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ANIMAIS SÃO SUJEITOS DE DIREITO NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO - Resenha

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ANIMAIS SÃO SUJEITOS DE DIREITO NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO? – RESENHA CRÍTICA.
Raphael Campello Maia – 2018770971
O autor do estudo analisado objetiva refletir sobre a titularidade de direitos fundamentais por animais no ordenamento jurídico brasileiro, trazendo uma análise das teses elaboradas por ambientalistas defensores da personalidade jurídica animal de maneira a expor seus pontos ressaltando suas contribuições bem como inconsistências.
Inicialmente, ressalta o autor que, embora tenham sido consideráveis os avanços na última década no sentido de quebrar com a ótica antropocêntrica do direito no âmbito ambiental, a doutrina majoritária e a consistente jurisprudência nacional entendem que o ordenamento jurídico não confere aos animais status de sujeito de direitos, ou seja, estes não possuem personalidade jurídica segundo a legislação brasileira.
Contudo, esclarece que há a porção minoritária da doutrina, que considera os animais como sujeitos de direito, ainda que despersonalizados, mesmo que o ordenamento os considere “bens jurídicos ambientais”. Nesse sentido, elucida o autor pela diferença entre a proteção oferecida pela carta magna bem como pela legislação infraconstitucional e, de fato, serem os beneficiados de tal proteção sujeitos de direito. 
Conforme explica o Professor, a proteção conferida aos animais somente existe em atenção aos interesses do próprio homem, sendo certo o posicionamento majoritário da doutrina, de que animais e coisas são, na realidade, objetos de direito, não sujeitos, citando, ainda, Oliver Le Bolt, ao afirmar que a conferência de direitos fundamentais aos animais consiste na aplicação de uma lógica humana seres não-humanos. 
Alguns autores argumentam, sensatamente, pela capacidade de produzir os efeitos desejados pelos apoiadores da causa animal sem gerar o impacto que as manobras jurídicas radicais sugeridas causariam. Veja-se, reconhecer os animais como sujeitos de direitos, possuidores de personalidade jurídica, representaria uma verdadeira revolução, no sentido de mudança abrupta, no ordenamento brasileiro, acompanhando enormes impactos econômicos, sociais e culturais. Nesse sentido, uma vez que o objetivo é dirimir os maus-tratos aos animais, é possível fazê-lo de outras formas.
Seguindo na análise dos argumentos favoráveis à causa animal, há autores que preconizam pela evidência de personalidade jurídica nos animais em decorrência da capacidade de sentir dor, citando, ainda, Tom Regan, que preconiza pela extinção da noção de que os animais servem a espécie humana, bem como Singer, que discrimina os animais na medida que alguns possuiriam direitos e outros não, de acordo com a consideração aferida a eles pelos seres humanos.
Quanto a Singer, critica-se o conceito contratualista por ele defendido uma vez que, generalizando os termos estabelecidos, pode-se argumentar pela legalização do homicídio daqueles que não são afetivamente considerados por qualquer um, ele exclui o valor intrínseco da vida humana.
Ademais, Tetu Rodrigues defende a personalidade jurídica suis generis dos animais, ou seja, seriam estes sujeitos de direito não-humanos despersonalizados, sendo protegida e assegurada, assim, a dignidade intrínseca da vida animal.
Para além dos percalços teóricos, o autor concede o possível reconhecimento da personalidade jurídica animal a fim de discutir consequências a posteriori, poderiam estes direitos ser estendidos a outros seres vivos e bens ambientais como árvores, rios e geleiras? Os ambientalistas argumentam que seres vivos como as plantas não possuem sistema nervoso, portanto não sentem dor da mesma forma que os animais, seguindo a máxima “nem todo vivente é um sujeito-de-uma-vida”.
Assim, embora claros os esforços dos ambientalistas e teóricos defensores da causa animal, o ordenamento brasileiro, na forma das leis, da majoritária doutrina e das reiteradas jurisprudências, não considera os animais como sujeitos de direito, sendo, inclusive, criticada a interpretação seletiva do art. 225 da Constituição Federal aferida pelos ambientalistas, vez que não possui compreensão sistemática da carta constitucional, que garante a exploração animal em prol do desenvolvimento econômico, denotando, inclusive, o caput, do referido artigo, a titularidade difusa dos direitos animais.
Assim, embora não reflitam a verdade do ordenamento jurídico brasileiro, o autor destaca que as contribuições dos animalistas são de suma importância no combate a crueldade animal e aos maus tratos, afinal, embora não sejam titulares de direito, os animais constituem a fauna, a qual é garantida enorme proteção pela Constituição e pelo ordenamento como um todo.
Dessa forma, demonstra o Professor, através de sua exposição e análise, de maneira clara e elucidativa as questões principais a respeito dos direitos dos animais no ordenamento brasileiro, podendo a discussão ser ampliada, caso animais fossem sujeitos de direito, a um predador incidiria responsabilidade em detrimento do assassinato da presa? Questões como essa denotam a dissonância entre a lógica humana e animal, razão pela qual corretamente o ordenamento pátrio apenas garante a proteção dos animais como bens jurídicos, não como sujeitos.

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