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Projeto de ensino em História

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Prévia do material em texto

UNOPAR – Universidade Norte do paraná 
Sistema de Ensino A DISTÂNCIA
Licenciatura em História
Gustavo machado de oliveira
PROJETO DE ENSINO
EM história
Cidade
2020
Cidade
2020
Cidade
Botucatu
2020
gustavo MACHADO DE OLIVEIRA
PROJETO DE ENSINO
EM HISTÓRIA
Projeto de Ensino apresentado à Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, como requisito parcial à conclusão do Curso de Licenciatura em História. Docente supervisor: Prof. Fabiane Luzia Meneses Santos 
Botucatu
2020
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	3
1	TEMA	4
2	JUSTIFICATIVA	5
3	PARTICIPANTES	6
4	OBJETIVOS	7
5	PROBLEMATIZAÇÃO	8
6	REFERENCIAL TEÓRICO	10
7	METODOLOGIA	16
8	CRONOGRAMA	17
9	RECURSOS	18
10	AVALIAÇÃO	19
CONSIDERAÇÕES FINAIS	20
REFERÊNCIAS	21
.
INTRODUÇÃO 
Este Projeto de Ensino de História tem como objetivo identificar diferentes sujeitos sociais envolvidos no processo de abolição da escravidão no Brasil, analisar os interesses de diferentes sujeitos sociais no processo de abolição da escravidão no Brasil e analisar as leis promulgadas no Brasil durante o Segundo Reinado que contribuíram para a transição do trabalho escravo para o trabalho livre.
 
Fonte: Chalhoub, Sidney. Os Mitos da Abolição. In: TRABALHADORES – Escravos. Campinas, 1989, p. 36-37
 
     Trabalhar com o aluno o sistema escravista no Brasil entre os séculos XVI e XIX, por meio deste Projeto, encaminhar as reflexões do aluno para a percepção de que a abolição da escravidão, na segunda metade do século XIX, foi um processo lento e concomitante a importantes transformações econômicas que ocorriam no Brasil e no mundo.
       Motivar os alunos para a discussão do tema a partir da reflexão sobre o predomínio de uma determinada imagem do trabalhador escravo na história oficial do Brasil: o escravo passivo e alienado. O objetivo é desconstruir esta imagem. Para possibilitar esta reflexão, o professor deve propor aos alunos o trabalho de observação e interpretação da charge de Ângelo Agostini: 
Escravas cozinhando na roça, 1858. Foto de Vitor Frond e litografia de Benoist.
 
       
 TEMA 
ESCRAVIDÃO E ABOLICIONISMO
SUJEITOS SOCIAIS E INTERESSES ENVOLVIDOS NA ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL
7
JUSTIFICATIVA
Enfatizar as pressões e os interesses envolvidos no processo que culminou na extinção legal da escravidão no Brasil. Algumas interpretações menos simplistas acentuam as ações dos líderes abolicionistas no processo de abolição da escravidão. As interpretações que enfatizam o movimento abolicionista se cruzam, por vezes, com outras interpretações que apresentam também os interesses dos cafeicultores do oeste de São Paulo, os quais pressionavam o governo monárquico em defesa da substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre e assalariado; ou ainda as pressões da Inglaterra que, desde as primeiras décadas do século XIX, procurava limitar o tráfico de escravos africanos para o Brasil, passando a pressionar o governo brasileiro, após a independência, pela extinção definitiva do trabalho escravo no país.  
 
       Entretanto, muitas vezes, essas interpretações desconsideram ou colocam em segundo plano as ações dos próprios trabalhadores escravos no processo, caracterizando-os como vítimas passivas, incapazes de qualquer ação autônoma.
       Se as pressões exercidas por abolicionistas, cafeicultores paulistas e ingleses foram importantes para o processo de abolição legal da escravidão no Brasil, é imprescindível reconhecer também a resistência daqueles que, além da liberdade jurídica, lutavam por uma mudança mais profunda nas suas condições de vida e de trabalho: os próprios trabalhadores escravos. 
     É totalmente possível trabalhar com esse tipo de material, pois o acesso a essas imagens hoje é disponibilizado na internet.
PARTICIPANTES
 Este Projeto de Ensino de História se destina para alunos da 1ª Série do Ensino Médio.
OBJETIVOS
Este Projeto de Ensino de História tem como objetivo a análise das leis promulgadas no Brasil durante o Segundo Reinado que contribuíram para a transição do trabalho escravo para o trabalho livre; a compreensão sobre o fim do tráfico e da escravidão no Brasil no século XIX é essencial para a continuação dos estudos históricos, pois permite a apreensão de uma das principais questões relativas às transformações socioeconômicas na passagem do Império para a República.
·         Compreender textos;
·         Dominar a norma-padrão da língua portuguesa;
·         Interpretar dados e informações contidas em documentos históricos.
PROBLEMATIZAÇÃO
	
Na proposição deste Projeto de ensino de História, é desejável que se busque e valorize os conhecimentos prévios que os alunos da 1ª série do Ensino Médio já detêm sobre o tema, em função de estudos históricos anteriores sobre escravismo e as formas de resistência a ele.
       A partir da observação da charge e depois da fotografia, é desejável indagar aos alunos de acordo com o roteiro abaixo e pedir que eles registrem suas opiniões.
1.    Como você definiria “escravidão”?
 
2.    Durante a história do Brasil escravista, de onde e como eram trazidos os homens e as mulheres utilizados como mão de obra?
 
3.    Quais tipos de trabalho os escravos desempenhavam?
 
4.    Como eram as condições de vida dos escravos?
 
5.    Quais foram as formas de resistência à escravidão?
       Anotar na lousa as respostas principais, mas insistir na questão da resistência, discutir na sala sobre a organização de quilombos em todo o Brasil, que representavam atos de rebeldia permanente, organizados pelos escravos, e que ainda mantêm sua importância na atualidade, nas comunidades quilombolas.
       Neste momento indicar aos alunos que iremos desenvolver a análise de trechos de quatro leis que representavam o fim da escravidão no Brasil. Se faz necessário salientar aos alunos que não podemos perder a perspectiva que essa legislação deve ser contextualizada, em função da própria pressão dos escravos, que intensificaram sua resistência, por meio de fugas individuais e coletivas, da pressão dos abolicionistas, intelectuais defensores da causa da abolição e da conjuntura internacional.
       Sugiro para o desenvolvimento nessa parte do Projeto a leitura coletiva, sempre que necessário o esclarecimento de dúvidas de vocabulário que podem surgir, eu fiz questão de colocar alguns trechos de algumas leis, em que o português está grafado como se falava e escrevia no século XIX, eu gostei muito disso durante os meus estudos e gostaria que os meus alunos tivessem acesso a isso.
1.    Lei n°581 (Lei Eusébio de Queirós), de 4 de setembro de 1850.
 
2.    Lei nº2.040 (Lei do Ventre Livre), de 28 de setembro de 1871.
 
3.    Lei nº 3.270 (Lei dos Sexagenários ou Lei Saraiva-Cotegipe), de 28 de setembro de 1885.
 
4.    Lei nº3.353 (Lei Áurea), de 13 de maio de 1888.
 
       Uma boa problematização é solicitar à classe que sintetize e registre em seus cadernos, qual é o significado de cada uma das leis para o fim do trabalho escravo no Brasil. Solicitar aos alunos para estarem bem atentos às datas e a quem as decretou, depois, ajudá-los a destacar as contradições em cada uma delas, outra atividade muito importante é a exploração dos documentos, devendo-se ser proposto à classe questões coletivas e, também individuais, sempre sendo anotadas em seus cadernos.
       Como são adolescentes, para conseguir a participação daqueles que tem maior dificuldade em se expor ou vergonha, solicitar que um aluno explique, complete ou corrija o que o outro afirmou; indague se um determinado aluno concorda com a afirmação de outro e por quê.
1.    Será que a extinção do tráfico conseguiu impedir completamente a entrada de escravos africanos no Brasil?
 
2.    A Lei do Ventre Livre produziu resultados imediatos para a abolição da escravidão?
 
3.    A Lei dos Sexagenários tornou-se motivo de piada em algumas publicações da época. Por quê?
 
4.    A Lei áurea extinguiu a escravidão, mas não veio acompanhada de políticade integração dos ex-escravos à sociedade brasileira. Quais foram as consequências disso?
REFERENCIAL TEÓRICO
SUJEITOS SOCIAIS E INTERESSES ENVOLVIDOS NA ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL
 
      A abolição da escravidão foi um processo duradouro no Brasil: diversas discussões e decisões políticas mostram que a chamada “questão servil” foi debatida ao longo de todo o Império e, também antes da Independência. Os interesses e opiniões sobre o tema variavam, uma vez que o país não era homogêneo e tampouco havia uma ideia de nacionalidade bem construída. As desigualdades regionais já eram significativas e o Brasil era constituído por contrastes e diferenças, sociais, econômicas, políticas e ideológicas. O pensamento sobre a escravidão e sobre o papel do negro na sociedade também divergia tanto no âmbito local quanto regional. Assim, procuraremos identificar neste trabalho, através da literatura, dos diários e relatos dos que aqui viveram e passaram, bem como o material artístico produzido no século XIX, o pensamento da população brasileira e dos estrangeiros acerca da escravidão, do tráfico de escravos e dos negros. Será realizada uma pequena análise acerca da legislação sobre a abolição da escravatura e um confronto entre a letra da lei e as histórias e relatos da época. A reação da população perante a escravidão e a forma de tratamento direcionada aos negros merecerá especial atenção, como uma maneira para compreender a evolução do racismo no Brasil.
       A abolição da escravidão no Brasil foi um extenso processo que se prolongou por todo o século XIX – processo que terminou por consagrar ao país o questionável título de último país do ocidente a eliminar o trabalho escravo. Os livros de história trazem uma versão resumida desse percurso, em que destacam a Guerra do Paraguai e a pressão internacional como principais motivos que conduziram ao declínio da estrutura escravocrata. Entretanto, uma análise mais minuciosa das discussões, ideias e decisões políticas do período revelam que a “questão servil” foi debatida ao longo de todo o Império1 e mesmo antes da Independência. Assim, antes de esboçar o pensamento brasileiro acerca da escravidão no intenso século XIX, tentaremos desconstruir a visão de um Brasil homogêneo e mostrar como o posicionamento sobre a escravidão divergia. Será feita também uma pequena análise acerca da legislação sobre a abolição da escravatura, que foi editada, como se sabe, em lentas e graduais etapas.
___________________________________
1 O período do Império no Brasil teve início em 1822 com a declaração de Independência de Portugal e encerrou-se em 1889 com a Proclamação da República.
 
       	Neste cenário, as opiniões sobre a escravidão divergiam. Enquanto uma elite defendia que o sistema escravocrata era necessário ao desenvolvimento do país, teóricos liberais acreditavam em um outro caminho. No entanto, mesmo entre os liberais a questão era controversa, como explica Arno Wehling (2009, p. 388/389):
 
Quanto ao liberalismo político, ideologicamente dominante desde a independência, conviveu em geral com a escravidão como uma situação de fato. O discurso liberal quase sempre apontava para sua transitoriedade e seu fim inexorável, embora garantisse, através de preceitos constitucionais que determinavam a cidadania e o sufrágio censitário, a exclusão de escravos e libertos do processo político.
 	Na formação do país independente, a denominada “questão servil” fez parte das discussões políticas e foi tema capaz de dividir opiniões entre políticos, ainda que dos mesmos partidos. Durante a elaboração do projeto de Constituição de 1823, a abolição da escravidão foi bastante debatida e os abolicionistas conseguiram fazer prevalecer sua opinião, embora com algumas restrições. O projeto de 1823 em seu artigo 2544 condenava a escravidão e propunha a emancipação lenta dos negros (BETHELL, 2002, p. 69), não propunha precisamente o fim da escravidão e era mitigado pelo reconhecimento do Estado dos contratos firmados entre os senhores e os escravos (SALGADO, LOREIRO, 2012). O projeto foi fruto da representação apresentada por José Bonifácio, que sustentou a gradual abolição da escravidão e defendeu novo tratamento aos índios, afirmou ainda que por não ser coisa, o homem não poderia ser objeto de propriedade (apud LOPEZ, MOTA, 2008, p. 388). Entretanto, como se sabe, a Constituinte de 1823 foi dissolvida e a Carta Constitucional elaborado pelo Conselho de Estado de Pedro I, embora apresentasse ideias liberais, manteve a estrutura escravagista do período colonial.
       A abolição nas leis uma simples passagem pela legislação sobre o tema no Brasil Império é capaz de fornecer um panorama dos passos que foram dados até que a escravidão fosse definitivamente abolida em 1888, com a edição da Lei Áurea. Antes dessa lei foram editadas a Lei Eusébio de Queiroz, de 1850, que proibia o tráfico de escravos, a Lei do Ventre-Livre, de 1871, que libertava, com algumas ressalvas, as crianças nascidas de pais escravos a partir daquela data e também a Lei Saraiva-Cotegipe, conhecida como Lei dos Sexagenários, de 1885, que garantia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade. A pressão inglesa para a abolição foi especialmente relevante. Diversos tratados e convenções foram firmados entre Brasil e Inglaterra até a abolição definitiva do tráfico de escravos. Na primeira obrigação, em 1810, Dom João VI concordou em cooperar com a Grã Bretanha para adotar medidas que conduziriam à gradual abolição do tráfico de escravos. Após, os governos estabeleceram o Tratado de 22 de janeiro de 1815 em que Dom João se comprometia a declarar ilegal o comércio de escravos ao norte do Equador – o Brasil ficava, portanto, excluído do acordo – e a adotar, em acordo com a Grã-Bretanha, medidas para abolir gradualmente o tráfico em todos os seus domínios. Ficou reservada para outro documento a determinação da data em que comércio de escravos deveria ser completamente eliminado. Após, foi firmada a Convenção de 28 de julho de 1817 em que ficou estabelecido o direito de visita e busca de embarcações suspeitas de praticarem o tráfico de escravos. Determinou-se também que comissões mistas entre os dois governos seriam responsáveis pelo julgamento de eventuais navios aprisionados por embarcações britânicas ou brasileiras. Um artigo em separado foi adicionado a esta última convenção, pelo qual se concordou que, logo depois da abolição total do tráfico de escravos, os dois governos entrariam em acordo para a fase de adaptação às novas circunstâncias.
Ana Guerra Ribeiro de Oliveira *Estudante da graduação em Direito pela FD-UFMG e monitora de graduação da disciplina Teoria Geral do Estado.
 
 A DESIGUALDADE E A QUESTÃO CENTRAL DA ESCRAVIDÃO
       A produção no período imperial, como visto, organizava-se "sob a égide do escravismo, que proporcionava alta lucratividade e por isto era impossível se empreender a defesa ou sequer concordar com argumentos em prol dos direitos individuais à liberdade" [01].
       As ideias revolucionárias do Século XVIII, produzidas pelo Iluminismo, haviam abalado as antigas razões que sustentavam a escravidão, apregoando, principalmente, conforme Costa [02], "a supremacia das leis e os direitos naturais do homem, entre os quais o direito de propriedade, liberdade e igualdade de todos perante a lei". Repousam nessas ideias as origens da teoria abolicionista, que influenciou os movimentos pela libertação dos escravos, no Brasil, notadamente a Inconfidência Mineira.
       Conciliar o direito de propriedade dos senhores de escravos com o direito à liberdade e à igualdade desses servos passou a ser, então, a grande contradição que alimentava os debates e as ideias em torno do regime escravista.
       No entanto, no Brasil, nenhum movimento revolucionário nos Séculos XVIII e XIX expressou a preocupação com a questão da igualdade e da liberdade, exceto a Conjuração Baiana, ao pretender a abolição da escravatura. E, embora tenha sido pouco provável a manutenção de algum contato com a obra dos autoresilustrados, em 1798 os revoltosos na Bahia - escravos, mulatos e negros livres - foram condenados "por defenderem os 'abomináveis princípios franceses'" [03].
       A Proclamação da Independência em 1822 absteve-se de considerar o direito à igualdade relativamente aos escravos, e não correspondeu às expectativas de abolição para aquele momento. Mas, por outro lado, possibilitou que os homens livres participassem mais do jogo político, aliando liberdade e propriedade mínima, nada obstante o exercício da maioria dos cargos legislativos continuasse fora do alcance de grande parte desses homens livres, pois, ainda, sob o domínio dos grandes proprietários [04].
       A Constituição Imperial de 1824 também ignorou o problema da desigualdade enraizado no regime escravagista brasileiro. As ideias de José Bonifácio de Andrada e Silva levadas à Assembleia Nacional Constituinte de 1823 condenavam explicitamente a "escravidão, em nome dos direitos individuais e do progresso do império nascente" [05], mas nem chegaram a ser efetivamente debatidas, ante a dissolução dessa Assembleia por D. Pedro I.
       Importante, porém, registrar que o projeto de constituição discutido na frustrada Assembleia Nacional Constituinte, como descreve De Roure [06], no artigo 5º, parágrafo 6º, reconhecia o "status" de cidadão brasileiro aos escravos que obtivessem carta de alforria, e tivessem emprego ou ofício. Isso gerou debates que revolviam o próprio sistema escravista. O deputado Munis Tavares, por um lado, relembrou os efeitos sobre os negros da Ilha de São Domingos, produzidos por oradores da Constituinte francesa, representando tal assunto, por si, um perigo capaz de deflagrar revoltas sangrentas também no Brasil. O deputado Alencar, por seu turno, sustentou que deveriam ser cidadãos brasileiros todos os alforriados, inclusive os negros vindos da África. O certo é que "a Assembleia tinha tendências abolicionistas e lamentava a escravidão, manifestando verdadeiros sentimentos de humanidade e justiça" [07].
       Informa De Roure que houve "um debate prolongado, no qual a escravidão foi condemnada em these e os pretos foram maltratados de facto, lembrando-se o odio das raças nos Estados Unidos" [08]. Nesse debate destacou-se o deputado Silva Lisboa, "que defendeu os pretos com calor, protestando contra o systema de perpetuar a irritação dos africanos e seus oriundos e de tratal-os com desprezo e odio", de sorte que apresentou um substitutivo, a final aprovado, que considerava brasileiros "os libertos que adquirissem sua liberdade por qualquer titulo legitimo" [09]. Assim, arremata De Roure, saiu vencedora a doutrina do Decalogo, defendida pelo deputado Silva Lisboa, "no sentido de evitar que o preto, cidadão brazileiro por ter nascido no paiz, desdenhasse e desobedecesse a seus paes, não os honrando só porque estes, nascidos na África, não podiam ser cidadãos como os filhos" [25].
       Mas a Carta Imperial outorgada por D. Pedro I, apesar de transcrever quase que literalmente disposição da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, sobre o direito inalienável à liberdade, veio a ignorar os cativos e manteve "escravizada quase a metade da população brasileira" [10].
       A primeira Constituição do Brasil nem sequer reconhecia a existência desse contingente [11] e, obviamente, a ele não destinava suas garantias, mas, nada obstante isso adotou princípios liberais que viabilizaram a "formação de uma consciência crítica em relação ao sistema escravista" [12], assumindo, a mesma Carta, uma importância histórica, na medida em que assegurou a evolução nos aspectos políticos, econômicos e sociais, tais "a supressão do tráfico de escravos, o início da industrialização e a própria Abolição em 1888" [13].
       Observa-se, portanto, que a desigualdade não foi devidamente considerada como questão central da escravidão. Optou-se pela convivência da contradição entre a adoção dos princípios iluministas, notadamente a igualdade e a liberdade, e a servidão, tida, então, como um mal necessário ao desenvolvimento do País.
NOTAS
1.             4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, p. 293.
2.             PRADO, Maria Emília. Op. cit., p. 172.
3.             COSTA, Emília Viotti da. A Abolição - História Popular. 4. ed. São Paulo: Global, 1988, p. 18.
4.             Id. Ibid., p. 18.
5.             PRADO, Maria Emília. Op. cit., p. 177.
6.             Id., Ibid., p. 169-170.
7.             DE ROURE, Agenor. Formação Constitucional do Brazil. Rio de Janeiro: Typ. do Jornal do Commercio, 1914, p. 118-119.
8.             Id. Ibid., p. 119.
9.             Id. Ibid., p. 119.
10.          Id. Ibid., p. 119.
11.          Id. Ibid., p. 119.
12.          COSTA, Emília Viotti da. A Abolição - História Popular, p. 19.
13.          Excetuadas referências indiretas ao tratar dos libertos, como cidadãos brasileiros, no artigo 6º, I, e como capacitados a votar, no artigo 94, II.
14.          COSTA, Emília Viotti da. A Abolição - História Popular, p. 19.
15.          NOGUEIRA, Octaciano. Constituições Brasileiras - 1824. Brasília: Senado Federal, 2001, p. 14.
16.          PRADO, Maria Emília. Op. cit., p. 165.
17.          Id. Ibid., p. 168.
18.          COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República: Momentos Decisivos. 7. ed., 2. reimpressão. São Paulo: Unesp, 1999, p. 358.
19.          VALLADÃO, Haroldo. Op. cit., p. 155.
20.          AQUINO, Rubim Santos Leão de. et al. Op. cit., p. 128.
21.          COSTA, Emília Viotti da. A Abolição - História Popular, p. 83.
22.          Id. Ibid., p. 83.
23.          CARVALHO, José Murilo de. Op. cit., p. 293.
24.          Id. Ibid., p. 294.
25.          Id. Ibid., p. 294.
26.          Id. Ibid., p. 295.
27.          Id. Ibid., p. 297.
28.          Id. Ibid., p. 298.
29.           VALLADÃO, Haroldo. Ob. cit., p. 157.
30.          Id. Ibid., p. 158-159.
31.          Id. Ibid., p. 159.
32.          Id. Ibid., p. 160-161.
33.          Id. Ibid., p. 161.
34.           CARVALHO, José Murilo de. Op. cit., p. 293.
35.          Id. Ibid., p. 312.
36.          VALLADÃO, Haroldo. Op. cit., p. 163.
37.          Id. Ibid., p. 164.
METODOLOGIA
Uma vez identificadas às contradições contidas nas leis, dividir a classe em quatro grupos e atribuir por sorteio uma lei para cada grupo, cada grupo pode elaborar uma charge com foco nas contradições da lei que lhe coube, lembrando os alunos que não é necessário que sejam grandes desenhistas, orientá-los para que todos participem da concepção do desenho, contribuindo para a ideia ou situação a ser retratada.
       Em minha opinião temos uma ótima oportunidade para retomarmos as características da charge, os tipos de humor empregados em função da crítica que se busca realizar nesse processo de desenvolvimento. Para mim parece ser uma ótima atividade de síntese, já que utilizará outra linguagem, e que eles gostam muito.
       Encerrarei a atividade da seguinte forma: Um aluno de cada grupo fará a apresentação da charge para a classe e depois outro do mesmo grupo cola a charge em um mural ou parede; assim sucessivamente, até todos se apresentarem, no final estará montada a exposição dos desenhos/charges sobre as leis abolicionistas; totalizando um número de oito aulas de preferência geminadas.
CRONOGRAMA
	CRONOGRAMA DO PROJETO DE ENSINO EM HISTÓRIA
	4 aulas geminadas
	TEMA
	ESCRAVIDÃO E ABOLICIONISMO
SUJEITOS SOCIAIS E INTERESSES ENVOLVIDOS NA ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL
 
	Ensino Médio
	1ª série 
	Data da aula:
	Atividades
	07/09
	Trabalhar o texto: Sujeitos sociais e interesses envolvidos na abolição da escravidão no Brasil; debate e responder as questões e produção de uma síntese.
	08/09
	Trabalhar o texto: A desigualdade e a questão central da escravidão; debate e responder as questões e produção de uma síntese.
	09/09
	Análise e debate das leis e produção de uma síntese.
	10/09
	Analisar a charge e a fotografia, e a produção de charge pelos grupos e do mural.
RECURSOS 
       Documentos que serão objeto de análise como:os textos, a charge e a fotografia serão entregues aos alunos em cópias xerocadas; uso da lousa, e de cadernos por parte dos alunos, o desenho de charges poderá ser em cartolinas, lápis coloridos ou giz de cera e canetinhas, como também o uso de internet para pesquisa. 	Conteúdos em nuvem que permitirão que um grande volume de dados seja disponibilizado para qualquer dispositivo que tenha acesso à internet, a qualquer momento, plataformas de ensino adaptativo, Aplicativos de estudo, Bancos de materiais expostos em projetores. 
AVALIAÇÃO
       Participação dos alunos na discussão de cada grupo e nos debates, na preparação das charges, na montagem do painel, nas respostas das questões propostas e no exercício de síntese, exploração ao máximo do uso das tecnologias educacionais com possibilidades diversas para avaliar o conhecimento individual, o trabalho em equipe, o compartilhamento de informações, a capacidade de apreender e sintetizar um conteúdo, dentre outros aspectos relevantes para a aprendizagem do estudante ,prova dissertativa, trabalho em dupla, debate de mesa redonda colocando em evidencia a autoavaliação, seminário, observação de aluno como método de avaliação e relatório individual.
Provas objetivas, elaboração de perguntas diretas sobre o conteúdo ensinado em sala de aula em que só existe uma única resposta. 
Provas objetivas com opções de múltipla escolha em que o professor elabora cerca de quatro ou cinco opções de resposta para o enunciado, mas que só uma é 100% verdadeira. Ao final de cada prova de múltipla escolha, é importante que o docente faça uma espécie de relatório sobre o desempenho de cada aluno e compare seus resultados com o do resto da turma. Isso permite acompanhar a evolução do aluno ao longo do tempo e direcionar uma atenção mais específica àqueles que apresentarem maiores dificuldades em um determinado tema.
	
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do estudo da história, trajetória e importância da cultura negra, verificou-se que apesar de todo sofrimento com o tráfico, a separação de familiares e a tortura a qual foram expostos, os negros têm um papel relevante para a cultura brasileira. 
Os negros africanos trouxeram na bagagem suas músicas, sua culinária e a sua religião, fundamentais para a formação da identidade da nossa nação. Mesmo assim, identificamos a escravidão como a raiz de todo o preconceito e agressões que os negros sofrem até hoje em nosso país. 
O foco deste projeto de ensino consistiu em compreender a escravidão e o abolicionismo consolidada no Brasil, a preservação da cultura negra e igualdade entre as raças. Tratamos aqui da importância da cultura organizacional, que serve como um conjunto de regras que mantém o ambiente em harmonia. Os colaboradores são fundamentais para a formulação desta cultura, que é um conjunto de costumes, e hábitos que os envolvem, desta forma ela se torna adaptável com o objetivo centrado na preservação da cultura negra no seu âmbito interno do preconceito étnico na cultura organizacional, preconceito étnico que está presente na atualidade. O trabalho mostrou que houve êxito e várias conquistas durante a sua história, mas que ainda nos permitem afirmar que há sim a reprodução de preconceito, tendo em vista o simples fato do objetivo previsto em lei ser a promoção e preservação da cultura negra, agrava um pouco mais esta situação. As ideias revolucionárias do Século XVIII, produzidas pelo Iluminismo, haviam abalado as antigas razões que sustentavam a escravidão, apregoando, principalmente, conforme Costa, "A supremacia das leis e os direitos naturais do homem, entre os quais o direito de propriedade, liberdade e igualdade de todos perante a lei". 
       Deixa -se evidente nesse projeto de ensino que conciliar o direito de propriedade dos senhores de escravos com o direito à liberdade e à igualdade desses servos passou a ser, então, a grande contradição que alimentava os debates e as ideias em torno do regime escravista.
REFERÊNCIAS
Geledes.org.br/texto: Sujeitos sociais e interesses sociais envolvidos na abolição da escravidão no Brasil.
Charge: Fonte: Chalhoub, Sidney. Os Mitos da Abolição. In: TRABALHADORES – Escravos. Campinas, 1989, p. 36-37
 
Fotografia: Escravas cozinhando na roça, 1858. Foto do francês Jean-Vitor Frond e litografia de Benoist. – fonte: enciclopédia.Itaucultural.org.br
Evanna Soares - Procuradora Regional do Ministério Público do Trabalho na 7ª Região (CE). Doutora em Ciências Jurídicas e Sociais (UMSA, Buenos Aires). Mestra em Direito Constitucional (Unifor, Fortaleza). Pós-graduada (Especialização) em Direito Processual (UFPI, Teresina).
Ana Guerra Ribeiro de Oliveira – estudante da graduação em Direito pela FD_UFMG e monitora de graduação da disciplina Teoria Geral do Estado.
 
Jus.com.br/artigos/1882/ Abolição da escravatura e principio da igualdade no pensamento constitucional brasileiro

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