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Antiprotozoários Essas doenças são negligenciadas; com alta incidência no país. Há vários problemas para o tratamento dessas doenças, como: pouco acesso imune (pois são parasitas intracelulares), poucas opções de tratamento (porque são mais recorrentes em países pobres, logo a indústria não tem incentivo), os poucos fármacos existentes são obsoletos e com eficácia duvidosa, além de uma resistência crescentes (devido mau uso). Alguns fármacos são usados para outras doenças que não protozoárias. MALÁRIA Febre, calafrios, dor de cabeça. Diagnóstico pode ser feito com microscopia comum. Sintomas mais graves: convulsões múltiplas (pode levar a um déficit mental permanente), coagulação intravascular disseminada (pode levar a problemas cardiovasculares), insuficiência renal, hemoglobinúria. A malária mais grave é causada pelo Plasmodium falciparum 1 vez o ciclo pré- eritrocítico e várias vezes o ciclo eritrocítico. O Plasmodium pode fazer o ciclo pré-eritrocítico e eritrocítico, ou, o ciclo exo-eritrocítico e eritrocítico. No último, ele pode ficar como esquizonte latente por vários anos (com hipnozoíto), esse ocorre com as espécies P. vivax e P. ovale. Os alvos farmacêutico agem em diversos locais do ciclo. 1. No ciclo eritrocítico: agem para evitar o rompimento do esquizonte (hemólise dos eritrócitos), impedindo febre e crises de sudorese. Elimina o Plasmodium antes da formação do esquizonte. 2. Age no ciclo exo-eritrocítico, eliminando-o. Esse ciclo é feito pelo P. vivax e P. ovale. Impede futuras infecções pelos protozoários que ficariam latentes. Não é necessário usar para P. falciparum, pois ele não faz esse ciclo. 3. No momento em que os merozoítos são liberados e irão infectar hemácias. É o alvo para quimioprofilaxia (não é real pois já houve infecção dos hepatócitos, só impede o ciclo eritrocítico). 4. Prevenção de formação de gametas; fármacos gameticidas. É um alvo para reduzir a proliferação da doença, e não tratar o paciente. Normalmente, na malária usasse vários fármacos que agem em diferente pontos do ciclo, dependendo da espécie. Um mesmo fármaco pode ter ações um pontos diferentes. Principais alvos farmacológicos: citosol (alterando o metabolismo do ácido fólico), mitocôndria (alterando a cadeia transportadora de elétrons), no vacúolo digestivo (local de permanência do protozoário na hemácia, o próprio protozoário também tem um vacúolo para digerir a hemoglobina), na membrana do protozoário (impedindo a ação da ATPase) e apicoplasto (presente em alguns protozoários *principalmente Plasmodium). ❖ Interferência no metabolismo do ácido fólico: os protozoários possuem síntese própria de folato (eles não possuem bombas de captação de folato), então, diferente de nós, se eles forem inibidos de produzir folato, eles não conseguem absorver folato do meio onde eles se encontram. Os protozoários apresentam isoformas enzimáticas, da via de síntese de folato, diferentes das humanas (isso confere “proteção” no uso do fármaco, se ele for seletivo para isoformas dos protozoários, pois pouco altera a função humana). O fármaco irá competir com a enzima para síntese do folato. O folato é importante para a multiplicação do DNA (síntese de timidina) e consequentemente para a divisão e proliferação celular. Dihidrofolato – inativo; tetrahidrofolato – ativo. Esse último é cofator para síntese de timidina, importante para síntese de DNA. A) Inibidores da síntese do folato (genericamente chamados de sulfas): são análogos do PABA que irão competir pela enzima dihidropteroato sintetase para síntese de folato. Ex.: sulfadoxina e dapsona. São esquizonticida eritrocítico, pois agem no ciclo eritrocítico. Podem ter ações antibacterianas. Possuem poucos efeitos tóxicos. Possuem hepatotoxicidade. B) Inibidores as síntese do tetrahidrofolato: são análogos do folato (possuem anel de pteridina) que irão competir pela enzima dihidrofolato redutase para síntese de H4-folato. Também são esquizonticida eritrocítico. Ex.: proguanil (pró- fármaco; meia vida de 16h) e pirimetamina (meia vida de 4 dias). Podem causar anemia megaloblástica (eventualmente por ações em enzimas humanas, afetando a maturação das hemácias) e teratogênese (em casos de mulheres gravidas que tenham suas enzimas afetadas). Sinergismo entre fármacos: é utilizado a combinação dos dois fármacos, para que haja inibição mais completa da via. Seus efeitos juntos é maior que quando separados. Podem ser usados em toxoplasmose. Possuem resistência crescente, por isso não é mais tão usado para malária. ❖ Bloqueio da produção de energia (mitocôndria): análogo da ubiquinona (é um carreador de elétrons). Ex.: atovaquona, ela recebe os elétrons no lugar da ubiquinona, inibindo a cadeia transportadora de elétrons, e, consequentemente, alternado a produção de energia do protozoário e sua proliferação, levando a morte. Atuam apenas na ubiquinona dos protozoários devido as diferenças estruturais dessa coenzima nos humanos e nos protozoários. A atovaquona pode ser usado na quimioprofilaxia e em casos resistentes a outros fármacos. É um fármaco relativamente novo, com poucos efeitos indesejados. Possui um sinergismo supra aditivo com proguanil; essa combinação pode ser usada para toxoplasmose e infecções fúngicas, e é utilizada na quimioprofilaxia. *tafenoquina: é uma quinolona com efeito dual. ❖ Inibição da heme-polimerase (maior arsenal terapêutico): é uma enzima especifica do protozoário que não existe em humanos. O Plasmodium utiliza a hemoglobina como fonte energética, ele possui enzimas que irão degradar a hemoglobina para o uso, sendo que o grupo heme (contendo ferro) não é utilizado pelo Plasmodium; e o acúmulo de heme é altamente citotóxico (formação de superóxidos causando estresse oxidativo), por isso ele tem naturalmente uma rota da enzima heme- polimerase, que pega vários grupos isolados e polimeriza-os em hemozoína (aglomerados de grupo heme que não possuem efeito tóxico, por não ter ação oxidativa). Os fármaco dessa classe inibem a polimerização, e por isso o heme se acumula, tem efeito toxico por oxidação que leva ao rompimento da membrana celular do protozoário e morte. Os fármacos de primeira linha para tratamento de malária, são esses que inibem a heme-polimerase. Duas classes: quinolonas- quinina, cloroquina, primaquina e tafenoquina, e os arilamino-álcoois- lumefantrina. Diferenças químicas entre essas duas classes, e diferenças químicas entre as quinolonas (algumas com substituinte amino no carbono 4 e outras no carbono 8). A) Quinina: 1° antimalárico usado no mundo. Possui uma ação esquizonticida eritrocítico. Atualmente ela é utilizada em casos de resistência à cloroquina, (principalmente o P. falciparum) que seria a primeira escolha no tratamento da malária. Além do efeito antimalárico, possui efeito antitérmico e anti-inflamatório. Possui efeito antiarrítmico (quinidina- é a formação espacial desxtrógira). Sua resistência é crescente, principalmente em uso de monoterapia; possuem gosto amargo (diminui adesão ao tratamento); tríade toxica quando usada em altas doses: cinchonismo, doses menores (náusea/vomito, tontura, zumbido, cefaleia e visão turva) - utilizada associada a alimentos pra diminuir a irritação gástrica; depressão cardíaca; e maior liberação de insulina (levando a hipoglicemia) - por efeito direto no pâncreas. Quando há um a intoxicação muito severa pode levar a alterações no SNC, levando ao delírio e coma. B) Cloroquina: 1° escolha de tratamento. Possui uma ação esquizonticida eritrocítico. Pode ser usada em amebíases hepáticas invasivas e em doenças reumáticas devido a seus efeitos anti- inflamatórios. Em geral possui efeitos menos tóxicos do que a quinina (maspossui possibilidade de acumulo hepático e de exacerbar a psoríase). Ela se acumula no local onde o parasita está se proliferando (aprisionamento iônico). A cloroquina possui um grande volume de distribuição, ou seja, a maior parte da cloroquina utilizada fica nos tecidos. C) Primaquina: perfil diferente, com substituição no carbono 8. É um esquizonticida hepático (age no ciclo pré e exo-eritrocítico). Pode ser usado para os 4 tipos de Plasmodium. Possui efeito gameticida (impede a transmissão da doença). É um fármaco que causa acumulo hepático e produz radicais livres, isso é importante para matar os hipnozoítos que estão no fígado, mas essa acumulação abre brecha para uma lesão hepática. Ela pode ser usada como antifúngico. Uma desvantagem é que a primaquina e a tafenoquina não possui ação eritrocítica. A tafenoquina é mais vantajosa por seu tempo de meia vida ser maior, sendo necessário tomar o medicamento apenas uma vez na semana. Já possui uma resistência, principalmente o P. vivax; algumas aliterações no TGI e metemoglobinemia (relacionados a doses maiores que as terapêuticas). Pessoas com deficiência genética de G6P-desidrogenase possui uma susceptibilidade maior a hemólise, por isso é contraindicado o uso de primaquina, pois ela produz muito radical livre que causará uma anemia hemolítica no paciente; por outro lado, quem tem essa deficiência possui uma resistência parcial a malária. D) Mefloquina: esquizonticida eritrocítico. Possui atividade maior que a cloroquina, por isso não é utilizada de forma indiscriminada, mais reservada para formas resistentes. Possui tempo de meia vida de 30 dias (1 dose semanal). Possui incidência de alterações psiquiátricas (10% em que usa). E) Lumefantrina: esquizonticida eritrocítico, com tempo de meia vida alto. É utilizada associada a artemisinas (tempo de meia vida baixo). ❖ Inibição da ATPase dependente de cálcio: artemisinas é o protótipo dessa classe, atualmente ela não é usada. É utilizado compostos derivados dela: arteméter e artesunato. Esses fármacos são esquizonticida eritrocitário e gameticida. É eficiente em P. falciparum resistente. Possui cura rápida e toxicidade baixa. Possui tempo de meia vida muito curto (não é usado como quimioprofilaxia ou monoterapia), por isso é utilizado associado a outros fármacos. Alterações no TGI, dores, musculares e articulares. Não utilizado em gravidas por efeitos teratogênicos. CHAGAS Os fármacos não possuem seletividade no ciclo de vida. • Agentes nitro-heterocíclicos: possuem ação oxidante alta (tanto em células nossas quanto do protozoário); ação em tripomastigotas e amastigotas; cura parasitológica (não encontrar T. cruzi na corrente sanguínea) de 80% em pacientes agudos e 50% em crônicos. Problemas associados a ação oxidante no corpo humano, mesmo com o arsenal antioxidante. Devido a essa alta toxicidade, o tratamento é opcional em pessoas com mais de 50 anos; tratamento longo. Únicos antitripanossomas existentes: benzonidazol e nifurtimox. LEISHMANIOSE Os fármacos são insuficientes para formas diferentes da doença. Agentes antileishmania: • Agentes antimoniais pentavalentes: possui o átomo de antimônio na sua estrutura. No corpo do protozoário ele é transformado para sua forma trivalente, o que aumenta sua função oxidativa causando lesão oxidativa. Na clínica é feito a associação deles com o alopurinol (usado no acumulo de ácido úrico) - estudos mostram que eles podem atrapalhar a síntese proteica do protozoários. Ex.: gliconato de antimônio e antimoniato de meglumina. Sua administração é parenteral e uso prolongado (diminui a adesão); pode causar anorexia, perda de apetite, bradicardia. Pode causar hepatotoxicidade, pancreatite química (100%), nefrotoxicidade. • Miltefosina: lançada em 2002, é extremamente caro. Causa fragmentação do DNA e induz apoptose, possui ação antitumoral, pode ser usado via oral; seu efeitos indesejados são mais brandos. Ação teratogênica.
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