Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Antiprotozoários Antimicrobianos Os antimicrobianos têm os seus alvos em receptores microbianos, as quais são proteínas essenciais de processos bioquímicos e fisiológicos. Protozoários Os principais protozoários estudados nesse resumo são: Trypanosoma cruzi, Leishmania e Plasmodium. Antimaláricos A malária pode ser causada, principalmente, por Plasmodium falciparum, P. vivax e P. ovale. O ciclo desse agentes etiológicos é caracterizado por: 1. Hospedeiro intermediário (Homem): reprodução assexuada a. Ciclo hepatocístico (ou exoeritrocítico) i. Fêmea do Anopheles parasitada exerce a hemtofagia e inocula as substâncias anestésicas e anticoagulantes junto com os esporozoítos no tecido humano ii. Os esporozoítos apresentam tropismo pelos hepatócitos, infectando essas células iii. Transformação em trofozoítos iv. Multiplicação binária dos parasitas, preenchendo o citoplasma do hepatócito. Nas espécies P. vivax e P. ovale, os parasitas podem se estabelecer nos hepatócitos na forma de hipnozoítos, os quais vão liberando merozoítos aos poucos na corrente sanguínea. v. Transformação em merozoítos vi. Rompimento dos hepatócitos e infecção de novos hepatócitos: 5 a 8 vezes é feito esse ciclo hepatocístico, a fim de aumentar o número de parasitas no organismo vii. Migração para a corrente sanguínea b. Ciclo eritrocítico i. Entrada nos eritrócitos (início do ciclo eritrocítico) ii. Transformação em trofozoíto imaturo iii. Multiplicação dos trofozoítos iv. Formação do esquizonte: hemácia cheia de formas parasitárias v. Formação do esquizonte: hemácia cheia de formas parasitárias vi. Rompimento da hemácia e infecção de novas hemácias pelos parasitas livres (5 a 6 vezes esse ciclo) vii. Em alguns casos, o trofozoíto imaturo sofre o processo de esquizogonia, com a formação e amadurecimento de gametócitos dentro das hemácias viii. Ingestão dos gametócitos pela fêmea Anopheles 2. Hospedeiro definitivo (Anopheles): local onde ocorre a fecundação dos gametas a. Diferenciação dos gametócitos em macrogametas (feminino) ou em microgametas (masculino) b. União dos gametas (fecundação), formando o oocineto c. Amadurecimento do oocineto, formando o oocisto d. Migração do oocisto para as glândulas salivares do mosquito e. Ruptura do oocisto liberando diversos esporozoítos nesse local f. Quando ocorrer a hematofagia do Anopheles, há a inoculação dos esporozoítos. Existem 4 possíveis formas de ação de fármacos antimaláricos: ● Fármacos que atuam nos eritrócitos (fase eritrocítica), no momento de multiplicção dos trofozoítos, sendo chamados de agentes esquizonticidas sanguíneos. ● Fármacos que atuam sobre as formas latentes (os hipnozoítos): fazem a cura radical das infecções P. vivax e P. ovale. ● Fármacos profiláticos: impede a infecção dos eritrócitos pelo merozoítos. ● Fármacos que bloqueiam a transmissão da doença: elimina os gametócitos, impedindo a transmissão da doença. Então, os fármacos para profilaxia, malária aguda (fase eritrocitária) e malária em estágio hepático (hipnozoítos) atuam em 4 vias fisiológicas distintas dos plasmódios: Os fármacos utilizados na forma aguda da doença, ou seja, que atuam nos esquizontes sanguíneos são artemisinina e compostos relacionados, quinina, mefloquina, cloroquina, dapsona, pirimetamina, atovaquona. Eles efetuam a cura em infecções sem estágio exoeritrocítico e sem a formação de hipnozoítos. Além disso, a primaquina e tafenoquina atuam para a cura radical da doença, sendo chamados de esquizonticidas teciduais (erradicação dos parasitas no fígado e eliminação dos gametócitos → ↓ a disseminação) Cloroquina Os parasitas não consegue, sintetizar aminoácidos; então, o parasita apresenta um vacúolo digestivo em que ele degrada a hemoglobina das hemácias para a obtenção dos aa, que saem do vacúolo digestivo pela proteína PfCRT. Todavia, com a degradação da hb, há a liberação também do metabólito tóxico ferriprotoporfirina IX (heme), o qual é polimerizado, formando a hemozoína (heme polimerizada → não tóxica). Dessa forma, a cloroquina entra no vacúolo digestivo, devido à sua ↑ hidrofobicidade, onde é protonada (ficando positiva → aprisionada dentro do vacúolo). Por conseguinte, a cloroquina inibe enzimas heme polimerizada, impedindo a formação da hemozoína; logo, ferriprotoporfirina IX vai lesionar oxidativamente a membrana do parasita, destruindo-o. Existe um mecanismo de resistência criado pelos parasitas (principalmente o P. falciparum) contra a cloroquina, que ocorre por uma mutação na proteína PfCRT, a qual adquire a capacidade de bombear a cloroquina protônica para fora do vacúolo alimentar do parasita. Quinina e quinidina Mecanismo idêntico ao da cloroquina. Além disso, esses fármacos também podem agir no DNA, inibindo a replicação/transcrição do DNA. Esses fármacos são esquizonticidas sanguíneos muito efetivos. Mefloquina Mecanismo parecido com a cloroquina. Efetivo esquizonticida sanguíneo. Alguns efeitos adversos desse fármaco (e dos outros citados) são: alterações GI, toxicidade do SNC, alterações na condução AV, doença de pele e contra-indicada na gestação. Artemisinina e seus derivados (Artesunato e artemeter) Devido ao mecanismo de resistência da cloroquina, os derivados de artemisinina são os primeiros a serem utilizados no tratamento. Esses fármacos são ativados pelo ferro, formando a artemisinina na forma radical livre, que promove uma série de reações (alquilação) em macromoléculas importantes, fazendo com que ocorra uma inibição de proteínas importantes do parasita. São importantes para destruir os parasitas dentro dos eritrócitos e são capazes de afetar os gametócitos. A fim de que não ocorra o desenvolvimento de uma resistência à artemisinina, é importante que ele não seja administrado sozinha, mas sim em combinação fixa (TCA → terapia combinada com artemisinina). A artemisinina é ototóxico (causa alteração auditiva) e neurotóxico. Primaquina Os plasmodium utilizam a cadeia de transporte de elétrons da mitocôndria para a regeneração da DHOD (Di-hidro-orotato-desidrogenase) junto com o orotato, enzima vital para a biossíntese de pirimidinas. A primaquina atua na formação de um composto oxidativo chamado de quinona, que atua interferindo s ubiquinona, a qual está inserida na regeneração da DHOD, impedindo, assim, a replicação do DNA dos protozoários. Além disso, ocorre também um impedimento do funcionamento da cadeia transportadora, ↓ o aporte energético do plasmodium (boa parte da energia é advinda da glicólise). Esse fármaco é utilizado para a eliminação de hipnozoítos. É importante verificar nos pacientes que vão tomar a primaquina o funcionamento da enzima G6PD, que participa da regeneração da glutationa (protege do estresse oxidativo criado pela primaquina). Atovaquona Age na cadeia de transporte de e-, sendo um análogo da ubiquinona, impedindo a interação da ubiquinona com Cit bc1 (seletividade 100x maior para a Cit bc1 do parasita). Uma pequena mutação do Cit-bc1 pode causar uma resistência ao fármaco (não é utilizada em monoterapia). Antifolatos (Sulfadoxina e Pirimetamina) Os protozoáriosconsegue produzir o folato (diferente do humanos), por meio da cascate enzimática: Os antifolatos impedem a produção do folato e, assim, a biossíntese de nucleotídeos. A associação da Sulfadoxina com Pirimetamina (igual a ação da trimetoprima) é um potente esquizonticida sanguíneo. Um outro antifolato utilizado é o proguanil, que é um inibidor da diidrofolato-redutase. Esses fármacos são eficientes contra as formas pré-eritrocíticas P. falciparum e P. vivax. Escolha dos fármacos Efeitos adversos Antitripanossomíase O ciclo de vida do trypanosoma cruzi é caracterizado por: O tratamento precoce da Doença de Chagas facilita a cura. Para o tratamento, os principais fármacos utilizados são o nifurtimox e benzonidazol. Nifurtimox e benzonidazol O principal mecanismo de ação desses fármacos é de produção de radicais livres, como radical nitro e radical hidroxila (efeitos tripanocidas). O trypanossoma cruzi não apresenta componentes antioxidantes para evitar a sua morte com a utilização desses fármacos. Os efeitos colaterais são: anorexia, vômitos, perda de memória, sono e convulsões. Anti Leishmaniose O ciclo de vida desse parasita é caracterizado por: Antimoniais Os fármacos mais utilizados contra a leishmaniose são os derivados antimoniais (estibogliconato de sódio e antimoniato de meglumina). O mecanismo de ação desses fármacos é desconhecido, mas acredita-se que atuam em vias metabólicas importantes do parasita. Esses fármacos apresentam como efeitos adversos: supressão da medula óssea, prolongamento do intervalo QT, pancreatite e exantema cutâneo. Anfotericina e miltefosina Todavia, está ocorre um crescimento na resistência aos antimoniais. Logo, outros fármacos alternativos são utilizados, como a anfotericina (ligação à membrana plasmática → casa alterações no equilíbrio iônico e perda da permeabilidade celular) e a miltefosina (análogo sintético dos fosfolipídeos → inibição de sistema enzimáticos associados a membrana plasmática). Podem ter como efeitos adversos febre, calafrios, hipotensão e toxicidade renal. Pentamidina Inibe a síntese de DNA, RNA, proteínas e fosfolipídeos, por meio da sua ligação ao DNA dos cinetoplastos, inibindo a replicação e função dessa organela; além de também inibir a DHFR. Apresenta como efeitos adversos fadiga, tontura, hipotensão, pancreatite e lesão renal.
Compartilhar