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PANORAMA DE COMBATE A CORRUPÇÃO

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Discussões sobre corrupção dominaram a disputa eleitoral neste ano. Seja pela seqüência de escândalos ocorridos nos últimos tempos, ou pelo incremento das estruturas de combate ao problema, o tema entrou na agenda política e, hoje, é uma das grandes preocupações dos brasileiros. De acordo com o Instituto Ibope, o enfrentamento à corrupção é uma das ações que os eleitores querem ver priorizadas pelo próximo governo, superando questões como a redução de impostos e o investimento em infraestrutura.
A preocupação encontra respaldo nos números. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas, o desvio de recursos públicos consome quase 10 bilhões de reais por ano. Com esse total, seria possível construir 538 mil casas populares, que beneficiariam 2 milhões e 100 mil brasileiros.
O cientista político David Fleischer, presidente da organização Transparência, Consciência e Cidadania, ressalta que a corrupção tem impacto direto no bolso de cada cidadão. "Já temos algumas pesquisas que mostram a carga que a corrupção coloca em cima do cidadão, que é, em média, uns 5 mil dólares por ano em cima de cada brasileiro. Quer dizer, com menos corrupção, teríamos mais recursos disponíveis para hospitais, escolas, segurança pública. A corrupção suga recursos públicos que poderiam ser usados em benefício da população" o mesmo raciocínio, o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, Lucas Furtado, destaca que a idéia de que a corrupção teria apenas implicações éticas já está superada ."De alguns anos para cá o que demonstrou foi o seguinte: a corrupção afeta a economia do país, afeta diretamente, por exemplo, a taxa de inflação, para que o cidadão tenha idéia. Você vê: a corrupção afeta o gasto público, no momento em que um contrato é superfaturado; a corrupção afeta a arrecadação tributária. Resultado: o Estado é obrigado a arrecadar mais imposto considerando que vai haver mais um gasto excessivo parte dele desviada e considerando que vai haver também desvio ou fraude na própria arrecadação tributária. Basta citar esse exemplo para o cidadão comum se convencer de que é importantíssimo combater a corrupção porque um dos efeitos, apenas um deles, é o Estado ser obrigado a arrecadar muito mais imposto do que seria necessário para manter as estruturas estatais"
Dimensionar a corrupção é uma tarefa complexa. As organizações que se propõem a essa tarefa utilizam metodologias distintas. A Transparência Internacional, por exemplo, adota o Índice de Percepção da Corrupção, baseado em pesquisas desenvolvidas por institutos e universidades de cada país. A entidade define a corrupção como o abuso do poder estabelecido com fins de lucro pessoal. Pelo ranking da Transparência Internacional, o Brasil está em uma posição intermediária, mas o cientista político David Fleischer acredita que a posição brasileira irá piorar no próximo relatório a ser divulgado neste ano. Já o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário analisou mais de 222 mil casos de desvio de recursos públicos ocorridos desde 1990 para estimar que o Brasil perde, anualmente, 234 bilhões de reais, o que equivale a 32% de toda a arrecadação anual de impostos. O cálculo também leva em conta os prejuízos decorrentes da ineficiência administrativa. O presidente do Instituto, Gilberto Luiz do Amaral, destaca os problemas identificados a partir dos resultados desse estudo." O estudo demonstra que a maior parte dos casos a sociedade acaba não conhecendo as irregularidades, tanto por superfaturamento das obras públicas, pela subtração dos recursos públicos e pela ineficiência estatal. E depois pela demora entre a apuração e o julgamento final, leva mais de 10 anos para que os agentes sejam efetivamente punidos e, em muitos dos casos, quando o processo chega ao final, a pena já está prescrita’’ Devido a esses problemas, o presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário defende mais empenho tanto na identificação, quanto no julgamento de casos de corrupção. Para isso, seria necessária uma maior profissionalização da gestão pública, com incremento dos investimentos em fiscalização. Estima-se que, para cada real investido em fiscalização, os cofres públicos economizam mil reais.

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