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APS_DIREITO_DO_COMERCIO_INTERNACIONAL_LARISSAANDRADEPELO_3389467 (5)

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS 
 
TECNOLOGIA EM COMÉRCIO EXTERIOR 
 
 
DIREITO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL 
 
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA – APS 
 
 
RESENHA CRÍTICA - O BRASIL E O FMI DESDE BRETTON WOODS: 70 ANOS 
DE HISTÓRIA 
 
 
 
 
LARISSA ANDRADE PELO – RA: 3389467 
 
 
 
São Paulo 
 
2020 
 
 
 
O Fundo Monetário Internacional (FMI) foi fundado nas Conferências de Bretton 
Woods, em 1944. O objetivo da instituição é a preservação da ordem econômica internacional 
após a Segunda Guerra Mundial, por meio da cooperação entre seus membros. Desde então, o 
FMI trabalha principalmente como financiador, concedendo empréstimos aos países para evitar 
maiores endividamentos. 
Você já deve ter ouvido no jornal momentos nos quais o país passou por 
dificuldades temporárias de balanço de pagamento e recorreu ao Fundo Monetário 
Internacional. O que você talvez não saiba é que o Brasil tem uma relação com essa instituição 
desde sua formação. Neste texto, vamos aprofundar o estudo sobre a relação entre FMI e Brasil, 
da sua criação ao relacionamento com os principais governos. 
As primeiras discussões sobre uma instituição com a finalidade de estabilização 
monetária e cambial foram, inicialmente, encabeçadas pelos Estados Unidos. Porém, apesar de 
assinado o convênio constitutivo do Fundo Monetário Internacional na Conferência de Bretton 
Woods em 1944, a recomendação da criação de um Fundo Internacional de Estabilização foi 
apresentada por Sumner Welle na terceira conferência dos ministros das relações exteriores das 
repúblicas americanas, realizada no Rio de Janeiro, em 1942. O Fundo Monetário 
Internacional, criado em Bretton Woods (EUA), seria bem mais complexo e sofisticado que o 
Fundo Internacional de Estabilização proposto no Rio de Janeiro, mas é certo que este espaço 
de discussão foi crucial para o desenvolvimento da criação posterior da instituição. 
O Brasil esteve presente desde o início das negociações, sendo um dos fundadores 
do que depois se tornaria as Instituições de Bretton Woods, compostas pelo Fundo Monetário 
Internacional (FMI) e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). 
Apesar do Brasil ainda ser visto como uma “pequena potência”, a primeira metade do século 
XX foi marcada por uma participação brasileira ativa nas discussões de cunho mundial. 
Apesar da grande negociação no início do governo Lula, desde 2005, o Brasil 
entrou em uma nova fase de seu relacionamento com o FMI: não mais submete-se à antiga 
condição de dependência, tornando-se participante ocasional de programas de ajustes fiscais 
para países necessitados e potencial financiador da instituição. Em 2009, pela primeira vez na 
história, o Brasil emprestou dinheiro ao Fundo: US$ 10 bilhões para ajudar países emergentes 
http://www.politize.com.br/ajuste-fiscal-como-fica-para-2016/
em meio à crise internacional. Em 2012, novo empréstimo de US$ 10 bilhões, agora para a 
zona do euro – com uma exigência: participação mais efetiva dos países em desenvolvimento 
nas decisões do Fundo. 
Dentro do FMI, os países membros são classificados em um sistema de cotas que 
analisa indicadores econômicos – como, por exemplo, o PIB – levando em consideração a sua 
posição na economia mundial. Países com uma economia forte possuem uma cota maior, de 
modo que seu poder de influência dentro da instituição aumente também. O Brasil possui 
2,32% de poder decisório no FMI e está na 10º posição dos cotistas. 
A atuação do Brasil vem sendo caracterizada pela tentativa de aumentar sua 
participação no processo decisório por meio do crescimento do seu poder de voto, mediante a 
atribuição de maiores cotas. Por consequência, o país tem encontrado resistência de pequenos 
países europeus, que teriam de ceder parte da sua participação. 
Apesar do atual bom relacionamento brasileiro com as Instituições de Bretton 
Woods, em 2014 foram criados os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), um 
banco de financiamento de projetos e um mecanismo de empréstimos contingentes, 
complementar aos instrumentos existentes no FMI. Esta ação pode levar os BRICS a serem 
vistos como um possível concorrente do Banco Mundial. Vale ressaltar que, caso haja um 
agravamento dos desequilíbrios nas contas internas, uma nova situação de fragilidade 
financeira externa pode ser gerada, com potencial para fazer o Brasil retroceder às fases já 
conhecidas em sua história financeira. 
O sistema de Bretton Woods ofereceu previsibilidade às decisões capitalistas e, ao 
cabo, permitiu a obtenção de resultados econômicos altamente favoráveis. Tratou-se, assim, de 
um arranjo monetário internacional que sob liderança americana permitiu a reconstrução 
industrial da Europa e do Japão, a industrialização periférica e o desenvolvimento de 
economias nacionais autônomas, sem o qual dificilmente a fase dourada do capitalismo teria 
ocorrido. A flutuação do dólar, mais a sua completa inconvertibilidade, atribuiu total autonomia 
à política econômica americana, suprimindo por completo os constrangimentos impostos pelo 
padrão-ouro aos Estados Unidos. A substituição do sistema de Bretton Woods pelo 
“international laissez-faire system”, ademais, amplificou a assimetria e a hierarquia do sistema 
monetário internacional, estabelecendo um padrão sistêmico de riqueza subjugado ao plano das 
finanças, ao invés da produção e do emprego. 
http://www.politize.com.br/quiz-indicadores-economicos/
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É neste sentido que a idéia de ressurgimento do sistema Bretton Woods (BW-2), 
baseado no esquema Centro-Periferia, onde o Centro emite a moeda internacional e funciona 
como intermediário financeiro (banco comercial) do mundo e a Periferia atua como região 
exportadora de produtos manufaturados que acumula superávits nas transações correntes com 
o Centro, mostra-se inadequada para captar as transformações e a dinâmica do Sistema 
Monetário Internacional contemporâneo. Muito embora o esquema BW-2 tenha o mérito de 
relacionar analiticamente a estrutura do sistema monetário internacional e as políticas 
(estratégias) de desenvolvimento, a proposição de que o sistema Bretton Woods possui uma 
única estrutura dinâmica que se renova ao longo do tempo é uma descrição basicamente 
imprecisa ou incorreta do sistema monetário internacional que resultou da dissolução do padrão 
ouro-dólar (BW-1). Mais especificamente, a tese de BW-2 não traz qualquer reflexão sobre as 
particularidades do atual padrão monetário fiduciário e, além disso, parece perder de vista, ou 
simplesmente negligenciar, o que significou a retomada da hegemonia norte-americana no final 
dos anos 1970, com o choque de taxa de juro promovido pelo FED, para a conformação desse 
novo padrão monetário internacional.37 Em suma, BW-2, como todo esquema analítico 
simplificado e generalizante, possui grande apelo cognitivo. Não obstante, ao desconsiderar 
fatos históricos relevantes que se constituem em verdadeiros momentos de ruptura, revela-se 
instrumento ineficaz para apreender o que há de novo nas relações econômicas e financeiras 
internacionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BORDO, M. D. The Bretton Woods international monetary system: a historical 
overview. In: BORDO, M. D.; EINCHENGREEN, B. (ed.). A retrospective on the Bretton 
Woods System: lessons for international monetary reform. Chicago and London: The 
University Chicago Press, 1993. p.3-108. 
MIKSELL, R. F. Some issues in the Bretton Woods debates. In: KIRSHNER, Orin 
(editor). The Bretton Woods – GAAT system: retrospect and prospect after fifty years. New 
York; M.E. Sharpe, 1996. p.19-29. 
POLANYI, Karl. A grande transformação: as origens de nossa época. Rio de 
Janeiro:Campus, 1980. Tradução de Fanny Wrobel.

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