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A3 Hist e formação (completo)

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA 
 
 
CURSO DE DIREITO 
 
 
História e Formação dos Sistemas Jurídicos Contemporâneos. 
ATIVIDADE INDIVIDUAL AVALIATIVA (A3). 
 
 
 
 
 
ALUNO: Alvaro Henrique Abreu dos Santos. 
MATRÍCULA: 20201101966 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
Junho/2020 
 
 
 
 
 
 
 
Resumo do texto 6: CRISTIANI, Claudio Valentim. O Direito no Brasil Colonial. In WOLKMER, 
Antonio Carlos (Org.). Fundamentos de História do Direito. Belo Horizonte: Del Rey, 2002; e do 
texto 7: CASTRO, Flávia Lages. Brasil Império. In _________. História do Direito Geral e Brasil. 
Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2011. 
 
 É de conhecimento geral que os Portugueses colonizaram o Brasil e que em seu primeiro contato, 
ao desembarcarem no litoral, entraram em choque com a cultura dos nativos, os quais chamaram de 
índios. Desconsideraram o poder dos índios sobre aquela terra e a consideraram como sua, não a 
viram inicialmente como uma nação mas sim como uma “empresa temporária” onde extraíram as 
riquezas de forma fácil e rápida. Utilizaram como pretexto a evangelização, havendo assim uma 
completa heresia e desrespeito com o ensinamentos do cristianismo originário, no início da 
colonização o foco era a obtenção de pau-brasil e metais preciosos, logo em seguida a agricultura 
ganhou destaque, os colonizadores utilizavam mão de obra escrava tanto negra como indígena em 
seus engenhos, fazendas e propriedades. O autor busca explicitar a evolução do Direito em território 
brasileiro durante o período colonial, o qual surgiu de forma imposta pelos colonizadores e não 
progrediu através de uma experiência grupal e relações sociais construídas no embate sadio e 
construtivo de posições e pensamentos divergentes. As três etnias presentes no território da época 
eram os negros, índios e brancos, no entanto, o Direito português foi base do direito nacional e nele 
os europeus que tinham o posto privilegiado de colonizadores imporam tudo conforme suas 
concepções e vontades. Para maior efeciência colonizatória, Portugal instituiu as capitanis 
hereditárias, eram extensas faixas de terras que possuiam um donatário exercendo funções 
semelhantes a de um senhor feudal, podendo legislar, administrar e julgar, sendo este poder passado 
de pai para filho. Porém, o país europeu não logrou êxito com as capitanias, então mudou a 
estratégia, instituiu um governador-geral centralizando o poder da colônia. Quando o poder local 
dos donatários foi extinto, as ordenações do rei que se tratavam de um conjunto de leis gerais 
existentes tomaram força. Com isso, o Brasil passou por uma evolução de ordenações reais, sendo 
elas: Ordenações Afonsinas (1466), tratou-se da consolidação de leis promulgadas desde Afonso II, 
tendo sido vigentes por pouco tempo na colônia; Ordenações Manuelinas (1521), as quais foram a 
obra da reunião das ordenações afonsinas consolidadas, visando um melhor entendimento 
legislativo; E por fim, as Ordenações Filipinas (1603) que, como as Manuelinas, buscava uma 
 
facilidade de entendimento unindo as Ordenações anteriores com leis extravagantes em vigência. 
Com o Governo-geral as decisões foram centralizadas, o ouvidor-geral era a maior autoridade neste 
tipo de governo, permanecendo no poder enquanto fizesse bem o seu trabalho, caso contrário era 
deposto. O primeiro Tribunal da relação na Bahia foi criado em 1587, só em 1751 que foi criado 
outro no Brasil, sendo ele no Rio de Janeiro e como o da Bahia possuía 10 desembargadores. Para 
garantir seu controle a metrópole enviou este grupo de agente públicos assim impediam uma 
independência da colônia e protegiam seus interesses, porém os desembargadores que desejavam 
subir na hierarquia social acabaram se associando com a elite brasileira com o intuito de obter terras 
e poder, já essa elite visava conseguir ter um operador do judiciário disponível para seus interesses, 
assim, geralmente casavam seus filhos como forma de união das famílias. Diante do exposto, o 
Judiciário não manteve-se afastado da sociedade, porém só observou seus próprios interesses e o da 
elite. Com o tempo novos interesses trouxeram ideais de independência para o Brasil, de início 
apenas radicais desejavam a independência, a elite brasileira tinha em mente uma relação de Reino 
Unido com Portugal, porém, apesar do Brasil não desejar atentar contra os desejos de Portugal a 
metrópole não tinha o interesse de parar de atentar contra os da colônia (como visto na Assembléia 
Geral dos Representantes da Província do Brasil, convocados por D. Pedro antes do “Grito do 
Ipiranga). A elite brasileira não tomou o poder pois a monarquia muito lhe servia para garantia de 
manutenção do status baseado no sistema que persistia desde a colônia, sendo ele o de latifúndio, 
monocultor, exportador e escravocrata. A constituinte em 3 de junho de 1822, três meses antes do 
acontecimento no Ipiranga veio como forma de ir contra as tentativas de recolonização das cortes 
portuguesas as quais utilizavam de projetos e decretos para tal, porém apenas em 1823 se deu a 
abertura da Constituinte onde pois era preciso “preparar o terreno”, ou seja, restringir a votação para 
enfraquecimento da oposição. Com isto, os jornais foram calados ficando somente os que apoiavam 
D. Pedro assim criando uma “Constituinte consentida”, para o príncipe a Assembléia deveria servir 
a um propósito do próprio Imperador o de provar que ele desobedecera a Corte Portuguesa não pela 
ambição de reinar de forma absoluta mas sim para preservar a autoridade régia. Para auxílio disto, 
um anteprojeto constitucional de 272 artigos com ideiais iluministas, no que concerne liberalismo 
econômico e soberania nacional, refletindo a situação no momento (como as tropas portuguesas na 
Bahia), propunha a restrição de estrangeiros na participação da política nacional. Cabe acrescentar, 
que para afastar a maioria da população o eleitor deveria possuir uma renda relativamente alta, 
medida por alqueires de mandioca, gerando o nome popular “Constituinte da Mandioca”. O 
 
anteprojeto valorizava uma representação do Brasil além de auxiliar na indissolubilidade da Câmara. 
Uma Assembléia fechada com uma comissão de confiança de D. Pedro I é realizada, esta comissão 
foi chamada de Conselho de Estado,para a elaboração de uma carta Constitucional, a Constituição 
foi outorgada apesar de críticas as províncias a assimilaram por imposição. Esta Constituição de 
1824 identicava o governo como Monarquia Constitucional e possuía um quarto poder (além do 
legislativo, executivo e judiciário), o moderador, o qual é apontado como o meio dos outros poderes 
se harmonizarem, era um poder privativo do Imperador. Os deputados eram eleitos de forma 
indireta, e os eleitores eram divididos em “paroquiais” e “provinciais” de acordo com sua renda. 
Como os deputados eram eleitos, dá-se a impressão que algo não estava no controle do Imperador, 
porém se não tivesse satisfeito D. Pedro poderia fechar a Câmara dos deputados e convocas novas 
eleições exercendo o Poder Moderador, o que não era surpresa tendo em vista que o mesmo podia 
por esta Carta Magna expedir decretos e regulamentos, que tinha eficácia de leis. Além disso, as 
leis só teriam valor após a sanção do Imperador, e o mesmo ainda tinha controle do judiciário, pois 
ele que nomeava os juízes. Os magistrados não tinham inamovibilidade como os da doutrina norte-
americana, e a cobrança de responsabilidade desses agentes ocorria no tocante a abusos de poder, 
suborno, peculato e concussão, não sendo cobrada essas responsabilidades a quem mais possuía 
poder, o Imperador. O papel de interpretação da lei caberia ao Legislativo, porém como isso não deu 
certo esta função passou, em 1841, para o Conselho de Estado. A escravidão era a estrutura de 
produção e da cultura na época do Império, e mesmo assim D. Pedro praticamente copiou a 
Declaração do Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão dosrevolucionários franceses. Por 
consequência, deveria haver uma “liberdade de religião”, o que não o ocorria, os registro civis eram 
realizados na Igreja Católica, além de não haver liberdade para outras religiões serem praticadas em 
público. Desde a proclamação da Independência entendia-se a necessidade de regular a vida 
nacional, no início foram mantidas as leis portuguesas, isto foi feito pela Assembléia Constituinte 
em 1823. Em 1827 o Imperador enfatizou a urgência de elabora-se a codificação civil e criminal, 
com uma Comissão Bicameral para estudo do assunto, eles apresentaram seus trabalhos que foi 
passado para a Câmara do Deputados, também por comissão, assim com a redação definitiva do 
projeto ele foi aprovado em 1830 e entrou em vigor em 1831. Alguns aspectos do Código Criminal 
é que a pena de morte foi prevista, como também, a de Gales, a de prisão com trabalho, o banimento, 
até mesmo a pena de multa que foi a introdução para “dia-multa” utilizada até hoje, etc. Porém, 
agora haviam garantias contitucionais que proibiam penas como os açoites, a tortura, e todas as mais 
 
cruéis, porém estas garantias não incluíam os escravos. Deve-se lembrar que o Código não aplicava 
pena para menores de 14 anos e “loucos de todo gênero” e as pessoas que cometeram um crime 
levados por força ou medo “irresistíveis”. Estes deveriam reparar o mal que causaram, já os menores 
era recolhidos a casas de correção. Neste Códico Criminal havia defeitos graves como a não 
indicação e qualificação do crime culposo, onde esta falha foi corrigida somente em 1871 através de 
uma lei complementar, ou a não diferenciação do significado de furto e roubo. Em relação aos crimes 
sexuais, as penas eram mais rígidas se a mulher fosse considerada “de família”, caso contrário as 
penas eram mais leves. Com o desejo de maior autonomia da elite brasileira, a crise econômica, e o 
uso do dinheiro público para uma guerra que ninguém queria, D. Pedro I abdicou o trono quando 
seu sucessor tinha apenas 5 anos de idade, diante disto o Império foi governado por uma Regência 
escolhida entre os membros do parlamento. A abdicação retomou o debate liberal que encontrou sua 
maior expressão no Código de Processo Penal de 1832, o qual deu nova fisionomia aos municípios 
que foram habilitados a exercer a si mesmos atribuições judiciárias e policiais. No entanto, em 1841 
foi deita uma reforma no Códico de Processo Criminal acabando com a descentralização do poder, 
fazendo toda autoridade jurídica e policial ser submetida a uma rígida hierarquia, dependendo do 
poder central. A reforma da Constituição de 1824, já havia sido planejada pelos que derrubaram D. 
Pedro I, existia, no entanto, dois grupos buacando reforma, os Moderados (desejavam acabar com 
o Conselho de Estado e a vitalicidade do Senado) prevaleceram sobre os Exaltados (defendiam o 
federalismo, com autonomia para as províncias), pois cederam em parte dando forma ao Ato 
Adicional de 1834 que dava maior importância aos Conselhos Provinciais, que passavam a ser 
Assembléia Leislativas. Importante salientar, que depois do Código Criminal e do Código de 
Processo houve a promulgação de outras leis, exemplo disso foi a que cuidou da repressão do crime 
de tráfico de escravos. Com o tempo cursos jurídicos começaram a ser abertos no Brasil e as 
Academias Jurídicas tornaram-se Faculdades reconhecidas, até mesmo a Ordem dos Advogados do 
Brasil foi fundada. A sociedade brasileira estava evoluindo, porém a escravidão ainda era a base 
estrutural da sociedade, o qual não era desconhecida pelos portugueses que já haviam escravizado 
outros povos na era medieval, como os mulçumanos. O escravo era considerado um bem, só o 
consideravam pessoa quando agente de um crime e se fosse a vítima o seu dono que poderia receber 
algum valor como “danos materiais”, importante salientar, que a escravidão está baseada na 
perpetuidade (até a morte). Além disso, aos escravos era imposta a fé católica mas ao mesmo tempo 
com a existência de contradições, como por exemplo os donos que preferiam que os escravos não 
 
se casassem e quando isso ocorria o casal ainda poderia ser sepado (o que foi mudado por lei depois). 
Os filhos de escravas com os seus donos geralmente eram vendidos, ou seja, gerando lucro com a 
venda dos seus próprios filhos. Com o pensamento iluminista do século XVIII foi-se visto as 
primeiras idéias contrárias a escravidão, que era vista como desígnio de Deus e depois passou a ser 
encarada como obra do homem. A inglaterra que estava vivendo uma Revolução Industrial estava 
interessada na abolição da escravtura por questões econômicas e começou a pressionar o Brasil, 
portanto a partir de 1830 seria ilícito o tráfico de escravos, onde o Brasil se comprometeria a 
eliminar, definitivamente o comércio de escravos de sua economia, o que gerou um aumento 
repentino de 85% no número de escravos traficados no Brasil. Mas a pressão Inglesa aumentava, e 
os que conviveram com as idéias iluministas no exterior já começavam a tomar a causa da escravidão 
para si. Com o intuito de adiar a abolição de fato, leis sem ou com quase nenhuma eficácia 
começaram a surgir, como a Lei Eusébio de Queiroz que apreendia e impunha pena aos envolvidos 
no tráfico negreiro; Como a Lei do ventre Livre a qual determinava livres os nascidos a partir da 
data daquela lei, porém na prática não funcionava; Ou como a Lei dos Sexagenários que dava a 
liberdade aos escravos que alcançassem os 60 anos, porém mesmo que conseguisse com o juiz viver 
longe do seu dono devia ficar por 5 anos no município o qual foi alforrido e deveria trabalhar por 
três anos a mais como forma de indenização. Com os abolicionistas crescendo em número, o 
movimento se agiganteva no país, mas foram os próprios escravos que ao começarem a abandonar 
as fazendas tornaram a situação insustentável. Os fazendeiros tentaram incluir o exército no combate 
às fugas e rebeliões, mas foi em vão. Em 1888 a Princesa Isabel, regente na ausência de D. Pedro II 
promulgou a lei que finalmente abolia a escravidão.

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