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POLÍTICA DO CAFÉ COM LEITE E O PÃO SACRAMENTAL TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL

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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA 
 
 
 
Extrema – UNIP PP 
 
 
 
 
 
 
POLÍTICA DO CAFÉ COM LEITE E O PÃO SACRAMENTAL 
TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL 
 
 
 
 
 
Orientadora Prof.ª: Leila Dutra Rodrigues 
 
 
Wagner Ferreira de Toledo – RA 1841848 
 
 
 
 
 
 
Extrema - MG 
2020 
WAGNER FERREIRA DE TOLEDO – RA 1841848 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POLÍTICA CAFÉ COM LEITE E O PÃO SACRAMENTAL 
TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL 
 
 
 
TCC Didático – Curso de Graduação 
Licenciatura em História, apresentado à 
comissão julgadora da Unip 
 
 
 
Orientador: Leila Dutra Rodrigues 
 
 
 
 
 
UNIP – EXTREMA 
2020 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
Toledo, Wagner Ferreira de 
Política café com leite e o pão sacramental, transformações sociais no ensino 
fundamental 
Orientação: Leila Dutra Rodrigues 
Extrema, 2020. 
27 páginas 
TCC Didático apresentado como exigência do curso de Licenciatura em 
História da UNIP-EAD, para obtenção do título de Licenciado em História. 
 Palavras-chave: Educação; Política; Religião, Ditadura, Reforma Protestante; 
Pentecostalismo; Ecumenismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
WAGNER FERREIRA DE TOLEDO 
 
 
 
 
 
 
POLÍTICA DO CAFÉ COM LEITE E O PÃO SACRAMENTAL 
TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
_____________________________________________ 
Professor (a) 
 
 
_____________________________________________ 
Professor (a) 
 
 
_____________________________________________ 
Professor (a) 
 
 
 
Agradecimentos 
 
 
 
Agradeço a Deus que fez de minha 
existência, sua essência e extensão 
de seu ser. 
 
Agradeço aos meus familiares e 
amigos por terem se inserido neste 
sonho. 
 
Agradeço também a todos os 
docentes que me ensinaram os 
saberes acadêmicos. 
 
Dedico este trabalho a minha esposa, 
que estimulou o meu aprendizado 
contínuo me incentivando a concluir 
minha primeira graduação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Tudo o que está morto como fato, 
continua vivo como ensino.” 
Victor Hugo 
 
 
SUMÁRIO 
 
RESUMO.......................................................................................................... 08 
1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................10 
2. DESENVOLVIMENTO 
CAPÍTULO I - Teologia 
1. Natureza e escopo da Teologia ............................................................... 12 
1.1 Teologia na História ............................................................................ ...13 
CAPÍTULO II - Estado e Igreja 
2. Estado e Igreja, Reforma e Contrarreforma ............................................. 15 
2.1 República Oligárquica e o Século Pentecostal .................................... ...16 
2. 2 A República do Café com Leite e o Pão Sacramental.............................16 
2. 3 Para além da Primeira República............................................................18 
CAPÍTULO III - Ecumenismo 
3. Ecumenismo e o laicismo...........................................................................19 
3.1 A problemática Ecumênica.......................................................................20 
3.2 Uma saída possível ................................................................................ 21 
3. SEGUÊNCIA DIDÁTICA.................................................................................22 
4. CONCLUSÃO 
4.1 Considerações Finais ..............................................................................25 
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA....................................................................27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
Este artigo propõe analisar as relações entre a “política do café com leite” 
e o protestantismo “histórico” e seus desdobramentos com base nas 
transformações sociais ocorridas no início do séc. XX no Brasil. É sabido que 
desde o arcabouço da civilização, ou do sedentarismo social, a história é 
ensinada a partir de contextos divinos e humanos, ou seja, religioso e político 
respectivamente. O ensinar política e suas intrincadas estruturas em traçando 
um paralelo com a religião é recurso recorrente desde os antigos povos 
mesopotâmicos, algo, aliás, só para constar, premente na cultura dos povos 
sumerianos. Para além das figuras míticas do panteão babilônico, a humanidade 
assistiu a submissão egípcia diante da apoteose faraônica e sorveu os 
entendimentos greco-romano e suas práticas político-religiosas. Quanto a 
concepção americana, essencialmente a do Brasil a partir da chegada dos 
missionários protestantes e o acirramento da República Nova e sua premissa 
laica, a nação se viu arrastada por grandes transformações nos modos de 
conceber política e religião, sobretudo a partir do advento pentecostal que 
permeou o Brasil do século XX. 
No ambiente escolar, escopo dessa análise, particularmente durante o 
Ensino Fundamental, período em que o alunato está processando seus 
conceitos pessoais, sociais e educativos, a abordagem religiosa tem ficado 
quase que à margem dos conteúdos programáticos, sendo inclusive, retratada 
com certa apatia no que diz respeito ao fazer pedagógico. Deixando o empirismo 
religioso com seus entendimentos divinos e sagrados a parte, nosso enfoque 
será o estruturalismo religioso e sua contribuição para a formação do cidadão 
politizado. 
 
Palavras-chave: Política; Religião, Estado Laico, Ditadura, Ecumenismo, 
Docente, discente. 
 
 
 
SUMARY 
 
 
 
 
 
This article aims to analyse the relation between the "Café com leite" politics and 
the historical protestantism and its developments based on the social changes 
from the beginning of the 20th century in Brazil. It is known that since the 
framework of civilization, or the social sedentarism, History is tought by divine 
and human contexts, or religious or political respectively. Teaching politics and 
its intricate structures drawing a parallel with relógio is something that is repeated 
since the ancient Mesopotamian people, something that, just for the sake of 
records, necessary in the sumarian culture. Beyond the mythic figures of the 
babilonian pantheon, humanity had watched egyption submission in front of 
pharaonic apotheosis and drained Greco Roman knowledges and their political 
religious practices. 
In terms of American conception, essentially the Brasilian one, from the arrival of 
the protestant missionaries and "República Nova" and its areligious premise, the 
nation had seen itself dragged by great changes concerning the way they 
understand politics and religion, especially after the petencostal advent tha 
permeated Brazil of the 20th century. 
At the school environment, scope of this project, particularly during High School, 
período that students are processing their personal social and educational 
concepts, the religious approach has remained almost untouched by the school 
contents, being almost retarded concerning pedagogycal aspects; letting 
religious empirism with its sacred and devine knowledges left aside. Our focus 
will be religious structuralism and its contribution to the formation of a politicized 
citizen. 
Key words: politics, religion, state, areligious, dictatorship, ecumenism, 
knowledge, teacher
10 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Diversos atores políticos e religiosos ao longo do tempo se alinham e 
desalinham formando rupturas e continuidades históricas. Desde o arcabouço 
da civilização, ou do sedentarismo social, a história é ensinada a partir de 
contextos divinos e humanos, ou seja, religioso e político respectivamente. A 
múltipla manifestação religiosa quer passadas, quer presentes, constituem em 
si mesmas um manancial de práticas, a riqueza cultural e patrimonial da 
humanidade. Retumba inda hojeo Dilúvio sumeriano, a deificação da alma como 
visto no antigo Egito, o panteão grego, o ritualismo romano, o dualismo entre o 
bem e o mal concebido pelos persas e mesmo toda imagética-simbólica que 
compreende até mesmo o gnosticismo. Desde que as primeiras concepções 
político-religiosas foram disseminadas, milênios se passaram, portanto, para 
além do senso-comum ‘política e religião se discute sim’, aliás, com todo o rigor 
de suas especificidades. Este artigo tem por finalidade analisar o recorte das 
relações entre a “política do café com leite” e o protestantismo “histórico” e seus 
desdobramentos com foco nas transformações sociais ocorridas a partir do início 
do séc. XX no Brasil, a saber, no Brasil não só catequizado à moda romana, mas 
essencialmente em franco processo pentecostal. 
Nos últimos trinta anos a terminologia “GLOBALIZAÇÃO”, seguindo-se a 
esta INTERNACIONALISMO, MULTICULTURALISMO, TOLERÂNCIA E 
RECONCILIAÇÃO RACIAL, são comumente veiculadas nas mídias sociais 
(Macarthur, 2005. P.171). No entanto, durante três séculos a “terra brasilis” fora 
uma colônia de Portugal e, somente em 1889, a partir Proclamação da República 
feita pelo então Príncipe Regente, Dom João, é que a terra chã ganhou 
conformação nacional. No campo religioso o ano de 1891 marca a separação 
ente Estado e Igreja, contudo, é a partir da primeira década do século XX com a 
chegada maciça de missionários protestantes que a Eclésia ortodoxa cristã sofre 
ruptura significativa. Com este último advento, preme a necessidade de o ‘novo 
cidadão’ compreender as demografias étnicas, as mudanças geopolíticas ou 
internacionalização das indústrias e as influências destas mudanças na vida do 
“Reino” e as transformações sociais políticas sob a ótica deste “Reino”. A 
questão que salta aos olhos é: Em que a formação social religiosa se distingue 
11 
 
da fornecida pelo Estado? As lideranças neopentecostais têm se alinhado aos 
discursos governamentais? A isenção de encargos e tributos financeiros 
corroboram com suas propostas pedagógicas dominicais? Seus atos litúrgicos 
preparam seus membros para o exercício da cidadania? Seus dogmas e 
doutrinas mantêm única e fidedignamente a observação dos preceitos divinos de 
condenação e salvação eterna? Macarthur 1(2005, p. 172) destaca a importância 
de os cristãos buscar uma visão de mundo teologicamente formada, estruturada 
biblicamente. Segundo ele, desde o início “O corpo de Cristo” tinha também o 
objetivo de se tornar uma comunidade global... muito antes que o processo de 
globalização tecnológica e econômica começasse, a mensagem global de Deus 
de “Boas Novas” iniciou e avançou no cumprimento de sua missão. A ideia de 
globalização, portanto, não é estranha a Bíblia. 
Tanto Jefferson Zeferino2 em seu artigo “A liberdade religiosa nas 
Constituições do Brasil da Proclamação da República a era Vargas: 
antecedentes, perspectivas e ensino de religião” (PUCPR, 2015), quanto Luz e 
escuridão e penumbra: o Governo Vargas e a Igreja Católica de Carlos Vinícius 
Costa de Mendonça et, al. (UFES), tratam linearmente os antecedentes 
históricos a Constituição de 1824 até a promulgação da Constituinte de 1988 em 
sinonímia, ou seja, a autoridade eclesiástica ou mesmo o logo divino sopesou na 
balança do poder juntamente com a autoridade política estatal. 
É importante destacar que, embora comissionada a propagar as “Boas 
Novas de Salvação” a Igreja jamais deve ser subversiva a “Magna Carta” e esta, 
então, de responsabilidade do Governo Federal, tem por finalidade garantir em 
forma de lei as liberdades conquistadas. Deveras, o caráter não catequizante do 
Governo, não pode eximi-lo da responsabilidade de promover por meio do 
estudo da religião ou cultura religiosa a informação e a formação ética e moral 
do cidadão (Zeferino, p.2). 
No final do século 19, fomentava-se o ideário republicano e 
antiescravagista, e o desejo de separação entre Igreja e Estado. Mendonça 
 
1 Macarthur, Dr. John, 2003. “Pense biblicamente”.1ª ed. São Paulo, Editora Hagnos, 2005. 
p.172 
2 Zeferino, Jefferson. EDUCERE, XII Congresso Nacional de Educação. 2015 
12 
 
aponta que as bases sociais do Integralismo e da Igreja eram o mesmo poviléu: 
a classe média urbana. Na década de 1930 o Estado novo, autoritário, mas não 
fascista, se vê às voltas com os movimentos tenentista, proletário e a Igreja. Na 
análise de Mendonça, pretendia-se estabelecer uma ponte entre a esfera privada 
e a esfera pública, entre o domínio do sagrado e o do profano. 
Pretende-se aqui demonstrar que a supremacia dos vitoriosos nos 
seguimentos históricos não se fixa à custa do obsoletismo dos demais atores. 
Neste sentindo, impositores e subjugados constituem as faces da mesma 
moeda, ou no caso, extremos da mesma ciranda. Temos aqui um efeito cascata 
onde as sucessões de rupturas sedimentam o caminho para a continuidade. Este 
conceito não é novo. Para Fausto3 (1995, p. 14-15), a passagem do Brasil 
Colônia para o Brasil independente e a passagem da Monarquia para a 
República é permeada por continuidades e acomodações, o país muda conforme 
o plano socioeconômico, político e, às vezes, em ambos. Aplica-se aqui, para 
assente do trabalho as mudanças de ordem religiosas que afloram sob a sombra 
da laicidade do Estado Novo. Dito isto, é mister acrescentar que os antecedentes 
da Política do café com leite, perpassam o advento da imigração protestante no 
Brasil, portanto, urde este arquivo sentar à roda da política oligárquica paulista e 
mineira, bem como degustar o “pão sacramental” que esteve presenta à mesa 
da sociedade brasileira dos séculos XIX ao XX. 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
CAPÍTULO I - Teologia 
1. Natureza e Escopo da Teologia. 
Duas palavras gregas definem o termo teologia, são elas theos, Deus, e 
logos, discurso ou trabalho. Segundo Wiley e Culbertson, em sua origem o termo 
referia-se a um discurso a respeito de Deus. No livro “Introdução à Teologia 
Cristã”, os autores destacam que os antigos gregos usavam o termo em sentido 
literal, empregando aos que escreviam a história dos deuses e suas façanhas. 
Além de Ferécides, o primeiro a ser reconhecido por essa designação, 
 
3 Fausto, Boris, 1930. História do Brasil, 2ª Ed. São Paulo. Edusp. 1995. pg. 14-15 
13 
 
Aristóteles aplicou o termo teologia à sua filosofia primária e, neste sentido, 
Homero, Hesíodo e Orfeu, “que, com inspiração poética, cantaram acerca dos 
deuses e das coisas divinas”4. Em seu escopo a teologia abarca um círculo 
amplo de investigação, ou matérias de estudos, são elas: (1) Deus – a matéria, 
fonte e fim de toda a teologia; (2) Religião – dando a consciência básica do 
sobrenatural, sem o que o homem estaria incapacitado de receber as revelações 
da verdade divina; (3) Revelação – como fonte primária dos fatos sobre os quais 
se estrutura a teologia sistemática; (4) Jesus Cristo – o Verbo Pessoal e Eterno, 
no qual toda a verdade encontra o seu centro de circunferência; (5) A Igreja – 
em que a verdade tem sido sistematizada e desenvolvida sob a assistência e 
direção do Espírito Santo. Para se chegar a compreensão do fenômeno social e 
individual a teologia se divide em demais fontes subsidiárias como a Teologia 
Natural5; Teologia Exegética6; Teologia Histórica7; Teologia Sistemática8; e, por 
fim, a Teologia Prática com vistas a obra missionária que inclui a homilética, a 
catequética e a litúrgica com suas formas de adoração e devoção9. 
1.1 A Teologia na História 
Sir Leonard Woolley conjuntamente com o Museu Britânico e o Museu da 
Universidade da Filadélfia, em 1922-34 escavou o sítio de Ur no Sul (Uri), e 
datando de 300 a. C. quando a cidade foi abandonada encontrou-se nas ruínas 
de um Zigurate construído pelo monarca sumério Ur Namu vestígios da Terceira 
Dinastia de Ure seu deus-lua Nanar que também fora a principal divindade de 
Harã (Shultz, 1985, p. 31).10 
No antigo Egito Amenotepe IV, ou Aquenaton (1379-1362 a. C.) tornou-
se melhor conhecido por haver promovido uma revolução na religião. Segundo 
Schultz (1985, p. 44-45), é possível que os faraós estivessem inquietos ante a 
 
4H. Orton Wiley, STD e Paul T. Culbertson, Ph.D. 1990, Introdução à Teologia Cristã; 1ª ed. 
São Paulo: Casa Nazarena de Publicações, p. 20 
5 Existência, atributos e vontade de Deus tal qual como se revelam nos diferentes fenômenos 
da natureza 
6 Estudo cuidadoso e analítico das Escrituras, classificando de acordo com as doutrinas 
7 Secular, bíblica e eclesiástica 
8 Encarrega-se do material fornecido pelas demais teologias anteriores subdividindo-se, 
comumente, em ética, dogmática e polêmica 
9 Ibid. 
10 Shultz, Samuel J. 1977. A História de Israel no Antigo Testamento. 8ª Ed. 13ª imp. São 
Paulo, Vida Nova, 1995 
14 
 
força crescente do sacerdócio de Amon, em Tebas. Tutmés IV já tinha atribuído 
sua ascendência real ao deus-sol, Ré. É fato que a proeminência nacional 
atribuída a qualquer deus em particular era intimamente ligada à política11. 
Aspectos essenciais como lenda e tradição histórico-cultural colocam 
Asclépio como um dos primeiros deuses gregos e isso está explicitado na Ilíada 
de Homero que o coloca como pai de dois heróis praticantes da arte médica, 
Macaon e Podalírio, um rei militar chamado de “hábil médico”. Segundo 
Kenéryi12, “do silêncio dos poemas homéricos sobre a dignidade divina de 
Asclépio e sobre seu mito conclui-se que ele foi um “herói da cura” em sua pátria, 
a cidade Tessálica, Trica13, igualmente mencionada na Ilíada. Aliás, tanto Ilíada 
quanto Odisseia não pertencem ao mundo de Homero praticamente dito, mas a 
sociedade grega cujo arquétipo político-religioso fazia clara evocação a figura de 
semideuses, ou seja, líderes divinamente humanos e humanamente divinos. 
Na Roma do primeiro século d. C. os embates a despeito dos deuses 
romanos e o Deus dos judeus causou não pouco alvoroço entre os monarcas e 
seus governadores subservientes. No livro “História dos Hebreus”, Josefo14 (P. 
1612-1613) conta que Petrônio, então governador da Síria se vê forçado por Caio 
César a instalar no Templo judeu a estátua de Júpiter. O próprio rei Agripa, ante 
as réplicas de Caio em reivindicar para si o governo divino, foi tocado por uma 
dor violenta que o fez retira-se para cair e desmaiar. O dessegredo entre Estado 
e Governo era tal que refeito, o rei Agripa escreveu o seguinte: 
Bem sabeis, senhor, que eu sou judeu, nascido em Jerusalém, onde 
está esse santo Templo, consagrado em honra do Deus Todo-
poderoso. Eu tive por antepassados os reis desse país. Alguns deles 
foram soberanos sacerdotes e estimaram mais essa dignidade do que 
a própria coroa, porque estavam persuadidos que tanto quanto Deus 
está acima dos homens, tanto o sacerdócio está acima do trono; as 
funções de um têm por objeto as coisas divinas, ao passo que o poder 
que o outro dá só se refere às coisas humanas. 
 
11 Ibidem. 
12 Kenéryi, Karl. 1942. Arquétipo da Religião Grega, Rio de Janeiro, Ed. Vozes ltda. p. 7 2015 
13 Desde 1500 a.C. Mitologia grega, cuja florescência tessálica inclui o centauro Quíron, o 
professor de medicina de Asclépio. Cf. As origens na Tessália, p. 98 
14 Josefo, Flávio. História dos Hebreus. 8ª Ed. Livro Único. Cap. 16. CPDA. Rio de Janeiro. p. 
1612-1613. 2004 
15 
 
"Como eu me encontro, senhor, ligado por tantos liames àquela nação, 
a essa pátria e a esse Templo, eu não poderia recusar ser-lhes 
medianeiro e intercessor junto de vós. Peço-vos, então, por minha 
nação, de não permitir que ela seja obrigada a sentir diminuir o seu 
zelo por vós. Nenhum outro povo em toda a Europa e toda a Ásia nunca 
demonstrou tanto por vossa augusta família imperial, em tudo o que 
sua religião e suas leis podem permitir. (JOSEFO, FLÁVIO, p. 1612-
1613) 
 
CAPÍTULO 2 
2. Estado e Igreja, Reforma e Contrarreforma 
A sociedade ocidental do século XIV testemunhou transformações 
profundas que levaram ao pluralismo religioso, político e social que diferiam das 
ideias de união cujo ápice se deu no século XIII. John Wycliffe15 precursor da 
reforma deu a Igreja medieval a primeira oposição sistemática em que a mesma 
se apoiou. Na esteira do laicismo, segue-se Jhon Hus16 Zuínglio17 e seu mais 
proeminente defensor, Matinho Lutero, que com suas 95 teses enviadas ao 
arcebispo de Mainz em data de 31 de outubro de 1517, deu início a reforma. O 
fechado mundo sacral da Idade Média, encontra no coração daqueles que 
formam influenciados pela liberdade religiosa a alienação do Estado em relação 
à Igreja, a busca da democratização do corpo eclesiástico. Para Natel (2016, p. 
54)18 neste período, três áreas foram afetadas, a Teológica com a Reforma 
protestante, a Litúrgica (adoração, culto, missa e celebração), e a missiológica 
(de conquistas territoriais e guerras com fins econômicos para a pregação da Fé 
afim de converter os pagãos ao Evangelho de Salvação). Esta última, apesar da 
premissa de salvação, espelhou o direito tributário do Estado e tratou de 
promover a “prestação compulsória e a pecúnia” como imposto indispensável a 
conversão, regeneração e redenção do indivíduo. 
 
15 John Wycliffe foi professor da Universidade de Oxford, teólogo e reformador religioso inglês, 
considerado precursor das reformas religiosas que sacudiram a Europa nos séculos XV e XVI. 
16 Jan Hus (1369 – 1415) O teólogo e reformador tcheco Jan Hus foi condenado a morrer na 
fogueira porque se negou a abandonar suas teorias de reforma da Igreja. 
17 Ulrich Zwingli (Zwinglio ou mesmo Ulrico Zuínglio) (1484–1531) O líder da Reforma na Suíça 
atacou as doutrinas romanas. 
18 Natel, Angela. Teologia da Reforma. Curitiba, Paraná, Ed. Intersaberes. p. 54-81. 2016 
16 
 
2.1 República Oligárquica e o Século Pentecostal 
Os desafios missionários formam muitos e variegados e contam com a 
mesma idade do país. Trata da carta de Pero Vaz Caminha19 contendo uma clara 
mensagem do ideal catequizante dos portugueses “O melhor fruto que nela se 
pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal 
semente que Vossa Alteza em ela deve lançar”20. Segundo César (2000, p. 69): 
A introdução das Sagradas Escrituras começou discretamente em 
1814, e o primeiro metodista americano a se instalar no Brasil foi Daniel 
Parish Kidder que vendia seus exemplares por 1$000 (um mil réis). 
Com a promulgação da Constituição de 1891 e seu art. 72, § 3º que trata 
da liberdade de culto e expressão religiosa, surge o Estado laico que com seus 
14.333.915 habitantes21 logo se vê separado da Igreja Católica. 
Um século depois da disseminação da Bíblia Sagrada, já no ano de 1906 
houve em Los Angeles, na chamada rua Azuza o movimento pentecostal de 
santidade (holiness), que contou com um pregador negro, cego, por nome de 
William J. Seymour cuja mensagem percorreu não só o país, mas os exterior 
instaurando assim o século pentecostal22. 
2.2 A República do Café com Leite e o Pão Sacramental 
Enquanto a nação testemunhava a quinta eleição presidencial direta, com 
o pleito de Hermes da Fonseca e a República das Sucessões23, no campo 
religiosos era lançada a semente pentecostal que germinaria século à fora. Os 
“missiólogos” em seu fervor ecumênico estavam inclinados a substituir o 
confronto pelo encontro, o que lhes deu enorme vantagem. Para Viscardi (2019, 
p.15)24 a mudança de regime representou a possibilidade de uma refundação da 
vida nacional. Sua potencialidade democrática além de instituir o sistema 
 
19 Nomeado escrivão da feitoria de Calicute,na Índia, em 1499 e que aos 50 anos escreveu a 
famosa carta de 27 páginas a D. Manuel I, então com 31 anos de idade 
20 César, Elben M. Lenz. 1930. História da Evangelização do Brasil; dos jesuítas aos 
neopentecostais. 2ª Ed. Viçosa. Ed. Ultimato. p. 22. 2000 
21 Ibidem “Segundo o senso de 1890” 
22 César, Elben M. Lenz. 1930. História da Evangelização do Brasil; dos jesuítas aos 
neopentecostais. 2ª Ed. Viçosa. Ed. Ultimato. p. 114. 2000 
23 Viscardi, Cláudia Maria Ribeiro, 2012. O Teatro das oligarquias: uma revisão da “política do 
café com leite. Ebook. 2ª Ed. Fino Traço. Belo Horizonte, p. 16, 2019 
24 Ibidem 
17 
 
federativo, propiciou a separação entre Estado e Igreja Católica e a adoção do 
princípio de sufrágio universal. Se na esfera política a República foi, em grande 
medida, novo rótulo para uma velha garrafa, no campo religioso a “ceia das 
virtudes divinas” pôs seu velho vinho em um novo odre, o Estado laico. Neste 
período, o italiano Louis Francescon, de 44 anos, juntamente com os 
missionários suecos Gunnar Vingren, de 32 anos, e Daniel Berg, ambos 
influenciados pelo pentecostalismo norte-americano fundam suas igrejas sendo 
a Congregação Cristã no Brasil sediada em São Paulo e Assembleia de Deus do 
Brasil, de Gunnar e Daniel em Belém do Pará. No senso de 1947, quando do VIII 
Convenção Nacional das Assembleias de Deus, o país já tinha pontos de culto 
estabelecido em sete estados e contava com 100 mil fiéis batizados (César, p. 
121). Adiciona-se a isso, outras dez instituições. 
No entendimento de Viscardi (2012. p. 291), os Estados que mais tinham 
voz, e vez, mais se temiam do que se uniam. A relativização do peso da produção 
leiteira de Minas Gerais que sob a administração de Artur Bernardes (1918-1922) 
ocupava a segunda do país, revela que os interesses de tal aliança política não 
eram os mesmos. Já no campo religiosos, os desgastes do sistema sucessório 
não se fez sentir. Sob esta auspiciosa imprevisibilidade política o “corpo de 
Cristo” nutriu-se do alimento espiritual e repartiu no benevolente Estado “Café 
com Leite” seu “Pão Sacramental”. 
A laicidade da Primeira República tornou fértil a flor do cristianismo, mas, 
contudo, não deixou de contemplar, ao menos no campo educacional, os 
espinhos da moralidade e civilidade. Schueler aponta que para os docentes do 
período destacado a educação ou formação da criança estava diretamente 
relacionada à formação da nacionalidade. Premia entre os professores a ideia 
nata de que “Aquilo a que chamavam "meninos" era "nada menos que nação, 
que em tenra idade" passavam por suas mãos”. Ao referir-se a Comissão de 
1874 criada pelo Ministério do Império, e que precedeu a Política dos 
Governadores, Shueler25 aludi que: 
 
25 Schueler, Alessandra F. Martinez de. Crianças e escolas na passagem do Império para a 
República. Rev. bras. Hist. vol.19 n.37 São Paulo Sept. 1999 
 
18 
 
Mais do que avaliar as condições materiais das escolas, a Comissão 
emitiu opiniões sobre as matérias de ensino e atribuiu significados 
específicos à educação e à instrução das crianças. Referindo-se à 
educação moral e religiosa, os professores argumentaram que era 
dever da família transmitir os princípios religiosos e as noções de 
moralidade. Porém, a partir de suas experiências no ensino e das 
condições da sociedade em que viviam, os mestres entenderam que 
era preciso abrir uma exceção na ideia geral de que a educação 
pertencia ao âmbito do pátrio poder. Segundo eles, o Estado deveria 
tomar para si a função de educar, pois a maioria das crianças que 
frequentavam as escolas provinham da "parte menos aquinhoada da 
população, quer pelo lado da fortuna, quer pelo da educação." 
2.3 Para além da Primeira República 
Para se ter uma ideia do quanto o fermento da “Nova Doutrina 
Pentecostal” cresceu, basta espelharmos os dados fornecidos pelo IBGE sobre 
as atividades religiosas desenvolvidas sob a égide do Estado Laico. Em 1890 o 
censo demográfico apontava que os católicos representavam 99% da população 
brasileira. Em meados do governo Vargas, antes do início da segunda onda do 
pentecostalismo clássico iniciada em 1950, o Brasil já contava com 1.074.857. 
Ao citar Teixeira (2010), Alves, escreve que26: 
[…] não há como negar a força do referencial cristão na sociedade 
brasileira. Mas já se começa a perceber nele uma diversificação cada 
vez mais evidenciada. Junto com essa multiformidade interna ao 
campo cristão, verifica-se também uma pluralização religiosa cada vez 
maior, com visibilização crescente. (2013, p. 25). 
Na prática, o autor concorda com a estimativa realizada por Alves, Barros 
e Cavengahi (2012), de que “os católicos terão um índice menor que 50% até 
2030 e de que haverá um empate com o grupo evangélico até 2040”.27 
Incrementa-se daí a raiz do ecumenismo? Quais suas implicações no Ensino 
Fundamental e na vida social tanto do alunato, quanto do indivíduo? Ecoa nos 
auditórios diocesanos e pentecostais o discurso da moralidade e civilidade com 
 
26 Alves, José Eustáquio. et al. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 29, n. 2 p. 221. 
2017 
27 Ibidem, p. 220 
19 
 
respeito a obediência servil a pátria? O Estado pode a um só tempo ser 
ecumênico e laico? 
CAPÍTULO III – Ecumenismo 
3. Ecumenismo e o laicismo 
O ecumenismo imaginado por John Mott28 marcou o discurso 
eclesiológico que se propagou pela América Latina. Foi aqui que se cunhou o 
conceito do "macroecumenismo", respectivamente do ecumenismo integral. 
Conforme Pedro Casaldáliga29, "...O que importa verdadeiramente não é ser 
adepto de uma Igreja, mas entrar na dinâmica do Reino, nossa relação com ele, 
sermos lutadores de sua causa". Gottfriend Brakemeier30 ressalta ainda o termo 
ecumênico como concebido por autores diversos. Escreve ele: 
Manuel Quintero tem falado num "ecumenismo social"; Faustino 
Teixeira, num "ecumenismo planetário"; José Miguez Bonino numa 
'''ecumené da justiça". [...] Fica claro pois, que o problema da unidade 
não se esgota numa questão de dogmática cristã. É assunto 
eminentemente prático, de abrangente relações sociais. 
Nota-se aí que o consenso pretendido pelo ecumenismo integral ainda 
carece de significados. O conceito ecumênico que permeia as relações 
interconfessionais ainda só faz promover o sincretismo e relativismo religioso, 
portanto, é pluralista em sua missão reconciliadora. Aliás, o sincretismo religioso, 
fundamentalmente uma mistura de elementos culturais, ou mesmo uma 
interfusão intimamente simbiótica, parece conter características irreconciliáveis. 
Uma vez sob a tutela do laicismo, é importante frisar que o sincretismo 
religioso, não pode, pela força das circunstâncias, desassociar-se em absoluto 
do imbróglio Estado/Igreja que permeou a história tanto das antigas sociedades, 
quanto da América latina contemporânea. Dito isto, a oikouméne31 traz 
 
28 Em 1905, foi criado nos Estados Unidos o Conselho Nacional das Igrejas. A Conferência 
Missionária Mundial, em Edimburgo, em 1910, é considerada o marco do ecumenismo como é 
entendido hoje: a busca da unidade entre as igrejas cristãs 
29 P. CASALDÁLIGA / J. M. VIGIL, Espiritualidade da Libertação, São Paulo: Vozes,1993, p. 195 
30 Brakemeier, Gottfriend. Ecumenismo: Repensando o significado e a abrangência de um termo. 
Persp. Teol. 33 (2001) 195-216. Nova Petrópolis, RS 
31 O termo ecumênico provém da palavra grega οἰκουμένη (oikouméne), significa mundo 
habitado. Num sentido mais restrito, emprega-se o termo para os esforços em favor da unidade 
entre igrejas cristãs; num sentido lato, pode designar a busca da unidade entre as religiões. 
20 
 
implicações que abarcam a esfera político-religiosa sem que haja dissociação 
entre um e outro. Ao referir-sea Unidade da Igreja e unidade da humanidade, 
Brakemeier explica de modo magistral o sentido ecumênico político-religioso: 
A etimologia remete ao significado geográfico. Oikoumene é o espaço 
de vida do ser humano, a casa que lhe serve de habitação, é o mundo 
que provém das mãos de Deus e, por isto, lhe pertence (d. SI 24,1). Já 
muito cedo, porém, se associa ao significado geográfico o político. 
"Ecumene" designa o Império Romano (Lc 2,1), portanto uma esfera 
de poder, de governo e de jurisdição. Na perspectiva cultural podia 
designar o mundo unido pelo helenismo, ou seja pela cultura grega, 
além da qual não haveria senão "bárbaros" (cf. Rm 1,14). Enquanto 
isso, a primeira cristandade via na oikoumene prioritariamente seu 
campo de missão (Mt 24.14); a seguir aplica o termo à Igreja universal, 
espalhada por toda a terra. Seus concílios, nos primeiros séculos, são 
considerados "ecumênicos", com o que se vincula a reivindicação de 
validade geral. O termo "ecumênico" tem proximidade ao que hoje se 
chama "global". 
Neste sentindo se acha a ideia de que “O corpo de Cristo” tinha também 
o objetivo de se tornar uma comunidade global... 
3. 1 A problemática Ecumênica 
A primeira questão envolvendo oikoumene diz respeito às inúmeras 
interpretações que se faz do termo. Seu postulado vem sendo resignificado o 
que não permite o alinhamento de ideias entre as autoridades no assunto. Ao 
contrário, novas cosmovisões ampliam novos horizontes, ou seja, o diálogo inter-
religioso não consegue responder a pergunta mais básica: “O que vem a ser a 
comunhão eclesial? 
Em segundo, quando voltamos nossa atenção ao mundo transcultural, 
surge a problemática do diálogo cultural. Na visão de Brakemeier32: 
O diálogo interconfessional e inter-religioso se transformou em 
imperativo interno da próprias igrejas. A pluralidade de convicções, 
característica da "humanidade" e multiplicada pela globalização, 
invade as comunidades cristãs e exige discussão. O ecumenismo, sem 
renunciar ao critério da verdade, vai querer a paz entre os que estão 
 
32 Ibidem p. 21 
21 
 
perto e os que estão longe (ef. Ef 2,17). De modo algum se reduz a 
uma forma de "política externa" das Igrejas. Deve iniciar "em casa", na 
própria instituição, como esforço pelo magnus consensus que sustenta 
a comunhão em Cristo. O ideário religioso da "humanidade", ou então, 
seus elementos, encontram-se bem mais presentes na Igreja do que 
muitas vezes se supõe. 
3. 2 Uma saída possível 
Os contextos divinos e humanos a que nos referimos na introdução deste 
trabalho, mostra claramente que o Estado como provedor das necessidades 
básicas do indivíduo social, tem por premissa a administração político-
econômica. Desta feita, o Estado se vê no direito inviolável de recolher os tributos 
devidos e, apesar do discurso de isenção fiscal ser recorrente, linearmente, a 
Igreja não se eximiu desta, digamos, jurisprudência tanto bíblica quanto estatal. 
Nota-se com isso que o estudo das religiões é, para todos os fins, o estudo 
socioeconômico sob a perspectiva religiosa, portanto, inerente a História da 
humanidade. 
A compreensão dos Governos divino e humano são igualmente aceitas 
desde o arcabouço da civilização humana. Sabe-se também, que a partir do 
século 19, a agenda “global” desassociou por meio de sua Constituinte, a 
corregência do Estado e do Episcopado no cotidiano social brasileiro. Outrossim, 
as Cartas Magnas de 1824 a 1988, ou seja, do Brasil Império a Constituição 
Cidadã, o laicismo esteve presente assegurando o direito de culto com suas 
formas de expressão religiosa. Entende-se com isso, que o multiculturalismo 
religioso não deve e/ou não pode ser arbitrário, mas ministrado consoante a Lei 
Fundamental do Estado. 
Se a priori a etimologia aplicada a oikoumene remonta a ideia de poder, 
governo e jurisdição, a posteriori não seria o caso de ser o Estado o mediador 
entre as lideranças religiosas e seus subordinados? Numa análise que se 
pretende modesta, podemos entender perfeitamente possível que a base 
doutrinal seja delegada aos que oficiam diante do “altar”, e, por outro lado, a 
base pedagógica (apostilamento, almanaques, didática, etc.), no que diz respeito 
22 
 
ao adolescente na fase da segunda infância33 ser ministrada em corregência 
com o Estado, à moda régia ou pombalina. Fora a ideia segregatícia e elitizada, 
há neste contexto uma resposta no mínimo plausível a questão ecumênica. 
 
3. SEQUÊNCIA DIDÁTICA 
 
Sobre o Plano 
Movimento estudantil e cultural no período da ditadura civil-militar. 
Turma: 9º ano do Ensino Fundamental 
Conteúdo: Brasil: a resistência à ditadura e a redemocratização 
Objetivo Geral: As transformações sociais no período da ditadura brasileira por 
meio das manifestações artísticas e a participação do núcleo estudantil no 
processo de redemocratização. 
Objetivos específicos: Habilidade(s) da BNCC: EF09HI20 Discutir os 
processos de resistência e as propostas de reorganização da sociedade 
brasileira durante a ditadura civil-militar. 
Recursos: Data show, aparelho de TV, Internet, mídias sociais, imagens, 
tesoura, cola, papel (branco ou colorido). 
Etapas: 4 semanas (02h/aulas semanais às sexta-feira) 
Introdução ao tema: Apresentação em vídeo de expressões culturais sobre o 
período estudado. 
Desenvolvimento da aula: Apresentação de vídeo referente a expressão 
cultural no período da ditadura civil-militar. Formação de grupos. 
Atividades: Realização e apresentação de Trabalho em grupo. Apresentação 
de Documentário “Pro dia nascer feliz”. 
Avaliação: Trabalhos realizados em grupo e participação individual nos debates 
com temáticas voltadas para esse fim. 
 
Primeira semana (02h/aulas) 
Metodologia: Aula dialogada com o tema: “Cantando a Revolução”. No 
início da aula será apresentado o vídeo com a música de Geraldo Vandré – “Pra 
 
33 Silva, Paulo Sérgio Modesto, et al. O Desenvolvimento do Adolescente na Teoria de Piaget. 
Psicologia.pt. p. 4. 2011 
23 
 
não dizer que não falei das Flores”. Em seguida serão abordados outros autores 
cujas obras fizeram oposição a opressão e a violência da ditadura. O objetivo é 
apresentar aos alunos as motivações do movimento revolucionário por meio da 
música. Problemas sociais, econômicos e políticos que expressaram o ideal 
igualitário e democrático deverão ser contemplados. 
Num segundo momento, far-se-á por meio de Data Show, amostragem de 
imagens dos movimentos culturais de grande relevância para o período. 
Figura 1 Geraldo Vandré e a Ditadura Militar 
 
Fonte: Observatório do Terceiro Setor. Acesso em 14/11/2020 
 
Figura 2 Caetano Veloso no III Festival de Música Popular Brasileira, no Teatro Paramount 
 
Fonte: Acervo Estadão. Acesso em 14/11/2020 
 
24 
 
Segunda semana (02h/aulas) 
Metodologia: Trabalho em grupo: “Resistência estudantil durante a 
ditadura civil-militar” parte 01. Os alunos deverão formar grupos de três ou quatro 
integrantes. Propor que pesquisem imagens referente a UNE (União Nacional 
dos Estudantes) e sua participação no movimento estudado. Feito isso, serão 
impressas as imagens definidas pelos grupos e coladas em folha papel sulfite 
A4 onde deverão responder as seguintes perguntas: Porque tantos cidadãos 
atenderam ao chamado para a passeata de junho de 1968, no Rio de Janeiro 
que veio a ser conhecida como “A passeata dos Cem Mil?” Quais eram suas 
motivações? Foi um movimento pacífico ou não? 
Terceira semana (02h/aulas) 
Metodologia: Trabalho em grupo: “Resistência estudantil durante a 
ditadura civil-militar” parte 02. Apresentação oral dos trabalhos por parte dos 
grupos. Ao término dos trabalhos em grupo será apresentado aos alunos a 
participação dos grupos teatrais como Teatro de Arena e Teatro de oficina, 
além das crítica formuladas pelochamado Cinema NOVO. Numa última etapa 
os movimentos Negros, Feministas e Indígenas completarão o ciclo de 
Movimentos Democráticos durante a Ditadura civil-militar. 
Quarta semana (02h/aulas) 
Metodologia: Durante a avaliação dos trabalhos realizada pelo docente, 
os alunos deverão assistir ao documentário “Pro dia nascer feliz”, de João 
Jardim. Antes do encerramento da aula, será solicitado aos alunos que façam 
uma breve análise da vida social do estudante nos anos de ditadura em relação 
a vida do alunato em face dos direitos adquiridos através da Constituição Cidadã. 
Será questionado aos alunos qual o sentido de liberdade democrática para cada 
aluno em si. 
Ao final dos trabalhos a turma deverá saber identificar os processos que 
resultaram na ditadura, discutir os processos de resistência, entender as 
demandas feministas, raciais e indígenas, enfim, reunir saberes a respeito das 
mobilizações sociais brasileiras do período ditadura civil-militar a Constituição de 
1988. 
25 
 
Fontes e Referências 
“Pra não dizer que eu não falei das flores” https://youtu.be/wkEGNgib2Yw 
https://observatorio3setor.org.br/carrossel/pra-nao-dizer-que-nao-falei-das-
flores-faz-50-anos-e-continua-atual/ 
https://acervo.estadao.com.br/noticias/personalidades,caetanoveloso,640,0.htm 
PRO dia nascer feliz. Direção: João Jardim. Roteiro: João Jardim. Brasil: 2005. 
Disponível em: youtu.be/nvsbb6XHu_I. 
 
4. CONCLUSÃO 
4.1 Considerações Finais 
O tema desse trabalho foi desenvolvido com o intuito de demonstrar que 
o Governo Divino e Humano desde sempre povoou o imaginário popular. A 
heterogeneidade teológica e seus diversos modelos estruturais em conjunto com 
Governança Pública foram apresentadas de forma concisa com enfoque na 
transição da Idade Média para a Idade Moderna e vanguarda. Se a Europa com 
seus movimentos reformistas, protestantes e de contrarreforma figuram como 
contribuições históricas irrefutáveis, o pentecostalismo sobretudo, o brasileiro do 
início dos séc. XX, em nada foi diminuto, merecendo posição singular. Procurou-
se demonstrar que a sociedade transforma o indivíduo em sua própria estrutura, 
e que o mecanismo, digamos, operatório do adolescente sempre se mostrou 
suficiente para apreender os conceitos pedagógicos em todas as suas vertentes. 
O positivismo aquiesceu as reformas educacionais e religiosas que levaram a 
separação entre Estado e Igreja e, neste contexto, o grêmio estudantil elitista 
também sofreu ruptura definitiva. As medidas pombalinas levam então a 
fundação e disseminação do estudo público a um patamar jamais alcançado 
antes e, no epicentro dessas transformações se acha o alunato. 
Séculos de liberdade e expressão religiosa, são garantidas pela Carta 
Magna e sob esta égide desfilou resoluto o pentecostalismo efervescente. 
Finalmente apresentamos o ecumenismo e suas implicações. Como objeto de 
reflexão apontamos caminhos que levam como dantes, a coparticipação entre 
Estado e Igreja num esforço mútuo para conciliar os seus interesses a Agenda 
26 
 
Global. Outro ponto a ser destacado é a premissa da laicidade e isenção fiscal 
sancionado pelo Governo às instituições religiosas. O curso apontado para uma 
possível solução ecumênica leva a Igreja a um certo grau de servilismo ao 
Estado, podendo, inclusive, ser passível de prestação tributária o que levaria, 
evidentemente, a uma Reforma político-religiosa. 
A escolha do tema se deu pelo fato de o adolescente geralmente procurar 
inserir-se na vida adulta pelas vias de projetos teóricos, programas de 
engajamento social e outros que o possibilitam ser não apenas alvos da reforma 
social, mas realizadores. Dessa feita, o empirismo coaduna o pensamento formal 
com a realidade em si e nesta constância o adolescente se vê exercendo seu 
papel social de forma concreta e bem definida. Os desdobramentos e heranças 
culturais da Política do Café com Leite e o Movimento Pentecostal permeia a 
vida do povo brasileiro e o seu tema, claramente promissor ainda trará 
questionamentos válidos e difusos ao longo da história do Brasil. O âmbito das 
perspectivas proporcionadas neste artigo, não são elucidativas, tampouco, 
definitivas, mas há de se compreender que é a partir de políticas públicas 
voltadas para os jovens estudantes que se dará um salto qualitativo na educação 
e na formação da identidade da nação brasileira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
REFEÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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p. 7 2015 
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Viscardi, Cláudia Maria Ribeiro, 2012. O Teatro das oligarquias: uma revisão da 
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Alves, José Eustáquio. et al. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 29, 
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P. CASALDÁLIGA / J. M. VIGIL, Espiritualidade da Libertação, São Paulo: 
Vozes,1993, p. 195 
Brakemeier, Gottfriend. Ecumenismo: Repensando o significado e a abrangência 
de um termo. Persp. Teol. 33 (2001) 195-216. Nova Petrópolis, RS 
Silva, Paulo Sérgio Modesto, et al. O Desenvolvimento do Adolescente na Teoria 
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https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/16948_8779.pdf 
Marco Aurélio Santana – José Ricardo Ramalho, ALÉM DA FÁBRICA, 
Trabalhadores, sindicatos e a nova questão social. Capa comum: 236 páginas 
Editora: Boitempo; Edição: 1 (31 de dezembro de 2003)

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