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CAPÍTULO 2 Terminologias em CusTos A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Compreender as terminologias de custos. 3 Classificar os gastos em investimentos, custos, despesas e perdas. 3 Classificar os custos e despesas em diretos e indiretos e em variáveis e fixos. 3 Alocar custos e despesas aos produtos e serviços por meio dos diferentes métodos de custeio. 34 Contabilidade Geral 34 35 Terminologias em CusTos 35 Capítulo 2 ConTexTualização A Contabilidade de Custos surgiu da necessidade de as empresas avaliarem seus estoques, principalmente na área industrial. Porém, com o passar do tempo, percebeu-se que a Contabilidade de Custos conseguia atender a outras duas importantes tarefas: controle e decisão. Nesse seu novo campo, a Contabilidade de Custos tem duas funções relevantes: o auxílio ao controle e às tomadas de decisões. No que diz respeito ao controle, sua mais importante missão é fornecer dados para o estabelecimento de padrões, orçamentos e outras formas de previsão e, em um estágio imediatamente seguinte, acompanhar o efetivamente acontecido para comparação com os valores anteriormente definidos. No que tange à decisão, seu papel reveste-se de suma importância, pois consiste na alimentação de informações sobre valores relevantes que dizem respeito às consequências de curto e de longo prazo sobre medidas de introdução ou corte de produtos, administração de preços de venda, opção de compra ou produção etc. Portanto, a Contabilidade de Custos, nessas últimas décadas, passou de mera auxiliar na avaliação de estoques e lucros globais para importante ferramenta de controle e decisões gerenciais. A obtenção e a compreensão das informações sobre custos são essenciais para o sucesso das empresas. Em primeiro lugar, os custos determinam o preço de venda; se os custos forem maiores do que o preço de venda, haverá prejuízo. Todos os custos aplicáveis ao produto ou ao serviço precisarão ser considerados (incluindo fabricação, venda e outras despesas) quando formos determinar o preço de venda. A Contabilidade de Custos, qualquer que seja o sistema, necessita da distinção entre custos e despesas. Teoricamente, a distinção é fácil: custos são gastos (ou sacrifícios econômicos) relacionados com a transformação de ativos (exemplo: consumo de matéria-prima ou pagamento de salários); despesas são gastos que provocam redução do patrimônio (exemplo: impostos, comissões de vendas etc.). Alguns autores enfatizam que todos os custos incorporados aos produtos acabados, fabricados pela empresa industrial, são reconhecidos como despesas no momento em que os produtos são vendidos. O conhecimento dos custos é vital para saber se, dado o preço, o produto é rentável ou, se não-rentável, se é possível reduzir os custos. 36 Contabilidade Geral 36 Para estudarmos custo, é fundamental nos familiarizarmos com os termos usuais da área, ou seja, sua terminologia. A seguir, apresentamos alguns conceitos entendidos como fundamentais. Terminologias em CusTos Encontramos, em todas as áreas, uma quantidade de nomes para um único conceito e isso não é diferente quando falamos sobre custo e despesa. Entretanto, esses termos não são sinônimos. Quando se depara com esses termos utilizados na Contabilidade de Custos, normalmente o principiante se vê perdido, e o experiente, às vezes, se vê embaraçado. Por isso, veremos, na sequência, o que essas terminologias da área de custos significam. gasTo O gasto é uma saída de dinheiro do caixa que a entidade desembolsa para obtenção de um produto ou serviço qualquer. Essa saída é representada pela entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro). É o ato primeiro, precede a despesa, o custo, a imobilização etc. Esse conceito é amplo e se aplica a todas as variações monetárias (saídas) ocorridas na empresa, sendo aplicável, também, nas aquisições a prazo. Assim, temos gastos com a compra de matéria-prima, gastos com mão- de-obra, tanto na produção como na distribuição, gastos com honorários da diretoria, gastos na compra de um bem imobilizado etc. (FAGUNDES, 2010). O gasto só existe quando é efetuada a transferência para a propriedade da empresa do bem ou serviço. Ele se efetiva no momento em que existe o reconhecimento contábil da dívida assumida ou da redução do ativo dado em pagamento (redução do saldo do caixa, do banco etc.) (FAGUNDES, 2010). Para Wernke (2004, p. 11-12), gasto é um termo usado para Definir as transações financeiras nas quais a empresa utiliza recursos ou assume uma dívida, em troca da obtenção de algum bem ou serviço. É um conceito abrangente e pode englobar os demais itens. Por exemplo: um gasto poder ser relacionado a algum investimento (caso em que será contabilizado no ativo da empresa) ou a alguma forma de consumo (como custo ou despesa, quando será registrado em conta de resultado). O gasto é uma saída de dinheiro do caixa que a entidade desembolsa para obtenção de um produto ou serviço qualquer. 37 Terminologias em CusTos 37 Capítulo 2 Nesse caso, compreendemos que os gastos generalizam um ou qualquer esforço que a empresa adquire e que resulta num produto ou serviço. Gasto é o compromisso financeiro assumido por uma empresa na aquisição de bens e serviços, o que sempre resultará em uma variação patrimonial, seja ela qualitativa no início e/ou quantitativa em seguida (FAGUNDES, 2010). O gasto, por sua natureza, pode ser definido como gasto de investimento, quando o bem ou o serviço é utilizado em vários processos produtivos (imobilizado, estoques etc.), e, como gasto de consumo, quando o bem ou serviço são consumidos no momento mesmo da produção ou do serviço que a empresa realiza. Dependendo da destinação do gasto de consumo, esse poderá converter-se em custo ou despesa. O mesmo acontece com o gasto de investimento: à medida que o investimento for consumido, poderá transformar- se em custo ou despesa, dependendo do objeto em que será aplicado (FAGUNDES, 2010). Vamos exemplificar gasto na prática. Veja: o gasto com a aquisição de uma máquina para a produção. Primeiramente, a máquina será ativada, sendo que sofrerá, gradativamente, redução em seu valor (desgaste, obsolescência etc.), fenômeno ao qual é dado o nome de depreciação, tornando-se, nesse momento, um custo de produção (FAGUNDES, 2010). Diferenciação entre gasto e custo A empresa ABA comprou 1.000 unidades de matéria-prima, mas utilizou apenas 800 unidades no processo de transformação em determinado período, sendo a diferença ativada a título de estoque de matéria-prima. Portanto, o gasto foi relativo a 1.000 unidades, e o custo foi de 800 unidades. A seguir, veremos que os gastos têm várias terminologias e que se classificam em: investimentos, despesas, custos e perdas. Dependendo da destinação do gasto de consumo, esse poderá converter-se em custo ou despesa. O mesmo acontece com o gasto de investimento: à medida que o investimento for consumido, poderá transformar-se em custo ou despesa, dependendo do objeto em que será aplicado. 38 Contabilidade Geral 38 a) Investimentos Investimento é um gasto com bens ou serviços para a empresa, ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s). Todos os pagamentos que a empresa efetua para a aquisição de bens ou serviços (gastos) que são estocados no ativo da empresa para baixa ou amortização quando de sua venda, de seu consumo, de seu desaparecimento ou de sua desvalorização, são especialmente chamados de investimentos (FAGUNDES, 2010). Wernke (2004, p. 11-12) assim define investimentos: Gastos que irão beneficiar a empresa em períodos futuros. Enquadram-se nessa categoria, por exemplo, as aquisições de ativos, como estoques e máquinas.Nesses casos, por ocasião da compra, a empresa desembolsa recursos, visando a um retorno futuro sob a forma de produtos fabricados. Diante do exposto, qualquer imobilizado e matéria-prima adquirida serão classificados contabilmente como investimentos de benefícios futuros, até mesmo os maquinários fabris, exceto o valor de seu desgaste com o passar do tempo que, nesse caso, será classificado como custos. Os investimentos podem ser de diversas naturezas e de períodos de ativação variados: a matéria-prima é um gasto contabilizado temporariamente como investimento circulante; a máquina é um gasto que se transforma num investimento permanente; as ações adquiridas de outras empresas são gastos classificados como investimentos circulantes ou permanentes, dependendo da intenção que levou a sociedade à aquisição. b) Despesas As despesas são itens que reduzem o patrimônio e que têm a característica de representar saídas de dinheiro no processo de obtenção de receitas. Vejamos um caso prático para você entender melhor o conceito de despesa. Pense na comissão do vendedor. Temos, nesse caso, um gasto que se torna imediatamente uma despesa. O equipamento usado na fábrica, que foi gasto transformado em investimentos e, posteriormente, considerado parcialmente como custo, torna-se uma despesa na venda do produto feito. O computador da secretária do diretor financeiro, que foi transformado em investimento, tem uma parcela reconhecida como despesa (depreciação), sem transitar pelo custo (FAGUNDES, 2010). Os investimentos podem ser de diversas naturezas e de períodos de ativação variados: a matéria-prima é um gasto contabilizado temporariamente como investimento circulante; a máquina é um gasto que se transforma num investimento permanente. 39 Terminologias em CusTos 39 Capítulo 2 Portanto, perceba que todas as despesas são ou foram gastos e que, porém, alguns gastos muitas vezes não se transformam em despesas. É o caso de terrenos, por exemplo, que não são depreciados ou só se transformam em receita quando de sua venda. Wernke (2004, p. 11-12) refere-se às despesas como O valor dos bens ou serviços consumidos direta ou indiretamente para obtenção de receitas, de forma voluntária. Esse conceito é utilizado para identificar os gastos não relacionados com a produção, ou seja, os que se referem às atividades não produtivas da empresa. Logo, as despesas estão relacionadas com todos os gastos a partir da inserção dos produtos e/ou serviços no mercado. Segundo a Resolução 750/93, do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), que trata dos Princípios Fundamentais de Contabilidade, são consideradas incorridas as despesas: • quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua propriedade para terceiros; • pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo; • pelo surgimento de um passivo sem correspondente ativo (CFC, 1993) . c) Custos Custo é um gasto relativo ao bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. Esse gasto só é reconhecido como custo no momento de utilização dos fatores de produção, para fabricação de um produto ou execução de um serviço. Exemplos: • Matéria-prima: foi um gasto na aquisição que imediatamente se tornou um investimento durante sua estocagem e, quando consumido, se tornou custo. • A energia elétrica é um gasto que, quando consumido, passa imediatamente para custo. • Salários do pessoal da produção. As despesas estão relacionadas com todos os gastos a partir da inserção dos produtos e/ou serviços no mercado. 40 Contabilidade Geral 40 • Manutenção das máquinas e equipamentos de produção. • Depreciação das máquinas e equipamentos de produção. A regra do quê? Ou para quê? É simples: basta, para isso, definir o momento em que o produto está pronto para a venda. Até aí, todos os gastos são custos. A partir desse momento, todos os gastos serão tratados como despesas necessárias para a realização da venda. Veja a figura a seguir. Figura 2 – Custos, despesas e vendas Fonte: A autora. Wernke (2004, p. 11-12) afirma que custos são Gastos efetuados no processo de fabricação de bens ou de prestação de serviços. No caso industrial, são os fatores utilizados na produção, como matérias-primas, salários e encargos sociais dos operários da fábrica, depreciação das máquinas, dos móveis e das ferramentas utilizadas no processo produtivo. Assim, um gasto pode transformar-se de investimento em custo ou despesa ou diretamente custo ou despesa. A diferenciação entre custos e despesas é importante para a Contabilidade Financeira, pois os custos são incorporados aos produtos (estoques), ao passo que as despesas são levadas diretamente ao resultado do exercício. Entretanto, no enfoque gerencial, essa diferenciação não é muito relevante. Os contadores de custos devem dispensar a mesma atenção aos custos e às despesas. Se a eficiência é importante no setor de produção, deve ser considerada da mesma forma na área administrativa (FAGUNDES, 2010). De qualquer maneira, é importante que você conheça alguns conceitos descritos por autores que estudam a Contabilidade de Custos: Wernke (2004, p. 11-12) afirma que custos são gastos efetuados no processo de fabricação de bens ou de prestação de serviços. A diferenciação entre custos e despesas é importante para a Contabilidade Financeira, pois os custos são incorporados aos produtos (estoques), ao passo que as despesas são levadas diretamente ao resultado do exercício. Entretanto, no enfoque gerencial, essa diferenciação não é muito relevante. 41 Terminologias em CusTos 41 Capítulo 2 • Custo é um gasto relativo ao bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. São insumos de bens de capitais ou serviços efetuados para execução de determinados objetos (MARTINS, 2003). • Custos são insumos de capitais, bens ou serviços, efetuados para consecução de determinados objetivos. Esses insumos assumem, primeiramente, uma expressão física e se traduzem, posteriormente, pela expressão monetária dos mesmos. Assim, melhor definindo, “custo de um bem ou serviço é a expressão monetária dos insumos físicos realizados na obtenção daquele bem ou serviço, considerando-se o total retorno dos capitais empregados, em termos de reposição.” (HORNGREN; FOSTER; DATAR, 1997, p. 46). Você deve ter percebido que o custo está associado diretamente à produção de bens ou à prestação de serviços. Veja alguns exemplos apresentados por Fagundes (2010): • a matéria-prima foi um gasto na sua aquisição que imediatamente se tornou investimento e assim ficou durante o tempo de sua estocagem, sem que aparecesse custo algum associado a ela. No momento de sua utilização, na fabricação de um bem, surge o custo da matéria-prima como parte integrante do bem elaborado. Esse, por sua vez, de novo é um investimento, já que fica ativado até sua venda; • a energia elétrica utilizada na fabricação de um bem qualquer é gasto (na hora de seu consumo) que passa imediatamente para custo, sem transitar pela fase de investimento; • a máquina provocou um gasto na sua entrada, tornando-se investimento e parceladamente transformou-se em custo (depreciação) à medida que foi utilizada no processo de produção de utilidades. Na teoria, parece fácil conceituar a variável custos. Entretanto, a grande questão é: onde terminam os custos de produção? E qual a diferença entre custos e despesas? 42 Contabilidade Geral 42 Para melhor entender essa diferença entre despesas e custos, observe a figura 3. Figura 3 – Variável custos Fonte: Horngren, Foster e Datar (1997, p. 49). Para diferenciar custos de despesas, é imprescindível compreender que, primeiramente, a entidade realiza o gasto (aumento de obrigações e/ ou diminuição do ativo). Esse gasto podeser um investimento (aquisição de bens imobilizados, compra de matéria-prima etc.) ou ser um consumo direto (Ex.: pagamento de energia elétrica). Quanto ao investimento, esse se transforma em despesa em decorrência de sua utilização (depreciação, custo do produto fabricado etc.); após, passa a ser classificado como um custo e, quando levado para a apuração do resultado, (segundo os Princípios Fundamentais da Contabilidade, a despesa existe em função da receita), transforma-se numa despesa. Já o gasto consumido imediatamente classifica-se, inicialmente, como despesa, sendo que essas despesas poderão ser relacionadas diretamente com o resultado do exercício, se não participarem do ciclo produtivo. Todavia, se identificadas como atividade de produção, serão consideradas custo e posteriormente despesas, na fase de apuração do resultado (FAGUNDES, 2010). Além disso, devemos considerar, por exemplo, gastos com distribuição como despesas. Porém, o entendimento pode ser diferente, uma vez que os gastos com distribuição são identificáveis como um objeto de custeio (distribuição) podendo, portanto, ser considerados custos de distribuição. O mesmo argumento pode ser utilizado para gastos com comercialização, propaganda etc. 43 Terminologias em CusTos 43 Capítulo 2 Separação entre custos e despesas: Custos: são os gastos relacionados à produção, como matéria- prima, energia elétrica da fábrica, aluguel da fábrica, mão-de-obra destinada à produção etc. Em empresas não-industriais, são os gastos efetuados com mercadorias compradas para revenda ou serviços prestados. Despesas: são gastos de administração, vendas, financiamento etc. não diretamente relacionados à atividade produtiva. Assim, o aluguel dos escritórios da empresa, ao contrário do aluguel da fábrica, é despesa. Os salários dos administradores e funcionários do escritório da empresa são despesas, assim como a energia elétrica do escritório, materiais de escritório etc. d) Perdas A perda pode ser um bem ou serviço consumidos de forma anormal e involuntária. A perda não se trata de despesa ou custo. Não é despesa, porque não se destina à obtenção de receita, e não é custo, porque não entra no processo de produção. A perda é contabilizada diretamente à conta de resultado. Exemplos: sinistros, estoques obsoletos etc. É importante, também, diferenciarmos perdas normais e anormais. Todo processo produtivo pode gerar restos decorrentes da atividade desenvolvida (previsionais), os quais são considerados normais à atividade. Devem, portanto, englobar o custo do produto fabricado; quando fazemos, por exemplo, um processo de corte ou recorte em uma peça, normalmente temos sobras. Essas sobras são perdas normais, pois já estão previstas. Já as perdas anormais são aquelas provenientes de erros de produção, incêndios, obsolescência, erros humanos etc.. São consideradas perdas do período, contabilizadas como tal, incidindo diretamente sobre o resultado do exercício, não sendo ativadas (não compõem os custos dos produtos; simplesmente reduzem o resultado do período). Dessa forma, podemos entender que perda é um bem ou serviço consumido de forma anormal e involuntária. Não se confunde com a A perda pode ser um bem ou serviço consumidos de forma anormal e involuntária. A perda não se trata de despesa ou custo. Não é despesa, porque não se destina à obtenção de receita, e não é custo, porque não entra no processo de produção. 44 Contabilidade Geral 44 despesa, muito menos com o custo. Exatamente pela sua característica de anormalidade, não é um sacrifício feito com intenção de obtenção de receita. Veja alguns exemplos sugeridos por Martins (2003): • O gasto de mão-de-obra, durante um período de greve, é uma perda, não um custo de produção. • O material deteriorado por um defeito anormal e raro de um equipamento provoca uma perda, e não um custo. Aliás, não haveria mesmo lógica em se apropriar como custos essas anormalidades e, portanto, acabar por ativar um valor dessa natureza. • Materiais ou produtos em estoques que devem ser baixados por obsolescência, ou seja, por desuso. Para uma melhor caracterização dessas terminologias relacionadas à área de custos, veja o quadro 5. Quadro 5 – Terminologias de custo Fonte – A autora. TERMINO- LOGIA SIGNIFICADO EXEMPLO Gasto Sacrifício econômico para aquisição de bens e serviços Aquisição de bens e serviços Investimento Gasto com bem ou serviço, ativado ou não, em função de sua vida útil e da sua destinação Aquisição de uma máquina, reforma do prédio Custo Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens e serviços, relaciona- dos com a atividade de produção Matéria-prima, salário dos fun- cionários da área de produção Despesa Gasto com bens e serviços que não estejam relacionados diretamente com a produção, realizados não necessariamente para a obten- ção de receitas Salários dos funcionários ligados à administração Perda Gasto não intencional decorrente de fatores externos ou fortuitos relacionados com a administração da universidade Material em desuso ou dete- riorado no estoque 45 Terminologias em CusTos 45 Capítulo 2 Atividade de Estudos: 1) Assinale com um X a classificação correta de cada fato: custo, despesa, investimento ou perda: 2) Classifique os gastos a seguir em custo ou despesa, encontrando o valor monetário total de cada categoria: Fato Gasto Custo Despesa Investimento Perda Pagamento da fatura do anúncio colocada no jornal desse fim de semana Manutenção do prédio da empresa Compra de matéria-prima Transferência da matéria- prima do almoxarifado para a fábrica para iniciar a produção Apuração dos cartões de ponto dos empregados da fábrica Apuração dos cartões de ponto do pessoal do escritório Energia elétrica da fábrica consumida esse mês “Perda” normal de matéria- prima no processo de fabricação Deterioração de matéria- prima em razão de greve dos operários Obsoletismo de estoques de materiais Salário do porteiro da fábrica 46 Contabilidade Geral 46 • Total dos custos de produção:____________________ • Total das despesas: ____________________________ Agora que você já conhece as terminologias utilizadas na área de custos, ficará mais fácil entender a classificação dos custos. Veremos isto na sequência. ClassifiCação de CusTos Os gerentes contam com os contadores gerenciais para receber informações de custos úteis à tomada de decisões. Mas, afinal, o que é custo? Custo é um desembolso de caixa, ou seu equivalente, ou o compromisso de pagar em espécie no futuro, com o propósito de gerar receitas. A seguir, perceberemos que os custos são classificados em: custos diretos e indiretos, custos fixos e variáveis. Além disso, entenderemos, também, a separação entre custos e despesas. a) Custos diretos e custos indiretos São custos diretos aqueles relacionados diretamente com a produção do produto (bem ou serviço), a partir dos quais podemos ter uma medida fiel do gasto realizado. Por exemplo, a quantidade de matéria-prima utilizada na produção de um bem é algo mensurável. Podemos determinar o custo da matéria-prima utilizada na produção, mesmo que tenhamos vários produtos (MARTINS, 2003). Gastos Custo ou Despesa Valor R$ Salário do pessoal da fábrica 120.000,00 Comissão dos vendedores 60.000,00 Matéria-prima consumida 270.000,00 Salários do pessoal administração 80.000,00 Honorários da diretoria administração 40.000,00 Depreciação das máquinas 30.000,00 Seguro da fábrica 10.000,00 Materiais diversos 20.000,00 Manutenção das máquinas da produção 30.000,00 Despesas de vendas 20.000,00 Material de expediente 10.000,00 Custo é um desembolso de caixa, ou seu equivalente, ou o compromisso de pagar em espécie no futuro, com o propósito de gerar receitas. 47 Terminologias em CusTos 47Capítulo 2 Alguns exemplos de custos diretos são: embalagens, materiais de consumo, mão-de-obra etc. Quanto aos custos indiretos, não podemos determinar com precisão sobre cada produto. Por isso, ele é rateado ou alocado com base em algum critério. Por exemplo, não sabemos quanto de energia elétrica cada produto consome ao ser produzido. A energia elétrica da fábrica pode, então, ser rateada pelos produtos fabricados com base nas quantidades produzidas ou em outro critério, como número de horas de mão-de-obra, por exemplo (MARTINS, 2003). São exemplos de custos indiretos: energia elétrica da fábrica, água consumida na fábrica, lubrificantes das máquinas, salários dos supervisores ou gerentes da fábrica etc. Horngren, Foster e Datar (1997, p. 53) assim conceituam custos diretos e custos indiretos: • Custos diretos de um objeto de custo são os custos que estão relacionados a um determinado objeto de custo e que podem ser identificados com este de maneira economicamente viável (custo efetivo). • Custos indiretos de um objeto de custo são os custos que estão relacionados a um determinado objeto de custo, mas não podem ser identificados com este de maneira economicamente viável (custo efetivo). Os custos indiretos são alocados ao objeto de custo através de um método de alocação e custo denominado rateio. Logo, os custos diretos têm fácil identificação ao produto no processo produtivo, e os indiretos são de difícil alocação, por não estarem diretamente relacionados ao produto, necessitando de um critério de rateio para apropriá- los ao produto. b) Custos fixos e custos variáveis Você já sabe que os custos são os gastos consumidos para produzir qualquer produto ou serviço. Agora, você precisa saber diferenciar os custos fixos dos custos variáveis. Perceba a diferenciação entre custo fixo e variável no conceito de Horngren, Foster e Datar (1997, p. 56): Os custos diretos têm fácil identificação ao produto no processo produtivo, e os indiretos são de difícil alocação, por não estarem diretamente relacionados ao produto, necessitando de um critério de rateio para apropriá-los ao produto. 48 Contabilidade Geral 48 Um custo variável é um custo que se altera em montante em proporção às alterações num direcionador de custo. Um custo fixo é um custo que não se altera em montante apesar de alterações num direcionador de custos. Um direcionador de custos, também chamado de determinante de custo, é qualquer fator que afeta os custos totais. Isto significa dizer que uma mudança no direcionador de custo implicará uma alteração dos custos totais de um objeto de custo. Portanto, podemos dizer que: • Custos fixos: são os custos incorridos para fabricar o produto (bem ou serviço) que não têm relação com a quantidade produzida, ou seja, seu valor não varia, mesmo que sejam produzidos mais ou menos bens ou serviços. Ex.: aluguel da fábrica, manutenção, limpeza da fábrica etc. (MARTINS, 2003). • Custos variáveis: são custos que variam conforme a produção. Maior quantidade produzida implica maiores custos, assim como uma menor quantidade produzida implica redução dos custos. Ex.: matéria-prima, mão-de-obra, energia elétrica da fábrica etc. (MARTINS, 2003). Atividade de Estudos: 1) Com base nos dados a seguir, classifique os gastos em despesas ou custos (diretos e indiretos, fixos e variáveis). Gastos do período Classificação Materiais diretos Custo direto variável Materiais de escritório Mão-de-obra direta Mão-de-obra indireta Salários administrativos Depreciação – prédio da fábrica Depreciação – prédio escritório Depreciação – máquinas Aluguel – escritório Combustível – vendas Aluguel – fábrica Energia – escritório Energia – fábrica 49 Terminologias em CusTos 49 Capítulo 2 Veremos, agora, que existe uma separação entre os custos e as despesas, que cada um tem uma função diferente a ser observada dentro da área de custos. separação enTre CusTo e despesa Diz-se, teoricamente, que a separação entre custo e despesa é fácil: os gastos relativos ao processo de produção são custos, e os relativos à administração, às vendas e aos financiamentos são despesas (MARTINS, 2003). Entretanto, na prática, uma série de questões surge pelo fato de não ser possível a separação de forma clara e objetiva. É comum, por exemplo, encontrarmos as despesas com a administração, sem a separação da que realmente pertence à produção; surge, daí, a prática de ratear o gasto geral da administração, parte para despesa e parte para custo. Esse rateio é sempre arbitrário pela dificuldade prática de uma divisão científica. Normalmente, a divisão é feita de acordo com a proporcionalidade entre o número de pessoas na fábrica e fora dela ou com base nos demais gastos ou, simplesmente, em porcentagens fixadas pela diretoria. Outros exemplos mais específicos são: gasto com o Departamento de Recursos Humanos ou Pessoal: por haver comumente um único departamento que cuida tanto do pessoal da fábrica como do pessoal da administração, é feita a divisão de seu gasto total em custo e despesa; o Departamento de Contabilidade, que engloba a Contabilidade Financeira e a de Custos, e, por essa razão, tem, às vezes, seu gasto total de funcionamento dividido parte para despesa (Contabilidade Financeira) e parte para Custo (Contabilidade de Custos). Os mesmos problemas existem para outros setores, tais como Departamento de Compras, que efetua aquisições tanto para a área de produção quanto para a administração, vendas etc.; Almoxarifado e Manutenção, que prestam serviços à produção e também ao resto da empresa etc. Água – fábrica Correio e telefone Custos gerais Manutenção máquinas Manutenção móveis escritório 50 Contabilidade Geral 50 Como tentativa de solução ou pelo menos de simplificação, Martins (2003) propõe algumas regras básicas: a) Valores pequenos dentro dos gastos totais da empresa não devem ser rateados. Se, por exemplo, o gasto com despesas de telefone for de 0,3% dos gastos totais, deve ser tratado como despesa integralmente, sem rateio para a fábrica. b) Valores relevantes, porém que se repetem a cada período e que, em uma eventual divisão, teriam sua parte maior considerada como despesa, não devem, também, ser rateados, tomando-se despesa por seu montante integral. Por exemplo, a administração é centralizada, incluindo a da produção, que representa 67% dos gastos totais da empresa. Em uma eventual distribuição, 2/3 desses gastos ficariam como despesas. Logo, o melhor critério é tratá-los totalmente como despesa. c) Valores cujo rateio é extremamente arbitrário devem ser evitados para apropriação aos custos. A apropriação dos honorários da diretoria, por exemplo, só seria relativamente adequada se houvesse um cronograma do tempo e esforço que cada diretor tivesse ao processo de administração e vendas e ao de produção. Como isso é praticamente impossível e já que é extremamente arbitrário qualquer critério de rateio (porcentagem prefixada, proporcionalidade com a folha de pagamento etc.), o mais indicado é seu tratamento como despesa no período em que foram incorridos. Portanto, perceba que só devem ser rateados e ter uma parte atribuída aos custos de produção e outra parte às despesas do período os valores relevantes que visivelmente podem ser identificados. Para você entender melhor essa questão de custo direto e de custo indireto e a separação entre custos e despesas, trazemos um exemplo apresentado por Martins (2003): separaremos os custos e as despesas de uma empresa, apropriando os custos diretos e os indiretos por produto. Também calcularemos o custo unitário de cada produto (utilizando, para os custos indiretos, o critério de rateio da matéria-primautilizada), supondo-se 1.000 unidades de cada produto. 51 Terminologias em CusTos 51 Capítulo 2 1. Comissões sobre vendas – R$ 10.000,00 2. Matéria-prima – Produto A (R$ 50.000,00 ); Produto B (R$ 150.000,00); Produto C (R$ 100.000,00 ) = R$300.000,00 3. Mão-de-obra na fábrica: Produto A (1000 horas x R$ 5,00/hora) Produto B (2500 horas x R$ 10,00/hora) Produto C (2000 horas x R$ 10,00 hora) 4. Salários da administração – R$ 60.000,00 5. Energia elétrica (fábrica) – R$ 15.000,00 6. Material de escritório – R$ 5.000,00 7. Despesas financeiras – R$ 4.000,00 8. Embalagem – R$ 1.000,00 9. Manutenção na fábrica – R$ 2.000,00 10. Energia elétrica (administração) – R$ 10.000,00 1º Passo Separar custos e despesas: Custos – 2, 3, 5, 8 e 9 Despesas – 1, 4, 6, 7 e 10 2º Passo Separar custos diretos e indiretos: Custos diretos – 2 e 3 Custos indiretos – 5, 8 e 9 3º Passo Apropriar os custos diretos aos produtos (matéria-prima e mão-de-obra): Matéria-Prima R$ 300.000,00 (total) Produto A R$ 50.000,00 Produto B R$ 150.000,00 Produto C R$ 100.000,00 Mão-de-obra – (R$ 5.000,00 + R$ 25.000,00 + R$ 20.000,00) = R$ 50.000,00 Produto A – R$ 5.000,00 (1000 horas x 5,00 / hora) Produto B – R$ 25.000,00 (2500 horas x 10,00 / hora) Produto C – R$ 20.000,00 (2000 horas x 10,00 / hora) 52 Contabilidade Geral 52 Total de custos diretos por produtos, matéria-prima + mão-de-obra = R$ 300.000,00 + R$ 50.000,00 Produto A = R$ 50.000,00 + R$ 5.000,00 = R$ 55.000,00 Produto B = R$ 150.000,00 + R$ 25.000,00 = R$ 175.000,00 Produto C = R$ 100.000,00 + R$ 20.000,00 = R$ 120.000,00 Total de custos diretos = R$ 350.000,00 4º Passo Apropriar os custos indiretos aos produtos. Critério de rateio – matéria-prima consumida Custos indiretos – energia elétrica (fábrica), embalagem e manutenção na fábrica – R$ 15.000,00 + R$ 1.000,00- + R$ 2.000,00 = R$ 18.000,00. Rateio dos custos indiretos Custo dos produtos (total) – R$ 368.000,00 Custo unitário de cada produto (1000 unidades de cada) Produto A – R$ 58,00 Produto B – R$ 184,00 Produto C – R$ 126,00 Esperamos que, após esse exemplo, você tenha entendido a classificação dos custos diretos e dos custos indiretos e a separação com as despesas. Que tal, agora, testar, na prática, o que você estudou até aqui? Produto Matéria-Prima % Custos indiretos Custos diretos Total A R$ 50.000,00 16,66 R$ 3.000,00 R$ 55.000,00 R$ 58.000,00 B R$ 150.000,00 50,00 R$ 9.000,00 R$ 175.000,00 R$ 184.000,00 C R$ 100.000,00 33,33 R$ 6.000,00 R$ 120.000,00 R$ 126.000,00 Total R$ 300.000,00 99,99 R$ 18.000,00 R$ 350.000,00 R$ 368.000,00 53 Terminologias em CusTos 53 Capítulo 2 Atividade de Estudos: A empresa Sulbrasil está com dificuldades em classificar as despesas, os custos diretos e os custos indiretos. Sabemos que o total dos custos indiretos será igual ao total das despesas. As despesas e os custos a serem classificados são: algumas Considerações Apresentamos, neste capítulo, as várias terminologias utilizadas e os conceitos que norteiam o ferramental técnico à disposição da Contabilidade de Custos. É possível, até, que tenhamos dificuldades na aplicação prática de alguns conceitos, mas é importante o seu conhecimentos, quando temos que fazer uma análise dos custos para a tomada de decisão. Nosso objetivo foi que você compreendesse as terminologias e a classificações dos gastos, dos custos, das despesas e das perdas, bem como entendesse como é feita a alocação custos e despesas aos produtos e serviços por meio dos diferentes métodos de custeio. Esperamos que você tenha percebido que o entendimento dos custos é vital para saber se, dado o preço, o produto é rentável ou, se não-rentável, se é possível reduzir os custos. Gastos Valores Despesas Custos Diretos Custos Indiretos Matéria-prima consumida 40.000,00 Energia elétrica 20.000,00 Depreciação das máquinas utilizadas pela fábrica 15.000,00 Honorário da diretoria 30.000,00 Seguros da fábrica 10.000,00 Mão-de-obra na produção 25.000,00 Salários da administração 15.000,00 TOTAL 54 Contabilidade Geral 54 Nosso próximo capítulo tratará dos métodos de custeio. Você compreenderá qual o sistema de custeio que as empresas poderão adotar e que isso depende da atividade que a mesma exerce. referênCias CFC. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC n. 750/93 - Princípios Fundamentais de Contabilidade. Dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade. Brasília, 29 dez. 1993. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/res750.htm>. Acesso em: 10 out. 2010. FAGUNDES, Jair Antônio. A Ciência Contábil e a Contabilidade de Custos. Disponível em: <http://www.portaladm.adm.br/ANC/anc17.htm>. Acesso em: 14 out. 2010. HORNGREN, Charles T.; FOSTER, George; DATAR, Srikant M. Contabilidade de custos. 9. ed. Rio de Janeiro, 1997. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. WERNKE, Rodney. Gestão de custos: uma abordagem prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
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