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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA Extrema – UNIP PP POLÍTICA DO CAFÉ COM LEITE E O PÃO SACRAMENTAL TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL Orientadora Prof.ª: Leila Dutra Rodrigues Wagner Ferreira de Toledo – RA 1841848 Extrema - MG 2020 WAGNER FERREIRA DE TOLEDO – RA 1841848 POLÍTICA CAFÉ COM LEITE E O PÃO SACRAMENTAL TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL TCC Didático – Curso de Graduação Licenciatura em História, apresentado à comissão julgadora da Unip Orientador: Leila Dutra Rodrigues UNIP – EXTREMA 2020 FICHA CATALOGRÁFICA Toledo, Wagner Ferreira de Política café com leite e o pão sacramental, transformações sociais no ensino fundamental Orientação: Leila Dutra Rodrigues Extrema, 2020. 27 páginas TCC Didático apresentado como exigência do curso de Licenciatura em História da UNIP-EAD, para obtenção do título de Licenciado em História. Palavras-chave: Educação; Política; Religião, Ditadura, Reforma Protestante; Pentecostalismo; Ecumenismo. WAGNER FERREIRA DE TOLEDO POLÍTICA DO CAFÉ COM LEITE E O PÃO SACRAMENTAL TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Professor (a) _____________________________________________ Professor (a) _____________________________________________ Professor (a) Agradecimentos Agradeço a Deus que fez de minha existência, sua essência e extensão de seu ser. Agradeço aos meus familiares e amigos por terem se inserido neste sonho. Agradeço também a todos os docentes que me ensinaram os saberes acadêmicos. Dedico este trabalho a minha esposa, que estimulou o meu aprendizado contínuo me incentivando a concluir minha primeira graduação. “Tudo o que está morto como fato, continua vivo como ensino.” Victor Hugo SUMÁRIO RESUMO.......................................................................................................... 08 1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................10 2. DESENVOLVIMENTO CAPÍTULO I - Teologia 1. Natureza e escopo da Teologia ............................................................... 12 1.1 Teologia na História ............................................................................ ...13 CAPÍTULO II - Estado e Igreja 2. Estado e Igreja, Reforma e Contrarreforma ............................................. 15 2.1 República Oligárquica e o Século Pentecostal .................................... ...16 2. 2 A República do Café com Leite e o Pão Sacramental.............................16 2. 3 Para além da Primeira República............................................................18 CAPÍTULO III - Ecumenismo 3. Ecumenismo e o laicismo...........................................................................19 3.1 A problemática Ecumênica.......................................................................20 3.2 Uma saída possível ................................................................................ 21 3. SEGUÊNCIA DIDÁTICA.................................................................................22 4. CONCLUSÃO 4.1 Considerações Finais ..............................................................................25 5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA....................................................................27 RESUMO Este artigo propõe analisar as relações entre a “política do café com leite” e o protestantismo “histórico” e seus desdobramentos com base nas transformações sociais ocorridas no início do séc. XX no Brasil. É sabido que desde o arcabouço da civilização, ou do sedentarismo social, a história é ensinada a partir de contextos divinos e humanos, ou seja, religioso e político respectivamente. O ensinar política e suas intrincadas estruturas em traçando um paralelo com a religião é recurso recorrente desde os antigos povos mesopotâmicos, algo, aliás, só para constar, premente na cultura dos povos sumerianos. Para além das figuras míticas do panteão babilônico, a humanidade assistiu a submissão egípcia diante da apoteose faraônica e sorveu os entendimentos greco-romano e suas práticas político-religiosas. Quanto a concepção americana, essencialmente a do Brasil a partir da chegada dos missionários protestantes e o acirramento da República Nova e sua premissa laica, a nação se viu arrastada por grandes transformações nos modos de conceber política e religião, sobretudo a partir do advento pentecostal que permeou o Brasil do século XX. No ambiente escolar, escopo dessa análise, particularmente durante o Ensino Fundamental, período em que o alunato está processando seus conceitos pessoais, sociais e educativos, a abordagem religiosa tem ficado quase que à margem dos conteúdos programáticos, sendo inclusive, retratada com certa apatia no que diz respeito ao fazer pedagógico. Deixando o empirismo religioso com seus entendimentos divinos e sagrados a parte, nosso enfoque será o estruturalismo religioso e sua contribuição para a formação do cidadão politizado. Palavras-chave: Política; Religião, Estado Laico, Ditadura, Ecumenismo, Docente, discente. SUMARY This article aims to analyse the relation between the "Café com leite" politics and the historical protestantism and its developments based on the social changes from the beginning of the 20th century in Brazil. It is known that since the framework of civilization, or the social sedentarism, History is tought by divine and human contexts, or religious or political respectively. Teaching politics and its intricate structures drawing a parallel with relógio is something that is repeated since the ancient Mesopotamian people, something that, just for the sake of records, necessary in the sumarian culture. Beyond the mythic figures of the babilonian pantheon, humanity had watched egyption submission in front of pharaonic apotheosis and drained Greco Roman knowledges and their political religious practices. In terms of American conception, essentially the Brasilian one, from the arrival of the protestant missionaries and "República Nova" and its areligious premise, the nation had seen itself dragged by great changes concerning the way they understand politics and religion, especially after the petencostal advent tha permeated Brazil of the 20th century. At the school environment, scope of this project, particularly during High School, período that students are processing their personal social and educational concepts, the religious approach has remained almost untouched by the school contents, being almost retarded concerning pedagogycal aspects; letting religious empirism with its sacred and devine knowledges left aside. Our focus will be religious structuralism and its contribution to the formation of a politicized citizen. Key words: politics, religion, state, areligious, dictatorship, ecumenism, knowledge, teacher 10 1. INTRODUÇÃO Diversos atores políticos e religiosos ao longo do tempo se alinham e desalinham formando rupturas e continuidades históricas. Desde o arcabouço da civilização, ou do sedentarismo social, a história é ensinada a partir de contextos divinos e humanos, ou seja, religioso e político respectivamente. A múltipla manifestação religiosa quer passadas, quer presentes, constituem em si mesmas um manancial de práticas, a riqueza cultural e patrimonial da humanidade. Retumba inda hojeo Dilúvio sumeriano, a deificação da alma como visto no antigo Egito, o panteão grego, o ritualismo romano, o dualismo entre o bem e o mal concebido pelos persas e mesmo toda imagética-simbólica que compreende até mesmo o gnosticismo. Desde que as primeiras concepções político-religiosas foram disseminadas, milênios se passaram, portanto, para além do senso-comum ‘política e religião se discute sim’, aliás, com todo o rigor de suas especificidades. Este artigo tem por finalidade analisar o recorte das relações entre a “política do café com leite” e o protestantismo “histórico” e seus desdobramentos com foco nas transformações sociais ocorridas a partir do início do séc. XX no Brasil, a saber, no Brasil não só catequizado à moda romana, mas essencialmente em franco processo pentecostal. Nos últimos trinta anos a terminologia “GLOBALIZAÇÃO”, seguindo-se a esta INTERNACIONALISMO, MULTICULTURALISMO, TOLERÂNCIA E RECONCILIAÇÃO RACIAL, são comumente veiculadas nas mídias sociais (Macarthur, 2005. P.171). No entanto, durante três séculos a “terra brasilis” fora uma colônia de Portugal e, somente em 1889, a partir Proclamação da República feita pelo então Príncipe Regente, Dom João, é que a terra chã ganhou conformação nacional. No campo religioso o ano de 1891 marca a separação ente Estado e Igreja, contudo, é a partir da primeira década do século XX com a chegada maciça de missionários protestantes que a Eclésia ortodoxa cristã sofre ruptura significativa. Com este último advento, preme a necessidade de o ‘novo cidadão’ compreender as demografias étnicas, as mudanças geopolíticas ou internacionalização das indústrias e as influências destas mudanças na vida do “Reino” e as transformações sociais políticas sob a ótica deste “Reino”. A questão que salta aos olhos é: Em que a formação social religiosa se distingue 11 da fornecida pelo Estado? As lideranças neopentecostais têm se alinhado aos discursos governamentais? A isenção de encargos e tributos financeiros corroboram com suas propostas pedagógicas dominicais? Seus atos litúrgicos preparam seus membros para o exercício da cidadania? Seus dogmas e doutrinas mantêm única e fidedignamente a observação dos preceitos divinos de condenação e salvação eterna? Macarthur 1(2005, p. 172) destaca a importância de os cristãos buscar uma visão de mundo teologicamente formada, estruturada biblicamente. Segundo ele, desde o início “O corpo de Cristo” tinha também o objetivo de se tornar uma comunidade global... muito antes que o processo de globalização tecnológica e econômica começasse, a mensagem global de Deus de “Boas Novas” iniciou e avançou no cumprimento de sua missão. A ideia de globalização, portanto, não é estranha a Bíblia. Tanto Jefferson Zeferino2 em seu artigo “A liberdade religiosa nas Constituições do Brasil da Proclamação da República a era Vargas: antecedentes, perspectivas e ensino de religião” (PUCPR, 2015), quanto Luz e escuridão e penumbra: o Governo Vargas e a Igreja Católica de Carlos Vinícius Costa de Mendonça et, al. (UFES), tratam linearmente os antecedentes históricos a Constituição de 1824 até a promulgação da Constituinte de 1988 em sinonímia, ou seja, a autoridade eclesiástica ou mesmo o logo divino sopesou na balança do poder juntamente com a autoridade política estatal. É importante destacar que, embora comissionada a propagar as “Boas Novas de Salvação” a Igreja jamais deve ser subversiva a “Magna Carta” e esta, então, de responsabilidade do Governo Federal, tem por finalidade garantir em forma de lei as liberdades conquistadas. Deveras, o caráter não catequizante do Governo, não pode eximi-lo da responsabilidade de promover por meio do estudo da religião ou cultura religiosa a informação e a formação ética e moral do cidadão (Zeferino, p.2). No final do século 19, fomentava-se o ideário republicano e antiescravagista, e o desejo de separação entre Igreja e Estado. Mendonça 1 Macarthur, Dr. John, 2003. “Pense biblicamente”.1ª ed. São Paulo, Editora Hagnos, 2005. p.172 2 Zeferino, Jefferson. EDUCERE, XII Congresso Nacional de Educação. 2015 12 aponta que as bases sociais do Integralismo e da Igreja eram o mesmo poviléu: a classe média urbana. Na década de 1930 o Estado novo, autoritário, mas não fascista, se vê às voltas com os movimentos tenentista, proletário e a Igreja. Na análise de Mendonça, pretendia-se estabelecer uma ponte entre a esfera privada e a esfera pública, entre o domínio do sagrado e o do profano. Pretende-se aqui demonstrar que a supremacia dos vitoriosos nos seguimentos históricos não se fixa à custa do obsoletismo dos demais atores. Neste sentindo, impositores e subjugados constituem as faces da mesma moeda, ou no caso, extremos da mesma ciranda. Temos aqui um efeito cascata onde as sucessões de rupturas sedimentam o caminho para a continuidade. Este conceito não é novo. Para Fausto3 (1995, p. 14-15), a passagem do Brasil Colônia para o Brasil independente e a passagem da Monarquia para a República é permeada por continuidades e acomodações, o país muda conforme o plano socioeconômico, político e, às vezes, em ambos. Aplica-se aqui, para assente do trabalho as mudanças de ordem religiosas que afloram sob a sombra da laicidade do Estado Novo. Dito isto, é mister acrescentar que os antecedentes da Política do café com leite, perpassam o advento da imigração protestante no Brasil, portanto, urde este arquivo sentar à roda da política oligárquica paulista e mineira, bem como degustar o “pão sacramental” que esteve presenta à mesa da sociedade brasileira dos séculos XIX ao XX. 2. DESENVOLVIMENTO CAPÍTULO I - Teologia 1. Natureza e Escopo da Teologia. Duas palavras gregas definem o termo teologia, são elas theos, Deus, e logos, discurso ou trabalho. Segundo Wiley e Culbertson, em sua origem o termo referia-se a um discurso a respeito de Deus. No livro “Introdução à Teologia Cristã”, os autores destacam que os antigos gregos usavam o termo em sentido literal, empregando aos que escreviam a história dos deuses e suas façanhas. Além de Ferécides, o primeiro a ser reconhecido por essa designação, 3 Fausto, Boris, 1930. História do Brasil, 2ª Ed. São Paulo. Edusp. 1995. pg. 14-15 13 Aristóteles aplicou o termo teologia à sua filosofia primária e, neste sentido, Homero, Hesíodo e Orfeu, “que, com inspiração poética, cantaram acerca dos deuses e das coisas divinas”4. Em seu escopo a teologia abarca um círculo amplo de investigação, ou matérias de estudos, são elas: (1) Deus – a matéria, fonte e fim de toda a teologia; (2) Religião – dando a consciência básica do sobrenatural, sem o que o homem estaria incapacitado de receber as revelações da verdade divina; (3) Revelação – como fonte primária dos fatos sobre os quais se estrutura a teologia sistemática; (4) Jesus Cristo – o Verbo Pessoal e Eterno, no qual toda a verdade encontra o seu centro de circunferência; (5) A Igreja – em que a verdade tem sido sistematizada e desenvolvida sob a assistência e direção do Espírito Santo. Para se chegar a compreensão do fenômeno social e individual a teologia se divide em demais fontes subsidiárias como a Teologia Natural5; Teologia Exegética6; Teologia Histórica7; Teologia Sistemática8; e, por fim, a Teologia Prática com vistas a obra missionária que inclui a homilética, a catequética e a litúrgica com suas formas de adoração e devoção9. 1.1 A Teologia na História Sir Leonard Woolley conjuntamente com o Museu Britânico e o Museu da Universidade da Filadélfia, em 1922-34 escavou o sítio de Ur no Sul (Uri), e datando de 300 a. C. quando a cidade foi abandonada encontrou-se nas ruínas de um Zigurate construído pelo monarca sumério Ur Namu vestígios da Terceira Dinastia de Ure seu deus-lua Nanar que também fora a principal divindade de Harã (Shultz, 1985, p. 31).10 No antigo Egito Amenotepe IV, ou Aquenaton (1379-1362 a. C.) tornou- se melhor conhecido por haver promovido uma revolução na religião. Segundo Schultz (1985, p. 44-45), é possível que os faraós estivessem inquietos ante a 4H. Orton Wiley, STD e Paul T. Culbertson, Ph.D. 1990, Introdução à Teologia Cristã; 1ª ed. São Paulo: Casa Nazarena de Publicações, p. 20 5 Existência, atributos e vontade de Deus tal qual como se revelam nos diferentes fenômenos da natureza 6 Estudo cuidadoso e analítico das Escrituras, classificando de acordo com as doutrinas 7 Secular, bíblica e eclesiástica 8 Encarrega-se do material fornecido pelas demais teologias anteriores subdividindo-se, comumente, em ética, dogmática e polêmica 9 Ibid. 10 Shultz, Samuel J. 1977. A História de Israel no Antigo Testamento. 8ª Ed. 13ª imp. São Paulo, Vida Nova, 1995 14 força crescente do sacerdócio de Amon, em Tebas. Tutmés IV já tinha atribuído sua ascendência real ao deus-sol, Ré. É fato que a proeminência nacional atribuída a qualquer deus em particular era intimamente ligada à política11. Aspectos essenciais como lenda e tradição histórico-cultural colocam Asclépio como um dos primeiros deuses gregos e isso está explicitado na Ilíada de Homero que o coloca como pai de dois heróis praticantes da arte médica, Macaon e Podalírio, um rei militar chamado de “hábil médico”. Segundo Kenéryi12, “do silêncio dos poemas homéricos sobre a dignidade divina de Asclépio e sobre seu mito conclui-se que ele foi um “herói da cura” em sua pátria, a cidade Tessálica, Trica13, igualmente mencionada na Ilíada. Aliás, tanto Ilíada quanto Odisseia não pertencem ao mundo de Homero praticamente dito, mas a sociedade grega cujo arquétipo político-religioso fazia clara evocação a figura de semideuses, ou seja, líderes divinamente humanos e humanamente divinos. Na Roma do primeiro século d. C. os embates a despeito dos deuses romanos e o Deus dos judeus causou não pouco alvoroço entre os monarcas e seus governadores subservientes. No livro “História dos Hebreus”, Josefo14 (P. 1612-1613) conta que Petrônio, então governador da Síria se vê forçado por Caio César a instalar no Templo judeu a estátua de Júpiter. O próprio rei Agripa, ante as réplicas de Caio em reivindicar para si o governo divino, foi tocado por uma dor violenta que o fez retira-se para cair e desmaiar. O dessegredo entre Estado e Governo era tal que refeito, o rei Agripa escreveu o seguinte: Bem sabeis, senhor, que eu sou judeu, nascido em Jerusalém, onde está esse santo Templo, consagrado em honra do Deus Todo- poderoso. Eu tive por antepassados os reis desse país. Alguns deles foram soberanos sacerdotes e estimaram mais essa dignidade do que a própria coroa, porque estavam persuadidos que tanto quanto Deus está acima dos homens, tanto o sacerdócio está acima do trono; as funções de um têm por objeto as coisas divinas, ao passo que o poder que o outro dá só se refere às coisas humanas. 11 Ibidem. 12 Kenéryi, Karl. 1942. Arquétipo da Religião Grega, Rio de Janeiro, Ed. Vozes ltda. p. 7 2015 13 Desde 1500 a.C. Mitologia grega, cuja florescência tessálica inclui o centauro Quíron, o professor de medicina de Asclépio. Cf. As origens na Tessália, p. 98 14 Josefo, Flávio. História dos Hebreus. 8ª Ed. Livro Único. Cap. 16. CPDA. Rio de Janeiro. p. 1612-1613. 2004 15 "Como eu me encontro, senhor, ligado por tantos liames àquela nação, a essa pátria e a esse Templo, eu não poderia recusar ser-lhes medianeiro e intercessor junto de vós. Peço-vos, então, por minha nação, de não permitir que ela seja obrigada a sentir diminuir o seu zelo por vós. Nenhum outro povo em toda a Europa e toda a Ásia nunca demonstrou tanto por vossa augusta família imperial, em tudo o que sua religião e suas leis podem permitir. (JOSEFO, FLÁVIO, p. 1612- 1613) CAPÍTULO 2 2. Estado e Igreja, Reforma e Contrarreforma A sociedade ocidental do século XIV testemunhou transformações profundas que levaram ao pluralismo religioso, político e social que diferiam das ideias de união cujo ápice se deu no século XIII. John Wycliffe15 precursor da reforma deu a Igreja medieval a primeira oposição sistemática em que a mesma se apoiou. Na esteira do laicismo, segue-se Jhon Hus16 Zuínglio17 e seu mais proeminente defensor, Matinho Lutero, que com suas 95 teses enviadas ao arcebispo de Mainz em data de 31 de outubro de 1517, deu início a reforma. O fechado mundo sacral da Idade Média, encontra no coração daqueles que formam influenciados pela liberdade religiosa a alienação do Estado em relação à Igreja, a busca da democratização do corpo eclesiástico. Para Natel (2016, p. 54)18 neste período, três áreas foram afetadas, a Teológica com a Reforma protestante, a Litúrgica (adoração, culto, missa e celebração), e a missiológica (de conquistas territoriais e guerras com fins econômicos para a pregação da Fé afim de converter os pagãos ao Evangelho de Salvação). Esta última, apesar da premissa de salvação, espelhou o direito tributário do Estado e tratou de promover a “prestação compulsória e a pecúnia” como imposto indispensável a conversão, regeneração e redenção do indivíduo. 15 John Wycliffe foi professor da Universidade de Oxford, teólogo e reformador religioso inglês, considerado precursor das reformas religiosas que sacudiram a Europa nos séculos XV e XVI. 16 Jan Hus (1369 – 1415) O teólogo e reformador tcheco Jan Hus foi condenado a morrer na fogueira porque se negou a abandonar suas teorias de reforma da Igreja. 17 Ulrich Zwingli (Zwinglio ou mesmo Ulrico Zuínglio) (1484–1531) O líder da Reforma na Suíça atacou as doutrinas romanas. 18 Natel, Angela. Teologia da Reforma. Curitiba, Paraná, Ed. Intersaberes. p. 54-81. 2016 16 2.1 República Oligárquica e o Século Pentecostal Os desafios missionários formam muitos e variegados e contam com a mesma idade do país. Trata da carta de Pero Vaz Caminha19 contendo uma clara mensagem do ideal catequizante dos portugueses “O melhor fruto que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar”20. Segundo César (2000, p. 69): A introdução das Sagradas Escrituras começou discretamente em 1814, e o primeiro metodista americano a se instalar no Brasil foi Daniel Parish Kidder que vendia seus exemplares por 1$000 (um mil réis). Com a promulgação da Constituição de 1891 e seu art. 72, § 3º que trata da liberdade de culto e expressão religiosa, surge o Estado laico que com seus 14.333.915 habitantes21 logo se vê separado da Igreja Católica. Um século depois da disseminação da Bíblia Sagrada, já no ano de 1906 houve em Los Angeles, na chamada rua Azuza o movimento pentecostal de santidade (holiness), que contou com um pregador negro, cego, por nome de William J. Seymour cuja mensagem percorreu não só o país, mas os exterior instaurando assim o século pentecostal22. 2.2 A República do Café com Leite e o Pão Sacramental Enquanto a nação testemunhava a quinta eleição presidencial direta, com o pleito de Hermes da Fonseca e a República das Sucessões23, no campo religiosos era lançada a semente pentecostal que germinaria século à fora. Os “missiólogos” em seu fervor ecumênico estavam inclinados a substituir o confronto pelo encontro, o que lhes deu enorme vantagem. Para Viscardi (2019, p.15)24 a mudança de regime representou a possibilidade de uma refundação da vida nacional. Sua potencialidade democrática além de instituir o sistema 19 Nomeado escrivão da feitoria de Calicute,na Índia, em 1499 e que aos 50 anos escreveu a famosa carta de 27 páginas a D. Manuel I, então com 31 anos de idade 20 César, Elben M. Lenz. 1930. História da Evangelização do Brasil; dos jesuítas aos neopentecostais. 2ª Ed. Viçosa. Ed. Ultimato. p. 22. 2000 21 Ibidem “Segundo o senso de 1890” 22 César, Elben M. Lenz. 1930. História da Evangelização do Brasil; dos jesuítas aos neopentecostais. 2ª Ed. Viçosa. Ed. Ultimato. p. 114. 2000 23 Viscardi, Cláudia Maria Ribeiro, 2012. O Teatro das oligarquias: uma revisão da “política do café com leite. Ebook. 2ª Ed. Fino Traço. Belo Horizonte, p. 16, 2019 24 Ibidem 17 federativo, propiciou a separação entre Estado e Igreja Católica e a adoção do princípio de sufrágio universal. Se na esfera política a República foi, em grande medida, novo rótulo para uma velha garrafa, no campo religioso a “ceia das virtudes divinas” pôs seu velho vinho em um novo odre, o Estado laico. Neste período, o italiano Louis Francescon, de 44 anos, juntamente com os missionários suecos Gunnar Vingren, de 32 anos, e Daniel Berg, ambos influenciados pelo pentecostalismo norte-americano fundam suas igrejas sendo a Congregação Cristã no Brasil sediada em São Paulo e Assembleia de Deus do Brasil, de Gunnar e Daniel em Belém do Pará. No senso de 1947, quando do VIII Convenção Nacional das Assembleias de Deus, o país já tinha pontos de culto estabelecido em sete estados e contava com 100 mil fiéis batizados (César, p. 121). Adiciona-se a isso, outras dez instituições. No entendimento de Viscardi (2012. p. 291), os Estados que mais tinham voz, e vez, mais se temiam do que se uniam. A relativização do peso da produção leiteira de Minas Gerais que sob a administração de Artur Bernardes (1918-1922) ocupava a segunda do país, revela que os interesses de tal aliança política não eram os mesmos. Já no campo religiosos, os desgastes do sistema sucessório não se fez sentir. Sob esta auspiciosa imprevisibilidade política o “corpo de Cristo” nutriu-se do alimento espiritual e repartiu no benevolente Estado “Café com Leite” seu “Pão Sacramental”. A laicidade da Primeira República tornou fértil a flor do cristianismo, mas, contudo, não deixou de contemplar, ao menos no campo educacional, os espinhos da moralidade e civilidade. Schueler aponta que para os docentes do período destacado a educação ou formação da criança estava diretamente relacionada à formação da nacionalidade. Premia entre os professores a ideia nata de que “Aquilo a que chamavam "meninos" era "nada menos que nação, que em tenra idade" passavam por suas mãos”. Ao referir-se a Comissão de 1874 criada pelo Ministério do Império, e que precedeu a Política dos Governadores, Shueler25 aludi que: 25 Schueler, Alessandra F. Martinez de. Crianças e escolas na passagem do Império para a República. Rev. bras. Hist. vol.19 n.37 São Paulo Sept. 1999 18 Mais do que avaliar as condições materiais das escolas, a Comissão emitiu opiniões sobre as matérias de ensino e atribuiu significados específicos à educação e à instrução das crianças. Referindo-se à educação moral e religiosa, os professores argumentaram que era dever da família transmitir os princípios religiosos e as noções de moralidade. Porém, a partir de suas experiências no ensino e das condições da sociedade em que viviam, os mestres entenderam que era preciso abrir uma exceção na ideia geral de que a educação pertencia ao âmbito do pátrio poder. Segundo eles, o Estado deveria tomar para si a função de educar, pois a maioria das crianças que frequentavam as escolas provinham da "parte menos aquinhoada da população, quer pelo lado da fortuna, quer pelo da educação." 2.3 Para além da Primeira República Para se ter uma ideia do quanto o fermento da “Nova Doutrina Pentecostal” cresceu, basta espelharmos os dados fornecidos pelo IBGE sobre as atividades religiosas desenvolvidas sob a égide do Estado Laico. Em 1890 o censo demográfico apontava que os católicos representavam 99% da população brasileira. Em meados do governo Vargas, antes do início da segunda onda do pentecostalismo clássico iniciada em 1950, o Brasil já contava com 1.074.857. Ao citar Teixeira (2010), Alves, escreve que26: […] não há como negar a força do referencial cristão na sociedade brasileira. Mas já se começa a perceber nele uma diversificação cada vez mais evidenciada. Junto com essa multiformidade interna ao campo cristão, verifica-se também uma pluralização religiosa cada vez maior, com visibilização crescente. (2013, p. 25). Na prática, o autor concorda com a estimativa realizada por Alves, Barros e Cavengahi (2012), de que “os católicos terão um índice menor que 50% até 2030 e de que haverá um empate com o grupo evangélico até 2040”.27 Incrementa-se daí a raiz do ecumenismo? Quais suas implicações no Ensino Fundamental e na vida social tanto do alunato, quanto do indivíduo? Ecoa nos auditórios diocesanos e pentecostais o discurso da moralidade e civilidade com 26 Alves, José Eustáquio. et al. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 29, n. 2 p. 221. 2017 27 Ibidem, p. 220 19 respeito a obediência servil a pátria? O Estado pode a um só tempo ser ecumênico e laico? CAPÍTULO III – Ecumenismo 3. Ecumenismo e o laicismo O ecumenismo imaginado por John Mott28 marcou o discurso eclesiológico que se propagou pela América Latina. Foi aqui que se cunhou o conceito do "macroecumenismo", respectivamente do ecumenismo integral. Conforme Pedro Casaldáliga29, "...O que importa verdadeiramente não é ser adepto de uma Igreja, mas entrar na dinâmica do Reino, nossa relação com ele, sermos lutadores de sua causa". Gottfriend Brakemeier30 ressalta ainda o termo ecumênico como concebido por autores diversos. Escreve ele: Manuel Quintero tem falado num "ecumenismo social"; Faustino Teixeira, num "ecumenismo planetário"; José Miguez Bonino numa '''ecumené da justiça". [...] Fica claro pois, que o problema da unidade não se esgota numa questão de dogmática cristã. É assunto eminentemente prático, de abrangente relações sociais. Nota-se aí que o consenso pretendido pelo ecumenismo integral ainda carece de significados. O conceito ecumênico que permeia as relações interconfessionais ainda só faz promover o sincretismo e relativismo religioso, portanto, é pluralista em sua missão reconciliadora. Aliás, o sincretismo religioso, fundamentalmente uma mistura de elementos culturais, ou mesmo uma interfusão intimamente simbiótica, parece conter características irreconciliáveis. Uma vez sob a tutela do laicismo, é importante frisar que o sincretismo religioso, não pode, pela força das circunstâncias, desassociar-se em absoluto do imbróglio Estado/Igreja que permeou a história tanto das antigas sociedades, quanto da América latina contemporânea. Dito isto, a oikouméne31 traz 28 Em 1905, foi criado nos Estados Unidos o Conselho Nacional das Igrejas. A Conferência Missionária Mundial, em Edimburgo, em 1910, é considerada o marco do ecumenismo como é entendido hoje: a busca da unidade entre as igrejas cristãs 29 P. CASALDÁLIGA / J. M. VIGIL, Espiritualidade da Libertação, São Paulo: Vozes,1993, p. 195 30 Brakemeier, Gottfriend. Ecumenismo: Repensando o significado e a abrangência de um termo. Persp. Teol. 33 (2001) 195-216. Nova Petrópolis, RS 31 O termo ecumênico provém da palavra grega οἰκουμένη (oikouméne), significa mundo habitado. Num sentido mais restrito, emprega-se o termo para os esforços em favor da unidade entre igrejas cristãs; num sentido lato, pode designar a busca da unidade entre as religiões. 20 implicações que abarcam a esfera político-religiosa sem que haja dissociação entre um e outro. Ao referir-sea Unidade da Igreja e unidade da humanidade, Brakemeier explica de modo magistral o sentido ecumênico político-religioso: A etimologia remete ao significado geográfico. Oikoumene é o espaço de vida do ser humano, a casa que lhe serve de habitação, é o mundo que provém das mãos de Deus e, por isto, lhe pertence (d. SI 24,1). Já muito cedo, porém, se associa ao significado geográfico o político. "Ecumene" designa o Império Romano (Lc 2,1), portanto uma esfera de poder, de governo e de jurisdição. Na perspectiva cultural podia designar o mundo unido pelo helenismo, ou seja pela cultura grega, além da qual não haveria senão "bárbaros" (cf. Rm 1,14). Enquanto isso, a primeira cristandade via na oikoumene prioritariamente seu campo de missão (Mt 24.14); a seguir aplica o termo à Igreja universal, espalhada por toda a terra. Seus concílios, nos primeiros séculos, são considerados "ecumênicos", com o que se vincula a reivindicação de validade geral. O termo "ecumênico" tem proximidade ao que hoje se chama "global". Neste sentindo se acha a ideia de que “O corpo de Cristo” tinha também o objetivo de se tornar uma comunidade global... 3. 1 A problemática Ecumênica A primeira questão envolvendo oikoumene diz respeito às inúmeras interpretações que se faz do termo. Seu postulado vem sendo resignificado o que não permite o alinhamento de ideias entre as autoridades no assunto. Ao contrário, novas cosmovisões ampliam novos horizontes, ou seja, o diálogo inter- religioso não consegue responder a pergunta mais básica: “O que vem a ser a comunhão eclesial? Em segundo, quando voltamos nossa atenção ao mundo transcultural, surge a problemática do diálogo cultural. Na visão de Brakemeier32: O diálogo interconfessional e inter-religioso se transformou em imperativo interno da próprias igrejas. A pluralidade de convicções, característica da "humanidade" e multiplicada pela globalização, invade as comunidades cristãs e exige discussão. O ecumenismo, sem renunciar ao critério da verdade, vai querer a paz entre os que estão 32 Ibidem p. 21 21 perto e os que estão longe (ef. Ef 2,17). De modo algum se reduz a uma forma de "política externa" das Igrejas. Deve iniciar "em casa", na própria instituição, como esforço pelo magnus consensus que sustenta a comunhão em Cristo. O ideário religioso da "humanidade", ou então, seus elementos, encontram-se bem mais presentes na Igreja do que muitas vezes se supõe. 3. 2 Uma saída possível Os contextos divinos e humanos a que nos referimos na introdução deste trabalho, mostra claramente que o Estado como provedor das necessidades básicas do indivíduo social, tem por premissa a administração político- econômica. Desta feita, o Estado se vê no direito inviolável de recolher os tributos devidos e, apesar do discurso de isenção fiscal ser recorrente, linearmente, a Igreja não se eximiu desta, digamos, jurisprudência tanto bíblica quanto estatal. Nota-se com isso que o estudo das religiões é, para todos os fins, o estudo socioeconômico sob a perspectiva religiosa, portanto, inerente a História da humanidade. A compreensão dos Governos divino e humano são igualmente aceitas desde o arcabouço da civilização humana. Sabe-se também, que a partir do século 19, a agenda “global” desassociou por meio de sua Constituinte, a corregência do Estado e do Episcopado no cotidiano social brasileiro. Outrossim, as Cartas Magnas de 1824 a 1988, ou seja, do Brasil Império a Constituição Cidadã, o laicismo esteve presente assegurando o direito de culto com suas formas de expressão religiosa. Entende-se com isso, que o multiculturalismo religioso não deve e/ou não pode ser arbitrário, mas ministrado consoante a Lei Fundamental do Estado. Se a priori a etimologia aplicada a oikoumene remonta a ideia de poder, governo e jurisdição, a posteriori não seria o caso de ser o Estado o mediador entre as lideranças religiosas e seus subordinados? Numa análise que se pretende modesta, podemos entender perfeitamente possível que a base doutrinal seja delegada aos que oficiam diante do “altar”, e, por outro lado, a base pedagógica (apostilamento, almanaques, didática, etc.), no que diz respeito 22 ao adolescente na fase da segunda infância33 ser ministrada em corregência com o Estado, à moda régia ou pombalina. Fora a ideia segregatícia e elitizada, há neste contexto uma resposta no mínimo plausível a questão ecumênica. 3. SEQUÊNCIA DIDÁTICA Sobre o Plano Movimento estudantil e cultural no período da ditadura civil-militar. Turma: 9º ano do Ensino Fundamental Conteúdo: Brasil: a resistência à ditadura e a redemocratização Objetivo Geral: As transformações sociais no período da ditadura brasileira por meio das manifestações artísticas e a participação do núcleo estudantil no processo de redemocratização. Objetivos específicos: Habilidade(s) da BNCC: EF09HI20 Discutir os processos de resistência e as propostas de reorganização da sociedade brasileira durante a ditadura civil-militar. Recursos: Data show, aparelho de TV, Internet, mídias sociais, imagens, tesoura, cola, papel (branco ou colorido). Etapas: 4 semanas (02h/aulas semanais às sexta-feira) Introdução ao tema: Apresentação em vídeo de expressões culturais sobre o período estudado. Desenvolvimento da aula: Apresentação de vídeo referente a expressão cultural no período da ditadura civil-militar. Formação de grupos. Atividades: Realização e apresentação de Trabalho em grupo. Apresentação de Documentário “Pro dia nascer feliz”. Avaliação: Trabalhos realizados em grupo e participação individual nos debates com temáticas voltadas para esse fim. Primeira semana (02h/aulas) Metodologia: Aula dialogada com o tema: “Cantando a Revolução”. No início da aula será apresentado o vídeo com a música de Geraldo Vandré – “Pra 33 Silva, Paulo Sérgio Modesto, et al. O Desenvolvimento do Adolescente na Teoria de Piaget. Psicologia.pt. p. 4. 2011 23 não dizer que não falei das Flores”. Em seguida serão abordados outros autores cujas obras fizeram oposição a opressão e a violência da ditadura. O objetivo é apresentar aos alunos as motivações do movimento revolucionário por meio da música. Problemas sociais, econômicos e políticos que expressaram o ideal igualitário e democrático deverão ser contemplados. Num segundo momento, far-se-á por meio de Data Show, amostragem de imagens dos movimentos culturais de grande relevância para o período. Figura 1 Geraldo Vandré e a Ditadura Militar Fonte: Observatório do Terceiro Setor. Acesso em 14/11/2020 Figura 2 Caetano Veloso no III Festival de Música Popular Brasileira, no Teatro Paramount Fonte: Acervo Estadão. Acesso em 14/11/2020 24 Segunda semana (02h/aulas) Metodologia: Trabalho em grupo: “Resistência estudantil durante a ditadura civil-militar” parte 01. Os alunos deverão formar grupos de três ou quatro integrantes. Propor que pesquisem imagens referente a UNE (União Nacional dos Estudantes) e sua participação no movimento estudado. Feito isso, serão impressas as imagens definidas pelos grupos e coladas em folha papel sulfite A4 onde deverão responder as seguintes perguntas: Porque tantos cidadãos atenderam ao chamado para a passeata de junho de 1968, no Rio de Janeiro que veio a ser conhecida como “A passeata dos Cem Mil?” Quais eram suas motivações? Foi um movimento pacífico ou não? Terceira semana (02h/aulas) Metodologia: Trabalho em grupo: “Resistência estudantil durante a ditadura civil-militar” parte 02. Apresentação oral dos trabalhos por parte dos grupos. Ao término dos trabalhos em grupo será apresentado aos alunos a participação dos grupos teatrais como Teatro de Arena e Teatro de oficina, além das crítica formuladas pelochamado Cinema NOVO. Numa última etapa os movimentos Negros, Feministas e Indígenas completarão o ciclo de Movimentos Democráticos durante a Ditadura civil-militar. Quarta semana (02h/aulas) Metodologia: Durante a avaliação dos trabalhos realizada pelo docente, os alunos deverão assistir ao documentário “Pro dia nascer feliz”, de João Jardim. Antes do encerramento da aula, será solicitado aos alunos que façam uma breve análise da vida social do estudante nos anos de ditadura em relação a vida do alunato em face dos direitos adquiridos através da Constituição Cidadã. Será questionado aos alunos qual o sentido de liberdade democrática para cada aluno em si. Ao final dos trabalhos a turma deverá saber identificar os processos que resultaram na ditadura, discutir os processos de resistência, entender as demandas feministas, raciais e indígenas, enfim, reunir saberes a respeito das mobilizações sociais brasileiras do período ditadura civil-militar a Constituição de 1988. 25 Fontes e Referências “Pra não dizer que eu não falei das flores” https://youtu.be/wkEGNgib2Yw https://observatorio3setor.org.br/carrossel/pra-nao-dizer-que-nao-falei-das- flores-faz-50-anos-e-continua-atual/ https://acervo.estadao.com.br/noticias/personalidades,caetanoveloso,640,0.htm PRO dia nascer feliz. Direção: João Jardim. Roteiro: João Jardim. Brasil: 2005. Disponível em: youtu.be/nvsbb6XHu_I. 4. CONCLUSÃO 4.1 Considerações Finais O tema desse trabalho foi desenvolvido com o intuito de demonstrar que o Governo Divino e Humano desde sempre povoou o imaginário popular. A heterogeneidade teológica e seus diversos modelos estruturais em conjunto com Governança Pública foram apresentadas de forma concisa com enfoque na transição da Idade Média para a Idade Moderna e vanguarda. Se a Europa com seus movimentos reformistas, protestantes e de contrarreforma figuram como contribuições históricas irrefutáveis, o pentecostalismo sobretudo, o brasileiro do início dos séc. XX, em nada foi diminuto, merecendo posição singular. Procurou- se demonstrar que a sociedade transforma o indivíduo em sua própria estrutura, e que o mecanismo, digamos, operatório do adolescente sempre se mostrou suficiente para apreender os conceitos pedagógicos em todas as suas vertentes. O positivismo aquiesceu as reformas educacionais e religiosas que levaram a separação entre Estado e Igreja e, neste contexto, o grêmio estudantil elitista também sofreu ruptura definitiva. As medidas pombalinas levam então a fundação e disseminação do estudo público a um patamar jamais alcançado antes e, no epicentro dessas transformações se acha o alunato. Séculos de liberdade e expressão religiosa, são garantidas pela Carta Magna e sob esta égide desfilou resoluto o pentecostalismo efervescente. Finalmente apresentamos o ecumenismo e suas implicações. Como objeto de reflexão apontamos caminhos que levam como dantes, a coparticipação entre Estado e Igreja num esforço mútuo para conciliar os seus interesses a Agenda 26 Global. Outro ponto a ser destacado é a premissa da laicidade e isenção fiscal sancionado pelo Governo às instituições religiosas. O curso apontado para uma possível solução ecumênica leva a Igreja a um certo grau de servilismo ao Estado, podendo, inclusive, ser passível de prestação tributária o que levaria, evidentemente, a uma Reforma político-religiosa. A escolha do tema se deu pelo fato de o adolescente geralmente procurar inserir-se na vida adulta pelas vias de projetos teóricos, programas de engajamento social e outros que o possibilitam ser não apenas alvos da reforma social, mas realizadores. Dessa feita, o empirismo coaduna o pensamento formal com a realidade em si e nesta constância o adolescente se vê exercendo seu papel social de forma concreta e bem definida. Os desdobramentos e heranças culturais da Política do Café com Leite e o Movimento Pentecostal permeia a vida do povo brasileiro e o seu tema, claramente promissor ainda trará questionamentos válidos e difusos ao longo da história do Brasil. O âmbito das perspectivas proporcionadas neste artigo, não são elucidativas, tampouco, definitivas, mas há de se compreender que é a partir de políticas públicas voltadas para os jovens estudantes que se dará um salto qualitativo na educação e na formação da identidade da nação brasileira. 27 REFEÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Macarthur, Dr. John, 2003. “Pense biblicamente”.1ª ed. São Paulo, Editora Hagnos, 2005 Zeferino, Jefferson. EDUCERE, XII Congresso Nacional de Educação. 2015 Fausto, Boris, 1930. História do Brasil, 2ª Ed. São Paulo. Edusp. 1995 H. Orton Wiley, STD e Paul T. Culbertson, Ph.D. 1990, Introdução à Teologia Cristã; 1ª ed. São Paulo: Casa Nazarena de Publicações, p. 20 Shultz, Samuel J. 1977. A História de Israel no Antigo Testamento. 8ª Ed. 13ª imp. São Paulo, Vida Nova, 1995 Kenéryi, Karl. 1942. Arquétipo da Religião Grega, Rio de Janeiro, Ed. Vozes ltda. p. 7 2015 Josefo, Flávio. História dos Hebreus. 8ª Ed. Livro Único. Cap. 16. CPDA. Rio de Janeiro. p. 1612-1613. 2004 Natel, Angela. Teologia da Reforma. Curitiba, Paraná, Ed. Intersaberes. p. 54- 81. 2016 César, Elben M. Lenz. 1930. História da Evangelização do Brasil; dos jesuítas aos neopentecostais. 2ª Ed. Viçosa. Ed. Ultimato. p. 22. 2000 Viscardi, Cláudia Maria Ribeiro, 2012. O Teatro das oligarquias: uma revisão da “política do café com leite. Ebook. 2ª Ed. Fino Traço. Belo Horizonte, p. 16, 2019 Schueler, Alessandra F. Martinez de. Crianças e escolas na passagem do Império para a República. Rev. bras. Hist. vol.19 n.37 São Paulo Sept. 1999 Alves, José Eustáquio. et al. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 29, n. 2 p. 221. 2017 P. CASALDÁLIGA / J. M. VIGIL, Espiritualidade da Libertação, São Paulo: Vozes,1993, p. 195 Brakemeier, Gottfriend. Ecumenismo: Repensando o significado e a abrangência de um termo. Persp. Teol. 33 (2001) 195-216. Nova Petrópolis, RS Silva, Paulo Sérgio Modesto, et al. O Desenvolvimento do Adolescente na Teoria de Piaget. Psicologia.pt. p. 4. 2011 https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/16948_8779.pdf Marco Aurélio Santana – José Ricardo Ramalho, ALÉM DA FÁBRICA, Trabalhadores, sindicatos e a nova questão social. Capa comum: 236 páginas Editora: Boitempo; Edição: 1 (31 de dezembro de 2003)
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