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Resumo - Antivirais, anti-helmínticos, antiprotozoários e antifúngicos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO 
JEQUITINHONHA E MUCURI 
Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde 
 Graduação em Farmácia 
 
 
 
LUIZA JACOVINE PORTELA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Farmacologia ll 
Antivirais, anti-helmínticos, antiprotozoários e antifúngicos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diamantina 
2019 
 
Antivirais 
As pessoas podem contrair um vírus ao inalá-lo, degluti-lo, sexualmente ou por 
picada de inseto. Por isso, as infecções virais mais comuns são: Infecções 
respiratórias, como gripe, pneumonia e o resfriado comum; Infecções 
gastrointestinais como a gastroenterite, que pode ser causada por vírus como o 
norovírus e rotavírus; Infecções no fígado, que podem resultar em hepatite; 
Infecções no sistema nervoso, como meningite ou poliomielite, causadas por 
vírus que infectam as camadas de tecido que recobrem o cérebro e a medula 
espinhal (meninges), ou os vírus da raiva e Oeste do Nilo que infectam o 
cérebro, causando encefalite; Infecções na cútis, causadas por vírus que atual 
exclusivamente na pele podendo causar verrugas ou outras manchas; 
Infecções da placenta e feto, como o zikavírus, rubéola e o citomegalovírus que 
podem infectar não só a gestante mas também a placenta e o feto. Existem 
vírus também que afetam múltiplos sistemas do organismo, são os enterovírus, 
como o vírus do HIV; e citomegalovírus. 
O corpo humano possuí naturalmente várias defesas contra o ataque de vírus, 
incluindo barreiras físicas como a própria pele, e as defesas imunológicas do 
organismo, que libera leucócitos no sangue que vão desenvolver defesa para 
o vírus. Muitas vezes, essa imunidade pode ser produzida por vacina, usadas 
como estratégia de imunização da população contra vírus como o da gripe e 
do sarampo. São desenvolvidas para serem similares aos vírus, mas sem 
manifestarem os sintomas no paciente, desenvolvendo assim linfócitos 
específicos para esse vírus capazes de reconhece-los e elimina-los 
rapidamente do organismo, impedindo a infecção de se desenvolver. 
Um vírus é um microrganismo 
infeccioso de reprodução intracelular, 
bem menor do que bactérias ou 
fungos. Eles necessitam da 
associação à mecanismos 
metabólicos do hospedeiro para se 
replicar. O vírus se fixa à célula 
hospedeira através de proteínas existentes na superfície do vírus, que 
reconhecem especificamente alguns componentes da membrana do hospedeiro, 
e depois atravessam a membrana celular, entrando na célula. Quando já em 
meio intracelular, o vírion perde parte do seu capsídio (estágio de 
desnudamento) para que o ácido nucleico fique disponível para a transcrição em 
mRNA, que vai sofrer translação para os ribossomos celulares (no caso de 
retrovírus o desnudamento vai possibilitar a ocorrência da transcrição reversa). 
A próxima etapa vai precisar de um suprimento de ribonucleosídios trifosfatos 
para os vírus de RNA e de desoxirribonucleosídios trifosfatos para os vírus de 
DNA. Os desoxirribonucleosídios trifosfatos podem ser produzidos por duas vias: 
a vida de recuperação, que necessita da ação da enzima timidinoquinase, 
farmacologicamete importante; e a dia de novo, que inclui a enzima 
timidilatoquinase. Na via de recuperação os nucleosídeos são fosforilados pela 
timidinoquinase, se tornando nucleosídeos trifosfato para então serem 
incorporados em novos genomas virais por uma polimerase celular ou viral. A 
exploração desse processo de duas etapas permitiu o desenvolvimento de 
alguns dos antivirais mais efetivos e seguros utilizados nos dias de hoje, tendo 
em vista que as diferenças existentes entre as quinases e as polimerases 
humanas e virais permitem que os fármacos se beneficiem de duas etapas 
diferentes em uma única via. 
As proteínas virais sintetizadas no meio intracelular se organizam junto com o 
genoma na célula hospedeira (montagem), dando início a fase de maturação 
viral, processo essencial para que os vírions se tornem infecciosos. O processo 
de maturação, no geral, envolve a clivagem de poliproteínas virais por proteases. 
Embora o processo que estimule a maturação viral comece no meio intracelular, 
a maturação viral em si pode ocorrer tanto no meio intra quanto no meio 
extracelular. No caso de vírus de maturação extracelular eles se liberam da 
célula por lise ou por brotamento pela membrana celular. 
Então, resumindo, a maioria dos vírus se reproduzem pelas seguintes fases: 
fixação, entrada, desnudamento, replicação do genoma, transcrição, translação, 
montagem e saída, mas alguns vírus podem apresentar etapas adicionais como 
maturação e liberação. Os retrovírus se comportam de maneira um pouco 
diferente, possuindo muitas vezes fases adicionais em seu ciclo de vida, nesses 
casos, a diferença entre as proteínas específicas envolvidas as etapas, virais e 
do hospedeiro, pode ser usada como alvo farmacológico para a terapia antiviral. 
As proteínas virais que se mostram os melhores alvos são enzimas envolvidas 
a replicação ou maturação do genoma. 
Hoje em dia ainda enfrentamos desafios para o desenvolvimento de fármacos 
antivirais, além de existirem poucas diferenças entre os vírus e o hospedeiro 
humano passíveis de exploração farmacológica, são um grupo heterogêneo de 
agentes infecciosos, apresentando um conjunto de genes, mecanismos de 
transcrição e tradução bem distintos. Por isso, enquanto um agente 
antibacteriano é direcionado muitas vezes a diversas bactérias, os antivirais têm 
como alvo apenas uma ou poucas espécies de vírus. Embora avanços estejam 
sendo feitos, a parcela de vírus causadores de patologias humanas que os 
tratamentos farmacológicos atuais são capazes de tratar é minúscula. 
- Inibidores da fixação e da entrada: 
Como todos os vírus necessitam de passar pelas fases de fixação e entrada para 
o meio intracelular para que ocorra a replicação, a inibição desses primeiros 
estágios proporciona uma medida “preventiva” contra a infecção, podendo assim 
limitar a disseminação do vírus pelo organismo. Os fármacos dessa classe atuam 
contra o vírus HIV e são os maraviroque e enfuvirtida (T-20). 
Maraviroque: Atua inibindo reversívelmente 
os receptores de quimiocinas CCR5. Estudos 
foram desenvolvidos acerca desse fármaco, 
constatando que a ausência do produto 
formado pelo gene CCR5 impede a fixação e 
entrada de determinadas cepas de HIV, tendo pouco impacto no funcionamento 
do organismo. O Maraviroque vai atuar então inibindo a ligação da gp120 do 
vírus HIV ao receptor, bloqueando a infecção por cepas de HIV que utilizam o 
receptor CCR5 como porta de entrada, consequentemente não se mostrando 
eficaz para cepas que utilizam para entrada e fixação o receptor CXCR4. É um 
fármaco normalmente indicado para paciente que que apresentem cargas virais 
detectáveis e contínuas ou cujo vírus é resistente a múltiplos fármacos. Perca de 
peso, insônia, neuropatia periférica, tontura, parestesia, disgeusia, sonolência, 
tosse, dor abdominal, distensão abdominal, constipação, dispepsia, amento da 
alanina aminotransferase (ALT), da aspartato aminotransferase (AST) e da 
gamaglutamiltransferase (GGT), Rash, alopecia, espasmo muscular, dor nas 
costas, dor nas extremidades, aumento da creatinina fosfoquinase sérica, 
astenia e fadiga são efeitos adversos comuns desse medicamento. 
Enfuvirtida: É um peptídeo que se assemelha 
à gp41, proteína do vírus HIV que medeia a 
fusão da membrana. A fixação do HIV a seus 
receptores celulares desencadeia uma 
mudança de conformação da gp41 (fase 
intermediária), que expõe um segmento que 
pode ser inserido em membranas (peptídio de 
fusão), uma região de repetição heptada 
(HR1), e uma segunda região de repetição 
heptada HR2 imitada pela T-20. Depois a gp41 
sofre novo dobramento, de modo que o módulo HR2 se liga diretamente ao 
módulo HR1, podendo levar a uma estreita proximidade entre o envelope do 
vírion e a membrana celular do hospedeiro,o que possibilita a fusão. Entretanto, 
como já citado, o T-20 imita o segmento HR2 e se liga ao módulo HR1 exposto, 
impedindo o processo de dobramento, consequentemente impedindo a fusão do 
vírion à membrana da célula alvo. Esse medicamento é indicado em associação 
a outros fármacos para pacientes que apresentam infecção pelo HIV, mas não 
podem ser tratados com os medicamentos de primeira linha. É administrado por 
via parenteral, geralmente injeções subcutâneas duas vezes ao dia. Dor, 
desconforto, eritema, induração, nódulos e cistos, prurido e equimose são efeitos 
adversos relativamente comuns desse fármaco. 
- Inibidores do desnudamento viral (bloqueadores de canais iônicos) 
As admantanas são os representantes da classe, incluindo a amantadina e 
rimantadina. São eficazes especificamente contra o vírus influenza A, que 
penetram nas células através de endocitose mediada por receptores e são 
internalizados em endossomos. Uma bomba de prótons endossômica acidifica 
os endossomos, desencadeando dois eventos importantes, primeiro ocorre uma 
modificação significante na conformação da hemaglutina, proteína presente no 
envelope viral, o que possibilita sua fusão à membrana do endossomo. A 
ribonucleoproteína viral (incluindo por exemplo o genoma RNA do vírus) liberada 
nessa fase não é o suficiente para possibilitar sua transcrição, sendo necessário 
uma segunda fase dependente de pH no interior do vírion. O influxo de prótons 
através de um canal no envelope viral denominado M2 estimula a dissociação 
da proteína da matriz, liberando mais ribonucleoproteína, possibilitando a 
transcrição do RNA viral. A admantanas atuam então como inibidores dos canais 
de prótons M2 presentes no envelope, impedindo assim o influxo de prótons que 
vai possibilitar a transcrição do RNA, mas o mecanismo exato pelo qual esses 
fármacos bloqueiam esses canais ainda não é esclarecido, existindo teorias 
diferentes que se mostram controversas entre si. 
A amantadina pode causar tontura e dificuldade de concentração, efeitos 
provavelmente decorrentes do bloqueio de canais de cálcio do hospedeiro. A 
rimantadina é análoga a amantadina, com mecanismo de ação bastante 
semelhante é melhor aceita na prática clínica principalmente pela ausência de 
efeitos adversos neurológicos, que podem ser problemáticos ao indivíduo. 
Muitas vezes a rimantadina é usada como ação profilática em populações com 
alta morbidade pelo vírus influenza, mas a resistência a admantanas se 
desenvolve rapidamente. 
- Inibidores da replicação do genoma viral (inibidores da polimerase e integrase) 
Os inibidores da replicação do genoma viral atuam principalmente inibindo 
polimerases. Cada tipo de vírus emprega uma polimerase diferente para a 
replicação do genoma. Alguns vírus utilizam DNA polimerases celulares e 
nesses casos a utilização de uma terapia farmacológica com essa abordagem 
seria muito tóxica por inibir também a replicação do DNA celular, se mostrando 
inviável. Mas, um grande número de vírus atua sintetizando sua própria 
polimerase, o que torna essa etapa do clico um ótimo alvo farmacológico. Os 
vírus que esses fármacos combatem incluem certos herpes-vírus humanos, 
retrovírus HIV e hepadnavírus HBV. Os fármacos dessa classe podem ser 
análogos nucleosídeos, se assemelhando aos nucleosídeos fisiológicos em sua 
estrutura; ou inibidores não nucleosídeos da DNA polimerase (ou transcriptase 
reversa) que bloqueiam a atividade da DNA polimerase se ligando a um sítio 
diferente do desoxirribonucleosídio trifosfato. 
Os fármacos análogos nucleosídeos precisam de ser fosforilados para mostrar 
efeito (geralmente até se tornarem trifosfato), inibindo as polimerases ao 
competir com o substrato trifosfato natural; em geral, esses análogos também 
são incorporados na cadeia de DNA em crescimento, onde eles frequentemente 
interrompem o processo de alongamento. Uma ou ambas características (tanto 
a inibição enzimática quanto a incorporação ao DNA) podem se mostrar 
importantes para a atividade antiviral. Essa classe de fármacos apresenta 
dificuldade em fazer com que o fármaco tenha suficiente semelhança com um 
nucleosídio natural para que possa ser ativado, e seu trifosfato possa inibir uma 
polimerase viral, porém não tão similar a um nucleosídio natural a ponto de inibir 
os processos celulares, portanto, a seletividade do fármaco vai depender da sua 
capacidade de inibir mais efetivamente a síntese do DNA viral do que as enzimas 
e funções celulares. As duas principais categorias de análogos nucleosídios são 
os agentes anti-herpes-vírus (aciclovir, valaciclovir, ganciclovir, valganciclovir, 
penciclovir, fanciclovir, gidofovir) e os agentes anti-HIV (zidovudina, estavudina, 
zalcitabina, lamivudina, entricitabina, didanosina, abacavir, tenofovir disproxila), 
incluindo também alguns fármacos eficazes contra o vírus da hepatite B (adefovir 
e entecavir) e contra a vírus RNA (ribavirina) 
Aciclovir: O valaciclovir é um profármaco do 
aciclovir. Eficaz contra os vírus HSV e VZV 
(varicela-zóster), ilustra o mecanismo 
fundamental dos análogos nucleosídeos. Esses 
vírus codificam uma timidinoquinase (TK) que 
apresenta capacidade de fosforilar não só a 
timidina mas outras pirimidinas e nucleosídeos 
análogos que não contém uma base pirimidina (como o aciclovir). Por mais que 
nenhuma enzima de mamífero fosforile tão bem o aciclovir como a TK dos vírus 
HSV e VZV (o que explica a alta seletividade do fármaco para as células 
infectadas) ainda ocorre fosforilação em células não infectadas, o que pode 
resultar nos efeitos adversos apresentados pelo fármaco. A fosforilação do ACV 
resulta então num composto trifosfato que inibe a DNA polimerase. Vírus 
resistentes a esse fármaco apresentam alteração nos genes da enzima TK, no 
gene da DNA polimerase ou em ambos. Como a TK não é uma enzima envolvida 
no processo de replicação, sua inativação não impede que o vírus se dissemine, 
apresentando também em alguns casos mutações que impedem que a TK 
fosforile o aciclovir, mas permitem que ela continue fosforilando a timidina. 
Apesar de ser afetado, o gene da DNA polimerase é vital para a sobrevivência 
do vírus, não sendo inativada em casos de mutações, mas sim modificado, 
sendo necessárias maiores doses do fármaco para que mostre efeito. 
Náuseas, vômitos, dores de estômago, diarreia, dores de cabeça e tonturas são 
efeitos colaterais considerados comuns do aciclovir. 
Penciclovir: O fanciclovir é o análogo do 
penciclovir, que é a forma ativa do fármaco. A 
diferença entre o mecanismo de ação do 
penciclovir e do aciclovir é apenas quantitativa. O 
penciclovir é ativado mais eficientemente pela 
enzima TK do que o aciclovir, entretanto é menos 
seletivo para a DNA polimerase viral do que o 
ACV. O Fanciclovir é utilizado no tratamento de 
infecções por HSV e VZV, enquanto a pomada de penciclovir é utilizada no 
tratamento do herpes simples causado pelo HSV. 
Ganciclovir: Alganciclovir é profármaco do 
ganciclovir, que tem biodisponibilidade oral 
maior que a do ganciclovir. São eficazes contra 
os CMV (citomegalovírus). É um análogo 
nucleosídio que foi originalmente sintetizado 
como derivado do aciclovir, com a intenção de 
desenvolver outro fármaco anti-HSV. Entretanto, 
o ganciclovir foi considerado demasiado tóxico 
para essa indicação, por outro lado se mostrando mais eficaz para os vírus CMV 
do que o ACV sendo o primeiro fármaco aprovado para tratamento anti-
citomegalovírus. Embora os vírus CMV não codifiquem nenhum homólogo à 
enzima TK, apresentam uma proteinoquinase viral UL97 capaz de fosforilar o 
ganciclovir. O trifosfato de ganciclovir inibe melhor as DNA polimerases virais do 
que as celulares, mas se mostra menos seletivo do que o aciclovir o que resulta 
em uma toxicidade mais acentuada, podendo causar neutropenia (supressão da 
medula óssea). 
Cidofovir: É um análogo acíclico da citosinaque contém fosfonato. Desvia um pouco do 
mecanismo de ação dos demais análogos 
nucleosídeos anti-herpes, se mostrando mais 
um análogo nucleotídeo. Por possuir um grupo 
fosfonato ele imita o monofosfato de 
desoxicitidina, então, já está fosforilado, não 
dependendo de quinases virais para o ativar 
se mostra eficaz contra mutantes virais que não apresentam quinases, portanto, 
resistentes a outros medicamentos. Depois de penetrar na célula o cidovir vai 
sofrer fosforilação por enzimas celular, se tornado trifosfato análogo de dCTP 
que vai inibir as DNA polimerases do HSV com mais potência que as DNA 
polimerases celulares. 
O cidofovir foi aprovado para uso no tratamento da retinite por CMV em pacientes 
com HIV/AIDS. Dois fármacos apresentam mecanismo de ação semelhante, se 
mostrando análogos acíclicos do monofosfato de desoxiadenosina, o tenofovir 
(anti-HIV) e o adefovir (anti-HBV). 
Dado seu mecanismo de depuração renal, cidofovir precisa ser coadministrado 
com probenecida. (Inibe um transportador de ânions no túbulo proximal, 
diminuindo a excreção do cidofovir.) A nefrotoxicidade constitui importante 
problema e é preciso ter muita cautela na administração desse fármaco. 
Outros análogos nucleosídeos anti-herpes-vírus: Vidarabina, Idoxuridina e 
Trifluridina foram os primeiros fármacos anti-HSV, apresentam toxicidade 
aumentada em comparação a outros fármacos disponíveis, portanto são pouco 
utilizados nos dias de hoje. 
Zidovudina: É um análogo nucleosídeo com um 
açúcar alterado, funcionando como um substrato para 
a TK celular, que fosforila a zidovudina formando 
monofosfato de AZT, que vai ser novamente 
fosforilado pela timidilatoquinase celular e pela 
nucleosídio difosfatoquinase celular, resultando num 
composto trifosfato. Não se observa seletividade na 
etapa de ativação, a AZT fosforilada pode acumular-
se em quase todas as células que sofrem divisão no 
corpo, e não apenas nas células infectadas, esse acúmulo é responsável por sua 
toxicidade aumentada em comparação com um fármaco como aciclovir. Apesar 
disso, o trifosfato de AZT é um inibidor mais potente da TR do HIV que das DNA 
polimerases humanas. Embora a zidovudina seja relativamente seletiva na etapa 
de inibição, as formas fosforiladas da AZT inibem enzimas importantes como por 
exemplo a timidilatoquinase celular, essencial para a replicação celular. A 
toxicidade da zidovudina vai então se manifestar na forma de neutropenia e 
anemia (por supressão da medula óssea), causada não só pela ação do fármaco 
sobre as polimerases celulares, mas também pela sua ação sobre a 
timidilatoquinase celular. 
Lamivudina: É um análogo nucleosídeo anti-HIV que utiliza 
enzimas celulares para sua fosforilação. Entre os demais 
análogos, a lamivudina (3TC) parece exibir menor 
toxicidade, o que pode ser devido à sua fraca atividade na 
DNA polimerase mitocondrial. Apesar de ser um inibidor 
consideravelmente mais potente da TR viral do que de 
polimerases celulares, apresenta um desenvolvimento 
rápido de resistência a esse fármaco quando administrado 
sozinho, de modo que quase sempre é utilizado em 
associação a outros fármacos. A Entricitabina (FTC) é 
comumente administrada concomitantemente a Lamivudina. 
3TC, além de usada no tratamento contra o vírus HIV é também administrada a 
pacientes com infecções crônicas pelo HBV e evidências de replicação viral 
ativa. 
Temos também inibidores não nucleosídeos da DNA polimerase como o 
foscarnete, que atua inibindo diretamente a DNA polimerase viral imitado o 
produto pirofosfato da polimerização do DNA. A seletividade desse fármaco 
resulta da sensibilidade aumentada da DNA polimerase viral em relação às 
enzimas celulares, mas apresenta seletividade baixa quando comparado a 
outros fármacos. As principais desvantagens do uso do foscarnete incluem sua 
falta de biodisponibilidade oral e sua baixa solubilidade e entre os efeitos 
adversos mais comuns está o comprometimento renal, o que limita a dose. 
Ainda na classe de medicamentos inibidores da replicação do genoma temos os 
fármacos inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa, são o efavirenz, 
nevirapina, delavirdina e etravirina. Esses fármacos, diferentemente dos 
análogos nucleotídeos, inibem seus alvos de modo direto, sem a necessidade 
de qualquer modificação química. Os INNTR atuam se ligando proximamente ao 
sítio catalítico da TR e possibilitam a ligação dela a um nucleosídio trifosfato e 
molde iniciador, porém, inibem a junção dos dois. Seus efeitos adversos são 
menos graves do que a maioria dos análogos nucleosídeos e do que o 
foscarnete mas apresenta um desenvolvimento de resistência relativamente 
rápido, o que representa a principal limitação para o uso desse agente, que por 
esse motivo deve ser administrado em associação a outros fármacos. 
Por último temos os inibidores da integrase do HIV, uma enzima que realiza a 
integração do genoma do HIV, possibilitando sua replicação. A integrase 
organiza as sequências nas extremidades do DNA do HIV, cliva dinucleotídios 
de cada fita 3′, transfere essas fitas para o DNA-alvo (celular) e liga o DNA do 
HIV ao DNA-alvo de modo covalente O Raltegravir atua na inibição da reação de 
transferência de fitas de DNA da integrase, sendo usado atualmente em 
pacientes que desenvolveram resistência a outros fármacos anti-HIV. É 
administrado sempre em associação a outros fármacos, principalmente pelo 
risco de desenvolver resistência. Pode causar efeitos adversos como apetite 
diminuído, sonhos anormais, insónia, pesadelo, comportamento anormal, 
depressão, tonturas, cefaleia, hiperatividade psicomotora, vertigens entre outros. 
- Inibidores da maturação viral (inibidores da protease) 
Para muito vírus é necessária uma etapa adicional no ciclo para que se tornem 
infecciosos chamada de maturação. Normalmente os vírus codificam proteases 
essenciais para a maturação, as proteases virais então clivam as poliproteínas 
de fusão, produzindo proteínas funcionais do capsídio e enzimas virais. 
Saquinavir, ritonavir, amprenavir (e seu profármaco fosamprenavir), indinavir, 
nelfinavir, lopinavir, atazanavir, tipranavir e darunavir são representantes 
importantes dessa classe de medicamentos. Esses fármacos são inibidores da 
protease, e dentro do previsto, as células infectadas pelo HIV expostas a 
inibidores da protease continuam produzindo proteínas virais, porém essas 
proteínas não são processadas de modo eficiente. As partículas sofrem 
brotamento a partir das células infectadas, porém essas partículas são imaturas 
e não infecciosas. Esses fármacos geralmente são usados em associação a 
outros agentes ati-HIV e tem grande impacto na teria contra a AIDS, apesar de 
demonstrar efeitos colaterais inesperados e graves, como distúrbios metabólicos 
e na distribuição de gordura. 
- Inibidores da liberação viral (inibidores da neuraminidase) 
São inibidores das neuraminidases do vírus influenza, bloqueiam a liberação do 
vírus da célula hospedeira. O vírus influenza se fixa à célula através de interação 
entre a hemaglutinina, proteína presente no envelope viral e componentes de 
ácido siálico, encontrados em muitas glicoproteínas da superfície celular. Após 
a saída da célula a hemaglutinina nos vírions nascentes liga-se novamente às 
terminações do ácido siálico, fixando, assim, os vírions à superfície celular e 
impedindo a liberação do vírus. Para contornar esse problema o vírus influenza 
codifica uma enzima ligada ao envelope, denominada neuraminidase, que cliva 
o ácido siálico das glicoproteínas de membrana, possibilitando, assim, a 
liberação viral. Ao inibir então as neuraminidases esses fármacos impedem que 
o vírion seja liberado, bloqueando assim sua disseminação pelo organismo. 
Os principais representantes da classe são o Zanamivir e o Oseltamivir. O 
zanamivir mostra-se ativo contra a influenza A e a influenza B, mas por 
apresentarbaixa disponibilidade oral deve ser administrado por meio de inalador. 
O oseltamivir é resultado de esforços voltados à melhora da farmacocinética do 
zanamivir, tem disponibilidade oral de 75%, pode ser usado de modo profilático 
para prevenir o vírus influenza, é eficaz também para prevenir doença humana 
grave e mortalidade devida à influenza aviária H5N1 (“gripe aviária”) ou pela 
cepa pandêmica H1N1 (“gripe suína”). 
- Fármacos antivirais com mecanismos desconhecidos 
Fomivirseno: É um fármaco anti-CMV que foi criado para ser um 
oligonucleotídio antissentido direcionado para RNA específicos, se o RNA viral 
for um mRNA, a ligação do oligonucleotídio deve impedir a síntese da proteína 
codificada por esse mRNA, esse oligonucleotídio deve ser capaz de efetuar 
emparelhamento de bases com o segmento de RNA específico do vírus e 
interromper sua função ao promover a degradação do RNA ou, menos 
comumente, ao inibir seu processamento ou translação. O fomivirseno é um 
oligonucleotídio fosforotioato criado para ligar-se ao mRNA que codifica uma 
proteína reguladora do vírus CMV. Apesar de ter sido delineado para agir dessa 
forma, não é absolutamente certo que o fomivirseno atue por ligação ao mRNA 
da IE2. O fármaco foi aprovado para tratamento da doença oftálmica por CMV, 
como a retinite. O fármaco é administrado apor via intravítrea e nos dias de hoje 
raramente é utilizado. 
Docosanol: É um álcool saturado de 22 carbonos com atividade contra HSV e 
alguns outros vírus envelopados. Os alcoóis saturados de cadeia mais curta 
inativam a infecciosidade dos vírions, normalmente causado uma relevante 
citotoxicidade, que o docosanol não apresenta. Estudos com cultura de células 
sugerem que docosanol atua, pelo menos em parte, entre o estágio de fixação 
do HSV e o estágio de translação da proteína viral, com alguns efeitos sobre a 
entrada do vírus quando utilizado em determinadas doses, entretando, ainda não 
se esclareceu qual a base, se existente, para a seletividade da ação antiviral. O 
docosanol foi aprovado pela FDA como fármaco de venda sem necessidade de 
prescrição para tratamento tópico dos episódios orofaciais recorrentes do HSV, 
mesmo apresentando eficácia clínica controversa. 
Ribavirina: Seu mecanismo de ação ainda não está bem elucidado. A ribavirina 
é convertida em monofosfato pela adenosinoquinase celular, e sabe-se que o 
fármaco inibe a inosina monofosfato desidrogenase celular, reduzindo, assim, os 
reservatórios celulares de GTP, essa redução das concentrações intracelulares 
de GTP abaixo dos valores de Km de certas enzimas virais pode ter efeito 
antiviral seletivo; A inibição da RNA polimerase viral poderia representar um 
segundo mecanismo seletivo possível. Ainda não se sabe se algum dos 
mecanismos propostos para a ação da ribavirina é relevante para o efeito 
terapêutico do fármaco sobre as infecções humanas por RSV ou HCV. 
- Fármacos que modulam o sistema imune 
Três classes de fármacos com ação no sistema imune podem ser utilizadas no 
tratamento anti-viral, são elas: Imunização, interferonas e imiquimode. 
A imunização ativa e a imunização passiva inibem a infecção viral em 
decorrência da produção de anticorpos dirigidos contra proteínas do envelope 
viral, que vão bloquear então a fixação e entrada dos vírions na célula 
hospedeira, aumentando sua eliminação. Muitas vacinas servem de exemplos 
de imunização ativa contra vírus e são usadas, em sua maioria, como medida 
profilática (sarampo, caxumba, rubéola, hepatite B). Um exemplo de imunização 
passiva é o uso profilático de imunoglobulinas humanas misturadas com 
atividade anti-RSV ou um anticorpo monoclonal humanizado, o palivizumabe, 
para impedir a infecção por RSV em crianças de alto risco. 
As interferonas e o imiquimode fazem uso da resposta imune inata e não são 
diretamente direcionados para produtos gênicos virais. As interferonas são 
proteínas produzidas em resposta à infecção viral e capazes de inibir a 
replicação do mesmo vírus ou de outros vírus, podem ser de dois tipos: As 
interferonas do tipo I incluem a alfainterferona e a betainterferona, produzidas 
por muitos tipos celulares e que interagem com o mesmo receptor de superfície 
celular. As interferonas do tipo II incluem a gamainterferona, geralmente 
produzida por células do sistema imune, em particular as células T, e que 
interage com receptor distinto. A interação das interferonas com o receptor 
estimula a síntese e liberação de proteínas que podem combater infecções virais. 
O imiquimode foi aprovado para tratamento de certas doenças causadas por 
HPV, nterage com receptores semelhantes a Toll (proteínas de membrana que 
reconhecem padrões moleculares associados a patógenos) TLR7 e TLR8 para 
reforçar a imunidade inata, incluindo a secreção de interferonas, então, a 
ativação desses receptores induz eventos de sinalização intracelulares 
importantes na defesa contra patógenos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anti-helmínticos 
Helmintos são vermes multicelulares que apresentam sistemas digestório, 
excretor, reprodutor e nervoso. Podem ser tanto de vida livre quanto parasitários, 
sendo bastante comum sua ocorrência em humanos. Helmintos clinicamente 
importantes podem ser divididos filogenéticamente em três classes: nematódeos 
(vermes cilíndricos), trematódeos (fascíolas) e cestódeos (tênias), podendo 
infectar o fígado, sangue, intestino entre outros tecidos do hospedeiro humano. 
Os humanos são infectados ao ingerirem água ou alimentos contaminados com 
ovos ou larvas, existem larvas capazes de penetrar pela pele do hospedeiro e 
outros tipos de helmintos são transmitidos através da picada de insetos. Tendo 
o ser humano como hospedeiro definitivo, ao penetrarem no organismo os ovos 
e larvas vão se desenvolver em vermes adultos, que podem migrar pelos tecidos 
para atingir o estágio sexual, liberado novos ovos ou larvas no sangue, que por 
sua vez podem ser excretadas pelos sistemas urinário e gastrintestinal. 
Os nematódeos são vermes cilíndricos transmitidos pelo solo, como os Ascaris 
lumbricoides, Trichuris trichiura e Ancylostomas. Os cestódeos são vermes 
planos (tênias) como o Taenia saginata, Taenia solum, Diphyllobothrium latum, 
Hymenolepis nana e Echinococcus. Os trematódeos (fascíolas) são vermes 
como os Schistosomas, Paragonimus, Clonorchis sinensis, Opisthorchis, Facíola 
hepática entre outros. 
- Agentes que interrompem a atividade neuromuscular 
Ivermectina: É uma lactona 
macrocíclica semissintética, atuando 
contra uma ampla gama de helmintos e 
artrópodes. O exato mecanismo de ação 
de ivermectina não está esclarecido, 
estudos indicam que envolva a 
potencialização e/ou ativação direta de 
canais de cloreto regulados por 
glutamato em membranas plasmáticas 
de nematódeos, resultando em 
hiperpolarização de células neuromusculares e paralisia da faringe do verme. 
Afeta também a transmissão inibitória do ácido gama-aminobutírico (GABA), 
aumentando a transmissão de sinais mediada por GABA em nervos periféricos, 
resultando em hiperpolarização, que na maioria dos casos vai apresentar como 
efeito final o bloqueio da transmissão neuromuscular e paralisia do verme. 
É usada no tratamento de infecção por O. volvulus sendo utilizada para impedir 
a lesão ocular mediada por microfilárias e diminuir transmissão entre seres 
humanos e vetores, apesar de não apresentar a capacidade de curar o ser 
humano da infecção, prescrita para tratar estrongiloidíase e larva migrans 
cutânea (ambas são infecções causadas por nematódeos) e escabiose 
(infestação por ectoparasitas). A Ivermectina é largamente utilizada no 
tratamento de animais com infecções por nematódeos 
Cestódeos e trematódeos carecem de receptores de ivermectina de alta 
afinidade, por isso são mais resistentes a esse medicamento. Além disso, esse 
fármaco não interage com receptores GABA de vertebrados,por isso e pelo 
fármaco ser incapaz de atravessar a barreira hematoencefálica (os receptores 
GABA de humanos estão presentes principalmente no SNC) é um fármaco bem 
tolerado, podendo levar a sintomas como cefaleias, ataxia e coma em pacientes 
cuja barreira se tornou permeável, como em casos de meningite. Os efeitos 
adversos mais comuns da Ivermectina estão relacionados provavelmente a 
resposta inflamatória ou alérgicas aos vermes morrendo. 
- Outros agentes anti-helmínticos 
Albendazol, mebendazol e tiabendazol: 
Inibem a polimerização de tubulina por ligar-
se a β-tubulina, mostrando certa seletividade 
para a β-tubulina de nematódeos o que 
diminui sua toxicidade. A inibição da 
polimerização de tubulina impede motilidade 
e replicação do DNA de nematódeos, 
resultando em alterações degenerativas em 
células tegumentares e intestinais de 
helmintos e causando, por fim, imobilização 
e morte dos vermes. Tem efeito também 
sobre células teciduais imóveis de larvas de 
cestódeos, rompendo a integridade tegumentar 
do protoescólex, estrutura larvar que se 
transforma mais tarde na “cabeça” do cestódeo 
adulto. O Tiabendazol provoca náuseas 
significativas, vômitos e anorexia em doses 
terapêuticas e raramente é utilizado. Mebendazol e albendazol são mais bem 
tolerados, e, albendazol, entre os três, apresenta a maior biodisponibilidade oral. 
Praziquantel: É o fármaco de escolha para tratar 
infecções causadas por cestódeos adultos 
(tênias) e trematódeos (fascíolas), sendo eficaz 
em infecções como esquistossomose. O 
mecanismo exato de ação de praziquantel ainda 
não é totalmente descrito, acredita-se que o 
fármaco aumenta a permeabilidade da membrana 
do parasito ao cálcio, resultando em contração e paralisia dos vermes. Os 
principais efeitos adversos de praziquantel incluem náuseas, cefaleia e 
desconforto abdominal. 
Dietilcarbamazina (DEC): É um derivado de 
piperazina, sendo o fármaco de escolha no 
tratamento de certas filaríases, incluindo a filaríase 
linfática. Foi em grande parte substituído pela 
Ivermectina, entretanto, o DEC é capaz de 
combater filárias adultas atuando como um agente 
curativo. Seu mecanismo de ação não é totalmente esclarecido, teorias indicam 
que ele atua na estimulação de mecanismos imunes inatos, inibição de 
polimerização de microtúbulos e inibição do metabolismo de ácido araquidônico. 
Normalmente é bem tolerado em doses baixas, apresentado como principais 
efeitos adversos anorexia, cefaleia e náuseas, podendo precipitar reações de 
Mazzotti em indivíduos com carga maciça de microfilárias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anti-protozoários 
A malária é uma 
doença transmitida 
pelo protozoário 
Plasmodium que afeta 
mais de 300 milhões de 
pessoas por ano em 
mais de 90 países, 
possuindo uma taxa de 
mortalidade muito 
preocupante, sendo 
considerada a mais 
importante doença 
parasitária nos dias 
atuais. Pode ser 
causada pelas 
espécies Plasmodium 
falciparum (mais 
grave), P. vivax, P. 
ovale e P. malariae e P. 
knowlesi. 
O ciclo de vida desses parasitas envolve o mosquito (vetor invertebrado), o 
hospedeiro (humano) e o plasmódio (parasita). O vetor adquire o parasita ao 
alimentar-se e inocula o parasita no ser humano no ato da hematofagia, que 
passa pelo seu ciclo de vida, se reproduzindo de forma assexuada e se 
disseminando pelo corpo. Os sintomas clínicos da malária, mais usualmente 
febre, são causados por lise intravascular de eritrócitos e liberação subsequente 
de merozoítos (dando início a um novo cliclo) no sangue. 
Infecções causadas pelo P falciparum são consideradas mais graves, isso se dá 
devido ao fenômeno de aglutinação. Os eritrócitos que são infectados por essa 
espécie de plasmódio apresentam na sua superfície “protuberâncias” formadas 
por proteínas tanto do parasita quanto do hospedeiro, entre essas proteínas está 
a PfEMP-1, proteína do parasito que medeia a fixação de eritrócitos infectados 
a receptores celulares sobre a superfície endotelial no hospedeiro humano, 
fenômeno que só ocorre em eritrócitos infectados pelo P. falciparum. Essa 
fixação ao endotélio diminui o tempo durante o qual os eritrócitos infectados 
circulam na corrente sanguínea, reduzindo, assim, a probabilidade de depuração 
dessas células infectadas por sequestro esplênico, além de ser considerada 
responsável pela fisiopatologia da malária causada por essa espécie de parasita, 
levando em conta que a “aglutinação” pode atingir qualquer órgão. 
Os principais alvos farmacológicos dos agentes anti-maláricos são o 
metabolismo do grupo heme, transporte de elétrons, translação de proteínas e o 
motabolismo do folato. Do ponto de vista clínico, esses fármacos podem ser 
divididos em agentes usados para a profilaxia em regiões de alto risco, agentes 
empregados no tratamento de indivíduos com malária aguda na fase eritrocitária 
e agentes utilizados para eliminar a infecção de malária no estágio hepático de 
hipnozoíto. 
- Inibidores do metabolismo do grupo heme 
O metabolismo do grupo heme é um importante alvo farmacológico porque os 
Plasmódios têm capacidade limitada para síntese de novo de aminoácidos, 
dependendo de aminoácidos liberados de moléculas ingeridas de hemoglobina 
do hospedeiro. A degradação da hemoglobina libera aminoácidos básicos 
protônicos e ferriprotoporfirina IX, metabólito tóxico do heme. Ferriprotoporfirina 
IX é destoxificada a hemozoína cristalina mediante polimerização. Se não for 
polimerizada, ferriprotoporfirina IX provoca lesão na membrana lisossomal, 
causando toxicidade para o parasito da malária. 
Cloroquina: É uma base fraca que, em 
forma neutra, difunde-se livremente 
através da membrana do vacúolo 
alimentar do parasito. Uma vez dentro do 
ambiente ácido do vacúolo, cloroquina 
torna-se rapidamente protônica, sendo 
incapaz de difundir-se para fora do 
vacúolo. Em consequência, a cloroquina 
protônica acumula-se em altas concentrações no vacúolo alimentar do parasito, 
onde se liga à ferriprotoporfirina IX e inibe a polimerização desse metabólito de 
heme, levando a um acúmulo de ferriprotoporfirina IX não polimerizada que pode 
causar lesão oxidativa da membrana, sendo tóxica para o parasito. Resumindo, 
cloroquina envenena o parasito ao impedir a destoxificação de um produto tóxico 
do catabolismo da hemoglobina. Esse medicamento mostra uma boa 
especificidade para eritrócitos parasitados em comparação com eritrócitos não 
infectados, além de que a concentração de cloroquina necessária para 
alcalinizar lisossomos das células de mamíferos é muito maior que a necessária 
para elevar o pH nos vacúolos alimentares dos parasitos da malária o que torna 
esse fármaco bem tolerado, mas quando administrada em doses 
supraterapêuticas, cloroquina pode causar vômitos, retinopatia, hipotensão, 
confusão e morte. A despeito da preocupação relacionada com resistência 
crescente, cloroquina continua sendo o fármaco de escolha para tratamento da 
maioria dos indivíduos com malária causada por P. vivax, P. ovale, P. malariae, 
P. knoelesi e cepas de P. falciparum sensíveis à cloroquina. Além disso, pode 
ser utilizada de modo profilático na prevenção da malária causada por cepas 
sensíveis de plasmódios. 
Quinina: Quinidina é o isômero óptico da quinina. 
Atua também se ligando a ferriprotoporfirina IX, 
levando a um ambiente tóxico para o parasito, mas 
além disso ela se intercala no DNA por ligação de 
hidrogênio, inibindo, assim, separação das fitas, 
transcrição e translação do DNA. Quinina e 
quinidina têm sido utilizadas no tratamento de 
indivíduos com malária no estágio eritrocitário 
agudo, porém não são usadas de modo profilático. 
Tem como principal efeito colateral o cinchonismo, síndrome caracterizada por 
zumbido, surdez, cefaleias, náuseas, vômitos e distúrbios visuais. 
Mefloquina: O mecanismo exato com que essefármaco 
atua ainda é desconhecido, acredita-se que a 
mefloquina interrompa a polimerização da hemozoína 
nos parasitos da malária intraeritrocitários. Tem efeitos 
adversos significativos como náuseas, anormalidades 
da condução cardíaca (como bradicardia, 
prolongamento do intervalo QT e arritmias) e efeitos 
neuropsiquiátricos, como: sonhos vívidos/pesadelos, 
insônia, ansiedade, depressão, alucinações, convulsões 
e, raramente, psicose. A Mefloquina pode ser utilizada 
tanto terapêutica quanto profilaticamente. 
Artemisina: Quando é ativada por ferro livre ou 
ligado ao grupo heme, forma um radical livre com 
centro de carbono que tem a capacidade de alquilar 
muitas proteínas, assim como heme. A ação 
farmacológica pode relacionar-se com a produção 
de radicais livres no vacúolo alimentar do parasito 
consequente inibição de PfATP6, Ca2+ ATPase do 
parasito (equivalente à nossa bomba de cálcio). Ao 
contrário de outros antimaláricos, artemisininas 
afetam gametócitos do estágio sanguíneo e, assim, conseguem reduzir a 
transmissão de malária por um ser humano infectado mas não se mostra eficaz 
como agente profilático. Em decorrência de curta meia-vida das artemisininas e 
risco subsequente de recrudescência da malária, bem como para reduzir a 
probabilidade de resistência ao fármaco, a artemisinina não deve ser prescrita 
como monoterapia. Estudos encontraram evidências sugestivas de que 
artemisininas podem estar associadas a comprometimento auditivo e outros 
efeitos neurotóxicos em seres humanos, mas no geral, artemisinina e seus 
derivados são mais bem tolerados que a maioria de outros agentes 
antimaláricos. 
- Inibidores do transporte de elétrons 
Primaquina: A atividade antimalárica é 
provavelmente atribuível a quinona, um metabólito 
da primaquina que interfere com a função de ubiquinona como transportador de 
elétrons na cadeia respiratória. Outro potencial mecanismo de ação pode 
envolver a capacidade de certos metabólitos de primaquina de provocar lesão 
oxidativa inespecífica das mitocôndrias dos plasmódios. Primaquina é utilizada 
predominantemente para eliminar hipnozoítos hepáticos de indivíduos com 
malária causada por P. vivax ou P. ovale. Sendo o único fármaco para essa 
finalidade disponível nos dias atuais. Primaquina pode induzir hemólise maciça 
e potencialmente fatal em indivíduos com deficiência de G6PD e tem como 
principais efeitos adversos distúrbios gastrintestinais, metemoglobinemia, 
neutropenia, hipertensão, arritmias e sintomas neurológicos. 
Atovaquona: É um análogo estrutural de 
ubiquinona, uma proteína móvel na cadeia de 
transporte de elétrons. A Atovaquona inibe a 
interação entre ubiquinona reduzida e 
complexo do citocromo bc1, interrompendo 
assim o transporte de elétrons e a cadeira 
respiratória, consequentemente inibindo a 
regeneração a di-hidro-orotato redutase 
oxidada do plasmódio, interrompendo a 
síntese de pirimidinas e impedindo a 
replicação do DNA dos plasmódios. A seletividade de atovaquona por 
plasmódios baseia-se, provavelmente, em diferenças nas sequências de 
aminoácidos entre regiões de ligação ubiquinona-citocromo bc1 de seres 
humanos e plasmódios mas essa seletividade é facilmente rompida, tendo em 
vista que é um medicamento que pode desenvolver resistência no Plasmódio 
com facilidade, portanto, não deve ser administrado em monoterapia, podendo 
ser usada em associação com outros anti-maláricos tanto como agente 
profilático ou quanto como agente terapêutico. Em geral, a Atovaquona é bem 
tolerada. 
 - Inibidores da translação 
Doxiciclina: São agentes que 
interrompem a síntese de proteínas do 
parasita. Doxiciclina é isômero 
estrutural semissintético de tetraciclina, 
inibe a síntese de proteínas do parasito 
por sua ligação à subunidade 
ribossômica 30S, bloqueando, assim, a 
ligação de amino-acil tRNA a mRNA 
Com biodisponibilidade oral e meia-vida longa, a doxiciclina é um fármaco útil 
para tratamento de indivíduos infectados por P. falciparum resistente à 
cloroquina, mas não deve ser utilizada como agente antimalárico isolado. Os 
efeitos colaterais mais comuns são fotossensibilidade cutânea, despigmentação 
dos dentes em crianças e candidíase vaginal. Tetraciclina e doxiciclina 
apresentam perfis farmacológicos semelhantes. 
Clindamicina: Atua inibindo a síntese de 
proteínas por sua ligação à subunidade 
ribossômica 50S, sendo uma alternativa para 
associação com outros medicamentos 
quando a doxiciclina não é indicada. No geral 
é bem tolerada, seu principal efeito adverso consiste em risco aumentado de 
diarreia associada a antibióticos e colite causada por Clostridium difficile. 
- Inibidores do metabolismo do folato 
Ácido fólico é vitamina envolvida na transferência de unidades de um carbono 
em várias vias de biossíntese, incluindo a dos precursores de DNA e RNA e 
certos aminoácidos. Os seres humanos têm que ingerir o folato na dieta, mas 
parasitas e bactérias são capazes de sintetizar o seu próprio ácido fólico, então, 
a inibição do metabolismo do folato pode resultar em tratamento bem-sucedido 
de infecções parasitárias. 
Sulfadoxina e pirimetamina: A 
sulfadoxina inibe competitivamente 
a di-hidropteroato sintetase dos 
parasitos, enzima essencial na via 
de síntese de ácido fólico, já a 
pirimetamina inibe competitivamente 
a di-hidrofolato redutase dos 
parasitos, enzima que converte di-
hidrofolato em tetra-hidrofolato, 
então, quando usado em conjunto 
sulfadoxina e pirimetamina atuam 
de modo sinérgico, inibindo o 
crescimento dos parasitos da 
malária. A combinação desses dois 
agentes é altamente eficaz contra 
estágios esquizontes sanguíneos 
do P. falciparum, mas não contra gametócitos se mostrando, portanto, menos 
efetivas contra outras espécies de malária. A meia-vida longa dessa combinação 
exerce pressão seletiva para o desenvolvimento de resistência a fármacos em 
áreas com elevado nível de transmissão de malária. Os efeitos adversos 
relatados são anemia megaloblástica, leucopenia e trombocitopenia e reações 
cutâneas graves como síndrome de Stevens-Johnson ou eritema multiforme. 
Proguanil: É um derivado de pirimidina 
atuando também como inibidor de di-
hidrofolato redutase, sendo efetivo contra 
formas hepáticas pré-eritrocitárias de P. 
falciparum e P. vivax. Usado para 
profilaxia em associação com cloroquina em partes do mundo onde a resistência 
a cloroquina não está disseminada mas nos dias de hoje outros agentes 
profiláticos são significativamente mais efetivos, e essa combinação não é 
Sulfadoxina 
Pirimetamin
a 
recomendada. Em geral, proguanil é bem tolerado, mas pode causar ulcerações 
orais, pancitopenia, trombocitopenia e granulocitopenia. 
A resistência a agente anti-maláricos é um problema sério nos dias de hoje, 
representado uma barreira significativa para o tratamento. O declínio da eficácia 
dos fármacos antimaláricos atuais e a falta de incentivo para melhora dos 
agentes existentes ou desenvolvimento de novas alternativas tem contribuído 
significativamente para a crescente carga de morbidade e mortalidade de 
malária no mundo inteiro. 
Além do Plasmodium existem outros protozoários de importância clínica, como 
a Entamoeba histolytica (amebíase), Giardia lamblia (giardíase), 
Cryptosporidium hominis/parvum (criptosporidiose), Trypanosoma brucei 
rhodesiense e T. b. gambiense (doença do sono africana), Trypanosoma cruzi 
(doença de chagas) e Leishmania spp (Leishmaniose). 
Metronidazol: É um fármaco que se 
mantém inativo até ser reduzido no 
hospedeiro ou em células microbianas que 
têm grande potencial redox negativo. Pode 
ocorrer ativação por interação com 
ferredoxina reduzida ou com 
nitrorredutases específicas, essa ativação 
forma compostos citotóxicos reduzidos, que 
vão se ligar a proteínas, membranas e DNA 
em células-alvo levando a lesão grave. A 
sensibilidade ao metronidazol está 
diretamente relacionadacom a presença de atividade da PFOR, necessária na 
ativação desse fármaco, como PFOR é expressa em protozoários mas não tem 
nenhum equivalente no sistema de mamíferos o fármaco se mostra 
seletivamente tóxico para amebas e microrganismos anaeróbios. Os efeitos 
adversos de metronidazol consistem em desconforto gastrintestinal, cefaleias, 
neuropatia ocasional, gosto metálico e náuseas e o seu uso disseminado levou 
ao desenvolvimento de resistência pelo Helicobacter pylori. 
Tinidazol: O seu mecanismo de ação 
ainda não é completamente esclarecido, 
mas acredita-se que seja semelhante ao 
metronidazol, relacionado com a geração 
de radicais livres citotóxicos. É utilizado no 
tratamento de giardíase, amebíase e 
tricomoníase vaginal. Tinidazol é mais bem 
tolerado que metronidazol apresentando 
efeitos colaterais raros e discretos, porém é ineficaz como agente luminicida para 
tratamento de infecções por amebas. 
Nitazoxanida: É hidrolisada no organismo 
ao seu metabólito ativo tizoxanida. Atua 
inibindo a PFOR, que converte piruvato em 
acetil CoA em protozoários e bactérias anaeróbias. Mostra atividade contra 
protozoários, bactérias anaeróbias e helmintos, mas o seu mecanismo de ação 
contra helmintos ainda não foi esclarecido. No geral é bem tolerado e apresenta 
efeitos colaterais raros e discretos. 
Outros fármacos também podem ser empregados no tratamento anti-
protozoários, como a Pentamidina, Melarsoprol, Eflornitina e Suramina, usadas 
no tratamento contra Trypanosoma brucei gambiense e certas cepas de T. b. 
rhodesiense; como o Nifurtimox, usado no tratamento contra o Trypanosoma 
cruzi; e como o Estibogliconato de sódio e antimoniato de meglumina usados no 
tratamento contra os protozoários do gênero Leishmania. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antifúngicos 
Fungos são microrganismos de vida livre que se apresentam geralmente como 
leveduras, bolores, ou uma combinação das duas formas. Existe uma maior 
dificuldade no desenvolvimento de fármacos antifúngicos seletivos pela 
semelhança entre as vias metabólicas homólogas para produção de energia, 
síntese de proteínas e divisão celular entre os fungos e os seres humanos. 
A confirmação dessa infecção depende de métodos tradicionais que utilizam 
culturas e exame direto de amostras à microscopia óptica, mas esse método se 
mostra ineficiente devido ao crescimento insensível dos fungos e a dificuldade 
de se confirmar a espécie por microscopia. A dificuldade de diagnóstico é uma 
desvantagem porque na maioria dos casos um prognóstico positivo depende de 
um diagnóstico rápido da infecção. 
As opções de tratamento 
disponíveis para infeções 
fúngicas (micoses) tem se 
expandido, tendo como 
principais alvos a síntese de 
ácidos nucleicos, mitose, e 
síntese e estabilidade da 
membrana. 
As micoses podem ser 
divididas em infecções 
superficiais cutâneas e 
subcutâneas, sistêmicas ou 
primárias e oportunista. 
Poucos fungos apresentam 
virulência suficiente para 
serem considerados 
patógenos primários capazes 
de produzir infecções graves 
em hospedeiros imunocompetentes, mas indivíduos imunocomprometidos estão 
susceptíveis a infecções sistêmicas graves sendo a composição da parede 
celular dos fungos um fator importante na patogenia das infecções. 
- Inibidor da síntese de ácidos nucleicos 
Flucitosina: No interior da célula fúngica, a enzima 
citosina desaminase converte a flucitosina em 5-
fluorouracila (5-FU), então, reações subsequentes 
convertem 5-FU em ácido 5-fluorodesoxiuridílico (5-
FdUMP), um potente inibidor da timidilato sintase, que 
leva então a inibição da síntese de DNA e divisão 
celular. Normalmente é administrada em associação a anfotericina B no 
tratamento de micoses sistêmicas (meningite criptocócica em adultos HIV-
positivos), pois se usado em monoterapia apresenta desenvolvimento rápido de 
resistência por parte do fungo. A anfotericina B lesiona a membrana plasmática 
do fungo, levando a um aumento da captação de flucitosina pelas células 
fúngicas. Pode ser usada sozinha no tratamento de candidíase, criptococose e 
cromomicose. Apresenta efeitos colaterais dependentes de dose como 
supressão da medula óssea (que resulta em leucopenia e trombocitopenia), 
náuseas, vômitos, diarreia e disfunção hepática. 
- Inibidor da mitose 
Griseofulvina: Atua inibindo a 
mitose dos fungos por sua ligação à 
tubulina e a uma proteína associada 
aos microtúbulos, rompendo, assim, 
a organização do fuso mitótico. 
Estudos relatam que esse fármaco 
pode também inibir a síntese de 
RNA e DNA do fungo. O uso 
terapêutico desse medicamento por 
via oral é limitado nos dias atuais, 
principalmente pela disponibilidade de agentes antifúngicos tópicos e outros 
agentes orais com menos efeitos adversos. A Griseofulvina pode ser utilizada no 
tratamento de infecção fúngica de pele, cabelos e unhas por Trichophyton, 
Microsporum e Epidermophyton. Pode apresentar efeitos adversos como 
cefaleia, letargia, vertigem, visão embaçada, leucopenia, neutropenia, 
monocitose 
- Inibidores da via de síntese do ergosterol 
→ Inibidores da esqualeno epoxidase 
Na via de síntese do ergosterol (Figura 35.1), esqualeno é convertido em 
lanosterol pela ação da esqualeno epoxidase. Inibidores dessa enzima impedem 
a formação do lanosterol, precursor do ergosterol, promovendo também o 
acúmulo do metabólito tóxico do esqualeno dentro da célula fúngica. Esses 
fármacos podem ser: alilaminas (terbinafina e naftifina) e benzilaminas 
(butenafina). 
Terbinafina: A forma oral da 
terbinafina é utilizada no tratamento 
de onicomicose, tinha do corpo, tinha 
crural, tinha do pé e tinha do couro 
cabeludo, não sendo indicada para 
pacientes com insuficiências renal e 
hepática ou gestantes. É necessário 
que se monitore as enzimas de função 
hepática durante o tratamento, é bem 
tolerada, raramente ocasionando hepatotoxicidade, síndrome de Stevens-
Johnson, neutropenia e exacerbação de psoríase ou lúpus eritematoso cutâneo 
subagudo. Naftifina, assim como a terbinafina é inibidor da esqualeno epoxidase 
estando disponível nas formas tópicas de creme e gel; mostra-se efetiva em tinha 
do corpo, tinha crural e tinha do pé. A butenafina também tem mecanismo de 
ação semelhante, se distinguindo apenas pela sua estrutura química. 
→ Inibidores da 14α-esterol desmetilase 
A 14α-esterol desmetilase é uma enzima do citocromo P450 microssomal que 
converte lanosterol em ergosterol. Essa diminuição na síntese de ergosterol e o 
acúmulo de 14α-metil esteróis rompem as cadeias acil agrupadas dos 
fosfolipídios nas membranas dos fungos, levando a uma desestabilização da 
membrana fúngica que consequentemente leva à disfunção das enzimas 
associadas à membrana, incluindo as da cadeia de transporte de elétrons, 
podendo ocasionar, em última análise, morte celular. No entanto, esses 
inibidores podem inibir também a enzima P450 hepática. Os fármacos dessa 
classe são chamados azólicos, e podem ser divididos em imidazólicos 
(cetoconazol, clotrimazol, miconazol, econazol, butoconazol, oxiconazol, 
sertaconazol e sulconazol) e triazólicos (itraconazol, fluconazol, voriconazol, 
terconazol e posaconazol) 
O cetoconazol Combate C. immitis, C. neoformans, espécies de Candida, H. 
capsulatum, B. dermatitidis e uma variedade de dermatófito mas seu perfil 
farmacocinético e seus efeitos adversos limitam seu uso clínico. Cetoconazol 
tópico é amplamente utilizado para tratar infecções comuns por dermatófitos e 
dermatite seborreica. Clotrimazol, miconazol, econazol, butoconazol, oxiconazol, 
sertaconazol e sulconazol são agentes antifúngicos imidazólicos tópicos 
utilizados no tratamento de infecções fúngicas superficiais do estrato córneo, da 
mucosa escamosa e da córnea. 
O Itraconazol está disponível em formulações oral e intravenosa, sendo 
hepatotoxicidade seu principal efeito adverso.Outros relatos incluem náuseas, 
vômitos, dor abdominal, diarreia, hipopotassemia, edema de pés e queda de 
cabelos. Posaconazol é fungistático contra a maioria das espécies de Candida, 
Cryptococcus, Trichosporon e algumas espécies de Fusarium, mostrando 
atividade também contra cepas resistentes a outros agentes de Candida, 
Aspergillus e Zygomycetes, ele é basicamente prescrito para a profilaxia e o 
tratamento de infecções invasivas por fungos. Seus efeitos adversos mais 
frequentes são náuseas, vômitos, diarreia, erupção cutânea, hipopotassemia, 
trombocitopenia e alterações das provas de função hepática. 
Fluconazol é, hoje em dia, o agente antifúngico mais amplamente utilizado, tem 
perfil de efeitos adversos relativamente baixo e excelente penetração no LCR, 
se tornando o fármaco de primeira escolha no tratamento de candidíase 
sistêmica, meningite criptocócica e meningite por coccídios. O Voriconazol está 
disponível em formas para uso oral e parenteral, sendo o fármaco de escolha no 
tratamento da aspergilose invasiva e de outros fungos filamentosos, como 
Fusarium e Scedosporium, podendo causar hepatotoxicidade (que pode ser 
controlada pela redução da dose) e sintomas visuais incomuns (fotofobia e luzes 
coloridas). 
- Inibidores da estabilidade da membrana 
Anfotericina B: Atua se ligando ao 
ergosterol, com ruptura da 
estabilidade da membrana dos 
fungos. Tanto seu efeito terapêutico 
quanto sua toxicidade estão 
relacionados com a afinidade pelos 
esteróis das membranas 
plasmáticas, mas esse agente se 
mostra bem mais seletivo para o ergosterol fúngico do que para o colesterol. A 
ligação da anfotericina B ao ergosterol produz canais ou poros que alteram a 
permeabilidade da membrana viabilizando o extravasamento de constituintes 
celulares essenciais, o que leva a morte da célula. É altamente insolúvel, tal 
agente é apresentado na forma de suspensão coloidal de desoxicolato 
tamponada, devendo ser administrada por via intravenosa. 
A alta toxicidade desse fármaco limita seu uso clínico, apresentando efeitos 
adversos que podem ser classificados em três categorias: reações sistêmicas 
imediatas (“tempestade de citocinas” que causa febre, calafrios, tremores 
musculares e hipotensão), efeitos renais (acidose tubular renal, cilindrúria e 
hipopotassemia a ponto de exigir reposição eletrolítica) e efeitos hematológicos 
(anemia). 
Nistatina é um composto estruturalmente semelhante a anfotericina B, que 
também atua se ligando ao ergosterol. É utilizada topicamente no tratamento de 
candidíase que acomete pele, mucosa vaginal e mucosa oral. 
- Inibidores da síntese da parede celular 
As equinocandinas são uma nova classe de medicamentos com ação na síntese 
da parede celular fúngica por meio de inibição não competitiva da síntese de β-
(1,3)-D-glicanas. A perca da integridade da parede celular resulta em estresse 
osmótico, lise da célula fúngica e, por fim, morte do fungo. Os principais 
representantes dessa classe são a caspofungina, micafungina e anidulafungina. 
Caspofungina é indicada como terapia primária para candidíase esofágica e 
candidemia, terapia de recuperação para infecções causadas por Aspergillus e 
terapia empírica para neutropenia febril. Micafungina é utilizada em casos de 
candidíase esofágica, profilaxia antifúngica em receptores de transplante de 
células-tronco hematopoéticas, candidemia e aspergilose pulmonar. 
Anidulafungina é administrada para tratamento de candidíase esofágica e 
candidemia. 
No geral são bem toleradas podendo-se observar sintomas relacionados com 
liberação de histamina, cefaleia, febre (mais comum com caspofungina), provas 
de função hepática anormais e, raramente, hemólise. 
Referências: 
PRINCÍPIOS de farmacologia a base fisiopatológica da farmacologia. 3. Rio de Janeiro 
Guanabara Koogan 2014 1 recurso online ISBN 978-85-277-2600-9.

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