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Plano de Recuperação Judicial para ME e EPP

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11. Do Plano de Recuperação Judicial para Microempresas e Empresas de Pequeno Porte
De acordo com o art. 179 da CF/88, temos que:
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.[footnoteRef:1] [1: BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em: 13 jun. 2020.] 
Atualmente, a lei que confere esse tratamento jurídico diferenciado para as ME e EPP é a Lei Complementar 123/2006, que em seu art. 3º dispõe o seguinte: 
Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:
I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e
II - no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais).[footnoteRef:2] [2: BRASIL. LEI COMPLEMENTAR Nº 123, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis no 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, da Lei no 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar no 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. Brasília, 14 de dezembro de 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm> Acesso em: 13 Jun. 2020.] 
Por conta de sua estrutura mais enxuta, as micro e epp são as que mais estão expostas as mudanças no cenário econômico e de consumo, necessitando de amparo legal especifico para que possam continuar atuando no mercado. 
Portanto, as micro e epp podem utilizar o instituto da recuperação como forma de auxílio na reestruturação e manutenção de sua atividade, assim, a Lei 11.101/05, que regula a matéria de recuperação e de falência, previu a possibilidade de soerguimento dessas empresas. [footnoteRef:3] [3: BRASIL. LEI Nº 11.101 DE 09 DE FEVEREIRO DE 2005. Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Brasília, 09 de fev. 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm>. Acesso em: 13 Jun. 2020.] 
A instituição da Lei de Falência e Recuperação de Empresas tem como finalidade a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção de emprego aos trabalhadores, além dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, de sua função social e o estímulo à atividade econômica, desburocratizando a recuperação para micro e empresas de pequeno porte. 
Entende-se por plano de recuperação as formas pelas quais a empresa recuperada propõe-se a pagar suas dívidas junto aos credores, a recuperação desta poderá ser feita judicialmente/ordinariamente ou extrajudicialmente, há também a faculdade de optar pelo plano de recuperação especial, conforme art. 70, §1º da referida Lei, devendo para tanto, o devedor indicar por meio de petição a intenção de realização de rj em caráter especial, observando o art. 51 da Lei, que abarcará todos os créditos existentes, com exceção apenas dos créditos fiscais.[footnoteRef:4] [4: Ibid.] 
Deve-se observar o prazo para apresentação do plano em regime especial, que nos termos do art. 53 da Lei, será no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em falência.[footnoteRef:5]  [5: Ibid.] 
As benesses da recuperação estendem-se também quanto a forma de pagamento dos créditos, posto que a empresa recuperada poderá realizar o parcelamento dos créditos devidos em até 36 parcelas mensais, conforme preceitua o art. 71, inciso II , ademais, o plano de recuperação especial não conta com a exigência de formação de assembleia geral dos credores para sua aprovação, o que possibilita maior celeridade e eficiência no planejamento da empresa devedora, além da redução dos custos no que se refere à manutenção do processo. [footnoteRef:6] [6: Ibid.] 
Por todo o exposto, observa-se a importância desse instituto, que tem como finalidade facilitar o soerguimento das microempresas e empresas de pequeno porte, facultando a estas uma forma mais célere, simplificada, menos onerosa e custosa, por ser mais benéfica comparada a recuperação ordinária, pois se adéqua perfeitamente a uma estrutura mais enxuta. 
O plano de recuperação especial, portanto, proporciona melhora no planejamento dos prazos para pagamentos dos créditos, assegurando a simplificação das obrigações em caráter administrativo, tributário, previdenciário e creditício, promovendo a manutenção de empregos, evitando, portanto, o fechamento massivo dessas empresas.

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