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CARTA DE JUDAS 1. A RELIGIÃO CRISTÃ EM SE AFASTAR DO MAL A carta de Judas foi escrita como advertência contra certos falsos cristãos que ameaçavam esconder e destruir a comunhão dos cristãos, mediante seu caráter e má conduta, os que seguiam seus passos receberiam o justo castigo de Deus. Segundo alguns eruditos foi escrita aproximadamente entre os anos 70 e 80 d.C. do século I. Porem alguns eruditos evidencia dentro da carta uma data mais tardia, tendo em vista a um tipo de heresia demonstrada, aparenta ser gnóstica, discutida também na carta de segundo Pedro. Essa heresia era descrita como “visão do mundo” comum do século I. O que se pode falar sobre os leitores, na qual a carta foi escrita, não parece ser para uma igreja em particular, “aos chamados, amados em Deus Pai, e guardados em Jesus Cristo”, (v.1b), fora isto não tem nenhuma referência específica. No entanto parece ser uma comunidade que Judas estava familiarizado, e o que alguns estudiosos apresentam é que nos discursos da carta de Judas existem fortes argumentos em favor de bases, gentia, judaica e mista. A carta de Judas é a única que cita livros apócrifos quando faz referência a Enoque (v.14) e uma citação (v.9) da Assunção de Moises onde através desta carta trouxe diversas reações sobre o uso dos livros dos apócrifos. Contudo, as citações que a carta de Judas faz a Enoque e a Assunção de Moises era, para que seus leitores se familiarizassem com ele, pois nesta época muitos judeus não faziam distinção em sua literatura. A carta de Judas foi escrita devido a uma situação muito perigosa e de grande urgência, que era a defesa da fé. O propósito era advertir contra uma heresia que estava surgindo e ameaçando a fé cristã, uma exortação com o propósito de advertir o perigo dos ensinos destes falsos mestres. 1.1 Afastar-se dos falsos mestres para receber as bênçãos futuras As cartas de Judas advertiram aos cristãos sobre os falsos mestres que penetraram na comunidade fingindo ser cristãos usando de forma “dissimulada” praticas de adoração nas comunidades, enganando a muitos e sendo aceitos, somente depois que seus ensinamentos e praticas são revelados. Esses ensinos são acompanhados de imoralidades, costumavam dizer que, seus comportamentos estavam embasados na “graça” e justificavam que uma vez que o cristão foi libertado da lei, ele esta livre para realizar todos os seus desejos independentes da vontade de Deus. A epistola combate os falsos mestres gnóstico-libertinos. Eles penetram na comunidade, criaram divisões (19) e perturbaram os ágapes (12). Falam de maneira arrogante (16); alegam ser pneumáticos, mas está designação deve ser-lhes negada. Na realidade, são “mundanos” (19) e sonhadores (18), isto é, visionários. Desviaram-se da graça de Deus e negam o único chefe e Senhor, Jesus Cristo (4). (KUMMEL, 1982, p. 557). Esses homens são comparados a Caim na qualidade de assassino de seu irmão, assim eles também assassinam seus irmãos guiados pelos seus ensinamentos a imoralidade. Tipificados por Caim os falsos mestres denigrem o verdadeiro ensino que preservam as boas ações como a de Abel, “Ai deles! porque foram pelo caminho de Caim”, (v.11). O mau caráter desses homens que desafia a Deus e está destituído da fé e o amor em Cristo, e este é o modelo dos homens os quais Judas tem quem lidar. Outro exemplo que a carta de Judas faz com relação aos falsos mestres está na pratica de Balaão, onde os cristãos foram envolvidos na imoralidade e idolatria ensinados a praticarem a adoração e cobiça pelo dinheiro. Estavam apenas se importando pelos seus próprios interesses e em receber seus honorários, com seus argumentos ao invés de descobrir a verdade que era Jesus Cristo. Pra Judas, os falsos mestres não tinham o entendimento, compactuavam com o erro a fim de obter lucros (como fizera Balaão) e não tinha conteúdo; por essas razões receberiam um castigo severo (vs. 10-13). [...]. Os crentes por isso, não deviam se deixar perturbar, mas continuar na “fé santíssima” (v. 20) e levar avante seu trabalho evangelístico e pastoral (vs. 21- 23) (MORRIS, 2003, p. 395 a 396). O que a carta de Judas destaca na questão de Balaão é uma lição de excesso de avareza. Estes falsos mestres buscam equivocar os cristãos conduzindo-os ao engano e receber pelas suas praticas imorais, negando os direitos soberanos de Deus por meio da subimissão. Era isso que faziam no meio da comunidade cristã. https://www.blogger.com/null Judas exemplifica estes personagens como principais características do gnosticismo do século II, esta seria a principal praga para a comunidade cristã, especialmente reivindicando homens indiferentes as moralidades, que alegam ter conhecimento de Deus comumente caem- nos mesmos perigos. Não uma carta de verdade, mas um tratado geral, devotado para combater os ensinamentos falsos quem teriam infectado a comunidade cristã. Esses ensinamentos não são claramentes descritos, mas envolvem comportamentos licenciosos, [...]. Judas vê episódios bíblicos em que Deus pune seus oponentes (vv. 5, 7 e 11) como profecias de destino que espera os heréticos de sua própria época. (PORTER, 2009, p.253) Os falsos mestres são influenciados pela avareza e não pelo desejo de servir ao próximo – “avareza” tem o sentido de ganância ao dinheiro, eles exploravam as pessoas em favor de seus próprios ganhos pessoais, ao contrário dos pastores que serviam com espírito de submissão, espontaneamente como Deus quer e praticam as boas obras de boa vontade. A carta de Judas ainda enfatiza que estes falsos mestres são dominados pelos seus desejos pecaminosos que corrompem o corpo e também a alma através de seus ensinos. Literalmente afundados no “adultério” sugerem que eles estão esperando por uma mulher para cometer tal ato, já que segundo seus ensinos o corpo esta livre para realizar seus desejos, e como acrescenta Judas, “andando segundo as suas ímpias concupiscências”, (v.18). A advertência de Judas para a comunidade cristã a respeito destes falsos mestres e seus ensinos era para que, a comunidade se inclinasse a uma experiência cristã no ensino dos apóstolos que estavam embasados na “salvação” pela palavra da “fé”. A experiência da “salvação” em Jesus Cristo, não está no livramento do passado, mas na experiência do presente e no futuro desfrute de uma vida prospera da glória de Deus. 1.2 A exortação final e a advertência do juízo de Deus A carta de Judas finaliza com uma exortação aos cristãos para que se lembrem dos ensinamentos dos apóstolos, “Mas vós, amados lembrai-vos das palavras que foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo”, (v.17). Para combater o exemplo dos falsos mestres que são aqueles que trazem divisões e vivem conforme suas “tendências naturais” privados de uma nova natureza, exonerados do Espírito Santo e assim, persistentes no erro. Dentro deste propósito os cristãos devem permanecer firmes na fé em Jesus Cristo, cultivando seu crescimento espiritual, numa vida inspirada no Espírito Santo, aonde somente através dos ensinamentos apostólicos serão conduzidos a atmosfera do amor de Deus, ter a expectativa da vida eterna pela misericórdia de Deus, com tudo isso demonstrando compaixão https://www.blogger.com/null ao próximo, ou seja, aqueles que por influencia dos falsos mestres são enganados, por isso devem ser salvos e “arrebatando-os do fogo” (v.23), que é juízo de Deus. A carta de Judas faz estas exortações para o cristão para que transformem suas condutas morais, demonstrando um exemplo de Cristo. O cristão deve crescer na fé no conhecimento de Jesus Cristo – que esta na palavra dos apóstolos, está sempre em oração que é a forma de combater os falsos ensinamentos. Provavelmenteestes falsos mestres abandonaram a oração o que prova a apatia do Espírito Santo, e este era um sinal de sua obscuridade no verdadeiro conhecimento que era dos apóstolos. A batalha contra os falsos ensinamentos, pois não é ganha por argumento. [...], é provável que os falsos mestres tivessem abandonado a oração. Muitos cristãos “avançados” o fizeram hoje, conforme eles mesmos declaram. Mas declarar ultrapassadas as Escrituras e a oração é declarar ultrapassada a totalidade do cristianismo. (GREEN, 1983, p.176) O objetivo destas exortações era para que os cristãos mantivessem suas vidas em oração, estudando as Escrituras como forma de crescimento espiritual. A sua conduta está também relacionada ao amor de Deus que, ao contrario dos falsos mestres que exploravam o próximo e desta forma viravam as costas para esse amor. Os ensinamentos dos apóstolos eram contrários a essas práticas, o amor de Deus, a oração no Espírito Santo e as Escrituras os remetem para vivenciar uma vida cristã produtiva, com atitudes morais cristãs como modelo, no intuito de agradar a Deus. “Louva-se a Deus por sua capacidade de evitar que tropecemos no pecado e nos apresentar em um estado glorificado diante de sua gloriosa presença. Nossa segurança e proteção nele são de fato motivos de louvor”. (LARSON, apud UNGER, 2006, p.673). Por fim a carta de Judas refere-se as “Bênçãos de Deus” para aqueles que louvão a Deus, através destas ações, buscando estar mais próximo de uma perfeita vida cotidiana cristã, embasada nos ensinamentos de Jesus Cristo que é a palavra dita pelos apóstolos, para que possa evitar tropeços diante de Deus, “Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar”, (v.24). Mediante a Jesus Cristo pode-se alcançar de fato a salvação dos homens que foi o propósito de Deus e a gloria ser atribuída somente a Deus por intermédio de Cristo. Quanto aqueles que exibem seus próprios conhecimentos “falsos mestres” embebedando os cristãos com seus egoísmos e carnal idades, a esses vira o juízo de Deus, que servirá como um alerta para aqueles que seguem seus ensinamentos e se afastam de Deus. O fogo real pelo qual serão consumidos é o que representa o juízo final, a qual, os ímpios estão condenados. "A carta de Judas foi escrita devido a uma situação muito perigosa e de grande urgência, que era a defesa da fé. O propósito era advertir contra uma heresia que estava surgindo e ameaçando a fé cristã, uma exortação com o propósito de advertir o perigo dos ensinos destes falsos mestres". CONCLUSÃO Este trabalho é resultado de um estudo que exigiu no decorrer do mesmo, muita análise, síntese e reflexão sobre as cartas católicas e como os cristãos do final do século I viviam debaixo de forte tensão, e que embora suportassem grades adversidades não negavam sua fé. Uma das vantagens oferecidas e que considero a mais importante foi o conhecimento que tive a respeito das cartas, no qual tinha apenas uma visão panorâmica que aprendi ao longo dos anos na escola dominical da igreja onde congregava. Os detalhes que são apresentados nas cartas, com referência a essas adversidades apresentadas na historia da igreja de Jesus Cristo, as formas que os apóstolos instruíam as comunidades a se manterem fiéis a ele, usando seus testemunhos e ensinamentos, prova que realmente é possível ter uma vida arraigada nestes ensinamentos, sendo exemplo de um verdadeiro cristão de forma ética, tendo em vista a sociedade onde viviam em que tudo era oposto as suas convicções como cristão. Mediante a estes conhecimentos posso contextualizar para os dias atuais e compreender as questões difíceis das igrejas, que muitas vezes não tem uma orientação que sirva de solução para resolver de certa forma estas dificuldades. Embora existam pastores que se dedicam ao seu ministério e cuidando das suas ovelhas, também existe o perigo iminente dos falsos mestres e profetas, que com seus ensinamentos levam muitos ao engano a respeito do evangelho de Jesus Cristo. Outro aspecto que pude observar é que as cartas têm uma linha bem parecida quanto aos problemas enfrentados. Os apóstolos estão sempre fazendo alusão à defesa da fé e do amor de Deus para com o próximo, seguindo os ensinamentos de Jesus Cristo, isto é, tudo aquilo que receberam foi o que transmitiram, e isso ambas as cartas concordam. Os autores, os quais foram minha fonte de pesquisa, apresentados neste trabalho, demonstraram um grande conhecimento no assunto e o interessante é que como os apóstolos se combinam em seus ensinamentos quando se refere à conduta que um cristão deveria ter a forma como evidenciar sua fé pelas obras, a questão da hospitalidade, enfrentar os que se levantaram contra a divindade e humanidade de Jesus Cristo, a sua obra de morte e ressurreição, estes autores também concordam quando fazem suas analises mediante as suas pesquisas e isso me ajudou a entender melhor a posição de cada autor quando cada um deles expressou seus comentários. Foi um estudo realmente muito interessante e instrutivo para minha vida como estudante de teologia, em que, durante estes quatro anos, tive um crescimento muito significativo. Espero que este trabalho possa ajudar a dar continuidade a outros trabalhos a respeito deste assunto, mesmo que, não seja para abordar o mesmo tema que este, mas que possam conhecer com mais profundidade as adversidades que os cristãos passaram no século I, e que as cartas católicas “universais” debaixo de uma boa hermenêutica expõem. Pr Diógenes Silva
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