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Módulo 6 - Justiça Restaurativa e Negocial

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institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 
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 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 
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Sumário 
OBJETIVO DO MÓDULO............................................................................................. 6 
MEDIAÇÃO POLICIAL: CONCEITO E DELIMITAÇÕES ............................................. 6 
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6 
2. MEDIAÇÃO POLICIAL: NOVAS PERSPECTIVAS NA SEGURANÇA PÚBLICA. 11 
3. ASPECTOS CRÍTICOS PARA IMPLEMENTAR A MEDIAÇÃO POLICIAL. .......... 16 
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 23 
JUSTIÇA RESTAURATIVA/DIALÓGICA E A EXTRAJUDICIALIZAÇÃO DE 
CONFLITOS POR MEIO DA MEDIAÇÃO ................................................................. 28 
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 28 
2. A SEGURANÇA PÚBLICA E O ACESSO À JUSTIÇA. ......................................... 29 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 35 
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 37 
ANÁLISE DOS PROGRAMAS SOBRE MEDIAÇÃO DE CONFLITOS DO PODER 
JUDICIÁRIO, A DEFENSORIA PÚBLICA E O MINISTÉRIO PÚBLICO DOS ESTADOS 
BRASILEIROS ........................................................................................................... 39 
1. ANÁLISE DE PROGRAMAS JUDICIAIS DE MEDIAÇÃO DE CONFLITOS NO 
BRASIL. ..................................................................................................................... 44 
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 52 
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 55 
PRÁTICA DA MEDIAÇÃO POLICIAL NA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR. 
EXPERIÊNCIA DE PESQUISA NO NÚCLEO ESPECIAL CRIMINAL - NECRIM DA 
CAPITAL DE SÃO PAULO. ....................................................................................... 57 
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 57 
2. AS DELEGACIAS DE DEFESA DA MULHER NO CONTEXTO DA VIOLÊNCIA 
DOMÉSTICA. ............................................................................................................. 58 
3. NECRIM E MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS PARA 
CONCRETIZAÇÃO DO DIREITO FUNDAMENTAL DE ACESSO À JUSTIÇA. ........ 64 
4. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 69 
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 71 
SEGURANÇA CIDADÃ E POLICIAMENTO COMUNITÁRIO E ANÁLISE DOS 
PROGRAMAS SOBRE MEDIAÇÃO DE CONFLITOS NO BRASIL NA SEGURANÇA 
PÚBLICA .................................................................................................................... 73 
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 73 
2. ANÁLISE DOS PROGRAMAS SOBRE MEDIAÇÃO POLICIAL NO BRASIL NA 
SEGURANÇA PÚBLICA. ........................................................................................... 79 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 91 
 
 
 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 
5 
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 94 
EXPERIÊNCIAS DE MEDIAÇÃO DAS POLÍCIAS IBERO-AMERICANAS ................ 97 
1. META ..................................................................................................................... 97 
2. OBJETIVOS ........................................................................................................... 97 
3. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 98 
4. DESENVOLVIMENTO DOS NÚCLEOS CONCEITUAIS ........................................ 99 
4.1 ANÁLISE DOS CONGRESSOS IBERO-AMERICANOS DE MEDIAÇÃO 
POLICIAL. .................................................................................................................. 99 
5. ATIVIDADES ........................................................................................................ 113 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 113 
7. RESUMO .............................................................................................................. 114 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 116 
 
 
 
 
 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 
6 
OBJETIVO DO MÓDULO 
 
Sejam bem-vindos ao sexto módulo de nossa pós-graduação em 
Segurança Pública e Atividade Policial. 
Neste momento vamos abordar tema essencial aos profissionais 
encarregados da aplicação da lei, relacionado ao contexto de Justiça 
Restaurativa e Negocial, como novo modelo de Segurança Pública. 
Para tanto, contamos com a participação da Mestre em Direito Patrícia 
Pacheco. 
Desejamos a todos bons estudos. 
MEDIAÇÃO POLICIAL: CONCEITO E DELIMITAÇÕES1 
1. INTRODUÇÃO 
 
O inimigo aqui é aquele com quem você ainda não conversou. Analisar 
um método voltado ao dialogar e escutar para construir a paz, esse é o maior 
objetivo da presente pesquisa. Os conflitos marcam e temos que aprender com 
eles, já que não seremos os mesmos após ele. No divórcio continuam as partes 
unidas por uma família que segue e vão ser avós, bisavós, portanto, os conflitos 
são situações da convivência humana. Quando as pessoas se relacionam 
podem surgir conflitos, de necessidades ou de interesses, logo, o conflito é parte 
essencial da vida, podendo ser até tido como etapa para nossa evolução. 
A percepção e a interpretação da realidade, em regra, é muito subjetiva, 
quando duas pessoas contam o mesmo fato veem de formas diferentes, cada 
um vive a situação de forma diferente, de acordo com as experiências já vividas. 
Em um conflito é natural cada um querer defender a sua visão, e histórias 
diferentes se apresentam para o mediador que ajuda a construir uma história 
compartilhada, em que as pessoas possam reconhecer o respeito à diferença. 
 Em sistemas heterocompositivos temos um terceiro decidindo e no 
autocompositivos, as próprias partes chegam a um acordo. O juiz não está na 
média das partes, ele tem que tomar uma decisão que vá em favor de um ou de 
 
1 Conteúdo apurado pesquisa apresentada para a XIX Edição dos Cursos de Pós-graduação em Direito para 
reconhecimento acadêmico complementar aos títulos próprios da UCLM, de pesquisadora internacional, 
sob orientação do Prof. Dr. Juan Pablo Isaza Gutierrez. 
 
 
 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 
7 
outro, por isso não é um legítimo conciliador. Nas composições, um dos maiores 
valores é a flexibilidade de se adaptar as chaves e códigos de comunicação do 
outro, e quem melhor o desenvolve é o mediador, que tem que gerar uma escuta 
ativa a fim de chegar ao que o outro necessita. A mediação é uma disciplina 
jovem, que está em construção, mas com humildade, vem buscando agregar 
uma estrutura prática e teórica eficiente e eficaz. 
 O terceiro/mediador também tem uma imagemdo que estão lhe falando, 
e respeitar os valores que trazem as partes deve ser feito por ele com a função 
da neutralidade. Deve ele construir uma narrativa onde as partes possam se 
sentir acolhidas, modificar a visão de que as posições não possam ser recebidas 
de forma simultânea. Os interesses devem ser mostrados como compatíveis, e 
para isso deve-se questionar os interesses e posição das partes para passar de 
posição, para necessidades e interesses, com questionamentos como: Para que 
necessita disso? Porque é importante para você? O que precisa obter com isso? 
O conflito pode ser positivo ou negativo, e sempre deve ser visto como 
uma oportunidade. No conflito temos outros valores que vão além do econômico, 
e sua resolução no futuro gera uma reciprocidade, pois normalmente estamos 
mais predispostos a fazer favores a quem já nos tem feito favor ou concessão. 
Tentar a colaboração, ao invés da competição das partes, numa expectativa 
futura, guiada para a solução do conflito, e as necessidades de cada um somente 
fica clara, quando se chega aos seus interesses. Entretanto, uma negociação 
pode não sair como se gostaria, mas sempre está mais próxima da satisfação 
de ambos. 
Uma definição de mediação é basicamente ouvir a interpretação do fato 
para cada uma das partes, e essa, inclusive, seria a posição inicial das partes a 
ser defendida no processo judicial. Com esses elementos busca-se mudar o 
ponto de vista de um sobre o outro, o que se faz possível com o diálogo, gerando 
emoções e empatia por se sentir ouvido. Os valores que envolvem o processo 
de mediação são de trazer a reflexão sobre o que a parte tem a perder com a 
resolução do conflito. Entender a preocupação de cada um, sobre o conflito. 
Detalhar o conflito, e o direito que cada parte tem. Entender os valores e respeitar 
as suas diferenças para criar um novo espaço de relação, por exemplo, no 
âmbito da família podem se expor as consequências das condutas das partes 
que vão refletir no núcleo familiar. 
 
 
 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 
8 
Por isso, deve-se evitar a todo custo a perda de confiança no processo, 
já que se prejudica a própria negociação. As cartas que se colocam a mesa 
devem ser certas. A traição de confiança, gera desconfiança e agrava o conflito. 
Eleger critérios de legitimidade, ter a informação necessária para se tomar a 
decisão, com isso se amplia o cenário de negociação gerando mais opções, 
como um apoio familiar ou de proteção. Nesses casos, pode-se numa 
negociação estreitar as relações sociais, e com isso os valores que a negociação 
gera. E sabe-se que por vezes, o indispensável em uma negociação é se utilizar 
da empatia, pois as pessoas podem ter bloqueio emocional, que pode gerar 
ameaças imaginárias, e portanto, sempre que se negocia deve-se buscar gerar 
opções, que gerem outras alternativas e outras opções. 
Os litígios, em geral, são os reclames em direitos e obrigações sobre um 
objeto. A positivação de um conflito configura um litígio jurídico, que vem com a 
lei essa conversão. Um problema é uma dificuldade material, e com a 
subjetivação, percepções e sentimentos gera-se o conflito. Quando se viola a lei 
temos um culpado de um lado, e um inocente do outro, e justamente a falta de 
assunção de responsabilidade é que gera o litígio jurídico. Deixar de lado a 
subjetividade que cada parte coloca sobre o problema, e se voltar ao problema, 
essa é a função do mediador, qual seja, ir além do conflito interpessoal. 
A medição deve se iniciar com uma sessão informativa, seguida de 
sessões exploratórias do conflito. Não existe conflito simples, ele sempre é 
complexo, por isso a importância de clarear as ideias sobre ele. Assim como o 
mediador deve deter a maior quantidade de informações para tomar a melhor 
decisão, por isso a importância das sessões. Juridicamente, na atualidade, 
quase tudo tem consequências jurídicas, e a mediação não carrega essa carga, 
em razão de seus princípios. O resgate da ética para além dos direitos, e da 
confiança nas relações sociais, e o mais importante que ser detentor de direitos 
é estar ciente e responsável da necessidade do cumprimento de suas 
obrigações. 
 São princípios da mediação: a neutralidade; facilitar a comunicação, 
escuta ativa; empatia; encontrar a compatibilidade dos interesses; 
confidencialidade (do mediador e das partes); boa-fé; imparcialidade. Todos eles 
voltados para se obter uma satisfação de interesse por acordo voluntário, além 
do resgate do respeito entre as partes. A incompatibilidade gera conflito, e a 
 
 
 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 
9 
discussão surge com incompatibilidade de objetivos. Modificar a percepção 
encaminha para a resolução dos conflitos com a empatia, ou seja, tentar ver o 
que o outro vê, e com isso o que desaparece é o objeto do conflito com a 
compatibilidade de objetivos. 
Quando retiramos a emoção e a subjetividade do caso concreto 
chegamos ao problema. Cada pessoa tem seus próprios valores, educação e 
experiências, que são seus marcos de referência de como cada pessoa passa 
pelo problema. Sempre as duas partes têm razão, por isso que o 
resolvedor/mediador de conflitos não pode se vincular a uma parte ou a outra, 
mas deve estar na busca da neutralidade. As emoções anulam a razão gerando 
dificuldade do pensar. As emoções sequestram a razão. Adultos ao longo da 
vida vão perdendo a faculdade para reconhecer o seu funcionamento emocional, 
assim de como expressar as emoções, e os homens em especial, pela 
concepção heteronormativa da sociedade, não são educados para expressar as 
emoções. Os homens em nossa sociedade, são educados para serem Homens. 
Além disso, as emoções muitas vezes são entendidas como uma reação 
animal ou primitiva do ser humano. Aquela situação que não temos o controle, 
com uma duração de tempo mais breve que o sentimento. Por isso, emoções 
devem ser trabalhadas antes da tentativa de resolução de conflitos, pois podem 
até gerar uma incapacidade de discernimento, questão de estudo nas diversas 
disciplinas jurídicas. As partes devem estar aptas a pensar e racionalizar o 
problema, e os mediadores são gestores do conflito e não terapeutas, portanto, 
não trabalham com a emoção simplesmente, mas podem ter suporte de uma 
rede de atendimento a proporcionar tal serviço aquele que necessite. 
Com o uso da comunicação assertiva, de frases diretas e fáceis de 
assimilar, essas são necessárias na atuação do mediador, para facilitar a 
comunicação entre as partes, o uso correto das etiquetas de linguagem e de 
perguntas abertas. Acessar a pastas cerebrais que são subconscientes, e que, 
portanto, as pessoas não têm controle. Passar a verdadeira razão do problema 
do nível inconsciente, para consciente, com maior facilidade. Abrir o acesso 
subconsciente da ajuda das partes para solucionar o conflito, conseguindo a sua 
efetiva colaboração. Além do uso de recursos comunicacionais, como as 
técnicas de programação neurolinguística, tudo visando facilitar o trabalho de 
comunicação entre as partes. 
 
 
 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 
10 
Resta ao mediador, ser neutro, não tomando parte, e não prover as partes 
de soluções, mas que elas busquem por si só seus interesses. Com a 
manutenção do equilíbrio das partes o mediador deve buscar que elas mesmas 
encontrem seu ponto em comum, como um agente de promoção da mudança da 
realidade. O fracasso ou o ganho não pertencem ao mediador, mas sim as 
partes. A mediação é um processo transformativo em que sempre se chega a 
algo, e nunca se perde. 
O que fazer para aperfeiçoar uma visão mais positiva sobre o conflito? 
Deve-se trabalhar sobre os conceitos. Uma pessoa em conflito não tem a 
mentalidade clara, o conflito distorce a percepção. Preparar as partes paraque 
estejam dispostas a mudar sua percepção, com objetivo final de não apenas 
chegar em um acordo, mas na transformação das relações. O mediador 
transformativo opina, mas nunca sobre o acordo, e fala desde o que está 
analisando, com a técnica de devolução do que está vendo. Ver e devolver o que 
se vê para as partes, essa é a mediação transformativa, sempre buscando algo 
de positivo nos lados da relação. 
O mediador ajuda na relação e comunicação para que se tenha o 
desenvolvimento do que é interesse, e de quais são as opções, e a legitimação 
do acordo. Para que as partes saiam de posições, para opções de solução do 
conflito. Trazer as pessoas para o círculo de valores. Saber o porquê a pessoa 
tem aquela posição para que vire interesses, e seus critérios objetivos para trazer 
a legitimação ou visão de justiça para a satisfação do que está querendo, e se 
há outras possibilidades dentro do que se tem como interesse. 
Tenta o mediador que as pessoas entrem em acordo, principalmente 
quando as partes não sabem negociar por si mesmas. Ser duro com o problema, 
mas suave com as pessoas. Sentir-se parte, incluído, “colocar os sapatos do 
outro”, com uma comunicação eficaz, assertiva e empática, com escuta ativa, e 
buscar uma relação positiva com a comunicação verbal e não verbal. Promover 
uma paz positiva, aquela que atua sobre a violência (obra de Johan Galtung), 
diferente, portanto, de uma paz negativa, em que não se faz nada, e o não fazer 
nada significa uma posição de passividade de indiferença frente aos problemas 
alheios, que em algum momento pode se transformar em seu problema. 
Com os mediadores prestigiados no Direito Processual, estaria se 
prestigiando a própria pacificação social. Porque, o mediador caminha junto com 
 
 
 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 
11 
a parte e seu conflito, diferente do advogado que entrega o conflito da parte ao 
juiz. Seria o justo e a justiça caminhando juntos, restaurando a responsabilidade 
nas relações sociais. O estudo sobre o trabalho do mediador policial, que se 
desenvolverá ao longo desta pesquisa, mostra o desempenho de mais esta 
missão desafiadora das instituições policiais de todo o mundo, uma perspectiva 
determinante a Segurança Pública para o próximo século. 
2. MEDIAÇÃO POLICIAL: NOVAS PERSPECTIVAS NA 
SEGURANÇA PÚBLICA. 
 
Nem se põe vinho novo em odres velhos; de outro modo 
arrebentam os odres, e derrama-se o vinho, e estragam-se 
os odres. Mas vinho novo é posto em odres novos, e ambos 
se conservam. (Mateus 9:14-17) 
O sistema judicial como está definido e com suas tradições precisa pôr a 
mediação fora desses odres velhos, e as novas perspectivas do Direito 
Processual Brasileiro podem estar trazendo odres novos para essa mudança de 
tradição. O uso de terminologias jurídicas afasta as partes do esclarecimento de 
seus direitos e de seus interesses. Poder se expressar e protagonizar o processo 
de resolução do conflito, a instrução probatória facilitada com o poder da palavra, 
valendo muito mais a relação entre as partes, do que as provas processuais na 
resolução do conflito. São as novas técnicas, conceitos e práticas orientadas a 
pacificação social, incluindo-se entre elas a mediação policial. 
A carga de insatisfação que vem gerando o Processo Penal atualmente 
ao ofendido é clara, principalmente por se sentir alheio ao que ocorre no 
processo, e a busca da satisfação da lei e não do interesse do ofendido ainda 
resta presente. Precisamos resgatar a presença do real prejudicado no 
processo, e a violação da lei com uma atenção secundária, invertendo o que hoje 
se faz presente em nosso sistema processual. As pessoas em geral têm medo 
do processo porque desconhecem, e essa desconfiança gera uma ansiedade 
que prejudica até mesmo a busca da verdade processual e a produção de 
provas, e esse envolvimento emocional pode prejudicar a necessária análise 
neutra por parte do juiz. 
 
 
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12 
Considera-se pela doutrina Herman Goldstein, no livro Police as problem 
solvers de Nova York e Londres, editora Plenum Press, de 1991, como o 
idealizador do policial como um profissional capaz de resolver problemas, com 
função além de repressora, e se dedicou o autor a esse tópico como uma 
prioridade em seu trabalho. Alguns modelos colocados em prática, como a 
chamada SARA (Scanning, analysis, response, assessment) desenvolvida nos 
Estados Unidos (1987), consistindo em identificar o problema, analisá-lo, agir 
para mitigá-lo e verificar se a resposta funciona, modelo usado até 1995, 
sofrendo revisão pelo próprio Goldstein, que considerou a polícia focada em 
resolver problemas imediatos dos cidadãos, mas a iniciativa dos agentes pouco 
dedicada a prevenção ou a redução dos problemas da comunidade. (LORENTE, 
2004, p. 32) 
O conceito de mediação policial trata da mediação oferecida pela polícia 
no âmbito da instituição policial, feita sob custódia da polícia e por policiais 
envolvidos no caso. A sua força reside na confiança que os cidadãos colocam 
nos próprios policiais. A implementação da mediação tem desenvolvimento 
ligado a mediação comunitária na ótica de gestão de conflitos. “No entanto, não 
é suficiente para a polícia querer, também requer o envolvimento de líderes 
políticos, que devem entender que a mediação policial é um investimento que 
produz economias.”2. (REDORTA, GALLARDO, 2014, p. 08). 
Mediação entendida como a intervenção em um conflito por 
um estranho, a fim de ajudar as partes a resolvê-lo sem a 
intervenção do sistema judicial não é uma noção nova. Ao 
longo dos séculos, as comunidades assumiram a tradição 
de designar terceiros para esse fim através dos chamados 
“patriarcas”, “líderes” ou “sábios”. No entanto, a mediação 
como mecanismo regulado fez aparição nos anos setenta 
nos Estados Unidos durante o “boom” de criação de 
instituições “alternativas” diferentes ao litígio, através das 
quais as pessoas resolviam seus conflitos sem recorrer à 
 
2 Con todo, no basta con que la Policía quiera, se necesita también la implicación de los líderes políticos, 
que han de partir de que la Mediación Policial es una inversión que produce ahorro. 
 
 
 institucional@iejur.com.br /iejur @iejur (61) 99643-0807 
13 
justiça. (GUTIERREZ, SERJE, OLIVELLA, 2018, p. 139, 
tradução nossa)3 
A integração a comunidade como um importante aliado para solver os 
conflitos locais, assim como necessária a definição de uma tipologia de conflitos, 
em que casos se pode intervir e quais instrumentos utilizar, é o chamado modelo 
de polícia comunitária ou de proximidade. A polícia por estar essencialmente 
integrada a sociedade sofre diretamente as mudanças sociais e assim a 
necessidade de acompanhar as novas formas de justiça que vêm se 
promovendo, como a Justiça Restaurativa, uma mediação aplicada ao campo 
penal. (LORENTE, 2004, p. 33) 
O Direito regula a vida, mas a vida vai muito além do Direito, as soluções 
das questões da vida devem ser mais amplas. Reconhecer humildemente a 
incapacidade dos juristas de prever todas as possibilidades sobre todos os casos 
concretos, e humildemente aceitar a mediação como um caminho possível para 
também contribuir para uma melhor compreensão das relações humanas. A 
medição possui uma metodologia participativa, que vem funcionando e 
promovendo mudanças nas comunidades em que perpassa, com mediadores 
que tem consciência social, instigando a perguntas desestabilizadoras dos 
preconceitos, para que as partes desconstruam seus próprios argumentos por si 
mesmas. Sua maior ferramenta é o diálogo, para explicitar o discurso e falar 
daquilo que não que se quer falar. 
O mediador neste ponto é o policial que favorece o protagonismo da 
comunidade e da instituição a que pertence, em detrimento do seu, preferindo o 
trabalhoem equipe, tanto com os colegas quanto com os cidadãos, para além 
de um simples gestor de convivência. Esses aspectos podem às vezes significar 
prescindir de uma atitude sancionadora e de pressão coercitiva, para fazer uso 
da persuasão sobre o possível violador para que entenda que seu 
 
3 La mediación entendida como la intervención en un conflicto de una persona ajena a este con el fin de 
ayudar a las partes a solventarlo por si mismas sin la intervención del sistema judicial no es una noción 
novedosa. A través de los siglos, las comunidades han asumido la tradición de designar terceros con este 
fin a través de los llamados «patriarcas», «lideres», o «sabios». No obstante, la mediación como mecanismo 
regulado hizo su aparición en la década de los setentas en Estados Unidos durante el boom de creación de 
instituciones «alternativas» diferentes al litigio, mediante las cuales las personas podían resolver sus 
conflictos sin recurrir a la justicia. 
 
 
 
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14 
comportamento não é cívico. “Entender que a lei é um meio para construir a 
convivência e não um fim em si mesmo […] nos referimos a uma polícia usando 
como "arma" a empatia, a não diretividade, e a humildade de quem se reconhece 
aluno de todos, na aprendizagem das realidades das quais é necessário partir.” 
4 (REDORTA, GALLARDO, 2014, p. 05) 
precisamente a melhor maneira de lutar contra conflitos 
atuais e até mesmo com os vindouros de qualquer índole, é 
precisamente contribuir para uma sociedade mais 
igualitária, livre e justa e, onde seja possível construir um 
projeto de vida em comum, compartilhar e precisamente 
nesta área é onde a cultura de Mediação e, por extensão, a 
Mediação Policial pode ser um instrumento de especial 
utilidade... por isso que consideramos particularmente 
importante o compromisso político pela Mediação Policial 
como investimento em convivência que contribui para o 
fortalecimento social, o que aproxima a Administração ao 
povo, tornando-se uma ferramenta estratégica para fazer 
uma contribuição para a saúde social, assumindo, em suma, 
um investimento na paz.5 (REDORTA, GALLARDO, 2014, 
p. 08) 
 Visando a medição policial a diminuição de conflitos que se apresentam 
no cotidiano de uma comunidade local, evitando que estes problemas se 
escalem para outras instâncias, fazendo entender que a paz não significa 
ausência de conflitos. Além de ensinar a perdoar a si mesmo e ao próximo, 
fortalecendo os vínculos entre os cidadãos e a convivência na comunidade, logo, 
 
4entender que la ley es un medio para construir la convivencia y no un fin en sí mismo… Nos referimos a 
un policía que utiliza como “arma” la empatía, la no directividad y la humildad de quien se reconoce alumno 
de todos en el aprendizaje de las realidades de las que es necesario partir. 
5 precisamente la mejor forma de luchar contra los conflictos actuales y aún con los venideros de cualquier 
índole, es precisamente contribuir a una sociedad más igualitaria, libre y justa y donde sea posible construir 
un proyecto de vida en común, compartido, y precisamente en este terreno es donde la cultura de la 
Mediación y por extensión la Mediación Policial puede ser un instrumento de especial utilidad… por eso 
consideramos de especial relevancia la apuesta política por la Mediación Policial como inversión en 
convivencia que coadyuva a la fortaleza social, que aproxima la Administración al pueblo, convirtiéndose 
en herramienta estratégica para hacer una aportación en salud social, suponiendo, en definitiva, una 
inversión en paz. 
 
 
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15 
o trabalho dos mediadores resultam em um compromisso por um país melhor, e 
proporciona as condições necessárias para o exercício de direitos e liberdades 
públicas. (CRUZ, MEDINA, 2017, p.76-79) A importância da mediação para que 
a pessoa primeiro: 
reconheça suas debilidades, pontos fortes, e o mais 
importante é aprender sobre o perdão, a reconciliação, 
projeto de vida, controle do medo e a inteligência emocional, 
entre outros fatores, emoldurados dentro das dimensões do 
ser humano, que ele deve conhecer para trabalhar um 
constante crescimento pessoal.6 (CRUZ, MEDINA, 2017, 
p.82) 
 As partes no processo judicial somente no final tem o poder sobre fazer 
cumprir a decisão, mas não são reconhecidas durante todo o processo como 
protagonistas do conflito, e essa é a principal vantagem do procedimento 
colaborativo. Em especial, nos conflitos familiares temos questões de alta tensão 
emocional e a mediação faz a responsabilidade de resolver o conflito recair sobre 
as próprias partes. Muitas vezes, em tentativas de acordos em geral, as partes 
não sabem se estão negociando bem, e sempre têm certa desconfiança e 
insegurança de se fazer acordos, com o mediador firma-se um acordo com maior 
legitimidade e há o suprimento da vulnerabilidade das partes. O mediador com 
conhecimento jurídico evita problemas de legalidade do acordo lavrado, ou seja, 
acordos contrários ao Direito que não tenham possibilidade futura de execução 
judicial. O Delegado de Polícia possui grande habilidade na seara penal, o que 
possibilita assegurar o fiel cumprimento do direito das partes, além de ser neutro 
pela natureza do cargo público que desempenha. Em São Paulo- Brasil, vem 
desempenhando o papel de mediador policial com grande êxito nos Núcleos 
Especiais Criminais - NECRIM`s, como se verá mais adiante no capítulo que 
trata das experiências brasileiras de resolução de conflito. 
Os juízes e advogados se apropriam dos conflitos, é necessário que os 
devolvam as partes. Todos devem se sentir chamados para a construção de uma 
 
6 Reconozca sus debilidades, fortalezas, pero lo más importante es aprender sobre el perdón, la 
reconciliación, el proyecto de vida, manejo de los temores y la inteligencia emocional,entre otros factores, 
enmarcados dentro de las dimensiones del ser humano, que se deben conocer para trabajar en un constante 
crecimiento de la persona. 
 
 
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16 
paz duradoura, mudando alguns comportamentos para se chegar a ter outra 
perspectiva frente a forma de resolver os conflitos. Mudar a imagem institucional 
da polícia incluindo a faceta do mediador que dá apoio imediato a comunidade, 
aquele que detém o ponto de equilíbrio das ideias, é um caminho lento, mas 
seguro, avançando na raiz dos problemas da comunidade com diálogo e 
conciliação.(CRUZ, MEDINA, 2017, p.86-87) 
3. ASPECTOS CRÍTICOS PARA IMPLEMENTAR A MEDIAÇÃO 
POLICIAL. 
 
Um conceito básico de mediação, essencialmente, trata-se da 
intervenção de um terceiro neutro e imparcial no conflito, e neste ponto, já 
surgem questionamentos sobre seu uso na seara policial. A polícia tem uma 
atuação neutra mas limitada, pois tem por base a tutela de direitos fundamentais 
vinculando a sua manutenção a própria ordem pública, e sua atuação pode não 
ser neutra quando se está diante da necessidade de proteção desses direitos. 
Ainda que se proponha que as partes ajam com voluntariedade em aceitar ou 
não a mediação, estão diante da intimação de uma autoridade e de alguma forma 
o poder público está desejando intervir naquela relação conflitiva e as partes 
normalmente esperam que a atuação policial seja de dar razão a uma delas e 
punindo o errado. (LORENTE, 2004, p. 30-32) 
Especificamente para a polícia, se falarmos sobre o agente 
que está atuando, ele se encontra em situações de natureza 
pública ou que acontecem na rua, de modo que a 
confidencialidade é afetada. Muitas vezes as violações à lei 
o impedem que seja neutro, outras vezes as partes não 
esperam uma solução negociada senão simplesmente que 
lhes dê razão (claro que cada um a tem). Ou seja, a polícia 
tem reais dificuldades objetivasse você quiser praticar a 
mediação de acordo com os parâmetros clássicos que são 
 
 
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17 
estudados nos manuais de mediação. (REDORTA, 
GALLARDO, 2014, p.04, tradução nossa)7 
Outro parâmetro também arraigado nas expectativas dos cidadãos é a 
polícia como uma fonte de proteção, e portanto, tendenciosa a parte mais 
vulnerável, com isso indispensável a prática da mediação com parâmetros de 
evolução, requerendo tempo de atuação, justamente para buscar nivelar a 
relação que se apresenta, evitando curtas intervenções ou atuação sob pressão. 
Por esse motivo, também se mostra importante a atuação da mediação policial 
logo na fase inicial do conflito. Acrescidos esses aspectos a uma prática com 
limites legais bem estabelecidos, e com agentes instruídos em uma teoria 
estruturada e com o apoio institucional, estará a mediação policial instituída 
como uma ferramenta a serviço da sociedade. (LORENTE, 2004, p. 41-42) 
A séria implementação da mediação requer um 
compromisso político de longo prazo e estratégias globais 
de curto e longo prazos. Tudo isso condiciona a eficácia do 
treinamento. Isto é, por que se tem que formar e como deve 
ser aplicada a formação, incluindo as pessoas que têm que 
fazê-lo. Lembramos que, em qualquer caso, além da 
improvisação e do voluntarismo. Tudo isso justifica que você 
tenha que refletir sobre alguns aspectos que são muito mais 
profundos do que as habilidades de treinamento 
necessárias. E isso nos leva a mudar as 
atitudes.(LORENTE, 2004, p.43, tradução nossa8) 
Por isso, da importância de se fazer mediação policial evitando o modismo 
ou uma necessidade de seguir a atual tendência de Justiça. A mediação como 
 
7 Específicamente para la policía, si hablamos del agente que está sobre el terreno se encuentra en 
situaciones de carácter público o que transcurren en la calle, por lo que la confidencialidad está afectada. 
Muchas veces las vulneraciones de la ley existentes impiden que sea neutral, otras veces las partes no 
esperan una solución negociada sino simplemente que les den la razón (por supuesto cada uno la tiene toda). 
Es decir, la policía tiene verdaderas dificultades objetivas si quiere practicar la mediación de acuerdo a los 
parámetros clásicos que se estudian en los manuales de mediación. 
8 La implantación seria de la mediación requiere una apuesta política a largo plazo y estrategias globales a 
corto y a largo plazo. Todo esto condiciona la eficacia formadora. Es decir, por qué se tiene que formar y 
cómo tiene que ser aplicada la formación, incluyendo a las personas que tienen que hacerla. Recordamos 
que,en todo caso, más allá de la improvisación y del voluntarismo. Todo esto justifica que se tenga que 
reflexionar sobre algunos aspectos que van mucho más enllà delas habilidades de formación necesarias. Y 
esto nos lleva al cambio de actitudes. 
 
 
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um recurso eficaz para que a polícia vá além da atuação de manutenção da 
ordem ou força pública, uma autoridade profissional legitimada pela qualidade 
dos serviços que presta a sociedade. Além de uma forma eficaz de prevenção 
da escalada delitiva quando aplicada a pequenas alterações da ordem pública, 
assim como a delitos de menor potencial ofensivo, que são a grande demanda 
da atividade policial. E para a doutrina, "parece claro que a área em que a 
mediação policial é mais eficaz tem a ver com o contexto de policiamento 
comunitário, isto é, um contexto em que as relações interpessoais com a polícia 
podem ser diferentes de um contexto de patrulhas anônimas.”9 (LORENTE, 
2004, p. 37) 
Outro embargo forte para o uso da mediação é de que ela pode ser usada 
para dilação, ainda maior dos conflitos, não sendo visto como um caminho 
eficiente para sua solução. Por isso, necessário o acolhimento do Direito 
Processual da mediação como uma fase do processo ou pré-processual, ou 
incentivo para que as partes tenham ao menos o conhecimento da existência 
desse caminho, isso promoveria uma mudança deste embargo, para uma efetiva 
forma de se promover justiça. Uma obrigatoriedade mitigada ao se incentivar o 
conhecimento sobre o que é a mediação para que se tenha vontade de participar 
de seu processo. A vontade surgindo a partir do conhecimento do caminho que 
se vai seguir, afastando o medo e a ansiedade das partes. 
A mediação policial vai além da resolução de problemas, 
pois afeta a mudança de atitudes de quem a pratica, pois 
sua função passa do controle social para o exercício desse 
controle com formas mais ligadas às relações interpessoais 
e exercendo a autoridade de maneira diferente […] A 
mediação policial é uma ferramenta de trabalho, mas 
também é algo mais do que uma ferramenta, na medida em 
que introduz aspectos de mudança na própria cultura da 
 
9 Parece claro que el ámbito en el que la mediación policial es más efectiva tiene que ver con el contexto 
de policía comunitaria, es decir, un contexto en el que las relaciones interpersonales con la policía pueden 
ser diferentes de un contexto de patrulla anónima. 
 
 
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organização e das relações com a comunidade. 10 
(LORENTE, 2004, p. 38, tradução nossa) 
Conforme aponta a doutrina os principais fatores para que a polícia não 
aproveite de todo o potencial que a mediação proporciona são: obstáculos dentro 
da organização; visão tradicional do papel da polícia, e os policiais não se vêem 
como mediadores. (LORENTE, 2004, p. 34) A mesma doutrina aponta algumas 
recomendações para resolver tais questões, sendo que o principal, já apontado 
e que se mostra como uma grande dificuldade brasileira, é a falta de instituição 
da mediação policial como uma política pública de Estado. “As experiências 
mundiais de mediação policial são insuficientes, extraídas de outros contextos 
culturais e condicionadas por uma prática de mediação pouco ajustada à prática 
policial.”11 (REDORTA, GALLARDO, 2014, p. 08) 
Difundir uma cultura policial que vá além da simples aplicação do Direito, 
para se ter um instrumento hábil a solucionar conflitos e pacificar a sociedade. 
Um trabalho multidisciplinar comunicando-se os saberes, para formar 
profundamente mediadores policiais como grandes profissionais com 
aperfeiçoamento profissional em Direito, Psicologia e Resolução de conflitos. A 
mediação de conflitos faz parte de uma cultura que não pode ser vista de forma 
isolada, pois a negociação é algo inerente ao próprio ser humano, e nas relações 
humanas está presente em todo o momento da vida. 
Necessária a incorporação oficial de programas de mediação e dos 
métodos alternativos de resolução de conflito, com policiais profissionalizados 
com técnicas adequadas e padronizadas de atuação e aplicáveis, visando 
aperfeiçoar ainda mais o trabalho policial e sua proximidade com a comunidade 
local. Podendo a mediação policial ser um caminho para se alinhavar uma rede 
de serviços voltados a Justiça Restaurativa, assim como trazer uma melhor 
organização aos serviços sociais. (LORENTE, 2004, p. 34-35) 
 
10 La mediación policial va más allá de la resolución de problemas, porque afecta al cambio de actitudes de 
los que la practican, puesto que su función pasa deser de control social a ejercer este control con formas 
más vinculadas a las relaciones interpersonales y ejerciendo la autoridad de diferente manera […] La 
mediación policial es una herramienta de trabajo, pero también es algo más que una herramienta en la 
medida que introduce aspectos de cambio en la propia cultura de la organización y de las relaciones con la 
comunidad. 
11 Las experiencias mundiales de mediación policial son insuficientes, extraídas de contextos culturales 
ajenos y condicionadas por una práctica de la mediación quese ajusta poco a la práctica policial. 
 
 
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Dadas as colocações anteriores, para enfrentarmos os pontos críticos 
doutrinariamente apontados sobre a medição policial, deve a organização 
policial, que desejar estabelecer em sua estrutura tal serviço, necessariamente: 
fixar os limites de atuação, assim como em quais casos e os recursos de solução 
de conflitos que se aplicam; o fator tempo na intervenção; a aplicação dos 
critérios da proporcionalidade, adequação da medida, intervenção mínima e 
discrição. Todos esses critérios e, ainda, tendo-se por base que a distância social 
e o grau de exigência da lei são condicionantes básicos da mediação policial. 
(LORENTE, 2004, p. 38-39) Com estes critérios podemos concluir que 
estaríamos em condições de definir os objetivos autênticos da atuação policial, 
quais sejam: proteger a lei; evitar tensões e garantir a percepção de segurança. 
(REDORTA, GALLARDO, 2014, p. 06) 
é fundamental o consentimento dos cidadãos que são os 
que valorizam o que é bom, mais do que o que é legal, e há 
situações em que o importante não é chegar a um acordo 
definitivo para encerrar o problema, mas conseguir que as 
pessoas recuperem ou estabeleçam sua capacidade de 
diálogo, de escuta, de respeito mútuo, isto é, assumindo a 
certeza de sua capacidade de resolver conflitos por meio de 
uma via que não necessariamente tenha que ser 
adversarial.12(REDORTA, GALLARDO, 2014, p.06, 
tradução nossa) 
Outro aspecto que fomentaria a prática de mediação policial é a conexão 
do âmbito penal com o civil na ideia de pacificação social, como por exemplo, 
nos crimes decorrentes dos conflitos de família, temos a necessidade de 
manutenção da relação civil e social, e em muitos desses casos está presente o 
elemento emocional e econômico, e são casos que as demandas judiciais não 
vêm acarretando a efetiva pacificação social. Necessária a solução caso a caso, 
com a atenção a família para que tenha tratamento de forma adequada, pois as 
 
12 Una vez más hay que recordar que es clave el consentimiento de los ciudadanos que son los que valoran 
lo que es bueno más que lo que es legal, y que hay situaciones en que lo importante no es llegar a un acuerdo 
definitivo que cierre el problema, sino conseguir que las personas recuperen o establezcan su capacidad de 
diálogo, de escucha, de respeto mutuo, es decir que asuman la certeza de su capacidad para resolver los 
conflictos por una vía que no ha de ser necesariamente la adversarial. 
 
 
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demandas judiciais fragilizam os seus componentes, sendo ideal nesses casos 
o uso de círculos colaborativos. Necessidade também de se integrar esses 
serviços a um só sistema, uma campanha de investimentos públicos para 
implementação desses serviços, em especial de forma conjugada do penal com 
o âmbito civil de família, como um serviço social a serviço da sociedade civil. 
Reconduzir e questionar os conflitos e suas consequências nos espaços 
públicos e privados, em especial no âmbito da família, reduzindo também o risco 
de alienação parental, e melhor condução dos processos de divórcio. 
Melhorando a convivência, controlando o nível de conflitividade, e evitando os 
efeitos negativos decorrentes do fim das relações familiares. Preservar e 
melhorar a convivência social, mediante a aplicação de medidas sustentáveis no 
próprio âmbito comunitário. 
Com a ampliação do rol de mediadores e outras maneiras de poder 
acompanhar as partes, além de outros tipos de mediação, como a mediação 
comunitária. Sempre buscando gestionar, prevenir e mediar os conflitos, com 
várias medidas para resolução, com várias estratégias de resposta. A mediação 
é transversal, por exemplo, um patrulhamento de rua pode abordar adolescentes 
consumindo álcool, casos de violência familiar, conflitos de vizinhança, entre 
outros, por isso é necessário que se tenha um treinamento apropriado para cada 
abordagem. A intervenção mediadora deve estar ajustada às características e 
necessidades do local para desenvolver a mediação como um recurso de 
utilidade, para se evitar, principalmente, os conflitos de baixa intensidade, e 
quando reiterados podem se converter em conflitos de alta intensidade. Com 
isso, o que se busca é também reduzir o número de queixas e processos, os 
custos processuais, e se evitar o próprio risco do surgimento da violência. 
As Delegacias de Polícia são, desde sua criação, detentoras dos dados e 
das informações sobre os conflitos sociais, já que lavram registro das 
ocorrências (criminais e não criminais) e no Brasil, inicialmente instauram o 
Termo Circunstanciado (procedimento para crimes de menor potencial ofensivo) 
e Inquéritos Policiais (para apuração das infrações penais de médio e alto 
potencial ofensivo), e poderiam de forma unificada fazer um traslado de 
informação para os serviços de resolução de conflito, também policiais, para que 
estes identifiquem as necessidades e as exigências para a solução do conflito. 
Detendo a informação dos casos que deve intervir, é possível desenvolver a 
 
 
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mediação como um serviço público de proximidade. Uma vez que, os policiais 
de mediação em um trabalho de coordenação, e direcionado a comunicação 
permanente com a polícia local, estariam orientados a escutar, observar e 
interagir diretamente no conflito. 
A pacificação por mediação de policiais para que melhore a convivência 
entre a polícia e a comunidade. Policiais têm caráter mediador por essência em 
sua formação. A ideia de desenvolver um programa de mediação deve partir da 
própria polícia como um serviço social, oferecido pela polícia local e de forma 
gratuita para ampliar e incentivar o seu uso, como uma perspectiva de mudança 
de paradigmas e de sua cultura tradicional. 
Entender o método não como alternativo mas o método mais adequado 
ao caso concreto, uma visão mais ampla de satisfação do direito, deve 
principalmente partir da Justiça e dos profissionais do Direito, de oferecerem 
esses métodos mais adequados. Ressaltando sempre a importância de usar a 
judicialização como último recurso para o caso concreto. Atender as 
necessidades autênticas dos cidadãos, e não apenas ao processo com uma 
visão estreita do Direito. 
 
 
 
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JUSTIÇA RESTAURATIVA/DIALÓGICA E A 
EXTRAJUDICIALIZAÇÃO DE CONFLITOS POR MEIO DA 
MEDIAÇÃO 13 
1. INTRODUÇÃO 
 
Atualmente na dinâmica processual brasileira tem-se quase uma 
comunicação não verbal, pois o excesso de formalismo faz com que os 
jurisdicionados não entendam tamanha formalidade. Há necessidade de um 
novo sistema de Justiça, atualizado com o mundo globalizado, ou seja, mais 
tecnológico, moderno e célere. A consciência coletiva deve ser reformulada 
sobre o que se pensa sobre a mediação de conflitos, mudando os paradigmas, 
assim como alterar a visão sobre os próprios problemas, gerando a empatia 
sobre o que o outro pensa, sente, diz e faz. Enxergar a situação de conflito que 
não se está enxergando, por vezes, uma violência cultural e estrutural. 
O essencial para essa mudança de paradigma é ter a concepção de cada 
sistema cultural, como por exemplo, na visão latino-americana os valores de 
empatia são importantes para uma conexão emocional, já na visão anglo-
saxônica, tem-se uma cultura arraigada sobre o valor de ganhadores e 
perdedores. Além disso, necessária a análise dos vínculos sociais da emoção 
de cada povo, e a análise da própria cultura dos relacionamentos sociais, ou 
seja, de como as pessoas se relacionam. Perguntar-se como é construída essa 
sociedade, que mantém as estruturas do Estado, e se ele colapsa, o que resta é 
a sociedade antes formada, portanto, parte-se do sistema social para se instituir 
o que se tem como sistema de Justiça. 
Diante desse cenário, incorporar a essência de mediar e conciliar na 
convivência diária é um grande desafio. Há diferentes formas de se viver em 
cada país, deve-se, portanto, buscar um modelo de cultura mediadora e uma 
 
13 Conteúdo apurado do artigo: A SEGURANÇA PÚBLICA NO ACESSO À JUSTIÇA EM UMA 
SOCIEDADE GLOBALIZADA E TECNOLÓGICA elaborado sob orientação da Profa. Dra. Samantha 
Ribeiro Meyer-Pflug Marques, apresentado no GT “As medidas para efetivar o acesso à Justiça e proteção 
às minorias”, em 06/06/2019, no IV SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE COOPERAÇÃO 
ACADÊMICA "Estado, governança e sustentabilidade: desafios da democracia no contexto da sociedade 
de risco no século XXI” realizado em 05 e 06 de junho de 2019 na UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO 
–UNINOVE - Campus Vergueiro. 
 
 
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cultura de paz. Avançar no pluralismo jurídico abarcando os costumes ao direito 
positivo, pois dentro do sistema jurídico de um país temos o interculturalismo, 
daí a importância de abranger os vários direitos locais, e com isso ter uma 
postura de respeitar o multiculturalismo, evitando que um suposto desrespeito, 
possa vir a acirrar as adversidades. 
2. A SEGURANÇA PÚBLICA E O ACESSO À JUSTIÇA. 
 
Enquanto essa mudança de paradigma não ocorre, precisa-se de uma 
medida para nossa atual época de conflitos, e eles parecem aumentar como 
consequência das tensões da modernidade, em especial com o desemprego e 
empobrecimento. Situações que desembocam nas Delegacias de Polícia, um 
confronto com situações do passado, que ainda se fazem presentes, e que 
estarão no futuro se não houver mudança de paradigmas. A retomada de uma 
medida do passado que ultimamente tem se mostrado obsoleta no mundo 
moderno, qual seja, o diálogo. Propondo-se seu resgate com a mediação policial, 
já que não será alcançado “um mundo melhor em um ambiente globalizado e 
cada vez mais complexo fazendo a mesma coisa que sempre fizemos”. 
(REDORTA, GALLARDO, 2014, p. 02, tradução nossa) 
As Nações Unidas reconhecem dezenove formas de resolução de 
conflitos também chamadas de ADR (Alternative Dispute Resolution), MESC 
(Medios Extrajudiciales de Solución de Conflictos) e na expressão francesa 
MARC (Moyens Alternatifs de Résolution de Conflicts), que tratam de um 
conjunto de recursos extrajudiciais para resolução de conflitos, que podem incidir 
no sistema de Justiça de forma independente, complementar ou integrativa. 
“Entre eles, um dos mais importantes é a mediação. Tão importante que tende a 
ser confundido com a própria ADR […], como algo que todos nós fazemos de 
uma maneira mais ou menos espontânea (produto social) ou como um todo no 
campo da resolução de conflitos.” (REDORTA, GALLARDO, 2014, p. 03-04) A 
mediação está legitimada nas disposições do Código de conduta das Nações 
Unidas de 1979. 
A mediação é um método idôneo, portanto, além de alternativo e 
complementar ao processo judicial, pois permite que as pessoas falem dos seus 
interesses, resgatando seu espaço que hoje está mais ocupado pelo Direito e o 
 
 
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poder. Busca trazer maturidade para as partes, e a responsabilidade de 
resolverem seus conflitos, proporcionando um relacionamento mais fraternal e 
solidário. 
Esse método na polícia a faz ir além do simples cumprimento da lei. O 
Poder Judiciário brasileiro tem sido marcado pela característica da lentidão em 
fazer cumprir as leis, em uma sociedade cada vez mais ágil, e uma Justiça que 
muitas vezes nem chega a resolver o conflito, apenas sentencia, sem uma 
política de prevenção e de efetiva pacificação social. Necessária uma nova 
perspectiva de Administração Pública mais eficiente e efetiva aos seus cidadãos. 
Importante também se faz a mudança de perspectiva do cidadão sobre a polícia, 
que atualmente não é positiva. Buscar o que seria desejável com uma atitude 
focada no futuro melhor que todos nós queremos. A polícia como uma “instituição 
viva, que avança, que se adapta à nova realidade, e que se mantém em 
permanente processo de mudança e modernização.”(REDORTA, GALLARDO, 
2014, p. 01-04, tradução nossa). Acentuam Redorta e Gallardo que: 
garantir uma futura cooperação social, essencial para enfrentar os 
atuais desafios e futuros no mundo de hoje. E muitas vezes, esse 
esforço da comunidade tem que ser articulado em torno do trabalho 
coordenado das autoridades locais, a fim de identificar 
adequadamente problemas e encontrar soluções que reduzam 
riscos e gere uma cultura de segurança dos cidadãos, melhorando 
a coexistência e a qualidade de vida das pessoas. (REDORTA, 
GALLARDO, 2014, p. 02, tradução nossa) 
No Brasil há grande interesse na seara policial de se promover a 
mediação policial, ainda que com programas incipientes e falta de uma 
estruturação como política de Estado. Em países Ibero-americanos, em especial 
na Espanha, nos últimos anos, tal temática tem despertado interesse nesse 
recurso sobre os conflitos na vida cotidiana. É, portanto, um movimento vivo e 
relativamente intenso, mas muito recente, com “opiniões contraditórias ou 
contrárias a respeito, e que a atual cultura policial e a estrutura da organização 
policial fazem com que seja necessário atuar com cautela ao utilizar recursos 
inovadores e mudar conceitos básicos, como no caso da mediação.” (LORENTE, 
2004, p. 29-30, tradução nossa) 
 
 
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O progresso nesta área está estritamente interligado com a necessidade 
de instituição de uma política estatal que fomente uma pacificação social pela 
mediação dos conflitospor policiais, assim teríamos uma formação técnica e 
jurídica específica para cada caso no âmbito policial, e não apenas uma 
mudança de atitude face ao conflito. A mediação, centralmente, determina uma 
nova concepção sobre a dinâmica das relações de poder, sobre o conceito de 
autoridade, e com isso traz uma reflexão sobre quem tem o poder de decisão 
sobre o conflito. (LORENTE, 2004, p. 30) 
A paz se assenta na justiça, e a sentença como forma de dirimir conflitos 
pode ser considerada uma forma de se conter a violência, mas não está, 
atualmente, efetivamente, promovendo a solução dos conflitos e a pacificação 
social. Os juristas e os juízes trabalham no plano das normas, sem se 
aprofundarem no problema e nos reais interesses das partes. A parte ao 
judicializar o conflito abre mão da responsabilidade de resolvê-lo, uma abdicação 
em favor de um terceiro rompendo as relações e fomentando a agressividade, 
que traz a disputa. 
Os advogados, em nome de seus clientes, são pessoas que discutem um 
caso alheio a eles com interesse focado na melhor forma de beneficiar seu 
cliente, e não especificamente em resolver o conflito e restaurar os vínculos. 
Esse último aspecto é o foco da mediação, o mediador está em um plano que 
não se tem o poder como base, pois entendedores do conflito e não apenas do 
Direito como são os juristas. Traz o estudo profundo dos conflitos com base no 
fato, para aplicar não apenas uma solução jurídico-normativa. 
O Direito regula as relações de poder e ao juiz de direito incumbe dizer o 
direito, decidir as relações humanas gerenciando o poder. A mediação, assim 
como a mediação policial, possui dois fundamentos, quais sejam: a aplicação de 
um método diferenciado sobre a relação de poder, em que as partes não se 
valham da autotutela e a criação ou resgate da confiança entre as partes. “É hora 
de entender e assumir que a mediação policial é capaz de responder a um 
modelo policial adaptado à realidade social, na convicção de que a atitude 
repressiva e penitencial não produz os resultados esperados, porque não é 
suficiente.” (REDORTA, GALLARDO, 2014, p. 06, tradução nossa) 
Há inefetividade na resolução do conflito quando imposta por um poder 
instituído que não proporciona um efetivo conhecimento das partes de seus 
 
 
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direitos e deveres no caso concreto. O Direito busca estabelecer normas para 
que sejam internalizadas e consequentemente seguidas, isto é, a efetividade da 
norma. Contudo, as relações jurídicas nem sempre são alcançadas pelas 
normas jurídicas, e os conflitos sociais surgem e o Direito pode não dar a solução 
adequada. 
A vontade/necessidade de justiça entra em conflito com o próprio Direito, 
e a inefetividade das normas gera mais conflitos sociais. A atual sociedade 
brasileira vê o Direito com menos efetividade, o que vem gerando um inevitável 
descrédito das normas jurídicas. O sistema de justiça colapsa na medida em que 
muito se pede por justiça, mas muitas demandas judiciais restam pendentes, 
demonstrando de certa forma, inefetividade do próprio Direito. Quanto mais 
conflitos sobem aos tribunais, mais abastados ficam, e como consequência 
passa a decidir com morosidade. 
O desejo da sociedade é que o conflito seja resolvido, e quanto mais se 
democratiza essa possibilidade, mais voz tem os cidadãos para resolverem seus 
conflitos. A Justiça na fase de execução tem a preocupação voltada para o 
processo em si, foco na justiça por sentença declaratória, e não a eficácia ou 
eficiência com a efetiva execução. Um sistema excessivamente garantista 
dificulta a efetividade dos processos, já que tem foco no autor, esquecendo o 
tratamento das vítimas durante o processo. O autor nem sempre é condenado, 
e o sistema penal é atualmente insatisfatório para a vítima, tanto na questão 
indenizatória, quanto na execução processual. 
O que se propõe é a gestão de conflitos de forma nacional, por uma 
política pública institucionalizada, mas seguindo as culturas locais. O mundo 
globalizado vem gerando uma necessidade de um Direito cada vez mais 
abrangente e unificado, e de alguma forma generalizado. Acima de tudo, deve o 
Direito favorecer as pessoas, e não ao conflito, incentivar para que se tenha 
acordos e desincentivar a demanda, mas não pelo caminho de impor ônus 
judiciais, pois isso é onerar ainda mais o acesso à justiça, o que devemos é 
entendê-lo assim como ele é, ou seja, um direito fundamental. 
São direitos fundamentais, estritamente interligados a ideia de segurança 
pública: a preservação da vida, da integridade física e moral. Contudo, a vida em 
sociedade apresenta constantemente riscos, podendo resultar em eventos 
danosos, assim como também no medo está um mecanismo de controle social. 
 
 
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E a liberdade é o risco que mais se assume socialmente, que gera insegurança, 
mas dentro de limites aceitáveis, pois "uma sociedade só avança inovando, 
cometendo erros e, portanto, assumindo riscos.”(REDORTA, GALLARDO, 2014, 
p. 03, tradução nossa) E seguem os mesmos autores: 
Segurança é, obviamente, uma percepção. É o sentimento de não 
se sentir ameaçado por outras pessoas, nem pelas circunstâncias 
da natureza. Mas atualmente existe um desfecho entre segurança 
e liberdade. Parece que níveis mais altos de segurança exigem 
força, menos liberdade, e isso em escala universal. Nós 
argumentamos que esta é uma abordagem errada. Mais segurança 
implica mais confiança no outro. A dialética seria melhor se 
disséssemos isso, para mais confiança, mais segurança e mais 
liberdade. (REDORTA, GALLARDO, 2014, p. 03, tradução nossa) 
O medo é sentimento presente nos mediados, de que alguém vai lhe 
causar dano, prejuízos e perdas se ele ceder a um acordo, e no julgamento 
judicial também se faz presente o medo do resultado da sentença. Além também 
do medo de errar e se equivocar, inerente ao ser humano. Na mediação temos 
recuperado o direito de reconhecer os erros, de mudar de opinião, refletir para 
gerar alternativas. Ter o direito de decidir pelo melhor caminho, mesmo que 
diferente do que inicialmente se pensava. As partes são autoras de sua própria 
biografia. Em especial o direito de ir, e abandonar a mediação se reconhecê-la 
como impraticável para seu conflito. Nesse sentido, especial importância a 
voluntariedade, pois protegidos pela confidencialidade. 
O mediador ajuda a dizer e a ouvir, e contribui para a manutenção da 
convivência, principalmente, nos casos familiares. Somos seres ordenados 
linguísticamente, e por isso a importância do uso assertivo da comunicação, algo 
que não se tem preocupação no âmbito do Direito. Mudar as palavras que 
resultam em culpabilizar ou criticar, tentar tirar as partes destas discussões, 
conduzindo a um processo de comunicação. O conteúdo que as partes têm, o 
mediador vai gerir esse conteúdo, direcionado para a solução do conflito. 
Evitando que as partes conversem de forma conflitiva, mas sim com 
assertividade. O comunicar sem ofender. É ser duro com o problema e suave 
com as pessoas, direcionando a responsabilidade para solucionar o problema 
 
 
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pelas próprias partes. O uso do comportamento assertivo tanto na comunicação 
verbal, quanto na não verbal. 
 As pessoas têm conflitos, mas sempre tem pontos em comum. A 
mediação não é melhor que outro sistema, mas mais adequado para a solução 
ao caso quando assim definida. Entender o conflito não como positivo ou 
negativo, mas que vivemos em conflitos constantemente. Quando se tem um 
conflito, se tem a oportunidade para que tudo vá a melhor ou a pior. A ideia de 
conflito muda, e por isso se fala em cultura de mediação na mediação 
transformativa, para melhor usar os processospacíficos, como a mediação, do 
que processos mais agressivos, como o processo penal. Dar uma possibilidade 
de melhora a situação social tem uma conotação ética e moral dos valores. 
É o mediador em suas duas vertentes. Primeiro, como um profissional 
habilitado para a observação, análise e diagnóstico do conflito, desde a 
proximidade com o caso concreto, com elaboração de propostas proativas e 
preventivas que facilitem a implementação de uma alternativa sustentável a 
comunidade. Assim quando busca a compatibilidade entre os direitos das partes, 
e fazê-las compreenderem o fato em sua amplitude. E segundo, o mediador é 
um profissional também habilitado para desenvolver processos de mediação que 
resolvam conflitos concretos da própria comunidade, derivados de um serviço de 
mediação, quando institucionalizado. 
Nessa mediação comunitária, no encontro comunitário é importante que 
todas as pessoas presentes vejam o outro como igual, dando oportunidade para 
que todos se apresentem, e todos se escutem, para que ao final possam mudar 
suas opiniões. Criar um espaço participativo de confiança para que todos 
possam falar, e escutar para se ter todas as percepções sobre todos os fatos, e 
promover informação verdadeira sobre os fatos afastando os rumores e falsas 
notícias, para que a informação esteja a serviço da solução de conflitos. 
Retomando sobre a advocacia, em razão da cultura jurídica, está presente 
um forte lobby de manutenção dos conflitos, de não incentivar a efetiva solução 
dos conflitos, ainda que se esteja promovendo nesta instituição uma recente 
mudança de paradigma, falta uma mudança da própria mentalidade do que se 
ensina nas universidades. Falta ainda a alteração da cultura jurídica, e os 
agentes do Direito se verem como efetivos promovedores da paz social. Com o 
uso da porta adequada para cada caso concreto (método multi-door courthouse 
 
 
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cf. Frank Sander), entendendo que a justiça não é só a sentença, mudando essa 
cultura para modificar a estrutura da Justiça, e com isso efetivamente 
implementar esses métodos mais adequados de solução de conflitos no cerne 
de seu próprio sistema. 
Os advogados são academicamente treinados para irem aos tribunais e 
não para oferecer soluções alternativas para os casos que se apresentam. 
Necessária a mudança de atitude na busca do uso do método mais adequado 
de justiça, pois resta claro que justiça não é apenas a que se obtém dos tribunais. 
Assim, a Justiça deve avançar ao século XXI para atender aos interesses 
e necessidades de todos que lhe recorrem. Uma solução jurídica e legal nem 
sempre é a necessidade do conflito, muitas vezes tem aspectos emocionais e 
relacionais não explorados. O juiz no conflito não entra nestas questões mais 
estreitas, sentimentais, e as partes em muitas ocasiões, vão descumprir aquela 
sentença porque inconscientemente ou conscientemente ela não satisfaz, e o 
conflito permanece. 
A mediação de conflitos por advogados proporciona aprofundar sobre o 
conflito e as necessidades deste cliente, um atendimento mais intimista com 
busca das informações sobre o problema pelo qual o cliente passa. Informar 
adequadamente ao cliente é um dos fatores mais importantes para que ele tome 
a decisão mais adequada sobre seu caso, e uma das maiores dificuldades atuais 
é a falta de advogados com este propósito de aplicação do Direito. Convidar ao 
procedimento colaborativo, como a mediação policial, no ideal de que advogados 
também façam parte desta rede colaborativa, e isso poderia partir no Brasil pela 
Ordem dos Advogados (OAB) e universidades com a promoção de cursos desta 
temática. O que se tem ainda é a desconfiança, e se evitar esse direito 
colaborativo, por isso a importância da criação de grupos dessas práticas para 
compartilhar o conhecimento e gerar o fortalecimento da técnica, em um trabalho 
cooperativo entre a Polícia, o Poder Judiciário e a Advocacia. 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A Justiça deve promover um sistema que gere a solução do conflito, e o 
advogado, juntamente com um sistema de mediação policial institucionalizado, 
seriam um grande guia para se formar um novo paradigma de Justiça. Para que 
 
 
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os tribunais saturados de processos apenas possam ser usados para casos mais 
adequados, por conflitividades extremas, como por exemplo, a interpretação de 
normas jurídicas. Buscar uma negociação baseada nos interesses das partes, 
para superar os sentimentos das pessoas de não se sentirem acolhidas por 
nosso atual sistema de justiça, que não foi estruturado para que as partes falem, 
mas para que seu advogado fale por elas, o que vem reforçando o sentimento 
de incapacidade e a não autorresponsabilidade. Adaptando um programa de 
meios mais adequados de solução de conflitos para o mundo do Direito, a cada 
um de seus vários ramos, e analisando como se promover e implementar cada 
vez mais métodos mais adequados às conflitividades. 
O volume de execuções é atualmente muito alto para a quantidade de 
sentenças, e isso reflete a insatisfação das partes sobre o resultado do processo. 
Necessário buscar uma mudança radical de mentalidade dos operadores do 
Direito, em médio/longo prazo, para que venham a adotar a via mais adequada 
para a solução do conflito a ele exposto. Resta claro que o viés econômico, 
temporal e emocional tem uma compensação muito maior na mediação do que 
no processo judicial. Assim como, a economia colaborativa também é um fator 
em desenvolvimento, para que se tenha uma melhor distribuição da riqueza na 
sociedade, é também algo que se deve agregar, sobretudo, contra os grandes 
conglomerados econômicos que se beneficiam com a proliferação de causas 
judiciais e com a morosidade da justiça. 
 
 
 
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