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APS - Direito Empresarial - Recuperação Judicial e Falência - FMU

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A relevância da recuperação judicial e o papel das microempresas e empresas de pequeno porte
O instituto da recuperação judicial conforme regulamentado na Lei 11.101 de 2005, e comentado no livro "10 anos de vigência da lei de recuperação e falência: (Lei n. 11.101/2005)", permitiu que a recuperação das empresas insolventes e o seu soerguimento seja o principal objetivo. A tese principal da antiga lei de falências, o Decreto-Lei 7661/45, era o afastamento da empresa insolvente do mercado e a quitação das dívidas com os credores, o que tendia a tornar-se inviável pois, se a empresa não consegue reerguer-se, a quitação das dívidas recorrentemente dá-se como infrutífera. 
A relevância das empresas na economia brasileira é vasta, representando grande parte do capital circulante no país. Desta forma, resta destacar que a manutenção da atividade empresarial representa a manutenção e criação de empregos, movimentação da economia, exportação e importação de produtos, e é fecunda para o próprio país, em última instância, representando ferramenta para maior estabilidade e crescimento econômico. 
Um dos principais mecanismos que foi alterado com a nova lei de falências é a possibilidade negocial da empresa diretamente com seus credores, agora imbuídos de poder de voto e com a apresentação do plano de pagamentos, denominado "Plano de Recuperação Judicial".
O papel dos credores, que acreditam na recuperação do devedor, então é auxiliar no soerguimento da empresa e manutenção da sua atividade econômica, visando o cumprimento do plano de recuperação. Esse papel é de tão vital importância, que esses, caso ocorra a decretação da falência, são reclassificados como extraconcursais, ou seja, fora do alcance do plano de recuperação, tendo prioridade no recebimento de seus créditos. 
Além desses institutos, resta tratar da relevância das empresas de pequeno porte e microempresas na economia nacional, onde representam a maior parte do capital movimentado, empregam maior número de pessoas, realizando a distribuição de produtos e serviços e gerando riquezas. 
A classificação de uma empresa como empresa de pequeno porte ou microempresa é baseada em seu faturamento anual, conforme disposto a seguir:
	Empresa de pequeno porte - apresenta faturamento anual entre R$ 360.000,00 e R$ 4.800.000,00. 
	Microempresa - apresenta faturamento anual inferior a R$ 360.000,00. 
	As empresas que se adequam a esses moldes, apesar de representarem a grande maioria das empresas nacionais, não são contempladas pelos institutos estabelecidos pela lei de falência para a reestruturação de empresas de maior porte, sendo necessários novos institutos legais mais adequados a sua realidade. 
	Dentre os institutos adaptados a realidade das empresas de pequeno porte e microempresas, destaca-se a possibilidade de apresentação de contabilidade simplificada, a redução da remuneração do administrador judicial, o maior prazo para a liquidação da dívida tributária, e a dispensa da realização de assembléia para a aprovação do plano de recuperação, que será deferida pelo juiz, no caso de atendimento pleno dos requisitos legais. 
	Entretanto, tratando-se especificamente da não realização da assembléia, importante destacar que caso credores titulares de fração superior a 50% de uma das classes de crédito se opuserem ao pedido de recuperação judicial indicado no plano, o juiz deverá julgar improcedente o plano apresentado, decretando a falência empresarial. 
	Essas adaptações, tornadas públicas na LC n. 147/2014, conforme disposto por Carlos Henrique Abrão, visam justamente facilitar o cumprimento do plano de recuperação, e a reestruturação da empresa insolvente, concretizando o objetivo legal do instituto de recuperação de empresas. 
	Em conclusão, percebe-se claramente que o instituto da recuperação judicial, conforme disposto na Lei 11.101 de 2005, visa a manutenção da força econômica nacional, na figura das empresas insolventes que buscam o seu restabelecimento como adimplentes e manutenção de sua atividade econômica. Esse processo facilitou e tornou viável a permanência da empresa no exercício de sua atividade econômica, o que se caracteriza comparativamente como mais benéfico para o país, do que apenas a liquidação dos créditos em atraso. 
	Especialmente, destaca-se a simplificação do processo de recuperação para empresas de pequeno porte e microempresas, que integram a maior parte do capital em circulação no país, e têm particularidades decorrentes de seu faturamento e consequente situação econômica. A recuperação e soerguimento dessas representa mais fortemente a proteção dos credores, e maximização dos ativos, visto sua maioria numérica no quadro econômico nacional. 
Referências
10 anos de vigência da lei de recuperação e falência : (Lei n. 11.101/2005) : retrospectiva geral
contemplando a Lei n. 13.043/2014 e a Lei Complementar n. 147/2014 / Fátima Nancy
Andrighi, Sidnei Beneti, Carlos Henrique Abrão (coordenadores). – São Paulo : Saraiva, 2015. ̃
Acesso em 26/04/2019.
Lei 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência
do empresário e da sociedade empresária. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/lei/l11101.htm > Acesso em 27/04/2019.
Lei Complementar no 147, de 7 de agosto de 2014. Altera a Lei Complementar no 123, de 14
de dezembro de 2006, e as Leis nos 5.889, de 8 de junho de 1973, 11.101, de 9 de fevereiro de
2005, 9.099, de 26 de setembro de 1995, 11.598, de 3 de dezembro de 2007, 8.934, de 18 de
novembro de 1994, 10.406, de 10 de janeiro de 2002, e 8.666, de 21 de junho de 1993; e dá
outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp147.htm > Acesso em 26/04/2019.
Sebrae Nacional. Confira as diferenças entre micro empresa, pequena empresa e MEI. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/ entenda-as-diferencas-entre-microempresa-pequena-empresa-e-mei,03f5438af1c924 10VgnVCM100000b272010aRCRD> Acesso em 23/04/2019.

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