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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Graduação em Farmácia LUIZA JACOVINE PORTELA Trabalho de Farmacologia ll Antivirais, anti-helmínticos, antiprotozoários e antifúngicos Diamantina 2019 Antivirais As pessoas podem contrair um vírus ao inalá-lo, degluti-lo, sexualmente ou por picada de inseto. Por isso, as infecções virais mais comuns são: Infecções respiratórias, como gripe, pneumonia e o resfriado comum; Infecções gastrointestinais como a gastroenterite, que pode ser causada por vírus como o norovírus e rotavírus; Infecções no fígado, que podem resultar em hepatite; Infecções no sistema nervoso, como meningite ou poliomielite, causadas por vírus que infectam as camadas de tecido que recobrem o cérebro e a medula espinhal (meninges), ou os vírus da raiva e Oeste do Nilo que infectam o cérebro, causando encefalite; Infecções na cútis, causadas por vírus que atual exclusivamente na pele podendo causar verrugas ou outras manchas; Infecções da placenta e feto, como o zikavírus, rubéola e o citomegalovírus que podem infectar não só a gestante mas também a placenta e o feto. Existem vírus também que afetam múltiplos sistemas do organismo, são os enterovírus, como o vírus do HIV; e citomegalovírus. O corpo humano possuí naturalmente várias defesas contra o ataque de vírus, incluindo barreiras físicas como a própria pele, e as defesas imunológicas do organismo, que libera leucócitos no sangue que vão desenvolver defesa para o vírus. Muitas vezes, essa imunidade pode ser produzida por vacina, usadas como estratégia de imunização da população contra vírus como o da gripe e do sarampo. São desenvolvidas para serem similares aos vírus, mas sem manifestarem os sintomas no paciente, desenvolvendo assim linfócitos específicos para esse vírus capazes de reconhece-los e elimina-los rapidamente do organismo, impedindo a infecção de se desenvolver. Um vírus é um microrganismo infeccioso de reprodução intracelular, bem menor do que bactérias ou fungos. Eles necessitam da associação à mecanismos metabólicos do hospedeiro para se replicar. O vírus se fixa à célula hospedeira através de proteínas existentes na superfície do vírus, que reconhecem especificamente alguns componentes da membrana do hospedeiro, e depois atravessam a membrana celular, entrando na célula. Quando já em meio intracelular, o vírion perde parte do seu capsídio (estágio de desnudamento) para que o ácido nucleico fique disponível para a transcrição em mRNA, que vai sofrer translação para os ribossomos celulares (no caso de retrovírus o desnudamento vai possibilitar a ocorrência da transcrição reversa). A próxima etapa vai precisar de um suprimento de ribonucleosídios trifosfatos para os vírus de RNA e de desoxirribonucleosídios trifosfatos para os vírus de DNA. Os desoxirribonucleosídios trifosfatos podem ser produzidos por duas vias: a vida de recuperação, que necessita da ação da enzima timidinoquinase, farmacologicamete importante; e a dia de novo, que inclui a enzima timidilatoquinase. Na via de recuperação os nucleosídeos são fosforilados pela timidinoquinase, se tornando nucleosídeos trifosfato para então serem incorporados em novos genomas virais por uma polimerase celular ou viral. A exploração desse processo de duas etapas permitiu o desenvolvimento de alguns dos antivirais mais efetivos e seguros utilizados nos dias de hoje, tendo em vista que as diferenças existentes entre as quinases e as polimerases humanas e virais permitem que os fármacos se beneficiem de duas etapas diferentes em uma única via. As proteínas virais sintetizadas no meio intracelular se organizam junto com o genoma na célula hospedeira (montagem), dando início a fase de maturação viral, processo essencial para que os vírions se tornem infecciosos. O processo de maturação, no geral, envolve a clivagem de poliproteínas virais por proteases. Embora o processo que estimule a maturação viral comece no meio intracelular, a maturação viral em si pode ocorrer tanto no meio intra quanto no meio extracelular. No caso de vírus de maturação extracelular eles se liberam da célula por lise ou por brotamento pela membrana celular. Então, resumindo, a maioria dos vírus se reproduzem pelas seguintes fases: fixação, entrada, desnudamento, replicação do genoma, transcrição, translação, montagem e saída, mas alguns vírus podem apresentar etapas adicionais como maturação e liberação. Os retrovírus se comportam de maneira um pouco diferente, possuindo muitas vezes fases adicionais em seu ciclo de vida, nesses casos, a diferença entre as proteínas específicas envolvidas as etapas, virais e do hospedeiro, pode ser usada como alvo farmacológico para a terapia antiviral. As proteínas virais que se mostram os melhores alvos são enzimas envolvidas a replicação ou maturação do genoma. Hoje em dia ainda enfrentamos desafios para o desenvolvimento de fármacos antivirais, além de existirem poucas diferenças entre os vírus e o hospedeiro humano passíveis de exploração farmacológica, são um grupo heterogêneo de agentes infecciosos, apresentando um conjunto de genes, mecanismos de transcrição e tradução bem distintos. Por isso, enquanto um agente antibacteriano é direcionado muitas vezes a diversas bactérias, os antivirais têm como alvo apenas uma ou poucas espécies de vírus. Embora avanços estejam sendo feitos, a parcela de vírus causadores de patologias humanas que os tratamentos farmacológicos atuais são capazes de tratar é minúscula. - Inibidores da fixação e da entrada: Como todos os vírus necessitam de passar pelas fases de fixação e entrada para o meio intracelular para que ocorra a replicação, a inibição desses primeiros estágios proporciona uma medida “preventiva” contra a infecção, podendo assim limitar a disseminação do vírus pelo organismo. Os fármacos dessa classe atuam contra o vírus HIV e são os maraviroque e enfuvirtida (T-20). Maraviroque: Atua inibindo reversívelmente os receptores de quimiocinas CCR5. Estudos foram desenvolvidos acerca desse fármaco, constatando que a ausência do produto formado pelo gene CCR5 impede a fixação e entrada de determinadas cepas de HIV, tendo pouco impacto no funcionamento do organismo. O Maraviroque vai atuar então inibindo a ligação da gp120 do vírus HIV ao receptor, bloqueando a infecção por cepas de HIV que utilizam o receptor CCR5 como porta de entrada, consequentemente não se mostrando eficaz para cepas que utilizam para entrada e fixação o receptor CXCR4. É um fármaco normalmente indicado para paciente que que apresentem cargas virais detectáveis e contínuas ou cujo vírus é resistente a múltiplos fármacos. Perca de peso, insônia, neuropatia periférica, tontura, parestesia, disgeusia, sonolência, tosse, dor abdominal, distensão abdominal, constipação, dispepsia, amento da alanina aminotransferase (ALT), da aspartato aminotransferase (AST) e da gamaglutamiltransferase (GGT), Rash, alopecia, espasmo muscular, dor nas costas, dor nas extremidades, aumento da creatinina fosfoquinase sérica, astenia e fadiga são efeitos adversos comuns desse medicamento. Enfuvirtida: É um peptídeo que se assemelha à gp41, proteína do vírus HIV que medeia a fusão da membrana. A fixação do HIV a seus receptores celulares desencadeia uma mudança de conformação da gp41 (fase intermediária), que expõe um segmento que pode ser inserido em membranas (peptídio de fusão), uma região de repetição heptada (HR1), e uma segunda região de repetição heptada HR2 imitada pela T-20. Depois a gp41 sofre novo dobramento, de modo que o módulo HR2 se liga diretamente ao módulo HR1, podendo levar a uma estreita proximidade entre o envelope do vírion e a membrana celular do hospedeiro,o que possibilita a fusão. Entretanto, como já citado, o T-20 imita o segmento HR2 e se liga ao módulo HR1 exposto, impedindo o processo de dobramento, consequentemente impedindo a fusão do vírion à membrana da célula alvo. Esse medicamento é indicado em associação a outros fármacos para pacientes que apresentam infecção pelo HIV, mas não podem ser tratados com os medicamentos de primeira linha. É administrado por via parenteral, geralmente injeções subcutâneas duas vezes ao dia. Dor, desconforto, eritema, induração, nódulos e cistos, prurido e equimose são efeitos adversos relativamente comuns desse fármaco. - Inibidores do desnudamento viral (bloqueadores de canais iônicos) As admantanas são os representantes da classe, incluindo a amantadina e rimantadina. São eficazes especificamente contra o vírus influenza A, que penetram nas células através de endocitose mediada por receptores e são internalizados em endossomos. Uma bomba de prótons endossômica acidifica os endossomos, desencadeando dois eventos importantes, primeiro ocorre uma modificação significante na conformação da hemaglutina, proteína presente no envelope viral, o que possibilita sua fusão à membrana do endossomo. A ribonucleoproteína viral (incluindo por exemplo o genoma RNA do vírus) liberada nessa fase não é o suficiente para possibilitar sua transcrição, sendo necessário uma segunda fase dependente de pH no interior do vírion. O influxo de prótons através de um canal no envelope viral denominado M2 estimula a dissociação da proteína da matriz, liberando mais ribonucleoproteína, possibilitando a transcrição do RNA viral. A admantanas atuam então como inibidores dos canais de prótons M2 presentes no envelope, impedindo assim o influxo de prótons que vai possibilitar a transcrição do RNA, mas o mecanismo exato pelo qual esses fármacos bloqueiam esses canais ainda não é esclarecido, existindo teorias diferentes que se mostram controversas entre si. A amantadina pode causar tontura e dificuldade de concentração, efeitos provavelmente decorrentes do bloqueio de canais de cálcio do hospedeiro. A rimantadina é análoga a amantadina, com mecanismo de ação bastante semelhante é melhor aceita na prática clínica principalmente pela ausência de efeitos adversos neurológicos, que podem ser problemáticos ao indivíduo. Muitas vezes a rimantadina é usada como ação profilática em populações com alta morbidade pelo vírus influenza, mas a resistência a admantanas se desenvolve rapidamente. - Inibidores da replicação do genoma viral (inibidores da polimerase e integrase) Os inibidores da replicação do genoma viral atuam principalmente inibindo polimerases. Cada tipo de vírus emprega uma polimerase diferente para a replicação do genoma. Alguns vírus utilizam DNA polimerases celulares e nesses casos a utilização de uma terapia farmacológica com essa abordagem seria muito tóxica por inibir também a replicação do DNA celular, se mostrando inviável. Mas, um grande número de vírus atua sintetizando sua própria polimerase, o que torna essa etapa do clico um ótimo alvo farmacológico. Os vírus que esses fármacos combatem incluem certos herpes-vírus humanos, retrovírus HIV e hepadnavírus HBV. Os fármacos dessa classe podem ser análogos nucleosídeos, se assemelhando aos nucleosídeos fisiológicos em sua estrutura; ou inibidores não nucleosídeos da DNA polimerase (ou transcriptase reversa) que bloqueiam a atividade da DNA polimerase se ligando a um sítio diferente do desoxirribonucleosídio trifosfato. Os fármacos análogos nucleosídeos precisam de ser fosforilados para mostrar efeito (geralmente até se tornarem trifosfato), inibindo as polimerases ao competir com o substrato trifosfato natural; em geral, esses análogos também são incorporados na cadeia de DNA em crescimento, onde eles frequentemente interrompem o processo de alongamento. Uma ou ambas características (tanto a inibição enzimática quanto a incorporação ao DNA) podem se mostrar importantes para a atividade antiviral. Essa classe de fármacos apresenta dificuldade em fazer com que o fármaco tenha suficiente semelhança com um nucleosídio natural para que possa ser ativado, e seu trifosfato possa inibir uma polimerase viral, porém não tão similar a um nucleosídio natural a ponto de inibir os processos celulares, portanto, a seletividade do fármaco vai depender da sua capacidade de inibir mais efetivamente a síntese do DNA viral do que as enzimas e funções celulares. As duas principais categorias de análogos nucleosídios são os agentes anti-herpes-vírus (aciclovir, valaciclovir, ganciclovir, valganciclovir, penciclovir, fanciclovir, gidofovir) e os agentes anti-HIV (zidovudina, estavudina, zalcitabina, lamivudina, entricitabina, didanosina, abacavir, tenofovir disproxila), incluindo também alguns fármacos eficazes contra o vírus da hepatite B (adefovir e entecavir) e contra a vírus RNA (ribavirina) Aciclovir: O valaciclovir é um profármaco do aciclovir. Eficaz contra os vírus HSV e VZV (varicela-zóster), ilustra o mecanismo fundamental dos análogos nucleosídeos. Esses vírus codificam uma timidinoquinase (TK) que apresenta capacidade de fosforilar não só a timidina mas outras pirimidinas e nucleosídeos análogos que não contém uma base pirimidina (como o aciclovir). Por mais que nenhuma enzima de mamífero fosforile tão bem o aciclovir como a TK dos vírus HSV e VZV (o que explica a alta seletividade do fármaco para as células infectadas) ainda ocorre fosforilação em células não infectadas, o que pode resultar nos efeitos adversos apresentados pelo fármaco. A fosforilação do ACV resulta então num composto trifosfato que inibe a DNA polimerase. Vírus resistentes a esse fármaco apresentam alteração nos genes da enzima TK, no gene da DNA polimerase ou em ambos. Como a TK não é uma enzima envolvida no processo de replicação, sua inativação não impede que o vírus se dissemine, apresentando também em alguns casos mutações que impedem que a TK fosforile o aciclovir, mas permitem que ela continue fosforilando a timidina. Apesar de ser afetado, o gene da DNA polimerase é vital para a sobrevivência do vírus, não sendo inativada em casos de mutações, mas sim modificado, sendo necessárias maiores doses do fármaco para que mostre efeito. Náuseas, vômitos, dores de estômago, diarreia, dores de cabeça e tonturas são efeitos colaterais considerados comuns do aciclovir. Penciclovir: O fanciclovir é o análogo do penciclovir, que é a forma ativa do fármaco. A diferença entre o mecanismo de ação do penciclovir e do aciclovir é apenas quantitativa. O penciclovir é ativado mais eficientemente pela enzima TK do que o aciclovir, entretanto é menos seletivo para a DNA polimerase viral do que o ACV. O Fanciclovir é utilizado no tratamento de infecções por HSV e VZV, enquanto a pomada de penciclovir é utilizada no tratamento do herpes simples causado pelo HSV. Ganciclovir: Alganciclovir é profármaco do ganciclovir, que tem biodisponibilidade oral maior que a do ganciclovir. São eficazes contra os CMV (citomegalovírus). É um análogo nucleosídio que foi originalmente sintetizado como derivado do aciclovir, com a intenção de desenvolver outro fármaco anti-HSV. Entretanto, o ganciclovir foi considerado demasiado tóxico para essa indicação, por outro lado se mostrando mais eficaz para os vírus CMV do que o ACV sendo o primeiro fármaco aprovado para tratamento anti- citomegalovírus. Embora os vírus CMV não codifiquem nenhum homólogo à enzima TK, apresentam uma proteinoquinase viral UL97 capaz de fosforilar o ganciclovir. O trifosfato de ganciclovir inibe melhor as DNA polimerases virais do que as celulares, mas se mostra menos seletivo do que o aciclovir o que resulta em uma toxicidade mais acentuada, podendo causar neutropenia (supressão da medula óssea). Cidofovir: É um análogo acíclico da citosinaque contém fosfonato. Desvia um pouco do mecanismo de ação dos demais análogos nucleosídeos anti-herpes, se mostrando mais um análogo nucleotídeo. Por possuir um grupo fosfonato ele imita o monofosfato de desoxicitidina, então, já está fosforilado, não dependendo de quinases virais para o ativar se mostra eficaz contra mutantes virais que não apresentam quinases, portanto, resistentes a outros medicamentos. Depois de penetrar na célula o cidovir vai sofrer fosforilação por enzimas celular, se tornado trifosfato análogo de dCTP que vai inibir as DNA polimerases do HSV com mais potência que as DNA polimerases celulares. O cidofovir foi aprovado para uso no tratamento da retinite por CMV em pacientes com HIV/AIDS. Dois fármacos apresentam mecanismo de ação semelhante, se mostrando análogos acíclicos do monofosfato de desoxiadenosina, o tenofovir (anti-HIV) e o adefovir (anti-HBV). Dado seu mecanismo de depuração renal, cidofovir precisa ser coadministrado com probenecida. (Inibe um transportador de ânions no túbulo proximal, diminuindo a excreção do cidofovir.) A nefrotoxicidade constitui importante problema e é preciso ter muita cautela na administração desse fármaco. Outros análogos nucleosídeos anti-herpes-vírus: Vidarabina, Idoxuridina e Trifluridina foram os primeiros fármacos anti-HSV, apresentam toxicidade aumentada em comparação a outros fármacos disponíveis, portanto são pouco utilizados nos dias de hoje. Zidovudina: É um análogo nucleosídeo com um açúcar alterado, funcionando como um substrato para a TK celular, que fosforila a zidovudina formando monofosfato de AZT, que vai ser novamente fosforilado pela timidilatoquinase celular e pela nucleosídio difosfatoquinase celular, resultando num composto trifosfato. Não se observa seletividade na etapa de ativação, a AZT fosforilada pode acumular- se em quase todas as células que sofrem divisão no corpo, e não apenas nas células infectadas, esse acúmulo é responsável por sua toxicidade aumentada em comparação com um fármaco como aciclovir. Apesar disso, o trifosfato de AZT é um inibidor mais potente da TR do HIV que das DNA polimerases humanas. Embora a zidovudina seja relativamente seletiva na etapa de inibição, as formas fosforiladas da AZT inibem enzimas importantes como por exemplo a timidilatoquinase celular, essencial para a replicação celular. A toxicidade da zidovudina vai então se manifestar na forma de neutropenia e anemia (por supressão da medula óssea), causada não só pela ação do fármaco sobre as polimerases celulares, mas também pela sua ação sobre a timidilatoquinase celular. Lamivudina: É um análogo nucleosídeo anti-HIV que utiliza enzimas celulares para sua fosforilação. Entre os demais análogos, a lamivudina (3TC) parece exibir menor toxicidade, o que pode ser devido à sua fraca atividade na DNA polimerase mitocondrial. Apesar de ser um inibidor consideravelmente mais potente da TR viral do que de polimerases celulares, apresenta um desenvolvimento rápido de resistência a esse fármaco quando administrado sozinho, de modo que quase sempre é utilizado em associação a outros fármacos. A Entricitabina (FTC) é comumente administrada concomitantemente a Lamivudina. 3TC, além de usada no tratamento contra o vírus HIV é também administrada a pacientes com infecções crônicas pelo HBV e evidências de replicação viral ativa. Temos também inibidores não nucleosídeos da DNA polimerase como o foscarnete, que atua inibindo diretamente a DNA polimerase viral imitado o produto pirofosfato da polimerização do DNA. A seletividade desse fármaco resulta da sensibilidade aumentada da DNA polimerase viral em relação às enzimas celulares, mas apresenta seletividade baixa quando comparado a outros fármacos. As principais desvantagens do uso do foscarnete incluem sua falta de biodisponibilidade oral e sua baixa solubilidade e entre os efeitos adversos mais comuns está o comprometimento renal, o que limita a dose. Ainda na classe de medicamentos inibidores da replicação do genoma temos os fármacos inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa, são o efavirenz, nevirapina, delavirdina e etravirina. Esses fármacos, diferentemente dos análogos nucleotídeos, inibem seus alvos de modo direto, sem a necessidade de qualquer modificação química. Os INNTR atuam se ligando proximamente ao sítio catalítico da TR e possibilitam a ligação dela a um nucleosídio trifosfato e molde iniciador, porém, inibem a junção dos dois. Seus efeitos adversos são menos graves do que a maioria dos análogos nucleosídeos e do que o foscarnete mas apresenta um desenvolvimento de resistência relativamente rápido, o que representa a principal limitação para o uso desse agente, que por esse motivo deve ser administrado em associação a outros fármacos. Por último temos os inibidores da integrase do HIV, uma enzima que realiza a integração do genoma do HIV, possibilitando sua replicação. A integrase organiza as sequências nas extremidades do DNA do HIV, cliva dinucleotídios de cada fita 3′, transfere essas fitas para o DNA-alvo (celular) e liga o DNA do HIV ao DNA-alvo de modo covalente O Raltegravir atua na inibição da reação de transferência de fitas de DNA da integrase, sendo usado atualmente em pacientes que desenvolveram resistência a outros fármacos anti-HIV. É administrado sempre em associação a outros fármacos, principalmente pelo risco de desenvolver resistência. Pode causar efeitos adversos como apetite diminuído, sonhos anormais, insónia, pesadelo, comportamento anormal, depressão, tonturas, cefaleia, hiperatividade psicomotora, vertigens entre outros. - Inibidores da maturação viral (inibidores da protease) Para muito vírus é necessária uma etapa adicional no ciclo para que se tornem infecciosos chamada de maturação. Normalmente os vírus codificam proteases essenciais para a maturação, as proteases virais então clivam as poliproteínas de fusão, produzindo proteínas funcionais do capsídio e enzimas virais. Saquinavir, ritonavir, amprenavir (e seu profármaco fosamprenavir), indinavir, nelfinavir, lopinavir, atazanavir, tipranavir e darunavir são representantes importantes dessa classe de medicamentos. Esses fármacos são inibidores da protease, e dentro do previsto, as células infectadas pelo HIV expostas a inibidores da protease continuam produzindo proteínas virais, porém essas proteínas não são processadas de modo eficiente. As partículas sofrem brotamento a partir das células infectadas, porém essas partículas são imaturas e não infecciosas. Esses fármacos geralmente são usados em associação a outros agentes ati-HIV e tem grande impacto na teria contra a AIDS, apesar de demonstrar efeitos colaterais inesperados e graves, como distúrbios metabólicos e na distribuição de gordura. - Inibidores da liberação viral (inibidores da neuraminidase) São inibidores das neuraminidases do vírus influenza, bloqueiam a liberação do vírus da célula hospedeira. O vírus influenza se fixa à célula através de interação entre a hemaglutinina, proteína presente no envelope viral e componentes de ácido siálico, encontrados em muitas glicoproteínas da superfície celular. Após a saída da célula a hemaglutinina nos vírions nascentes liga-se novamente às terminações do ácido siálico, fixando, assim, os vírions à superfície celular e impedindo a liberação do vírus. Para contornar esse problema o vírus influenza codifica uma enzima ligada ao envelope, denominada neuraminidase, que cliva o ácido siálico das glicoproteínas de membrana, possibilitando, assim, a liberação viral. Ao inibir então as neuraminidases esses fármacos impedem que o vírion seja liberado, bloqueando assim sua disseminação pelo organismo. Os principais representantes da classe são o Zanamivir e o Oseltamivir. O zanamivir mostra-se ativo contra a influenza A e a influenza B, mas por apresentarbaixa disponibilidade oral deve ser administrado por meio de inalador. O oseltamivir é resultado de esforços voltados à melhora da farmacocinética do zanamivir, tem disponibilidade oral de 75%, pode ser usado de modo profilático para prevenir o vírus influenza, é eficaz também para prevenir doença humana grave e mortalidade devida à influenza aviária H5N1 (“gripe aviária”) ou pela cepa pandêmica H1N1 (“gripe suína”). - Fármacos antivirais com mecanismos desconhecidos Fomivirseno: É um fármaco anti-CMV que foi criado para ser um oligonucleotídio antissentido direcionado para RNA específicos, se o RNA viral for um mRNA, a ligação do oligonucleotídio deve impedir a síntese da proteína codificada por esse mRNA, esse oligonucleotídio deve ser capaz de efetuar emparelhamento de bases com o segmento de RNA específico do vírus e interromper sua função ao promover a degradação do RNA ou, menos comumente, ao inibir seu processamento ou translação. O fomivirseno é um oligonucleotídio fosforotioato criado para ligar-se ao mRNA que codifica uma proteína reguladora do vírus CMV. Apesar de ter sido delineado para agir dessa forma, não é absolutamente certo que o fomivirseno atue por ligação ao mRNA da IE2. O fármaco foi aprovado para tratamento da doença oftálmica por CMV, como a retinite. O fármaco é administrado apor via intravítrea e nos dias de hoje raramente é utilizado. Docosanol: É um álcool saturado de 22 carbonos com atividade contra HSV e alguns outros vírus envelopados. Os alcoóis saturados de cadeia mais curta inativam a infecciosidade dos vírions, normalmente causado uma relevante citotoxicidade, que o docosanol não apresenta. Estudos com cultura de células sugerem que docosanol atua, pelo menos em parte, entre o estágio de fixação do HSV e o estágio de translação da proteína viral, com alguns efeitos sobre a entrada do vírus quando utilizado em determinadas doses, entretando, ainda não se esclareceu qual a base, se existente, para a seletividade da ação antiviral. O docosanol foi aprovado pela FDA como fármaco de venda sem necessidade de prescrição para tratamento tópico dos episódios orofaciais recorrentes do HSV, mesmo apresentando eficácia clínica controversa. Ribavirina: Seu mecanismo de ação ainda não está bem elucidado. A ribavirina é convertida em monofosfato pela adenosinoquinase celular, e sabe-se que o fármaco inibe a inosina monofosfato desidrogenase celular, reduzindo, assim, os reservatórios celulares de GTP, essa redução das concentrações intracelulares de GTP abaixo dos valores de Km de certas enzimas virais pode ter efeito antiviral seletivo; A inibição da RNA polimerase viral poderia representar um segundo mecanismo seletivo possível. Ainda não se sabe se algum dos mecanismos propostos para a ação da ribavirina é relevante para o efeito terapêutico do fármaco sobre as infecções humanas por RSV ou HCV. - Fármacos que modulam o sistema imune Três classes de fármacos com ação no sistema imune podem ser utilizadas no tratamento anti-viral, são elas: Imunização, interferonas e imiquimode. A imunização ativa e a imunização passiva inibem a infecção viral em decorrência da produção de anticorpos dirigidos contra proteínas do envelope viral, que vão bloquear então a fixação e entrada dos vírions na célula hospedeira, aumentando sua eliminação. Muitas vacinas servem de exemplos de imunização ativa contra vírus e são usadas, em sua maioria, como medida profilática (sarampo, caxumba, rubéola, hepatite B). Um exemplo de imunização passiva é o uso profilático de imunoglobulinas humanas misturadas com atividade anti-RSV ou um anticorpo monoclonal humanizado, o palivizumabe, para impedir a infecção por RSV em crianças de alto risco. As interferonas e o imiquimode fazem uso da resposta imune inata e não são diretamente direcionados para produtos gênicos virais. As interferonas são proteínas produzidas em resposta à infecção viral e capazes de inibir a replicação do mesmo vírus ou de outros vírus, podem ser de dois tipos: As interferonas do tipo I incluem a alfainterferona e a betainterferona, produzidas por muitos tipos celulares e que interagem com o mesmo receptor de superfície celular. As interferonas do tipo II incluem a gamainterferona, geralmente produzida por células do sistema imune, em particular as células T, e que interage com receptor distinto. A interação das interferonas com o receptor estimula a síntese e liberação de proteínas que podem combater infecções virais. O imiquimode foi aprovado para tratamento de certas doenças causadas por HPV, nterage com receptores semelhantes a Toll (proteínas de membrana que reconhecem padrões moleculares associados a patógenos) TLR7 e TLR8 para reforçar a imunidade inata, incluindo a secreção de interferonas, então, a ativação desses receptores induz eventos de sinalização intracelulares importantes na defesa contra patógenos. Anti-helmínticos Helmintos são vermes multicelulares que apresentam sistemas digestório, excretor, reprodutor e nervoso. Podem ser tanto de vida livre quanto parasitários, sendo bastante comum sua ocorrência em humanos. Helmintos clinicamente importantes podem ser divididos filogenéticamente em três classes: nematódeos (vermes cilíndricos), trematódeos (fascíolas) e cestódeos (tênias), podendo infectar o fígado, sangue, intestino entre outros tecidos do hospedeiro humano. Os humanos são infectados ao ingerirem água ou alimentos contaminados com ovos ou larvas, existem larvas capazes de penetrar pela pele do hospedeiro e outros tipos de helmintos são transmitidos através da picada de insetos. Tendo o ser humano como hospedeiro definitivo, ao penetrarem no organismo os ovos e larvas vão se desenvolver em vermes adultos, que podem migrar pelos tecidos para atingir o estágio sexual, liberado novos ovos ou larvas no sangue, que por sua vez podem ser excretadas pelos sistemas urinário e gastrintestinal. Os nematódeos são vermes cilíndricos transmitidos pelo solo, como os Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e Ancylostomas. Os cestódeos são vermes planos (tênias) como o Taenia saginata, Taenia solum, Diphyllobothrium latum, Hymenolepis nana e Echinococcus. Os trematódeos (fascíolas) são vermes como os Schistosomas, Paragonimus, Clonorchis sinensis, Opisthorchis, Facíola hepática entre outros. - Agentes que interrompem a atividade neuromuscular Ivermectina: É uma lactona macrocíclica semissintética, atuando contra uma ampla gama de helmintos e artrópodes. O exato mecanismo de ação de ivermectina não está esclarecido, estudos indicam que envolva a potencialização e/ou ativação direta de canais de cloreto regulados por glutamato em membranas plasmáticas de nematódeos, resultando em hiperpolarização de células neuromusculares e paralisia da faringe do verme. Afeta também a transmissão inibitória do ácido gama-aminobutírico (GABA), aumentando a transmissão de sinais mediada por GABA em nervos periféricos, resultando em hiperpolarização, que na maioria dos casos vai apresentar como efeito final o bloqueio da transmissão neuromuscular e paralisia do verme. É usada no tratamento de infecção por O. volvulus sendo utilizada para impedir a lesão ocular mediada por microfilárias e diminuir transmissão entre seres humanos e vetores, apesar de não apresentar a capacidade de curar o ser humano da infecção, prescrita para tratar estrongiloidíase e larva migrans cutânea (ambas são infecções causadas por nematódeos) e escabiose (infestação por ectoparasitas). A Ivermectina é largamente utilizada no tratamento de animais com infecções por nematódeos Cestódeos e trematódeos carecem de receptores de ivermectina de alta afinidade, por isso são mais resistentes a esse medicamento. Além disso, esse fármaco não interage com receptores GABA de vertebrados,por isso e pelo fármaco ser incapaz de atravessar a barreira hematoencefálica (os receptores GABA de humanos estão presentes principalmente no SNC) é um fármaco bem tolerado, podendo levar a sintomas como cefaleias, ataxia e coma em pacientes cuja barreira se tornou permeável, como em casos de meningite. Os efeitos adversos mais comuns da Ivermectina estão relacionados provavelmente a resposta inflamatória ou alérgicas aos vermes morrendo. - Outros agentes anti-helmínticos Albendazol, mebendazol e tiabendazol: Inibem a polimerização de tubulina por ligar- se a β-tubulina, mostrando certa seletividade para a β-tubulina de nematódeos o que diminui sua toxicidade. A inibição da polimerização de tubulina impede motilidade e replicação do DNA de nematódeos, resultando em alterações degenerativas em células tegumentares e intestinais de helmintos e causando, por fim, imobilização e morte dos vermes. Tem efeito também sobre células teciduais imóveis de larvas de cestódeos, rompendo a integridade tegumentar do protoescólex, estrutura larvar que se transforma mais tarde na “cabeça” do cestódeo adulto. O Tiabendazol provoca náuseas significativas, vômitos e anorexia em doses terapêuticas e raramente é utilizado. Mebendazol e albendazol são mais bem tolerados, e, albendazol, entre os três, apresenta a maior biodisponibilidade oral. Praziquantel: É o fármaco de escolha para tratar infecções causadas por cestódeos adultos (tênias) e trematódeos (fascíolas), sendo eficaz em infecções como esquistossomose. O mecanismo exato de ação de praziquantel ainda não é totalmente descrito, acredita-se que o fármaco aumenta a permeabilidade da membrana do parasito ao cálcio, resultando em contração e paralisia dos vermes. Os principais efeitos adversos de praziquantel incluem náuseas, cefaleia e desconforto abdominal. Dietilcarbamazina (DEC): É um derivado de piperazina, sendo o fármaco de escolha no tratamento de certas filaríases, incluindo a filaríase linfática. Foi em grande parte substituído pela Ivermectina, entretanto, o DEC é capaz de combater filárias adultas atuando como um agente curativo. Seu mecanismo de ação não é totalmente esclarecido, teorias indicam que ele atua na estimulação de mecanismos imunes inatos, inibição de polimerização de microtúbulos e inibição do metabolismo de ácido araquidônico. Normalmente é bem tolerado em doses baixas, apresentado como principais efeitos adversos anorexia, cefaleia e náuseas, podendo precipitar reações de Mazzotti em indivíduos com carga maciça de microfilárias. Anti-protozoários A malária é uma doença transmitida pelo protozoário Plasmodium que afeta mais de 300 milhões de pessoas por ano em mais de 90 países, possuindo uma taxa de mortalidade muito preocupante, sendo considerada a mais importante doença parasitária nos dias atuais. Pode ser causada pelas espécies Plasmodium falciparum (mais grave), P. vivax, P. ovale e P. malariae e P. knowlesi. O ciclo de vida desses parasitas envolve o mosquito (vetor invertebrado), o hospedeiro (humano) e o plasmódio (parasita). O vetor adquire o parasita ao alimentar-se e inocula o parasita no ser humano no ato da hematofagia, que passa pelo seu ciclo de vida, se reproduzindo de forma assexuada e se disseminando pelo corpo. Os sintomas clínicos da malária, mais usualmente febre, são causados por lise intravascular de eritrócitos e liberação subsequente de merozoítos (dando início a um novo cliclo) no sangue. Infecções causadas pelo P falciparum são consideradas mais graves, isso se dá devido ao fenômeno de aglutinação. Os eritrócitos que são infectados por essa espécie de plasmódio apresentam na sua superfície “protuberâncias” formadas por proteínas tanto do parasita quanto do hospedeiro, entre essas proteínas está a PfEMP-1, proteína do parasito que medeia a fixação de eritrócitos infectados a receptores celulares sobre a superfície endotelial no hospedeiro humano, fenômeno que só ocorre em eritrócitos infectados pelo P. falciparum. Essa fixação ao endotélio diminui o tempo durante o qual os eritrócitos infectados circulam na corrente sanguínea, reduzindo, assim, a probabilidade de depuração dessas células infectadas por sequestro esplênico, além de ser considerada responsável pela fisiopatologia da malária causada por essa espécie de parasita, levando em conta que a “aglutinação” pode atingir qualquer órgão. Os principais alvos farmacológicos dos agentes anti-maláricos são o metabolismo do grupo heme, transporte de elétrons, translação de proteínas e o motabolismo do folato. Do ponto de vista clínico, esses fármacos podem ser divididos em agentes usados para a profilaxia em regiões de alto risco, agentes empregados no tratamento de indivíduos com malária aguda na fase eritrocitária e agentes utilizados para eliminar a infecção de malária no estágio hepático de hipnozoíto. - Inibidores do metabolismo do grupo heme O metabolismo do grupo heme é um importante alvo farmacológico porque os Plasmódios têm capacidade limitada para síntese de novo de aminoácidos, dependendo de aminoácidos liberados de moléculas ingeridas de hemoglobina do hospedeiro. A degradação da hemoglobina libera aminoácidos básicos protônicos e ferriprotoporfirina IX, metabólito tóxico do heme. Ferriprotoporfirina IX é destoxificada a hemozoína cristalina mediante polimerização. Se não for polimerizada, ferriprotoporfirina IX provoca lesão na membrana lisossomal, causando toxicidade para o parasito da malária. Cloroquina: É uma base fraca que, em forma neutra, difunde-se livremente através da membrana do vacúolo alimentar do parasito. Uma vez dentro do ambiente ácido do vacúolo, cloroquina torna-se rapidamente protônica, sendo incapaz de difundir-se para fora do vacúolo. Em consequência, a cloroquina protônica acumula-se em altas concentrações no vacúolo alimentar do parasito, onde se liga à ferriprotoporfirina IX e inibe a polimerização desse metabólito de heme, levando a um acúmulo de ferriprotoporfirina IX não polimerizada que pode causar lesão oxidativa da membrana, sendo tóxica para o parasito. Resumindo, cloroquina envenena o parasito ao impedir a destoxificação de um produto tóxico do catabolismo da hemoglobina. Esse medicamento mostra uma boa especificidade para eritrócitos parasitados em comparação com eritrócitos não infectados, além de que a concentração de cloroquina necessária para alcalinizar lisossomos das células de mamíferos é muito maior que a necessária para elevar o pH nos vacúolos alimentares dos parasitos da malária o que torna esse fármaco bem tolerado, mas quando administrada em doses supraterapêuticas, cloroquina pode causar vômitos, retinopatia, hipotensão, confusão e morte. A despeito da preocupação relacionada com resistência crescente, cloroquina continua sendo o fármaco de escolha para tratamento da maioria dos indivíduos com malária causada por P. vivax, P. ovale, P. malariae, P. knoelesi e cepas de P. falciparum sensíveis à cloroquina. Além disso, pode ser utilizada de modo profilático na prevenção da malária causada por cepas sensíveis de plasmódios. Quinina: Quinidina é o isômero óptico da quinina. Atua também se ligando a ferriprotoporfirina IX, levando a um ambiente tóxico para o parasito, mas além disso ela se intercala no DNA por ligação de hidrogênio, inibindo, assim, separação das fitas, transcrição e translação do DNA. Quinina e quinidina têm sido utilizadas no tratamento de indivíduos com malária no estágio eritrocitário agudo, porém não são usadas de modo profilático. Tem como principal efeito colateral o cinchonismo, síndrome caracterizada por zumbido, surdez, cefaleias, náuseas, vômitos e distúrbios visuais. Mefloquina: O mecanismo exato com que essefármaco atua ainda é desconhecido, acredita-se que a mefloquina interrompa a polimerização da hemozoína nos parasitos da malária intraeritrocitários. Tem efeitos adversos significativos como náuseas, anormalidades da condução cardíaca (como bradicardia, prolongamento do intervalo QT e arritmias) e efeitos neuropsiquiátricos, como: sonhos vívidos/pesadelos, insônia, ansiedade, depressão, alucinações, convulsões e, raramente, psicose. A Mefloquina pode ser utilizada tanto terapêutica quanto profilaticamente. Artemisina: Quando é ativada por ferro livre ou ligado ao grupo heme, forma um radical livre com centro de carbono que tem a capacidade de alquilar muitas proteínas, assim como heme. A ação farmacológica pode relacionar-se com a produção de radicais livres no vacúolo alimentar do parasito consequente inibição de PfATP6, Ca2+ ATPase do parasito (equivalente à nossa bomba de cálcio). Ao contrário de outros antimaláricos, artemisininas afetam gametócitos do estágio sanguíneo e, assim, conseguem reduzir a transmissão de malária por um ser humano infectado mas não se mostra eficaz como agente profilático. Em decorrência de curta meia-vida das artemisininas e risco subsequente de recrudescência da malária, bem como para reduzir a probabilidade de resistência ao fármaco, a artemisinina não deve ser prescrita como monoterapia. Estudos encontraram evidências sugestivas de que artemisininas podem estar associadas a comprometimento auditivo e outros efeitos neurotóxicos em seres humanos, mas no geral, artemisinina e seus derivados são mais bem tolerados que a maioria de outros agentes antimaláricos. - Inibidores do transporte de elétrons Primaquina: A atividade antimalárica é provavelmente atribuível a quinona, um metabólito da primaquina que interfere com a função de ubiquinona como transportador de elétrons na cadeia respiratória. Outro potencial mecanismo de ação pode envolver a capacidade de certos metabólitos de primaquina de provocar lesão oxidativa inespecífica das mitocôndrias dos plasmódios. Primaquina é utilizada predominantemente para eliminar hipnozoítos hepáticos de indivíduos com malária causada por P. vivax ou P. ovale. Sendo o único fármaco para essa finalidade disponível nos dias atuais. Primaquina pode induzir hemólise maciça e potencialmente fatal em indivíduos com deficiência de G6PD e tem como principais efeitos adversos distúrbios gastrintestinais, metemoglobinemia, neutropenia, hipertensão, arritmias e sintomas neurológicos. Atovaquona: É um análogo estrutural de ubiquinona, uma proteína móvel na cadeia de transporte de elétrons. A Atovaquona inibe a interação entre ubiquinona reduzida e complexo do citocromo bc1, interrompendo assim o transporte de elétrons e a cadeira respiratória, consequentemente inibindo a regeneração a di-hidro-orotato redutase oxidada do plasmódio, interrompendo a síntese de pirimidinas e impedindo a replicação do DNA dos plasmódios. A seletividade de atovaquona por plasmódios baseia-se, provavelmente, em diferenças nas sequências de aminoácidos entre regiões de ligação ubiquinona-citocromo bc1 de seres humanos e plasmódios mas essa seletividade é facilmente rompida, tendo em vista que é um medicamento que pode desenvolver resistência no Plasmódio com facilidade, portanto, não deve ser administrado em monoterapia, podendo ser usada em associação com outros anti-maláricos tanto como agente profilático ou quanto como agente terapêutico. Em geral, a Atovaquona é bem tolerada. - Inibidores da translação Doxiciclina: São agentes que interrompem a síntese de proteínas do parasita. Doxiciclina é isômero estrutural semissintético de tetraciclina, inibe a síntese de proteínas do parasito por sua ligação à subunidade ribossômica 30S, bloqueando, assim, a ligação de amino-acil tRNA a mRNA Com biodisponibilidade oral e meia-vida longa, a doxiciclina é um fármaco útil para tratamento de indivíduos infectados por P. falciparum resistente à cloroquina, mas não deve ser utilizada como agente antimalárico isolado. Os efeitos colaterais mais comuns são fotossensibilidade cutânea, despigmentação dos dentes em crianças e candidíase vaginal. Tetraciclina e doxiciclina apresentam perfis farmacológicos semelhantes. Clindamicina: Atua inibindo a síntese de proteínas por sua ligação à subunidade ribossômica 50S, sendo uma alternativa para associação com outros medicamentos quando a doxiciclina não é indicada. No geral é bem tolerada, seu principal efeito adverso consiste em risco aumentado de diarreia associada a antibióticos e colite causada por Clostridium difficile. - Inibidores do metabolismo do folato Ácido fólico é vitamina envolvida na transferência de unidades de um carbono em várias vias de biossíntese, incluindo a dos precursores de DNA e RNA e certos aminoácidos. Os seres humanos têm que ingerir o folato na dieta, mas parasitas e bactérias são capazes de sintetizar o seu próprio ácido fólico, então, a inibição do metabolismo do folato pode resultar em tratamento bem-sucedido de infecções parasitárias. Sulfadoxina e pirimetamina: A sulfadoxina inibe competitivamente a di-hidropteroato sintetase dos parasitos, enzima essencial na via de síntese de ácido fólico, já a pirimetamina inibe competitivamente a di-hidrofolato redutase dos parasitos, enzima que converte di- hidrofolato em tetra-hidrofolato, então, quando usado em conjunto sulfadoxina e pirimetamina atuam de modo sinérgico, inibindo o crescimento dos parasitos da malária. A combinação desses dois agentes é altamente eficaz contra estágios esquizontes sanguíneos do P. falciparum, mas não contra gametócitos se mostrando, portanto, menos efetivas contra outras espécies de malária. A meia-vida longa dessa combinação exerce pressão seletiva para o desenvolvimento de resistência a fármacos em áreas com elevado nível de transmissão de malária. Os efeitos adversos relatados são anemia megaloblástica, leucopenia e trombocitopenia e reações cutâneas graves como síndrome de Stevens-Johnson ou eritema multiforme. Proguanil: É um derivado de pirimidina atuando também como inibidor de di- hidrofolato redutase, sendo efetivo contra formas hepáticas pré-eritrocitárias de P. falciparum e P. vivax. Usado para profilaxia em associação com cloroquina em partes do mundo onde a resistência a cloroquina não está disseminada mas nos dias de hoje outros agentes profiláticos são significativamente mais efetivos, e essa combinação não é Sulfadoxina Pirimetamin a recomendada. Em geral, proguanil é bem tolerado, mas pode causar ulcerações orais, pancitopenia, trombocitopenia e granulocitopenia. A resistência a agente anti-maláricos é um problema sério nos dias de hoje, representado uma barreira significativa para o tratamento. O declínio da eficácia dos fármacos antimaláricos atuais e a falta de incentivo para melhora dos agentes existentes ou desenvolvimento de novas alternativas tem contribuído significativamente para a crescente carga de morbidade e mortalidade de malária no mundo inteiro. Além do Plasmodium existem outros protozoários de importância clínica, como a Entamoeba histolytica (amebíase), Giardia lamblia (giardíase), Cryptosporidium hominis/parvum (criptosporidiose), Trypanosoma brucei rhodesiense e T. b. gambiense (doença do sono africana), Trypanosoma cruzi (doença de chagas) e Leishmania spp (Leishmaniose). Metronidazol: É um fármaco que se mantém inativo até ser reduzido no hospedeiro ou em células microbianas que têm grande potencial redox negativo. Pode ocorrer ativação por interação com ferredoxina reduzida ou com nitrorredutases específicas, essa ativação forma compostos citotóxicos reduzidos, que vão se ligar a proteínas, membranas e DNA em células-alvo levando a lesão grave. A sensibilidade ao metronidazol está diretamente relacionadacom a presença de atividade da PFOR, necessária na ativação desse fármaco, como PFOR é expressa em protozoários mas não tem nenhum equivalente no sistema de mamíferos o fármaco se mostra seletivamente tóxico para amebas e microrganismos anaeróbios. Os efeitos adversos de metronidazol consistem em desconforto gastrintestinal, cefaleias, neuropatia ocasional, gosto metálico e náuseas e o seu uso disseminado levou ao desenvolvimento de resistência pelo Helicobacter pylori. Tinidazol: O seu mecanismo de ação ainda não é completamente esclarecido, mas acredita-se que seja semelhante ao metronidazol, relacionado com a geração de radicais livres citotóxicos. É utilizado no tratamento de giardíase, amebíase e tricomoníase vaginal. Tinidazol é mais bem tolerado que metronidazol apresentando efeitos colaterais raros e discretos, porém é ineficaz como agente luminicida para tratamento de infecções por amebas. Nitazoxanida: É hidrolisada no organismo ao seu metabólito ativo tizoxanida. Atua inibindo a PFOR, que converte piruvato em acetil CoA em protozoários e bactérias anaeróbias. Mostra atividade contra protozoários, bactérias anaeróbias e helmintos, mas o seu mecanismo de ação contra helmintos ainda não foi esclarecido. No geral é bem tolerado e apresenta efeitos colaterais raros e discretos. Outros fármacos também podem ser empregados no tratamento anti- protozoários, como a Pentamidina, Melarsoprol, Eflornitina e Suramina, usadas no tratamento contra Trypanosoma brucei gambiense e certas cepas de T. b. rhodesiense; como o Nifurtimox, usado no tratamento contra o Trypanosoma cruzi; e como o Estibogliconato de sódio e antimoniato de meglumina usados no tratamento contra os protozoários do gênero Leishmania. Antifúngicos Fungos são microrganismos de vida livre que se apresentam geralmente como leveduras, bolores, ou uma combinação das duas formas. Existe uma maior dificuldade no desenvolvimento de fármacos antifúngicos seletivos pela semelhança entre as vias metabólicas homólogas para produção de energia, síntese de proteínas e divisão celular entre os fungos e os seres humanos. A confirmação dessa infecção depende de métodos tradicionais que utilizam culturas e exame direto de amostras à microscopia óptica, mas esse método se mostra ineficiente devido ao crescimento insensível dos fungos e a dificuldade de se confirmar a espécie por microscopia. A dificuldade de diagnóstico é uma desvantagem porque na maioria dos casos um prognóstico positivo depende de um diagnóstico rápido da infecção. As opções de tratamento disponíveis para infeções fúngicas (micoses) tem se expandido, tendo como principais alvos a síntese de ácidos nucleicos, mitose, e síntese e estabilidade da membrana. As micoses podem ser divididas em infecções superficiais cutâneas e subcutâneas, sistêmicas ou primárias e oportunista. Poucos fungos apresentam virulência suficiente para serem considerados patógenos primários capazes de produzir infecções graves em hospedeiros imunocompetentes, mas indivíduos imunocomprometidos estão susceptíveis a infecções sistêmicas graves sendo a composição da parede celular dos fungos um fator importante na patogenia das infecções. - Inibidor da síntese de ácidos nucleicos Flucitosina: No interior da célula fúngica, a enzima citosina desaminase converte a flucitosina em 5- fluorouracila (5-FU), então, reações subsequentes convertem 5-FU em ácido 5-fluorodesoxiuridílico (5- FdUMP), um potente inibidor da timidilato sintase, que leva então a inibição da síntese de DNA e divisão celular. Normalmente é administrada em associação a anfotericina B no tratamento de micoses sistêmicas (meningite criptocócica em adultos HIV- positivos), pois se usado em monoterapia apresenta desenvolvimento rápido de resistência por parte do fungo. A anfotericina B lesiona a membrana plasmática do fungo, levando a um aumento da captação de flucitosina pelas células fúngicas. Pode ser usada sozinha no tratamento de candidíase, criptococose e cromomicose. Apresenta efeitos colaterais dependentes de dose como supressão da medula óssea (que resulta em leucopenia e trombocitopenia), náuseas, vômitos, diarreia e disfunção hepática. - Inibidor da mitose Griseofulvina: Atua inibindo a mitose dos fungos por sua ligação à tubulina e a uma proteína associada aos microtúbulos, rompendo, assim, a organização do fuso mitótico. Estudos relatam que esse fármaco pode também inibir a síntese de RNA e DNA do fungo. O uso terapêutico desse medicamento por via oral é limitado nos dias atuais, principalmente pela disponibilidade de agentes antifúngicos tópicos e outros agentes orais com menos efeitos adversos. A Griseofulvina pode ser utilizada no tratamento de infecção fúngica de pele, cabelos e unhas por Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton. Pode apresentar efeitos adversos como cefaleia, letargia, vertigem, visão embaçada, leucopenia, neutropenia, monocitose - Inibidores da via de síntese do ergosterol → Inibidores da esqualeno epoxidase Na via de síntese do ergosterol (Figura 35.1), esqualeno é convertido em lanosterol pela ação da esqualeno epoxidase. Inibidores dessa enzima impedem a formação do lanosterol, precursor do ergosterol, promovendo também o acúmulo do metabólito tóxico do esqualeno dentro da célula fúngica. Esses fármacos podem ser: alilaminas (terbinafina e naftifina) e benzilaminas (butenafina). Terbinafina: A forma oral da terbinafina é utilizada no tratamento de onicomicose, tinha do corpo, tinha crural, tinha do pé e tinha do couro cabeludo, não sendo indicada para pacientes com insuficiências renal e hepática ou gestantes. É necessário que se monitore as enzimas de função hepática durante o tratamento, é bem tolerada, raramente ocasionando hepatotoxicidade, síndrome de Stevens- Johnson, neutropenia e exacerbação de psoríase ou lúpus eritematoso cutâneo subagudo. Naftifina, assim como a terbinafina é inibidor da esqualeno epoxidase estando disponível nas formas tópicas de creme e gel; mostra-se efetiva em tinha do corpo, tinha crural e tinha do pé. A butenafina também tem mecanismo de ação semelhante, se distinguindo apenas pela sua estrutura química. → Inibidores da 14α-esterol desmetilase A 14α-esterol desmetilase é uma enzima do citocromo P450 microssomal que converte lanosterol em ergosterol. Essa diminuição na síntese de ergosterol e o acúmulo de 14α-metil esteróis rompem as cadeias acil agrupadas dos fosfolipídios nas membranas dos fungos, levando a uma desestabilização da membrana fúngica que consequentemente leva à disfunção das enzimas associadas à membrana, incluindo as da cadeia de transporte de elétrons, podendo ocasionar, em última análise, morte celular. No entanto, esses inibidores podem inibir também a enzima P450 hepática. Os fármacos dessa classe são chamados azólicos, e podem ser divididos em imidazólicos (cetoconazol, clotrimazol, miconazol, econazol, butoconazol, oxiconazol, sertaconazol e sulconazol) e triazólicos (itraconazol, fluconazol, voriconazol, terconazol e posaconazol) O cetoconazol Combate C. immitis, C. neoformans, espécies de Candida, H. capsulatum, B. dermatitidis e uma variedade de dermatófito mas seu perfil farmacocinético e seus efeitos adversos limitam seu uso clínico. Cetoconazol tópico é amplamente utilizado para tratar infecções comuns por dermatófitos e dermatite seborreica. Clotrimazol, miconazol, econazol, butoconazol, oxiconazol, sertaconazol e sulconazol são agentes antifúngicos imidazólicos tópicos utilizados no tratamento de infecções fúngicas superficiais do estrato córneo, da mucosa escamosa e da córnea. O Itraconazol está disponível em formulações oral e intravenosa, sendo hepatotoxicidade seu principal efeito adverso.Outros relatos incluem náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia, hipopotassemia, edema de pés e queda de cabelos. Posaconazol é fungistático contra a maioria das espécies de Candida, Cryptococcus, Trichosporon e algumas espécies de Fusarium, mostrando atividade também contra cepas resistentes a outros agentes de Candida, Aspergillus e Zygomycetes, ele é basicamente prescrito para a profilaxia e o tratamento de infecções invasivas por fungos. Seus efeitos adversos mais frequentes são náuseas, vômitos, diarreia, erupção cutânea, hipopotassemia, trombocitopenia e alterações das provas de função hepática. Fluconazol é, hoje em dia, o agente antifúngico mais amplamente utilizado, tem perfil de efeitos adversos relativamente baixo e excelente penetração no LCR, se tornando o fármaco de primeira escolha no tratamento de candidíase sistêmica, meningite criptocócica e meningite por coccídios. O Voriconazol está disponível em formas para uso oral e parenteral, sendo o fármaco de escolha no tratamento da aspergilose invasiva e de outros fungos filamentosos, como Fusarium e Scedosporium, podendo causar hepatotoxicidade (que pode ser controlada pela redução da dose) e sintomas visuais incomuns (fotofobia e luzes coloridas). - Inibidores da estabilidade da membrana Anfotericina B: Atua se ligando ao ergosterol, com ruptura da estabilidade da membrana dos fungos. Tanto seu efeito terapêutico quanto sua toxicidade estão relacionados com a afinidade pelos esteróis das membranas plasmáticas, mas esse agente se mostra bem mais seletivo para o ergosterol fúngico do que para o colesterol. A ligação da anfotericina B ao ergosterol produz canais ou poros que alteram a permeabilidade da membrana viabilizando o extravasamento de constituintes celulares essenciais, o que leva a morte da célula. É altamente insolúvel, tal agente é apresentado na forma de suspensão coloidal de desoxicolato tamponada, devendo ser administrada por via intravenosa. A alta toxicidade desse fármaco limita seu uso clínico, apresentando efeitos adversos que podem ser classificados em três categorias: reações sistêmicas imediatas (“tempestade de citocinas” que causa febre, calafrios, tremores musculares e hipotensão), efeitos renais (acidose tubular renal, cilindrúria e hipopotassemia a ponto de exigir reposição eletrolítica) e efeitos hematológicos (anemia). Nistatina é um composto estruturalmente semelhante a anfotericina B, que também atua se ligando ao ergosterol. É utilizada topicamente no tratamento de candidíase que acomete pele, mucosa vaginal e mucosa oral. - Inibidores da síntese da parede celular As equinocandinas são uma nova classe de medicamentos com ação na síntese da parede celular fúngica por meio de inibição não competitiva da síntese de β- (1,3)-D-glicanas. A perca da integridade da parede celular resulta em estresse osmótico, lise da célula fúngica e, por fim, morte do fungo. Os principais representantes dessa classe são a caspofungina, micafungina e anidulafungina. Caspofungina é indicada como terapia primária para candidíase esofágica e candidemia, terapia de recuperação para infecções causadas por Aspergillus e terapia empírica para neutropenia febril. Micafungina é utilizada em casos de candidíase esofágica, profilaxia antifúngica em receptores de transplante de células-tronco hematopoéticas, candidemia e aspergilose pulmonar. Anidulafungina é administrada para tratamento de candidíase esofágica e candidemia. No geral são bem toleradas podendo-se observar sintomas relacionados com liberação de histamina, cefaleia, febre (mais comum com caspofungina), provas de função hepática anormais e, raramente, hemólise. Referências: PRINCÍPIOS de farmacologia a base fisiopatológica da farmacologia. 3. Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2014 1 recurso online ISBN 978-85-277-2600-9.
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