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Apostilha Contabilidade de Custos aula 1

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Contabilidade de Custos / Aula 1 - Conceitos e fundamentos 
· Introdução
Olá, a aula irá abordar a evolução histórica da Contabilidade de Custos, destacando sua origem, função e seus objetivos nos papéis exercidos tanto na área financeira como gerencial. Atualmente, a Contabilidade de Custos é essencial em um sistema de gestão, quando, por meio de suas técnicas de custeio e uso dos sistemas de custos, auxiliam com informações úteis aos diversos usuários no planejamento dos gastos e na tomada de decisões mais assertivas.
· Objetivos
Reconhecer a história da Contabilidade de Custos;
Diferenciar Contabilidade Financeira de Contabilidade de Custos;
Compreender a importância das informações de custos no processo decisório.
· Créditos
Aderbal Torres
Redator
Carolina Burgos
Designer Instrucional
Pedro Magalhães
Web Designer
Rostan Luiz
Desenvolvedor
· Intro
· Objetivos
· Créditos
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Histórico da Contabilidade de Custos
Se você imagina Contabilidade como um universo de números a serem somados, selecionados e acompanhados, você ficará surpreso!
A moderna Contabilidade de Custos é mais do que números, mas, antes disso, veremos que o advento da Contabilidade de Custos deu-se após a Revolução Industrial, no século XVIII, pois, até esse momento, quase só existia a Contabilidade Financeira (ou Geral), que, por sua vez, desenvolveu-se na Era Mercantilista, a qual estava bem estruturada para servir às empresas comerciais (MARTINS, 2010).
A Contabilidade se desenvolveu muito tempo atrás, quando fazendeiros pré-históricos usavam pedras para contarem seus bens. Historiadores demonstraram que informes contábeis têm sido pre-parados há milhares de anos. Registros contábeis, remontando às antigas civilizações, foram encontrados gravados em blocos de pedra.
Os sumérios, por exemplo, usavam cilindros ou esfera ou outra forma, para contar e especificar o bem, o dono e o número de bens, guardando esses cilindros/esferas em bolas ocas de argila rotulando do lado de fora com símbolos quem eram os donos, o número e o tipo de produto em questão.
Figura 1: Sistema de controle dos Sumérios 
Fonte 
Século XV
No século XV, Luca Pacioli escreveu o primeiro livro didático sobre Contabilidade, publicado em Veneza, em 1494 (Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalita), desenvolvendo as partidas dobradas, ou seja, tudo que for registrado de um lado deve ter sua representatividade em outro, são os débitos e os créditos.
Pacioli descreveu os fundamentos de um sistema contábil de partidas dobradas bastante funcional (para cada débito(s), um crédito(s) correspondente).
A necessidade de registrar informações sobre transações comerciais tem existido sempre que as pessoas têm comercializado entre si nos mercados de troca. Isso demonstra que a Contabilidade Financeira surgiu por intermédio de organizações comerciais com principal intuito de avaliar permutas, e, na realidade, teve grande avanço na chamada Era Mercantilista (LEONE, 2000).
Século XVII
De acordo com Martins (2010), até a Revolução Industrial (século XVII), praticamente só havia a Contabilidade Financeira, também conhecida como Contabilidade Geral, como já dito. O consumo de bens e serviços é necessidade inerente à condição humana e ocorre desde os primórdios da civilização.
Antes da Revolução Industrial, as empresas que se desenvolveram foram do tipo comercial ou de manufatura. Tais empresas tinham como principal negócio a comercialização de artigos produzidos de forma manufatureira por outras famílias. Por exemplo: compra e revenda de tapetes, artesanatos, vasos de cerâmicas etc. Estas mercadorias eram compradas de tais famílias e revendidas em feiras ou em viagens marítimas.
Nesta época, de empresas artesanais, a apuração do resultado de cada período tinha como objetivo o controle de inventário ou estoque físico e a elaboração e o fechamento do Balanço Patrimonial. O resultado de cada período, para a elaboração do balanço em seu final, era dado pelo levantamento dos estoques em termos físicos; quanto aos valores monetários, eram obtidos pelo montante pago por item estocado.
Assim, pela diferença de quanto possuía de estoques iniciais, adicionando as compras do período e com o estoque existente, apurava-se o valor da aquisição das mercadorias vendidas, ou Custo da Mercadoria Vendida (CMV) da seguinte maneira: 
Em que:
CMV = Custo das Mercadorias Vendidas
EI = Estoques iniciais
C = Compras
EF = Estoques Finais
Desse modo, era possível elaborar a Demonstração de Resultados da empresa comercial pela confrontação do resultado com as receitas obtidas pelas vendas chegando-se ao lucro bruto, do qual deduziam-se as despesas necessárias para manutenção da entidade.
Segundo Martins (2010), os bens ou os serviços eram produzidos por pessoas ou grupos de pessoas, dentro das quais, poucas se constituíam como entidades jurídicas. As empresas da época sobreviviam do comércio, e não da fabricação, por isso a facilidade em verificar e acompanhar o valor de compra dos bens existentes. Era uma verificação objetiva e comprovável, bastava examinar os documentos da aquisição.
Atividade
Vamos resolver um exemplo de cálculo do Custo da Mercadoria Vendida (CMV):
A empresa EcoMad, tinha 10 mesas, que custaram $50 cada uma. Comprou mais 4 mesas a $50 cada e ficou no estoque final com 3 mesas. Qual o custo da mercadoria vendida? Qual a Demonstração de Resultados da EcoMad se cada mesa é vendida a $70?
O Custo da Mercadoria Vendida seria:
A Demonstração de Resultados seria:
Esta era a Contabilidade Geral da Era Mercantilista.
De acordo com Martins (2010), desde a Revolução Industrial, a Contabilidade de Custos sofreu uma evolução considerável devido à necessidade de realinhamento de seus objetivos e ao alargamento do campo de atuação.
Com a Revolução Industrial, do século XVIII, houve um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo, em nível econômico e social, e aumento da necessidade de um sistema contábil financeiro.
Com o incremento do processo produtivo e consequente aumento da concorrência, entre empresas e a escassez de recursos, surgiu a necessidade de aperfeiçoar os mecanismos de planejamento e controle das empresas. Neste sentido, as informações de custos, desde que devidamente apresentadas em relatórios, seriam um grande instrumento para o controle e planejamento empresarial.
Diante de tal fato, a Contabilidade de Custos tornou-se um grande sistema de informações gerenciais devido à grande gama de informações que a compõem.
A manufatura (onde tínhamos a Contabilidade Geral) deslocou-se para as fábricas movidas a energia (passando a ter a produção de artigos nas indústrias), as quais, mais para frente, precisavam de investimentos monetários.
Na realidade, as empresas comerciais continuaram a utilizar o sistema simples de cálculo do CMV para a apuração do custo da mercadoria. 
Porém, com o advento da manufatura em massa, itens pouco relevantes, por acontecerem de forma artesanal, passaram a ser relevantes no custo do produto, sendo eles:
MD (Materiais Diretos)
MOD (Mão de Obra Direta)
CIF (Custo Indireto de Fabricação)
Além disso, os produtos, por serem produzidos, passavam por estágios antes de se tornarem passíveis de consumo, onde então passou a surgir o conceito:
PP (Produtos em Processo ou em Elaboração)
PA (Produto Acabado).
Mas, como essas novas empresas iriam conseguir investimentos? Algumas alternativas era a busca por investimentos de indivíduos, de bancos ou de outras empresas.
Para que os bancos, as empresas ou os indivíduos emprestassem recursos, todos eles exigiam informações, pois precisavam conhecer o negócio da empresa e o ambiente onde estariam emprestando (alocando) seus recursos.
A Contabilidade de Custos, portanto é um ramo da Contabilidade Geral e está voltada às empresas industriais, ou seja, para a atribuição dos custos aos estoques destinados à venda.
A maioria dos procedimentos de Contabilidade interna foi desenvolvida entre 1880 e 1925 e a aplicação era rastrear a rentabilidade da empresapara os produtos e usar essa informação para tomada de decisão.
A Figura 2 a seguir ilustra a empresa industrial.
Fonte 
Assim, entende-se que a empresa industrial é aquela que adquire determinadas matérias-primas (MP) ou materiais diretos (MD) e, com o uso de máquinas, equipamentos (Custos Indiretos de fabricação (CIF)) e mão de obra direta (MOD) especializada, transforma as matérias-primas em produtos acabados com a finalidade de venda.
Exemplos de indústrias:
petrolíferas,
de alimentos,
têxtil,
calçados,
de mineração,
móveis,
matérias de construção etc.
Já as empresas comerciais adquirem as mercadorias já prontas ou os produtos acabados com a finalidade de venda ou comercialização.
Na apuração dos gatos relativos à prestação de serviços, aplica-se a Contabilidade de Custos.
Segundo Ferreira (2016), a Contabilidade de Serviços é a área da Contabilidade de Custos que trata dos gastos incorridos na prestação de serviço. É o caso da prestação de serviços hospitalares, escolares, bancários. Assim, uma escola pode controlar, por exemplo, os custos incorridos na manutenção de cada uma de suas turmas: salários dos professores, materiais consumidos, energia elétrica, aluguel, salários do pessoal de apoio.
Diferença entre a Contabilidade Financeira, Contabilidade Gerencial e Contabilidade de Custos
Agora que já sabemos o histórico da Contabilidade de Custos, faz-se necessário diferenciarmos as características e finalidades entre as áreas da Contabilidade.
Segundo Frezatti et al. (2007) o conceito de diferenciação é entendido como a utilização predominante de determinados elementos por parte de uma das Contabilidades em relação à outra, e, em muitos trabalhos, tal utilização não está relacionada com diferenças quantitativas, mas sim qualitativas, comportamentais, sendo tratada em detalhe em tópico específico.
Para os autores Horngren; Datar e Foster (2004) a Contabilidade Gerencial e a Financeira tem diferentes objetivos. 
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Assim, concluímos que administrar custos constitui parte integral das estratégias de administração e sua implementação colocada em ação. 
Papel da Contabilidade de Custos 
As instituições vivem atualmente uma fase em que a concorrência é cada vez mais acirrada, existem demasiadas pressões quanto a responsabilidades sociais, uma necessidade contínua de aperfeiçoamento tecnológico e de processos, um número cada vez maior de consumidores exigindo produtos de alta qualidade, funcionais e de baixo custo e uma pressão oriunda dos efeitos da globalização a partir da possibilidade de novos entrantes no mercado. Embasado neste contexto, qualquer empresa passa a ter uma principal preocupação: sobreviver na nova conjuntura socioeconômica mundial.
A Contabilidade de Custos pode ser definida como o segmento ou a área da Contabilidade que trata especificamente de elaborar técnicas, métodos, procedimentos e fundamentos teóricos visando à mensuração, classificação e avaliação das mutações patrimoniais relacionadas às operações internas da empresa, objetivando a obtenção do custo de determinados bens ou serviços (IUDÍCIBUS, 2000).
Tais custos irão compor o valor do estoque e o custo do produto ou serviço vendido.
Inicialmente, a Contabilidade de Custos tinha o objetivo principal de avaliar os estoques e custos para demonstração de resultado no âmbito da divulgação das demonstrações contábeis aos usuários externos. Contudo, atualmente, a Contabilidade de Custos tornou-se um importante instrumento gerador de informações para planejamento, controle e tomada de decisões internas a empresa.
Martins (2010) lista três grupos dentro dos quais a Contabilidade de Custos pode cumprir seu papel. São eles:
Inventariar e ativar os produtos fabricados e vendidos
Planejar e controlar as atividades econômicas
Servir como instrumento para tomada de decisão
Assim, concluímos que a Contabilidade de Custos é o ramo da Contabilidade que utiliza técnicas específicas para identificar, classificar e registrar os custos ligados diretamente à produção de bens e/ou serviços. Aplica-se ao departamento de produção das empresas, tendo como objetivo controlar os gastos envolvidos na fabricação dos produtos, auxiliando os gestores no processo de tomada de decisões. 
Exercícios
Questão 1 - Quais são as funções gerenciais mais relevantes da Contabilidade de Custos?
Auxílio ao controle e apuração de Imposto de Renda.
Ajuda à tomada de decisão e levantamento de Balanço.
Auxílio ao controle e ao processo de tomada de decisão.
Valoração dos estoques físicos e tomada de decisões.
Auxílio ao controle e à valoração dos estoques físicos.
Questão 2: A Contabilidade de Custos surgiu da Contabilidade Financeira a partir do quê?
Do século XX.
Da Era Mercantilista.
Do aparecimento da escrita.
Da globalização do mercado e a crescente necessidade de informações sobre custos.
Da Revolução Industrial.
Questão 3: Como eram avaliados os custos das mercadorias vendidas até o século XVIII (Era Mercantilista)?
Pelo método do custo de reposição.
Por meio da contabilidade de custos.
Com o serviço de especialistas em avaliação de bens.
CMV = Estoque inicial + Compras - Estoque final.
Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
Questão 4: A papelaria Stuart compra e revende livros das editoras. Em fevereiro do ano passado, ela apresentou um estoque inicial de $20.000 em livros e comprou mais $30.000,00 em mercadorias. Os livros são vendidos para escolas do ensino fundamental, sendo que após as vendas de fevereiro deste ano a Stuart apurou um estoque final de $15.000.
Qual o CMV da empresa no final de fevereiro deste ano?
Questão 5: Entre as afirmativas seguintes apenas uma está INCORRETA, assinale-a.
A Contabilidade Gerencial tem por objetivo adaptar os procedimentos de apuração do resultado das empresas comerciais para as empresas industriais.
A Contabilidade de Custos presta duas funções dentro da Contabilidade Gerencial, fornecendo os dados de custos para auxilio ao controle e para tomada de decisões.
Os custos de produção reúnem os custos do material direto, o custo da mão de obra e os demais custos indiretos de fabricação.
O objetivo básico da Contabilidade Gerencial é o de fornecer à administração instrumentos que a auxiliem em suas funções gerenciais.
O custo pode ser entendido como o gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços.
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