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VOLEIBOL CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Voleibol – Prof. Ms. Fabiano Maranhão e Prof. Ms. Robson Amaral da Silva Cod. 628 Olá, pessoal, meu nome é Fabiano Maranhão. Sou licenciado em Educação Física pela Universidade Federal de São Carlos (CEF/UFSCar - 2006), e mestre em Educação pela mesma instituição (UFSCar - 2009). Atualmente, sou pesquisador da Linha de Pesquisa Estudos Socioculturais do Lazer do Núcleo de Estudos de Fenomenologia em Educação Física (NEFEF), e membro colaborador do Ministério da Educação e da UNESCO na produção de material didático sobre educação das relações etnicorraciais, cuja especialidade é Jogos e Brincadeiras Africanas e Afro-brasileiras. Sou praticante de voleibol desde minha adolescência, representando minha cidade de origem em campeonatos regionais, atuando em campeonatos universitários como atleta. Atualmente, sou instrutor de atividades físicas do SESC de Araraquara-SP, onde trabalho também com a modalidade voleibol iniciação para crianças e adolescentes, clube do voleibol masculino, clube do voleibol feminino e com a modalidade voleibol adaptado para idosos. Desejo a todos(as) bons estudos! E-mail: negofa_9@yahoo.com.br Olá a todos(as), satisfação! Meu nome é Robson Amaral da Silva. Sou licenciado em Educação Física pela Universidade Federal de São Carlos (CEF/UFSCar – 2006), especialista em Lazer pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG – 2008) e mestre em Educação pela UFSCar (PPGE/UFSCar – 2010). Atualmente, sou professor de Educação Física da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP), do Centro Universitário Claretiano de Batatais (CEUCLAR) nos cursos de Bacharelado e Licenciatura. Também sou pesquisador da Sociedade de Pesquisa Qualitativa em Motricidade Humana e membro do Núcleo de Estudos de Fenomenologia em Educação Física (NEFEF/UFSCar), pesquisador da linha Práticas Sociais e Processos Educativos. E-mail: juninhoamaral@bol.com.br Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação VOLEIBOL Caderno de Referência de Conteúdo Fabiano Maranhão Robson Amaral da Silva Batatais Claretiano 2013 Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação © Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP) Versão: dez./2013 796.325 M26v Maranhão, Fabiano Voleibol / Fabiano Maranhão, Robson Amaral da Silva – Batatais, SP : Claretiano, 2013. 200 p. ISBN: 978-85-67425-38-2 1. Voleibol: perspectivas na Educação Física escolar. 2. Diálogos entre esporte e Educação Física Escolar. 3. Perspectivas do ensino do Voleibol na escola. 4. Aspectos históricos e sociais do Voleibol. 5. Aspectos técnicos e táticos do Voleibol. 6. Voleibol em diferentes grupos e contextos. I. Silva, Robson Amaral da. II. Voleibol. CDD 796.325 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Luis Henrique de Souza Patrícia Alves Veronez Montera Rita Cristina Bartolomeu Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 7 2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO ............................................................................. 9 UnidAdE 1 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO VOLEIBOL 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 29 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 29 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 30 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 30 5 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA ACERCA DO VOLEIBOL ........................ 31 6 VOLEIBOL NO BRASIL ......................................................................................... 36 7 EVOLUÇÃO DO VOLEIBOL ................................................................................... 38 8 VOLEIBOL EM DIFERENTES GRUPOS E CONTEXTOS ........................................... 42 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 66 10 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 67 11 E-REFERÊnCiAS .................................................................................................. 68 12 REFERÊnCiAS ..................................................................................................... 69 UnidAdE 2 – ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: DIÁLOGOS 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 71 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 71 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 72 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 72 5 AS ORIGENS DO ESPORTE MODERNO ................................................................ 74 6 ESPORTE: CONCEITOS, CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO ............................. 78 7 AS RELAÇÕES ENTRE ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ........................... 82 8 ESPORTE E EdUCAÇÃO FÍSiCA (ESCOLAR): EM BUSCA dE REFERÊnCiAS nA HiSTÓRiA ................................................................................ 88 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 98 10 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 99 11 E-REFERÊnCiAS .................................................................................................. 100 12 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS ..........................................................................100 UnidAdE 3 – TRAnSFORMAÇÃO dO PROCESSO dE EnSinO-APREndiZA- GEM DO ESPORTE: O CASO DO VOLEIBOL 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 103 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 103 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 104 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 104 5 O ESPORTE NOS DOCUMENTOS OFICIAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA ............................................................................................ 105 6 CONSTRUINDO A PROPOSTA .............................................................................. 121 7 EM BUSCA DE ELEMENTOS NA EDUCAÇÃO ....................................................... 126 8 A QUESTÃO DA TÉCNICA .................................................................................... 130 9 A PROPOSTA GANHA FORMA ............................................................................. 134 10 A PROPOSTA EM MOVIMENTO .......................................................................... 140 11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 145 12 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 147 13 TEXTO COMPLEMENTAR .................................................................................... 150 14 E-REFERÊnCiAS .................................................................................................. 151 15 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS .......................................................................... 152 UnidAdE 4 – VOLEIBOL 1 OBJETIVOS ......................................................................................................... 155 2 CONTEÚDOS ...................................................................................................... 155 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 156 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 156 5 O UNIVERSO DO VOLEIBOL ................................................................................ 158 6 FUNDAMENTOS DO VOLEIBOL ........................................................................... 164 7 RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA NO PROCESSO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM DO VOLEIBOL NA ESCOLA ....................................................... 173 8 ASPECTOS TÉCNICOS E TÁTICOS LIGADOS AO DESENVOLVIMENTO DA MODALIDADE VOLEIBOL .................................................................................... 176 9 SUGESTÕES DE ATIVIDADES ............................................................................... 180 10 ARBITRAGEM ..................................................................................................... 187 11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 194 12 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 195 13 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................. 196 14 REFERÊnCiAS BiBLiOGRÁFiCAS .......................................................................... 198 CRC Caderno de Referência de Conteúdo Ementa ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Voleibol: perspectivas na Educação Física escolar. Diálogos entre esporte e Edu- cação Física escolar. Perspectivas do ensino do Voleibol na escola. Aspectos históricos e sociais do Voleibol. Aspectos técnicos e táticos do Voleibol. Voleibol em diferentes grupos e contextos. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. INTRODUÇÃO Prezados educandos! Neste Caderno de Referência de Con- teúdo, você encontrará as unidades básicas que o ajudarão a com- preender, de maneira crítica, reflexiva e propositiva, os aspectos educacionais, sociais e históricos relacionados ao Voleibol no con- texto escolar. Este estudo fornecerá subsídios para a sua atuação como educador inserido no contexto escolar e preocupado com uma formação crítico-reflexiva dos educandos com os quais estará em contato. Dessa forma, vamos, juntos, compreender o voleibol e dialogar sobre ele como um dos conteúdos relacionados aos es- © Voleibol8 portes, com o objetivo de conhecer suas estruturas e possibilida- des de construção de propostas pedagógicas significativas que são fundamentais para o desenvolvimento dessa manifestação da cul- tura corporal. A Educação a Distância exigirá de você uma nova postura no que tange aos estudos realizados, uma vez que você é o protago- nista do processo educativo. Entretanto, você não estará sozinho, pois contará com o suporte necessário para construção do seu conhecimento. Esse será um desafio que enfrentaremos juntos, e, com sua dedicação, o crescimento profissional e pessoal certa- mente será conquistado. Sendo assim, não se esqueça de assumir o compromisso de participar e interagir efetivamente com o seu tutor e colegas de turma nas tarefas solicitadas a fim de que todos saiam beneficiados ao longo do processo. Além disso, realize o estudo dos materiais indicados tanto nas referências básicas quanto nas complementa- res, o que o levará à construção de novos e sólidos conhecimentos. O conteúdo deste material está estruturado da seguinte forma: A Unidade 1 trata do processo histórico de surgimento da modalidade Voleibol – origem, evolução, chegada ao Brasil – e suas diferentes possibilidades de se jogar, levando em consideração os diversos grupos e contextos nos quais este esporte se manifesta. Na Unidade 2, conheceremos as origens do fenômeno es- portivo moderno em nossa sociedade, atentando para a questão conceitual, características e classificação. Em seguida, mediante um diálogo pautado na literatura especializada da área, analisare- mos criticamente as relações estabelecidas entre a Educação Física escolar e o esporte, lançando mão de referências na história para que possamos compreender, em nosso país, as origens desses la- ços no ambiente escolar. Já na Unidade 3, realizaremos a extração de excertos de do- cumentos oficiais da educação básica brasileira que se referem 9 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo ao esporte para que você tenha dimensão da proposta educativa presente nestes documentos que citam o esporte. Dando prosse- guimento à unidade, elaboraremos uma proposta pautada em au- tores da área que perspectivam uma transformação no processo educativo do Voleibol na escola, no sentido de superar o exclusivo ensino da técnica nas aulas de Educação Física escolar. E, finalmente, na Unidade 4, teremos um contato maior com a modalidade em si, passando pela relação teoria e prática no pro- cesso de ensino e aprendizagem, fundamentos do voleibol e as- pectos técnicos e táticos da modalidade estudada. Este Caderno de Referência de Conteúdo se refere à aborda- gem de parte dos conteúdos possíveis para o estudo do Voleibol. Portanto, para que você tenha uma melhor aprendizagem e fique ainda mais atualizado, é necessário que consulte as bibliografias, os textos e os sites indicados para pesquisa e, sempre que houver dúvidas, tire-as com o seu tutor. Enfim, fique sempre atento, participe e interaja, para que você possa acompanhar mais facilmente o desenvolvimento dos conteúdos e atividades, assim como, obter êxito em sua formação. Desejamos um bom estudo a todos! Após essa introdução aos conceitos principais, apresentare- mos, a seguir, no tópico Orientações para estudo, algumas orienta- ções de caráter motivacional, dicas e estratégias de aprendizagem que poderão facilitar o seu estudo. 2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO AbordagemGeral Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. No entan- © Voleibol10 to, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário a partir do qual você poderá construir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cogniti- va, ética e responsabilidade social. Neste início de diálogo, você tomará contato com os princi- pais assuntos que serão abordados, ainda que de forma breve e geral, ao longo do desenvolvimento do estudo de Voleibol. Isso, a nosso ver, faz-se necessário para que todos os envolvidos – estu- dantes, professores, tutores – possam ter a dimensão do trabalho e das reflexões que desenvolveremos durante os estudos. Inicialmente, gostaríamos de realizar algumas considerações acerca do voleibol na dinâmica da sociedade contemporânea, des- de a sua origem histórica até o seu processo de "espetaculariza- ção", fenômeno característico dos dias atuais. Inúmeras vezes, os aspectos históricos e sociais relativos à gênese do Voleibol não são abordados pelos professores de Educação Física na escola. Diante disso, o desenvolvimento deste conteúdo se faz de uma maneira parcial e atrelada somente aos aspectos técnicos e táticos. Mas trataremos dessa polêmica em nossa área mais adiante. Vamos ao contexto que deu origem a esse conhecido esporte! Como você terá oportunidade de saber, se ainda não o sabe, o Voleibol teve origem nos Estados Unidos em 1895, na cidade de Holyoke, Estado de Massachusetts, com o nome de Minonette (ou Minonette, de acordo com alguns estudiosos). Seu idealizador foi o então diretor e professor do Departamento de Educação Fí- sica da Associação Cristã de Moços (ACM) local, William George Morgan. O surgimento desta modalidade esportiva ocorreu devido à necessidade de motivação dos associados, de faixa etária com- preendida entre 40 e 50 anos, dessa instituição, conhecidos como "homens de negócios", com base em uma prática corporal que fos- se "mais suave", ou seja, menos lesiva, e que não ocorressem tan- tos contatos físicos como era o caso do basquetebol, modalidade dominante da época. 11 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Diante disso, Willian Morgan criou um jogo de menor valên- cia física para os associados mais antigos da ACM. Em sua estru- tura original, o jogo era disputado em nove pontos e uma quadra era dividida por uma rede semelhante à do tênis, com uma altura aproximada de 1,90 metro, sobre a qual rebatia-se uma câmara de bola de basquetebol. A primeira bola de basquetebol utilizada era considerada muito pesada e, somente a câmara, com o tempo, tornou-se muito leve. Morgan solicitou à firma A. G. Spalding & Brothers a produção de uma bola específica para o esporte emer- gente, que só foi aprovada após várias experiências em busca de um equipamento satisfatório. Além disso, o Voleibol em seus primórdios possuía número de jogadores ilimitado em quadra, e a única regra exigida neste sentido era que cada equipe deveria possuir o mesmo número de jogadores. O número de toques na bola também sofreu modifica- ções, pois no início da modalidade o jogador tinha a possibilidade de tocar duas vezes consecutivas na bola, e o número de toques era ilimitado. Os jogadores faziam um rodízio de forma a garan- tir passagem de todos pela zona do saque, no qual o fundamento deveria ser efetuado, com um dos pés sobre a linha de fundo da quadra, sempre que uma equipe cometesse uma falta. Ao longo dos tempos, as regras foram sendo modificadas com o intuito de promover uma maior dinâmica ao jogo e torná-lo mais agradável de ser praticado e/ou visto. No Brasil, há indícios de que a modalidade foi praticada pela primeira vez no ano de 1915, no Colégio Marista de Recife, Pernam- buco, porém outras fontes nos indicam que o Voleibol foi introduzi- do no Brasil em torno de 1916/1917 na Associação Cristã de Moços de São Paulo. Chegando a território nacional, após mais de 20 anos da sua criação, o Voleibol não foi um esporte que teve grande di- fusão imediata. Registros evidenciam o Fluminense F.C. como uma das poucas instituições esportivas que buscaram ofertar aos seus as- sociados oportunidades de vivenciarem a modalidade em torneios para os clubes filiados a então Liga Metropolitana de Desportos Ter- © Voleibol12 restres. No Rio de Janeiro, em 1924, ocorreram os primeiros tor- neios oficiais de voleibol por iniciativa e criação do Departamento de Voleibol da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos. Diante dessa dinâmica, o Voleibol foi sendo difundido em nosso país, até se tornar uma das modalidades mais apreciadas pelos brasileiros. Com isso, é de se esperar que o mesmo tivesse sua prática realizada em diversos grupos e contextos, tais como: voleibol adaptado para deficientes físicos, voleibol adaptado para idosos, vôlei de praia e minivoleibol. Assim, a vivência do Volei- bol extrapola os limites dos ginásios e das equipes de treinamento para servir de referência a diferentes grupos sociais. É diante desse referencial que os estudantes da educação básica vão formando a sua concepção acerca do Voleibol e do es- porte de uma maneira mais geral. Este processo de construção de visões sobre o Voleibol (entenda-se também esporte) conta com a influência da mídia, dos colegas, de professores, treinadores, fa- miliares e outros fatores sociais com os quais o estudante está em contato. Dessa forma, os estudantes carregam consigo conceitos, valores e atitudes derivados da vivência do esporte (voleibol) nos diferentes contextos pelos quais ele transita. Cabe aqui um pequeno esclarecimento para que não ocorra confusão conceitual quando mencionamos lado a lado as expres- sões voleibol e esporte. Referenciamos dessa forma por entender- mos que o Voleibol por ser um esporte, e isso nos parece óbvio, segue as mesmas lógicas da dinâmica desta prática social. Sendo assim, o Voleibol não apresenta uma dinâmica independente da prática social esporte, muito pelo contrário, está submetido à lógi- ca deste em nossa sociedade. É por possuirmos esse entendimento que apresentamos como um dos pontos abordados no material didático elaborado uma dis- cussão sobre o esporte em algumas dimensões que julgamos serem passíveis de reflexão.. Sendo assim, privilegiamos o estudo das ori- gens do esporte moderno em nossa sociedade, o conhecimento da 13 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo prática social esporte, tendo como referência aspectos relativos a conceitos, características e classificação, o estabelecimento de inter- faces entre Educação Física escolar e esporte, e como essa interação foi construída ao longo dos tempos em nosso país. Não dá para negar que o esporte ocupa lugar central, de destaque, nas aulas de Educação Física nos dias de hoje. Como elemento da cultura corporal dos seres humanos, nenhum proble- ma em ser desenvolvido no âmbito escolar, muito pelo contrário, devemos abordá-lo em nossas aulas por fazer parte do patrimônio histórico, cultural e social construído por homens e mulheres. Até aqui nada de diferente, porém, o que podemos observar no que se refere ao esporte inserido no contexto escolar, é o seu tratamento de forma tecnicista e excludente, baseada somente em fundamen- tos técnicos, táticos e na explicitação de regras, tudo de acordo com o que vemos na televisão. Desde já advertimos que essa não é uma tônica presente em todos os espaços em que o Voleibol é de- senvolvido. Existem experiências que rompem essa lógica. Então, vamos esclarecer um pouco mais essa questão! O conteúdo Voleibol, por exemplo, quando abordado nesta perspectiva, técnica e limitada, em muitos casos, é assim desen- volvido. Inicialmente o professor realiza uma explanação sobre os fundamentos do voleibol,posição de expectativa, toque, manche- te, saque por baixo e por cima, bloqueio e defesa, e, para o desen- volvimento dessas ações, apresenta um padrão de movimento a ser seguido pelos alunos. Peguemos o fundamento "toque" para que possamos aprofundar o exemplo. O professor diz a seus alu- nos: "o toque é iniciado com as pernas ligeiramente afastadas, um pé à frente, quadril encaixado; cabeça ligeiramente inclinada para trás, braços semiflexionados; dedos separados formando quase que um 'triângulo' entre os dedos polegares e indicadores. Quan- do tocarem a bola com os dedos, vocês devem empurrá-la e ao mesmo tempo realizar a extensão das pernas, finalizando, assim, o movimento". Juntamente com essa descrição, que mais parece o trecho de um manual técnico de Voleibol, o professor já possui em © Voleibol14 sua cabeça uma série de erros mais comuns que ocorrem durante a execução desse movimento, dentro desses padrões estabeleci- dos. O sucesso ou o fracasso de um aluno estará ligado a sua capa- cidade, ou melhor, a sua habilidade de reproduzir esse movimento esperado pelo professor. Caso existam inúmeros erros de execução, existem os exercí- cios educativos que visam corrigir tais falhas e desenvolver, ainda mais, o caráter técnico do toque, exemplo por nós privilegiado. Dando prosseguimento ao seu trabalho, o professor realiza o que chamamos de "sequência pedagógica" que seria um ordenamento lógico para que ele possa desenvolver os fundamentos de maneira a contemplar todos, de modo que o aluno possa praticá-los du- rante as aulas. Exercícios que, segundo essa perspectiva, vão do simples para o complexo, sempre! Posteriormente, são apresenta- dos os posicionamentos, o rodízio, e, por fim, as regras. Agora sim, os estudantes estão aptos para iniciar o jogo e colocar em prática tudo que aprenderam durante as aulas. Agora, podemos afirmar que eles conhecem o Voleibol. Esse é um exemplo que reflete, em muitos casos, como o Vo- leibol é desenvolvido nas escolas. Os alunos inaptos ficam desmo- tivados e não participam das aulas, e o "selecionamento natural" de muito tempo em nossa área, mais uma vez, é reproduzido. Tal quadro se torna preocupante se partirmos do pressuposto de que todos os alunos têm o direito de se apropriarem desse conteúdo da cultura corporal, desse patrimônio da humanidade, indepen- dente do seu nível de habilidade para esta ou aquela modalidade. As bases para a reprodução viciosa desse quadro nas aulas de Educação Física escolar se encontram no período em que a nos- sa área primava pelo desenvolvimento da aptidão física, e ainda o fazemos, quando passamos a valorizar, de forma exacerbada, o es- porte no seio de nossa sociedade; tempos que remontam à década de 1970, quando astuciosamente os militares elegeram o esporte como uma ferramenta interessante para reprodução do ideal de sociedade pregada por eles. A possibilidade de virarmos uma po- 15 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo tência nos esportes era vista com "bons olhos", e a Educação Física escolar tinha um papel de destaque ao se configurar em base que forjaria os futuros atletas. Os objetivos desse componente curri- cular que, até então, não era visto com este caráter, mas como uma "atividade que por seus meios, processos e técnicas desperta, desenvolve e aprimora forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando [...]", segundo a Lei de Diretrizes e Bases de 1971, estavam submetidos aos do esporte de alto rendimento. Além desse objetivo, este período foi marcado por ações opressivas e violentas contra aqueles que se opunham ao regime e deveriam ser mascaradas estas formas de atrocidades. O esporte foi um conteúdo prático e ideológico que contribuiu de maneira salutar para o intento militar. Utilizemos o exemplo da conquista brasileira da Copa do Mundo de Futebol no ano de 1970 no Méxi- co, período em que o nosso país estava "mergulhado" no regime militar. Ocasião perfeita para que uma propaganda positiva fosse realizada e mostrasse para o mundo que o Brasil era um país que dava certo, e que tudo que falavam a respeito do regime era coisa de subversivo comunista. Não obstante a esse cenário sociopolítico, os cursos de for- mação de professores de Educação Física preparavam docentes que trabalhariam nas escolas seguindo essa vertente tecnicista. Os currículos das instituições eram "recheados" de disciplinas de ca- ráter técnico e que enquadravam na área das Ciências Naturais (Fi- siologia, Biologia, Treinamento Desportivo, só para citar algumas). Com isso, a atuação do professor formado nessa perspectiva mais se parecia a de um técnico esportivo do que um mediador que proporciona a autonomia e criticidade de seus alunos. Tal quadro permaneceu sem questionamentos mais radicais (no sentido de ir à raiz) durante alguns anos quando no contexto das décadas de 1980 e 1990 a Educação Física passa a construir alternativas de intervenções pedagógicas. O período é marcado por uma extrema fertilidade da produção de conhecimento aca- © Voleibol16 dêmico, com os intelectuais da área tomando como referência em seus estudos aportes das Ciências Humanas e Sociais, passando a questionar os pressupostos das Ciências da Natureza, que, até en- tão, legitimavam nosso campo. Notadamente merecem destaque a proposta crítico-superadora do Coletivo de Autores (1992), e a crítico-emancipatória apresentada por Kunz (2004). Essas alternativas não se coadunavam com os pressupostos de uma Educação (Física) tecnicista, como vinha sendo desenvol- vida até então, e passavam a incorporar em seu discurso e em sua prática, elementos que auxiliavam no processo de elucidação em torno das especificidades pedagógicas da Educação Física na es- cola. Além disso, as reflexões passam a incorporar elementos po- líticos, históricos, sociais, econômicos e culturais como pautas da prática docente diante da cultura corporal. Ao abarcar questões acerca dos condicionantes macroestru- turais, reconhece-se a Educação Física (Escolar) como participante ativa no processo de transformação social. Diante das contribui- ções advindas dos autores/áreas mencionados, passamos a obser- var a contradição, o embate, o antagonismo, no qual, até então, predominava o consenso, o ajustamento, a funcionalidade. Com base nessa conjuntura, temos a possibilidade de trans- formação do processo de ensino e aprendizagem dos esportes. Tal processo educativo passa a ser entendido e inserido em uma rela- ção dialética entre esporte e sociedade. As proposições de ensino dos esportes fundamentadas na perspectiva crítica da Educação Física apontam para o fato de que pensar dialeticamente o esporte inserido na sociedade, e em particular na escola, é atentar para o entendimento de que a mesma sociedade que o gerou, e exerce influências sobre o seu desenvolvimento, também pode ser por ele questionada, na vivência de seus valores. Contrapõe-se à visão do esporte como instrumento de do- minação, de manutenção da ordem, aquela que o entende como um fenômeno gerado historicamente e do qual emergem valores 17 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo questionadores da sociedade como um todo, e sobre o qual são exercidas influências da estrutura social vigente. Assim, a admis- são da importância do esporte no contexto escolar significa con- siderá-lo como um tempo privilegiado para a vivência de valores que contribuam para mudanças estruturais em nossa sociedade. Mudanças necessárias para a implantação de uma nova ordem so- cial mais justa, digna e solidária para todos. Este projeto societário também está presente na legislação da educação básica brasileira, a qual apresentamos a você como forma de dimensionar nossa tarefa perante a mudança na perspectiva do processo de ensino e aprendizagem dos esportes no contexto escolar. Cientes estamos de que isso não garante nada, porém somos levados a reconhecer os avanços em termos legislativos,da visão de área e do processo educativo dos conteúdos relacionados ao componente curricular Educação Física. Ao propor reflexões nas aulas de Educação Física escolar, não estaremos abandonando o "movimentar-se" humano, pelo contrário, estaremos enfatizando que "o fazer" e o "refletir" so- bre este "fazer" implicam-se mutuamente, superando a visão frag- mentada que entende essas duas esferas como polos opostos sem comunicação. Neste sentido, temos o estabelecimento da técnica nas aulas de Educação Física escolar em outros patamares, e não a sua retirada das aulas, como pregam alguns professores. A técnica, como construção humana, é vinculada a novos objetivos educacio- nais, com base na ressignificação do próprio esporte e abordada sob uma nova perspectiva. Diante desse posicionamento é que apresentamos os fun- damentos, as atribuições de cada "função" no jogo de voleibol, as regras, a partir de uma nova "óptica", retirando o foco de execução realizada com base em um padrão preestabelecido e normatizado, para uma compreensão que acena para o contexto em que ele é realizado, como: "golpear a bola e lançá-la para a outra quadra" (saque), "recepcionar a bola e servi-la da melhor maneira para seu © Voleibol18 parceiro de equipe" (passe), "preparar a bola para que seu parcei- ro possa atacar" (levantamento), "golpear a bola para o campo do adversário, com o objetivo de colocá-la no chão" (ataque), "inter- ceptar o ataque" (bloqueio) e "evitar que a bola toque o chão" (defesa). As regras são apresentadas para que sejam reorganiza- das, adaptadas às condições do contexto e do coletivo com o qual estamos em contato, a fim de atender às ansiedades e necessida- des ao longo do processo de escolarização. O Voleibol, como elemento da cultura corporal dos seres humanos, é tratado de maneira que haja a explicitação de seu sentido e significado, dos valores que ele inculca (os da sociedade capitalista) e as normas que o regulamenta dentro do nosso con- texto histórico e social e, todos esses elementos são passíveis de mudança qualitativa. Tal entendimento não desconsidera a neces- sidade de domínio dos elementos técnicos e táticos, todavia não os colocamos como conteúdos exclusivos e únicos dos processo de ensino e aprendizagem do Voleibol. Neste ponto, devemos fazer uma breve reflexão sobre o processo avaliativo na Educação Física escolar. De acordo com a perspectiva tecnicista, o "saber fazer", e bem, acaba sendo o parâ- metro que o professor considera para avaliar seus alunos. Durante nossos estudos, buscamos, pautados no entendimento expresso pelo Coletivo de Autores (1992), romper a lógica seletiva e exclu- dente que vem pautando as avaliações em Educação Física. Sele- cionar e classificar alunos com base em seu desempenho físico-es- portivo não será a tônica do processo avaliativo que propomos O que pretendemos é deixar evidente que a avaliação não se reduz a partes, no início, meio e fim de um planejamento, ou a perío- dos predeterminados. Não se reduz a medir, comparar, classificar e selecionar alunos. Muito menos se reduz à análise de condutas esportivo-motoras, a gestos técnicos ou táticas. 19 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Desse modo, comungamos da ideia de que a avaliação deve ser processual, pautada por princípios que levem em conta o per- curso do aluno dentro do processo de aprendizagem, a fim de que sejam respeitados os limites e as possibilidades de cada um. Tudo isso dentro de um processo dialógico e democrático, no qual pro- fessores e alunos se sintam participantes e responsáveis pelos re- sultados da ação educativa. "Erro e acerto" são tratados como elementos contraditórios inseridos na dinâmica de um jogo de voleibol; seria enfadonho acompanhar uma partida desta modalidade se a bola nunca to- casse o chão. "Erro" deixa de ser um aspecto ligado ao fracasso, ao insucesso para se tornar um ato educativo, enquanto o "acerto" se desvincula da conotação exclusiva de sucesso, vitória, domínio sobre o adversário. As ações realizadas durante um jogo de volei- bol são compreendidas sob múltiplos aspectos que a determinam, e não a partir da visão reduzida de que são ações individuais que contribuirão para a vitória do coletivo. Desejamos estimular e despertar sua vontade de aprender e de buscar novos conhecimentos, para que isso possa conduzi-lo a uma prática profissional comprometida com a valorização das pos- sibilidades educacionais das práticas corporais em uma perspecti- va crítico-reflexiva. Buscamos superar um entendimento limitado e muito recorrente no ensino das modalidades esportivas no contexto escolar que atribuem ao termo "tática", por exemplo, um significa- do exclusivamente reduzido aos sistemas de jogo ou a algumas joga- das ensaiadas pelo técnico/professor. Com isso, tem sido desconsi- derada a dimensão da busca de estratégias, da inteligência tática, da construção de alternativas, da criação, privilegiando-se um modelo estático e pouco variável de posicionamento na quadra de jogo. Da forma como estamos defendendo, a inteligência nos esportes não consiste em apenas possuir respostas prontas, delimitadas, ensaia- das, mas em apresentar condições criativas para construir respostas eficazes para a "problemática" surgida. © Voleibol20 A proposta que defendemos neste material didático sugere o ensino do Voleibol em uma vertente que procura atingir todos e quaisquer alunos, de todas as idades, de todas as condições fí- sicas, com variados interesses. Assim, ao longo das unidades que compõem este Caderno de Referência de Conteúdo, procuramos insistir na ideia de que o processo de ensino e aprendizagem do Voleibol no contexto escolar não deve se restringir apenas à re- petição de certos gestos esportivos, (entendam-se fundamen- tos - saque, manchete, toque, bloqueio e defesa) tidos como os mais eficientes, pois isso desconsidera que o voleibol se constitui e se expressa por um conjunto de significados que transcende a dimensão mecânica do gesto. Propomos, enfim, o ensino da cul- tura esportiva de forma mais democrática e singular, tendo como princípios balizadores da proposta o respeito às especificidades culturais e as constantes ressignificações que o esporte adquire em nossa sociedade ao longo dos tempos. Portanto, o processo educativo do Voleibol na escola precisa refutar o modelo mera- mente instrumental de técnica e recuperar a dimensão simbólica inerente às práticas tradicionais humanas. Em suma, Voleibol tem a intencão de romper com a ideia de um processo de ensino e aprendizagem desta prática social que se pauta em modelos rígidos e conservadores. Visa ampliar o horizonte de possibilidades no trato pedagógico deste conteú- do nas aulas de Educação Física escolar, levando em consideração "os saberes" advindos da experiência de vida dos educandos, com os quais eles adentram o contexto escolar. Pretendemos fornecer subsídios para que professores e alunos possam discutir, de forma crítica, as influências da mídia na formação da visão acerca do es- porte em geral, e do Voleibol em particular. Tratar o processo de ensino e aprendizagem do Voleibol sob tais termos é construir valores que se contrapõem aos do esporte de rendimento, e da sociedade capitalista como um todo. É (re) conhecer a influência de grandes nomes da atualidade do Voleibol 21 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo brasileiro, como Bernardinho, André Nascimento, Bruninho Re- zende, Rodrigão, Giba, Emanuel, Benjamin, Paula Pequeno, Mari, Nathália, Sheila, Sassá, Dani Lins, Ágatha, Chell, Ana Paula, dentre outros, mas atentar para uma visão não mitificada destes homens e mulheres praticantes do Voleibol. É estar "antenado" para o pro- cesso histórico de desenvolvimento dessa modalidade esportiva, processo contraditório, de tensões, disputas e interesses de uma prática ligada, inicialmente, aos "homens de negócios" e que, pos- teriormente,foi ampliada aos demais estratos sociais. Significa ensinar e aprender o Voleibol em uma perspectiva qualitativamente distinta da que vem sendo desenvolvida no inte- rior das escolas. Esse é o nosso compromisso com você: propor- cionar um estudo que possa levá-lo a uma práxis compromissada efetivamente com o processo de mudança! Desejamos bons estudos e reflexões a todos! Glossário de Conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá- pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados neste Caderno de Referência de Conteúdo Voleibol. Veja, a seguir, a definição dos principais con- ceitos: 1) Contradição: considerado um dos princípios da dialéti- ca, a contradição indica que em uma mesma realidade estruturada coexistem elementos opostos tendendo à unidade e à oposição (GADOTTI, 2006), ou seja, um ele- mento não pode existir sem o outro. Como exemplo po- demos pensar a competição e a cooperação no âmbito da Educação Física Escolar. 2) Cultura corporal (de movimento): será aqui entendida como "aquela parcela da cultura geral que abrange as formas culturais que se vêm historicamente construin- do, nos planos material e simbólico, mediante o exercí- cio da motricidade humana - jogo, esporte, ginásticas e © Voleibol22 práticas de aptidão física, atividades rítmicas/expressi- vas e dança, lutas/artes marciais". (BETTI, 2001, p. 156). 3) Dialética: a palavra "dialética" está presente em diver- sos períodos da história dos seres humanos. Expressa- va, na Antiguidade Grega, um modo específico de argu- mentar, e que consistia em descobrir as contradições no raciocínio do adversário, negando, assim, a validade de seu discurso. Mas diante da perspectiva deste ma- terial didático, utilizaremos o entendimento da dialética enquanto uma lógica que busca apreender a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação. 4) Esporte: atividade corporal de movimento com caráter competitivo surgido no âmbito da cultura européia por volta do século 18 e que se expandiu para todos os can- tos do planeta. Durante o seu desenvolvimento assumiu características básicas como competição, rendimento físico-técnico, record, racionalização e cientifização do treinamento (BRACHT, 1989). 5) Libertação: processo essencialmente humano que visa romper com visa romper com o estado de coisas que está a sua volta, capaz de fazer do indivíduo que é opri- mido um ser consciente de sua realidade, e do seu po- tencial transformador. 6) Prática social: é o saber acumulado pelo ser humano através de sua história. Neste sentido, a prática social é, ação, e por outro, conceito desta prática que se reali- zou no contexto dos fenômenos materiais e que foram elaborados pela consciência que tem a capacidade de refletir sobre esta realidade material (TRIVIÑOS, 2006). 7) Se-Movimentar: O movimento humano, nesta perspec- tiva do se-movimentar, é entendido como uma conduta dos seres humanos numa referencia sempre pessoal- -situacional, e que apresenta nesta compreensão uma forte influência da filosofia fenomenológica. Para isto três dimensões são imprescindíveis: o ator (o sujeito das ações do movimento); a uma concreta situação na qual as ações do movimento estão vinculadas; e, um signifi- 23 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo cado que orienta as ações do movimento e é responsá- vel pela apreensão de sua estruturação (KUNZ, 2000). 8) Técnica esportiva: forma de expressão humana através da qual os indivíduos utilizam seus corpos para se ma- nifestarem no contexto esportivo. Esteve (está) muito atrelada à parâmetros do rendimento atlético-esportivo, à eficiência biomecânica, fisiológica, o que leva à des- consideração de aspectos materiais e simbólicos que permeiam tais formas de expressão. Esquema dos Conceitos-Chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im- portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es- quema dos Conceitos-Chave do Caderno de Referência de Conteú- do. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignifican- do as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-Chave é representar, de maneira gráfica, as relações en- tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque- mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen- to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es- colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-Chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es- tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos © Voleibol24 conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape- nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci- so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con- siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei- tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog- nitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações in- ternas e externas, o Esquema dos Conceitos-Chave tem por ob- jetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de co- nhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/eduto- ols/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010). Como você poderá observar, esse Esquema dará a você, como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo, a prática social esportiva, elemento da cultura corporal, estabelece relações dialéticas com a sociedade, ou seja, a influência e por ela é in- fluenciada. Sociedade esta, que é marcada por aspectos contradi- tórios, mas que seja através do esporte ou outra prática social abre a possibilidade de libertação dos seres humanos. Sem o domínio 25 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo conceitual desse processo explicitado pelo Esquema, pode-se ter uma visão deturpada sobre o tratamento da temática do esporte (Voleibol) do proposto pelos autores deste CRC. Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo Voleibol. O Esquema dos Conceitos-Chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien- te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza- das presencialmente no polo. Lembre-se de que você,aluno EAD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co- nhecimento. Questões Autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha ou abertas com respostas objetivas ou dis- © Voleibol26 sertativas. Vale ressaltar que se entendem as respostas objetivas como as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las prática pedagógica do professor de Educação Física Escolar pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabari- to, que lhe permitirá conferir as suas respostas às questões autoa- valiativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas). As questões dissertativas obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado. Por isso, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma. Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio- grafias complementares. Leia os livros da bibliografia indicada para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure- cimento intelectual. 27 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. Claretiano - Centro Universitário 1 EA D Introdução ao Estudo do Voleibol 1. OBJETIVOS • Contextualizar o estudo do Voleibol com a Educação Físi- ca escolar. • Conhecer e apresentar breve histórico acerca do Voleibol, sua origem e evolução histórica. • Compreender as possibilidades do Voleibol para diferen- tes grupos e em diferentes contextos. 2. CONTEÚDOS • Breve contextualização histórica acerca da modalidade Voleibol. • Evolução da modalidade Voleibol. • Voleibol para diferentes grupos. • Voleibol adaptado para deficientes físicos. © Voleibol30 • Voleibol adaptado para idosos. • Voleibol de areia. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos explici- tados no Glossário e suas ligações pelo Esquema de Con- ceitos-chave para o estudo de todas as unidades deste CRC. Isso poderá facilitar suão processo de ensino e de aprendizagem e seu desempenho. 2) Lembre-se de que o Voleibol apresenta relações dia- léticas com a sociedade, e de que o entendimento do processo histórico de seu surgimento nos traz elemen- tos para pensar esta modalidade no âmbito escolar na contemporaneidade. Pesquise em livros ou na internet, utilize as referências indicadas para estudo, pois você é protagonista do processo educativo. 3) Pesquise em livros ou na internet, como o Voleibol vem sendo desenvolvido em diversos contexto, isso ampliará a sua visão acerca deste elemento da cultura corporal. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Para o início da abordagem do Voleibol é indispensável uma breve introdução ao estudo da modalidade Voleibol apresentando sua origem e evolução. Nesta unidade você terá a oportunidade de (re)conhecer o contexto histórico em que a modalidade foi criada e a influência da sociedade na maneira de se jogar o Voleibol. Está preparado? Então, vamos lá! 31 Claretiano - Centro Universitário © U1 – Introdução ao Estudo do Voleibol 5. BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA ACERCA DO VOLEIBOL De acordo com Matthlesen (1994), o voleibol corresponde a uma manifestação cultural, que vem ganhando cada vez mais espaço no cenário esportivo brasileiro. No entanto, sua origem e divulgação pelo mundo, ou seja, sua trajetória histórica, e poste- rior difusão são, porém, omitidas e/ou ignoradas por muitos pro- fissionais. Ao analisarmos sua história e nos aprofundarmos nela, vere- mos o quão rica é essa modalidade e suas múltiplas possibilidades de aplicação em aulas de Educação Física escolar. Para tanto, caberá ao professor, a reflexão sobre a evolução da modalidade dentro e fora da escola, pois há uma influência re- cíproca em suas manifestações. Alguns questionamentos nos ajudam ao pensar no Voleibol como uma manifestação da cultura corporal. São eles: 1) O que priorizar em uma aula de Educação Física cujo conteúdo é o voleibol? 2) Desenvolver os fundamentos técnicos? 3) Ensinar o jogo? 4) Buscar o significado do voleibol como manifestação cul- tural? 5) Deixar a bola para que seus alunos joguem entre si? 6) Diálogos entre a modalidade Voleibol e a sociedade? Se trabalharmos com apenas alguns desses tópicos, estare- mos, como professores de Educação Física, garantindo aos nossos alunos a compreensão e o conhecimento total da modalidade es- portiva? Estaremos discutindo e refletindo sobre a importância do esporte na sociedade? Em busca de respostas a esses questionamentos, e para elu- cidar a perspectiva deste material didático formativo, compreende- mos a modalidade Voleibol como um fenômeno histórico-social. © Voleibol32 Conforme Castellani Filho, citado por Matthlesen (1994), de- vemos compreender a modalidade juntamente com o movimento social, como um fenômeno da cultura. Em outras palavras, deve- mos compreender e vivenciar o movimento corporal humano, cul- turalmente construído, por meio das relações sociais. Nesse sentido, apresentaremos, agora, uma breve contextu- alização histórica da modalidade Voleibol, passando pela origem e evolução da modalidade. O nascimento do jogo Antes de datar o nascimento do jogo Voleibol e dizer o nome do "pai" desse esporte, vamos mostrar como e em que condi- ções essa modalidade foi criada. Para tanto, iniciaremos nossa retrospectiva histórica na Inglaterra, no final do século 18. Antes da denominada Revolução Industrial, o modo de produção era a manufatura, mas, com o advento das máquinas, os trabalhadores passaram a não deter mais o processo de trabalho em sua comple- tude, somente observavam e controlavam a produção. Dessa ma- neira, a produção aumentava na mesma velocidade que o tempo necessário para produzir uma mercadoria, reduzindo o valor tanto da mercadoria como da força de trabalho (MATTHLESEN, 1994). De acordo com Matthlesen (1994), Nesta época, as condições de vida, eram, portanto, as piores pos- síveis, pois, as jornadas de trabalho muito longas tornavam qua- se inexistente o tempo livre dos trabalhadores; os baixos salários contribuíam, entre outras coisas, para a má qualidade de vida: má alimentação, habitação e vestuário. Por outro lado, a situação dos "homens de negócio" era bem diferente, pois, a estes era dado tanto o tempo como as condições necessárias para desfrutá-lo. É dessa forma que as atividades físicas desenvolvidas na Inglaterra, nesta época, estiveram ligadas, conforme lembra Ghiraldelli (1990), "a necessidades da burguesiade construir espaços de convivência próprios, de modo a diferenciar seu comportamento social daque- les ligados à vida operária". Com isso a burguesia formava seus próprios espaços nos quais desfrutavam de seu tempo livre, acom- panhados de seus familiares e outros de sua mesma classe social (p. 195). 33 Claretiano - Centro Universitário © U1 – Introdução ao Estudo do Voleibol É nessa condição que podemos considerar a Young Men Christian Association (YMCA), ou seja, a Associação Cristã de Mo- ços (ACM), ilustrada na Figura 1, como um dos espaços geradores de modalidades esportivas, pois ela se tornava um espaço frequen- tado pelos indivíduos dos estratos mais altos da sociedade. O Voleibol surge, então, no fim do século 19 em Massachus- setts, nos Estados Unidos, criado por Willian Morgan, no ano de 1895, diretor e professor de Educação Física da ACM (VIEIRA; FREI- TAS; 2007). William G. Morgan (1870–1942), era professor de Educação Física e, ao procurar criar uma nova atividade que fosse interes- sante, não impactante e fatigante como o basquete, e que pudesse ser praticada no inverno, inventou uma nova modalidade, a que chamou de "minonette", que deu origem ao Voleibol dos nossos dias. De acordo com Matthlesen (1994), Willian Morgan desen- volvia atividades físicas para "homens de negócios" com idades entre 40 e 50 anos que, diariamente, se encontravam durante seu tempo livre. Figura 1 Associação Cristã de Moços (ACM) - 1895 © Voleibol34 Um ano após (1896) a sua criação por Willian Morgan, a re- vista novaiorquina Physical Education apresenta um artigo com um breve resumo sobre o jogo Voleibol e suas regras. No ano seguin- te (1897), essas regras foram incluídas oficialmente no primeiro handbook oficial da Liga Atlética da Associação Cristã de Moços da América do Norte (VIEIRA; FREITAS, 2007). Veja o Quadro 1 comparativo com as dimensões das quadras de voleibol utilizadas no início de sua prática, e aquelas utilizadas para a sua prática nos dias de hoje, como mostra a Figura 2. Figura 2 Dimensões da quadra de Voleibol atual. 35 Claretiano - Centro Universitário © U1 – Introdução ao Estudo do Voleibol Quadro 1 Dimensões da quadra de Voleibol Dimensões da quadra de Voleibol A primeira quadra de Voleibol tinha as seguintes medidas: 15,24m de comprimento por 7,62m de largura. A rede tinha a largura de 0,61m. O comprimento era de 8,235m, sendo a altura de 1,98m (do chão ao bordo superior). A quadra atual, mede 18,00 m de comprimento por 9,00m de largura. A rede tem 1,00 m de largura, e o comprimento é de 9,5 a 10,0 m, sendo sua altura (para categorias adultas) de 2,43 m para o masculino e, 2,24 m para o feminino (no caso de competições juvenis, infantojuvenis e mirins, as alturas são diferentes). Observando o quadro anterior e a Figura 2, podemos per- ceber mudanças significativas nas medidas da quadra de Voleibol constatadas entre sua origem e os dias atuais. Além das dimen- sões da quadra, o voleibol em seus primórdios possuía o número de jogadores ilimitado em quadra, e a única regra exigida neste sentido era que cada equipe deveria possuir o mesmo número de jogadores. O número de toques na bola também sofreu modifica- ções, pois no início da modalidade o jogador tinha a possibilidade de tocar duas vezes consecutivas na bola, e o número de toques era ilimitado. A Figura 3 mostra como era a quadra e o número de atletas da Associação Cristã de Moços (ACM). Hoje em dia, as regras oficiais da modalidade limita o número de jogares em seis de cada lado. Não podemos negar ou omitir as regras oficiais, mas pode- mos ajustá-las, no sentido de favorecer o desenvolvimento de nos- so trabalho pedagógico. © Voleibol36 Figura 3 Jogo de Voleibol na ACM Vale lembrar, também, que muitos esportes, dentre eles o Voleibol, possuíam uma base "democrática" entre os indivíduos pertencentes a uma mesma classe social. No entanto, a modali- dade começou a ser popularizada após um período de lutas e reivindicações pela redução da jornada de trabalho da classe tra- balhadora. As atividades físicas foram, portanto, utilizadas após a jornada de trabalho, contribuindo para a ocupação do tempo livre dos trabalhadores, o que impedia a organização deles. Notamos, então, que a conquista do tempo livre foi determinante na divulga- ção das atividades físicas consideradas atualmente como esporte, dentre os quais, o Voleibol (MATTHLESEN, 1994). Realizada essa breve introdução à história do Voleibol em um contexto mais geral, passaremos agora a conhecer os cenários e atores que fizeram parte da difusão do desse esporte em nosso país. 6. VOLEIBOL NO BRASIL Existem diferentes versões sobre a introdução do Voleibol no Brasil. Landulfo (s.d.), citado por Matthlesen (1994), afirma que a primeira partida de Voleibol ocorreu em 1915, no Colégio Marista 37 Claretiano - Centro Universitário © U1 – Introdução ao Estudo do Voleibol de Recife, Pernambuco, relacionada, portanto, com as atividades militares naquele período, sendo que um ano mais tarde foi trazi- do para a ACM de São Paulo. Para outros, como Daiuto (1963), ci- tado por Matthlesen (1994), seu início e divulgação se deu a partir da ACM de São Paulo, por volta de 1916-1917. Versões à parte, o primeiro clube a surgir oficialmente no cenário do Voleibol foi o Fluminense, que, em 1923, organizou no Rio de Janeiro um torneio aberto para os membros da Liga Me- tropolitana de Desportos Terrestres. Quase trinta anos depois, em 1951, o ginásio do clube carioca sediou o primeiro Campeonato Sul-Americano de Voleibol. O Brasil, que já contava com várias equipes nessa época, ficou com o título nas categorias masculina e feminina (VIEIRA; FREITAS; 2007). Em 1954, um grande passo para o desenvolvimento desse esporte no Brasil foi a fundação da Conferência Brasileira de Vo- leibol. Mesmo com a conquista do Campeonato Sul-Americano em 1951, foi a partir da segunda metade dos anos de 1960 até a primeira metade dos anos de 1970, que os esportes em geral re- ceberam, em plena ditadura militar, um grande apoio dos órgãos governamentais, por intermédio do movimento Esportes Para To- dos (EPT), que se desenvolveu na sociedade brasileira ao longo dos anos 1970. Já em 1982, o Brasil conquista uma inédita medalha de prata no campeonato mundial masculino, realizado em Buenos Aires, o ouro ficou com os soviéticos. Em 1984, conquista mais uma prata, perdendo o ouro para os americanos. Com esses resultados e a grande adesão do público, essa modalidade passou a ser o segun- do esporte na preferência dos brasileiros, perdendo apenas para o tão praticado futebol. © Voleibol38 7. EVOLUÇÃO DO VOLEIBOL Com o início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os soldados americanos começaram a difundir o Voleibol junto aos soldados de outros países. Fundamentado nessa "globalização", o esporte começou a primar pela performance, pois, com o aparecimento das represen- tações nacionais, seria inevitável o surgimento das disputas entre as mesmas. Em 1947 surge a FIVB (Federação Internacional de Voleibol – traduzido para o português), com sede em Paris e, tendo como presidente, o francês Paul Libaud. Já em 1949, acontece o primeiro campeonato na hoje extinta Tchecoslováquia. Nesse mesmo ano, as regras europeia e americana são unificadas. Em 1957, o Voleibol é reconhecido como desporto olímpico, tendo a primeira disputa por medalhas em 1964 nos Jogos Olím- picos de Tóquio. Nos anos que se seguem foram ocorrendo pequenas mu- danças nas regras visando proporcionar um maior dinamismo ao jogo e, com isso, a modalidade foi se transformando e perdendo os propósitos para os quais fora inicialmente criada, ou seja, ser uma atividade de lazer. O Voleibol, desde sua criação, vem sofrendo adaptações e ajustes de modo que a modalidade ficasse mais interessante para o grupo praticante. No entanto, com as conquistas da chamada "Geração de Prata" nos anos 1980, o Voleibol começa a ser visto como umótimo meio de comercialização de produtos esportivos. Tal fenômeno acaba influenciando a compreensão e aplicação da modalidade. Nesse sentido, a FIVB vê-se com a obrigação de alte- rar algumas regras para a melhoria do Voleibol como espetáculo, já que a alta performance alcançada pelas equipes vinha tornando enfadonhas as competições (VIEIRA; FREITAS; 2007). 39 Claretiano - Centro Universitário © U1 – Introdução ao Estudo do Voleibol A seguir, algumas alterações ocorridas na prática da modali- dade, apresentadas por Santos Neto (2004): 1) 1937: múltiplos contatos com a bola são permitidos par- ticularmente em defesas provenientes de ataques "vio- lentos". 2) 1942: a bola poderá ser tocada com qualquer parte do corpo acima do joelho. 3) 1947: somente aos jogadores da primeira linha (posi- ções 2, 3 e 4) serão permitidas as trocas de posição para o bloqueio e o ataque. 4) 1948: após a Guerra, as regras foram reescritas de modo que fossem mais facilmente interpretadas. Essa mudan- ça se deu principalmente nos seguintes itens: • uma melhor definição foi dada à ideia de bloqueio; • o serviço foi limitado a uma área de três metros na linha de fundo, sendo necessário que cada jogador mantivesse sua posição durante o serviço; • não haveria mais pontos por erros de serviço; • contatos simultâneos de dois jogadores serão consi- derados apenas um; • o tempo em decorrência de uma lesão poderá durar até cinco minutos; • o intervalo entre os sets passa a ser de três minutos; • o tempo pedido pelo técnico passa a ter a duração de um minuto. 5) 1953: durante o Congresso da FIVB, foram definidas as ações do árbitro e a terminologia a ser adotada. 6) 1957: foi permitida a entrada de um segundo árbitro. 7) 1959: no congresso realizado em Budapeste, foi deci- dida a proibição da "cortina" feita durante o serviço e limitou-se a invasão na quadra adversária com o pé que ultrapassava totalmente a linha central. 8) 1964: a invasão por cima da rede durante o bloqueio é proibida, enquanto que aos bloqueadores é permitido © Voleibol40 o segundo toque após o toque feito durante a ação de bloqueio. 9) 1968: o uso das antenas para delimitação do espaço aéreo da quadra foi recomendado, ajudando, assim, a delimitar o espaço aéreo de cruzamento da bola para a quadra adversária. 10) 1974: no congresso realizado na Cidade do México, ficou decidido que duas alterações seriam introduzidas em 1976: a mudança do local de fixação das antenas (pas- sando de 9,4m para 9m) e três toques após o bloqueio seriam permitidos. 11) 1982: a pressão da bola é alterada de 0,40 para 0,46 Kg/ cm2. 12) 1984: fica proibido após as Olimpíadas de Los Angeles o bloqueio do serviço. Os árbitros são orientados a serem mais permissivos com a defesa. 13) 1988: foi aprovada a mudança do quinto set para o rally- point system, no qual cada saque equivale a um ponto. A pontuação de cada set fica limitada a um máximo de 17 pontos com a diferença de um ponto entre as equipes. 14) 1992: quando o set estiver empatado em 16-16, o jogo irá continuar até uma equipe obter dois pontos de van- tagem. 15) 1994: foram aprovadas novas regras que seriam introdu- zidas em primeiro de janeiro de 1995: • a bola poderá ser tocada com qualquer parte do cor- po (inclusive os pés); • a zona de serviço se estenderá por toda a linha de fundo; • eliminação dos "dois toques" na primeira bola vinda da quadra adversária; • é permitido o toque acidental com a rede quando o jo- gador em questão não estiver participando da jogada. 16) 1996: uma bola que tenha ido para a zona livre adver- sária por fora da delimitação do espaço aéreo poderá ser recuperada. A mão poderá tocar a quadra adversária 41 Claretiano - Centro Universitário © U1 – Introdução ao Estudo do Voleibol desde que não ultrapasse completamente a linha cen- tral. As sanções disciplinares passam a valer por todo o jogo. A linha de ataque terá um prolongamento de 1,75m com linhas tracejadas de 15 cm com espaçamen- to de 20 cm. Diminuição da pressão da bola (0,30 - 0,325 Kg/cm2). 17) 1998: começa a ser testada a adoção do rally-point sys- tem com 25 pontos nos quatro primeiros sets e 15 pon- tos no tie-break durante os próximos dois anos. Outras mudanças foram adotadas imediatamente: a mudança da cor da bola, a introdução do líbero e uma maior li- berdade por parte dos técnicos para darem instruções (entre a linha de ataque e o fundo da quadra). Mudanças mais recentes nas regras do Voleibol A seguir, passamos a apresentar as mudanças mais recentes ocorridas nas regras do Voleibol: 1) Desde o dia primeiro de janeiro de 2009, estão em vi- gor as novas Regras Oficiais do Voleibol, aprovadas pelo 31º Congresso da FIVB 2008, em Dubai. São alterações importantes, mas quase todas obrigatórias para as com- petições mundiais e oficiais FIVB, portanto não obrigató- rias para as competições nacionais e regionais. • para as competições mundiais e oficiais FIVB adultas, uma equipe pode ter, no máximo, quatorze jogadores (com, no máximo, doze jogadores regulares); • um líbero, designado pelo técnico antes do começo da partida, será o líbero atuante. Se houver um se- gundo líbero, ele atuará como líbero reserva; • é permitido tocar a quadra adversária com qualquer parte do corpo acima dos pés, desde que isso não interfira no jogo do adversário. Antes de prosseguir para outras modificações, cabe aqui uma observação: antes não era permitido tocar o campo adversário com nenhuma parte do corpo, exceto os pés, e quan- do em contato também com a linha central. © Voleibol42 Neste momento você deve estar pensando: quanta mudan- ça! Diante da perspectiva histórica aqui apresentada, podemos perceber que o Voleibol praticado hoje mudou muito com relação àquele originado em 1895. Percebemos, também, que a concen- tração dessas mudanças decorreu próximo a dois momentos histó- ricos no mundo e no Brasil – Segunda Guerra Mundial (década de 1940) e fim do Regime Militar (início da década de 1980). Essas mudanças não influenciaram somente o Voleibol "ofi- cial", o vôlei espetáculo, esse período histórico foi também um marco para adaptações e ajustes para atender a diferentes grupos e contextos. 8. VOLEIBOL EM DIFERENTES GRUPOS E CONTEX- TOS O esporte, desde a Idade Antiga, é tratado como um ele- mento fundamental na educação dos seres humanos. O Voleibol, por sua vez, é um esporte que vem sendo cada dia mais praticado nos diferentes contextos de nossa sociedade. Mediante a prática desse esporte, é possível interagir, socializar e favorecer o desen- volvimento do espírito comunitário. São inúmeros os benefícios que a prática do Voleibol pode proporcionar e, por esse motivo, considera-se tão importante a sua inserção nos diversos contextos existentes. O Voleibol é um esporte que pode ser praticado por crian- ças, jovens, adultos ou idosos; no entanto, para aprender essa mo- dalidade, é indicada a orientação de um profissional de Educação Física, que auxiliará o grupo, alertando-o sobre as necessidades de cada um. Dentro desses grupos citados, incluem-se as pesso- as com deficiência, que também podem praticar o esporte, desde que seja adequadamente adaptado, caso contrário, os resultados podem não ser benéficos. O objetivo principal da adaptação nos esportes é procurar atender às pessoas que possuem necessidades especiais de uma 43 Claretiano - Centro Universitário © U1 – Introdução ao Estudo do Voleibol forma não convencional, pessoas que, muitas vezes, são excluídas de sua prática. Com as adaptações, as pessoas passam a se inserir nos diferentes grupos e, consequentemente, usufruir dos benefí- cios proporcionados pelo esporte. A estigmatização e o tabu acerca das pessoas com limita- ções físicas, aliada a um mau preparo das instituições de forma- ção (quadro que vem sendo alterado atualmente), contribui para a marginalização desse grupo e de outros. A sociedade vem tentando combater a exclusão em diversos setorese isso acontece também no esporte, seja ele de caráter competitivo ou lúdico. Há grande possibilidade de que esse com- bate venha a se efetivar com um maior crescimento da modalida- de e de uma maior atenção dos órgãos ligados à área. Inserir o esporte adaptado significa seguir um princípio im- portante da inclusão: a democracia. A inclusão dá oportunidade às pessoas, com deficiência ou não, de vivenciarem as mesmas expe- riências que as demais. Essas vivências poderão trazer subsídios que em outros momentos repercutirão de forma positiva na vida de cada um. Veremos, agora, o contexto do Voleibol adaptado para defi- cientes físicos. Voleibol adaptado para deficientes físicos Figura 4 Jogo de Voleibol sentado © Voleibol44 No início do século 20, surgiu o esporte adaptado para defi- cientes. As atividades esportivas eram voltadas para pessoas com deficiências auditivas. Em 1920, pessoas com deficiência visual puderam iniciar atividades como natação e atletismo. O esporte adaptado para deficientes físicos só teve início após a Segunda Guerra Mundial, para reabilitação e inserção social dos soldados que voltavam mutilados para suas casas. A modalidade surgiu com base na combinação entre o Volei- bol convencional e o sitzbal, esporte alemão que não tem rede e é praticado por pessoas com dificuldades de locomoção e que, por isso, jogam sentadas, como podemos observar na Figura 4. O Voleibol adaptado foi apresentado em 1956 pelo Comitê Alemão de Esporte como um novo jogo chamado "vôlei sentado". Fundamentado nessa apresentação o Voleibol sentado tornou-se o esporte mais praticado por pessoas com deficiência física na Ho- landa. Em 1980 o esporte foi incluído no programa de competições dos Jogos Paraolímpicos, com participação de sete seleções. Até as Paraolimpíadas de Sidney, no ano 2000, o Voleibol paraolímpico era dividido nas categorias "sentado" e "em pé". A partir de Atenas, em 2004, o esporte passou a existir apenas na categoria "sentado". Podem disputar a modalidade atletas amputados, paralisa- dos cerebrais, lesionados na coluna vertebral e pessoas com ou- tros tipos de deficiências locomotoras. As diferenças entre o vôlei convencional e o vôlei paraolím- pico são menores do que se imagina. Segundo o Comitê Paraolím- pico Brasileiro, a quadra é menor do que a convencional (mede 6m de largura por 10m de comprimento, contra 18m por 9m), e a altura da rede também é menor, com cerca de 1,15m do solo no masculino, e 1,05m para o feminino, pois os jogadores competem sentados. Outra diferença consiste no fato de o saque poder ser bloqueado durante a trajetória da bola. 45 Claretiano - Centro Universitário © U1 – Introdução ao Estudo do Voleibol É permitido o contato das pernas de jogadores de um time com as dos jogadores do outro time. Porém, não se podem obs- truir as condições de jogo do concorrente. Um atacante pode "queimar" a linha de ataque caso sua bacia não a toque até o atle- ta bater na bola. Somente se pode perder o contato com o chão para salvar bolas difíceis e, mesmo assim, por pouco tempo. Cada jogo é decidido em uma melhor de cinco sets. Vence cada set o time que marcar 25 pontos. Na rede há duas antenas e a arbitragem também é dividida entre juiz principal, segundo juiz e dois árbitros de linha. Assim como no vôlei convencional, os times são formados por 12 jogadores e entre eles há um capitão e um líbero, que pode entrar e sair do jogo sem a permissão dos árbitros e possui exclusiva função defensiva. Para cada jogada, as equipes podem dar, no máximo, três toques na bola. Regras do voleibol sentado 1) O tamanho da quadra de jogo mede 10m x 6m. 2) As linhas de ataque são desenhadas a 2m de distância do eixo da linha central. 3) A rede tem 6,50 a 7,00m de comprimento e 0,80m de largura. 4) A altura da rede é de 1,15m para homens e 1,05m para mulheres. As antenas estendem-se 100cm acima do bor- do superior da rede. 5) O equipamento dos jogadores no voleibol Paraolímpico pode incluir calças compridas. Não é permitido sentar sobre material espesso. Não é necessário ter número nos calções ou calças. 6) Uma equipe consiste de no máximo 12 jogadores in- cluindo, no máximo, dois jogadores classificados como "inabilidade mínima", um técnico, um assistente técni- co, um preparador físico, e um médico. Os seis jogadores em quadra podem incluir no máximo um jogador com "inabilidade mínima". © Voleibol46 7) As posições dos jogadores em quadra são determinadas e controladas pelas posições dos seus glúteos. Isso signi- fica que a mão e/ou perna dos jogadores podem esten- der-se na zona de ataque (jogador da linha de fundo no golpe de ataque), na quadra (sacador durante o golpe do saque), ou na zona livre do lado de fora da quadra (qualquer jogador durante o golpe de saque). 8) No momento do sacador golpear a bola, ele deve estar na zona de saque e seus glúteos não devem tocar a qua- dra (linha final inclusive). 9) Tocar a quadra adversária com os pés/pernas é permiti- do em qualquer momento durante o jogo, desde que o jogador não interfira na jogada do oponente. O jogador deverá retornar com os pés/pernas diretamente para sua própria quadra. Contatar a quadra adversária com qualquer outra parte do corpo é proibido. 10) Aos jogadores da linha de ataque é permitido completar um golpe de ataque do saque ao adversário, quando a bola estiver na zona de ataque e completamente acima do topo da rede. 11) Um jogador de defesa pode realizar qualquer tipo de golpe de ataque de qualquer altura, desde que no mo- mento do golpe os glúteos do jogador não toquem ou cruzem a linha de ataque. 12) Jogadores da linha de frente podem bloquear o saque adversário. 13) O jogador deve ter contato com a quadra com a parte do corpo entre o ombro e os glúteos em todos os momen- tos quando tocar a bola. É proibido erguer-se, pôr-se de pé ou dar passadas - uma pequena perda de contato com a quadra é permitida para jogar a bola, excluindo- -se o saque, o bloqueio e golpe de ataque, quando a bola estiver completamente mais alta que o topo da rede. 14) O primeiro árbitro realiza suas funções de pé no solo no poste em uma das extremidades da rede. 47 Claretiano - Centro Universitário © U1 – Introdução ao Estudo do Voleibol Importância do vôlei adaptado É evidente que todos nós devemos ter as mesmas oportu- nidades de aprendizado e desenvolvimento em relação as nossas capacidades para que possamos alcançar independência social e econômica, assim como a integração na vida comunitária. A adaptação é fundamental na vida das pessoas com defici- ência, levando em consideração o histórico de sua deficiência e as tomando, também, como elementos essenciais a sua autonomia e independência. No aspecto psicológico, o esporte melhora a autoconfiança e a autoestima, tornando as pessoas mais otimistas e seguras para alcançarem seus objetivos. O esporte é muito importante para o sentimento de que tudo é possível dentro das suas limitações e adaptações para execução daquilo que deseja fazer ou praticar. Uma pessoa com deficiência ou qualquer tipo de necessi- dade especial deve ser tratada como qualquer outra pessoa, di- ferenciando apenas o aspecto motor e suas limitações. A inclusão das pessoas com deficiências é uma forma de a sociedade aceitar que elas estão com o "padrão de corpo" diferente do que é ex- posto diariamente como "normal". Essa inclusão deve ser feita em conjunto com as outras pessoas não deficientes, para que todos possam entender essa necessidade de inserção e, assim, não cau- sarem efeitos psicológicos negativos às pessoas com deficiência física (para que não se sintam superiores). O esporte adaptado faz essa inclusão das pessoas com ne- cessidades especiais, como forma de participação ativa, fazendo com que conceitos sejam sempre modificados afim de que ve- nham atender a todas as necessidades. Na escola é possível essa adaptação, que deve ser valorizada, pois neste ambiente a par- ticipação é
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