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AT 1 2 3 S U M Á R IO 2 3 INTRODUÇÃO 5 UNIDADE 1 - Danças folclóricas brasileiras 6 1.1 Aspectos históricos 8 1.2 Danças folclóricas brasileiras: estilos, formas e características 8 1.3 As danças folclóricas brasileiras e a Educação Física Escolar 11 UNIDADE 2 - Algumas das principais danças folclóricas brasileiras 11 2.1 Boi-Bumbá 11 2.2 Samba de Roda 12 2.3 Frevo 12 2.4 Maracatu 13 2.5 Baião 13 2.6 Quadrilha 14 2.7 Catira 14 2.8 Carimbó 14 2.9 Maculelê 15 2.10 Siriri 15 2.11 Chula 16 2.12 Pau de Fitas 26 UNIDADE 3 - Folguedos 28 UNIDADE 4 - Alguns folguedos do folclore brasileiro 30 UNIDADE 5 - Lazer e turismo ecológico 33 UNIDADE 6 - Sugestão de atividades práticas de lazer e turismo ecológico 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS 37 REFERÊNCIAS 2 33 INTRODUÇÃO As diversas manifestações folclóricas, sobretudo aquelas apropriadas e viven- ciadas através das danças e folguedos, como também a importância do lazer re- lacionado ao turismo ecológico são os as- suntos abordados ao longo deste estudo, configurando conteúdos importantes dos currículos da Educação Física. Tais conte- údos permitem aprendizagens significati- vas e enriquecedoras, além de contribuí- rem para a perpetuação das expressões culturais e melhoria da qualidade de vida de todos os envolvidos. O folclore brasileiro, de acordo com Al- ves (2013), apresenta, através de suas variadas manifestações culturais, a his- tória de um povo. Com o intuito de se manterem vivas, tais manifestações são passadas de geração em geração, perpe- tuando e simbolizando diversas tradições culturais. É verdade, considerando as con- cepções dessa autora, que estas formas de demonstrar a sabedoria de um povo compreendem um processo de acultura- ção das diversas etnias e origens da popu- lação brasileira que sobreviveu ao longo dos tempos. A partir dos estudos de Bastos (2007), pode-se afirmar que o folclore brasileiro possui um enorme repertório de estilos de manifestações culturais, entretanto, as abordagens apresentadas referem-se às danças e folguedos, os quais se carac- terizam por ritmos, músicas, figurinos e cenários referentes às questões religio- sas, fatos históricos, culturais, lendas, dentre outros. Outro ponto destacado ao longo deste material pedagógico discorre acerca da importância do lazer para a melhoria da qualidade de vida. Dentre as diversas op- ções atuais para a prática do lazer, o Turis- mo Ecológico configura como alternativa que associa atividade física e a possibili- dade de adoção de hábitos saudáveis, no que diz respeito à educação ambiental. Sabe-se que a população, de maneira em geral, demonstra grande preocupação com a saúde e qualidade de vida, e ao mes- mo tempo, busca maior conscientização em relação à preservação dos recursos naturais. Nesse sentido, esses elementos da natureza, essenciais à manutenção da vida, são também recursos que permitem atrativos turísticos por meio da prática do Turismo Ecológico. Assim, de acordo com Kraemer (2005), é também por meio do Turismo Ecológico que se adquire maior conscientização am- biental a ponto de se preservar os recur- sos naturais, já que esses são as maiores atrações dessa prática de atividade física. O lazer nas suas diversas formas e prin- cipalmente através do Turismo Ecológico permite a disseminação e prática da edu- cação ambiental. Segundo ainda a autora supracitada, as atividades desenvolvidas a partir dessas práticas se relacionam di- retamente ao meio ambiente e possibili- tam uma aproximação positiva e benéfica entre o homem e a natureza. 4 54 Considerando que o homem está cada vez mais exposto à poluição dos mais di- versos tipos, principalmente a ambiental, nos grandes centros urbanos e com pos- sibilidades mínimas de contato direto com a natureza, o Turismo Ecológico configura atualmente, uma possibilidade saudável de lazer e de atividade física. Santos (2013) destaca que atividades e passeios a pé ou ciclísticos sob forma de trilhas favorecem o contato direto do ho- mem com o meio ambiente e contribuem para o desenvolvimento da educação am- biental e para a adoção de hábitos mais saudáveis. Fonte: http://www.efdeportes.com Fonte: http://www.efdeportes.com 4 5 UNIDADE 1 - Danças folclóricas brasileiras 5 Nos últimos anos muito tem se deba- tido a respeito dos inúmeros conteúdos que compõem os programas de ensino da Educação Física Escolar. De acordo com o Coletivo de Autores (1992), tal compo- nente curricular contempla conhecimen- tos específicos a serem tratados pedago- gicamente, os quais são sistematizados no contexto escolar. Em meio a esses conteúdos, destaca-se a dança a qual é materializada na expres- são corporal e configura um meio de lin- guagem e comunicação gestuais. Dentre os diversos estilos e ritmos, as danças de natureza folclórica possibilitam experiên- cias motoras diversificadas e ainda contri- buem para a melhoria dos aspectos cogni- tivos, sociais, afetivos, dentre outros. Nesse sentido, ainda de acordo com o referencial supracitado, tais práticas pedagógicas implementadas através da dança nas aulas de Educação Física têm despertado o interesse nas mais diver- sas áreas, legitimando a implementação do referido conhecimento no cotidiano dos espaços escolares. O contexto pe- dagógico assim configurado contribui grandemente com a qualidade das ações desenvolvidas e, em muito favorecem os processos ensino/aprendizagem. Em se tratando de danças folclóricas brasileiras e tomando como base os es- tudos de Vieira (2014), é possível depre- ender que tais conteúdos pedagógicos possuem caráter religioso e cultural, e também demonstram em suas combina- ções de movimentos, elementos simbóli- cos relacionados à memória étnica e his- tórica de acordo com o regionalismo do qual fazem parte. Ainda de acordo com o autor supra- citado, essas atividades rítmicas e que compõem o folclore do nosso país são perpetuadas pelas gerações, acumulan- do conhecimentos da sabedoria popular. Os valores culturais inerentes às danças folclóricas, considerando as concepções de Vieira (2014), formam um repertório expressado no corpo e pelo corpo e são externados através de movimentos per- petuando a memória cultural e revelando aspectos importantes da identidade bra- sileira. Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br/ 6 7 1.1 Aspectos históricos A partir dos estudos de Cascudo (1993), pode-se compreender que Folclore cons- titui um gênero cultural e popular, o qual é constituído por um conjunto de costumes e tradições de um povo. Nesse sentido, o termo Folclore, de origem inglesa, simbo- liza, de acordo com esse autor, o conheci- mento de um povo transmitido de gera- ção em geração e que é expresso das mais diversas formas: crendices, superstições, lendas, contos, provérbios, canções, dan- ças, artesanatos, jogos, manifestações religiosas, festas, brincadeiras, dentre outras. O autor supracitado destaca ainda, que para tais expressões culturais serem con- sideradas de natureza folclórica necessi- tam serem dinâmicas, tradicionais e te- rem aceitação coletiva. Prosseguindo no que concerne à ori- gem das danças folclóricas, Pontes (2002) assevera que esses estilos rítmicos se ori- ginaram de situações comuns ocorridas em um determinado lugar e que se tornam tradicionais. Uma vez aprendida e incor- porando a cultura local, são vivenciadas para homenagear, comemorar um acon- tecimento relevante de uma determinada região, sendo repassadas de geração em geração, perpetuando as aprendizagens e as tradições. O autor acima destacado aponta tam- bém que as danças folclóricas, na maioria das vezes, trazem em suas origens, con- sideradas influências religiosas. Assim, ocorrem muitas vezes manifestações musicais em espaços públicos vivências musicais e rítmicas de natureza religiosa oriundas de alguns templos e que incor- poraram um caráter popular, envolvendo um número de praticantes e demonstran- do uma maior simbologia nas músicas, ex-pressões, figurinos, entre outros. Essas manifestações adquiriram ao longo dos tempos combinações próprias de movi- mentos, as quais juntamente com seus trajes, adereços e estilos musicais enri- quecem a cultura local e disseminam sa- beres populares. Fonte: http://dancanaefe.blogspot.com.br/ 6 7 Em relação às danças folclóricas bra- sileiras, Pontes (2002) adverte que as mesmas receberam influências dos po- vos africanos e europeus, além dos sabe- res incorporados pelas aculturações com as comunidades locais. Nesse sentido, considerando as grandes dimensões ter- ritoriais do Brasil, os estilos rítmicos do folclore brasileiro são bastante variados, distintos e agregam valores culturais, his- tóricos, religiosos, populares, os quais se mantêm vivos ao longo dos tempos. Conforme destacado anteriormente, as danças folclóricas receberam fortes influências religiosas, conforme apontam Pontes (2002) e Silveira (1999). Frente a esse contexto, principalmente a Igre- ja Católica, contribuiu para que músicas, crenças e outros tipos de manifestações dessem origem às diversas expressões rítmicas vivenciadas através das danças e dos folguetos populares, mantendo viva a memória de um povo através de saberes populares repassados de geração em ge- ração. Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br/ 8 9 1.2 Danças folclóricas brasi- leiras: estilos, formas e ca- racterísticas O Folclore Brasileiro, além de suas inú- meras outras manifestações, expressa através das danças um importante com- ponente cultural e popular. Barroso (1995) salienta que o Brasil por possuir tamanha riqueza em suas tradições e saberes, traz em suas vivências folclóricas estilos mu- sicais e ritmos variados, apresentando inúmeros tipos de danças que traduzem conhecimentos, crendices, tradições e história de uma determinada região, de uma comunidade específica e, enfim, da sua história. Tal contexto, segundo esse autor, contribui para a riqueza cultural do folclore brasileiro, sobretudo, no que con- cerne às danças e suas características, bem como seus estilos próprios. Conforme relata Pontes (2002) e já apontado anteriormente, as danças do folclore brasileiro estão relacionadas aos fatos históricos, religiosos, festivos, dentre outros. São executadas, na maior parte das vezes, através de músicas vi- brantes compostas por textos simples e populares. As danças folclóricas, ainda fundamen- tando-se nesse autor, são implementadas artisticamente a partir das tradições e costumes populares, sendo vivenciadas, de maneira geral, em ruas, praças e ou- tros espaços públicos. São também exe- cutadas de formas variadas: em duplas, em trios, em grupos, acompanhadas de instrumentos musicais específicos, can- torias, sempre com o fito de expressar a sabedoria popular de uma determinada região, comunidade, povoado, entre ou- tros. Nesse sentido, a dança folclórica não é nada mais do que a expressão cultural de um povo. Sendo assim, Moura (2006) caracteri- za as danças folclóricas como expressões distintivas das diversas regiões brasilei- ras com o objetivo de homenagear, come- morar, agradecer, celebrar, entre outros. Prosseguindo nas concepções desse autor, é possível perceber que essas dan- ças apresentam influências europeias, africanas e indígenas, trazendo em seus enredos representações carregadas de histórias e peculiaridades, demonstradas nas músicas, nos figurinos, cenários, den- tre outros. 1.3 As danças folclóricas brasileiras e a Educação Fí- sica Escolar De acordo com Souza et al. (2004), a dança nas aulas de Educação Física confi- gura como uma alternativa capaz de pro- mover o desenvolvimento orgânico, mo- tor, social, cognitivo, cultural e afetivo dos alunos. Através das atividades desenvol- vidas nesse contexto, e ainda nas concep- ções dessas autoras, o sujeito na dança e por meio do seu corpo, constrói signifi- cados, expressa sentimentos, estrutura formas, manifesta histórias, pensa, age, sente e comunica consigo e com o mundo que o cerca. As autoras acima mencionadas aten- tam ainda ao fato de que toda atividade rítmica, ou seja, toda dança, traz em sua evolução valores de diversas naturezas, relacionados à história dos sujeitos, dos 8 9 seus espaços e de suas memórias. Nesse sentido, Souza et al. (2004, p. 46) afir- mam que: Toda dança comporta valores cultu- rais, sociais e pessoais produzidos historicamente. Ignorar essas ques- tões faz da dança mera repetição mecânica dos gestos, por mais agra- dáveis e belos que possam parecer. Cabe à Educação Física (re)conhecer outras possibilidades encontradas na dança e em suas mais diversas manifestações populares, como o forró, o pagode, [...],dentre outras. Essas expressões apresentam-se como alternativas de legitimação da cultura dos alunos, reconhecimento deles como sujeitos históricos, imer- sos num contexto sociocultural. Nas aulas de Educação Física, é possí- vel a vivência de diversas manifestações de danças do folclore brasileiro, principal- mente através de projetos interdiscipli- nares, os quais permitem aprendizagens significativas e contextualizadas. De acordo com Cortez (2000), essas ma- nifestações culturais exprimem a tradição e o saber de um povo, aproximam os su- jeitos e resgatam lembranças e emoções. Assim, tomando como base as concepções desse autor, é possível depreender que os programas pedagógicos da Educação Físi- ca que contemplam as danças folclóricas brasileiras, permitem diferentes possibi- lidades de expressões corporais e devem ser parte integrante das propostas peda- gógicas, facilitando o acesso dos alunos aos seus próprios saberes. Continuando acerca das questões prá- ticas das danças folclóricas na Educação Física Escolar, Moura (2006) aponta que a vivência das danças folclóricas permite às crianças maior domínio do seu corpo e aprimora as suas movimentações rítmi- cas. Nessa perspectiva, as aulas assim im- plementadas favorecem atividades a par- tir de novas formas e espaços, bem como a superação das limitações e a ampliação das possibilidades práticas, contribuindo para a melhoria dos aspectos motores, sociais, afetivos e cognitivos. Reiterando o já discutido e apresen- tado nos parágrafos anteriores, Alves (2013) afirma que: A escola, enquanto lugar de forma- ção, deve abrir seus espaços a uma grade curricular que valorize os co- nhecimentos das manifestações populares locais e regionais dos diversos grupos sociais, buscando aproximar os alunos da infinidade de representações culturais que nos re- metem às origens históricas e étni- cas do patrimônio cultural brasileiro. Dessa forma, estará desempenhan- do um papel diferenciado e transfor- mador, em busca da valorização da diversidade, unindo os saberes po- pulares à educação. Corroborando as palavras de Alves (2013), a escola, através de um currículo que contemple conteúdos relacionados ao Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br/ 10 1110 folclore brasileiro e suas tradições, contri- buirá para a perpetuação dessas mani- festações culturais e tornará as aulas de Educação Física mais ricas e significativas. 10 11 UNIDADE 2 - Algumas das principais danças folclóricas brasileiras 11 As danças folclóricas brasileiras permi- tem inúmeras possibilidades de combina- ções rítmicas, utilizando diferentes partes do corpo, sobretudo, mãos e pés. Assim, capacidades coordenativas, orientações de espaço e de tempo, ritmo, dentre ou- tras, são as qualidades mais trabalhadas nestes conteúdos (ALVES, 2014). Frente a esse contexto, é perceptível que tais atividades, quando bem traba- lhadas, configuram excelentes alternati- vas de aprendizagens significativas, além de oferecer aos sujeitos análises e leitu- ras de suas aptidões, limites, como tam- bém de conhecimentos e fortalecimento de suas tradições. (ALVES, 2014). O Brasil é uma nação geograficamente diversificada e isso faz com que sua cul- tura seja igualmente vasta com inúmeras características. A seguir,serão descritas algumas das principais danças do folclo- re brasileiro, considerando os estudos de Barroso (1995); Moura (2006); Alves (2014); Vieira (2014); dentre outros. 2.1- Boi-Bumbá O Bumba Meu Boi, também conhecida como Boi-Bumbá, considerado como um folguedo para alguns autores e como dan- ça para outros, é uma dança folclórica tí- pica da região Norte e Nordeste do Brasil. Apresenta influência das diversas cultu- ras, como: espanhola, portuguesa, africa- na e indígena. Além dos aspectos rítmicos, a evolução dessa dança, traz também uma representação teatral, através do enredo acerca da vida e da morte do boi. É uma dança com origem no século XVIII e mes- cla os estilos de comédia, drama, sátira e tragédia, ao enfatizar a fragilidade do ser humano e potência de um boi. As apresentações dessa dança folclórica brasileira possuem basicamente a mesma essência de enredo, a qual traz a história da mulher de um vaqueiro, que deseja de- vido à gravidez, comer a língua de um boi. Na tentativa de satisfazer o desejo de sua esposa, o vaqueiro rouba um boi estimado de um fazendeiro, e aí se trava uma dis- puta com a participação de mais alguns personagens, pela posse do boi. Simulta- neamente a essa disputa, os elementos rítmicos são executados, sempre ao redor do cobiçado boi. 2.2- Samba de Roda Com origem no estado Bahia, essa dança oriunda do século XIX, apresenta fortes influências africanas. É executada em uma mistura com a capoeira e através do culto aos orixás. É especificamente tra- dicional na região do Recôncavo Baiano, porém várias regiões do Brasil mantêm a Fonte: www.efdesportes.com 12 13 tradição de execução dessa dança, atra- vés de eventos populares e festivos que, além da música e da dança, misturam os elementos da Capoeira com característi- cas poéticas. A principal figura estética desse estilo é a roda formada na maior parte das vezes com mulheres, sendo que alternadamen- te cada uma delas ocupa momentanea- mente a parte central do círculo. Movi- mentos dos pés, pernas e dos quadris são os mais executados aliados às canções tí- picas e ao passo repicado, também conhe- cido como miudinho. Utilizam-se alguns instrumentos de percussão e um tipo de viola pequena originária de Portugal para acompanhar as canções e a execução dos passos, no círculo e no interior do mesmo. 2.3 Frevo O significado da palavra Frevo se rela- ciona a ferver, e nesse sentido correspon- de ao ritmo desvairado dessa dança típica do Folclore da região Nordeste do Brasil, mais precisamente do carnaval pernam- bucano. É uma dança que surgiu no século XIX e os participantes executam os pas- sos, giros e saltos, coordenando com os movimentos dos braços. Na maior parte das vezes, as mãos estão sempre segu- rando um pequenino guarda-chuva de co- res fortes e vibrantes, como aquelas utili- zadas nos figurinos (BARROSO, 1995). 2.4 Maracatu Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br/ Fonte: Barroso (1995). Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br/ 12 13 De acordo com Moura (2006), o Mara- catu, denominação de origem africana, significa batuque. Constitui uma dança de tradição do estado de Pernambuco, sendo uma dança associada a aspectos religio- sos, combinando elementos de origem in- dígena, afro-brasileira e europeia. O Maracatu é um ritmo de cortejo exe- cutado junto aos reis congos e estão li- gados também às irmandades negras do Rosário. Na execução dos passos coreo- gráficos desse ritmo, utiliza-se o som do: tarol, zabumba e ganzás. Os participantes interpretam personagens históricos como reis, embaixadores e rainhas. 2.5 Baião Considerando-se o referencial teóri- co destacado nas referências, pode-se depreender que o Baião é também, uma dança típica da região Nordeste do Brasil. Nesse ritmo são realizados movimentos semelhantes ao Forró, sendo as coreo- grafias executadas aos pares. As temá- ticas abordadas retratam, na maioria das vezes, as dificuldades enfrentadas pelo povo nordestino, suas lutas contra a seca, a vida no Sertão, o sonho por um cotidiano melhor, entre outros. A movimentação coreográfica, de acor- do com Moura (2006), baseia-se na impro- visação dos passos e elementos rítmicos. São combinações de movimentos reali- zadas basicamente ao som da sanfona, do triângulo e da zabumba, utilizando-se também a rabeca, o pandeiro e o agogô. 2.6 Quadrilha Segundo Silveira (1999), a Quadrilha constitui uma dança tradicional das Fes- tas Juninas em todo o Brasil. Normalmente realizadas em pares e com a utilização de figurinos específicos, traz na sua origem a influência da Corte Portuguesa. Apesar de retratar características ma- tutas e do homem do campo, a quadrilha surgiu na Inglaterra por volta do século XII e se disseminou na França, no século XVIII, sendo executada nessa época ape- nas pela elite europeia. A herança france- sa pode ser observada inclusive na deno- minação das formações, como “Balancê, Anavan, Tur”, sendo todas de origem do francês. Fonte: www.efdesportes.com Fonte: www.efdesportes.com 14 15 2.7 Catira A Catira ou Cateretê é uma dança fol- clórica, presente em vários estados brasi- leiros. Há controvérsias em relação à sua origem, entretanto, acredita-se que a Ca- tira contém influência indígena, africana, espanhola e portuguesa. Ela apresenta muitos elementos ligados à cultura caipira caracterizada pelo figurino dos dançari- nos acompanhados ao som das violas. 2.8 Carimbó A partir das concepções de Barroso (1995), observa-se que o Carimbó consti- tui uma manifestação da cultura da região Norte do Brasil, sobretudo, do estado do Pará, mesclando dança e música. Prosse- guindo nas fundamentações desse autor, o Carimbó tradicional, conhecido através do termo Carimbó Raiz, utiliza três gran- des tambores de madeira revestidos na superfície com couro animal, os quais in- fluenciaram a denominação dessa dança, já que tais tambores também têm o nome de Carimbó. De acordo com Cascudo (1993), a dan- ça do Carimbó é realizada em círculo feito com homens e mulheres, sendo que, al- ternadamente, uma das damas vai ao cen- tro e realiza diversos passos de pernas, quadris e braços, além de giros, sempre associados aos movimentos com as gran- des saias que compõem os figurinos. 2.9 Maculelê Esse ritmo do Folclore brasileiro confi- gura uma dança realizada com um jogo de bastões e também tem origem africana e indígena. Tem como característica mar- cante, as batidas dos bastões durante a execução dos passos coreográficos. Os contatos dos bastões são feitos pelos os participantes, às vezes através de batidas entre seus próprios acessórios, outras ve- zes realizando as marcações nos bastões dos demais participantes. Normalmente, segundo autores como Alves (2013), Barroso (1995), dentre ou- tros, o contato e as batidas entre os bas- Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br/ Fonte: www.efdesportes.com Fonte: www.efdesportes.com 14 15 tões são feitos de maneira cruzadas, ou não, e ao final das frases musicais. Essas batidas complementam a execução rítmi- ca das coreografias e compõem a execu- ção harmoniosa das mesmas. Os principais elementos corporais realizados nesse rit- mo folclórico são os movimentos de per- nas, saltos, agachamentos, giros, entre outros, sendo realizados associados aos elementos da Capoeira. 2.10 Siriri Constitui uma dança tradicional da re- gião Centro Oeste, mais especificamen- te do estado do Mato Grosso. Cascudo (1993) destaca que esse ritmo folclórico traduz uma mistura de influências indíge- nas, negras, portuguesas e espanholas. Realizada aos pares e com formações circulares e também em fileiras, é uma dança acompanhada com batidas de mãos espalmadas ao som de músicas específi- cas. Os participantes executam movimen- tos com os pés, pernas, giros, pequenos deslocamentos laterais, entre outros, sempre acompanhados com as batidas das rítmicas das palmas das mãos. 2.11 Chula Chula é uma dança tradicional do folclo- re do estadodo Rio Grande do Sul. Apesar da semelhança com algumas danças de origem portuguesa, esse ritmo do folclore brasileiro remete às danças africanas e se caracteriza pela destreza e agilidade no movimento de sapateio dos seus execu- tores. Tais sapateios são executados sob forma de desafios entre os participantes a partir de uma vara colocada no solo. Os movimentos rítmicos da Chula são realizados sobre esse objeto colocado no solo, sendo que os indivíduos executam diversos passos sobre o mesmo, em várias direções sem, contudo, ser permitido to- cá-lo. Na maioria das vezes, os movimen- tos desafiadores são iniciados em uma das extremidades da vara e realizados próximo da mesma, até que ao chegarem ao final, os executores retomem o ponto de partida, enquanto outros executem o desafio seguinte. Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br/ Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br/ 16 17 2.12 Pau de Fitas Para Cascudo (1993), esse ritmo, tam- bém conhecido como Dança das Fitas, possui origem portuguesa e espanhola. É conhecida com diferentes denominações em algumas regiões do Brasil, porém, o desenvolvimento das combinações de movimentos com as fitas ao redor do mas- tro é basicamente a mesma. Essa dança, segundo ainda o autor su- pracitado, não tem personagens especí- ficos e os componentes se representam dançando. Podem participar moças, rapa- zes, ambos simultaneamente, crianças. A única determinação é que os participan- tes têm que estar formados em pares. Na maioria das vezes, o mastro com as fitas é fixado em algum tripé, entretanto, a dança também acontece com algum dos participantes ao centro do círculo segu- rando-o firmemente, estando na extremi- dade do mesmo, as fitas presas e de várias cores. Dispostos em círculo e aos pares, cada participante segura a ponta de uma fita passa por de baixo do braço do seu vizinho da frente e depois levanta o seu braço para a pessoa que vem atrás do seu vizinho. Daí por diante, cada um vai uma vez por cima outra vez por baixo até que a trança envolva o mastro de cima abaixo. É importante acrescentar que para ini- ciar a trança, as moças passam primeiro por cima (levantam o braço para o rapaz passar por baixo dela) e depois passam pelo braço que foi levantado pelo rapaz e vice-versa. Todas as moças vão pela direi- ta e todos os rapazes vão pela esquerda. Para desentrançar é só fazer tudo ao con- trário tendo o cuidado de parar na frente do seu par quando o mestre apitar para parar de entrançar (quando o mastro está todo entrançado com as fitas) e começar ao contrário quando o mestre apitar, a de- sentrançar. Tudo é feito seguindo rigoro- samente o ritmo e o compasso da música. A coreografia consiste basicamente em tranças e destrançar a fita, pelos partici- pantes, no mastro. Considerando as referências identifi- cadas no endereço eletrônico www.uni- camp.br/folclore, o Brasil por ser um país extenso e com muita diversidade cultural, as danças do folclore brasileiro constadas no mesmo, foram elencadas por região e estados, conforme apresentado a seguir: Região Norte Camaleão (AM) – é dança de pa- res soltos que desenvolvem coreografia constituída por sete diferentes passos, chamados jornadas. Organizados em duas fileiras, homens e mulheres executam passos laterais de deslize, vênias entre os pares, palmas na mão do parceiro, troca de lugares, sapateados rítmicos, reque- brados, palmeados das mulheres e dos homens entre si, terminando com o passo inicial. O conjunto musical é formado por viola, cavaquinho, rabeca e violão. Nessa dança, usam-se indumentárias especí- Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br/ 16 17 ficas inspiradas “no tempo do império”: os homens trajam fraque de abas, cole- te, culotes, meias brancas longas, sapato preto afivelado, gravata pomposa; as mu- lheres trajam saias longas rodadas, blusas soltas, meias brancas, sapatos afivelados. Carimbó (PA) – dança de roda forma- da por homens e mulheres, com solista no centro que baila com requebros, trejeitos, passos miúdos arrastados e ligeiros. O apogeu da apresentação é quando a dan- çarina, usando amplas saias, consegue cobrir algum dançador, volteando ampla- mente a veste. Este gesto provoca hilari- dade entre todos. Caso jogue a saia e não cubra o parceiro, é imediatamente substi- tuída. O nome da dança deriva de um dos instrumentos acompanhantes, um tam- bor de origem africana. Ciranda (AM) – é uma rapsódia com- posta de várias partes, acompanhada da música “Ciranda, Cirandinha”. Dança-se em círculo, moças e rapazes vestidos à moda antiga. No final é exibido o episódio do carão (pernalta jaburu) que é morto pelo caçador. O carão e o caçador apare- cem fantasiados. Dança do Maçarico (AM) – apre- senta música saltitante com coro alegre e animado. Os dançarinos, organizados aos pares, desenvolvem uma coreografia constituída por cinco diferentes movi- mentos: “Charola”, “Roca-roca”, “Repini- -co”, “Maçaricado” e “Geléia de Mocotó”. Os pares, ora enlaçados ora soltos, dão passos corridos para frente e para trás, de deslizes laterais, volteios rápidos, ro- dopios ligeiros, culminando com uma um- bigada. A música é executada em sanfona ou acordeão, viola, violão, rabeca, tambo- res pequenos pifanos. Dança do Sol – inicialmente se cha- mou Quaraci Poracê, dançada entre os ín- dios do Município de Carvoeiro, em 1931, e divulgada posteriormente com o nome de “Tipiti” ou “Dança do Pau de Fita”. Possui os seguintes passos: Caracol; Tipiti de um; Tipiti de dois, Tipiti de três; Tipiti de qua- tro; Trança; Rede; Chochê (desafio). Desfeiteira (AM, PA) – dança de pares enlaçados que circulam livremente pelo salão. A única obrigatoriedade é passar, cada par por sua vez, diante do conjunto musical que executa partituras alegres e vivas de: valsas, polcas, sambas rurais, chulas amazonenses, mazurcas, xotes, entre outros. Repentinamente, os músi- cos cessam de tocar e os pares também estacam, onde estiverem. Aquele que coincidir estar na frente da banda passará por uma prova: o músico-chefe escolhe a dama ou o cavalheiro para declamar ver- sos. Quem não conseguir é vaiado por to- dos e, por esta desfeita, paga uma pren- da, ficando assim desfeiteado. Gambá (toda a região) – dança de terreiro, o Gambá é constituído de brin- cantes, um “marcador”, um grupo de qua- tro cantores, uma mulher solista e seu parceiro. Os demais formam uma roda ou duas fileiras que envolvem o par solista e batem palmas no ritmo executado no “Gambá”, isto é, um tambor feito de tronco de árvore com cerca de um metro de com- primento. A dança se inicia com uma mu- lher que acena um lenço grande colorido, requebra e mexe o corpo voluptuosamen- te de modo a provocar o entusiasmo dos demais. Depois de alguns momentos ati- ra-o aos pés de algum dançador do grupo. Este recolhe o lenço e sai em perseguição da dama, que simula fugir das investidas 18 19 do cavalheiro. O cavalheiro então simula desinteresse e a dama passa a provocá- -lo com movimentos lascivos, sempre com auxílio do lenço. A dança termina com a aceitação do cavalheiro que, com a dama, improvisa movimentos sensuais. Serafina (AM) – é executada por homens e mulheres que se organizam em duas fileiras, por sexo. Nesta posição de- senvolvem movimentos chamados “Ba- tição”, que têm denominações próprias: “Puçá”, “Mala”, “Lance alto”; organizam- -se depois em círculo e executam outros movimentos: “Arrodeio alto”, “Arrodeio baixo”, “Cacuri” e “Tapagem”, retornam às fileiras e dançam ainda o “Arrastão” e a “Repartição”. Quando nas fileiras, os dois primeiros pares formam grupos de qua- tro dançadores e desempenham as bati- ções entre si. Os participantes carregam alguns implementos que referenciam o aspecto simbólico desta dança: remo de tamanho natural, arpões, lenços grandes atados à volta do pescoço, fitas coloridas presas à cintura, chapéus de palha. Os re- mos e arpões são colocados no chão e não têm nenhuma utilidade prática;as fitas e os lenços são usados no “Lance alto” e no “Lance baixo” quando a dupla de pares cruza as fitas, e no “Arrodeio alto” e “Ar- rodeio baixo”, figurações marcadas pelo cruzamento dos lenços de cada dupla de pares. A música é caracteristicamente ru- ral: cavaquinho, reco-reco, violão, tambor gambá, caracaxás e maroca. Este último é um tambor pequeno, recoberto com cou- ro de cobra sobre o qual se colocam duas linhas paralelas cheias de contas que vi- bram juntamente com o couro. Região Nordeste Cavalo Piancó (PI) – originária do município de Amarante, cavalheiros e da- mas, formando pares, compõem um círcu- lo e dançam imitando o trote de um cavalo manco. O 2 andamento musical varia entre apressado e moderado e a coreografia às marcações determinadas pela letra: trote apressado, trote requebrado, batidas de pés, galope saltitante, entre outros. A le- tra pode ainda ser improvisada, o que in- flui na coreografia dos dançadores. Ciranda (PB, PE) – dança desen- volvida por homens, mulheres e crianças. Os dançarinos formam uma grande roda e dão passos para dentro e para fora do círculo, provocando ainda um desloca- mento do mesmo no sentido anti-horário. A música é executada por um grupo de- nominado “terno”, colocado no centro da roda, tocando instrumentos de percussão – bumbo, tarol, caixa, ganzá – e de sopro – pistons e trombone. As canções, tira- das pelo mestre-cirandeiro e respondidas pelo coro dos demais, têm temáticas que refletem a experiência de vida. • Coco (toda a região) – difundido por todo o Nordeste, o Coco é dança de roda ou de fileiras mistas, de conjunto, de par ou de solo individual. Há uma linha me- lódica cantada em solo pelo “tirador” ou “conquista”, com refrão respondido pe- los dançadores. Um vigoroso sapateado denominado “tropel” ou “tropé” produz um ritmo que se ajusta àquele executado nos instrumentos musicais. O Coco apre- senta variadas modalidades, conforme o texto poético, a coreografia, o local e o instrumento de música. Os “Coco solto”, “Quadras”, “Embolada”, “Coco de entrega”, “Coco de dez pés” são referidos pela mé- 18 19 trica literária; os “Coco de ganzá”, “Coco de zambê”, pela música; os “Coco de praias”, “Coco de usina”, “Coco de sertão”, pelos locais; os “Coco de roda”, “Coco de pare- lhas ligadas”, “Coco solto”, “Coco de fila”, “De parelhas trocadas”, “De tropel repar- tido”, “Cavalo manco”, “Travessão”, “Sete e meio”, “Coco de visitas”, pela coreogra- fia. A umbigada é presente em muitas va- riantes. No Rio Grande do Norte, o Coco é chamado “Zambelô”, “Coco de zambê” e “Bamdelô”. Possui um instrumental mais complexo, constituído por atabaques, pe- quenos tambores, ganzá e afoxé ou mara- cá. Dança de S. Gonçalo (Al, BA, MA, PI, SE) – dança religiosa, organizada em pagamento de promessa devida a São Gonçalo. O promesseiro é quem organiza a função, administrando todo o processo necessário à realização deste ritual. Em Sergipe, essa dança é executada somente por homens. A única mulher presente não tem papel ativo. Este grupo é constituí- do por: “Patrão”, “Mariposa”, “Tocadores”, “Dançadores”. Patrão e dançadores usam trajes especiais. O primeiro veste-se de marinheiro, por influência do mito; os de- mais usam indumentária que revela influ- ência árabe: anáguas e longas saias flori- das, blusa de renda branca cavada, xale colorido em diagonal no peito, turbante envolvido em fitas multicores, colares e pulseiras. A coreografia consta de uma série fixa de evoluções que se repete a cada jornada. Dança do Lelê (MA) – também co- nhecido pelos nomes de Péla ou Péla-por- co, o Lelê é dançado em pares dispostos em filas lideradas pelos “cabeceiras” ou “mandantes”, “de cima” e “de baixo”. Esta dança compreende quatro partes distin- tas: “Chorado”, “Dança Grande”, “Talave- ra” e “Cajueiro”. Os instrumentos musicais são a rabeca, o pifano, castanholas arte- sanais, violão, cavaquinho e pandeiro. Os cantos, improvisados, são inspirados em acontecimentos do cotidiano. O Lelê é dança de salão sem dia nem mês 3 especí- ficos, embora possa ser organizada como dança votiva ou fazer parte da Festa do Divino e de outros santos populares. Espontão (RN, PB) – o nome deriva da meia-lança usada pelos sargentos de infantaria no século XVIII. É realizada por grupo de homens negros, cada um deles trazendo uma pequena lança com a qual desenvolvem uma coreografia que simula guerra. O chefe, denominado “Capitão da lança”, é o que leva a lança grande percor- rem as ruas ao som de tambores marciais; nas casas que visitam dançam agitando a lança e os espontões, realizando sal- tos de ataque, recuos de defesa, acenos guerreiros, numa improvisação que revela grande destreza nos movimentos. Não há cânticos, mas acompanhamento rítmico produzido nos tambores marciais. Frevo (PE) – embora esteja pratica- mente em todo Nordeste, é em Pernam- buco que o Frevo adquire expressão mais significativa. Dança individual que não distingue sexo, faixa etária, nível socioe- conômico, o frevo frequenta ruas e salões no carnaval pernambucano, arrastando multidões num delírio contagiante. As composições musicais são a alma da co- reografia variada, complexa, acrobática. Dependendo da estruturação musical, os frevos podem ser canção, de bloco ou de rua. A coreografia recebe denominações específicas: “Chã-debarriguinha”, “Saca- 20 21 -rolha”, “Parafuso”, “Tesoura”, “Dobradi- ça”, “Pontilhado”, “Pernada”, “Carossel”, “Coice-de-burro”, “Abanando o fogareiro”, “Caindo nas molas”, entre outros. Maculelê (BA) – bailado guerreiro desenvolvido por homens, dançadores e cantadores, todos comandados por um mestre, denominado “macota”. Os parti- cipantes usam um bastão de madeira com cerca de 60 centímetros de comprimento. Os bastões são batidos uns nos outros, em ritmo firme e compassado. Essas pan- cadas presidem toda a dança, funcionan- do como marcadoras do pulso musical. A banda que anima o grupo é composta por atabaques, pandeiros, às vezes violas de doze cordas. As cantigas são puxadas pelo “macota” e respondidas pelo coro. Pagode de Amarante (PI) – de ori- gem africana, o Pagode de Amarante é desenvolvido com os dançadores forman- do duas fileiras de pares que se cruzam sem obedecer a marcações coreográficas estabelecidas. Cada par improvisa movi- mentos com rodopios, sapateado e ginga. A música é executada por dois cantado- res e ritmada no “gafanhoto”: consta de um pedaço de pau oco medindo cerca de quinze centímetros de comprimento, ba- tido com um pedaço de madeira, tocado por todos os homens que dançam. Tambor de Crioula (MA, PI) – dança das mais recorrentes no Maranhão, é ca- racterizada pela presença da umbigada, que recebe o nome de “punga”. Desen- volvida com os dançadores em formação circular, a coreografia é executada de forma individual e consta de sapateios e requebros voluptuosos, com todo o cor- po, terminando com a “punga”, batida no abdômen de outro participante da roda. Os cantos são repetitivos, à semelhança de estribilho. O ritmo é executado em três tambores feitos de tronco, escavados a fogo. O tambor grande é chamado Soca- dor; o médio, Crivador ou Meão; o peque- no, Pererenga ou Pirerê. Torém (CE) – dança de terreiro com participantes de ambos os sexos que se colocam em formação circular, com o dan- çador solista ao centro. Tocando o Aguaim – espécie de maracá – o solista executa movimentos de recuo e avanço, reque- bros, sapateios, saltos, além daqueles imitativos de serpente e lagarto, revela- dores de destreza e plasticidade. Os de- mais participantes marcam o compasso musical com batidas de pés enquanto vão girando a roda no sentido anti-horário. A música, à capela, é cantada pelo solista e repetida pelo coro de dançadores. O “mo- cororó” – suco de caju fermentado – é dis- tribuído fartamente durante todo o tem- po da dança. Região Sudeste Batuque (SP, MG, ES) – dança de ter- reiro com dançadores de ambos os sexos,organizados em duas fileiras - uma de ho- mens e outra de mulheres. A coreografia apresenta passos com nomes específicos: “visagens” ou “micagens”, “peão parado” ou “corrupio”, “garranchê”, “vênia”, “leva- -e-traz” ou “cã-cã”. São executados com os pares soltos que, saindo das fileiras, circulam livremente pelo terreiro. O ele- mento essencial em toda a coreografia é a umbigada, chamada “batida”: os dançado- res dão passos laterais arrastados, depois levantam os braços e, batendo palmas acima da cabeça, inclinam o tronco para 20 21 trás e dão vigorosa batida com os ventres. Os instrumentos musicais são todos de percussão: Tambu, Quinjengue, Matraca e Guaiá ou chocalho. Cana-verde (toda a região) – tam- bém chamada Caninha-verde, esta dança apresenta variantes no que se refere à cantoria, à coreografia, à poética e à mú- sica. No Rio de Janeiro, é uma das “miude- zas” da Ciranda e uma dança com bastões. Algumas recebem nomes variados; como Cana-verde de passagem (MG e SP), Ca- na-verde simples (SP). A disposição dos dançadores varia entre círculo sem solis- ta, fileiras opostas, rodas concêntricas; os movimentos podem ser deslize dos pés, sapateios leves ou pesados, balanceios, gingados, troca de pares. O movimento tido como característico é a “meia volta”, desenvolvida num círculo que se arma e se desfaz com os dançadores deslizando, ora para dentro ora para fora, ora em desen- contro, ora em retorno à posição inicial. Catira ou Cateretê (MG, SP) – é executada exclusivamente por homens, organizados em duas fileiras opostas. Na extremidade de uma delas fica o violeiro que tem à sua frente o seu “segunda”, isto é, outro violeiro ou cantador que o acom- panha na cantoria. O início é dado pelo violeiro que toca o “rasqueado”, para os dançadores fazerem a “escova”- batepé, bate-mão, pulos. Prossegue com os can- tadores iniciando uma moda de viola. Os músicos inter-rompem a cantoria e repe- tem o rasqueado. Os dançadores reprodu- zem o bate-pé, o bate-mão e os pulos. Vão alternando a moda e as batidas de pé e mão. Acabada a moda, os catireiros fazem uma roda e giram batendo os pés alterna- dos com as mãos: é a figuração da “serra acima”; fazem meia-volta e repetem o sa- pateiro e as palmas para o “serra abaixo”, terminando com os dança-dores nos seus lugares iniciais. O Catira encerra com Re- cortado: as fileiras trocam de lugar, fazem meio-volta e retornam ao ponto inicial. Neste momento, todos cantam o “levan- te”, que varia de grupo para grupo. No en- cerramento do Recortado, os catireiros repetem as batidas de pés, mãos e pulos. Caxambu (MG, RJ) – dança de ter- reiro executada por homens e mulheres postos em roda sem preocupação de for- mar pares. No centro, fica o solista “pu- xando” os cantos e improvisando movi- mentos constituídos de saltos, volteios, passos miúdos, balanceios. Os instru- mentos acompanhantes são dois tambo- res, feitos de tronco de árvore, cavalos a fogo e recobertos com couro de boi. São denominados Tambu ou Caxambu e Can- dongueiro. Às vezes aparece uma grande cuíca, feita de tonel de vinho ou cachaça. É chamada Angoma-puíta. As músicas, denominadas “pontos”, são tiradas pelo dançador-solista e respondidas pelo coro dos participantes. O canto inicia com pedi- dos de licença aos velhos caxambuzeiros desaparecidos e depois se mesclam de simbolismo e enigmas intrincados. Atual- mente, observa-se um sincretismo com a Umbanda, perceptível na indumentária e nos adereços usados pelos participantes. Ciranda (RJ) – no Rio de Janeiro, o termo ciranda pode significar tanto uma dança específica quanto uma série de dan- ças de salão, que obedecem a um esque- ma: Abertura, Miudezas e Encerramento. Enquanto dança, faz parte das miudezas da Ciranda, baile. A Ciranda-baile, também denominada Chiba, tem na Chiba-cateretê 22 23 a que faz a abertura da série; as Miudezas são um conjunto de variadas danças com nomes e coreografias diversos; Cana-ver- de de mão, Cana-verde valsada, Caran- guejo, Arara, Flor-do-mar, Canoa, Limão, Chapéu, Choradinha, Mariquita, Ciranda, Namorador, Zombador. O Encerramento é feito com a Tonta, também chamada Bar- ra-do-dia. As músicas são na forma solo- -coro, tiradas pelo mestre em quadras tra- dicionais e circunstanciais, respondidas pelas vozes dos dançadores. O acompa- nhamento musical é feito por viola, violão, cavaquinho e adufes. Na Chiba-cateretê, o conjunto musical é composto ainda do Mancado: um caixote percutido com ta- mancos de madeira. Dança de S. Gonçalo (MG, SP) – para sua execução, os dançadores se organi- zam em duas fileiras, uma de homens e outra de mulheres, organizados diante de um altar do santo. Cada fileira é encabe- çada por dois violeiros – mestre e contra- mestre – que dirigem todo o rito. A dança é dividida em partes chamadas “volta”, cujo número varia entre 5, 7, 9 e 21. As “voltas” são desenvolvidas com os violeiros can- tando, a duas vozes, loas a São Gonçalo, enquanto os dançadores, sapateando na fileira em ritmo sincopado, dirigem-se em dupla até o altar, beijam o santo, fa- zem genuflexão e saem sem dar as costas para o altar, ocupando os últimos lugares de suas fileiras. Cada volta pode demorar de 40 minutos a 2 ou 3 horas, dependen- do do número de dançadores. Na última “volta” – em São Paulo chamada “Cajuru” – forma-se uma roda onde o promesseiro dança carregando imagem do santo, reti- rada do altar. Em Minas Gerais, no Vale do São Francisco, a dança é desenvolvida por dez ou doze pares de moças, todas ves- tidas de branco. Cada uma delas leva um grande arco de arame recoberto de papel de seda branco franjado, com quais fazem figurações coreográficas. Dança do Tamanduá (ES) – organi- zada em roda de homens e mulheres, um solista ao centro vai executando movi- mentos determinados pela letra da canto- ria: pondo a mão na cabeça ou na cintura, batendo com o pé no chão, pulando para lá e para cá, mexendo com as cadeiras, entre outros. As músicas são na forma solo-co- ro, o que permite improvisação nas ordens musicais cantadas pelo puxador. Fandango (SP) – neste Estado há duas modalidades de Fandango: o do in- terior e o do litoral. O primeiro revela in- fluências do tropeiro paulista. Dançam somente homens, em número par. Ves- tem-se com roupas comuns, chapéus, len- ço ao pescoço, botas com chilenas de duas rosetas, sem os dentes. Estas chilenas, batidas no chão, funcionam como instru- mento de percussão no acompanhamento das “marcas”, como Quebra-chifre. Pega na bota, Vira Corpo, Pula sela, Mandadi- nho, dentre outras. A música é a moda de viola comum. O palmeado e o castanho- lar de dedos estão presentes no início e entre as “marcas”. O Fandango do litoral compreende uma série de danças de pa- res mistos, tais como: Dão-dão, Dão-dão- zinho, Graciana, Tiraninha, Rica senhora, Pica-pau, Morro-seco, Chimarrita, Queru- mana, Enfiado, Manjericão, entre outras. Cada “marca” apresenta coreografia pró- pria, assim como são também particulares a linha melódica e o texto poético. Jongo (MG, SP) – dança de negros organizada em roda mista, alternando-se homens e mulheres. No centro um solis- 22 23 ta, um jongueiro, que canta sua canção, o “ponto”. Os demais respondem em coro, fazendo movimentos laterais e batendo palmas, nos lugares. O solista improvisa passos movimentando todo o corpo. O instrumental é composto por dois tambo- res – um grande, o Tambu, e um menor, o Candongueiro; uma Puita – cuica, artesa- nal; um chocalho – o Guaiá, feito de folha- -de-flandres. As melodias são construídas com o uso de poucos sons. A dificulda- de reside no texto literário dos “pontos”, pois são todos enigmáticos, metafóricos. Quando o solista quer desafiar alguém, canta o “ponto da demanda”; este deve- rá decifrá-lo, cantando a resposta: diz-se então que “desatou o ponto”. Se não for decifrado, diz-se que “ficou amarrado”. Neste caso, o jongueiro “amarrado” pode passar por várias situações humilhantese vexatórias, como cair no chão e não con- seguir se levantar, não conseguir andar, entre outras. Mineiro-pau (MG, RJ) – dança exe- cutada por homens, adultos e crianças, cada um levando um ou dois bastões de madeira. Desenvolvida em círculo ou em fileiras que se defrontam, os dançarinos, voltados de frente para o seu par, reali- zam uma coreografia totalmente marcada pelas batidas dos bastões no chão. Sem- pre em compasso quaternário, o tempo forte musical é marcado com batida dos bastões no chão. A variedade na forma de bater os restantes três tempos é que dá nomes específicos às partes: “Batida de três”, “Batida de quatro”, “Batida cruzada”, “Batida no alto”, “Batida embaixo”, entre outras. Muitos grupos têm como parte in- tegrante o Boi Pintadinho (RJ) ou o Boi-lé (MG), com seus principais personagens: a Mulinha, o Jaguará, o Boi, os Cabeções. Quadrilha (todos os Estados) – própria dos festejos juninos, a Quadrilha nasceu como dança aristocrática, oriun- da dos salões franceses, depois difundi- da por toda a Europa. No Brasil foi intro- duzida como dança de salão que, por sua vez, apropriada e adaptada pelo gosto po- pular. Para sua ocorrência, é importante a presença de um mestre “marcante” ou “marcador”, pois é quem determina as fi- gurações diversas que os dançadores de- senvolvem. Observa-se a constância das seguintes marcações: “Tour”, “En avant”, “Chez des dames”, “Chez des Chevaliê”, “Cestinha de flor”, “Balancê”, “Caminho da roça”, “Olha a chuva”, “Garranchê”, “Pas- seio”, “Coroa de flores”, “Coroa de espi- nhos”, entre outros. No Rio de Janeiro, em contexto urbano, apresenta transforma- ções: surgem novas figurações, o francês aportuguesado inexiste, o uso de grava- ções substitui a música ao vivo, além do aspecto de competição, que sustenta os festivais de quadrilha, promovidos por ór- gãos de turismo. Região Centro-Oeste Caninha-verde (toda a região) – consta de uma roda de homens e mulhe- res que cantam e dançam permutando de lugares e formando pares. Os textos can- tados são tradicionais e circunstanciais, acompanhados por viola, violão e pandei- ro. Catira (GO) – semelhante à existen- te no sudeste, esta dança é executada por homens que sapateiam, rodopiam e palmeam um ritmo sincopado, intercalan- do com moda de viola, executada por dois violeiros. 24 25 Siriri (MT) – dança de pares soltos que se organizam em duas fileiras, uma de homens e outra de mulheres. No meio de- las ficam os músicos. O início é dado com os homens cantando o “baixão”, acom- panhados das palmas dos demais partici- pantes. A seguir, um cantador “joga” uma quadra que é repetida por todos. Neste momento, um cavalheiro sai de sua fileira e se dirige à dama que lhe fica à frente, fa- zendo-lhe reverência e voltando ao lugar inicial. A dama o acompanha até o meio do caminho, quando então se dirige a outro cavalheiro, retorna também ao seu lugar inicial. Este cavalheiro repetirá a movi- mentação do primeiro, e a dança assim prossegue até que todos os participan- tes tenham feito este solo. Os passos não têm marcação rígida, isto é, são individua- lizados. O acompanhamento musical pode ser apenas rítmico, executado em tambor e reco-reco; às vezes também apresenta instrumentos melódicos, como a sanfona e a viola de cocho. Tambor (GO) – executada com um solista no centro de um círculo formado pelos dançadores. O ritmo é marcado por tambores e o canto é coletivo. A coreogra- fia, desenvolvida pelo solista, distingue partes que recebem denominações espe- cíficas: “Jiquitaia”, “Serrador”, “Negro-ve- lho”. A troca de solistas no centro da roda se processa através da umbigada. Vilão (GO) – dança de conjunto cujos participantes se subdividem pela função: Batedores, Balizadores, Músicos, Regen- te e Chefe do grupo. Organizados em se- micírculo, os Batedores, trazendo longos bastões de madeira, dão batidas nos bas- tões do parceiro, ao ritmo da marcação do apito do Regente e da execução musical da banda. Há uma série de movimentos que compreendem giros de corpo, volteios dos bastões, troca de lugares, encerrando com uma sequência de sete outros gestos rapidíssimos, chamados “Cerradinhos”, que constam de batidas realizadas com os batedores agachados. Região Sul Balainha (PR, SC) – conhecida tam- bém com o nome de Arcos Floridos ou Jardineira, a balainha é desenvolvida com os pares de dançantes, cada um deles, sustentando um arco florido. No início, os pares em fileiras fazem movimento ondu- lante passando, ora por cima (8) ora por baixo dos arcos dos demais pares; formam depois grupos de quatro pares que, em círculo, cruzam seus arcos no alto, arman- do assim as “Balainhas”. Ao final, desman- cham as “balainhas” e retornam à posição inicial, com movimentos sincronizados e sequenciais. Fandango (PR, RS) – o termo Fan- dango designa uma série de danças po- pulares – chamadas “marcas”. No Paraná, os dançadores, executam as variadas co- reografias: Anu, Andorinha, Chimarrita, Tonta, Cana-verde, Caranguejo, Vilão de Lenço, Xarazinho, Xará Grande, Sabiá, Ma- rinheiro, entre outras. O acompanhamen- to musical é feito com duas violas, uma rabeca e um pandeiro rústico, chamado adufo. As coreografias das “marcas” pa- ranaenses constam de rodas abertas ou fechadas, uma grande roda ou pequenas rodas fileiras opostas, pares soltos e uni- dos. Os passos podem ser valsados, arras- tados, volteados, entre outros, entreme- ados de palmas e castanholar de dedos. O 24 25 sapateado vigoroso é feito somente pelos homens, enquanto as mulheres arrastam os pés e dão volteios soltos. No Rio Gran- de do Sul, o Fandango apresenta um con- junto de vinte e uma danças, com nomes próprios: Rancheiro, Pericom, Maçarico, Pezinho, Balaio, Tirana-do-lenço, Quero- -mana, Tatu, entre outros. O acompanha- mento musical é feito pelo acordeão, cha- mado “gaita”, e pelo violão. A coreografia recebe nomes também distintos - “Passo de juntar”, “Passo de marcha”, “Passo de recurso”, “Passo de valsa”, “Passo de ran- cheira”, “Sapateio”, entre outros. Pau-de-Fitas (toda a região) – para seu desenvolvimento, prepara-se um mastro com cerca de três metros de com- primento, encimado por um conjunto de largas fitas multicores, de maior tamanho. Os dançadores, em número par, seguram na extremidade de cada fita e, ao som das músicas, giram em torno do mastro, reve- zando os pares de modo a compor tran- çados no próprio mastro, com variados desenhos. No Rio Grande do Sul, as tran- ças recebem os nomes: “Trama”, “Trança”, “Rede de Pescador”. Em Santa Catarina há o “Tramadinho”, “Trenzinho”, “Zigue-Za- gue”, “Zigue-Zague a dois”, “Feiticeira” e “Rede de Pescador”. Vilão (SC) – desenvolvida por um grupo com 31 componentes, denomina- dos batedores, balizadores, músicos e Mestre, a dança consta de batidas de lon- gos bastões, com variados movimentos e ritmos. O encerramento é feito com o “serradinho”: são sete movimentos rapi- díssimos, executados com os balizadores agachados. (www.unicamp.br/folclore) Evidente que os conteúdos descritos acima são referências, entretanto, podem e devem ser adaptados para atenderem os diversos interesses e objetivos edu- cacionais. Os mesmos orientam e funda- mentam as aprendizagens e ampliam o universo cultural de todos os envolvidos no processo. 26 27 UNIDADE 3 - Folguedos 26 Considerando as fundamentações de Neves (2013), os folguedos são manifes- tações culturais realizadas em momentos festivos com objetivos de dançar, cantar, festejar, interagir, dentre outros. Tais ex- pressões de natureza histórica, religiosa e também cultural trazem um grande con- teúdo que expressa a tradição e a identi- dade de um povo. Essa autora destaca também a grande interação permitida através desse traço cultural do folclore brasileiro, através das interpretações ritualísticas e teatrais que as caracterizam fortemente e manifes- tam enorme sabedoria popular. Neves (2013) afirma que: Alguns folguedosapresentam um “momento dramático”, dialogado, com enredo mais ou menos definido, como o Bumba-meu-Boi; outros têm uma dramaticidade mais “esgarça- da”, que surge por uma temática en- volvendo o ritmo e a dança. Todos, no entanto, apresentam forte teatra- lidade, que se dá na exposição dos brincantes, no jogo que empreen- dem entre si, e em sua relação com a assistência. Nos folguedos, a intera- ção entre os que se apresentam e os que assistem é intensa: todos parti- cipam, todos brincam. Os folguedos acontecem em geral nas ruas, nas praças, em ocasiões de festa, sendo que alguns invadem as casas, num trânsito entre os espaços doméstico e público. Nessa mesma perspectiva, Cascudo (2000, p. 241) destaca também as seguin- tes características dos Folguedos: Manifestação folclórica que reúne as seguintes características: 1) Letra (quadras, sextilhas, oitavas ou outro tipo de verso); 2) Música (melodia e instrumentos musicais que susten- tam o ritmo); 3) Coreografia (movi- mentação dos participantes em fila, fila dupla, roda, roda concêntrica ou outras formações); 4) Temática (en- redo da representação teatral). Assim, os Folguedos traduzem grande carga de cultura, tradição e saberes popu- lares e são executados mediante rituais característicos perpetuados entre as ge- rações. Os folguedos, na sua grande maioria, possuem origem portuguesa espanhola, africana, dentre outras, porém incorpo- raram importantes influências brasileiras originando os folguedos próprios do fol- clore nacional. Neves (2013) assevera ainda que os fol- guedos têm grande capacidade de envol- vimento permitindo que todos participem dos espetáculos, em um clima de acolhi- mento e interação. Tais componentes do folclore brasileiro retratam exatamente o jeito de ser, de pensar, de acreditar, de se colocar em um determinado espaço, do nosso povo. Configura uma memória viva, dinâmica e que acompanha as vivências dos sujeitos, suas tradições, seus sabe- res, suas culturas. 26 2727 Fonte: www.efdesportes.com 28 29 UNIDADE 4 - Alguns folguedos do folclore brasileiro 28 Conforme já destacado anteriormente, no Brasil, as principais características dos folguedos são os acompanhamentos das músicas, as interpretações teatrais e, cla- ro, as combinações de movimentos. Além dessas, os figurinos também, enriquecem as apresentações com as grandes vesti- mentas coloridas, acessórios, adereços, dentre outros. Mesmo ocorrendo em pra- ticamente todas as regiões brasileiras, a região Nordeste é que mantém o maior número de apresentações anuais dos mais variados Folguedos. A partir dos estudos de Abreu (1996); Andrade (1982); Lima (1978), dentre ou- tros, os principais Folguedos do folclore brasileiro são: - Afoxé – dança-cortejo, típica da Bahia, e ligada aos rituais do candomblé; - Bumba-meu-boi – típico folguedo da região Nordeste do Brasil. Possui uma miscigenação de elementos culturais afri- canos, portugueses e indígenas. Ocorre entre o mês de novembro até seis de ja- neiro. Sua coreografia consiste em danças de rua, onde um homem veste-se de boi e comanda as coreografias; - Caboclo – danças que representam a cultura indígena. Folguedo muito comum em Pernambuco e Paraíba; - Cavalhada – típica das regiões Su- deste e Centro-oeste do Brasil. Os cava- leiros representam, em suas coreogra- fias, as batalhas medievais entre cristãos e muçulmanos; - Congada – espécie de dança-cortejo, que ocorre em diversas regiões do Brasil. Representam a coroação dos antigos reis do Congo (África); - Folia-de-reis – dramatização de rua em que é representada a viagem bíblica dos três reis magos. Ocorre entre o Natal e o dia seis de janeiro (Dia de Reis); - Maracatu – dança-cortejo típica de Pernambuco, a qual ocorre no período do Carnaval. A dança ocorre ao som de za- bumbas, conguês e taróis; - Marujada – encenação nordestina que representa a vitória dos cristãos so- bre os muçulmanos na Idade Média e tam- bém as conquistas marítimas europeias dos séculos XV e XVI. Os personagens vestem-se com trajes de marinheiros, cristãos ou muçulmanos. Pandeiros, vio- lões e outros instrumentos acompanham a encenação. - Pastoril – encenação cujo tema prin- cipal é o aviso que o anjo Gabriel dá sobre o nascimento de Jesus Cristo. Típico da re- gião Nordeste, os participantes dançam e cantam nas ruas. Meninas, enfeitadas com fitas e tocando pandeiro, dividem-se em dois cordões (azul e vermelho) e são acompanhadas por um grupo musical; - Reisado – comum no Nordeste, este folguedo baseia-se na encenação do Na- tal. Os participantes, cantando e dançan- do, desfilam pelas ruas da cidade pedindo donativos. Os participantes usam roupa coloridas, fitas e chapéus. Em algumas re- giões, integrantes usam figurinos repre- sentando reis, palhaços e estrela. 28 2929 Desenvolver a temática dos Folguedos no contexto das aulas de Educação Física, de acordo com o referencial já destaca- do, consiste em evidenciar um patrimônio imaterial rico e de enorme significado cul- tural. É ainda, uma estratégia metodológi- ca que permite conhecer a herança étni- ca que sustenta a base histórica do povo brasileiro. Nessa perspectiva, os alunos quando têm contato com as danças e folguedos do folclore brasileiro aprofundam nos co- nhecimentos relacionados a suas origens e compreendem aspectos históricos que influenciaram os saberes adquiridos ao longo dos tempos. As atividades imple- mentadas através dessa temática favore- ce a apropriação dessa manifestação por todos que na atualidade, vivenciam tais atividades culturais advindas dos povos que nos antecederam e contribuíram com a nossa formação. Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br/ 30 31 UNIDADE 5 - Lazer e turismo ecológico 30 Ao se refletir acerca da conceituação de lazer, é possível depreender, de acor- do com Souza (2010), que ainda inexiste um consenso em relação a sua definição. Atualmente, as reflexões e discussões sobre essa temática é crescente entre os estudiosos, frente aos inúmeros con- ceitos que vêm sendo apontados ao lazer enquanto objeto de estudo nas recentes pesquisas científicas. Ao contrário do que muitos autores apontam, destaca a autora supracitada, o lazer não deve ser analisado apenas como a ausência das obrigações e do trabalho. Nesse sentido, Gomes (2010) endossa essa concepção ao afirmar que o lazer demonstra uma relação muito direta com outros aspectos da vida humana relacio- nados à família, às atividades profissio- nais, à educação, entre outros. Assim, Gomes (2004, p. 125), em rela- ção ao lazer o analisa como: Uma dimensão da cultura construída por meio da vivência lúdica das ma- nifestações culturais em um tempo/ espaço conquistado pelo sujeito ou grupo social, estabelecendo rela- ções dialéticas com as necessidades, os deveres e as obrigações, especial- mente com o trabalho produtivo. Não obstante, ao considerar a análi- se dessa autora, Souza (2010) atenta ao fato de que, na sociedade atual, as ques- tões econômicas vêm comprometendo a apropriação das alternativas de lazer, difi- cultando a quantidade e também a quali- dade do lazer disponibilizado. Essa autora prossegue atentando ao fato de que o la- zer, enquanto direito social, não deve ser um privilégio de poucos e sim, constituir um prática capaz de incluir a participação de todos. O lazer, assim configurado, tor- na-se uma atividade imprescindível ao ser humano, e evidentemente ao seu bem- -estar. Marcellino (1990) relata acerca das possibilidades de se educar, adotar novos hábitos, mudar comportamentos e dis- seminar conhecimentos através do lazer, já que a característica lúdica inerente ao mesmo está diretamente associada aos interesses do ser humano. Nesse sentido, esse autor complemen- ta destacando que o lazer favorece o de- senvolvimento do senso crítico e permi- te profundas reflexões de mundo, o que contribui para repensar posturas, estilos de vida e ampliar a consciência ambiental, com vistas aum futuro melhor. Atualmente, os planejamentos peda- gógicos da Educação Física Escolar con- templam a Educação Ambiental, tema transversal que deve ser trabalhado por todas as áreas e níveis da Educação Bá- sica. Nessa perspectiva, ações pedagógi- cas que consideram o uso adequado dos recursos naturais, através de atividades física ligadas à natureza, podem e devem fazer parte desses programas, permitindo um aprendizado mais consistente em re- lação ao lazer. O Turismo Ecológico ou Ecoturismo, de acordo com Barros (1994), pode assim ser definido: 30 3131 Segmento da atividade turística que utiliza de forma sustentável o patri- mônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do meio ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas. Assim, o lazer associado ao turismo ecológico, por meio principalmente das aulas de Educação Física, constitui exce- lente alternativa para se efetivar a Educa- ção Ambiental, envolvendo diretamente toda a comunidade escolar e local. As ati- vidades assim propostas e desenvolvidas, uma vez que favorecem e definem a cons- ciência ecológica, ampliam as motivações para as práticas e dão mais sentido ao pro- cesso ensino/aprendizagem relacionados ao lazer, através do turismo ecológico. Prosseguindo nessa linha de raciocínio, é preciso considerar que os seres huma- nos, enquanto agentes transformadores da realidade em que vivem, refletem os ambientes dos quais fazem parte, e quan- do consciente dessa responsabilidade, se compromete com a mesma, a ponto de in- tervir e transformá-la. Fonte: Santos (2013). 32 3332 Santos (2013) sugere alguns exem- plos de atividades de lazer integradas ao turismo ecológico, como as seguintes: atividades equestres e de pesca; espor- tes de aventura; caminhadas em trilhas; atividades pedagógicas e recreativas em ambientes externos e rurais; excursões diversas, dentre outras. Nessa mesma linha de raciocínio, Fer- reira e Coutinho (2002) destacam a im- portância de se manter a conservação dos ambientes naturais destinados ao Turis- mo Ecológico, afim de que sejam cada vez mais atrativos e ao mesmo tempo, este- jam com as suas belezas naturais manti- das sem nenhum tipo de degradação. Tal conscientização, atentam esses autores, passam por uma preparação adequada e prévia de todos os envolvidos e requer a conscientização do papel de cada um frente a esse contexto. A partir desse cenário educativo, Fer- reira e Coutinho (2002, p. 20) asseveram: Esse tipo de turista aprecia a bele- za e prefere visitar locais bem con- servados e com alta qualidade am- biental. Por isso, o empreendimento ecoturístico deve promover a con- servação de áreas naturais, assim como a recuperação de locais degra- dados. Portanto, é preciso atenção com a qualidade das águas, do solo e com a proteção dos animais e plan- tas silvestres. Toda utilização dos re- cursos naturais e culturais deve ter uma preocupação com a qualidade e com a manutenção de seus aspectos originais ao longo do tempo. Essas atividades, segundo esses au- tores, possibilitam aos visitantes a aqui- sição de conhecimentos científicos, a vi- vência de experiências recreativas, além de oportunizar aprendizagens que extra- polam os espaços formais da escola, o que para os alunos, são motivadoras e signifi- cativas. Além disso, esse contexto educa- tivo amplia informações acerca da fauna e da flora e permite inúmeros conhecimen- tos históricos, geográficos, biológicos, dentre outros. O Turismo Ecológico ou Ecoturismo as- sociado às atividades de lazer como parte integrante dos currículos escolares sig- nifica uma nova ferramenta de aprendi- zagem, um caminho diferenciado para se obter conhecimentos. Posto isso, torna- -se possível através dessas estratégias, conforme evidenciado acima, propiciar aos sujeitos experiências educativas in- terdisciplinares, regadas com motivação, ludicidade e cidadania. 32 33 UNIDADE 6 - Sugestão de atividades práti- cas de lazer e turismo ecológico 33 Em relação às atividades de Turismo Ecológico ou Ecoturismo, associadas ao Lazer a serem realizadas, Ferreira e Cou- tinho (2002) chamam a atenção aos cui- dados a serem tomados. Considerando as concepções desses autores, medidas de segurança devem ter prioridade para que todos possam desfrutar das ações pro- postas sem riscos. Nesse sentido, destacam os autores supracitados, estar sempre acompanha- do de um profissional bem treinado e que conheça os locais a serem visitados; ve- rificar a acessibilidade e a infraestrutura básica do local para receber visitantes; assegurar para que todos respeitem as normas ambientais básicas regulamenta- das pelos espaços, dentre outras. Assim, Ferreira e Coutinho (2002) evi- denciam que a prática do Lazer e Turismo Ecológico requer técnicas para não gerar impactos ambientais negativos e serem sempre praticadas numa perspectiva sus- tentável. Nesse sentido, tais autores afir- mam: As técnicas empregadas não devem agredir o meio ambiente, assim como to- das as atividades devem ser constante- mente avaliadas devido aos impactos ne- gativos. O estudo e o emprego de técnicas adequadas podem diminuir interferências negativas sobre o ambiente e a comuni- dade. É preciso estabelecer o nível de im- pacto que cada local de visitação suporta, visando minimizar os prejuízos ao ambien- te natural e cultural da região (FERREIRA E COUTINHO, 2002, p. 20). Esses cuidados, asseveram os autores destacados acima, são essenciais para implementar a prática do Ecoturismo, dis- seminar a Educação Ambiental, e ter sem- pre ciência de que tais atividades devem ser praticadas com fins de saúde, de lazer, mas, sobretudo, de sustentabilidade. A seguir, Ferreira e Coutinho (2002) sugerem algumas atividades práticas nos mais diferentes espaços e formatos e que contemplam o lazer, o turismo ecológico e a educação ambiental: Atividades compatíveis com ecoturis- mo Atividades aéreas: balonismo, vôo livre, pára-quedismo e paraglyder (lê-se paragláider) - são vôos planados que utilizam equipamentos in- dividuais de sustentação aerodinâmica. O prolongamento do vôo é obtido com a uti- lização de correntes de ar ascendentes. Atividades aquáticas: bóia cross ou acquaraid (lê-se aquarraid) - descida de rios com corre- deiras em bóias infláveis individuais; canoagem - realizada em rios ou oceano em barcos de pequeno porte, ge- ralmente com capacidade para um a três passageiros, esporte destinado à obser- vação de recursos naturais associada a atividades de recreação e lazer; canionismo ou cannyoning (lê-se quênionin) - descida e/ou exploração de rios de montanha, com a utilização de téc- nicas verticais associada a cachoeiras; 34 35 espeleomergulho - mergulho em ca- vernas; mergulho autônomo ou scuba di- ving (lê-se iscuba dáivin) - mergulho no mar, rios, lagos ou cavernas com a utiliza- ção de equipamento autônomo de respi- ração; mergulho livre ou snorkeling (lê-se isnórquelin) - mergulho no mar, rio, lago e caverna com a utilização de máscara e nadadeiras, sem equipamento autônomo de respiração; pesca esportiva - atividade em que há soltura dos peixes, conhecida também como “pesque e solte”; rafting (lê-se réftim) - descidas de corredeiras ou passeios/expedições em rios ou lagos com a utilização de botes in- fláveis movidos a remo e com capacidade para seis a oito pessoas; surfe ou surfing - descida de ondas em pranchas. Esporte já bastante difundi- do, originário da Polinésia; Vela ou sailing (lê-se seilim) - pra- ticada em mar aberto e nas águas abriga- das de baías e lagos. Existem muitas mo- dalidades, de pranchas a vela (windsurf – lê-se uindisârf) a veleiros oceânicos de grandes dimensões; Atividades terrestres: acampamentos ou camping - reali- zados em áreas naturais públicas ou par- ticulares com equipamentos especializa- dos; caminhada com pernoite ou trekking(lê-se tréquin) - caminhadas de dois ou mais dias em que os participantes precisam carregar parte dos equipamen- tos em mochilas, pernoitando em acampa- mentos ou utilizando meios de hospeda- gem, como pousadas e casas de famílias; caminhadas de um dia ou hikking (lê-se ráiquin) - caminhadas curtas, rea- lizadas sem o transporte de muito peso, com retorno ao ponto de partida antes do anoitecer; cavalgada ou equitação - passeios a cavalo por ambientes naturais, em ge- ral seguindo antigas trilhas de tropeiros. Pode ter a duração de vários dias; ciclismo ou biking (lê-se báiquin) - exploração de trilhas em bicicletas espe- ciais; escalada em rocha ou rock clim- bing (lê-se róc claimbin) - subida em paredes verticais de rocha com o uso de uma série de movimentos complexos e or- denados de pés e mãos. O uso de cordas e outros equipamentos serve para garantir a segurança do escalador; montanhismo - arte de subir monta- nhas. Engloba desde a caminhada ao topo de uma colina até a escalada de paredes verticais de rocha, neve e gelo. O objetivo é atingir o cume, envolvendo planejamen- to e logística; observação de espécies da fauna e da flora - em trilhas, passeios de barco ou com a utilização de mirantes. Um seg- mento de mercado muito importante para o ecoturismo é dos observadores de aves, conhecidos internacionalmente como bird watching (lê- se bârd uótin); observação astronômica - obser- vação das estrelas, dos astros, de fenô- 34 35 menos naturais como eclipses, chuvas de meteoros, conjunções de estrelas. Ideais para localidades com pouca influência de luzes e ruídos decorrentes de atividades humanas; visita a cavernas ou caving (lê-se quêivin) - atividade recreativa derivada da ciência de explorar cavidades subter- râneas, denominada espeleologia; visitas às comunidades anfitriãs - participação ou acompanhamento de atividades cotidianas da comunidade an- fitriã; visitas a sítios arqueológicos - mui- tos estão inseridos em ambientes natu- rais e a visitação pode estar associada à prática de atividades recreativas. (FER- REIRA e COUTINHO, 2002, p. 31-33). Fonte: www.ecoviagem.uol.com.br/ 36 37 Ao longo deste estudo, foram abor- dadas várias discussões dos autores re- ferenciados acerca de algumas manifes- tações folclóricas, sobretudo aquelas apropriadas e vivenciadas através das danças e folguedos, como também a im- portância do lazer relacionado ao turismo ecológico. A temática abordada contempla os as- suntos que compõem conteúdos impor- tantíssimos dos currículos da Educação Física. Tais conteúdos permitem aprendi- zagens significativas e enriquecedoras, além de contribuírem para a perpetuação das expressões culturais e melhoria da qualidade de vida de todos os envolvidos. Restou claro que o folclore brasileiro possui um enorme repertório de estilos de manifestações culturais, entretanto, as abordagens discutidas evidenciaram as danças e os folguedos, os quais se ca- racterizam por ritmos, músicas, figurinos e cenários referentes às questões reli- giosas, fatos históricos, culturais, len- das, dentre outros. Nesse sentido, essas formas de demonstrar a sabedoria de um povo compreendem um processo de acul- turação das diversas etnias e origens da população brasileira que sobreviveu ao longo dos tempos. Além dessas questões culturais relacio- nadas aos saberes populares, o presente estudo discorreu também acerca da im- portância do lazer para a melhoria da qua- lidade de vida. Dentre as diversas opções atuais para a prática do lazer, o Turismo Ecológico configura como alternativa que associa atividade física e a possibilidade de adoção de hábitos saudáveis, no que diz respeito à educação ambiental. Considerando que atualmente as pes- soas demonstram grande preocupação com a saúde e qualidade de vida, e ao mes- mo tempo, buscam maior conscientização em relação à preservação dos recursos naturais, tal alternativa pedagógica con- figura excelente estratégia educativa. Nesse sentido, esses elementos da na- tureza, essenciais à manutenção da vida, são também recursos que permitem atra- tivos turísticos por meio da prática do Tu- rismo Ecológico. Posto isso, é possível depreender que tanto os conteúdos relacionados ao Fol- clore Brasileiro, como àqueles que dizem respeito ao lazer e ao turismo ecológico configuram temas oportunos a ser im- plementados nos programas de ensino da Educação Física Escolar. As danças e folguedos por se tratar de assuntos que mantêm viva a história e as tradições po- pulares e o lazer associado ao turismo ecológico por configurar excelentes fer- ramentas para disseminar a educação am- biental e a sustentabilidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS 36 36 37 ABREU, Martha Campos. O Império do Divino: festas religiosas e cultura popu- lar no Rio de Janeiro (1830 – 1900). Tese (Doutorado em História). Campinas, Uni- camp, 1996. ALVES, B. D. A. Danças do Folclore Bra- sileiro. São Paulo, 2013. ANDRADE, Mário. 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