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DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 1 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. DIREITO PENAL CONCURSO DE CRIMES Artigos 69, 70 e 71 do Código Penal INTRODUÇÃO: Colaboração de dois ou mais agentes para a prática de uma infração penal. O concurso de crimes estará presente quando o agente com uma OU várias condutas, pratica mais de um crime. Suas espécies são: a) concurso material, previsto no art. 69, CP; b) concurso formal previsto no art. 70, CP e c) crime continuado, previsto no art. 71, CP. Há, também, três sistemas de aplicação da pena: • Sistema do cúmulo material – É aplicada a pena correspondente ao somatório das penas relativas a cada um dos crimes cometidos isoladamente. • Sistema da exasperação – Aplica-se ao agente somente a pena da infração penal mais grave, acrescida de determinado percentual. • Sistema da absorção – Aplica-se somente a pena da infração penal mais grave, dentre todas as praticadas, sem que haja qualquer aumento. ATENÇÃO: todo e qualquer crime e contravenção penal admite concurso de crimes, inclusive crimes culposos e tentados. Teoria adotada pelo CP – Teoria monista temperada (ou mitigada): todos aqueles que participam da conduta delituosa respondem pelo mesmo crime, mas cada um na medida de sua culpabilidade. Há exceções à teoria monista (Ex.: aborto praticado por terceiro, com DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 2 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. consentimento da gestante. A gestante responde pelo crime do art. 126 e o terceiro pelo crime do art. 124). Espécies: • EVENTUAL – O tipo penal não exige que o fato seja praticado por mais de uma pessoa. • NECESSÁRIO – O tipo penal exige que a conduta seja praticada por mais de uma pessoa. Divide-se em: a) condutas paralelas (crimes de conduta unilateral): Aqui os agentes praticam condutas dirigidas à obtenção da mesma finalidade criminosa (associação criminosa, art. 288 do CPP); b) condutas convergentes (crimes de conduta bilateral ou de encontro): Nesta modalidade os agentes praticam condutas que se encontram e produzem, juntas, o resultado pretendido (ex. Bigamia); c) condutas contrapostas: Neste caso os agentes praticam condutas uns contra os outros (ex. Crime de rixa) Requisitos • Pluralidade de agentes - É necessário que tenhamos mais de uma pessoa a colaborar para o ato criminoso. • Relevância causal da colaboração – A participação do agente deve ser relevante para a produção do resultado, de forma que a colaboração que em nada contribui para o resultado é um indiferente penal. • Vínculo subjetivo (ou liame subjetivo) – É necessário que a colaboração dos agentes tenha sido ajustada entre eles, ou pelo menos tenha havido adesão de um à conduta do outro. Trata-se do princípio da convergência. • Unidade de crime (ou contravenção) para todos os agentes (identidade de infração penal) – As condutas dos agentes, portanto, devem constituir algo juridicamente unitário. • Existência de fato punível – Trata-se do princípio da exterioridade. Assim, é necessário que o fato praticado pelos agentes seja punível, o que DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 3 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. de um modo geral exige pelo menos que este fato represente uma tentativa de crime, ou crime tentado. Modalidades • Coautoria: Adoção do conceito restritivo de autor (teoria restritiva), por meio da teoria objetivo-formal: autor é aquele que pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Todos os demais são partícipes. OBS.: Autoria mediata: situação na qual alguém (autor mediato) se vale de outra pessoa como instrumento (autor imediato) para a prática de um delito. Pode ocorrer quando: • O autor imediato age sem dolo (erro provocado por terceiro) • O autor imediato age sem culpabilidade (Ex.: coação moral irresistível) ATENÇÃO • Pode haver autoria mediata nos crimes próprios - Desde que o autor MEDIATO reúna as condições especiais exigidas pelo tipo penal. • Não há possibilidade de autoria mediata nos crimes de mão própria– Impossibilidade de se executar o delito por interposta pessoa • AUTORIA POR DETERMINAÇÃO – Pune-se aquele que, embora não sendo autor nem partícipe, exerce sobre a conduta domínio EQUIPARADO à figura da autoria. DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 4 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. • Teoria do domínio do fato – Deve ser aplicada para as hipóteses de autoria mediata. Para esta teoria, o autor seria aquele que tem poder de decisão sobre a empreitada criminosa. Pode se dar por: • Domínio da ação - O agente realiza diretamente a conduta prevista no tipo penal • Domínio da vontade - O agente não realiza a conduta diretamente, mas é o "senhor do crime", controlando a vontade do executor, que é um mero instrumento do delito (hipótese de autoria mediata). • Domínio funcional do fato - O agente desempenha uma função essencial e indispensável ao sucesso da empreitada criminosa, que é dividida entre os comparsas, cabendo a cada um uma parcela significativa, essencial e imprescindível. • Não se admite coautoria nos crimes de mão própria. • Doutrina ligeiramente majoritária entende não ser cabível coautoria em crimes culposos. • Não existe coautoria entre autor mediato e autor imediato. • Há possibilidade de coautoria entre dois autores mediatos. • Punibilidade do partícipe – Adoção da teoria da acessoriedade: Como a conduta do partícipe é considerada acessória em relação à conduta do autor (que é principal), o partícipe deve responder pela conduta principal (na medida de sua culpabilidade). OBS: A Doutrina majoritária defende que foi adotada a teoria da acessoriedade limitada, exigindo-se que o fato seja típico e ilícito para que o partícipe responda pelo crime. DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 5 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. • Participação de menor importância - redução da pena de 1/6 a 1/3. • Participação inócua - Não é punível. • Participação em crime culposo – Controvertido. STJ entende que não cabe participação em crime culposo. Doutrina se divide: parte entende que cabe participação culposa em crime culposo, outra parte entende que não cabe participação nenhuma (nem culposa nem dolosa) em crime culposo. UNANIMIDADE: não cabe participação dolosa em crime culposo. • COMUNICABILIDADE DAS CIRCUNSTÂNCIAS: • As circunstâncias e condições de caráter pessoal não se comunicam. • As circunstâncias de caráter real, ou objetivas, se comunicam. • As elementares sempre se comunicam, sejam objetivas ou subjetivas. • COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA: Também chamada de “participação em crime menos grave” ou“desvio subjetivo de conduta”, ocorre quando ambos os agentes decidem praticar determinado crime, mas durante a execução, um deles decide praticar outro crime, mais grave. CONSEQUÊNCIA: agente responde pelo crime menos grave (que quis praticar). A pena, contudo, poderá ser aumentada até a metade, caso tenha sido previsível a ocorrência do resultado mais grave. • “MULTIDÃO DELINQUENTE” OU “MULTIDÃO CRIMINOSA: Aqueles atos em que inúmeras (incontáveis, uma multidão) pessoas praticam o mesmo delito. DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 6 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. REVISÃO SIMPLES • Culpa consciente: o agente prevê o resultado que era previsível, não assume o risco de produzir o resultado, mas age com imprudência, negligência e imperícia. (requisitos: previsibilidade objetiva + quebra de um dever objetivo de cuidado). • Culpa inconsciente: não quer e não prevê o resultado. • Dolo direto (teoria da vontade): vontade livre e consciente. O agente quer praticar uma conduta e produzir um resultado certo e determinado. Poderá ser de 1° grau (é o objetivo central perseguido pelo agente) ou 2° grau (é o efeito colateral necessário da conduta do agente). Exemplo de dolo de 1° grau: Pedro atira em João querendo mata-lo. Exemplo de dolo de 2° grau: avião é derrubado com a intenção de matar apenas uma pessoa, mas morre todas a pessoas do avião. • Dolo indireto (teoria do ascendimento): o agente quer praticar uma conduta, mas não quer produzir um resultado certo e determinado. Poderá ser eventual (o agente quer praticar uma conduta certa e determinada, mas assume o risco de produzi-lo) ou alternativo (o agente quer produzir um ou outro resultado. O agente responde pelo crime mais grave). ATENÇÃO: não confundir dolo eventual e culpa consciente. Na culpa consciente o agente prevê o resultado, mas tem certeza que vai evitar o resultado, ou seja, não assume o resultado. No dolo eventual, o agente prevê, mas não se importa (é indiferente) em produzir o resultado. DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 7 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. CONCURSO MATERIAL 1. Conceito: o agente pratica duas ou mais condutas e produz dois ou mais resultados. Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. Requisitos: é necessário que haja pluralidade de condutas e pluralidade de crimes, os quais podem ser idênticos ou não. 2. Espécies: O concurso material pode ser homogêneo ou heterogêneo: • Homogêneo - Quando todos os crimes praticados são idênticos, ou seja, mesma espécie. • Heterogêneo - Quando os crimes praticados são diferentes, ou seja, espécies diferentes. Crimes da mesma espécie são aqueles previstos no mesmo tipo penal e que tutelam o mesmo bem jurídico, pouco importando se há privilégios, qualificadoras ou mesmo se é consumado ou tentado. 3. Sistema de aplicação da pena: Aplica-se o sistema do CÚMULO MATERIAL (soma-se as penas). Ao fixar a pena, o juiz dever realizar a dosimetria de todos os crimes SEPARADAMENTE e depois soma-los. Vale lembrar que, se o agente tiver sido processado DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 8 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. por crimes diversos em mais de uma ação penal, caberá ao juiz da execução unificar as penas. Art. 69, § 1º, CP - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. Quando for possível o “sursis” penal (art.77, CP) em relação a um dos crimes, poderá ser substituída à pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (art. 44, CP) ao outro crime. Já o art. 69, parágrafo 2°, admite que o agente cumpra duas penas restritivas de direito desde que compatíveis entre si. § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. SÚMULA 723, STF: “Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um ano.” Portanto, tratando-se de concurso material de crimes, para a concessão do “sursis” processual (art. 89, Lei n° 9.099/95) deverá somar as penas mínimas do crime para verificar se não será ultrapassado o limite de 1 ano. OBS: em se tratando se prescrição, não se observa o concurso de crimes, mas apenas as sanções isoladas de cada delito. DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 9 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. CONCURSO FORMAL: 1. Conceito: o agente pratica uma só conduta e produz dois ou mais resultados. Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade (primeira parte). As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior (segunda parte). Deve ser praticado uma única conduta que resulte em vários crimes, os quais podem ser idênticos ou não. ATENÇÃO: segundo a doutrina, para o concurso formal adotou-se a teoria objetiva, pois para sua ocorrência, basta unidade de conduta e pluralidade de resultados. 2. Espécies: • Homogêneo - Quando todos os crimes praticados são idênticos. Ex: concurso formal homogêneo: individuo de forma imprudente fura sinal vermelho, causando a morte de duas pessoas. • Heterogêneo - Quando os crimes praticados são diferentes. Ex: concurso formal heterogêneo: individuo de forma imprudente fura o sinal vermelho, causando morte em um indivíduo e lesão corporal em outro. • Concurso formal próprio/perfeito: não há desígnios autônomos, ou seja, somente poderá ocorrer entre crimes culposos ou em crime doloso e outro DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 10 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. culposo. Não existe concurso de crimes formal próprio quando a conduta for dolo + dolo, visto que, se assim fosse, estaria agindo com desígnios autônomos (concurso formal impróprio). Em se tratando de concurso formal próprio, na fixação da pena deve o juiz pegar o crime mais grave e aplicar uma causa de aumento que vaide 1/6 até a metade. O critério a ser utilizado para o patamar de aumento será o número de crimes, ou seja, quanto mais crimes, mais será o aumento. • Concurso formal impróprio/imperfeito: exige todos os requisitos do concurso formal próprio mais o desígnio autônomo (unidade de conduta + pluralidade de crimes + desígnios autônomos). Desígnios autônomos é o dolo de produzir todos os resultados. 3. Sistema de aplicação da pena: REGRA: Sistema da exasperação: pena do crime mais grave, aumentada (exasperada) de 1/6 até a metade. Como definir a quantidade de aumento? De acordo com a quantidade de crimes praticados. EXCEÇÕES: • Concurso formal impróprio (imperfeito) – Neste caso, aplica-se o sistema do cúmulo material. • Cúmulo material benéfico – Ocorre quando o sistema da exasperação se mostra prejudicial ao réu. O art. 70 parágrafo único, CP, traz a regra do concurso material benéfico, ou seja, se a aplicação do cúmulo material for mais favorável ao agente, deve se afastar o sistema da exasperação no concurso formal próprio. Art. 70. Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 11 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. CRIME CONTINUADO / CONTINUIDADE DELITIVA 1. Conceito: Hipótese na qual o agente pratica diversas condutas, praticando dois ou mais crimes, que por determinadas condições são considerados pela Lei (por uma ficção jurídica) como crime único. OBS: Em relação à prescrição não há ficção jurídica, de maneira que as condutas serão consideradas autonomamente (a prescrição incidirá sobre cada crime individualmente). Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 12 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. 2. Requisitos: • Pluralidade de condutas. • Pluralidade de crimes da mesma espécie. • Condições semelhantes de tempo, lugar, modo de execução e outras semelhanças. 3. Conexão entre as condutas delitivas • Conexão temporal - Exige que os crimes tenham sido cometidos na mesma época. JURISPRUDÊNCIA: como regra, os crimes não podem ter sido cometidos em um lapso temporal superior a 30 dias. • Conexão espacial – Os crimes devem ser cometidos no mesmo local. JURISPRUDÊNCIA: os crimes devem ter sido cometidos na mesma cidade, ou, no máximo, na mesma região metropolitana. • Conexão modal – Os crimes devem ter sido praticados da mesma maneira, com o mesmo modus operandi, seja pelo modo de execução, pela utilização de comparsas, etc. • Conexão ocasional - Não possui previsão expressa na Lei, mas parte da Doutrina a entende como a necessidade de que os primeiros crimes tenham proporcionado uma ocasião que gerou a prática dos crimes subsequentes. 4. Espécies e sistemas de aplicação da pena Em todos se aplica o sistema da exasperação, da seguinte forma: • Crime continuado simples – Todos os crimes possuem a mesma pena. Nesse caso, aplica-se a pena de apenas um deles, acrescida de 1/6 a 2/3. • Crime continuado qualificado - As penas dos delitos praticados são diferentes, de modo que se aplica a pena do mais grave deles, aumentada de 1/6 a 2/3. • Crime continuado específico – Ocorre nos crimes dolosos cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, sendo as vítimas diferentes. O Juiz poderá aplicar a pena de um deles (ou a mais grave, se diversas), aumentada até o triplo. DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 13 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. OBS: Aqui também se aplica a regra do “concurso material benéfico”, ou seja, se o sistema da exasperação se mostrar mais gravoso, deverá ser aplicado o sistema do cúmulo material. Pode-se falar em continuidade delitiva entre o crime de roubo simples e latrocínio? Não, pois no roubo o bem jurídico protegido é o patrimônio e no latrocínio o bem jurídico tutelado é a vida e o patrimônio. REVISÃO CONCURSO DE CRIMES Concurso material - previsão legal: art. 69, CP. - mais de uma ação ou omissão (pluralidade de condutas); - pratica dois ou mais crimes (pluralidade de crimes); - idênticos ou não; - aplicação cumulativa das penas. - quando os crimes são da mesma espécie, fala-se em concurso material homogêneo; - quando os crimes não são da mesma espécie, fala-se em concurso material heterogêneo; - quando se fala em aplicação cumulativa, o magistrado deve aplicar a pena de cada um, individualmente, para depois somá-las (sistema do cúmulo material); - a prescrição incide de forma isolada, sobre a pena de cada um; - executa-se primeiro a pena de reclusão quando um crime é punido com reclusão e o outro com detenção; - quando for previsto pena privativa de liberdade e pena restritiva de direitos, só é possível se a privativa de liberdade for suspensa, não cabendo a conversão em restritiva de direitos; - quando se tratar de duas restritivas de direitos, dá-se o cumprimento simultâneo ou sucessivo. Concurso formal perfeito - previsão legal: art. 70, CP, primeira parte. - chamado também de “concurso ideal”; - uma só ação ou omissão (conduta única); - pratica dois ou mais crimes (pluralidade de crimes); - idênticos ou não; - concurso formal homogêneo – crimes da mesa espécie; - concurso formal heterogêneo – crimes de espécies diferentes; - aplicação da pena (sistema da exasperação) – duas situações: DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 14 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. a) aplica-se a pena mais grave das cabíveis + aumento de 1/6 até metade; b) se iguais, somente uma delas + aumento de 1/6 até a metade. [1] Concurso formal imperfeito - previsão legal: art. 70, CP, segunda parte; - uma só ação ou omissão (conduta única); - pratica dois ou mais crimes (pluralidade de crimes); - idênticos ou não; - contudo, a ação ou omissão, além de ser dolosa, os crimes concorrentes resultam de DESÍGNIOS AUTÔNOMOS; - aplicação cumulativa de penas. [1] Crime continuado Genérico [4] - previsão legal: art. 71, CP, caput; - mais de uma ação ou omissão (pluralidade de condutas); - pratica dois ou mais crimes da mesma espécie (pluralidade de crimes) – detalhe: prevalece que “mesma espécie” significa mesmo tipo penal; - elo de continuidade: deve se observar as mesmas condições para que sejam havidos como continuação do primeiro: a) de tempo [2]; b) de lugar [3]; c) maneira de execução; d) outras semelhanças; - aplicação de pena (sistema da exasperação) – duas situações:a) se idênticas, aplica-se uma só pena + aumento de 1/6 a 2/3; b) se diversas, aplica-se a mais grave + aumento de 1/6 a 2/3. Crime continuado específico - art. 71, parágrafo único, CP. - além dos requisitos do crime continuado genérico (vide acima): a) crimes dolosos; b) praticados contra vítimas diferentes; c) cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; - aplicação de pena (sistema da exasperação) – o mesmo raciocínio acima, mas o aumento pode ir de 1/6 até o triplo. OBSERVAÇÕES: [1] observe-se que, se, no concurso formal, a soma não poderá exceder a que seria cabível no concurso material (art. 70, parágrafo único) – assim, se a soma das penas (sistema do cúmulo material) for melhor para o réu, o juiz deve somá-las. A isso se dá o nome de CONCURSO MATERIAL BENÉFICO. O concurso continua formal, mas a pena é aplicada como se fosse um concurso material, por ser mais benéfico para o réu. [2] só existe crime continuado quando as infrações se distanciam uma da outra até 30 dias (criação jurisprudencial). Existem exceções a tal prazo, como os crimes tributários, que admitem continuidade com intervalo temporal de até 3 anos. DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 15 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. [3] apenas os delitos cometidos na mesma comarca ou em comarcas vizinhas admitem continuidade (criação jurisprudencial). [4] para uma parcela da doutrina, além dos requisitos acima, é imprescindível que os vários crimes resultem de plano previamente elaborado pelo agente (teoria objetivo-subjetiva – Zaffaroni – dominante na jurisprudência). Contudo, prevalece na doutrina moderna que a unidade de desígnio não faz parte dos requisitos do crime continuado, acolhendo-se a teoria objetiva pura, bastando a presença dos requisitos acima. DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 16 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. COLOCANDO EM PRÁTICA O QUE APRENDEMOS VAMOS PRATICAR... 01 Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: TJ-AL Prova: FCC - 2019 - TJ-AL - Juiz Substituto Quanto ao concurso formal, A. a pena poderá exceder a que seria cabível pela regra do concurso material, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultarem de desígnios autônomos. B. aplicável a suspensão condicional do processo em relação às infrações penais cometidas em concurso formal impróprio ou imperfeito, uma vez que se considera a pena de cada uma, isoladamente, ainda que a somatória ultrapasse o limite de um ano. C. as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente no caso de concurso formal impróprio ou imperfeito, incidindo a extinção da punibilidade sobre a pena privativa de liberdade de cada crime, isoladamente. D. há concurso formal próprio quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, aplicando-se a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. E. a pena pode ser aumentada até o triplo no caso de concurso formal impróprio ou imperfeito, considerando o Juiz a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias dos crimes. DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 17 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. VAMOS PRATICAR... 02 Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-SC Prova: CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substituto Mara, pretendendo tirar a vida de Ana, ao avistá-la na companhia da irmã, Sandra, em um restaurante, ainda que consciente da possibilidade de alvejar Sandra, efetuou um disparo, que alvejou letalmente Ana e feriu gravemente Sandra. Nessa situação hipotética, assinale a opção correta relativa ao instituto do erro. A. Devido à aberratio ictus, Mara responderá somente pelo homicídio de Ana, visto que o dolo estava direcionado a esta, havendo absorção do crime de lesão corporal cometido contra Sandra. B. Mara responderá por homicídio doloso consumado em relação à Ana e por tentativa de homicídio em relação à irmã desta. C. Em concurso formal imperfeito, Mara responderá pelo homicídio de Ana e pela lesão corporal de Sandra. D. Mara incidiu em delito putativo por erro de tipo em unidade complexa. E. Excluído o dolo e permitida a punição por crime culposo, se essa modalidade for prevista em lei, Mara terá incidido em erro de tipo essencial escusável contra a irmã de Ana. DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 18 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. VAMOS PRATICAR... 03 Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-SC Prova: CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substituto Determinado sujeito, maior e imputável, adquiriu em sítio da Internet vídeos com cenas de pornografia que envolviam adolescentes e os armazenou em seu computador. Posteriormente, transmitiu esses vídeos, por meio de aplicativo de mensagem instantânea, a dois amigos adolescentes. Considerando essa situação hipotética, é correto afirmar, de acordo com as disposições do ECA e com o entendimento do STJ, que o sujeito praticou. A. condutas consideradas atípicas. B. duas condutas típicas, porém, em aplicação ao princípio da consunção, a primeira restou absorvida pela segunda. C. condutas que caracterizam dois crimes em continuidade delitiva. D. condutas que caracterizam dois crimes em concurso material. E. condutas que caracterizam dois crimes em concurso formal. DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 19 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. VAMOS PRATICAR... 04 Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: VUNESP - 2018 - TJ-SP – Juiz Substituto Segundo a Exposição de Motivos da Parte Geral, o Código Penal, quanto ao tempo e ao lugar do crime, ao concurso de pessoas e ao crime continuado, adotou, respectivamente, as seguintes teorias: A. Atividade, Ubiquidade, Monística e Objetiva. B. Atividade, Resultado, Monística e Objetiva-subjetiva. C. Resultado, Atividade, Pluralística e Objetiva-subjetiva. D. Ubiquidade, Resultado, Pluralística e Objetiva. DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 20 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. VAMOS PRATICAR... 05 Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: TJ-MT Prova: VUNESP - 2018 - TJ-MT - Juiz Substituto Entende-se por “concurso material benéfico” a A. limitação de tempo de cumprimento de pena em 30 anos. B. aplicação da regra do concurso material para beneficiar o coautor ou partícipe. C.regra estabelecida em lei pela qual a pena aplicada pelo concurso formal não poderá superar a pena aplicada pelo concurso material. D. extensão ao coautor da condição pessoal que se afigurar elementar do crime. E. diminuição de pena para determinados crimes materiais. DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 21 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. GABARITO: QUESTÃO LETRA 01 C 02 C 03 D 04 A 05 C Justificativas Questão 01 Letra A - ERRADA Concurso formal CP - Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica 2 ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de 1/6 até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. Letra B - ERRADA STJ-243 - O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais cometidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de 1 ano. STF-723 - Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de 1/6 for superior a 1 ano. DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 22 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. Letra C - CORRETA Multas no concurso de crimes CP - Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente. Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. Letra D - ERRADA CP - Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de 1/6 até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. Letra E - ERRADA Crime continuado (GENÉRICO) Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de 1/6 a 2/3. (ESPECÍFICO) Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 23 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. ATENÇÃO: O ÚNICO aumento de UM SEXTO a DOIS TERÇOS do Código Penal inteiro é no CRIME CONTINUADO. Grave isso, porque o examinador adora cobrar esse aumento de um sexto a dois terços. _________________________________________________________________________ Questão 2 A questão enquadra-se no Art. 70 CP - Concurso Formal "Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior " Analisando: 1.Mara sabia que poderia alvejar Sandra (mas não era isso que ela queria). 2.Mara efeituou efetuou um único disparo (uma ação dois resultados/concurso formal). 3.Com esse único disparo: a) Matou Ana (como desejava desde o início) = Homicídio Consumado. b) Feriu gravemente Sandra = lesão corporal (não pode ser tentativa de homicídio pois ela em nenhum momento queria matar Sandra) _________________________________________________________________________ Questão 03 1° Crime: Assistiu ou baixou da internet. Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente 2° crime: transmitiu o vídeo Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 24 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente STJ entende que, "quando o agente adquire ou baixa arquivos de imagens pornográficas (fotos e vídeos) envolvendo crianças e adolescentes e os armazena no próprio HD é perfeitamente possível o concurso material das condutas de "possuir" e "armazenar" (art. 241-B do ECA) com as condutas de "publicar" ou "disponibilizar" e "transmitir"" (art. 241-A), o que autoriza a aplicação da regra do art. 69 do Código Penal. (Concurso material). _________________________________________________________________________ Questão 04 Macete: LU-TA 1) Lugar do crime = Ubiquidade Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 2) Tempo do Crime = Atividade Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 3) Concurso de Pessoas = Monista Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. 4) Crime Continuado = Objetiva Conforme previsto no item 59 (Exposição de Motivos do Código Penal): "O critério da teoria puramente objetiva não se revelou na prática maiores inconvenientes, a despeito das objeções formuladas pelos partidários da teoria objetivo-subjetiva. O projeto optou pelo critério que mais adequadamente se opõe ao crescimento da criminalidade profissional, organizada e violenta, cujas ações se repetem contra vítimas diferentes, em DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 25 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORAAMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. condições de tempo, lugar, modos de execução e circunstâncias outras, marcadas por evidente semelhança. Estender-lhe o conceito de crime continuado importa em beneficiá-la, pois o delinquente profissional tornar-se-ia passível de tratamento penal menos grave que o dispensado a criminosos ocasionais. De resto, com a extinção, no Projeto, da medida de segurança para o imputável, urge reforçar o sistema, destinado penas mais lingas aos que estariam sujeitos à imposição de medida de segurança detentiva e que serão beneficiados pela abolição da medida. A Política Criminal atua, neste passo, em sentido inverso, a fim de evitar a libertação prematura de determinadas categorias de agentes, dotados de acentuada periculosidade." OBS: A doutrina e jurisprudência pátria adotam a teoria objetiva-subjetiva para o crime continuado, pois exigem para a sua configuração elemento subjetivo, qual seja, UNIDADE DE DESÍGNIOS. Logo, além dos requisitos objetivos elencados no artigo, há o elemento subjetivo indicado pela doutrina e jurisprudência, o que justifica o nome recebido pela teoria. (STJ HC 240.457/SP e STF HC 101049) _________________________________________________________________________ Questão 05 O concurso material benéfico também é chamado de concurso material favorável (ao réu). > Previsão legal: CP, art. 70, parágrafo único: “Não poderá a pena [do concurso formal] exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 [concurso material] deste Código”. > Em outras palavras, a pena resultante do concurso formal não pode exceder a pena que seria resultante do concurso material. > O concurso material benéfico só pode ser aplicado ao concurso formal próprio ou perfeito, no qual se emprega o sistema da exasperação, pois o concurso formal impróprio ou imperfeito já é um concurso material para fins de aplicação da pena. > Fundamento: o sistema da exasperação, no concurso próprio ou perfeito, foi criado unicamente para favorecer o réu; se, no caso concreto, o concurso material é mais favorável, o juiz despreza o concurso formal e aplica o concurso material. Isso será possível quando tiver dois crimes, onde um dos crimes tenha a pena muito alta. Assim, temos como exemplo: homicídio qualificado + lesão culposa. Por motivo torpe, o sujeito mata o desafeto, mas a bala também acerta terceira pessoa. A pena do homicídio qualificado é de 12 anos e para a lesão culposa é de 3 meses. Aplicando-se a regra do concurso formal, teríamos 12 anos + DIREITO PENAL – PROF. LUCIANO MIRANDA CONCURSO DE CRIMES 11 DE NOVEMBRO DE 2019 26 MAGIS.2019.2 RESUMO ELABORADO PELA MONITORA AMANDA LINO DE MENEZES. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da monitora, do professor, da Rede Juris e da ESMEG. 1/6 (sistema da exasperação: o juiz aplica somente a pena de um dos crimes - qualquer delas, se idênticas, ou a mais grave, se diversas - aumentada de 1/6 até 1/2), perfazendo um total de 14 anos. Todavia, se aplicarmos a regra do concurso material (cúmulo: o juiz soma as penas correspondentes a cada um dos crimes), teremos uma pena de 12 anos e 03 meses.
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