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A cultura do cancelamento: os efeitos dessa prática para a sociedade brasileira

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Tema: A cultura do cancelamento: os efeitos dessa prática para a sociedade brasileira 
 
Na série Black Mirror, em um episódio entitulado “Hater in the Nation”, a hashtag #deathto 
(morte à) viraliza no Twitter e incentiva a marcação de pessoas que feriram a moral e ética 
sociais de alguma forma. Posteriormente, o indivíduo mais marcado morre misteriosamente, 
sem sequer ter chance de se retratar publicamente. Não tão longe da ficção, tal fato 
assemelha-se a uma situação atual: a cultura do cancelamento. Assim como no episódio, o 
cidadão que apresentar um comportamento considerado politicamente incorreto tem grande 
chance de ser “cancelado” de forma abrupta e com pouco espaço para se explicar, causando 
grandes prejuízos psicológicos e até mesmo financeiros. Nesse sentido, vale uma reflexão 
sobre a cultura do cancelamento e seus efeitos no Brasil. 
Primeiramente, vale ressaltar que algumas práticas antes consideradas aceitáveis e até 
normais como racismo, homofobia e machismo, hoje são extremamente condenáveis, uma vez 
que a nação busca ser cada vez mais justa e respeitosa. Análogo a isso, o pensador iluminista J. 
J. Russeau afirma que a concordância nos estaciona e a discordância nos engradece. Dessa 
forma, pode-se interpretar a ideia inicial de cancelar alguém/empresa/produto como sendo o 
boicote de quem colaborasse com essas atitudes, buscando erradicar tais mazelas sociais a fim 
de promover uma evolução comportamental. 
Evidentemente, os efeitos dessa prática se tornaram desastrosos, uma vez que os cancelados - 
em sua maioria artistas – sofrem grandes danos popularizacionais e fazendários devido à perda 
em massa de seguidores e destruição da imagem, podendo levar à consequências mentais 
causadas pela sensação de exclusão. Além disso, alguns internautas têm se aproveitado da 
situação para propagar falsos moralismos atrelados a discursos de ódio, distorcendo a ideia 
original da causa e lixando as pessoas na internet. A exemplo disso temos o cancelamento do 
cantor de mpb Gustavito, que foi acusado de abuso sexual, teve seus shows cancelados, 
perdeu os patrocinadores, recebeu mensagens de ódio em seus perfis e entrou em estado 
grave de depressão. Logo depois a mulher que o acusou foi processada por calúnia e pediu 
desculpas pelo “mal entendido”. 
Por fim, tem-se que a cultura do cancelamento é um fenômeno negativo para a sociedade 
brasileira, necessitando ser combatido. Assim sendo, cabe à mídia - principal meio de difusão 
dessa conduta - promover campanhas que demonstrem suas consequências através de 
propagandas nas redes sociais, com o objetivo de mostrar aos “canceladores” que a verdadeira 
mudança só é possível através do diálogo.

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