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Enfermagem: Saúde da Mulher e da Criança ADAPATÇÃO DO RN À VIDA EXTRAUTERINA ‘’O seu corpo nunca mais sofrerá uma modificação tão grande ao longo da vida.’’ As primeiras 24 horas de vida do recém-nascido (RN) são marcadas por uma série de modificações e adaptações de diversos órgãos e sistemas, necessários para uma adequada transição da vida intrauterina para a extrauterina. Na maioria dos neonatos considerados saudáveis ou de baixo risco, tais modificações e adaptações, principalmente dos sistemas respiratório e cardiovascular, ocorrem sem intercorrências. Quando nasce tem coloração roxeada que passa a rosada. O facto de o parto ocorrer em meio hospitalar e a vigilância nos centros de saúde levou à diminuição da taxa de mortalidade infantil (TMI). O nascimento de uma criança é uma experiência emocional e fisiológica intensa e exaustiva para a mãe e RN Mesmo quando esse processo progride normalmente, é necessário que o neonato suporte modificações extremas enquanto sai de um ambiente: ◦ Aquático; ◦ Termo estável; Os primeiros momentos da vida da criança são críticos (as primeiras 24 Horas) A transição da vida intrauterina para o ambiente extrauterino faz-se de forma abrupta. -> tem que se adaptar de um momento para outro Até 28 dias vão para a neonatologia e só depois para a pediatria. O período neonatal (até aos 28 dias após o nascimento) representa um período de enormes alterações físicas para o RN. CIRCULAÇÃO SANGUINEA No sistema cardiovascular humano, a circulação sanguínea é considerada dupla. Isto porque o sangue passa duas vezes pelo coração para completar o seu percurso., realizando assim, dois percursos: o Pequena circulação (circulação pulmonar) o Grande circulação (circulação sistémica) Pequena Circulação Transporte do sangue para os pulmões (rico em dióxido de carbono). Esta circulação (pulmonar ou pequena) inicia-se na artéria pulmonar, sai do ventrículo direito, seguindo as arteríolas pulmonares, capilares pulmonares, até aos alvéolos onde ocorrem as trocas gasosas. Até aos alvéolos o sangue é rico em dióxido de carbono. Após a hematose, passa a ser rico em oxigénio. O sangue continua o seu trajeto veias pulmonares até ao átrio/aurícula esquerda. Grande circulação Transporte de sangue a todo o organismo (rico em oxigénio). A grande circulação ou sistémica inicia-se no ventrículo esquerdo, onde o sangue é bombardeado para a artéria aorta, cujas ramificações (artérias, arteríolas e capilares) chegam a todos os tecidos. O sangue rico em oxigénio e nutrientes é distribuído às células que libertam as suas excreções e dióxido de carbono, tornando o sangue rico nessas substâncias. Neste momento, o sangue segue pelos capilares, vénulas e veias que o guiam até à aurícula direita. Que sustenta completamente a vida Enfermagem: Saúde da Mulher e da Criança CIRCULAÇÃO FETAL E MODIFICAÇÕES CIRCULATÓRIAS NO NASCIMENTO A modificação mais profunda sofrida pelo neonato é a transição da circulação fetal ou placentária para a respiração independente. (compreender bem as 2 circulações) Na circulação fetal os nutrientes chegam da mãe através da placenta. Recebe e elimina tudo através desta (incluindo doenças), recebe da mãe oxigénio e liberta por esta dióxido de carbono. A placenta funciona como rim, pulmão e intestino entre a mãe e o bebé. Nós, ser humanos, somos a espécie que nasce menos adaptada/ menos capacidade de sobreviver sozinha. Fisiologia da Circulação Fetal: Esta circulação existe e está adequada às necessidades do crescimento do bebé. Difere da circulação extrauterina anatomia e funcionalmente está estruturada para suprir as necessidades de um organismo em crescimento rápido num ambiente de hipoxia relativa baixa de oxigénio (mas é suficiente para as necessidades do bebe dentro do útero). A única conexão entre o feto e o meio externo é a placenta, que o serve nas funções de: Intestinos (suprimento de nutrientes); Rins (retirada dos produtos de degradação); Pulmões (trocas gasosas); A placenta contém grandes seios venosos funcionando como uma fistula arteriovenosa com baixa resistência ao fluxo sanguíneo sistémico. A placenta funciona como filtro, embora não consiga filtrar todas as substâncias toxicas (ex. nicotina, bactérias). Os pulmões fetais estão cheios de líquido oferecendo assim uma grande resistência ao fluxo sanguíneo. Circulação Fetal: Cordão Umbilical, Placenta –> Ligam o bebé ao mundo exterior O bebé vive num ambiente húmido, mergulhado no saco amniótico, e que é neste líquido amniótico (LA), meio aquático, que o bebe se vai desenvolver. O sangue que vem da placenta vem altamente oxigenado e rico em nutrientes, este chega ao bebe através da veia umbilical (veia e não artéria, ao contrário de nós). Esta veia umbilical leva o sangue altamente oxigenado diretamente ao fígado, onde parte dele seguirá para o ducto venoso (um desvio dentro do fígado que conduz esse sangue diretamente para a veia cava inferior, e a outra parte desse sangue entra nos sinusoides hepáticos, nutrindo o parênquima do fígado, retornando pelas veias hepáticas e levado á veia cava inferior. A veia cava inferior desagua na aurícula direita do coração, e como ela também recebe sangue pouco oxigenado vindo dos membros inferiores, abdómen e pelve, o sangue que chaga á aurícula direito não é tão oxigenado quanto aquele que está na veia umbilical, pois já percorreu o corpo. A maior parte deste sangue é direcionado para a aurícula esquerda via forame oval. A aurícula esquerda também recebe sangue vindo das veias pulmonares que retornam o sangue pouco oxigenado do pulmão, que se irá misturar aquele sangue vindo da aurícula direita. Na circulação fetal, as veias pulmonares transportam sangue pouco oxigenado devido aos pulmões fetais utilizarem o sangue apenas para a sua nutrição, não realizando trocas gasosas sendo estas realizadas pela placenta. Enfermagem: Saúde da Mulher e da Criança Da aurícula esquerda o sangue passa para o ventrículo esquerdo e segue para o arco da aorta, sendo distribuído pelas artérias do coração, pescoço, cabeça e membros superiores, nutrindo essas regiões do corpo do feto. A aurícula direita também recebe sangue pobre em oxigénio que retorna da cabeça e membros superiores através da veia cava superior e também do seio coronário. Este sangue irá misturar-se com uma pequena quantidade de sangue bem oxigenado oriundo da veia cava inferior que permaneceu na aurícula direita devido à extremidade inferior do septo secundário. Do átrio direito então, este sangue “misturado” irá para o ventrículo direito, saindo pelo tronco pulmonar, onde a maior parte deste sangue passará pelo ducto arterioso desaguando na parte descendente da aorta em direção ao corpo, retornando à placenta pelas artérias umbilicais. Uma pequena parte deste sangue sai do tronco pulmonar e vai para os pulmões fetais, que devido á sua alta resistência vascular, possui um baixo fluxo sanguíneo. NOTA: Na circulação fetal as veias transportam sangue pouco oxigenado. A função importante do sangue que vai ate aos pulmões é apenas para nutrição/alimentar. Quando o sangue não passa para X figura anatómica, ela vai acabar por morrer. Na circulação fetal o sangue que vai aos pulmões não é para ser oxigenado, mas sim para nutrir/permitir o desenvolvimento. Saber como é que vai ser o sangue que vai percorrer o resto do corpo. O sangue regressa por artérias umbilicais. Esta adaptação á vida extrauterina vai depender de uma função cardiopulmonar adequada (tanto o pulmão como o coração têm que funcionar de igual forma, quando o pulmão não acompanha o coração pode ter que ser ligado a um ventilador) As trocas gasosas dão-se nos alvéolos. Modificações circulatórias no nascimento: No nascimento, com a cessão da circulação placentária, os pulmões expandem-se e começam a funcionar. Com isso, ocorrem ajustescirculatórios importantes, uma vez que o forame oval, o ducto arterioso e os vasos umbilicais já não são mais necessários. 1) Encerramento do forame oval: Com o aumento do fluxo sanguíneo pulmonar e a perda de fluxo sanguíneo da veia umbilical, a pressão na aurícula direita diminui, enquanto que a pressão na aurícula esquerda aumenta. Com isso, o sangue que entra no átrio esquerdo fecha funcionalmente o forame oval. 2) Encerramento do ducto arterioso: Esta ligação temporária entre o tronco pulmonar e o arco da aorta, fecha-se quase que imediatamente apos o nascimento através da contração da sua parede muscular. 3) Encerramento das artérias umbilicais: O encerramento destas artérias impede a perda de sangue do neonato. Acompanhado pela contração da musculatura lisa das suas paredes, o seu encerramento é provavelmente causado também por um estímulo térmico e mecânico e pela variação na tensão do oxigénio. Enfermagem: Saúde da Mulher e da Criança 4) Encerramento das artérias umbilicais: O encerramento destas artérias impede a perda de sangue do neonato. Acompanhado pela contração da musculatura lisa das suas paredes o seu encerramento é provavelmente causado também por um estímulo térmico e mecânico e pela variação da tensão de oxigénio. O seu fecho ocorre apos o encerramento das artérias umbilicais. Assim, o sangue da placenta pode entrar no recém- nascido por algum tempo após o nascimento. 5) Encerramento do ducto venoso: O ducto venoso fecha apos o encerramento da veia umbilical, e quando obliterado formará, no adulto, o ligamento venoso. Modificações circulatórias e respiratórias no nascimento Modificações respiratórias: Logo após o nascimento, o RN terá que iniciar a respiração em poucos segundos. O pulmão deverá transformar-se rapidamente de um órgão preenchido de líquido e com pouco fluxo sanguíneo em um órgão arejado e com muito fluxo de sangue, que seja capaz de executar uma forma inteiramente diferente de respiração, ou seja, a troca direta de gás com o meio ambiente. O sucesso no processo de adaptação imediata à vida extrauterina depende essencialmente da presença de uma função cardiopulmonar adequada. Para que ocorra a troca normal de gases no nascimento, os líquidos alveolar e intersticial devem ser imediatamente removidos por compressão do tórax fetal durante o parto e por absorção do líquido para dentro das células pulmonares via a ativação dos canais de sódio epiteliais. No termo da gestação, os pulmões contêm aproximadamente 20 ml de fluidos /Kg. Enfermagem: Saúde da Mulher e da Criança A primeira respiração (primeiro choro do bebé), resulta provavelmente de um reflexo desencadeado pelas alterações de pressão, frio, ruido, luz e outras sensações relacionadas com o processo de nascimento. Os estímulos que ajudam a iniciar a respiração são principalmente químicos e térmicos. Químicos: Oxigénio baixo, dióxido de carbono alto e PH baixo – Iniciam impulsos que excitam o centro respiratório da medula; Térmicos: É o súbito estremecimento do RN ao sair de um ambiente aquecido e entrar em atmosfera relativamente mais fria; Esta mudança brusca de temperatura origina impulsos sensoriais na pele que são transmitidos ao centro respiratório. A entrada inicial de ar nos pulmões opõe-se à tensão superficial do líquido que enche os pulmões e alvéolos do feto. O líquido pulmonar fetal é removido pelos vasos linfáticos e pelos capilares pulmonares. Algum líquido também é removido durante as forças normais do trabalho de parto. Á medida que o tórax passa no canal de parto, o fluido escorre dos pulmões pelo nariz e pela boca. Após a saída completa do tórax, este retrai-se ativamente e o ar entra nas vias respiratórias para substituir o líquido perdido. A tensão superficial do fluido nos alvéolos é reduzida pelo surfactante, uma substância pelo epitélio alveolar que recobre a superfície alveolar. A principal função do surfactante pulmonar é formar uma camada filme que permite a abertura adequada dos alvéolos pulmonares e permitir a respiração, através da: 1. Manutenção da abertura dos alvéolos. 2. Diminuição da força necessária para a expansão dos pulmões. 3. Estabilização do tamanho dos alvéolos. 4. Desta forma, os alvéolos ficam sempre ativos e capazes de realizar as trocas gasosas adequadamente. A respiração é superficial, irregular, com ciclos respiratórios compreendidos entre 30 a 60 períodos ciclos/min, podendo ocorrer pequenos períodos de apneia, menores de 15seg. NOTA: O RN respira quase exclusivamente pelo nariz; A função de ventilação é maioritariamente mantida devido à contração do diafragma. Respiração anormal do RN: Bradipneia: Respirações <25 ciclos/min; Taquipneia: Respirações >60 ciclos/min; Sons respiratórios anormais: Gemido, sibilos, crepitações… Dificuldade respiratória: Adejo nasal, tiragem subcostal, intercostal ou global, respiração profunda…
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