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CARTA DE JOÃO 1. A VIDA CRISTÃ EXPRESSA NO AMOR DE DEUS As provas disponíveis indicam que João, o apóstolo, provavelmente foi o autor do evangelho do mesmo nome, mas também destas três cartas: 1ª, 2ª e 3ª João. Estas cartas foram escritas, segundo se supõe, entre os anos 85 e 100 d.C. no século I. A primeira carta de João é muito mais extensa que as outras e afirma rigorosamente a humanidade de Jesus Cristo, ou seja, que o “verbo se encarnou”. João também defende a questão, de que a igreja seja um corpo harmonioso unido pelo amor de Deus e desta forma combatendo algumas heresias docéticas[1], do século II. A primeira carta de João ratifica uma verdade sobre o evangelho de João de que, Jesus Cristo é o Filho de Deus e mostra ações e palavras obrigatórias aqueles que acreditam nesta verdade. A carta retrata os fundamentos de segurança de uma vida cristã evidenciando uma a afetividade com Deus, na condição de Pai para com seus “filhinhos” na fé, onde ele exorta a procurar manter o amor em prática que produz a união perfeita entre os irmãos e com Deus. A carta tem também o propósito de definir algumas regras para que seja provada a verdadeira vida espiritual, regras essas para aqueles que professam uma vida em amor e santidade e provam que realmente o fazem. João exorta também sobre doutrinas enganosas e por causa destas doutrinas, que são incompatíveis para uma vida verdadeiramente cristã, não se apostatem da fé, mas ainda sim, ele se apresenta como um apóstolo afetuoso recebendo o titulo de “apostolo do amor”. É muito comum em sua carta usar as palavras “amor” e “filhinhos” “Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados por amor do seu nome”, (1Jo 2.12) – dando assim à sua carta um sentimento afetivo. A visão de João é clara, seu propósito é elaborar um escrito de sabedoria onde pretende anunciar ensinamentos de vida cristã, com o intuito de direcionar os cristãos a uma vida em plenitude na fé e no amor de Deus, que se revelou em Jesus Cristo para que ele se revele no mundo. [1] (Docetismo (do grego δοκέω [dokeō], “parecer"), é o nome dado a uma doutrina cristã do século II, considerada herética pela Igreja primitiva. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Docetismo, acesso 14/09/2013) https://www.blogger.com/blog/post/edit/7485087613513342812/2183604662528535720 https://www.blogger.com/blog/post/edit/7485087613513342812/2183604662528535720 https://www.blogger.com/blog/post/edit/7485087613513342812/2183604662528535720 1.1 Vivendo o amor em Cristo contra o perigo da secularidade A primeira carta de João tem como objetivo central evidenciar a “verdadeira” humanidade de Jesus Cristo, “[...] o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, a respeito do Verbo da vida” (1Jo 1.1), contestando as heresias docéticas de que Cristo não era verdadeiramente humano. Devido a essas heresias, João se posiciona e escreve para os cristãos que o propósito da encarnação foi dar “vida” que é a base necessária para que os pecadores regenerados tenham comunhão com Deus e seu Filho Jesus Cristo. João também condenava os falsos ensinamentos de que, o conhecimento celestial não implicava sua conduta moral e que poderiam cometer todos os pecados de que lhe aprazem, porém João condenava estes ensinamentos que destruía a santidade que oposta ao cristianismo. Nesta seção torna-se muito claro que, longe de ser certo que toda a conduta seja igual para o homem iluminado, o caráter de sua conduta demonstra se está iluminado ou não. “Deus é luz; quer dizer, Ele é a fonte da verdade pura”. Quem voluntariamente anda na escuridão do pecado, mente em ter comunhão com este Ser. (PEARLMANN, 1977, p.333) Dentro desta perspectiva, João expressa o caráter do cristão como “iluminado” por Deus em Jesus Cristo que é a “Luz” dos homens, “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens”, (Jo 1.4). Consequentemente a conduta do cristão esta na obediência aos mandamentos de Deus, que viria contra a declaração dos falsos mestres em dizer que bastava ter o conhecimento do amor, porque esse conhecimento é que ilumina o homem, mas sua prática seria totalmente relevante. João pretende comprovar aos cristãos que esse conhecimento é uma fraude e que todo conhecimento de Deus proporcionará em santidade, fé e vida abundante, e quem sem esta é algo morto e vão. Desta forma ele ordena aos cristãos que provem se tem verdadeiramente o conhecimento de Deus, demonstrando pelas suas condutas os mandamentos nos qual a eles foram imputado. A comunhão em Jesus Cristo significa que o cristão não será atraído por prazeres ou desejos mundanos (2.12-17), por que ele sabe que as coisas mundanas são transitórias (2.16-17). Existiam aqueles, todavia, que quiseram romper esta comunhão (2.18-28), aqueles que dissociaram da igreja cristã, porque nunca foram uma parte verdadeira da comunhão (2.18-19). Eles são “anticristos”, uma vez que negam que Jesus é o Cristo (2.20). Portanto o verdadeiro cristão não pode ter nenhuma comunhão com eles. (HALE, 2001, pgs. 415 a 416). https://www.blogger.com/blog/post/edit/7485087613513342812/2183604662528535720 João afirma que os cristãos como “filhos de Deus” devem ter características do Pai e apresentar semelhança de Cristo, “aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou” (1Jo 2.6), e por causa desta conduta o cristão não terá uma vida em pecado porque confirma ser um “filho de Deus”, e não do Diabo. A prova disso esta na relação ativa para com os outros, onde se manifesta o caráter do Jesus Cristo expresso pelo o amor de Deus, e não tendo má conduta proporcionada pelos falsos ensinamentos que provem dos anticristos para destruir a comunhão dos “filhos de Deus” para com Ele. Os crentes ouviram falar do anticristo que virá ao fim desta ultima época. Mas o seu espírito está no mundo presente na pessoa de certos mestres falsos que negam a divindade e a missão messiânica de Cristo. O cristão não deve ser desviado de seu caminho pelos argumentos sutis e aparentemente certos de que estão em erros, porque o Espírito os conduzirá a toda a verdade. (PEARLMANN, 1977, p.333) A carta de João exorta os cristãos, nesta questão em que o Espírito Santo os conduzirá a verdade no momento das suas conversões. Ensinando todas as coisas para que tenham uma vida correta diante de Deus, tendo confiança na vinda de Cristo e desfrutando da permanência da vida prática de justiça e amor, que comprova o relacionamento do cristão com Jesus Cristo. João sustenta o maravilhoso amor dado por Deus, para que o cristão tenha uma vida imensurável, ele deve causar profunda admiração e louvor, pelo privilégio de seu amor maravilhoso, tornando-os filhos, gerando um comportamento familiar entre os cristãos, de modo que, tal comportamento é ignorado pelo mundo, por não conhecerem Jesus Cristo como “Salvador”, o que provem da experiência pessoal com Deus. O amor que João fala [...], o amor de Deus, que o levou anos redimir. Mas também é nossa resposta ao amor de Deus, vivida na forma de nosso amor por Ele, é como o amor que temos uns pelos outros na família da fé. Em um sentido real, o crente olha-se a vida em um campo permeado de amor. O que sentimos é tão impressionante e real, que não há lugar para o temor. (RICHARDS, 2007, p.538) A pessoa que sente o temor ainda não experimentou o verdadeiro amor de Deus, “e quem tem medo não está aperfeiçoado no amor” (1Jo 4.18). Ela precisa passar por uma experiência com Deus para aprender sobre a essência deste amor que é Cristo, e como cristão, abrir seu coração para amar os outros e revelar-se como modelo para sociedade onde vive. A carta exorta para que o cristão penetre na atmosfera do amor de Deus. João cita Caim como exemplo de incorrigível, Maligno – destituído do amor de Deus onde, seu ódio proporcionou o assassinato de seu irmão. Caim comprova sua má conduta, que para João expressao ódio do mundo contra os cristãos, e esse ódio vem do príncipe deste mundo (Diabo). O ódio se inclina para a prática do mal, mas o amor de Deus regenera uma vida tornando-a nova que se inclina para o bem. A supremacia do amor de Deus está no sacrifício de Jesus Cristo que comprovou sua boa conduta como exemplo ativo de amor, que foi a garantia e aceitação autêntica por Deus, a prática do amor verdadeiro. João exorta a igreja a não se escandalizar com o ódio do mundo, pois o mundo é a posteridade de Caim. Os filhos de Caim são filhos do Maligno e eles odeiam a igreja como odeiam a Cristo, [...]. O verdadeiro crente é conhecido pela sua fé em Cristo, seu amor aos irmãos e sua santidade de vida. O amor é a apologética final, uma vez que o amor é o maior mandamento, cumprimento da lei e a evidencia cabal de que somos discípulos de Cristo. (LOPES, 2010, pgs. 174 A 175). João enfatiza que, Jesus Cristo morreu por amor a nós e isso prova o amor de Deus. As ações desse amor em nós demonstram que somos discípulos de Jesus Cristo, isto é, verdadeiros cristãos. O que comprova que, o amor que Deus teve por nós, revelado pela a morte vicária Jesus Cristo, elimina todas as duvida quanto à aceitação de Deus por nós, ou seja, é através do amor de Deus, pela morte de Jesus Cristo que recebemos a salvação. 1.2 Uma vida de amor entre os cristãos renunciando à apostasia A carta de João tem como um alerta a questão do “erro”, onde os cristãos devem discernir os espíritos para que possam saber se realmente vem de Deus ou do mundo. O alerta se faz necessário, porque, existiam falsos profetas que ameaçavam a comunhão dos cristãos. Esses falsos profetas, segundo João, são providos de espíritos “demoníacos” que criavam dúvida sobre a “divindade” e a “encarnação” de Jesus Cristo de certa forma levando muitos ao “erro”, consequentemente dando uma visão falsa da obra e da pessoa de Jesus Cristo. O perigo eminente era que o espírito do anticristo já estava operando no mundo, e esses falsos profetas eram seus emissários, e por não aceitarem o evangelho pregado pelo apóstolo a respeito da encarnação e ressurreição de Jesus Cristo, maculavam sua obra e impunham seus ensinamentos mundanos. O perigo imediato do erro é novamente enfatizado pela lembrança de que o espírito do anticristo já esta no mundo. Os crentes, porém, tem vivo em si poder maior (o Espírito Santo) do que aquele que age no mundo (o poder de Satanás) e o Espírito lhes possibilitam superar os falsos profetas, cuja fonte da palavra é o mundo. (LARSON, apud UNGER, 2006, p.663). https://www.blogger.com/blog/post/edit/7485087613513342812/2183604662528535720 Os cristãos não podem ser desviados do seu caminho e perder sua comunhão com Deus e seus irmãos por causa do falso ensinamento dito pelos falsos profetas, porque são estes que, com sutileza trazem argumentos caluniosos a respeito de Jesus Cristo, criando distorções a respeito da verdade. Os cristãos devem ter o discernimento do Espírito Santo para reconhecer o espírito mundano e enganador, que possa levá-los ao “erro” e assim aniquilar a fé na pessoa de Jesus Cristo e na sua obra. Pela terceira vez, João trata do “amor”, mas desta vez no intuito de orientar os cristãos a respeito do amor mútuo entre eles, que seja maior que a comunhão. O amor esta alicerçado no amor de Deus, como fonte para aqueles que têm uma experiência com Deus, “porque Deus é amor” (1Jo 4.8). Este amor deve ser revelado no caráter e na conduta dos cristãos para com o próximo, não praticar esse amor é o mesmo que não aceitar o sacrifício de Jesus Cristo e não ter comunhão com Deus. Portanto, os “filhos de Deus” ao praticarem esse amor exibem com alegria ser a imagem e semelhança de Deus. A prova do nosso amor para com Deus invisível é o amor para com nosso irmão, que é feito e restaurado à imagem de Deus (1Jo 4.19-21); a prova do nosso verdadeiro amor para com os irmãos encontra-se em nosso amor para com Deus (1Jo 5.1-2); [...]. (PEARLMANN, 1977, p.333) A manifestação do amor de Deus é demonstrada pelos seus filhos que exibem a sua imagem e semelhança. Os filhos têm o dever de proporcionar este amor para com todos, porque é desta forma que o mundo reconhece o amor de Deus. Cristo revelou o amor de Deus para com os homens sem pedir nada em troca, transformando-os de criaturas para serem “filhos de Deus”. Assim como o Filho unigênito de Deus, deu sua vida, em prol de outras vidas por amor, os “filhos de Deus” também devem dar suas vidas em prol da vida de seus irmãos, revelando o amor de Deus. Qual seria a intenção de João em dizer aos cristãos que Jesus Cristo veio da água e do sangue? A intenção de João era ratificar que Jesus Cristo era o mesmo desde o seu nascimento até sua morte – é o homem Jesus e o Cristo de Deus. Dessa forma João afirma que o Espírito da verdade testemunha na terra com a água e o sangue a divindade e humanidade de Jesus Cristo, combatendo as heresias dos falsos profetas. “Diante de um tribunal a evidencia factual do batismo de Jesus (água) e de sua morte (sangue) está em completa concordância o testemunho do Espírito”. (KISTEMAKER, apud LOPES, 2010, p.213). O batismo (água) e a morte (sangue) são manifestações históricas da natureza divino- humana de Jesus Cristo, “Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo” (1Jo 5.6). Mas somente o Espírito Santo que testifica esta obra para que possa ser entendido o significado sobre o batismo e morte, de maneira que os cristãos e todos que ouvissem a mensagem do evangelho pudessem entender. Apesar de as interpretações forem muitas variadas, geralmente os estudiosos concordam que essa oração é relativa à histórica de Jesus, isto é, os termos água e sangue referem-se respectivamente ao inicio e ao fim do ministério de Jesus, marcados por seu batismo no rio Jordão e sua morte na cruz do calvário. (Lopes, 2010, p.214) Os falsos profetas diziam que Jesus cristo não havia experimentado a morte, então provavelmente João tenha escrito esta oração com o intuito de combater esta falsa heresia que colocava em xeque o nascimento e a morte de Jesus Cristo. A carta tem o propósito de ensinar aos cristãos que, Jesus Cristo é o filho de Deus e que iniciou sua obra quando foi batizado e a completou quando expeliu seu sangue na cruz e morreu. Outra “tríplice” que João faz referência em sua carta é sobre a “Trindade Divina” como testemunhas do céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo. Embora as Escrituras não afirmem esta “Trindade Divina”, João deixa explicita a evidência de que Deus é, uno e trino ao mesmo tempo, representado pelos três: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo. Não acreditar neste ensinamento do apóstolo, resultaria na confiança do ensinamento herético (gnósticos), pois o que João ensinava era para que entendessem que Jesus Cristo (a Palavra) era o verdadeiro Filho de Deus, portanto divino, assim como o Pai e o Espírito Santo, ou seja, da mesma essência. Embora a palavra Trindade na seja escrita na Bíblia, o seu conceito está mediantemente claro tanto no Antigo como no Novo Testamento. Deus é uno e trino ao mesmo tempo. Não são três deuses, mas um só Deus, da mesma substância, em três pessoas distintas. Recusar o testemunho de que Deus dá a cerca do próprio Filho é considerar Deus mentiroso. (LOPES, 2010, p.214) João escreve esta carta para todos aqueles que “creem no filho de Deus” e colocam sua “fé” em Jesus Cristo, “creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo” (3.23). Ele repetitivamente fala da pessoa de Jesus Cristo, como a revelação plena de Deus, para que ninguém se engane e deixe se levar pelos falsos ensinamentos a respeito do Filho de Deus, ao qual, o apostolo defende com veracidade. Cometer um grande engano é não acreditar nesta verdade e cair nas redes das heresias gnósticas que rondavam os cristãos. O verdadeiro propósito é o testemunho deDeus que está no céu e na terra a respeito de seu Filho Jesus Cristo, em quem crendo nele terá a vida eterna. “A incredulidade não é um infortúnio a ser lamentado, mas um pecado a ser deplorado”. (STOTT, apud LOPES, 2010, p.214). João orienta aos cristãos a seguirem o caminho da “oração” porque, esta é a maneira de demonstrar a comunhão com Deus e confiar nele em todos os momentos de suas vidas. A oração era a única forma de pedir algo que eles necessitavam e que, também deveriam orar pelos irmãos que estavam em “pecado” para que fossem redimidos. João declarava que, Deus responde as orações segundo a sua vontade, realizando assim, seus pedidos, pois se submeter à vontade de Deus ao pedir com fé. Deus os ouve, João enfatiza essa ação quando afirma: “ele nos ouve” (1Jo 5.14), e está é a evidencia da verdadeira comunhão com Deus. A oração não é um recurso conveniente para impormos a nossa vontade a Deus, ou para dobra a sua vontade à nossa, mas, sim, o meio prescrito de subordinar a nossa vontade à de Deus. É pela oração que buscamos a vontade de Deus, abraçamo-la e nos alinhamos com ela. Toda oração verdadeira é uma variação do tema, “Faça-se a tua vontade”. (STOTT, 1982, p.159) Para João a comunidade cristã deveria orar sem cessar uns pelos outros, para que houvesse remissão dos pecados, sendo esta uma evidencia da misericórdia de Deus. Outro aspecto era com referencia aos falsos profetas que por estarem no mundo, criavam desordem com seus falsos ensinamentos na comunidade cristã, porque desta forma demonstravam incomodo com as doutrinas pregadas pelo apostolo que enfatizava a oração relacionada com a comunhão com Deus, como próprio Jesus ensinava: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação” (Mt 26.41). A segunda carta de João, ele faz uma observação exortando aos cristãos quanto ao perigo iminente dos falsos mestres para que tenham cautela, porque esse tem a intenção de enganá-los. É possível que João esteja fazendo esta exortação, porque embora muito cristão estivesse enraizados nos ensinamentos do aposto referente a Jesus Cristo, poderia ter outros que se conformavam com os ensinamentos dos falsos mestres que denegriam a pessoa de Jesus Cristo. A expressão que João utiliza, “andando na verdade” pode siguinificar que alguns estavam em sintonia com a Palavra de Deus, e suas condutas estavam em concordância a tudo o que o Deus (Pai) os ordenou. Esta expressão “Pai” tem como intuito lembrar aos cristãos que a verdade veio através de Jesus Cristo como o unigênito do “Pai”. O propósito maior desta pequena missiva é alertar a igreja a cerca da necessidade de se viver à luz da verdade. Muitas heresias estavam sendo espalhadas pelos falsos mestres e a igreja precisava se acautelar para não naufragar na fé. Conhecer a verdade, andar na verdade e permanecer na verdade são orientações de João a igreja para não sucumbir diante deste cerco dos falsos mestres. (LOPES, 2010, p.229) Esta missiva tem grande importância devido ao ataque dos falsos mestres contra a comunidade cristã (igreja) insistentemente, pois eles não paravam de propagar seus ensinamentos heréticos negando a divindade e a humanidade de Jesus Cristo. Isso poderia ser a causa da disseminação da igreja, colocando duvidas quanto à pessoa de Jesus Cristo e sua obra redentora e ressurreição e também, como sendo ele mesmo o Filho de Deus. Esse provavelmente poderia ser o grande motivo de alguns cristãos não resistirem a esse ataque e acabarem se desviando da fé. João alerta contra estes falsos mestres que tinham uma postura ética e, com isso, enganavam muitos os conduzindo a uma conduta de vida duvidosa. Estes falsos mestres eram itinerantes e andavam por toda parte da Ásia Menor pregando seus falsos ensinamentos como verdadeiros emissários do Diabo, o “anticristo” com uma roupagem de missionários cristãos, com a pretensão de introduzir uma doutrina herética. Era esse o atrativo que levava muitos cristãos ao perigo do naufrágio na fé. João chama o falso mestre de enganador e anticristo. Descrevendo-o para seus leitores e os admoesta para que não percam suas posses espirituais. [...] João não tem medo de dar nomes ao falso mestre. Aqui ele chama não apenas de enganador, mas também de o anticristo, ou seja, a pessoa que vem no lugar de Jesus Cristo (comparar com 1Jo 2.18-22; 4.3). No começo do (v.7), João se refere a muitos enganadores. Portanto devemos entender o termo o anticristo como um nome coletivo. (KISTEMAKER, 2006, pgs. 508 a 509). Os falsos mestres chamados por João de enganadores e anticristo eram dotados de engano sobre a encarnação de Cristo e seus ensinamentos desviam os cristãos das veredas da justiça. Pregava um falso cristo, uma tipologia de um “cristo intelectual” embasada em suas filosofias gnóstica seduzindo os cristãos a uma falsa vida sem esperança. João exorta os cristãos para que tenham cautela quanto a aços do anticristo, “Tal é o enganador e o anticristo” (2Jo 1.7). A terceira carta de João é destinada ao seu amigo Gaio. João faz algumas recomendações como alerta, advertindo sobre falsos lideres que defendiam uma verdade, mas negavam o amor, e que os cristãos deveriam acolher como a prova desse amor, aqueles que anunciavam a Palavra de Deus. João se refere ao seu amado amigo Gaio pelo seu testemunho na verdade no qual, professa, dotado de um amor cristão que não é apenas dito, mas demonstrado como exemplo para toda a comunidade cristã. Gaio tinha um caráter especial, atraia pessoas pelo seu testemunho de amor e bondade. João também faz menção a Diótrefes, no qual, se queixa por não acolher os irmãos (missionários - aqueles que anunciavam a Palavra de Deus), indo contra os ensinamentos de João e dando mal testemunho a comunidade cristã. Por outro lado se refere a Demétrio fazendo elogios provavelmente por ser o oposto de Diótrefes, mas seguindo o exemplo de seu amigo Gaio. João intervém a Deus pela prosperidade na vida de seu amigo Gaio pelo trabalho realizado na obra de Deus, nos aspectos espirituais e sociais que ele se dispunha a fazer, não somente a comunidade cristã, mas pelo acolhimento hospitaleiro com os missionários, evidenciando ser um grande seguidor dos ensinamentos do apostolo que estão embasados no evangelho de Jesus Cristo. “Um pastor verdadeiro interessa-se tanto pela saúde espiritual da alma como a saúde física do corpo dos crentes”. (BARCLAY, apud LOPES, 2010, p.253). O testemunho real de Gaio mencionado por João em sua carta, de certa forma combatia as ações dos falsos mestres, que não exerciam esta prática de amor, hospitaleira condizente com uma verdadeira conduta ética cristã, mas também contra alguns maus cristãos que como Diótrefes, coinsidia com as atitudes dos falsos mestres. Dirigida primariamente a Gaio, pastor ou dirigente na Igreja, III João preocupa-se menos com as verdades teológicas e mais com os assuntos administrativos do que as duas epistolas. Trata da hospitalidade que deve ser dispensada aos irmãos missionários, os quais cumpre encorajar ao visitarem as igrejas a caminho do seu trabalho, e da atitude pouco amável de Diótrefes, que merece uma repreenda. (TENNEY, 1995, p.404) João fala do testemunho de Gaio, de um perfeito caráter e seguidor das orientações do próprio apóstolo, enfatizada em seus ensinamentos ditos por Jesus Cristo como na parábola do samaritano, “deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida dele” (Jo 10.35). João orienta a Gaio para tomar estas palavras como exemplo e fazer o que é bom, observando Demétrio como o modelo, e não seguir maus exemplos, supostamente os de Diótrefes. João conclui as cartas dizendo que tinha muitas coisas para escrever, mas insita os cristão a serem solícitos e amáveis, não seguir falsos ensinamentos ditos por aqueles que não acreditam que Jesus Cristo era o Filho de Deus, e que sua encarnação, mortee ressurreição eram questionáveis, por que segundo seus ensinamentos, o divino jamais poderia se tonar humano. Os cristãos não devem se contaminar com essas doutrinas, mas tem a obrigação de seguir os ensinamentos dados ao apostolo e transmitidos para eles, para que fossem merecedores da misericórdia e da graça de Deus e, para que não sobrevenha o juízo divino. João ainda saúda a Gaio e a cada um dos amigos, nome por nome, “Saúda os amigos nominalmente” (3Jo 1.15), para que nenhum seja esquecido. "A visão de João é clara, seu propósito é elaborar um escrito de sabedoria onde pretende anunciar ensinamentos de vida cristã, com o intuito de direcionar os cristãos a uma vida em plenitude na fé e no amor de Deus, que se revelou em Jesus Cristo para que ele se revele no mundo." Pr Diógenes Silva