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Ética e Trabalho

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Prévia do material em texto

Ética e Trabalho
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Silvio Pinto Ferreira Junior
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
O Que é Ética?
• O Que é Ética e o Que é Moral? Qual a Diferença Entre Elas?
• Racionalidade e Liberdade;
• Civilização e Valores.
• Fornecer a base teórica e conceitual sobre “o que é ética”;
• Provocar uma refl exão que permita aprofundar-se nas principais análises sobre o com-
portamento humano.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
O Que é Ética?
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de 
aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE O Que é Ética?
Contextualização
Ao longo de nossa vida, na escola, na família, no trabalho, pode ser que tenha-
mos ouvido muitas vezes a palavra Ética, sempre relacionada a decisões a serem 
tomadas, rumos a seguir, procedimentos a adotar e ao julgamento de condutas de 
indivíduos ou Instituições.
Figura 1
Fonte: Getty Images
Entretanto, estudando a história da constituição da Ética como disciplina de pen-
samento filosófico, veremos que a forma como a palavra ganhou a vida cotidiana é 
um pouco diferente de seu significado original ou mesmo acadêmico. 
Aquilo que, normalmente, as pessoas entendem por Ética, veremos que se trata 
do entendimento de uma Moral ou moralidade. 
Além de compreender, portanto, o que significa Ética e seu desenvolvimento, 
é preciso que se faça uma revisão dos conceitos e das atitudes que regem o com-
portamento humano, para compreender as formas de sociabilidade com as quais 
lidamos em outros momentos históricos e também no que estamos inseridos.
Vamos iniciar com o estudo introdutório à Ética, buscando a compreensão de 
sua importância e e complexidade em tempos atuais.
8
9
O Que é Ética e o Que é Moral?
Qual a Diferença Entre Elas?
O que é a coragem? O que é a justiça? O que é a piedade? O que é a 
amizade? A elas, os atenienses respondiam dizendo serem virtudes. Só-
crates voltava a indagar: O que é a virtude? Retrucavam os atenienses: 
É agir em conformidade com o bem. E Sócrates questionava: Que é o 
bem? (CHAUÍ, 1997, p. 339)
Conceituação
Em nossa rotina diária, frequentemente, nós nos encontramos diante de situa-
ções diversas, nas quais somos levados a tomar decisões que dependem daquilo que 
consideramos bom, justo ou moralmente correto.
Todas as vezes que isso ocorre, as decisões tomadas envolvem um julgamento 
moral da realidade, a partir do qual vamos nos orientar.
De acordo com o que dizia Aristóteles: “A característica específica do homem 
em comparação com os outros animais é que somente ele tem o sentimento do 
bem e do mal, do justo e do injusto e de outras qualidades morais” (COTRIM, 
2002, p. 263).
Se, segundo Aristóteles, o homem tem conhecimento do que é bom ou mal, do 
que é justo ou injusto etc., então, podemos dizer que o homem age no mundo de 
acordo com valores.
Vamos com calma, que isto ainda não é a Ética, mas esse preâmbulo é impor-
tante para chegarmos lá.
Na época em que Aristóteles viveu, a ideia de indivíduo que temos hoje não 
existia, nem mesmo a de cidadão. Eram considerados cidadãos apenas os homens 
nascidos na pólis, sendo excluídos despossuídos, estrangeiros, mulheres e escravos, 
como veremos com mais detalhes, adiante.
A comunidade se organizava em torno desse conjunto de pessoas consideradas 
cidadãs, e aquilo que Aristóteles chama de “homem” pouco tem a ver com o que 
consideramos “sujeito”, “indivíduo”, “homem” e “mulher” a partir da era moderna 
e da Revolução Francesa de 1789, quando o que identificamos ao ler essas palavras 
foi inaugurado historicamente.
Por que é importante levar isso em consideração? O que isso tem a ver com Ética?
Bem, em primeiro lugar, essa informação nos possibilita perceber que a ação 
dos seres humanos no mundo e a própria compreensão de ser e comportamento 
humano são históricas.
9
UNIDADE O Que é Ética?
Cada período e localidade dirá muito sobre como o que compreenderemos como 
sistemas de valores se estrutura em culturas e moralidades.
A segunda coisa é que, de antemão, podemos perceber que mesmo que algu-
ma coisa nos pareça universal e ou natural, existente desde sempre, esse senti-
mento é ilusório.
Todo valor ou lei foi um dia construído por grupos sociais, indivíduos ou sujeitos 
vinculados a formas de ver o mundo distintas, particulares. Pronto, chegamos aon-
de precisávamos.
A constituição e a aplicação desses valores dependem da forma como o homem 
(do tempo de Aristóteles) ou o indivíduo (de nosso tempo) vê o mundo que o rodeia, 
e a partir de então age de acordo com suas noções que são compartilhadas em 
comunidade em um determinado momento.
Os valores ainda não é a Ética. Um conjunto deles construído por uma Socieda-
de forma um sistema a partir dos quais avaliamos nossas decisões, compreendemos 
o que é adequado ou não, o que é justo ou não, o limite entre o meu bem-estar e o 
do outro que não sou eu.
Isso diz respeito à Moral.
Moral: é um conjunto de normas que orienta o comportamento humano, tendo como base 
os valores próprios a uma dada comunidade, podendo coexistir no mundo diferentes e va-
riados tipos de moral.
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Como as comunidades humanas são distintas entre si, tanto no espaço quanto 
no tempo, os valores também podem divergir de uma comunidade para outra, o 
que origina Códigos Morais diferentes.
A Moral, portanto, é o conjunto de normas e condutas reconhecidas como ade-
quadas ao comportamento humano por uma dada comunidade humana.
Ela estabelece princípios de vida capazes de orientar o homem para uma ação 
moralmente correta de acordo com aquele sistema de valores determinado.
Podemos dizer que pertence ao vasto campo da moral a reflexão pautada em 
perguntas fundamentais como:
• Como posso agir da melhor maneira para ser justo?
• Para guiar minha vida adequadamente, quais valores devo escolher?
• Existe uma hierarquia de valores a ser seguida? O que é prioridade?
• Quais são as práticas que devo assumir como pessoa e como cidadão ou cidadã?
Como se vê, a Moral está muito relacionada à consciência do indivíduo na rela-
ção com o sistema de valores com o qual ele se relaciona direta ou predominante-
mente (considerando que em Sociedade nos relacionamos com várias), quando ele 
10
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se perguntao tempo todo sobre que atitude tomar ou quando reflete se determi-
nada ação ocorreu de acordo com o que se aprendeu como certo ou apropriado. 
Chamamos a essa reflexão de “Consciência Moral”.
Considerando tudo isso, vamos ao conceito de Ética.
Trata-se do estudo ou da epistemologia dos diversos sistemas de valores, da in-
vestigação de seus pressupostos, ou seja, as concepções sobre o ser humano e a 
existência humana que sustentam uma determinada moral.
Além disso, o pensamento que, não só na esfera teórica, mas relacionada a uma 
ideia de intervenção na realidade, elabora sobre a relação entre esses diferentes 
sistemas, o que nem sempre acontece de forma tranquila.
Ao contrário, como os sistemas pressupõem normas que se pretendem muitas 
vezes universais, o conflito de coexistência é motivo de desentendimentos tão pro-
fundos quanto as guerras, por exemplo. Por isso, também, a questão se relaciona a 
outros campos do saber: a Sociologia, a Educação, outros campos filosóficos, a His-
toriografia, a Antropologia etc. Pensaremos mais adiante sobre isso também, juntos.
Importante!
Você sabia que existem dicionários de conceitos e entre eles há dicionários de Filosofia? 
Escolhi um para mostrar a definição de “Ética” e acender a sua curiosidade por outros 
conceitos trabalhados nesta e em outras Disciplinas.
“Ética (gr. ethike, de ethikós: que diz respeito aos costumes) Parte da filosofia prática 
que tem por objetivo elaborar uma reflexão sobre os problemas fundamentais da moral 
(finalidade e sentido da vida humana, os fundamentos da obrigação e do dever, natureza 
do bem e do mal, o valor da consciência moral etc.), mas fundada num estudo metafísico 
do conjunto das regras de conduta consideradas como universalmente válidas. Diferen-
temente da moral, a Ética está mais preocupada em detectar os princípios de uma vida 
conforme à sabedoria filosófica, em elaborar uma reflexão sobre as razões de se desejar 
a justiça e a harmonia e sobre os meios de alcançá-las. A moral está mais preocupada na 
construção de um conjunto de prescrições destinadas a assegurar uma vida em comum 
justa e harmoniosa” (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2005, p. 97).
Você Sabia?
Podemos recorrer ao mesmo Dicionário para buscar compreender o papel da 
Ética em nossa Sociedade – do ponto de vista do pensamento e da vida social, por 
meio da palavra grega práxis.
Práxis designa uma relação entre a humanidade e a Natureza, constituída a par-
tir da transformação mútua de uma pela outra, por meio do trabalho, mas também 
fala do sentido prático e concreto empenhado em qualquer atividade humana.
Mesmo o pensamento abstrato está, em alguma medida, relacionado a pre-
ocupações e a questões da vida em Sociedade, da relação do ser humano com 
a Natureza e com o modo como a transformamos. Poderíamos, e então chego 
ao nosso ponto, considerar a Ética como uma disciplina filosófica totalmente 
11
UNIDADE O Que é Ética?
empenhada num sentido da práxis – pensamento e vida social articulados orga-
nicamente (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2005, p. 224).
A ideia de práxis irá nos ajudar a compreender também o sentido de debater o 
problema da Ética num curso de Educação, ou quando estamos empenhados em 
pensar nas relações de trabalho hoje, ou em nossa atuação em ambientes de traba-
lho, seja na relação entre profissionais, na relação com o público-alvo de um serviço 
ou atendimento e mesmo na relação com instituições e com o Estado.
Já percebeu como tudo está ligado?
Compreender essas linhas que se interligam nos permite atuar de forma mais in-
tegrada e também mais crítica, quando é preciso se posicionar diante de problemas 
a serem enfrentados.
Como já introduzimos alguns pontos importantes e diferenciamos Ética e Moral, gostaria 
de propor que você busque identificar alguma situação de seu dia a dia em que percebeu 
um choque ou conflito entre diferentes sistemas de valores. Pode ter acontecido com você 
ou com alguém de sua convivência. Já aconteceu de você ter uma compreensão sobre um 
tema, com seu julgamento de valor, e se deparar com outra completamente diferente 
da sua? Como você lidou com ela? O que sentiu a esse respeito? O exercício de coexistir e 
dialogar com outras moralidades parece importante para você para a vida em sociedade? 
Você já viveu alguma situação de intolerância em relação a algo em que você acreditasse 
ou julgasse correto? 
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Percebeu como falar sobre Ética está cada vez mais constante em nossa vida?
Até onde podemos conhecer, os gregos foram os primeiros a sistematizar o pen-
samento sobre o assunto e, desde então, trata-se de um aspecto fundamental para 
o viver em comunidade, com diferenças, acordos, regras e diálogos.
E, por falar nisso, vamos conhecer um pouco mais sobre o que os gregos diziam 
sobre nosso processo de escolha, o que significa liberdade e, para eles, como se 
formulavam os critérios de como agir.
São questões teóricas que nos ajudarão a entender mais profundamente as ques-
tões contemporâneas mais para frente.
Racionalidade e Liberdade
Aristóteles, em suas análises, caracterizou os seres humanos como sendo seres 
racionais, ou seja, que falam e agem de acordo com o que pensam. 
O filosofo concebeu a dimensão anímica ou psíquica (para ele, psique = alma) 
dos humanos como um composto de duas partes: uma racional, por se expressar 
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pela atividade filosófica e matemática, e outra privada de razão, por conta de seus 
elementos vegetativos e apetitivos.
Figura 2
Fonte: Getty Images
Essa análise realizada por Aristóteles permitiu uma hierarquização dos seres 
vivos em seu pensamento.
De acordo com essa dimensão humana, que Aristóteles descreve, a parte da 
alma privada de razão nos iguala a todos os outros animais movidos pelos instintos 
primários como a sede, a fome, o sono e a reprodução.
Somos, portanto, guiados pela necessidade de sobrevivência. Todos os seres 
vivos têm em comum uma necessidade maior e prioritária: resolver o problema 
de encontrar a forma mais prática, duradoura, garantida e/ou menos arriscada de 
sobreviver. Temos a necessidade de alimentos para saciar a nossa fome, de água 
para a sede, de dormir para descansar o organismo, de nos reproduzir por meio da 
atividade sexual e assim perpetuar a espécie.
Se pensarmos por esse prisma, fica então a pergunta: mas o que então nos 
diferencia dos outros animais? 
Segundo Aristóteles, é a racionalidade, a capacidade de conhecer. Nós somos 
capazes de pensar, usar a razão, planejar nossas ações, realizar escolhas e julgá-las, 
determinando seu valor.
Os seres humanos, portanto, identificam-se como tal pelas distinções que são 
capazes de estabelecer com os outros animais e, consequentemente, diferenciam-se 
de todos os demais seres vivos, pois se definem pela capacidade de pensar, falar, 
trabalhar e amar.
13
UNIDADE O Que é Ética?
Somos dotados de sentimentos, de afeto, de memória, sofremos e temos consci-
ência de tudo isso, de modo diferente de qualquer outro animal.
Uma das dimensões importantes da atividade humana é o sonho. As mais antigas civilizações 
humanas lidavam de diferentes formas com aquilo que sonhavam, entendendo, muitas ve-
zes, como conhecimentos, premonições, sistematização de um saber coletivo, enfim. Nossa 
relação com o sonho, contudo, na vida contemporânea, é muito diferente daquela adotada 
por civilizações antigas. Sidarta Ribeiro é um neurocientista estudioso da atividade humana 
do sonho e nos conta um pouco sobre isso em seu livro Oráculo da noite e em algumas 
entrevistas concedidas a portais na Internet, televisões etc. O sonho é parte do pensamento? 
É uma atividade que encontramos apenas no ser humano ou em outros animais? Qual é a 
importância do sonho na vida social? Qual a relação que estabelecemos com isso hoje? Sugi-
ro uma das entrevistas, como tema transversal ao que estamos discutindo. Programa Roda 
Viva com Sidarta Ribeiro. Disponível em: https://youtu.be/E4pO_h3D6jU 
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Figura 3
Fonte: Getty Images
Quando Aristóteles pensou filosoficamentesobre o que considerava homem e 
procurou fazer suas análises sobre esse “animal que pensa”, diferente de todos os 
outros e, portanto, humano, identificou três coisas que controlam sua ação: a sen-
sação, a razão e o desejo.
A primeira, a sensação, não é princípio para julgar a ação, pois também os 
outros animais possuem sensação, mas não participam da ação.
Já a ação é o movimento deliberativo, isto é, a origem da ação é a escolha. 
Portanto, pode-se afirmar, também, que os homens diferem dos demais animais 
porque são capazes de realizar escolhas. Quanto ao desejo, por meio da razão, 
desejamos e racionalmente efetuamos escolhas.
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Para Aristóteles, então, o desejo é a força que impulsiona todas as nossas ações 
que, por meio da razão, ou guiado por ela, conduz nossos desejos ao encontro de 
seu objetivo.
Você consegue perceber que, para Aristóteles, a ideia de razão está ligada a um 
entendimento de natureza humana? 
Aqui, acredito que vale fazer uma pequena pausa para um apontamento e algu-
mas perguntas, para as quais são existe uma única resposta. 
O apontamento é o seguinte: há diferentes correntes de pensamento que defi-
nem a razão de modos muito distintos – compreendendo a posição do ser humano 
e de sua atividade racional como natureza ou não, e mesmo sua capacidade de 
apreensão do real.
Há filósofos que já se perguntaram se podíamos de fato apreender o real com 
nossos sentidos. Outros, definem a razão como um modo historicamente consti-
tuído de pensar, não sendo parte intrínseca da atividade humana, essa forma de 
processar o real através dos sentidos – não dos sentimentos, dos sentidos: olfato, 
tato, visão e audição.
Você já ouviu falar do termo “teleologia”?
Teleologia: (do gr. Telos: fim, finalidade, e logos: teoria, ciência) Termo empregado por 
Christian Wolff para designar a ciência que estuda os fins, a finalidade das coisas, consti-
tuindo, assim, seu sentido, em oposição à consideração de suas causas ou de sua origem 
(JAPIASSÚ; MARCONDES, 2005, p.264).
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E o que isso tem a ver com a razão?
A teleologia caracteriza uma de nossas capacidades mais fundamentais como 
espécie na relação com a Natureza e com o meio em que vivemos.
Somos seres teleológicos, capazes de criar mediações para nossas ações, sem 
estarmos submetidos a uma lógica instintiva de ação. Por exemplo, nós consegui-
mos olhar para um pedaço de tronco e pensar “isso pode ser uma cadeira”, plane-
jar e fabricar a cadeira.
É essa forma de procedência que permite que possamos exercer trabalho – 
planejar ações a partir de nossas necessidades que transformem a Natureza em 
objetos que facilitam a nossa vida.
A questão é ainda mais sofisticada: podemos produzir instrumentos que nos 
ajudarão, por sua vez, a trabalhar melhor a Natureza para a produção de coisas de 
que necessitamos.
Incrível, não?
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UNIDADE O Que é Ética?
O que é importante que você entenda é que há todo um campo de conheci-
mento sobre a questão da razão, do cérebro humano e da forma como realizamos 
atividades. Cada Escola de pensamento pode ler de uma forma. Feito um breve 
parêntese, seguimos com Aristóteles.
Para o autor, as escolhas que realizamos, de forma racional, elegem os objetos 
para o nosso desejo motivado pelo emocional. Dessa maneira, afirmamos nossa 
condição de liberdade de realizar escolhas. A liberdade seria, portanto, a capacida-
de de escolher.
Claro que estamos aqui pensando em termos teóricos, visto que nossa capaci-
dade de escolha precisa estar vinculada, também, à possibilidade de escolha. Nem 
sempre temos a oportunidade de escolher aquilo que somos capazes de escolher, 
dependendo das condições sociais, econômicas etc. em que vivemos.
Os animais não humanos, por outro lado, não fazem escolhas, pois suas ações 
são determinadas pelo padrão genético, portanto, são previsíveis.
Já os humanos, por terem a capacidade de escolher e de planejar suas ações, 
podem se desviar do determinismo que rege o mundo da Natureza. Quando olhamos 
para um filhote de um animal qualquer, ou até mesmo em sua fase adulta, somos 
capazes de imaginar qual será seu futuro comportamento. Quando observamos um 
bebê humano, temos a impressão de que isso se dá do mesmo modo. No entanto, 
apesar de sua dependência e do momento de aprendizado dos primeiros passos da 
vida, de coisas muito elementares para a sobrevivência, já há naquele bebe a capa-
cidade de aprender, de se comunicar, de sonhar, de imaginar caminhos a percorrer, 
diferente de um bebê de outra espécie.
Com tudo isso que pudemos observar até aqui, depreendemos que a capacidade 
de escolher é uma das questões fundamentais que definem a espécie humana. 
Para Aristóteles, os vícios e as virtudes são manifestações de suas escolhas ao lon-
go da vida, norteadas pelo convívio em sociedade repleta de valores acumulados 
pela Educação, pela religião, pela cultura etc., que vamos chamar de valores morais. 
Lembrando-nos apenas de que, no tempo de Aristóteles, o que se entendia por “ho-
mem” é muito diferente daquilo que entendemos hoje por indivíduo.
Como somos capazes de pensar e determinar caminhos, vamos exercer essa ca-
pacidade refletindo sobre algumas questões...
• Quando toma decisões, que critérios utiliza para fazê-lo?
• Quais são os valores que pautam suas ações?
• Quais são os objetivos que pretende atingir e quais serão os meios para concre-
tizá-los? A relação entre meios e fins parece importante para você?
• Toda ação deve ser justa e boa?
16
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• O que determina a justiça e a bondade se não são mais nada além de valores? 
O que é ser justo? Existe uma justiça universal? O que é ser bom, afinal, o 
bem existe?
De certa forma, até agora, pensamos o exercício da liberdade ou a prática da 
razão como conceitos abstratos ou levemente relacionados a questões da realidade. 
A coisa se complexifica, contudo, quando, em nossa reflexão, partimos para a 
práxis, como dissemos anteriormente.
As nossas capacidades e possibilidades estarão mediadas por aquilo que também 
nos edifica como espécie: nosso caráter social.
Em Sociedade, muitas mediações serão criadas para que indivíduos se relacio-
nem e convivam. Na modernidade, os principais mediadores dessas relações são 
as Instituições.
Você consegue pensar em alguma relação que não esteja mediada por Institui-
ções, de algum modo?
São Instituições: a família, a Igreja, a Escola, o Estado, as Leis etc., a quem his-
toricamente foi atribuído o papel de ordenamento da vida social.
Esse ordenamento não está baseado em uma verdade universal, em Leis pétreas 
que são parte de um sistema de valores superior em relação a qualquer outro.
Então, de que modo foi e é construído?
A partir do embate entre diferentes projetos de Sociedade, sistemas distintos 
de valores e luta política que, em confronto, encontrou vencedores e vencidos.
A cultura se erige a partir das tradições que são constituídas a partir desses embates. 
Complexo, não é?
O importante é compreender que nada do que faz parte do que chamamos hoje 
de cultura ou de civilização é natural. Tudo é histórico, mutável, passível de ser ree-
laborado mediante novas lutas políticas, novas (ou velhas) proposições.
Diferente da Sociedade em que Aristóteles viveu, desde o início do que consi-
deramos a Era Moderna, marcada simbolicamente pelas revoluções burguesas, a 
criação dos Estados modernos, a vida nas cidades, o indivíduo passou a ser o en-
tendimento por meio do qual concebemos a vida humana nesse tempo.
Essa compreensão é também histórica, como aquela vivida pelos gregos, e pode 
um dia ter fim. Portanto, a partir de então, passaremos a compreender as questões 
da Ética, do trabalho, da vida em Sociedade, a partir do entendimento de que nos 
compreendemos como indivíduos, unidade valorizada – ao menos nos ideais – na 
vida social capitalista.
17
UNIDADE O Que é Ética?
Você sabia que há diversos debates, aulas e palestras disponíveis na Internet? Você pode 
buscar um autor de que goste ou digitar na barra de busca do Youtubeou outras plataformas 
um conceito sobre o qual gostaria de aprender mais. Muitos eventos acadêmicos são dispo-
nibilizados na íntegra na Rede, tornando-se uma forma de termos acesso a atividades que 
acontecem em outras cidades, estados e até países!
Sugiro, para pensar um pouco sobre a configuração atual do que se entende por indivíduo, na 
relação com a Sociedade, um vídeo do filósofo e professor Vladimir Safatle, comentando um 
livro do psicanalista e professor Christian Dunker, chamado A lógica do condomínio. A comu-
nicação foi feita ao programa Café Filosófico. A lógica do condomínio. Vladimir Safatle, Café 
Filosófico. Disponível em: https://youtu.be/G9s-J_Uy0Js
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A organização da Sociedade, a partir de sistemas de valores eleitos cultural e 
historicamente em processo de luta social, estabeleceu normas a partir das quais a 
convivência deveria se estabelecer.
Há muitos modos de controle dessas normas. Atualmente, os principais são a 
repressão por parte do Estado (o controle) e a Educação (que passa pela Educação 
formal, mas também por outros meios pelos quais os indivíduos são educados). 
O Estado é o principal responsável por essa tarefa na Era Moderna, mas tam-
bém outras Instituições cumprem o papel de educar e disputar os indivíduos para 
suas formas de ver o mundo, como as Igrejas, os Partidos, a Família etc.
Civilização e Valores
No livro O mal-estar na civilização, do criador da psicanálise, Sigmund Freud, 
publicado em 1930, traz uma análise feita pelo autor sobre o avanço da civilização, 
constatando que os seres humanos estão condenados, durante toda a sua existên-
cia, a viver um conflito irremediável entre as necessidades que instigam à concreti-
zação de uma vida em “liberdade” e os entraves que são encontrados na Sociedade 
em que vivem quando se deparam com as “Leis”.
Os diagnósticos de Freud, quando faz uma análise do processo civilizatório, 
apontam para uma reconstrução das ideias clássicas de Aristóteles, quando expõe 
a questão sobre “o que o homem deseja, de mais importante, realizar na vida?”
Não há dúvidas de que todos os seres humanos vivem em busca da felicidade. 
Todos nós queremos ser felizes, mesmo que essa felicidade seja vista por cada um 
de forma diferente.
Para uns ser feliz é ter saúde, para outros é a riqueza; felicidade plena pode ser 
o encontro de uma pessoa a quem se ama e é correspondido, enfim, esse estado é 
percebido e percorrido por cada um de nós de maneira distinta. Dessa forma, con-
cluímos que toda ação humana tem em vista a conquista da felicidade permanente.
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Se a humanidade existe há tanto tempo, então, por que nos afastamos dessa 
meta principal que é a felicidade?
Freud faz uma análise dessa insatisfação constante que se sente por não alcan-
çar nunca a felicidade plena e duradoura, refletindo sobre a Ética civilizatória como 
promessa de felicidade.
O psicanalista aborda as buscas constantes de uma fórmula que não existe nem 
nas Artes, nem na Religião, nem na Ciência e, tampouco, na Filosofia, sendo, 
portanto, esse um dos problemas que incide sobre o destino da Humanidade e, 
por isso, Freud claramente vai apontar que a liberdade e as Leis vão criar um 
conflito irremediável.
Freud inicia seu ensaio conhecido como O mal-estar na civilização com uma discussão so-
bre o que seria a felicidade para os homens, argumentando que, para o homem, essa busca 
constante pelo estado de felicidade plena é o que faz a vida ter sentido. Isso vai se dar de 
duas maneiras resumindo, ou melhor, generalizando bem o pensamento do psicanalista: 
essa busca de felicidade vai se efetivar evitando o desprazer, que causa sofrimento, e a busca 
constante de prazer, o que proporcionaria a felicidade. O direcionamento que o homem dá 
a suas ações para cada um desses sentidos estaria diretamente relacionado ao controle dos 
seus instintos (Para saber mais, leia O mal-estar na civilização. In: Edição standard brasi-
leira das obras completas de Freud. Tradução de José Octávio de Aguiar Abreu. Rio de 
Janeiro: Imago, 1974, p. 73-171, v. XXI).
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No vídeo a seguir, o psicanalista Christian Dunker fala sobre mal-estar, angústia e sofrimen-
to, para o programa Café Filosófico. Disponível em: https://youtu.be/GV-75hpCdJYEx
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Complementando o que já se falou anteriormente sobre Aristóteles, na obra 
citada, os argumentos de Freud nos dão margem para encontrar elementos para 
caracterizar os processos civilizatórios construídos pelos seres humanos.
Essa elevação que se dá ao humano em relação à condição animal pode também 
ser caracterizada pelo que vamos chamar de cultura. O humano é um ser da cultu-
ra. Trata-se de um animal cujo maior desejo é tornar-se humano. Todos nós esta-
mos submetidos ao processo civilizatório. Desde o nascimento até a morte, somos 
atravessados por critérios que sustentam a civilização: o bem e a justiça (GALLO, 
2003, p. 57).
Por fim, fica a questão: como vamos relacionar Ética e civilização? Como se pro-
duz, na prática, a tensão e o diálogo entre o particular e o universal – considerando 
que o particular pode ser um indivíduo, um grupo social etc.?
A Ética, pensada no campo da Lei, leva-nos à mesma conclusão de Freud: ao ob-
ter a posse dos meios de poder e coerção, uma minoria impõe seus valores a gran-
de maioria que resiste. O poder é concebido como essa imposição de uma minoria 
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UNIDADE O Que é Ética?
à grande maioria. Mas a conclusão de Freud nos permite pensar o poder também 
como resistência por parte da maioria. Nesse caso, o Estado aparece como o gran-
de gerenciador desse conflito, por meio de seu sistema de leis e práticas de coerção 
como, por exemplo, a prisão (GALLO, 2003, p. 57). 
E considerando que toda forma de organização é historicamente constituída, 
você conseguiria imaginar outros meios para coibir comportamentos individuais e 
sociais conflitantes com a vida coletiva e pública? 
Existiriam outros modos que não o encarceramento, por exemplo? 
Como atividade filosófica, fica a sugestão de outra forma de lidar com a questão, num vídeo 
da filósofa e ativista estadunidense Angela Davis.
Disponível em: https://youtu.be/7Lff8ScaF1Y
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Espero que tenha sido proveitoso para você esse primeiro momento de nossa 
discussão.
Adiante, poderemos trabalhar de forma mais profunda alguns conceitos que 
se relacionam direta e transversalmente à questão da Ética, sua relação com os 
problemas e com os desafios da vida em SOCIEDADE e suas implicações na vida 
humana contemporânea.
Um abraço e bons estudos!
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
O que é Ética
VALLS, Á. L. M. O que é Ética. São Paulo: Brasiliense, 1994. Coleção Primeiros Passos.
Ética para meu filho
SAVATER, F. Ética para meu filho. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
Moralidade pública, moralidade privada
GIANOTTI, J. A. Moralidade pública, moralidade privada. In: NOVAES, A. (org.). 
Ética. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
 Filmes
À Procura da Felicidade
À Procura da Felicidade. 2006. EUA. Direção: Gabriele Muccino.
Homens de Honra
Homens de Honra. 2000. EUA. Direção: George Tillman Jr.
Dançando no escuro
Dançando no escuro. 2000. França. Direção. Lars Von Trier.
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UNIDADE O Que é Ética?
Referências
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1997.
COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 263.
GALLO, S. Ética e cidadania. Campinas: Papirus, 2003, p. 53.
JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar Ed., 2005.
NOVAES, A. (org.). Ética. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
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