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Levantamento de áreas potenciais à implantação de Unidades de Conservação no município de Navegantes SC, com uso de geoprocessamento

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U N I V E R S I D A D E D O V A L E D O I T A J A Í 
 CENTRO DE CIÊNCIASTECNOLÓGICAS 
DA TERRA E DO MAR 
Curso de Engenharia Ambiental 
 
 
 
 
 
 
Levantamento de áreas potenciais à implantação de Unidades de 
Conservação no município de Navegantes – SC, com uso de 
geoprocessamento. 
 
 
 
 
 
Gisely de Sá Ribas 
Orientador: Adriano Marenzi 
Empresa EMCON Consultoria Ambiental 
Responsável: Eng. Ambiental, MSc 
Fabrício Scmmitt 
 
 
 
 
 
 
Itajaí, agosto de 2012.
 2 
1. INTRODUÇÃO 
Segundo VASCONCELLOS (2002), como forma de minimizar e compensar os efeitos 
causados pelos desequilíbrios ambientais e garantir a preservação de elementos 
ambientais básicos, vem sendo implantadas, em grande número crescente, as 
Unidades de Conservação (UC). As UC são áreas delimitadas e administradas pelo 
poder público ou por particulares cujo principal objetivo é proteger e preservar os 
ecossistemas ali presentes. 
Segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC - Lei 9985/00), o 
objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo 
admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. 
De acordo com JAMEL (2007), há um conjunto de variáveis e restrições relevantes para 
a avaliação dos objetivos de conservação estabelecidos, sendo esses: uso do solo e 
cobertura vegetal, proximidade de corpos de água, declividade fragilidade da flora, 
fragilidade da fauna, fragilidade da geologia e geomorfologia. 
Dentro desse contexto de preservação, sugere-se a e esclarece a possibilidade de 
criação de UCs no município de Navegantes – SC. Segundo NAVEGANTES (2009), o 
município de estudo foi criado em 30 de maio de 1962, sob a lei nº 828, por terras 
desmembradas de Itajaí e seu povoamento deu-se em meados de 1860. A terra herdou 
da colonização açoriana suas principais atividades econômicas: a pesca e a construção 
naval. 
Hoje a cidade é considerada um dos municípios mais prósperos do Estado, contando 
com um dos mais modernos terminais portuários do país, o segundo maior aeroporto 
internacional do Estado e o terceiro maior centro de beneficiamento e captura de 
pescado da América Latina (NAVEGANTES, 2009). Levando em consideração que o 
município esta em vetor de expansão crescente há de se considerar que a criação de 
unidades de conservação (UC) interesse seja ao poder público, com finalidade de 
preservação e conservação ou às empresas privadas, a fim de compensação. 
A vegetação predominante do local é a Floresta de Ombrófila Densa (Floresta Atlântica), 
inserido no Bioma Mata Atlântica (SCHÄFFER & PROCHNOW, 2002). Ao longo da 
história do Brasil foi o bioma que mais sofreu alterações, devido aos diferentes ciclos 
econômicos e a expansão urbana concentrados no litoral, causando desmatamentos e, 
por consequência, a fragmentação da floresta (DEAN, 1996). Devido a ameaça que 
sofre, a alta diversidade e taxa de endemismos encontrados, é uma área considerada 
“Hotspot”, conferindo a prioridade máxima para a sua conservação (KAGEYAMA, 2005). 
Contudo, esta cobertura florestal foi intensamente alterada no município, especialmente 
 3 
na planície, ocupada pelos assentamentos urbanos e pelos sistemas agropastoris, 
predominando a rizicultura na área rural. As florestas atenuam os efeitos impactantes 
do meio, como os processos erosivos e a lixiviação, contribuindo para regularizar o fluxo 
de drenagem e reduzir o assoreamento das zonas ripárias (MAGALHÃES, 2000). 
O estudo da paisagem alia-se a novas técnicas geográficas para representar 
graficamente o posicionamento da superfície terrestre. As tecnologias computacionais 
proporcionam base para facilitar e identificar fenômenos ocorridos em uma determinada 
posição espacial, conforme Moreira (2007), como ferramenta é utilizado o Sistema de 
Informação Geográfica. 
A cobertura florestal no município foi alterada pelo processo de ocupação, restando 
poucos remanescentes representantes das diferentes tipologias da Floresta Ombrófila 
Densa. Esta situação incorre em impactos ambientais pela perda da função ecológica 
das florestas, como: estabilidade climática, interações bióticas, absorção da água das 
chuvas, atenuação das fontes poluidoras, manutenção da biodiversidade, e outras. 
Espera-se que este trabalho possa contribuir com informações que subsidiem a 
conservação dos remanescentes florestais, minimizando os processos de fragmentação 
e a perda da biodiversidade e da função ecológica da vegetação área de estudo, bem 
como os problemas socioambientais decorrentes. 
 
2.1 OBJETIVOS 
 
2.2 Geral: 
Levantar, obter, determinar áreas passiveis à implementação de uma unidade de 
conservação no município de Navegantes - SC. 
 
2.3 Específicos: 
 Pesquisar de banco de dados para execução das atividades; 
 Realizar revisão bibliográfica na legislação aplicável à escolha das áreas; 
 Elaborar mapa de uso de solo por meio de geoprocessamento de imagens de 
satélite; 
 Levantar das Áreas de Preservação Permanente (APP’s) no município por meio 
de geoprocessamento; 
 Escolher e delimitar as áreas mais apropriadas para implementação de uma 
unidade de conservação; 
 4 
3. JUSTIFICATIVA 
De acordo com Matteucci & Colma (1998) a vegetação é o resultado da expressão dos 
fatores ambientais, refletindo sobre o solo, clima, disponibilidade de água e nutrientes, 
além de inúmeros indicadores ecológicos na avaliação de grandes áreas. O 
conhecimento atual sobre as florestas úmidas tropicais são necessárias para avaliar 
prioridades para pesquisa e conservação. 
Terborgh (2002) cita dois principais desafios para conservação da biodiversidade. Um 
deles se refere a necessidade de mais áreas destinadas a preservação, e o outro, a 
adequação de normas para que essas áreas sejam realmente protegidas de forças 
destrutivas. Para Fernandez (2006) o maior desafio da conservação é a fragmentação 
florestal pela redução de habitats para a biodiversidade. 
Contudo, há que se ressaltar também que com a fragmentação se tem a perda da função 
ecológica da floresta, sendo que para Sevegnani (2000), esta protege a fauna local, 
mantém a quantidade e a qualidade das águas, evita o assoreamento, controla a erosão, 
filtra os resíduos de produtos químicos e minimiza os efeitos de deslizamentos e de 
enchentes. Portanto, conhecer a situação atual da cobertura florestal considerando seus 
diferentes estágios sucessionais (inicial, médio, avançado e clímax), poderá contribuir 
com medidas que atenuem o processo de fragmentação que os remanescentes vegetais 
passam. 
Entre estas medidas, o resultado deste trabalho buscará indicar as áreas a serem 
especialmente protegidas, e dessa forma minimizar problemas socioeconômicos e 
ambientais provenientes dos deslizamentos pela ausência de cobertura florestal nas 
encostas e das cheias pela redução das florestas de planície. Assim, ressalta-se a 
relevância social desta pesquisa, conciliada e relevância científica, considerando o seu 
caráter inédito no município e, possivelmente, no estado de Santa Catarina, sendo que 
com a validação da metodologia, esse trabalho poderá, futuramente, ser replicado em 
outras regiões da zona costeira catarinense. 
4. METODOLOGIA 
Será levantada a cobertura vegetal do município sendo utilizadas imagens do satélite 
Landsat TM que foram obtidas no INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) nas 
sete bandas correspondentes, elaborando composições coloridas RGB (5,3,4 – 7,5,4), 
entre outras. 
 5 
Como primeiro passo se procederá ao georeferenciamento das imagens a partir da 
utilização de cartografia base (imagem já georeferenciada de 2010), planos de 
informação de cursos de água e estradas (IBGE escala 1:50000) e a utilização da base 
SPU (linha base do litoral - escala 1:2000) do litoral. Também será utilizada a divisão 
municipal (limite). 
O projeto será gerado dentro do sistema SPRING 5.1.6, que é um SIG (Sistemade 
Informações Geográficas) do INPE, com funções de processamento de imagens, 
análise espacial, modelagem numérica de terreno e consulta a bancos de dados 
espaciais. 
Uma vez georreferenciadas as imagens será realizada a classificação supervisionada 
utilizando para isto conhecimento prévio da área de estudo por meio de revisão 
bibliográfica e saídas a campo. Se pretende obter entorno de 5 classes como áreas 
urbanas, vegetação, solo exposto, culturas irrigadas, reflorestamento, dentre outras. A 
análise de cada classe será o produto da interpretação visual da imagem e o trabalho 
de campo, a qual considera a textura, cor e o padrão das feições existentes na imagem. 
Para a realização da classificação supervisionada para a elaboração do mapa de uso 
do solo será necessária a utilização de várias combinações entre as bandas do TM-
Landsat 2, 3, 4, 5 e 7. Cada classe será analisada cuidadosamente com o auxílio 
principalmente da imagem sintética, gerada pela composição colorida das bandas 5, 4, 
3 nos canais RGB, respectivamente. 
Num segundo momento serão levantadas as imagens de satélite com maior resolução 
(imagem Quickbird do google earth) das áreas classificadas como vegetação e se 
procederá a georreferencia e mosaicar a classificação por tipologia vegetal (FLOD em 
estagio clímax, avançado, médio e inicial). 
As áreas de preservação permanente na área de estudo serão obtidas a partir da 
elaboração dos corredores ao longo dos rios, a declividade a partir do Modelo numérico 
do terreno (MNT) e as APP’s de topo de morro obtidas a partir do MNT e hidrografia. 
A escolha das áreas passíveis a implementação da unidade de conservação darão 
escopo do trabalho, compensação à devastação de áreas e subsídios para uma tomada 
de decisões a fim de manter esse frágil e devastado ecossistema, berço da mais rica 
biodiversidade mundial. 
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 6 
O tamanho do fragmento determina o tamanho da população, ou seja, se uma unidade 
é pequena ela possui maiores chances de ocorrer à extinção das espécies que ali vivem, 
não menosprezando as áreas menores. 
O município de Navegantes com área de 111 km² (IBGE, 2009) e 23% de áreas 
protegidas pelo Plano Diretor, não possui Unidade de Conservação implantada, porem 
por meio da carta imagem da GERCO (2002), foi proposto a UC de Escalvadinho em 
Navegantes, com uma área de 2076,9 ha, e a UC de Santa Lídia que abrange parte do 
município, juntamente com o município de Penha. 
De acordo com a PMN (2009), seriam propostas implantar a APA Morro do Leiteiro 
(Macrozona Rural), APA de Navegantes (Macrozona Urbana) e APA da Orla Marinha 
(grande parte formado por restinga). 
Considerando o código urbanístico, Lei 55 de julho de 2008, Art. 20, são definidas as 
Macrozonas de proteção ambiental, que objetiva preservar as paisagens existentes, 
conservar ecossistemas que possam ser afetadados por ação antrópica, garantir o 
equilíbrio ambiental e salubridade no município, conservar a hidrografia e possibilitar a 
ocupação humana de maneira dispersa. 
As macrozonas de proteção ambiental seguem as seguintes características: APP e UC, 
de acordo com o zoneamento costeiro estadual seguem as Zona de preservação 
permanente e Zonas de uso restrito, Áreas remanescentes de significativos 
ecossistemas existentes, Áreas importantes para preservação da paisagem existente, 
áreas para preservação de mananciais de abastecimento de água. 
Em termos de APP, no município de Navegantes consideram-se além das já 
estabelecidas pelo código florestal vigente, todas as florestas e demais formas de 
vegetação natural situada acima da cota de 40 metros 
 
 
5. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DE PESQUISA 
 7 
 
Atividades 
08/ 2012 09/2012 10/2012 11/2012 12/2012 
Georreferenciamento 
X 
Classificação das Imagens X X 
Aquisição de Dados X X X X 
Análise de Dados X X X 
Tabela 1 - Cronograma das Atividades. 
 
6. REFERÊNCIAS 
 DEAN, W. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São 
Paulo: Companhia das Letras, 1996 
FERNANDEZ, F. O poema imperfeito: Crônicas de Biologia, Conservação da Natureza 
e seus Heróis. Curitiba: UFPr, 2000. 260 p. 
JAMEL, Carlos Eduardo Goes; FIGUEIREDO, Cristiane Ramsheid; FRANÇA, Carlos 
Renato Dias; COSTA, Rodrigo Fontoura. Uso de geoprocessamento em unidade de 
conservação. O caso do parque de Desengano – RJ. Florianópolis, Abril de 2007. 
KAGEYAMA, P.; e GANDARA, F.B. Restauração e conservação de ecossistemas 
tropicais. In: Laury C. Jr, Cláudio Valladares-Pádua e Rudy Rudran (Org.). Métodos de 
estudos em biologia da conservação e manejo da vida silvestre. Curitiba, PR: Editora da 
UFPR, 2005, 383-394p. 
MAGALHÃES, C. de S.; FERREIRA, R. M. A. 2000. Áreas de preservação 
permanente em uma microbacia. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, 2000, v. 21, 
n. 207, nov./dez .35-39p. 
MATTEUCCI, S. D.; COLMA, A. EL papel de la vegetación como indicadora del 
ambienta. In: MATTEUTCI, S. D.; BUZAI, G. D. Sistemas ambientales complejos: 
herraminetas de analisis especial. Buenos Aires: Editorial Universitaria de Buenos Aires, 
1998. p. 293–320. 
MOREIRA, R. 2007. Pensar e ser em geografia: ensaios de história, epistemologia 
e ontologia do espaço geográfico. Rio de Janeiro: Brochura. 2007. 192p. 
 8 
SCHÄFFER, W. B.; PROCHNOW, M. A Mata Atlântica e Você: Como preservar, 
recuperar e se beneficiar da mais ameaçada floresta brasileira. Brasília: APREMAVI, 
2002. 156p. 
SEVEGNANI, L. S. & JORGEANE, S. 2000. Contribuição à ecologia das planícies 
aluviais do Rio Itajaí-Açu: relações entre cotas de inundação e espécies vegetais. 
In: Revistas de estudos ambientais. FURB: Janeiro / Abril 2000. 
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Lei 9.985 de 18 de julho de 
2000. Disponível em <http://www.mma.gov.br/port/sbf/dap/doc/snuc.pdf> . Acesso em 
20 de agosto de 2012 às 17:10h. 
"SPRING: Integrating remote sensingand GIS by object-oriented data modelling" 
Camara G, Souza RCM, FreitasUM, Garrido J Computers & Graphics, 20: (3) 395-403, 
May-Jun 1996. 
TERBORGH, J.; SCHAIK, C.V. Por que o mundo necessita de parques. In: John 
Terborgh, Carel van Schaik, Lisa Davenport & Madhu Rao (Org). Tornando os parques 
eficientes: estratégias para conservação da natureza nos trópicos. Curitiba: Editora da 
UFPR/ Fundação O Boticário, 2002, 25-36. 
VASCONCELLOS, Rogério Pinto. O Uso do Geoprocessamento para a 
Quantificação de Fragmentos Naturais e Mapeamento de Áreas de Preservação 
Permanente em Unidades De Conservação - Estudo de Caso da Mata Escura. 
UFMG, Belo Horizonte, 2002. 
 
 
 
http://www.dpi.inpe.br/geopro/trabalhos/spring.pdf
http://www.dpi.inpe.br/geopro/trabalhos/spring.pdf
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