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FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo UMA PALAVRA Toda a discussão cristológica parte da resposta que se dá à pergunta do próprio Cristo: “Quem diz o povo ser o Filho do homem?” e da crença na declaração bíblica: “...e Verbo era Deus.” Cristo foi para o seus contemporâneos o que poderíamos chamar, um ser controverso. Dificilmente duas pessoas pensavam e diziam a respeito dele a mesma coisa. Muitos daqueles que o viam comendo, diziam: “Ele é um glutão” (Mt 11.19). E eram esses mesmos que, ao saberem que Ele se abstivera de comer, diziam: “Este tem demônios. “Muitos daqueles que testemunhavam a operação dos seus milagres, diziam: “Ele engana o povo”, ou “Ele opera sinais pelo poder dos demônios.” Quanto ao seu ministério, aqueles que o viam citando a Lei, diziam: “Este é Moisés.” Aqueles que viam o seu zelo em despertar nos homens fé no verdadeiro Deus, diziam: “Este é Elias.” Aqueles que o viam chorando enquanto consolava os infelizes e abandonados, diziam: “Este é Jeremias.” Aqueles que o viam pregar o arrependimento como meio único do homem alcançar o perdão divino, diziam: “Este é João Batista.” Ninguém contudo, exceto os seus discípulos, conhecia a sua verdadeira identidade. A revelação de Cristo não nos vem por canais humanos e naturais; é produto da revelação divina através de vidas transformadas pelo Espírito Santo. Para João Batista, Cristo é “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo1.29). Para os samaritanos que o viram junto ao poço de Jacó, Ele é “verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo4.42). Para Maria Madalena, Ele é “o meu Senhor” (Jo 20.13). Para Tomé, Ele é o “Senhor meu e Deus meu!” (Jo20.28). Para o apóstolo Paulo, Ele é aquele no qual tudo subsiste (Cl 1.17). Para o escritor da carta aos Hebreus, Ele é o “sumo sacerdote..., santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores, e feito mais alto do que os céus” (Hb 7.26). Para Deus Pai, Ele é “o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17). Para os seres celestiais, Ele é o “Rei dos reis, e Senhor dos senhores” (Ap 19.16). Nossa oração à Deus é que até ao término desta matéria, você tenha o necessário conhecimento espiritual quanto à pessoa de Jesus Cristo, fonte divina da nossa expiação. Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 01 02 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo I.AS DUAS NATUREZAS I.1. A HUMANIDADE DE CRISTO A PESSOA DE CRISTO Como Jesus pode ser Plenamente Deus e plenamente homem, e ainda assim uma pessoa? Podemos resumir da seguinte maneira o ensino bíblico acerca da pessoa de Cristo: Jesus Cristo foi plenamente Deus e plenamente homem em uma só pessoa. O material bíblico que sustenta essa definição é extenso. Discutiremos primeiro a humanidade de Cristo, depois sua divindade e, em seguida, tentaremos mostrar como a divindade e a humanidade de Jesus unem-se na única pessoa de Cristo. O Nascimento Virginal – Quando falamos na humanidade de Cristo, convém iniciar com uma consideração do nascimento virginal de Cristo. As Escrituras afirmam claramente que Jesus foi concebido no ventre de sua mãe, Maria, por obra miraculosa do Espírito Santo e sem um pai humano. “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo (Mt 1.18). Logo depois, um anjo do Senhor[Gabriel?] disse a José, que havia desposado Maria: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo” (Mt 1.20). Então, lemos que: “José fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher. Contudo, não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus” (Mt 1.24,25). A importância doutrinária do nascimento virginal é vista em pelo menos três áreas: Questionário Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC03 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo 1) Como você explica o nascimento virginal de Cristo? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 1.Mostra que a salvação em última análise deve vir do Senhor - Exatamente como Deus havia prometido que a “Semente” da mulher (Gn 3.15) acabaria por destruir a serpente, Deus torna isso em realidade pelo seu poder, não por meros esforços humanos. O nascimento virginal de Cristo é um lembrete inequívoco de que a salvação jamais pode vir por meio do esforço humano, mas deve ser obra do próprio DEUS. (Gl 4.4,5). 2.O Nascimento virginal possibilitou a união da plena divindade e da plena humanidade em uma só pessoa - Esse foi o meio empregado por Deus para enviar seu Filho (Jo3.16; Gl 4.4) ao mundo como homem. Se pensarmos por um momento em outros meios possíveis pelos quais Cristo poderia ter vindo ao mundo, nenhum deles uniria com tamanha clareza a humanidade e a divindade em uma pessoa. É provável que Deus pudesse criar Jesus no céu como um ser completamente humano e enviá-lo para que descesse do céu à terra sem o benefício de nenhum genitor humano. Mas nesse caso ser-nos-ia muito difícil ver como Jesus poderia ser plenamente humano como somos, e ele não faria parte da raça humana que descende fisicamente de Adão. Por outro lado, é provável que fosse bem possível para Deus fazer Jesus entrar no mundo por meio de genitores humanos, pai e mãe, e com sua plena natureza divina miraculosamente unida à sua natureza humana em algum momento no início de sua vida. Mas então ser- nos-ia difícil compreender como Jesus seria plenamente Deus, uma vez que sua origem seria como a nossa em todos os sentidos.Quando pensamos nessas duas outras possibilidades, isso nos ajuda a compreender como Deus, em sua sabedoria, ordenou uma combinação de influência humana e divina no nascimento de Cristo, de modo que sua plena humanidade nos seria evidente pelo seu nascimento humano comum por meio de uma mulher, e sua plena divindade seria evidente por sua concepção no ventre de Maria pela obra poderosa do Espírito Santo. 3.O nascimento virginal também torna possível a verdadeira humanidade de Cristo sem a herança do pecado - Os seres humanos herdaram a culpa legal e uma natureza moral corrupta do primeiro ancestral, Adão (ao que às vezes dá-se o nome “pecado herdado” ou “pecado original”). Mas o fato de Jesus não ter tido um pai humano significa que a linha de descendência de Adão é parcialmente interrompida. Jesus não descendeu de Adão da maneira exata pela qual todos os outros seres humanos descendem de Adão. E issonos ajuda a compreender por que a Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 04 05 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo culpa legal e a corrupção moral que pertencem a todos os outros seres humanos não pertencem a Cristo. Essa idéia parece estar implícita na declaração do anjo Gabriel a Maria, em que ele lhe diz: O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que nascer será chamado santo, Filho de Deus (Lc 1.35 NVI). Mas por que Jesus não herdou uma natureza pecaminosa de Maria? [A Igreja Católica Romana responde a essa pergunta dizendo que a própria Maria era isenta de pecado], porém as Escrituras não ensinam isso em parte alguma, e de qualquer maneira isso não resolveria o problema (pois como, então, Maria não herdou o pecado da mãe?). Solução melhor é dizer que a obra do Espírito Santo em Maria deve ter evitado não só a transmissão do {pecado?} de José (pois Jesus não teve pai humano), mas também, de maneira miraculosa, a transmissão do pecado de Maria: “Descerá sobre ti o Espírito Santo [...] por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lc 1.35). IMPORTANTE: Tertuliano, um ministro da Igreja cristã primitiva, mostrou aos pagãos de seus dias que seus mitos serviam apenas de objeto do ridículo público, e que não havia termo de comparação entre suas fábulas revoltantes e os registros evangélicos do Nascimento Virginal de Cristo. Nossos oponentes replicam que Buda e Zoroastro, além de outros, segundo afirmavam seus seguidores, teriam nascido de virgens. A isso retruca o Dr. Orr: “Nenhum escritor pagão de nomeada, pelo menos durante duzentos ( 200 ) anos depois de Buda, afirmou que ele tivesse nascido de uma virgem. Todo estudante da história sabe que nunca se pôde encontrar coisa alguma, nas vidas desses antigos personagens, capaz de convencer qualquer pessoa de são juízo de que eles tivessem nascido sobrenaturalmente, e as pessoas inteligentes daqueles tempos não aceitaram tais contos como verdadeiros. Acresce, ainda, que as predições messiânicas, encontradas no Antigo Testamento e cumpridas na vida de Cristo, constituem evidência adicional. Nada semelhante pode ser dito a respeito de Buda, de Maomé ou de qualquer outro fundador de religião pagã. Os profetas, séculos antes de Cristo, predisseram o lugar de Seu nascimento, os Seus sofrimentos e Sua expiação do pecado. Portanto, o argumento baseado em mitos pagãos, apresentado para derrubar o nascimento miraculoso de Cristo, CAI POR TERRA. Questionário 1) Jesus é adâmico? Explique ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ FRAQUEZAS E LIMITAÇÕES HUMANAS 1.Jesus possuía um CORPO Humano – O fato de que Jesus possuía um corpo humano exatamente como o nosso é visto em muitas passagens das Escrituras. Ele nasceu assim como nascem todos os bebês humanos (Lc 2.7). Ele passou da infância para a maturidade assim como crescem todas as outras crianças (Lc 2.40). Ale, disso, Lucas diz que “crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2.52). Jesus ficava cansado exatamente como nós (Jo4.6). Ele tinha sede (Jo19.28). Teve fome (Mt 4.2). Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 06 07 08 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo Quando Jesus estava caminhando para a crucificação, os soldados forçaram Simão Cireneu a carregar sua cruz (Lc 23.26), mais provavelmente porque Jesus estava tão fraco depois dos açoites que havia recebido, que não tinha forças suficientes para carregá-la por si. O auge das limitações de Jesus quanto ao seu corpo humano quando ele morreu sobre a cruz (Lc 23.46). Seu corpo humano deixou de conter a vida e parou de funcionar, assim como acontece com o nosso quando morremos. Jesus também ressuscitou dos mortos num corpo humano, físico, ainda que aperfeiçoado e já não sujeito à fraqueza, enfermidade ou morte. Ele demonstra várias vezes aos discípulos que possui de fato um corpo real (Lc 24.39,42; Jo20.17,20,27; 21.9,13). Todos esses versículos juntos mostram que, no que diz respeito ao corpo humano, Jesus era COMO NÓS em todos os aspectos antes da ressurreição, e após a ressurreição ainda era um corpo humano com “carne e ossos”, mas tornado perfeito, o tipo de corpo que teremos quando Cristo voltar e formos também ressuscitados. Jesus continua existindo nesse corpo humano no céu, conforme a ascensão tem o propósito de ensinar. 2. Jesus possuía uma MENTE Humana – O fato de Jesus ter crescido em sabedoria (Lc 2.52), significa que ele passou por um processo de aprendizado assim como acontece com todas as outras crianças – ele aprendeu a comer, a falar, a ler e a escrever, e a ser obediente a seus pais (Hb 5.8). Esse processo normal de aprendizado fazia parte da genuína humanidade de Cristo. Também vemos que Jesus possuía um mente humana como a nossa quando ele fala do dia em que retornará à terra: “Mas a respeito daquele dia ou da hora ninguém sabe; nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai” (Mc 13.32). 3. Jesus possuía Alma Humana e Emoções humanas – Vemos várias indicações de que Jesus possuía alma humana. Logo antes de sua crucificação (Jo12.27). Neste versículo a palavra angustiar representa o termo grego tarassõ, palavra muitas vezes empregada em referência a pessoas ansiosas ou que de repente são surpreendidas por um perigo. Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 09 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo Além disso, antes da crucificação, percebendo o sofrimento que enfrentaria, Jesus disse: “A minha alma está profundamente triste até a morte” (Mt 26.38), tamanha aflição que sentia, a ponto de parecer que, caso se intensificasse um pouco mais, lhe roubaria a vida. Veja outros casos: Ele “admirou-se” (Mt 8.10) Ele “chorou” (Jo11.35) Ele “suplicou com lágrimas” (Hb 5.7) Impecabilidade – Ainda que o Novo Testamento seja claro em afirmar que Jesus era plenamente humano exatamente como nós, também afirma que Jesus era diferente em um aspecto importante: Ele era isento de pecado e jamais cometeu um pecado durante sua vida. Alguns objetam que se Jesus não pecou, então não era verdadeiramente humano, pois todos os humanos pecam. Mas os que fazem tal objeção simplesmente não percebem que os seres humanos estão agora numa situação anormal. Deus não nos criou pecaminosos, mas santos e justos. Adão e Evano jardim eram verdadeiramente humanos antes de pecar, e nós agora, apesar de humanos, não nos conformamos ao padrão que Deus deseja que preenchamos quando nossa humanidade plena, impecável, for restaurada. As declarações a respeito da impecabilidade de Jesus são mais explícitas no evangelho de João. Jesus fez a surpreendente proclamação: “Eu sou a luz do mundo” (Jo8.12). Se compreendermos que a luz representa tanto a fidedignidade como a pureza moral, então aqui Jesus está alegando ser a fonte da verdade e a fonte da pureza moral e da santidade no mundo - uma alegação estarrecedora que poderia ser feita só por alguém isento de pecado. Além disso, com respeito à obediência a seu Pai no céu, ele disse: “eu faço sempre o que lhe agrada” (Jo8.29; o tempo presente dá o sentido de atividade contínua: “estou sempre fazendo o que lhe agrada”). Ao final da vida Jesus pôde dizer: “...eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço” (Jo15.10). É significativo que quando Jesus foi julgado diante de Pilatos, apesar das acusações dos judeus, Pilatos só pôde concluir: “Eu não acho nele crime algum” (Jo18.38). Por que era necessário que Jesus fosse plenamente humano? – Quando João escreveu sua primeira epístola, circulava na igreja um ensino herético, segundo o qual Jesus não era homem. Essa heresia tornou-se conhecida como DOCETISMO. Essa negação da verdade acerca de Cristo era tão séria que João podia dizer que tratava de uma doutrina do anticristo: “Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo” (I Jo4.2,3). O apóstolo João entendia que negar a verdadeira humanidade de Jesus era negar um fato bem central do cristianismo, de modo que ninguém que negasse que Jesus veio em carne era enviado por Deus. Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 10 11 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo Quando examinamos o Novo Testamento, vemos vários motivos pelos quais Jesus tinha de ser plenamente humano para ser o Messias e obter nossa salvação. Podemos alistar aqui algumas razões: • Para possibilitar uma obediência representativa – Conforme observamos nos ensinamentos acima sobre as alianças entre Deus e o homem, Jesus era nosso representante e obedeceu em nosso lugar naquilo que Adão falhou e desobedeceu. Vemos isso nos paralelos entre a tentação de nosso Senhor (Lc 4.1-13) e a ocasião da prova de Adão e Eva no Jardim (Gn 2.15-3.7). Também reflete-se claramente na discussão de Paulo sobre os paralelos entre Adão e Cristo, na desobediência de Adão e na obediência de Cristo: Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos. (Rm 5.18-19). É esse o motivo pelo qual Paulo chama Cristo “o último Adão” (I Co 15.45) e pode chamar adão “o primeiro homem”, e Cristo, “o segundo homem” (I Co 15.47). Jesus tinha de ser homem para ser nosso representante e obedecer em nosso lugar. • Para ser um sacrifício substitutivo – Se Jesus não tivesse sido homem, não poderia ter morrido em nosso lugar e pago a penalidade que nos cabia (Hb 2.16,16; cf v. 14). Ele tinha de se tornar homem, não um anjo, porque Deus estava interessado em salvar homens, não anjos. Mas para isso “convinha” que fosse como nós em todos os sentidos, de modo que pudesse ser a “propiciação” para nós, o sacrifício substitutivo aceitável em nosso lugar. É importante aqui perceber que a menos que Cristo fosse plenamente homem, ele não poderia ter morrido para pagar a pena dos pecados do homem. Ele não poderia ter sido um sacrifício substitutivo por nós. • Para ser o único mediador entre Deus e os homens – Porque estávamos alienados de Deus por causa do pecado, necessitávamos de alguém que se colocasse entre Deus e nós e nos levasse de volta a Ele. Precisávamos de um mediador que pudesse representar-nos diante de Deus e que pudesse representar Deus para nós. Só há uma pessoa que preencheu esse requisito: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (I Tm 2.5). Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 12 13 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo • Para cumprir o propósito original do homem de dominar a criação – Deus colocou o ser humano sobre a terra para subjugá-la e dominá-la como representante divino. Mas o homem não cumpriu esse propósito, pois caiu em pecado. Então, quando Jesus veio como homem, foi capaz de obedecer a Deus e, assim, teve o direito de dominar a criação como homem cumprindo o propósito original de Deus ao colocar o homem sobre a terra (Hb 2.9. Jesus (após ter ressuscitado) de fato recebeu “toda a autoridade no céu e na terra” (Mt 28.18), e Deus lhe “pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja” (Ef 1.22). Aliás, um dia reinaremos com ele em seu trono (Ap 3.21) e experimentaremos , em sujeição a Cristo nosso Senhor, o cumprimento do propósito de Deus de reinarmos sobre a terra (Lc 19.17, 19; I Co 6.3). Jesus tinha de ser homem para cumprir o propósito original de Deus de que o homem dominasse sobre sua criação. • Para ser nosso exemplo e Padrão na vida – João nos diz: “...aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou” (I Jo2.6), e nos lembra que “quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele” e que essa esperança de futura conformidade com o caráter de Cristo confere mesmo agora pureza moral cada vez maior à nossa vida (I Jo3.2,3). Paulo nos diz que estamos continuamente sendo “transformados [...] na sua própria imagem” (II Co 3.18), avançando, assim, para o alvo para o qual Deus nos salvou: sermos “conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29) Pedro nos diz que, especialmente no sofrimento, temos de considerar o exemplo de Cristo: “pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos” (I Pe 2.21). Em Toda nossa vida cristã, devemos correr a carreira colocada diante de nós “olhando firmemente para o Autor e Consumador da Fé, JESUS” (Hb 12.2). • Para compadecer-se como Sumo Sacerdote – Se Jesus não tivesse existido na condição de homem, não teria sido capaz de conhecer por experiência o que sofremos em nossas tentações e lutas nesta vida. Mas porque viveu como homem, ele é capaz de compadecer-se mais plenamente de nós em nossas experiências (Hb 2.18; 4.15,16). 4. O Auto-Esvaziamento de Cristo – “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em CristoJesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz” (Fp 2.5-8). Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 14 15 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo O auto-esvaziamento (kenosis) de Cristo, que foi um ato voluntário, consistiu na desistência do exercício independente dos atributos divinos. Para ilustrar: os seres finitos têm o poder, até certo grau, de restringir os limites da consciência. Por ato da vontade, podemos excluir muitas coisas de nossas mentes. Esforçamo-nos por esquecer algo, e até certo ponto somos bem sucedidos. Quando Mary Reed foi para a colônia de leprosos para viver e morrer, não pôs ela uma espécie de “kenosis” em sua consciência? Não renunciou ela voluntariamente muito do conhecimento dos prazeres do movimento mundo exterior? Não se pode dizer outro tanto de David Livingstone e Dan Crawford, que se dirigiram para a mais escura África a fim de trabalhar entre os africanos? São ilustrações inadequadas, mas nos fornecem alguma indicação das possibilidades de auto-renúncia por parte do Filho de Deus. Como podia ser renunciado o exercício independente dos atributos divinos, ainda que por um breve período, seria inconcebível, se estivéssemos considerando o Logos ou Palavra de Deus conforme Ele é em Si mesmo, assentado sobre o trono do universo. A questão torna-se um tanto mais fácil quando nos relembramos que não foi o Logos como tal, mas antes, o Deus-homem, Jesus Cristo, em quem o Logos se submeteu a essa humilhação, possibilitando assim a auto-limitação. South diz: “Uma fonte pode estar quase transbordando de cheia; mas se extravasa apenas por um cano pequeno diâmetro, a corrente pode ser pequena e desprezível, igual à medida de seu condutor”. IMPORTANTE Foi a união do humano com o divino que limitou o Logos. O sentido geral é que Ele se despiu daquele modo de existência que Lhe era peculiar como idêntico a Deus. Mas ele pôs de lado a forma de Deus. Contudo, ao fazê-lo, não se despiu de Sua natureza divina. A alteração foi uma mudança de estado: forma de servo em lugar de forma de Deus. Sua Personalidade continuou a mesma. Seu auto- esvaziamento não foi auto-extinção, nem o Ser Divino foi transformando em mero homem. Em sua humanidade Ele reteve a consciência de ser Deus, e em Seu estado encarnado continuou a possuir a mente que O animava antes de Sua encarnação. Ele não era incapaz de asseverar igualdade, mas foi capaz de não asseverá-la. E assim, sem tentar evitar sua força, podemos aceitar a declaração inspirada de que Cristo verdadeiramente esvaziou a Si mesmo. CONCLUSÃO A Divindade, no sentido distintivo, podia encarnar-se em forma humana porque a personalidade humana contém os elementos essenciais a toda a personalidade, que são: autoconsciência, inteligência, sentimento, natureza moral e vontade. A personalidade é o ponto em que a criação ascendente retorna a Deus. O homem ostenta a imagem divina. O auto-esvaziamento de Cristo, na encarnação, foi a suspensão voluntária do pleno exercício dos atributos divinos, ainda que, potencialmente, todos os recursos divinos estivessem presentes. É-nos impossível entender completamente o processo pelo qual teve lugar esse auto- esvaziamento. Questionário Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 16 17 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo 1) Jesus tinha alma? Explique ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ I.2. A DIVINDADE DE CRISTO A divindade de Cristo é comprovada pelos nomes divinos a ele aplicados, conforme consta da Bíblia Sagrada. 1.chamado de Deus – Jesus é chamado “Deus” em vários trechos bíblicos. Na primeira lição deste livro, vimos como o termo [o Verbo] se refere sempre a Jesus. João 1.1 declara abertamente: “O Verbo era Deus”. Hebreus 1.8 lemos a declaração do Pai que diz acerca do Filho: “O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre.” E, em João 20.28, Tomé afirma sua fé, dizendo a Jesus: “Senhor meu e Deus meu”. Muitas vezes no Novo Testamento, Cristo é chamado “Senhor”, num uso específico da palavra grega Kurios, que é usada na primeira versão grega do Antigo Testamento somente com referência a [Jeová]. Tanto os judeus quanto os cristãos do Primeiro Século se recusaram a usar este título honorífico com referência aos imperadores romanos, os quais também se consideravam divinos e queriam ser chamados de “Senhor” (Kurios). 2.Chamado “O Senhor” – Cristo é chamado “Senhor Jesus” vinte e uma ( 21 ) vezes no texto do Novo Testamento. Em Atos 9.17, lemos as palavras de Ananias: “Saulo, irmão, O Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas ...” E em Atos 16.31, Paulo e Silas proclamavam ao carcereiro: “Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu e tua casa”. Jesus também identifica-se como o Senhor soberano do Antigo Testamento quando pergunta aos fariseus acerca de Salmos 110.1: “Disse o Senhor (Deus) ao meu Senhor (Cristo); Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés” (Mt 22.44). O significado dessa frase é que “Deus, o Pai, disse à Deus (Cristo e Senhor de Davi): Assenta-te à minha direita...” Os fariseus sabem que ele está falando de si mesmo e se Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 18 19 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo identificando como alguém digno do título vetero- testamentário Kyrios, “Senhor”. Tal uso é visto com freqüência nas epístolas, onde “o Senhor” é nome comumente empregado em referência a Cristo. Paulo diz: “... há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele” (I Co 8.6; cf 12.3 e muitas outras passagens nas epístolas paulinas). Uma passagem especialmente CLARA encontra- se em Hebreus 1 (já comentado), em que o autor cita o salmo 102, que fala sobre a obra do Senhor na criação e aplica a Cristo. Veja: “No princípio, Senhor, lançaste os fundamentos da terra, e os céus são obra das tuas mãos; eles perecerão; tu, porém, permaneces; sim, todos eles envelhecerão qual veste; também, qual manto, os enrolarás, e, como vestes, serão igualmente mudados; tu, porém, és o mesmo, e os teus anos jamais terão fim” Hb 1.10-12).3.Chamado “O Filho de Deus” – Jesus Cristo é chamado repetidas vezes “Filho de Deus”. Quando ele perguntou aos seus discípulos, “Quem dizeis que eu sou?”, Pedro prontamente lhe respondeu [por inspiração divina]: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. (Mt 16.16) • Em Mateus 14.33, após presenciarem o milagre da calmaria no Mar da Galiléia por Jesus, os discípulos adoraram-no dizendo: “Verdadeiramente és Filho de Deus”. • Em Mateus 8.29, até os demônios reconheceram a divindade de Jesus, gritando: “Que temos nós contigo, ó Filho de Deus?”. • Jesus se chamou claramente “Filho de Deus”. Ele declara em João 10.30: “Eu e o Pai somos um”, e, ao ouvirem isto, os judeus pegaram em pedras para lhe atirarem por haver proferido aparente blasfêmia. No versículo 36 do mesmo capítulo, Jesus lhes perguntou: “Então daquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, dizeis: Tu blasfemas, porque declarei: Sou Filho de Deus?”. 4.Declarações a respeito de [Jeová] no A.T. – Muitas declarações a respeito de [Jeová] no Antigo Testamento, são afirmadas e interpretadas no Novo Testamento, referindo-se profeticamente a Cristo. Compare as citações bíblicas: Is 40.3,4 ................ Lc 1.68,69,76 Êx 3.14 ................ Jo 8.56-58 Jr 17.10 ……………. Ap 2.23 Is 60.19 ................. Lc 2.32 Is 6.10 ……………. Jo 12.37-41 Is 8.13,14 ……………. I Pe 2.7,8 Is 8.12,13 ……………. I Pe 3.14,15 Nm 21.6,7 …………….. I Co 10.9 Sl 23.1 …………….. Jo 10.11; II Pe 5.4 Ez 31.11,12 .................. Lc 19.10 Dt 6.16 .................. Mt 4.10 5.Cristo é Eterno – No versículo 13 do último capítulo do Apocalipse, estão registradas as seguintes palavras de Jesus: “Eu sou o Alfa e o Omega, o Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 20 21 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo primeiro e o último, o princípio e o fim”. “Alfa” e “Omega”, são o “A” e o “Z” do alfabeto grego. É evidente que quando Cristo se apresenta como a primeira e a última letra do alfabeto, estava dando uma das mais evidentes provas da sua eternidade. Com isto ele dizia que antes que qualquer coisa existisse ele já existia, e que após o fim de todas as coisas ele continuará a existir. Isto fala da sua eternidade “passada” e “futura”. A respeito de Cristo, eis o que diz Deus, O Pai: “...tu, porém, és o mesmo e os teus anos jamais terão fim”. (Hb 1.12) Ele (Jesus) afirma sua eternidade quando diz: “Antes que Abraão existisse, EU Sou” (Jo 8.58). 6.Cristo é Todo-poderoso – Após cumprir finalmente a profecia de Oséias 13.14, “...onde estão, ó morte, as tuas pragas? Onde está, ó inferno, a tua destruição?...”, após ressuscitar bradou Jesus: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra”. (Mt 28.18). • Para entender-se que Cristo é onipotente, necessário se faz que se tenha certeza de que ele tem todo o poder no céu e na terra. • Como onipotente, Cristo é: Senhor dos senhores (Ap 17.14); Criador (Jo 1.3); Rei dos reis (Ap 1.5); Cabeça da Igreja (Ef 1.22); Preservador de tudo (Hb 1.3); e Salvador (Tt 3.4-6). 7.Cristo é Onisciente – “Onisciência” é a capacidade de conhecer todos os fatos e pensamentos no tempo e no espaço, mesmo antes que eles tenham se consumado. Só as pessoas da Trindade têm esta capacidade. Muitos são os testemunhos dados pelas Escrituras, de que Cristo é onisciente. • Pedro disse: “Senhor, tu sabes todas as coisas...” (Jo 21.17); • Às sete ( 7 ) igrejas da Ásia, Jesus declara: “Conheço as tuas obras...” (Ap 2.2,19; 3.1, 8, 15) • Veja outra declaração de Jesus: “É me dado todo o poder...” (Mt 28.18). 8.Cristo é Onipresente – “Onipresença” é a capacidade de existir e estar simultaneamente em toda a parte. Esta capacidade é característica a Cristo como Deus que é. • Durante o seu ministério terreno, Cristo não podia bilocar-se, isto é, não podia estar em dois lugares ao mesmo tempo, isto dado às suas limitações humanas, mas, após levantar-se dentre os mortos, ele disse: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos.” (Mt 28.20b); • O apóstolo Paulo, falando sobre a onipresença de Cristo, escreveu que Deus “...pôs todas as coisas debaixo dos seus pés e, para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em toda as coisas.” (Ef 1.22, 23). Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 22 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo 9.Cristo é perdoador de Pecados – O Perdão de pecados é prerrogativa divina. Até mesmo os fariseus notaram que Cristo, sem titubear, assumiu esse direito. Ele não só declarava perdoados os pecados; Ele mesmo os perdoava. Os judeus reconheciam nisso a presunção de Sua divindade, pois diziam: “Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?” . O perdoar pecados é prerrogativa exclusiva de Deus. Ao assumi-la, Jesus Cristo fez asserção prática de Sua Divindade. Veja, -“Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados... Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados – disse ao paralítico: Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa”. (Mc 2.5,10,11), veja ainda Mc 2.5-11; comparar com Sl 51.4; Lc 7.48-50. 10.Cristo é preservador de tudo – Este universo nem se sustenta sozinho nem foi abandonado por Deus, conforme os deístas nos querem fazer acreditar. Cristo preserva ou sustenta todas as coisas em existência. Sua Palavra é o fulcro sobre o qual se firma o eixo do universo e sobre o qual gira, ‘sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder’. A pulsação da vida universal é regulada e controlada pela pulsação do poderoso coração de Cristo. O que nós chamamos leis da natureza são as ações voluntárias do Filho de Deus. A preservação de todas as coisas é uma função divina atribuída a Cristo, o que comprova a sua Divindade. Veja, -“Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas. (Hb 1.3), veja ainda Cl 1.17. 11.Ele é Juiz de vivos e mortos – No Novo Testamento, o julgamento futuro é atribuído a Deus. É também atribuído a Jesus Cristo. A conclusão lógica é que Cristo é o Deus que executará todo julgamento futuro. (Jo 5.22) O homem da Cruz deverá ser o Homem do trono. Ele que é o atual Salvador do homem será seu futuro juiz. As questões do juízo estão todas em Suas mãos. A execução do julgamento, função divina, tendo sido atribuída a Cristo, fornece ampla prova de Sua Divindade. Veja, -“Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino...” (II Tm 4.1), veja ainda At 17.31; Mt 25.31-33. 12.Doador da vida imortal e da vida pela ressurreição– Muitos poderão perguntar se Elias e Eliseu não ressuscitaram aos mortos. Respondemos que Deus ressuscitou mortos em resposta à oração deles, mediante poder delegado; ao passo que Jesus Cristo ressuscitou mortos e ainda os ressuscitará por Sua própria palavra e poder. Transmitir vida pertence exclusivamente a Deus. Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 23 24 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo Quando o rei da Síria enviou Naamã para que o rei Jeorão o curasse de sua lepra, este clamou: “Acaso sou Deus com poder de tirar a vida, ou dá-la, para que este envie a mim um homem para eu curá-lo de sua lepra?” Portanto, a capacidade de Jesus Cristo e Sua autoridade para levantar os mortos estabelecem firmemente Sua Divindade. Veja, -“O qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas.” (Fp 3.21), veja ainda Jo 5.28, 29; 6.39, 44. 13.Ele é Doador da Vida Eterna – Somente um Ser que possui inerentemente a vida eterna é que pode proporcioná-la, e somente Deus possui a vida eterna no sentido absoluto; por conseguinte, Jesus Cristo, para ser Doador da vida eterna, necessariamente há de se Deus. Ofícios e funções que pertencem distintamente a Deus, são atribuídas a ELE. Veja, -“Assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste.” (Jo 17.2), veja ainda Jo 10.28. Questionário 1) Jesus é Deus? Justifique sua resposta ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 2)Jesus é onisciente? Justifique sua resposta ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 3)Jesus é perdoador de Pecados? Justifique sua resposta ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ II.O CARÁTER DE CRISTO Jesus Cristo, em Seu caráter, tem recebido a aprovação e a recomendação de Deus, dos homens, dos anjos e até dos demônios. • O caráter de Jesus dá tremenda força às Suas crenças... Sua vida foi tudo quanto uma vida deve ser, quando julgada segundo os padrões mais elevados; • Ainda que algo do caráter de Cristo se tenha desdobrado em uma era e algo mais em outra, a própria eternidade, todavia, não é suficiente para desdobrá-lo inteiramente; • Seu caráter saiu aprovado dos assaltos maliciosos de dois mil ( 2000 ) anos, e hoje perante o mundo apresenta-se impecável em Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 25 26 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo todos os sentidos... Ele foi uma revelação de grandiosa e vigorosa varonilidade. Seu nome é sinônimo de Deus sobre a terra. II.1. A SANTIDADE DE JESUS 1.Ele era isento de pecado – No Antigo Testamento Deus [Jeová] é Quem é chamado o Santo. Ele é chamado o Santo de Israel cerca de trinta ( 30 ) vezes por Isaías. No Novo Testamento é Jesus Cristo Quem é chamado o Santo. Portanto, a Santidade de Cristo significa a mesma coisa que a Santidade de Deus; e, pelo lado negativo, significa separação entre Ele e toda contaminação, ou seja, isenção de todo o pecado. -“Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nEle não existe pecado.” (I Jo 3.5), veja ainda Hb 9.14; IPÊ 1.19; IICo 5.21; Hb 4.15. 2.Alguns testemunhos de sua Santidade – Vejamos agora alguns testemunhos registrados no Livro do Eterno: • O testemunho do espírito imundo “...Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus!” (Mc 1.24); • O testemunho de Judas Iscariotes “Então judá, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta ( 30 ) moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo sangue inocente.” (Mt 27.3,4); • O testemunho de Pilatos “Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade? Tendo dito isto, voltou aos judeus e lhes disse: Eu não acho nele crime algum” (Jo 18.38); • O testemunho da esposa de Pilatos “E, estando ele no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito” (Jo 19.4-6); • O testemunho do malfeitor moribundo “Nós na verdade com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez” ( Lc 23.41); • O testemunho do centurião romano “Vendo o centurião o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo: Verdadeiramente este homem era justo” (Lc 23.47); • O testemunho do apóstolo Pedro “Vós, porém, negastes o Santo e o Justo, e pedistes que vos concedessem um homicida” (At 3.14); • O testemunho do apóstolo João “Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado” (I Jo 3.5); • O testemunho de todo o grupo apostólico “Porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Filho Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e povos de Israel” (At 4.27); • O testemunho do apóstolo Paulo “Àquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 27 28 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (II Co 5.21); • O testemunho do próprio Jesus “Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que razão não me credes?” (Jo 8.46); • O testemunho do Pai “Mas, acerca do filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre e: Cetro de equidade é o cetro do seu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros” (Hb 1.8,9). 3.A Mansidão de Jesus Cristo – Por “mansidão” nos referimos àquela atitude de espírito que é o contrário da aspereza, da disposição contenciosa, e que se evidencia na brandura e na ternura, no trato com as pessoas. (II Tm 2.24,25). O vocábulo “mansidão”, embora nunca fosse usado em mau sentido, foi contudo elevado pelo cristianismo para um plano superior, tornando-se símbolo de um bem superior ao daquele considerado no seu uso pagão. Seu sentido principal é “brandura”, “delicadeza”. Era aplicado as coisas inanimadas, como a luz, o vento, o som e a enfermidade. É aplicadoaos animais; assim, falamos em “cavalo manso”. IMPORTANTE: Como “atributo” humano, Aristóteles define-o como o meio termo entre a ira obstinada e aquele negativismo de caráter que é incapaz de ao menos indignar-se contra a injustiça. De conformidade com esta definição, seria equivalente à equanimidade. Platão o constrastava com a ferocidade ou a crueldade, e usava-o para indicar a humanidade para com os condenados; mas também empregava-o para indicar a conduta conciliatória dos demagogos que buscavam popularidade ou poder. Píndaro aplica-o ao rei que é brando ou bondoso para com os cidadãos, e Heródoto aplicava-o como contrário à ira. No Cristianismo, porém, descreve uma qualidade interior, e essa relacionada primariamente com Deus. A equanimidade, a brandura e a bondade representa pela palavra clássica, baseiam-se no autocontrole ou na disposição natural. A mansidão cristã na humildade que não é uma qualidade natural, mas fruto da natureza renovada, exceto no caso de Cristo, onde é a expressão e a manifestação de Sua natureza santa. Observe: • Na longanimidade e tolerância para com os fracos e faltosos (Mt 12.20; Is 42.3). Ele cuida dos mais pobres, dos mais fracos, dos mais dolorosamente esmagados, com sua mão bondosa. Ele encoraja ‘a mais fraca centelha de sentimento de arrependimento’, o mais débil desejo de retornar a Deus; • Na concessão do perdão e da paz a quem merecia censura e condenação (Lc 7.38,48,50). A magnetita não atrai nem ouro nem pérolas, mas atrai o ferro, que é considerado um metal inferior. Assim, Cristo deixou os anjos, aqueles nobres espíritos não-caídos – o ouro e a pérola – e veio ao pobre e pecaminoso homem, atraindo-o para Sua comunhão; • No proporcionar cura a quem procurava obtê-la de modo “indigno” (Mc 5.33,34). Jesus prestou atenção antes ao motivo que impelia a mulher, do que a seu método de ação. Eram motivos de Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 29 30 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo fé e esperança, pelo que encontraram reação favorável no grande coração de Cristo; • No repreender mansamente a incredulidade renitente (Jo 20.24,25,29). A repreensão de Jesus não era daquela espécie que provoca o desespero desencorajador, mas antes, da espécie que encoraja motivos legítimos. Foi uma repreensão positiva e não negativa, construtiva e não destrutiva; • No corrigir de modo terno a autoconfiança, a infidelidade e a tríplice e flagrante negação a seu Senhor por parte de Pedro (Jo 21.15-17). No trato de Jesus com Pedro, vemos o Grande Pastor a restaurar Sua ovelha desviada. Sua disciplina sempre tinha o propósito de corrigir; • No repreender mansamente àquele que O traiu (Mt 26.48-50). Judas havia cometido talvez a maior ofensa que é possível em relação a um amigo – a da perfídia ou traição. Não obstante, Jesus exerceu para com ele uma tolerância verdadeiramente maravilhosa; • Na compassiva oração a favor de Seus assassinos (Lc 23.34). A mansidão de Jesus Cristo foi demonstrada pelo modo brando com que tratou os pecadores e errados. 4.A Humildade de Jesus Cristo – Por humildade referimo-nos àquela atitude de mente e coração oposta ao orgulho, à arrogância e à autoconfiança, revelando-se na submissão a Deus e na dependência dEle. IMPORTANTE: A palavra grega “tapeinos” traduzida por humilde, tem uma bela história. No período clássico era empregada comumente em sentido mau e degradante, indicando vileza de condição, baixeza de classe, abjeção bajuladora e torpeza de caráter. Não obstante, no grego clássico, não era esse seu sentido universal. Ocasionalmente era usada de modo a prever seu sentido superior, Platão, por exemplo, diz: “Seria feliz aquele que se apega àquela lei (de Deus), com toda humildade e ordem; porém, aquele que se exalta por causa de orgulho, dinheiro, honra ou beleza, cuja alma está abrasada de insensatez, de juventude e de insolência, e que pensa não precisar de guia ou governante, mas se sente capaz de ser o guia dos outros, o tal, repito, é abandonado por Deus”. E Aristóteles disse: “Aquele que é digno das pequenas coisas, e assim se considera, é sábio”. Quando muito, todavia, o conceito clássico não passa da moléstia, da ausência de presunção. A humildade era considerada elemento de sabedoria, e de modo algum oposta à justiça própria. A palavra, com o sentido da virtude de humildade cristã, nunca foi usada antes da era cristã, e é, distintamente, um subproduto do Evangelho. Observe: • Ao assumir a forma e posição de servo (Jo 13.4,5). Cristo nos mostra, por Seu exemplo, o caminho único para a autêntica grandeza. A maioria dos homens reconhece que ninguém pode ser verdadeiramente grande sem esse amor desinteressado e que, por maior que pareça um homem, o egoísmo sempre faz diminuir ou remover sua coroa e seu trono; • Por não buscar Sua própria glória (Jo 8.50). De tal modo absorto estava Ele pelo desejo de glorificar ao Pai que não ficava lugar disponível para qualquer disposição de honrar ou exaltar a Si mesmo; Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 31 32 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo • Ao evitar a notoriedade e o louvor (Is 42.2). Muitos professores seguidores de Jesus Cristo cortejam a notoriedade, a fama. Mas Ele a evitava. Dava ordem terminante aos que por Ele eram beneficiados, que nada propagassem a Seu respeito. Não tinha escritório de publicidade; • Ao associar-se aos desprezados e rejeitados (Lc15.1,2). Por que motivo Jesus escolheu um publicano para ser um dos doze? Talvez para dar uma lição objetiva de esperança para os mais desprezados entre os pecadores, para aqueles que eram prisioneiros das algemas mais fortes de pecado. Ninguém estava longe demais para que o Seu Evangelho o alcançasse e o salvasse; ninguém estava tão profundamente atolado no lodaçal do pecado que não pudesse ser erguido daqueles abismos até aos píncaros da glória; • Por Sua paciente submissão e silêncio em vista de injúrias, ultrajes e injustiça (I Pe 2.23). Jesus Cristo mostrou humildade ao procurar a glória de Deus e os melhores interesses dos homens, e não Sua própria glória ou interesse, e isso a custo de grande sacrifício, sofrimento e vergonha. III. A OBRA DE JESUS CRISTO Referimo-nos aqui à obra de Jesus Cristo em relação à nossa redenção, e não em relação a Seu ministério pessoal de ensino, pregação e cura. Questionário 1) Dê exemplo bíblico da Santidade de Jesus? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ 2) Dê exemplo bíblico da Humildade de Jesus? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ III.1. A MORTE DE CRISTO Lembremo-nos de que a principal missão de Cristo,ao se tornar homem quando veio à terra, não era a de ensinar, nem realizar milagres. É verdade que ele fez ambas as coisas, mas Deus poderia haver ungido profetas (como no Antigo Testamento) para tais fins. A principal missão de Cristo foi de morrer pelos pecados do mundo, tarefa que nenhum profeta poderia cumprir. Eis o motivo da encarnação de Jesus Cristo: a restauração do homem à perfeita comunhão com Deus Pai, através do perfeito sacrifício do seu Filho. Cristo mesmo declarou: “O próprio Filho do Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 33 34 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. (Mc 10.45); Veja ainda Hb 2.9. IMPORTANTE: O cristianismo é, distintamente, uma religião de expiação. Dá à morte de Cristo o primeiro lugar em sua mensagem evangélica. Dessa forma, o cristianismo assume uma posição sem paralelo entre todas as religiões do mundo. É uma religião redentora. Anos atrás, foi realizado um Parlamento de Religiões em Chicago, Estados Unidos do Norte, em conexão com a Feira Mundial ali realizada. Por ocasião do parlamento, as grandes crenças étnicas do mundo se fizeram representar. Um a um seus líderes se levantaram e falaram a favor do budismo, do confucionismo, do hinduísmo e do maometismo. Então o Dr. Joseph Cook, de Boston, que havia sido escolhido para representar o cristianismo, levantou-se para falar. “Eis a mão de Lady Macbeth”, disse ele, “manchada pelo horrendo assassínio do rei Duncan. Vede-a a perambular pelos salões e corredores de seu palácio, fazendo alto para clamar: Sai, mancha maldita! Sai, repito! Jamais hão de ficar limpas estas mãos?’’ Voltando-se então para os que estavam assentados na tribuna, disse o orador: “Pode algum de vós, ansiosos como estais de propagar vossos sistemas religiosos, oferecer qualquer purificação eficaz para o pecado e a culpa do crime de Lady Macbeth?” Pesado silêncio mantiveram todos eles, e com razão, pois nenhuma das religiões que representavam, nem qualquer outra religião humana sobre a terra, pode oferecer purificação eficaz para a culpa do pecado. Somente o sangue de Cristo, que pelo Espírito Eterno se ofereceu a Si mesmo sem mancha a Deus, pode purificar a consciência das obras mortas a fim de servirmos ao Deus vivo. 1.O que Cristo proclamou da Cruz? – Muitas vezes, no decorrer do seu ministério, Jesus Cristo vaticinou sua própria morte, especialmente quando ele previu que a sua hora se aproximava. Seus discípulos, porém, pareciam não compreender, nem a realidade nem o significado da morte do seu Mestre. (Mc 9.31,32). Estando no Calvário, Jesus declarou o significado de sua morte, tanto para seus discípulos como para todos os ouvintes. a) O perdão Em primeiro lugar, ele falou de perdão. Em Lucas 23.34 temos suas palavras: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem...” Por meio da sua morte, mesmo aqueles que zombavam dele, que cuspiam no seu rosto, e que lhe cravavam as mãos e os pés, podiam obter o perdão ali mesmo, se arrependidos, nEle cressem como Senhor e Salvador. b) O Paraíso Em segundo lugar, Jesus falando da cruz prometeu o Paraíso aos arrependidos. Enquanto um dos malfeitores crucificados com ele, zombava, outro, reconhecendo a inocência e a divindade de Cristo, lhe disse: “Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino”. (Lc 23.43) Ao que Cristo respondeu: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”. (Lc 23.43) A obra expiatória na cruz do Calvário proporciona a única entrada para o céu, pois a Bíblia diz claramente que o pecado lá não pode entrar. c) Deus não pode suportar Pecado Em terceiro lugar, ouvimos as palavras angustiadas, proferidas por Jesus após três horas de agonia na cruz: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46). Jesus Cristo, ao tomar os nossos pecados e iniquidades, sofreu a maior das Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 35 36 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo angústias pois sentia que o seu Pai lhe virara as costas por não admitir a presença do pecado em seu Filho. A mensagem fica bem clara: o pecado não tem parte com Deus. d) Vitória Em quarto lugar, ouvimos II Jo19.30, as triunfantes palavras do Salvador agonizante, “Está consumado”. Estas palavras foram pronunciadas como declaração de vitória sobre o pecado. Sua missão tinha se realizado completamente; tudo estava cumprido! A morte não conseguiria vencer ao Senhor Jesus, pois ele se submetera voluntariamente a ela como servo de Deus, dizendo em alta voz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. (Lc 23.46). Como ele já dissera aos seus discípulos (Jo10.17,18), “...eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la...” 2.A Cruz trouxe Expiação – “Expiar implica cobrir as culpas, mediante um sacrifício exigido. A palavra é empregada 77 vezes no VT, sendo usada pela primeira vez em Ex 29.33 quando Moisés recebeu as instruções de Deus acerca do sacrifício de animais, cujo sangue serviria como símbolo de expiação dos pecados, satisfazendo temporariamente as exigências da Lei de Deus até o momento do sacrifício perfeito que Cristo efetuaria na cruz do Calvário. a) Exemplos de Expiação Antes mesmo do uso bíblico da palavra “expiação”, o conceito já aparece em Gn 3.21 onde temos o sacrifício de animais pelo próprio Deus, para vestir Adão e Eva com suas peles; vemos também o sacrifício agradável feito por Abel (Gn 4.4), e o sacrifício de animais limpos realizado por Noé após sair da arca com sua família, (Gn 8.20,21). b) Cristo é Nossa Expiação Veja o que diz em Is 53.6,7; o versículo 10 do mesmo capítulo esclarece ainda: “Quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado”. Ainda no NT, João, o Batista o chama “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (Jo1.29, 36) Estava se referindo à sua missão expiatória. -Veja estas referências: II Co 5.21; Ef 5.2; Isto nos diz que Cristo, o perfeito Filho de Deus, que nunca cometeu pecado, de acordo com a vontade do Pai tomou sobre si toda a nossa culpa para que nós (os pecadores) pudéssemos receber por intermédio de Cristo a justiça de Deus, como se essa fosse a nossa própria justiça. Este ato de reconciliação agradou em tudo ao Pai. 3.A Cruz trouxe Redenção – “Redimir” quer dizer “comprar de volta”, “readquirir” uma pessoa ou coisa, mediante pagamento do preço exigido. Tal conceito de redenção, ou resgate com relação a escravos foi decretado pela Lei Mosaica: “... e vender-se ao estrangeiro... depois de haver-se vendido, haverá ainda resgate para ele: Um de seus irmãos poderá resgatá-lo.” (Lv 25.47, 48) Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 37 38 FAETESPCRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo Toda a humanidade se encontra “vendida à escravidão do pecado” (Rm 7.14) e precisa de um Redentor que possa resgatá-la. O preço elevado de tal redenção é a morte, como se lê em Ez 18.4, foi isso que para nos resgatar, Jesus morreu em nosso lugar. IMPORTANTE: A quem é devido o preço da redenção? Evidentemente não é a Satanás. Ele simplesmente escraviza aqueles que escolhem uma vida de pecado. O preço do resgate é devido à santidade de Deus; a nossa dívida é com Deus mesmo. E foi Deus, não Satanás quem aceitou o “pagamento” mediante o sacrifício de Cristo. O resultado foi a derrota eterna de Satanás. a) Cristo, Nosso Redentor Jesus se declarou Redentor da humanidade quando disse que sua missão era a de “dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20.28). Veja ainda I Tm 2.6. A palavra “redimir” ou “resgatar” é usada muitas vezes na Bíblia, sendo que muitos desses usos prefiguram a obra redentora de Cristo. 4.A Cruz trouxe Reconciliação – “Reconciliar” significa harmonizar as relações interrompidas entre dois indivíduos, promovendo o mútuo entendimento através da remoção de barreiras e restaurando a comunicação entre ambos. O ato, ou o processo de reconciliação geralmente abrange três pessoas: 1)o ofensor; 2) o ofendido; 3) o mediador. No caso espiritual, o ofensor é toda a humanidade. A bíblia afirma claramente, “Todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). O ofendido é o Deus Santo, que dado o estado pecaminoso de Adão e Eva os expulsou do Jardim do Éden. A natureza santa e justa de Deus não tolera a comunhão com pecadores impenitentes, cujo salário do pecado é a morte, a separação eterna de Deus (Rm 6.23), a menos que se arrependam e sigam a Cristo. a) Cristo, Nosso Reconciliador Glória a Deus! Há reconciliação agora! O reconciliador é Jesus Cristo, que veio reconciliar com Deus não os justos, mas os pecadores! -Veja esses versículos, com cuidado (Rm 5.8-11). Vemos, neste trecho, que antes de aceitarmos a Cristo como nosso Redentor, éramos chamados inimigos de Deus. Vemos também que o preço da nossa reconciliação com Deus foi a morte de nosso Senhor Jesus. Por ser Cristo o perfeito sacrifício, a morte não pôde retê-lo e ele ressuscitou dentre os mortos, para continuar sua obra de reconciliação em favor dos crentes (I Jo2.1; I Jo1.7-9). b) O Ministério da reconciliação Não foi só a nossa própria reconciliação com Deus que a morte de Cristo nos proveu, mas também o ministério da reconciliação entre os homens. Um Cristão iracundo, dado a contendas, duro, intrigante e que não perdoa, é uma anomalia e um escândalo para o reino de Deus, uma vez que fomos chamados para ministrar a reconciliação da parte de Deus (II Co 5.18-21). 5.A Cruz trouxe Propiciação – Lemos em Êx 25.17-22, do propiciatório construído por Moisés para Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 39 40 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo cobrir a arca da Aliança. A posição do propiciatório, como cobertura da Arca ressalta o fato de, em Cristo a misericórdia de Deus sobrepor-se à maldição da Lei. Cristo foi dado por Deus Pai como propiciação pelos pecados daqueles que tivessem fé no seu sangue derramado (Rm 3.24-26). -Meditemos na profundidade dessa revelação divina! a) Cristo, Nossa Justificação Ser justificado concernente a salvação, significa ser declarado justo, livre de pecados cometidos. Nossas tentativas de esconder ou cobrir nossos próprios pecados resultam tão inúteis como as folhas da figueira com que Adão e Eva tentaram cobrir sua nudez. Vale a pena lembrarmos que o Senhor proporcionou a Adão e Eva vestes de peles com que se cobrirem depois que eles lhe confessaram seu pecado. Mais uma vez se nota o derramamento de sangue para satisfazer a santidade de Deus, violentada que fora pelo pecado. Quem nos justifica é Cristo, se tivermos fé no seu sangue, Deus vê ao olhar para nós, não as leis violadas em nosso coração, mas a propiciação através do sangue de seu Filho (Ef 2.13). IMPORTANTE: Quem é capaz de medir ou calcular a grande misericórdia de Deus? Ela nos proporcionou o único agente digno de servir como propiciação de nossos pecados – o sangue de Cristo. Ó maravilha do poder do sangue do Cordeiro! O sangue de Jesus tem poder de Justificar todo e qualquer pecador (I Jo2.2). O FATO 6.O Fato Central - O fato central de toda a história humana é a morte de Cristo. A cruz não apenas se eleva altaneira sobre as ruínas do tempo, mas se sobrepõe a tudo quanto interessa ao homem. Todos os séculos que antecederam à morte de Cristo no Calvário, ou inconscientemente ou com vaga esperança, aguardavam esse evento, e todos os séculos desde então só podem ser corretamente interpretados à luz da sua realização. Assim sendo, seria inconcebível que alguma luz não fosse projetada com antecedência sobre esse grande propósito de Deus de enviar um Salvador que morresse pelos homens – luz, não somente para o encorajamento daqueles que, sem seu concurso, es tariam tateando nas trevas, mas também para fornecer informações que possibilitassem a correta compreensão da Pessoa e da obra do Messias quando chegasse. Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 41 42 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo Questionário 1) De acordo com a Bíblia como se deu a morte do Senhor? ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ ______________________________________________________ III.2.A RESSURREIÇÃO DE CRISTO Era necessária a ressurreição de Cristo para que se pudesse confiar nEle como Salvador. Um Deus moribundo e crucificado, um Salvador do mundo que não pudesse salvar a SI MESMO, teria rejeitado pelo consenso universal da razão como horrendo paradoxo e coisa absurda. Se a ressurreição não tivesse seguido à crucificação, o desafio dos judeus teria permanecido como argumento irretorquível contra Ele: “Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se; desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos”. Doutro modo, certamente aquilo que era o exemplo mais flagrante de fraqueza e mortalidade humana não poderia servir de demonstração competente de que Ele era Deus verdadeiro. A salvação é efeito de poder e de um poder tal que prevalece até à vitória completa. Entretanto foi expressamente dito que Ele “foi crucificado em fraqueza”. A morte foi por demais penosa para a Sua humanidade, e por algum tempo arrebatou-lhe os despojos. Por issomesmo, enquanto Cristo estava no sepulcro, seria tão razoável esperar que um homem enforcado com cadeias de ferro descesse da forca para chefiar um exército, quanto o seria imaginar que um cadáver, assim permanecendo, pudesse triunfar sobre o pecado e a morte que com tanto sucesso triunfam sobre os vivos. Ele – Jesus [ o Cristo ] RESSUSCITOU. 1.A Ressurreição de Jesus é o firme alicerce do Cristianismo – Sua ressurreição é Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC43 44 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo o firme alicerce da Igreja Cristã, sendo o elemento do qual se origina uma das principais diferenças da doutrina cristã, quando considerada ante outras religiões. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios sobre a importância da ressurreição, disse: “... se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (IÇO 15.17). a) A importância da ressurreição Os mensageiros da ressurreição de Cristo foram ministros dotados de grande poder. Um anjo do Senhor facilmente fez deslizar uma pedra maciça (Mt 28.2,3). Foi um anjo o portador da extraordinária mensagem de vitória sobre a morte (Mt 28.5-7). A morte não é o fim da vida para aqueles que estão em Cristo (Mt 16.18; Jo6.37-40; 19.25,26). Jesus ressuscitou! Aleluia! Atravessou a matéria física, deixando vazio o túmulo onde jazera. O anjo rolou a pedra que fechava a entrada do túmulo, para que todos vissem que este, agora, estava vazio. Glória a Deus! b) Os resultados da ressurreição “Ele não está aqui, porque já ressuscitou!” (Mt 28.6). O que serve de derrota para uns, foi a mensagem de gloriosa vitória e poder para outros. A ressurreição de nosso Senhor trouxe aos crentes a garantia da vitória sobre a morte e o inferno, e a certeza da vida eterna (ICo 15.20-23; 53-55). O pavor da morte dissolve-se, por assim dizer, e o crente em Cristo pode agora, enxergar para além das nuvens, até á glória dourada da vida eterna em seu Salvador. Assim, a certeza da nossa futura ressurreição em Jesus é sempre nova, baseada no que diz a Escritura: -“Mas agora Cristo ressuscitou dos mortos, e foi feito as primícias dos que dormem” (ICo 15.20). Devemos, portanto, ter em mente este agora e, assim, proclamar a ressurreição de nosso Senhor como um fato sempre novo! A ressurreição de Cristo é, para sempre, a suprema e majestosa base do Evangelho e da nossa fé. 2.Cristo ressuscitou ao terceiro dia – O Senhor Jesus havia ensinado aos seus discípulos que Ele ressuscitaria “ao terceiro dia” (Mt 16.21; Mc 9.31; Lc 9.22). após permanecer três dia e três noites no seio da terra (Mt 12.40). Para que haja uma melhor compreensão do significado dos sofrimentos, morte e ressurreição de Jesus, voltemos nossas atenções para a semana da sua crucificação. a) Cronologia dos acontecimentos Cronologicamente falando, Jesus terminou seu discurso escatológico numa terça-feira e, a partir daí, seguiu em direção à cruz, “como um cordeiro levado ao matadouro”, para que se cumprisse a Escritura (Is 53.7). Acompanhemos então os acontecimentos que se seguiram a esse dia: • Domingo: Jesus é ungido em Betânia em casa de Marta, onde estavam seus irmãos, Maria e Lázaro (Jô 12.1-7). João diz que este acontecimento deu-se “seis dias antes da Páscoa”. Portanto, exatamente no domingo! Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 45 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo • Segunda-feira:Entra em Jerusalém e chora sobre ela (Lc 19.37-41). Portanto, “no dia seguinte” (Jô 12.12); • Terça-feira: Faz a purificação do templo (Mc 11.11,12,15), e após censurar os escribas e fariseus (Mt 23) ele acrescenta: “Bem sabeis que daqui a dois dias é a Páscoa” Mt 26.2); • Quarta-feira: Os evangelistas não registram nenhuma atividade humana de Jesus nesse dia; • Quinta-feira: Come a Páscoa com seus discípulos à tarde, e à noite segue para o Jardim do Getsêmani (Mt 26.20). De acordo com esta cronologia, Jesus morreu na sexta-feira e, conseqüentemente, ressuscitou no domingo. O testemunho deixado pelos Pais da Igreja Primitiva, até o terceiro século, é unânime em afirmar que a crucificação teve lugar na sexta- feira. b) Parasceve ou Sexta-feira Parasceve, significa “preparação para o sábado”. Na passagem de Marcos 15.42, fica terminantemente esclarecido que Jesus morreu numa sexta-feira: “E, chegada a tarde, porquanto era o dia da “preparação”, isto é, a “véspera do sábado”. Isso o autor deste evangelho registrou a fim de certificar-se de que seus leitores, não judeus, entenderiam que ele apontava o dia da crucificação como o dia imediatamente anterior ao sábado, pois leitores gentios talvez entendessem a expressão “preparação” como designação para um dia particular da semana. Nas fontes informativas judaicas também encontramos provas sobre o fato de que o Senhor Jesus foi morto no dia da “preparação” ou em nossa linguagem moderna – sexta-feira, o dia anterior ao sábado daquela semana da Páscoa. 3.Três dias e três noites no Seio da Terra a) Expressões diversas com o mesmo sentido “Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da ‘baleia’, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra” (Mt 12.40). Muitas pessoas questionam a veracidade da afirmação de Jesus na passagem em foco. Então perguntam: “Como pôde Jesus permanecer no túmulo três dias e três noites se Ele foi crucificado na sexta- feira e levantado dos mortos no domingo pela manhã?”. A expressão usa-se em outras conexões das Escrituras como sendo idêntica a “Depois de três dias” (Mt 27.63). Conforme o costume dos judeus e de outros povos da antiguidade, parte de um dia, no começo e no fim de um período, era contado, em casos especiais, como um dia completo (Et 4.16; 5.1). A expressão “três dias e três noites”, na passagens bíblica supramencionada, equivale a dizer “três dias”. Do mesmo modo, as expressões “Depois de três dias” e “ao terceiro dia” (Mc 8.31; 10.34; Jo 2.19), são frases que se usam uma pela outra para significar o período de tempo que Jesus passou no “seio da terra”, desde a tarde da sexta-feira à manhã do domingo. Elaboração - MEBAC Elaboração - MEBAC 46 47 FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo FAETESP CRISTOLOGIA – a doutrina de Cristo b) Diferentes métodos de contagem do tempo Conforme nosso costume ocidental, muitas vezes usamos o mesmo método de contagem do tempo. Por exemplo, muitos casais esperam que seus filhos nasçam antes de meia-noite de 31 de dezembro. Se nascido às “23:59 horas” a criança será tratada, para efeito de imposto de renda, como tendo nascido a 365 dias