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Sociologia do corpo Prof. Emanuelle Santos Corpo e sociedade Diferentes discursos cada qual diante de suas interpretações/ significados e representações do corpo. Não existe um único corpo, tampouco uma única fala: verdade. Haverá sempre... Corpo e Sociedade O que é o corpo??? Corpo e Sociedade • O corpo humano é duplo: natural e cultural (porquê?) despido, biológico X construído/representações • Exemplo: cultura cigana Corpo e sociedade No século XIX Século XX Corpo e sociedade • Ele distingui como superior ou inferir aquele que o detém, varia de acordo com a época, a sociedade, as conveniências, os padrões, os contextos socioculturais. “É um componente fundamental da construção da identidade nacional” (GOLDENBERG, 2010, p.34). “Dele nascem e se propagam as significações que fundamentam a existência individual e coletiva; ele é o eixo de relação com o mundo, o lugar e o tempo” (LE BRETON, 2006, p. 7). • No corpo são transcritos modos comuns de pensar, agir e sentir que norteiam a vida social, “saberes coletivos que permitem a convivência dos indivíduos e, por isso, garantem a sobrevivência desta sociedade” (DIMENSTEIN, RODRIGUES e GIANSANTI, 2012, p. 10). “O homem tem medo de ficar nu, porque ele tem medo de fazer amor (...) Vestir-se é um meio de se privar, intencionalmente, do prazer de usar o sexo.” Emmanuelle Arsan Leila Diniz Corpo e Sociedade • O que pode o corpo? Até onde o verbo penetra a carne? Segundo o antropólogo Francês David Le Breton/ limitar o corpo ao biológico... Corpo e Sociedade • O antropólogo Marcel Mauss, no texto “Técnicas Corporais”, estuda as diferentes maneiras pelas quais os homens servem-se de seus corpos. Cada sociedade estabelece padrões de comportamento social os quais se inserem no imaginário coletivo, nas práticas cotidianas, nas ações, nos sentimentos e, naturalmente, nas práticas corporais. NADA É SUPERFICIAL!!! Corpo e Sociedade Corpo e Sociedade Corpo e Sociedade Corpo e Sociedade Corpo e Sociedade Corpo e Sociedade: Body Art • No livro “Adeus ao corpo” do antropólogo francês Le Breton (anos 60/ manifestações e modificações) • Body Art – dor, emprego, prazer, porquê fazer? • Pintura num quadro/ Significado além da automutilação/ exteriorização da interioridade O homem delinquente de Cesare Lombroso (1835-1909) Médico Italiano; Estudo: A origem do crime e do criminoso; Antropologia criminal/ Escola positiva do Direito Penal; Teoria: tipo lombrosiano ou “ladrão com cara de ladrão”; teoria do criminoso nato. O aspecto físico ou fisionômico não pode ser prova cabal da prática de crime; Medicina + antropologia = estudos e resultados posteriormente entendidos como forma de racismo. Cesare Lombroso e o homem delinquente • Cesare Lombroso partiu de estudos empíricos fazendo mais de quatrocentas autópsias em criminosos e analisando mais de seis mil delinquentes vivos - todo esse trabalho com o objetivo de encontrar características físicas e psicológicas que diferenciassem o indivíduo criminoso do não criminoso. Cesare Lombroso • Assim, encontrou tendências comuns nos criminosos, e esses eram estigmas degenerativos comportamentais como: preguiça, superstição, instabilidade afetiva, uso de tatuagens (algumas obscenas por sinal e em partes um tanto quanto íntimas do corpo humano), uso de jargão ou gíria, insensibilidade à dor, polidactilia (mais de cinco dedos), orelhas em formato de asa, assimetria craniana, falta de senso sobre moral, ser canhoto, altos índices de reincidência, e entre muitas outras, que acabaram por fim, a traçar um rosto e perfil do bandido. Podemos acrescentar que Lombroso acreditava nas características passadas por geração e quais serão passadas aos descendentes, são os fatores que definem o tipo criminoso. Dessa forma seus estudos evoluíram e de sua divisão básica dos criminosos, achou que os crimes eram na maior parte praticados pelo tipo nato. Corpo e Sociedade: Padrões de beleza • “um rascunho a ser corrigido”. Padrões de beleza • Mudar seu corpo para mudar a sua vida. • Exemplo: o término dos relacionamentos Corpo e Sociedade • Para Lash (1987, o mínimo EU: sobrevivência psíquica em tempos difíceis) o consumismo é a principal válvula de escape do indivíduo narcisista, que pela aquisição de mercadorias manipula impressões, adotando sua performance individual, moldando o eu como mais uma mercadoria disponível para o consumo do mercado aberto. • Criou-se um mundo insatisfeito!!! • A busca por um corpo manipulado midiaticamente/ um corpo que sequer existe. Corpo e Sociedade: padrões de beleza individualidade biológica/ photoshop Corpo e Sociedade: A mídia • O que a obesidade causa??? O que causa a obesidade??? Corpo e sociedade: a internet • MANDA UM NUDE? • Ciberespaço: o corpo biológico é deixado de lado • Máscaras, personagens, situações, erotismos, fazem sexo sem corpo. Aparentam ser algo e muitas vezes aparentam ser aquilo que desejariam ser. • Facebook: pessoas engajadas na política/ Cyberbullyig O primeiro celular a ser comercializado no Brasil – década 90 Ninguém nem imaginava... O avanço dos meios de comunicação • Comunicação fria; • Distante; • Diminuição dos telefones fixos nas casas; • Mais WhatsApp e menos ligações; • As pessoas tem muita informação, muitas emoções envolvidas acontecendo concomitantemente e não sabem lidar com elas. A depressão: A doença do século XXI O suicídio Corpo e sociedade: a deficiência • Desconforto/olhares • /curiosidade/incomodo/ compaixão/ reprovação/suscitar comentário • Estigma: diferença entre ser deficiente (essência) e ter uma deficiência • Normalidade??? – Qual a sua validade (valor e juízo) • Vamos fazer dele um atleta/ bem sucedido PRECONCEITO • IDEIA antes de conhecer PRE-conceito • # Realidade • Exemplo: E se vocês não soubessem realmente o que é maria-mole? • Imaginários sobrepujados pela história ainda são vislumbrados nos holofotes da exclusão, do ser humano como força produtiva de trabalho, como mercadoria ultrapassada, como objeto mantenedor dos desprivilegios. Aqui estão como identidades flutuantes “os sindrômicos, os deficientes, os monstros, os psicopatas, os surdos, os cegos, os rebeldes, os pouco inteligentes, os estranhos, os ‘outros’, os miseráveis” (VEIGA-NETO, 2001), a população em situação de rua, os LGBTQ+, as mulheres, os negros. Corpo e sociedade: Racismo • “Raça”: eco incansavelmente repetido • O processo de discriminação repousa no exercício preguiçoso da classificação. • A diferença: estigma/ defeito Normal? Essência? Porquê? 3 versões para uma mesma história chamada “colonização” do Brasil • Portugueses (usufruir), Índios (a fartura era inesgotável), Escravos (sobreviver); • Discursou-se muito sobre a riqueza natural brasileira, os escambos, as iguarias provindas da Europa, a quantidade incomensurável de ouro, a injunção do cristianismo e fizeram dos negros e dos índios atores coadjuvantes, mesmo tendo que suportar uma sequência de barbáries, imposições, maus-tratos, abusos sexuais, propagação de sífilis e desnutrição (FREYRE, 2004, p. 110 apud SANTOS, 2018). • Religiões demonizadas; estratégias de colonização. • O que foi a miscigenação, então? A História não contada Muitos arquivos relacionados a imigração dos escravos negros para o Brasil foram queimados por determinação do conselheiro Rui Barbosa, após a proclamação da República em 1889 (FREYRE, 2014, p. 384). Aprender o português, violentados para trabalhar; Eram trocados por tabaco, aguardente e bugigangas; Avaliados: dente, tornozelos e punhos; Castigos: dedos arrancados, furos no seio, queimaduras, dentre quebrados; cinquentachicotadas diárias, 300 para matar. A história não contada • Foram aproximadamente 400 anos de escravidão, onde milhões de seres humanos foram explorados como ferramentas para arquitetar e usurpar as riquezas do país (ANJOS, 2006, p.105). “O Brasil foi o último país do mundo a aderir à abolição da escravidão” (VICENTINO, 1995 apud AZEVEDO e SAMPAIO, p. 3). • Fuga: suicídio, aborto, comunidades quilombolas. A comunidade quilombola Mesquita, 1800 – Cidade Ocidental, Luziânia, GO • “Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios supliciados. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos. Descendemos de escravos e de senhores de escravos. A mais terrível de nossas heranças é esta de levar sempre conosco a cicatriz de tortura impressa na alma e pronta a explodir na brutalidade racista e classista” (RIBEIRO, 2006, p. 108). Livro: O povo brasileiro, de Darcy Ribeiro. Darcy Ribeiro: Antropólogo, escritor; cadeira 11 da Academia Brasileiro de Letras; um dos responsáveis pela criação da UNB. Corpo e sociedade: Racismo • A coisa “tá” preta - Lista negra • Mercado negro - Ovelha negra • Peste negra -Negra de traços finos • Amanhã é dia de branco - negro/negra bonita • Serviço de preto - da cor do pecado • Cheiro de “nego suado” • Esclarecer - Preto no branco • Magia negra - cabelo ruim/ cabelo de nego • Nuvem negra • Denegrir: difamar ou tornar negro? • Inveja branca • Pé na cozinha – único lugar onde uma escrava negra podia ficar “NÃO SOU TUAS NEGA” •Você não pertence e não deve satisfações à essa pessoa, COMO OS ESCRAVOS faziam antigamente. “DISPUTAR A NEGA” • NAS CARTAS, NO VIDEOGAME PARA DESEMPATAR • Durante a escravidão dos negros no Brasil, sempre que os senhores brancos competiam em algum esporte, o prêmio para o vencedor era uma escrava negra. “Eu fiz o trabalho da professora NAS COXAS” • Fazer algo mal feito e sem capricho, para terminar logo. • Origem: Nas telhas modeladas pelos escravos negros, que eram moldadas em suas coxas. Como cada um tinha coxas de tamanhos e formatos diferentes, as telhas não saiam iguais, e muitas vezes, não se encaixavam bem. “AQUELE HOMEM/MULHER DE MEIA TIGELA” • Escravo produtivo tigela inteira de comida • Escravo pouco produtivo meia tigela de comida • Escravos de meia tigela medíocres, sem valor Machado de Assis Machado de Assis Corpo e sociedade • OBSERVE ESTAS PALAVRAS: • Tabagismo Feminismo, femismo • Alcoolismo Machismo • Bruxismo • Nazismo • Cristianismo Romantismo • Humanismo Ceticismo • Comunismo • Budismo • ISMO: Língua, política, religião, doença, esporte, ideologia (movimento). Corpo e sociedade: Homossexualidade • Porque, então, usamos o termo “homossexualismo”??? ANORMAL? Doença? Ideologia? • LGBTTTS – SEM ISMO!!! • CORRETO: HOMOSSEXUALIDADE • Homofobia Carmen Carrera e Tarso Transexualidade: Christopher Roman e Tereza Brant A atriz Viviany Beleboni, que é transexual Corpo e sociedade: o feminismo é necessário? “O pomo está maduro, colhe-o já, senão apodrece.” Exercendo a regência... Maria Leopoldina Clara Camarão Dandara A mais nova ganhadora do Prêmio Nobel da Paz: MALALA Feminismo x Femismo Corpo e sociedade • Sistema de cotas • Mulheres empoderadas (ex: jogos olímpicos) • Todo homem é machista? - esteriótipos • “Bandido bom é bandido morto” • Liberdade sexual existe no Brasil? • Estado laico? (Poder e religião) • Ensino religioso nas escolas (a sua religião ou todas???) • Intolerância religiosa • Bullying • Cultura do estupro. Antropologia da dor?! Todos os indivíduos sentem dor da mesma forma? (com a mesma intensidade) Corpo e Sociedade: A dor Compreender a dor: reflexão sobre as relações entre o homem e o mundo/ o corpo e a sociedade/A relação do indivíduo com a dor: íntima, social. AMOR e ÓDIO. Cada indivíduo... Exemplo da musculação ou de outra modalidade esportiva “Os homens não vivem no mesmo corpo” (LE BRETON, 1999). “Não é o corpo que sofre, mas todo o indivíduo” (LE BRETON, 1999). Dar um sentido a dor é a forma de o indivíduo proteger-se: “a trama dos sentidos é a matéria-prima da cultura que funciona como um escudo protegendo os homens da cruel e brutal aparência do mundo” (LE BRETON, 1999, p. 133). Um acupunturista; doente crônico; um lutador; uma criança; um francês de oitenta anos. Carrega uma cultura e se apropria. A dor pode ser a mesma... Explicada, experimentada, atitude. (Tatuagem) Dor nos rins; dor da cólica como “normal e natural”; O que as pessoas falam? Corpo e Sociedade: A dor • Um lutador pode sentir que foi lesionado, porém, não perceber a dor. No UFC 169 em 2012, Jon Jones sofreu uma fratura exposta no dedo do pé pouco antes de nocautear o seu adversário Chael Sonnen. Soldado ferido em guerra... “Eita, são muitas! Luxação no ombro, no braço, rompi o ligamento cruzado do joelho, rompi o menisco, lesionei o ombro, quebrei os dedinhos da mão, uns dos pés, e outras aí mais simples” (MARCIO CHINA). “A dor é suportável, essa que é a verdade. Toda e qualquer dor, dependendo do motivo, eu sempre coloco assim, a dor dependendo do motivo, não é dor por dor, não é você está andando na rua, levar uma facada e ir para o bar, ir para o cinema por que aquilo ali não está doendo nada. A dor tem que ter um motivo, uma razão, um sentido pra você suportar, se não fosse assim, se as dores não fossem desse jeito, as mulheres não fariam parto, porque deve doer pra caramba, mais do que um murro, mais do que um chute na cara” (ITAMAR DIAS). Autores Clássicos que fizeram história: Augusto Comte (1798-1857), sendo considerado o pai da Sociologia – provavelmente o primeiro pensador moderno. Comte defendia a ideia de que para uma sociedade funcionar corretamente, precisa estar organizada e só assim alcançará o progresso. Emile Durkheim (1858-1917) – fato social – teoria dos remédios – coercitividade, exterioridade e generalidade. Karl Marx (1818-1883) • Fundador da doutrina comunista moderna • Burgueses ou capitalistas X proletariados • Relação entre capital e trabalho – desigualdades – lutas de classes – propriedade privada dos meios de produção • Defensor do comunismo: • Revolução – ideológico, cultural, golpe de estado, líder de esquerda sobe ao poder ditadura do proletariado Comunismo – estado, classes – propriedade coletiva dos meios de produção. • Exemplo de países socialistas: URSS, Cuba, China, Coreia do Norte, Vietnã. Igualdade de oportunidades: Finlândia • Na Finlândia a educação é gratuita, inclusive no ensino superior. Só 2% das escolas são particulares, mas são subsidiadas por fundos públicos e os estudantes não pagam mensalidade. As crianças só entram na escola a partir dos 7 anos. Não há escolas em tempo integral, pelo contrário, a jornada é curta, de 4 a 7 horas, e os alunos não têm muita lição de casa. "Também temos menos dias letivos que os demais países, acreditamos que quantidade não é qualidade.“ • Educação descentralizada. • "Os professores planejam as aulas, escolhem os métodos. Não há prova nacional, não acreditamos em testes, estamos mais interessados na aprendizagem. Os professores têm muita autonomia, mas precisam ser bem qualificados. Esta é uma profissão desejada na Finlândia.“ • Salário por mês: 11 mil reais. Autores contemporâneos • Michel Foucault (1926-1984) - “Nãome pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo”. • pensador francês, filósofo e psicopatologista da segunda metade do século XX. • Estruturas de poder: escola, prisão, trabalho, sanatório. • Comparação entre estas estruturas. • Livro: Vigiar e punir Pierre Bourdieu (1930-2002) •Sociólogo francês •Capital cultural, social, econômico •Capital simbólico – Status – número de capitais •Lutas de poder •Teoria dos gostos •Teoria reprodutivista – escola •Teoria dos esportes •Socialização primária e secundária •Trajetória de vida •Livro: A distinção, crítica social do julgamento. David Le Breton (1953- ainda vivíssimo!) •Sociólogo, antropólogo e psicólogo francês •Livros: •Sociologia do corpo •Adeus ao corpo •Sociologia e antropologia •Antropologia da dor •Antropologia da saúde e da doença •Antropologia do corpo e a modernidade •As paixões ordinárias: antropologia das emoções •Corpo e sociedade •Desaparecer de si. Uma tentação contemporânea Hebert José de Sousa (1935-1997) Sociólogo brasileiro e ativista dos direitos humanos no Brasil (1935-1997) Projeto "Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida“ Pobres e excluídos, 600 toneladas de alimentos •Betinho •Irmão do Cartunista Henfil •Irmão do Músico Chico Mário •Sofriam de Hemofilia hemodiálise •Aids, hepatite e morte Sociólogos Brasileiros Florestan Fernandes Corpo e alma do Brasil Darcy Ribeiro O povo brasileiro Gilberto Freyre Casa-grande e senzala Sergio Buarque de Holanda Raízes do Brasil Caio Prado Junior Formação do Brasil Contemporâneo Fernando Henrique Cardoso Teoria do desenvolvimento econômico e das relações internacionais