulação, bilhete de loteria estadual, em território onde não possa legalmente circular. 
 
Art. 54. Exibir ou ter sob sua guarda lista de sorteio de loteria estrangeira: 
Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, de duzentos mil réis a um conto de réis. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem exibe ou tem sob sua guarda lista de sorteio de loteria estadual, em território onde 
esta não possa legalmente circular. 
 
Art. 55. Imprimir ou executar qualquer serviço de feitura de bilhetes, lista de sorteio, avisos ou cartazes relativos a loteria, em 
lugar onde ela não possa legalmente circular: 
Pena – prisão simples, de um a seis meses, e multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
 
Art. 56. Distribuir ou transportar cartazes, listas de sorteio ou avisos de loteria, onde ela não possa legalmente circular: 
Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, de cem a quinhentos mil réis. 
 
Art. 57. Divulgar, por meio de jornal ou outro impresso, de rádio, cinema, ou qualquer outra forma, ainda que disfarçadamente, 
anúncio, aviso ou resultado de extração de loteria, onde a circulação dos seus bilhetes não seria legal: 
Pena – multa, de um a dez contos de réis. 
 
Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo do bicho, ou praticar qualquer ato relativo à sua realização ou exploração: 
Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e multa, de dois a vinte contos de réis. 
Parágrafo único. Incorre na pena de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis, aquele que participa da loteria, visando a 
obtenção de prêmio, para si ou para terceiro. 
 
Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à ociosidade, sendo válido para o trabalho, sem ter renda que lhe assegure meios 
bastantes de subsistência, ou prover à própria subsistência mediante ocupação ilícita: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses. 
Parágrafo único. A aquisição superveniente de renda, que assegure ao condenado meios bastantes de subsistência, extingue a 
pena. 
 
Art. 60. Revogado.
Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor: 
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
 
Art. 62. Apresentar-se publicamente em estado de embriaguez, de modo que cause escândalo ou ponha em perigo a segurança 
própria ou alheia: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
Parágrafo único. Se habitual a embriaguez, o contraventor é internado em casa de custódia e tratamento. 
 
Art. 63. Servir bebidas alcoólicas: 
I – a menor de dezoito anos; 
II – a quem se acha em estado de embriaguez; 
III – a pessoa que o agente sabe sofrer das faculdades mentais; 
IV – a pessoa que o agente sabe estar judicialmente proibida de frequentar lugares onde se consome bebida de tal natureza: 
Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. 
 
Didatismo e Conhecimento 7
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho excessivo: 
Pena – prisão simples, de dez dias a um mês, ou multa, de cem a quinhentos mil réis. 
§ 1º Na mesma pena incorre aquele que, embora para fins didáticos ou científicos, realiza em lugar público ou exposto ao publico, 
experiência dolorosa ou cruel em animal vivo. 
§ 2º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o animal é submetido a trabalho excessivo ou tratado com crueldade, em 
exibição ou espetáculo público. 
 
Art. 65. Molestar alguém ou perturbar lhe a tranquilidade, por acinte ou por motivo reprovável: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
CAPÍTULO VIII 
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade competente: 
I – crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício de função pública, desde que a ação penal não dependa de 
representação; 
II – crime de ação pública, de que teve conhecimento no exercício da medicina ou de outra profissão sanitária, desde que a ação 
penal não dependa de representação e a comunicação não exponha o cliente a procedimento criminal: 
Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. 
 
Art. 67. Inumar ou exumar cadáver, com infração das disposições legais: 
Pena – prisão simples, de um mês a um ano, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
 
Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta, justificadamente solicitados ou exigidos, dados ou indicações concernentes à 
própria identidade, estado, profissão, domicílio e residência: 
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de um a seis meses, e multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis, se o 
fato não constitui infração penal mais grave, quem, nas mesmas circunstâncias, faz declarações inverídicas a respeito de sua identi-
dade pessoal, estado, profissão, domicílio e residência. 
 
 Art. 69. Revogado.
 
Art. 70. Praticar qualquer ato que importe violação do monopólio postal da União: 
Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou multa, de três a dez contos de réis, ou ambas cumulativamente. 
DISPOSIÇÕES FINAIS 
 
Art. 71. Ressalvada a legislação especial sobre florestas, caça e pesca, revogam-se as disposições em contrário. 
 
Art. 72. Esta lei entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 1942. 
 
Rio de Janeiro, 3 de outubrode 1941; 120º da Independência e 58º da República. 
GETULIO VARGAS. 
Francisco Campos. 
De acordo com o art. 1º, da Lei de Introdução ao Código Penal e da Lei das Contravenções Penais, contravenção é “a infração 
penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.” Assim, con-
forme acima delineado, não existe uma diferença ontológica entre crime e contravenção penal, ocorrendo a sua diferenciação apenas 
nas penas cominadas, que no caso da contravenção consiste em prisão simples ou multa; e, quando se tratar de crime, as penas serão 
de reclusão ou de detenção quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa.
A pena de prisão simples, nos termos do art. 6º, da Lei de Contravenções Penais, deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em 
estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto e, de acordo com o § 1º, do mesmo 
artigo, o condenado à referida pena deve ficar sempre separado dos condenados a pena de reclusão ou de detenção.
Didatismo e Conhecimento 8
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Por outro lado, apesar das diferenças existentes entre contravenção de crime, várias normas aplicáveis aos crimes são também 
aplicáveis às contravenções, como é o caso das regras gerais do Código Penal, nos termos do art. 1º, da LCP. Segundo Damásio de 
Jesus, o art. 1º da LCP é um corolário do art. 12, CP, que tem a seguinte redação: “as regras gerais deste código aplicam-se aos fatos 
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso”. Um exemplo dessa disposição de modo diverso, presente na Lei 
das Contravenções, é o caso do instituto jurídico da tentativa de crime, presente no Código Penal, portanto aplicável a crimes, mas 
não admitida nas contravenções, por força da expressa previsão legal de modo diverso, disposta no art. 4º, da LCP.
Nas palavras de Damásio de Jesus, exemplos de regras gerais presentes no Código Penal, aplicáveis às contravenções penais, são 
os princípios da “Legalidade”, da “abolitio criminis” e da “Retroatividade da Lei mais Benéfica”, previstos respectivamente no art. 
1º, caput, art. 2º, caput, e art. 2º, parágrafo único.
Outro instituto importantíssimo do Direito Penal, perfeitamente aplicável às contravenções penais, são as “Causas Excludentes de 
Ilicitude”, previstas no art. 23, CP: estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito.
Partindo para as contravenções penais propriamente ditas, é interessante destacar o art. 32, da Lei de Contravenções Penais, que, 
segundo Nogueira, foi parcialmente revogado pelo novo Código de Trânsito Brasileiro. O art. 32 da LCP tipifica a seguinte contra-
venção: “Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou embarcação a motor em águas públicas”. Assim, por 
ocasião da edição do novo Código de Trânsito, através do art. 309, do CTB: “Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida 
Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano”, o legislador criminalizou a 
primeira parte do referido art. 32 da LCP: a conduta de dirigir sem habilitação. Entretanto, a redação do art. 309, CTB, acrescentou 
a elementar: “gerando perigo de dano”, que passou a ser o ponto de “discórdia” entre os doutrinadores, dividindo-os entre aqueles 
que entendiam ter o art. 32 da Lei das Contravenções Penais subsistido apenas no tocante à direção não habilitada de embarcação 
em águas públicas, matéria que o novo Código de Trânsito não tratou, e os que acreditavam ter o art. 32 da LCP permanecido em 
pleno vigor, aplicando-se aos casos residuais de direção não habilitada, aqueles que não se ajustem ao art. 309 do CTB. No entanto, 
a celeuma parece ter sido resolvida com a edição da Súmula 720, do STF: “O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que reclama 
decorra do fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no tocante à direção sem habilitação em vias 
terrestres”. Portanto, conforme o exposto, temos que o delito previsto no art. 309, do CTB, derrogou o art. 32, da LCP, regulando por 
inteiro a matéria presente na primeira parte do art. 32, da LCP, permanecendo neste apenas a figura típica do infrator que pratica a 
infração penal de dirigir, sem a devida habilitação, veículo automotor em águas públicas.
Ainda nas contravenções penais propriamente ditas, não custa tecermos algumas linhas sobre o jogo do bicho, aquela que talvez 
seja a mais emblemática de todas as contravenções penais. O jogo do bicho tem suas raízes históricas no final do Século XIX, quando 
o Barão de Drummond, fundador do zoológico do Rio de Janeiro, criou um sorteio vinculado ao ingresso do zoológico onde eram 
escritos o nome de um dos 25 “bichos” em cada ingresso e ao final do dia era sorteado um bicho, diante de que o vencedor ganhava 
20 vezes o valor do ingresso. Como na época havia poucas formas de entretenimento, a popularidade do jogo aumentou considera-
velmente, quando algumas pessoas passaram a aproveitar o resultado do zoológico e organizava apostas nos armazéns e botequins 
da cidade, fato que gerou enormes confusões, não demorando para que, em 1894 o sorteio fosse proibido pelo governo. Ainda assim, 
o sorteio passou a ocorrer na clandestinidade, espalhando-se por todo o país, tornando-se o jogo de apostas mais popular do Brasil, 
mesmo depois de ser tipificado como contravenção penal, em 1941, disposta na redação do art. 58, do Decreto-lei 3.688, o jogo con-
tinuou a ser praticado em todo o país. A definição legal de jogo do bicho disposta no artigo 58 da Lei das contravenções Penais, foi 
alterada pelo Decreto-Lei n.º 6.259 de 1944, que traz a seguinte redação:
“Art. 58. Realizar o denominado “jogo do bicho”, em que um dos participantes, considerado comprador ou ponto, entrega certa 
quantia com a indicação de combinações de algarismos ou nome de animais, a que correspondem números, ao outro participante, 
considerado o vendedor ou banqueiro, que se obriga mediante qualquer sorteio ao pagamento de prêmios em dinheiro.
 Penas: de seis (6) meses a um (1) ano de prisão simples e multa de dez mil cruzeiros (Cr$ 10.000,00) a cinquenta mil cruzeiros 
(Cr$ 50.000,00) ao vendedor ou banqueiro, e de quarenta (40) a trinta (30) dias de prisão celular ou multa de duzentos cruzeiros (Cr$ 
200,00) a quinhentos cruzeiros (Cr$ 500,00) ao comprador ou ponto. 
§ 1º Incorrerão nas penas estabelecidas para vendedores ou banqueiros: 
a) os que servirem de intermediários na efetuação do jogo; 
b) os que transportarem, conduzirem, possuírem, tiverem sob sua guarda ou poder, fabricarem, darem, cederem, trocarem, 
guardarem em qualquer parte, listas com indicações do jogo ou material próprio para a contravenção, bem como de qualquer forma 
contribuírem para a sua confecção, utilização, curso ou emprego, seja qual for a sua espécie ou quantidade; 
c) os que procederem à apuração de listas ou à organização de mapas relativos ao movimento do jogo; 
d) os que por qualquer modo promoverem ou facilitarem a realização do jogo.”
Entretanto, não são poucos os que defendem que a conduta infracional de realizar o jogo do bicho, nos termos do dispositivo legal 
supra, deveria deixar de ser uma infração penal, face a ausência de reprovação social, havendo portanto duas posições: 
Didatismo e Conhecimento 9
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
1) a de que a conduta não pode ser considerada contravenção, em face da ausência de reprovação social; e, 
2) a de que os costumes não têm força revocatória da lei, mantendo-se a tipificação da conduta. 
Contudo, mesmo diante da “revogação social” da infração e da falta de fiscalização do cumprimento da lei por parte do Poder 
Público, que parece limitar-se apenas a pequenas operações policiais, ao invés de incluir a luta contra a referida prática infracional 
em uma política pública permanente de combate à sonegação de impostos, optamos pela manutenção da tipificaçãoda prática do jogo 
do bicho como contravenção penal. Todavia, entendemos que a atribuição dos “bons costumes” como bem jurídico protegido pela 
norma encontra-se ultrapassada, dadas as mudanças ocorridas na sociedade desde a edição da norma em comento. O único fundamen-
to jurídico que entendemos ser plausível para a manutenção da referida norma é o combate à sonegação de impostos e à corrupção 
passiva, pois o que interessa de fato para a sociedade, no que diz respeito à prática do jogo do bicho, é o alcance de seus “tentáculos” 
e seus efeitos no Estado, que repercutem muito mais na área da arrecadação de impostos do que meramente nos costumes por si só. 
Prova disso é o desenrolar do caso recente do bicheiro Carlinhos Cachoeira, amplamente divulgado na mídia, e a imensa rede de 
influência presente em todos os ramos da administração pública que o bicheiro teria fomentado, de acordo com as acusações que o 
mesmo responde. 
Nesse sentido, torna-se imensamente importante destacar a nova redação da Lei 9.613, de 1998, a Lei da Lavagem de Dinhei-
ro, modificada recentemente pela Lei 12.683, de 09 de julho de 2012. Ocorre que o caput do art. 1º, da lei da lavagem de dinheiro, 
foi modificado, a fim de abranger qualquer espécie de infração penal, incluindo assim as contravenções penais. Portanto, diante da 
nova Lei da Lavagem de Dinheiro, aquele que ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou 
propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente da prática da contravenção penal do jogo do bicho 
poderá ser condenado a uma pena de reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa. Essa nova redação do art. 1º, da Lei 9.613 pode 
ser considerado um avanço promovido pelo nosso legislador, já que os efeitos realmente lesivos à sociedade, provocados pelo jogo 
do bicho, a sonegação de impostos e a corrupção dos agentes públicos, estão intimamente ligados com a lavagem do dinheiro pro-
veniente dessa prática.
Nessa mesma esteira, tomando por base uma conduta infracional que a sociedade atual tratou de “descriminalizar”, passamos a 
analisar brevemente a antiga contravenção penal de mendicância, revogada pela Lei 11.983, de 16 de julho de 2009. Segundo Ca-
bette, a existência de uma infração penal para a prática da mendicância, dada a situação de extrema pobreza que atinge uma parcela 
considerável da população brasileira, há tempos já não se justificava. Até mesmo porque tal situação está vinculada à ineficácia do 
Estado em proporcionar educação de qualidade, qualificação profissional e oferta digna de empregos às grandes massas da popula-
ção. Ou seja, o legislador demorou muito a perceber que vivemos em outro Estado e a finalmente entender que a criminalização da 
pobreza nunca foi o caminho adequado para a eliminação das mazelas sociais. É bem verdade que há casos de pessoas que usam de 
má fé para explorar a solidariedade alheia, mas para essa figura típica já existe o crime de estelionato, disposto no art. 171, do Código 
Penal, para o caso de uma prática que cause lesividade significante a bem jurídico tutelado pelo Direito Penal. 
Ademais, usando raciocínio semelhante para as condutas previstas no parágrafo único do art. 60, da LCP, que tratam da prática 
da mendicância de “modo vexatório, ameaçador ou fraudulento”, ou “mediante simulação de moléstia ou deformidade” ou “em com-
panhia de alienado ou de menor de 18 anos”, às quais é atribuído aumento de pena, temos que diante da ocorrência de uma conduta 
efetivamente ameaçadora aos bens jurídicos protegidos pela lei penal, estarão sempre disponíveis os crimes de extorsão (art. 158, 
CP), submissão de criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento (art. 232, ECA), 
corrupção de menores (art. 244-B, ECA), entre outros. Entretanto, apesar do acerto do legislador quando à mendicância, vale deixar 
uma crítica ao mesmo, diante da manutenção desnecessária da contravenção de vadiagem em vigor. Tomando emprestadas novamen-
te as palavras de Cabette: “o legislador perdeu boa chance de também revogar a contravenção penal de vadiagem (artigo 59, LCP), 
por motivos bastante semelhantes àqueles acima aduzidos com relação à mendicância”, já que as razões pelas quais a mendicância 
foi revogada aplicam-se perfeitamente à contravenção penal de vadiagem.
Após as considerações acima, sobre condutas contravencionais bastante conhecidas, tentaremos falar um pouco sobre o fenô-
meno social denominado Stalking, uma forma de violência na qual o sujeito ativo, empregando diversas estratégias, repetindo in-
cessantemente as mesmas ações, invade a esfera de privacidade da vítima. Também conhecido como perseguição persistente, apesar 
de ocorrer com frequência nos Estados Unidos, o Stalking tem sido observado em vários países ao redor do Mundo, inclusive sendo 
incluído na agenda de projetos do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC) em relação à proteção da mulher 
contra a violência. Conforme assevera Wesley de Lima, em seu brilhante artigo, o Stalking consiste em um verdadeiro “cerco psico-
lógico e social realizado de forma reiterada por um agente contra a sua vítima”. 
Para atingir seu objetivo, o sujeito ativo, denominado Stalker, serve-se de várias estratégias, caracterizadas sempre por atos 
constantemente repetidos que invadem a privacidade da vítima e causam dano psicológico, como por exemplo: várias ligações e/ou 
mensagens no celular, vários presentes sem razão especial, aparições constantes nos mesmos locais frequentados pela vítima, che-
gando até mesmo à prática de ameaças. 
Didatismo e Conhecimento 10
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Segundo Damásio de Jesus, a prática de Stalking amolda-se à figura típica da contravenção penal de perturbação da tranquilida-
de, prevista no art. 65, da LCP, que dispõe da seguinte redação: “Art. 65. Molestar alguém ou pertubar-lhe a tranquilidade, por acinte 
ou por motivo reprovável: Pena – prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa.” Todavia, dependendo da dimensão e exten-
são da gravidade dos fatos, de acordo com Wesley de Lima, como desdobramento do iter criminis, pode ocorrer a prática de outras 
contravenções, a exemplo da perturbação do trabalho ou do sossego alheios (art. 42, LCP), da importunação ofensiva ao pudor (art. 
61, LCP) e vias de fato (art. 21, LCP). Tamanha a obsessão do agente para com a vítima, que o mesmo pode exceder-se de tal forma 
que passe a executar ações mais graves, recaindo sobre condutas criminosas, como o crime de constrangimento ilegal (art. 146, CP), 
de ameaça (art. 147, CP), lesões corporais (art. 129, CP), dentre outros. 
O fenômeno Stalking pode remeter ao Bullying, mas diferencia-se deste pois, naquele, o intuito do perseguidor é alcançar seus 
desígnios não tolerados ou consentidos pela vítima[23], consistindo o sofrimento da vítima apenas em consequência inevitável das 
estratégias usadas pelo Stalker para forçar a vítima a fazer o que o mesmo deseja dela. Enquanto no Bullying, a aflição e angústia 
do ofendido consistem no próprio fim pretendido pelo infrator. Não são poucos aqueles que, a exemplo do Bullying, pugnam pela 
criminalização do Stalking, existindo inclusive proposta já aprovada pela comissão de juristas do Senado, que pretende criminalizar 
as duas condutas, praticadas nos meios eletrônicos.
Por Lívio Silva
Questionário:
01. CESPE - 2013 - PC-BA - Delegado de Polícia
No que se refere às contravenções penais, aos crimes em espécie e às leis penais extravagantes, julgue os itens a seguir com 
base na jurisprudência dos tribunais superiores.
A tentativa de contravenção, mesmo que factível, não é punida.
( ) Certo ( ) Errado
Resposta: A alternativa correta é a alternativa Correta, pois a tentativa de contravenção penal, apesar de possível a sua ocorrên-
cia, não é punível. É o que literalmente prescreve o art. 4º:
Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção.
02. FCC - 2012 - PGM-Joao Pessoa-PB - Procurador MunicipalConsidere as seguintes penas: 
I. Reclusão. 
II. Detenção. 
III. Prisão Simples. 
IV. Multa. 
Para os ilícitos contravencionais estão previstas em lei SOMENTE as penas indicadas em
 a) II e IV. 
 b) I e IV. 
 c) II, III e IV. 
 d) III e IV. 
 e) I e II.
Resposta: A alternativa correta é a letra D, conforme artigo 5º.
As penas principais são:
I. prisão simples
II. Multa
Didatismo e Conhecimento 11
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
- LEI Nº 1.521/1951 (CRIMES CONTRA A 
ECONOMIA POPULAR) 
LEI Nº 1.521, DE 26 DE DEZEMBRO DE 1951.
Altera dispositivos da legislação vigente sobre crimes contra a economia popular.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º. Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes e as contravenções contra a economia popular, Esta Lei regulará o seu 
julgamento.
Art. 2º. São crimes desta natureza:
I - recusar individualmente em estabelecimento comercial a prestação de serviços essenciais à subsistência; sonegar mercadoria 
ou recusar vendê-la a quem esteja em condições de comprar a pronto pagamento;
II - favorecer ou preferir comprador ou freguês em detrimento de outro, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por in-
termédio de distribuidores ou revendedores;
III - expor à venda ou vender mercadoria ou produto alimentício, cujo fabrico haja desatendido a determinações oficiais, quanto 
ao peso e composição;
IV - negar ou deixar o fornecedor de serviços essenciais de entregar ao freguês a nota relativa à prestação de serviço, desde que 
a importância exceda de quinze cruzeiros, e com a indicação do preço, do nome e endereço do estabelecimento, do nome da firma ou 
responsável, da data e local da transação e do nome e residência do freguês;
V - misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, expô-los à venda ou vendê-los, como puros; misturar gêneros e mer-
cadorias de qualidades desiguais para expô-los à venda ou vendê-los por preço marcado para os de mais alto custo;
VI - transgredir tabelas oficiais de gêneros e mercadorias, ou de serviços essenciais, bem como expor à venda ou oferecer ao 
público ou vender tais gêneros, mercadorias ou serviços, por preço superior ao tabelado, assim como não manter afixadas, em lugar 
visível e de fácil leitura, as tabelas de preços aprovadas pelos órgãos competentes;
VII - negar ou deixar o vendedor de fornecer nota ou caderno de venda de gêneros de primeira necessidade, seja à vista ou a 
prazo, e cuja importância exceda de dez cruzeiros, ou de especificar na nota ou caderno - que serão isentos de selo - o preço da mer-
cadoria vendida, o nome e o endereço do estabelecimento, a firma ou o responsável, a data e local da transação e o nome e residência 
do freguês;
VIII - celebrar ajuste para impor determinado preço de revenda ou exigir do comprador que não compre de outro vendedor;
IX - obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas mediante especulações 
ou processos fraudulentos (“bola de neve”, “cadeias”, “pichardismo” e quaisquer outros equivalentes);
X - violar contrato de venda a prestações, fraudando sorteios ou deixando de entregar a coisa vendida, sem devolução das pres-
tações pagas, ou descontar destas, nas vendas com reserva de domínio, quando o contrato for rescindido por culpa do comprador, 
quantia maior do que a correspondente à depreciação do objeto.
XI - fraudar pesos ou medidas padronizados em lei ou regulamentos; possuí-los ou detê-los, para efeitos de comércio, sabendo 
estarem fraudados.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, de dois mil a cinquenta mil cruzeiros.
Parágrafo único. Na configuração dos crimes previstos nesta Lei, bem como na de qualquer outro de defesa da economia po-
pular, sua guarda e seu emprego considerar-se-ão como de primeira necessidade ou necessários ao consumo do povo, os gêneros, 
artigos, mercadorias e qualquer outra espécie de coisas ou bens indispensáveis à subsistência do indivíduo em condições higiênicas 
e ao exercício normal de suas atividades. Estão compreendidos nesta definição os artigos destinados à alimentação, ao vestuário e à 
iluminação, os terapêuticos ou sanitários, o combustível, a habitação e os materiais de construção.
Didatismo e Conhecimento 12
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 3º. São também crimes desta natureza:
I - destruir ou inutilizar, intencionalmente e sem autorização legal, com o fim de determinar alta de preços, em proveito próprio 
ou de terceiro, matérias-primas ou produtos necessários ao consumo do povo;
II - abandonar ou fazer abandonar lavoura ou plantações, suspender ou fazer suspender a atividade de fábricas, usinas ou quais-
quer estabelecimentos de produção, ou meios de transporte, mediante indenização paga pela desistência da competição;
III - promover ou participar de consórcio, convênio, ajuste, aliança ou fusão de capitais, com o fim de impedir ou dificultar, para 
o efeito de aumento arbitrário de lucros, a concorrência em matéria de produção, transportes ou comércio;
IV - reter ou açambarcar matérias-primas, meios de produção ou produtos necessários ao consumo do povo, com o fim de domi-
nar o mercado em qualquer ponto do País e provocar a alta dos preços;
V - vender mercadorias abaixo do preço de custo com o fim de impedir a concorrência.
VI - provocar a alta ou baixa de preços de mercadorias, títulos públicos, valores ou salários por meio de notícias falsas, operações 
fictícias ou qualquer outro artifício;
VII - dar indicações ou fazer afirmações falsas em prospectos ou anúncios, para fim de substituição, compra ou venda de títulos, 
ações ou quotas;
VIII - exercer funções de direção, administração ou gerência de mais de uma empresa ou sociedade do mesmo ramo de indústria 
ou comércio com o fim de impedir ou dificultar a concorrência;
IX - gerir fraudulenta ou temerariamente bancos ou estabelecimentos bancários, ou de capitalização; sociedades de seguros, pe-
cúlios ou pensões vitalícias; sociedades para empréstimos ou financiamento de construções e de vendas e imóveis a prestações, com 
ou sem sorteio ou preferência por meio de pontos ou quotas; caixas econômicas; caixas Raiffeisen; caixas mútuas, de beneficência, 
socorros ou empréstimos; caixas de pecúlios, pensão e aposentadoria; caixas construtoras; cooperativas; sociedades de economia 
coletiva, levando-as à falência ou à insolvência, ou não cumprindo qualquer das cláusulas contratuais com prejuízo dos interessados;
X - fraudar de qualquer modo escriturações, lançamentos, registros, relatórios, pareceres e outras informações devidas a sócios 
de sociedades civis ou comerciais, em que o capital seja fracionado em ações ou quotas de valor nominativo igual ou inferior a um 
mil cruzeiros com o fim de sonegar lucros, dividendos, percentagens, rateios ou bonificações, ou de desfalcar ou de desviar fundos 
de reserva ou reservas técnicas.
Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 10 (dez) anos, e multa, de vinte mil a cem mil cruzeiros.
Art. 4º. Constitui crime da mesma natureza a usura pecuniária ou real, assim se considerando:
a) cobrar juros, comissões ou descontos percentuais, sobre dívidas em dinheiro superiores à taxa permitida por lei; cobrar ágio 
superior à taxa oficial de câmbio, sobre quantia permutada por moeda estrangeira; ou, ainda, emprestar sob penhor que seja privativo 
de instituição oficial de crédito;
b) obter, ou estipular, em qualquer contrato, abusando da premente necessidade, inexperiência ou leviandade de outra parte, lucro 
patrimonial que exceda o quinto do valor corrente ou justo da prestação feita ou prometida.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, de cinco mil a vinte mil cruzeiros.
§ 1º. Nas mesmas penas incorrerão os procuradores, mandatários ou mediadores que intervierem na operação usuária, bem como 
os cessionários de crédito usurário que, cientes de sua natureza ilícita, o fizerem valer em sucessiva transmissão ou execução judicial.
§ 2º. São circunstâncias agravantes do crimede usura:
I - ser cometido em época de grave crise econômica;
II - ocasionar grave dano individual;
III - dissimular-se a natureza usurária do contrato;
IV - quando cometido:
a) por militar, funcionário público, ministro de culto religioso; por pessoa cuja condição econômico-social seja manifestamente 
superior à da vítima;
b) em detrimento de operário ou de agricultor; de menor de 18 (dezoito) anos ou de deficiente mental, interditado ou não.
§ 3º. (Revogado)
Art. 5º Nos crimes definidos nesta lei, haverá suspensão da pena e livramento condicional em todos os casos permitidos pela le-
gislação comum. Será a fiança concedida nos termos da legislação em vigor, devendo ser arbitrada dentro dos limites de Cr$5.000,00 
(cinco mil cruzeiros) a Cr$50.000,00 (cinquenta mil cruzeiros), nas hipóteses do artigo 2º, e dentro dos limites de Cr$10.000,00 (dez 
mil cruzeiros) a Cr$100.000,00 (cem mil cruzeiros) nos demais casos, reduzida à metade dentro desses limites, quando o infrator for 
empregado do estabelecimento comercial ou industrial, ou não ocupe cargo ou posto de direção dos negócios. 
Didatismo e Conhecimento 13
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 6º. Verificado qualquer crime contra a economia popular ou contra a saúde pública (Capítulo III do Título VIII do Código 
Penal) e atendendo à gravidade do fato, sua repercussão e efeitos, o juiz, na sentença, declarará a interdição de direito, determinada 
no art. 69, IV, do Código Penal, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, assim como, mediante representação da autoridade policial, poderá 
decretar, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, a suspensão provisória, pelo prazo de 15 (quinze) dias, do exercício da profissão ou 
atividade do infrator.
Art. 7º. Os juízes recorrerão de ofício sempre que absolverem os acusados em processo por crime contra a economia popular ou 
contra a saúde pública, ou quando determinarem o arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial.
Art. 8º. Nos crimes contra a saúde pública, os exames periciais serão realizados, no Distrito Federal, pelas repartições da Secre-
taria-Geral da Saúde e Assistência e da Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio da Prefeitura ou pelo Gabinete de Exames 
Periciais do Departamento de Segurança Pública e nos Estados e Territórios pelos serviços congêneres, valendo qualquer dos laudos 
como corpo de delito.
Art. 9º. (Revogado)
Art. 10. Terá forma sumária, nos termos do Capítulo V, Título II, Livro II, do Código de Processo Penal, o processo das contra-
venções e dos crimes contra a economia popular, não submetidos ao julgamento pelo júri.
§ 1º. Os atos policiais (inquérito ou processo iniciado por portaria) deverão terminar no prazo de 10 (dez) dias.
§ 2º. O prazo para oferecimento da denúncia será de 2 (dois) dias, esteja ou não o réu preso.
§ 3º. A sentença do juiz será proferida dentro do prazo de 30 (trinta) dias contados do recebimento dos autos da autoridade poli-
cial (art. 536 do Código de Processo Penal).
§ 4º. A retardação injustificada, pura e simples, dos prazos indicados nos parágrafos anteriores, importa em crime de prevaricação 
(art. 319 do Código Penal).
Art. 11. No Distrito Federal, o processo das infrações penais relativas à economia popular caberá, indistintamente, a todas as 
varas criminais com exceção das 1ª e 20ª, observadas as disposições quanto aos crimes da competência do júri de que trata o art. 12.
Art. 12. São da competência do Júri os crimes previstos no art. 2º desta Lei. 
Art. 13. O Júri compõe de um juiz, que é o seu presidente, e de vinte jurados sorteados dentre os eleitores de cada zona eleitoral, de 
uma lista de cento e cinquenta a duzentos eleitores, cinco dos quais constituirão o conselho de sentença em cada sessão de julgamento. 
Art. 14. A lista a que se refere o artigo anterior será semestralmente organizada pelo presidente do Júri, sob sua responsabilidade, 
entre pessoas de notória idoneidade, incluídos de preferência os chefes de família e as donas de casa. 
Art. 15. Até o dia quinze de cada mês, far-se-á o sorteio dos jurados que devam constituir o tribunal do mês seguinte. 
Art. 16. O Júri funcionará quando estiverem presentes, pelo menos quinze jurados. 
Art. 17. O presidente do Júri fará as convocações para o julgamento com quarenta e oito horas de antecedência pelo menos, 
observada a ordem de recebimento dos processos. 
Art. 18. Além dos casos de suspeição e impedimento previstos em Lei, não poderá servir jurado da mesma atividade profissional 
do acusado. 
Art. 19. Poderá ser constituído um Júri em cada zona eleitoral. 
 
Art. 20. A presidência do Júri caberá ao Juiz do processo, salvo quando a Lei de organização judiciária atribuir a presidência a 
outro. 
 
Art. 21. No Distrito Federal, poderá o juiz presidente do Júri representar ao Tribunal de Justiça para que seja substituído na pre-
sidência do Júri por Juiz substituto ou Juízes substitutos, nos termos do art. 20 da Lei nº 1.301, de 28 de dezembro de 1950. Servirá 
no Júri o Promotor Público que for designado. 
Didatismo e Conhecimento 14
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Art. 22. O Júri poderá funcionar com pessoal, material e instalações destinados aos serviços eleitorais. 
Art. 23. Nos processos da competência do Júri far-se-á a instrução contraditória, observado o disposto no Código de Processo 
Penal, relativamente ao processo comum (livro II, título I, capítulo I) com às seguintes modificações: 
I) o número de testemunhas, tanto para a acusação como para a defesa, será de seis no máximo.
II) Serão ouvidas as testemunhas de acusação e de defesa, dentro do prazo de quinze dias se o réu estiver preso, e de vinte quando solto.
III) Havendo acordo entre o Ministério Público e o réu, por seu defensor, mediante termo lavrado nos autos, será dispensada a 
inquirição das testemunhas arroladas pelas partes e cujos depoimentos constem do inquérito policial.
IV) Ouvidas as testemunhas e realizada qualquer diligência porventura requeira, o Juiz, depois de sanadas as nulidades e irre-
gularidades e determinar ou realizar qualquer outra diligência, que entender conveniente, ouvirá, nos autos, sucessivamente, por 
quarenta e oito horas, o órgão do Ministério Público e o defensor.
V) Em seguida, o Juiz poderá absolver, desde logo, o acusado, quando estiver provado que ele não praticou o crime, fundamen-
tando a sentença e recorrendo ex-officio.
VI) Se o Juiz assim não proceder, sem manifestar, entretanto, sua opinião, determinará a remessa do processo ao presidente do 
Júri ou que se faça a inclusão do processo na pauta do julgamento se lhe couber a presidência.
VII) São dispensadas a pronúncia e a formação de libelo.
Art. 24 O órgão do Ministério Público, o réu e o seu defensor, serão intimados do dia designado para o julgamento. Será julgado 
à revelia o réu solto que deixar de comparecer sem justa causa. 
Art. 25 Poderão ser ouvidas em plenário as testemunhas da instrução que, previamente, e com quarenta e oito horas de antece-
dência, forem indicadas pelo Ministério Público ou pelo acusado.
Art. 26 Em plenário, constituído o conselho de sentença, o Juiz tomará aos jurados o juramento de bem e sinceramente decidirem 
a causa, proferindo o voto a bem da verdade e da justiça. 
Art. 27. Qualificado a réu e sendo-lhe permitida qualquer declaração a bem da defesa, observada as formalidades processuais, 
aplicáveis e constantes da seção IV do cap. II do livro Il, tit. I do Código de Processo Penal, o juiz abrirá os debates, dando a palavra 
ao órgão do Ministério Público e ao assistente, se houver, para dedução da acusação e ao defensor para produzir a defesa. 
 
Art. 28. O tempo, destinado à acusação e à defesa será de uma hora para cada uma. Havendo mais de um réu, o tempo será ele-
vado ao dobro, desde que assim seja requerido. Não haverá réplica nem tréplica. 
Art. 29. No julgamento que se realizará em sala secreta com a presença do Juiz, do escrivão e de um oficial de Justiça, bem como 
dos acusadores e dos defensores que se conservarão em seus lugaressem intervir na votação, os jurados depositarão na urna a resposta 
- sim ou não - ao quesito único indagando se o réu praticou o crime que lhe foi imputado. (Vide Emenda Constitucional nº 1, de 1969)
Parágrafo único. Em seguida, o Juiz, no caso de condenação, lavrará sentença tendo em vista as circunstâncias atenuantes ou 
agravantes existentes nos autos e levando em conta na aplicação da pena o disposto nos arts. 42 e 43 do Código Penal.
Art. 30. Das decisões do Júri, e nos termos da legislação em vigor, cabe apelação, sem efeito suspensivo, em qualquer caso. 
 
Art. 31. Em tudo mais que couber e não contrariar esta Lei aplicar-se-á o Código de Processo Penal. 
 
Art. 32. É o Poder Executivo autorizado a abrir ao Poder Judiciário o crédito especial de Cr$2.000.000,00 (dois milhões de cru-
zeiros) para ocorrer, Vetado, às despesas do pessoal e material necessários à execução desta Lei no Distrito Federal e nos Territórios.
Art. 33. Esta Lei entrará em vigor sessenta dias depois de sua publicação, aplicando-se aos processos iniciados na sua vigência.
Art. 34. Revogam-se as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 1951; 130º da Independência e 63º da República.
GETÚLIO VARGAS
Francisco Negrão de Lima
Horácio Lafer
Didatismo e Conhecimento 15
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Os Crimes contra a Economia Popular, tipificados pela referida lei, se referem a atos que ferem a livre concorrência ou que 
visem à formação de cartéis, oligopólios ou monopólios e à manipulação de preço e de tendências do mercado.
A tipificação destas condutas tem por objetivo punir aqueles que, para obter vantagens indevidas para si ou para determinado gru-
po econômico - tais como a reserva de mercado, a captura do órgão regulador e a obtenção de informações privilegiadas -, impedem 
a livre circulação, produção e distribuição de mercadorias e riquezas e o livre funcionamento da economia. 
Para adentrarmos de fato ao assunto, traremos o entendimento do professor e Defensor Público André Luiz Prieto, através dos 
principais pontos do artigo cientifico que aborda a respeito deste diploma legal, como veremos a seguir:
A tutela da economia popular teve início, por meio de legislação específica, a partir do Decreto 19.604/31, visando punir 
fraudadores de gêneros alimentícios. A Constituição Federal de 1937 incentivou o surgimento de leis nesse sentido, razão pela qual 
surgiu o Decreto-lei 869/38, que passou a prever os crimes contra a economia popular. Pouco mais de uma década, em 26.12.1951, 
em plena ditadura de Getúlio Vargas, foi promulgada a Lei 1.521/51 definindo os crimes contra a economia popular, acompanhada 
de outro Diploma, a Lei 1522/51, que permitia a intervenção da União no domínio econômico, a fim de que fosse assegurados a 
livre distribuição de produtos necessários ao consumo do povo. Segundo definição doutrinária dada por Nelson Hungria, um dos 
mentores da lei, o crime contra a economia popular é “todo o fato que represente um dano efetivo ou potencial ao patrimônio de um 
número indeterminado de pessoas”. (in, Comentários ao CP, Ed. Forense, 1958). A economia popular é a resultante de um complexo 
de interesses econômicos, familiares e individuais, constituído em um patrimônio de um número indeterminado de indivíduos. Os 
comportamentos criminosos estão previstos a partir do artigo 2.º e são:
I - recusar individualmente em estabelecimento comercial a prestação de serviços essenciais à subsistência; sonegar mercadoria 
ou recusar vendê-la a quem esteja em condições de comprar a pronto pagamento (revogado);
Temos dois tipos penais. Na primeira parte trata de recusa de prestação de um serviço individual, que se pode entender, de acordo 
com o § Único do mesmo artigo, como sendo gêneros, artigos e mercadorias de primeira necessidade e indispensáveis à subsistência 
do indivíduo. (Exs: alimentação, vestuário, iluminação, combustível, sanitários, habitação, materiais de construção. A recusa deve 
ocorrer dentro do interior do estabelecimento comercial e de forma direta, consumando-se no instante da recusa. Não se admite ten-
tativa, pois trata-se de crime de perigo. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, capaz, responsável pelo estabelecimento comercial, 
desde que tenha autonomia para a decisão. Na segunda parte, trata da modalidade denominada de “sonegação de estoques”, porém 
foi revogada pelo artigo 7.º, VI, da Lei 8137/90, com redação ampliada eis que não trata mais apenas dos serviços essenciais.
VIII - celebrar ajuste para impor determinado preço de revenda ou exigir do comprador que não compre de outro vendedor;
A norma trata de dois tipos penais. A primeira refere-se a imposição de preço, que ocorre, em regra, quando há conluio de em-
presas que trabalhem no mesmo ramo, possibilitando a implantação de quartel que busque suprimir a livre concorrência e estabeleça 
monopólio de mercado. A segunda parte, trata da cláusula de exclusividade, visando o monopólio do produto. Na primeira modali-
dade, a consumação ocorre com a celebração do ajuste, não havendo necessidade da execução do acordo, mas na segunda, a simples 
exigência consuma o delito.
IX - obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas mediante especulações 
ou processos fraudulentos (“bola de neve”, “cadeias”, “pichardismo” e quaisquer outros equivalentes);
Trata o dispositivo de exploração fraudulenta de credulidade pública. Diferencia-se do estelionato apenas quando praticado con-
tra um número indeterminado de pessoas. A boa-fé, a ingenuidade e a ignorância auxiliam na concretização do golpe.
A mera tentativa já configura o ilícito. Uma das mais conhecidas refere-se ao “cambista” que vende ingressos por valores acima 
do preço real. “Bola de Neve” consiste em compra um objeto de maior valor pagando apenas uma parcela menor , conseguindo 
parceiros para solver as demais e, estes, por sua vez procederão da mesma forma. “Cadeias” ou “correntes da felicidade” ou ainda 
“pirâmide” são modalidades de uma organização engenhosa, beneficiando apenas os primeiros organizadores, pois num determinado 
momento ela se rompe, trazendo prejuízos aos participantes. “Pichardismo” é um nome que deriva do autor do famoso “golpe”, o 
italiano Manuel Severo Pichardo, que consiste na promessa fraudulenta, ao comprador, do fornecimento de determinada mercadoria 
e, após algum tempo, restituir-lhe os valores pagos, em sistema de “corrente”. O tipo penal apenas exemplificou como já assinalamos 
hipóteses de processos fraudulentos, não consistindo numerus clausus, pois outras modalidades de fraude poderão ser praticadas 
acarretando prejuízo a um número indeterminado de pessoas.
X - violar contrato de venda a prestações, fraudando sorteios ou deixando de entregar a coisa vendida, sem devolução das pres-
tações pagas, ou descontar destas, nas vendas com reserva de domínio, quando o contrato for rescindido por culpa do comprador, 
quantia maior do que a correspondente à depreciação do objeto.
Pretende-se nessa modalidade, evitar a fraude no pagamento de prestações ou carnês, com promessa de posterior entrega da 
mercadoria que não pode concretizar, quer pela fraude no sorteio, quer pela não entrega do bem. Se a vítima fosse individualizada 
teríamos o estelionato ou apropriação indébita, mas na hipótese, havendo grande número de vítimas, ofende-se a economia popular.
XI - fraudar pesos ou medidas padronizados em lei ou regulamentos; possuí-los ou detê-los, para efeitos de comércio, sabendo 
estarem fraudados.
Didatismo e Conhecimento 16
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Temos duas formas de cometimento do delito. A primeira trata da fraude no peso ou medida visando enganar o consumidor, e a 
segunda, caracteriza-se pela posse ou detenção de material fraudado. A forma mais comum de praticar tais delitos é a alteração dos 
equipamentos de aferição visando propiciar a diferença desejada, como imãs em balanças, dispositivo oculto adaptado ao taxímetro. 
Não se aplica tal delito a serviços,mas sim a coisas, pois em relação aquele já existe previsão no inciso VI, do mesmo artigo 2.º.
O artigo 3.º prossegue na definição dos crimes: 
I - destruir ou inutilizar, intencionalmente e sem autorização legal, com o fim de determinar alta de preços, em proveito próprio 
ou de terceiro, matérias-primas ou produtos necessários ao consumo do povo;
Temos delito conduta alternativa: destruir (fazer desaparecer) ou inutilizar (impossibilidade de fazer uso para o fim que se desti-
na) visando a alta de preços (dolo específico).
II - abandonar ou fazer abandonar lavoura ou plantações, suspender ou fazer suspender a atividade de fábricas, usinas ou quais-
quer estabelecimentos de produção, ou meios de transporte, mediante indenização paga pela desistência da competição;
A conduta consiste e um pagar para que o que outro desista da competição. Ambos auferem vantagens com a situação, em detri-
mento de terceiros concorrentes.
VI - provocar a alta ou baixa de preços de mercadorias, títulos públicos, valores ou salários por meio de notícias falsas, operações 
fictícias ou qualquer outro artifício;
São atos que provocam abalos profundos na coexistência coletiva. Sendo assim, fica afetada a economia popular. Para que haja a 
consumação, não é necessário que ocorra a alteração dos preços, bastando a utilização dos artifícios para atingir tal fim.
VIII - exercer funções de direção, administração ou gerência de mais de uma empresa ou sociedade do mesmo ramo de indústria 
ou comércio com o fim de impedir ou dificultar a concorrência;
Se busca obstar o monopólio danoso à industria e ao comércio. O sujeito ativo somente pode ser pessoa qualificada para exercer 
mais de uma função de direção, administração ou gerência. A caracterização do delito se dá com o exercício de unidade de chefia em 
mais de uma empresa do mesmo ramo e exige o dolo específico de impedir a concorrência.
IX - gerir fraudulenta ou temerariamente bancos ou estabelecimentos bancários, ou de capitalização; sociedades de seguros, pe-
cúlios ou pensões vitalícias; sociedades para empréstimos ou financiamento de construções e de vendas e imóveis a prestações, com 
ou sem sorteio ou preferência por meio de pontos ou quotas; caixas econômicas; caixas Raiffeisen; caixas mútuas, de beneficência, 
socorros ou empréstimos; caixas de pecúlios, pensão e aposentadoria; caixas construtoras; cooperativas; sociedades de economia 
coletiva, levando-as à falência ou à insolvência, ou não cumprindo qualquer das cláusulas contratuais com prejuízo dos interessados;
Revogado parcialmente pelo artigo 4.º da Lei 7492/86 que passou a prever o crime de gestão fraudulenta de instituições financei-
ras. Tratando-se de empresas não financeiras, persiste o artigo de lei. O legislador procurou coibir o mau administrador do dinheiro 
alheio. Há uma duas formas de má gestão: a fraudulenta e a temerária. Questão controvertida refere-se a administração de consórcios, 
quanto a sua natureza. O Ministério Público de São Paulo considera que a Lei 7492/86 equiparou o consórcio a instituição financeira.
X - fraudar de qualquer modo escriturações, lançamentos, registros, relatórios, pareceres e outras informações devidas a sócios 
de sociedades civis ou comerciais, em que o capital seja fracionado em ações ou quotas de valor nominativo igual ou inferior a um 
mil cruzeiros com o fim de sonegar lucros, dividendos, percentagens, rateios ou bonificações, ou de desfalcar ou de desviar fundos 
de reserva ou reservas técnicas.
Representa esse artigo uma espécie de falsidade ideológica contra o patrimônio de várias pessoas que integram o quadro socie-
tário por cotas ou ações. O objetivo é lesar com a finalidade de ganhos ilícitos.
O artigo 4.º trata da usura, da seguinte forma: 
Art. 4º. Constitui crime da mesma natureza a usura pecuniária ou real, assim se considerando:
a) cobrar juros, comissões ou descontos percentuais, sobre dívidas em dinheiro superiores à taxa permitida por lei; cobrar ágio 
superior à taxa oficial de câmbio, sobre quantia permutada por moeda estrangeira; ou, ainda, emprestar sob penhor que seja privativo 
de instituição oficial de crédito;
Aborda a aliena “a” especificamente a usura pecuniária, que segundo Manoel Pedro Pimentel é conceituada como “a obtenção 
de lucros exagerados, através de juros cobrados por empréstimos em dinheiro, ou por meio de contratos que tenham por objetivo 
negócios em valores traduzíveis em pecúnia.” (in, Legislação Penal Especial, ed. RT, 1972, p. 42). O tipo penal prevê três formas de 
praticar o crime, duas na forma de cobrar e uma na de emprestar. A primeira tipifica-se por cobrar juros sobre dívidas em dinheiro 
superiores a taxa permitida por lei. A segunda modalidade compreende a cobrança de ágio superior a taxa de câmbio, sobre quantia 
permutada por moeda estrangeira (frisa-se que para realizar tais operações há necessidade de autorização do Banco Central). E a 
terceira, refere-se do empréstimo mediante penhor, que é privativo da CEF.
b) obter, ou estipular, em qualquer contrato, abusando da premente necessidade, inexperiência ou leviandade de outra parte, lucro 
patrimonial que exceda o quinto do valor corrente ou justo da prestação feita ou prometida.
Aborda a alínea “b” a usura real, que é traduzida por uma vantagem em bens patrimoniais de qualquer natureza, inclusive imóveis, 
inserida em contratos como de compra e venda, cessão de créditos, arrendamento, mandato e serviços. Na usura real há uma violenta des-
proporção entre o preço justo e o lucro a ser auferido. São contratos leoninos, fruto do desespero de uma das partes. O abuso se dá em face 
a necessidade incomum, quase sem saída da vítima, ou ainda da sua falta de vivência nos negócios ou mesmo a precipitação, irreflexão.
Por derradeiro, vale mencionar que para os crimes previstos no artigo 2.º e 4.º, a lei comina pena de detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) 
anos, e multa, o que os torna de menor potencial ofensivo, sujeitando o agentes as medidas despenalizadoras previstas na Lei 9099/95. E, para os 
previstos no artigo 3.º, prevê a detenção de 2 (dois) anos a 10 (dez) anos, e multa, o que poderá ser aplicado somente os benefícios da suspensão 
condicional da pena, o “sursis”, caso a pena em concreto não supere ao mínimo legal ou mesmo uma eventual substituição da pena corporal por 
restritiva de direitos, caso esta não supere a quatro anos, nos moldes previstos no artigo 44 e SS., do Estatuto Repressivo vigente.
Didatismo e Conhecimento 17
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Questionário:
01. ESAF - 2012 - Receita Federal - Auditor Fiscal da Receita Federal - Prova 1 - Gabarito 1
Alexandre, empresário, monta uma pirâmide (cadeia) na qual indica oportunidade infalível de investimento em que cada 
pessoa recrutada por ele lhe paga R$ 100,00 e tem a obrigação de recrutar mais 10 com a finalidade de aumentar o faturamen-
to. Os recrutados obteriam dinheiro dos novos recrutados em uma cadeia progressiva de participantes em que cada pessoa 
ganharia mais em função do número de recrutados obtidos. Com esse processo fraudulento, causou dano efetivo a um número 
indeterminado de pessoas e acabou sendo denunciado por um crime. À luz da parte geral do Código Penal, das Leis de Crimes 
contra a Economia Popular, Ordem Econômica, Ordem Tributária e Relações de Consumo, assinale a opção correta. 
 a) Alexandre deverá responder por crime contra a Ordem Tributária.
 b) A ação penal pode ser promovida por qualquer dos recrutados por Alexandre.
 c) Alexandre será submetido a Júri Popular.
 d) Alexandre pode ser denunciado pelo Ministério Público por ter infringido a Lei de Economia Popular.
 e) Alexandre deve ser absolvido pela atividade criada ser lícita.
Resposta: A alternativa correta é a letra D, de acordo com os seguintes dispositivos legais:
Art. 2º. São crimes desta natureza: 
IX - obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas mediante especulações 
ou processos fraudulentos (“bola de neve”, “cadeias”, “pichardismo”e quaisquer outros equivalentes).
Art. 10. Terá forma sumária, nos termos do Capítulo V, Título II, Livro II, do Código de Processo Penal, o processo das contra-
venções e dos crimes contra a economia popular, não submetidos ao julgamento pelo júri.
§ 2º. O prazo para oferecimento da denúncia será de 2 (dois) dias, esteja ou não o réu preso. (denúncia do Ministério Público)
02. Violar contrato de venda a prestações, fraudando sorteios ou deixando de entregar a coisa vendida, sem devolução 
das prestações pagas, ou descontar destas, nas vendas com reserva de domínio, quando o contrato for rescindido por culpa 
do comprador, quantia maior do que a correspondente à depreciação do objeto. Para o julgamento deste tipo de crime é de 
competência do Júri.
( ) Certo ( ) Errado
Resposta: A alternativa correta é a alternativa Correta, com base nos seguintes artigos.
Art. 2º. São crimes desta natureza:
X - violar contrato de venda a prestações, fraudando sorteios ou deixando de entregar a coisa vendida, sem devolução das pres-
tações pagas, ou descontar destas, nas vendas com reserva de domínio, quando o contrato for rescindido por culpa do comprador, 
quantia maior do que a correspondente à depreciação do objeto.
Art. 12. São da competência do Júri os crimes previstos no art. 2º desta Lei.
03. O funcionamento do Júri acorrerá quando estiverem presentes, ao menos 16 jurados.
( ) Certo ( ) Errado
Resposta: A alternativa correta é a alternativa Errada, conforme dispositivo legal.
Art. 16. O Júri funcionará quando estiverem presentes, pelo menos quinze jurados.
Didatismo e Conhecimento 18
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- LEI Nº 2.889/1956 
(CRIME DE GENOCÍDIO) 
LEI Nº 2.889, DE 1 DE OUTUBRO DE 1956.
Define e pune o crime de genocídio.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA:
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal:
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;
Será punido:
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra a;
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b;
Com as penas do art. 270, no caso da letra c;
Com as penas do art. 125, no caso da letra d;
Com as penas do art. 148, no caso da letra e;
Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para prática dos crimes mencionados no artigo anterior:
Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos.
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos crimes de que trata o art. 1º:
Pena: Metade das penas ali cominadas.
§ 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de crime incitado, se este se consumar.
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando a incitação for cometida pela imprensa.
Art. 4º A pena será agravada de 1/3 (um terço), no caso dos arts. 1º, 2º e 3º, quando cometido o crime por governante ou funcio-
nário público.
Art. 5º Será punida com 2/3 (dois terços) das respectivas penas a tentativa dos crimes definidos nesta lei.
Art. 6º Os crimes de que trata esta lei não serão considerados crimes políticos para efeitos de extradição.
Art. 7º Revogam-se as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 1 de outubro de 1956; 135º da Independência e 68º da República.
JUSCELINO KUBITSCHEK 
Nereu Ramos
O termo genocídio - tem sido definido como o assassinato deliberado de pessoas motivado por diferenças étnicas, nacionais, 
raciais, religiosas e em algumas situações políticas. Há um certo desacordo, entre os diversos autores, quanto ao fato de se designar 
ou não como genocídio os assassinatos em massa por motivos políticos, pois é considerado como sendo um tipo de limpeza étnica.
Didatismo e Conhecimento 19
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Genocídio é o extermínio ou a desintegração de uma comunidade pelo emprego deliberado da força, por motivos raciais, religio-
sos ou políticos, entre outros. Para a ONU, esse tipo de agressão configura-se como delito contra a humanidade.
O termo genocídio foi criado por Raphael Lemkin, judeu, em 1944, juntando a raiz grega génos (família, tribo ou raça) e -caedere 
(Latim - matar). Com o advento do genocídio dos judeus pelo regime nazista, Lemkin fez campanha pela criação de leis interna-
cionais, que definissem e punissem o genocídio. Esta pretensão tornou-se realidade em 1951, com a Convenção para a prevenção e 
repressão do crime de genocídio.
O genocídio foi, na época da colonização europeia na América Latina e na África, largamente utilizado para que com o extermí-
nio dos povos indígenas, se tornasse mais fácil para a Europa a escravização daqueles que lá habitavam.
No sistema jurídico brasileiro temos repressão ao crime de genocídio em nível constitucional e infraconstitucional. Em termos 
de constituição, estabelece o art. 3º como objetivo da República Federativa do Brasil a promoção do bem de todos de forma equi-
tativa, independente da etnia ou raça. 
O art. 4º determina como princípio das relações internacionais o repúdio às práticas de racismo e genocídio, ademais o texto 
constitucional consagra esse objetivo e princípio constitucional como direito fundamental, indicando a edição de lei que regula-
mente a punição, bem como a indicação de que crimes dessa natureza são inafiançáveis e imprescritíveis, de acordo com o art. 5º, 
incisos XLI e XLII da CF/88. 
Com vigência anterior à constituição a lei de n. 2.889/56, recepcionada pela constituição de 1988, aborda expressamente o crime 
de genocídio, tipificando penas e condutas relacionadas à “intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial 
ou religioso” (art. 1º, da lei de n. 2889/56). Ademais, o Código Penal Brasileiro prevê desde 1984 o crime de genocídio cometido por 
brasileiro ou domiciliado no Brasil, in verbis: 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: d) de genocídio, quando o agente for 
brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984). 
Em termos de legislação posterior à constituição de 1988, o legislador editou a lei de n. 7.716 de 1989, que tratava do racismo, 
trazendo em sua exposição de motivos a vontade de inclusão social dos negros. Em 1997 a lei de n. 7.716, conhecida como Lei do 
Racismo, foi alterada pela lei de n. 9.459 de 1997, que incluiu as questões de etnia, religião e nacionalidade no rol de discriminações. 
Em sua exposição de motivos o legislador apontou a intenção de reprimir grupos neonazistas no Brasil. O legislador explicita de 
forma clara, que não prepondera o direito fundamental de liberdade de expressão, como se infere no trecho in verbis abaixo: 
“Nesta hipótese não há que se cogitar em conflito de direitos. O princípio de liberdade de expressão, conquanto não se configure 
em sua plenitude, sede lugar ao que coíbe a descriminação racial e, sobretudo, decai perante o princípio cardial da dignidade humana”. 
Com o novo teor da Lei do Racismo, a lei passou a reprimir e a criminalizar o crime de genocídio, prevendo de forma expressa 
a questão do nazismo no §1º, do art. 20, in fine:
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. 
Pena: reclusão de um a três anos e multa. 
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a 
cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. 
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. 
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de 
qualquer natureza: 
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. 
§ 3º No caso

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