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Bacteriologia Introdução à Microbiologia Microrganismos Formas de vida diminuta, individualmente muito pequenas para serem vistas a olho nu. Nomenclatura O sistema de nomenclatura (nomeação) para organismos em uso atualmente foi estabelecido em 1735 por Carolus Linnaeu; Os nomes científicos podem, entre outras coisas, descrever um organismo, homenagear um pesquisador ou identificar os hábitos de uma espécie; Staphylococcus aureus Staphylo - descreve o arranjo em cacho das células desta bactéria; coccus - indica que as células têm a forma semelhante a esferas; aureus – indica a cor de muitas colônias dessas bactérias; Breve Histórico 1665 - Após observar uma fina fatia de cortiça, o inglês Robert Hooke relatou ao mundo que as menores unidades vivas eram “pequenas caixas”, ou “células”, como ele as chamou; 1673 – 1723 - Anton van Leeuwenhoek tenha sido o primeiro a realmente observar micro-organismos – ANIMÁLCULOS. Van Leeuwenhoek fez desenhos detalhados de “animálculos” de água da chuva, de suas próprias fezes e de material raspado de seus dentes. Aplicação dos Microrganismos Microbiologia ambiental Tratamento de esgoto Sólidos maiores são removidos mecanicamente. O restante é composto de líquidos e materiais orgânicos que as bactérias convertem em produtos secundários, como dióxido de carbono, nitratos, fosfatos, sulfatos, amônia, sulfito de hidrogênio e metano; Existem microrganismos vivendo dentro de nós? Você é o que o você come !!! Morfologia e estrutura celular das bactérias Morfologia Bacteriana A maioria das bactérias varia de 0,2 a 2,0 μm de diâmetro e de 2 a 8 μm de comprimento; Elas possuem algumas formas básicas: cocos esféricos (que significa frutificação), bacilos em forma de bastão (que significa bastonete) e espiral; Cocos Os cocos geralmente são redondos, mas podem ser ovais, alongados ou achatados em uma das extremidades. Quando os cocos se dividem para se reproduzir, as células podem permanecer ligadas umas às outras. Ex: S. aureus, Streptococcus sp; Meningoccus sp; Diplococos; cocos aos pares; Estreptococos aqueles que se dividem e permanecem ligados uns aos outros em forma de cadeia são chamados; Tétrades - se dividem em dois planos e permanecem em grupos de quatro; Sarcinas - se dividem em três planos e permanecem ligados uns aos outros em grupos de oito, em forma de cubo; Estafilococos - se dividem em múltiplos planos e formam agrupamentos em formato de cacho de uva; Bacilos Os bacilos se dividem somente ao longo de seu eixo curto; portanto, existe menor número de agrupamentos de bacilos que de cocos. A maioria dos bacilos se apresenta como bastonetes simples; Formas espiraladas As bactérias espirais possuem uma ou mais curvaturas; elas nunca são retas. As bactérias que se assemelham a bastões curvos são chamadas de vibriões; as que possuem uma forma helicoidal, espirilos; Já outro grupo de espirais tem forma helicoidal e flexível, sendo chamado de espiroqueta. Estrutura externa das bactérias Entre as possíveis estruturas externas da parede extracelular dos procariotos estão: Glicocálice, Flagelos, Filamentos axiais, Fímbrias Pili. Glicocálice Revestimento de açúcar O glicocálice bacteriano é um polímero viscoso e gelatinoso que está situado externamente à parede celular e é composto de polissacarídeo, polipeptídeo ou ambos. É produzido dentro da célula e secretado para o meio externo. Se a substância é organizada e está firmemente aderida à parede celular, o glicocálice é descrito como uma cápsula; Importante fator de virulência; Permite a criação do biofilme; Fator de aderência Protegem as bactérias patogênicas da fagocitose pelas células do hospedeiro; Flagelos São longos apêndices filamentosos que realizam a propulsão da bactéria. Os flagelos podem ser: Atríqueas - sem flagelos; Peritriqueos - distribuídos em toda a célula, Polares - uma ou ambas das extremidades da célula, Monotríqueo - um único flagelo em um polo, Lofotríqueo - um tufo de flagelo na extremidade da célula Anfitríqueo - flagelos em ambas as extremidades celulares. Flagelos - Estrutura Um flagelo tem três partes básicas: 1) Filamento externo - tem diâmetro constante e contém a proteína globular flagelina (grosseiramente esférica), distribuída em várias cadeias que se entrelaçam e formam uma hélice em torno de um centro oco. 2) Gancho - O filamento está aderido a um gancho ligeiramente mais largo, consistindo de uma proteína diferente. 3) Corpo basal - que ancora o flagelo à parede celular e à membrana plasmática. As bactérias gram-negativas contêm dois pares de anéis; o par externo está ancorado a várias porções da parede celular, e o par interno está ancorado à membrana plasmática. Nas bactérias gram-positivas, somente o par interno está presente. Filamentos axiais Também conhecidas como Endoflagelos. As espiroquetas são um grupo de bactérias que possuem estrutura e mobilidade exclusivas. São feixes de fibrilas que se originam nas extremidades das células, sob uma bainha externa, e fazem uma espiral em torno da célula A rotação dos filamentos produz um movimento da bainha externa, que impulsiona as espiroquetas em um movimento espiral. Treponema pallidum (sífilis) e Borrelia burgdorferi (doença de Lyme). Fímbrias e Pili Apêndices encontrados em bactérias gram-negativas, semelhantes a pelos (curtos, retos e finos); Fímbrias Podem ocorrer nos polos ou estar homogeneamente distribuídas; Variam em números (algumas unidades à centenas) Tem a tendência se de aderirem umas as outras ou a superfícies - Envolvida na geração de biofilme; Auxiliam na adesão nas superfícies epiteliais do corpo (Neisseria gonorrhoeae – Gonorreia e E. coli - auxilia na adesão da mucosa); Pili São mais longos que as Fímbrias; Apenas um ou dois por células; Utilizados para fixação e transferência de DNA (Conjugação); Também pode ser usado para locomoção (um pilus é estendido pela adição de subunidades de pilina, faz contato com uma superfície ou com outra célula e, então, se retrai (força de deslocamento)); Parede celular A parede celular de uma célula bacteriana é uma estrutura complexa, semirrígida, responsável pela forma da célula; A parede celular circunda a membrana plasmática, protegendo-a e ao interior da célula das alterações adversas no ambiente externo; A principal função da parede celular é prevenir a ruptura das células bacterianas; Ela também ajuda a manter a forma de uma bactéria e serve como ponto de ancoragem para o flagelo; Parede celular - Composição A parede celular bacteriana é composta de uma rede macromolecular denominada peptideoglicana (2 tipos de açúcares e alguns aminoácidos); Visualização de bactérias Uma vez que as bactérias são transparentes, frequentemente são empregados métodos de coloração para que elas possam ser visualizadas e diferenciadas microscopicamente; Coloração de gram: Criada por Christian Gram em 1884, Permite dividir as bactérias em dois grupos, Gram positivas e Gram negativas; Procedimento de Gram Parede celular das Gram + Na maioria das bactérias gram-positivas, a parede celular consiste em muitas camadas de peptideoglicana, formando uma estrutura espessa e rígida; Ácido teicoico (copolímeros) da parede, ligado apenas a peptídeoglicanos; Ácido lipoteicoico – Ácido Teicoico + lipídeos - que atravessa a camada de peptideoglicana e está ligado à membrana plasmática; Função: Regularo trânsito de cátions pela parede e regulam o crescimento celular (controle da lise bacteriana); Parede celular das Gram - As paredes celulares das bactérias gram-negativas consistem em uma ou poucas camadas de peptideoglicana e uma membrana externa; A peptideoglicana está ligada a lipoproteínas na membrana externa e está no periplasma, um fluido semelhante a um gel, entre a membrana externa e a membrana plasmática. O periplasma contém uma alta concentração de enzimas de degradação e proteínas de transporte. As paredes celulares gram-negativas não contêm ácidos teicoicos. São mais suscetíveis ao rompimento mecânico. Membrana externa A membrana externa da célula gram-negativa consiste em lipopolissacarídeos (LPS), lipoproteínas e fosfolipídios; Função: evasão da fagocitose, inativação do sistema complemento e barreira de proteção; LPS - é uma molécula grande e complexa que contém lipídeos e carboidratos e que consiste em três componentes: (1) lipídeo A, (2) um cerne polissacarídeo e (3) um polissacarídeo O; Lipídeo A: Embebido na membrana externa. Quando a bactéria morre, liberam o Lipídeo A que atua como uma endotoxina, promovendo febre, coagulação sanguínea, dilatação de vasos e choque; Cerne polissacarídeo – Açúcares incomuns que possuem um papel estrutural e garante a estabilidade. Polissacarídeo O: Se estende para fora e é composto de açúcar. Funciona como um antígeno, sendo útil para diferenciar espécies de bactérias gram-negativas; Membrana Plasmática Estrutura fina situada no interior da parede celular, revestindo o citoplasma da célula; Diferentemente da membrana de eucariotos, as membranas de procariotos não apresentam esteróis, por isso são mais fluidas; A função mais importante da membrana plasmática é servir como uma barreira seletiva através da qual os materiais entram e saem da célula (Permeabilidade seletiva); As membranas plasmáticas de bactérias também são importantes na digestão de nutrientes e na produção de energia → contêm enzimas capazes de catalisar as reações químicas que degradam os nutrientes e produzem ATP. Em algumas bactérias, os pigmentos e as enzimas envolvidos na fotossíntese são encontrados em invaginações da membrana plasmática que se estendem ao citoplasma. Essas estruturas membranosas são denominadas cromatóforos ou tilacoides; Citoplasma Para uma célula procariótica, o termo citoplasma refere-se a uma substância da célula no interior da membrana plasmática Cerca de 80% do citoplasma são compostos de água, contendo principalmente proteínas (enzimas), carboidratos, lipídeos, íons inorgânicos e compostos de peso molecular muito baixo. O citoplasma é espesso, aquoso, semitransparente e elástico. As principais estruturas do citoplasma dos procariotos são: uma área nuclear (contendo DNA), os ribossomos e os depósitos de reserva denominados inclusões. Nucleoide O nucleoide de uma célula bacteriana normalmente contém uma única molécula longa e contínua de DNA de fita dupla, com frequência arranjada de forma circular, denominada cromossomo bacteriano. Os cromossomos bacterianos não são circundados por um envelope nuclear (membrana) e não incluem histonas. O cromossomo está fixado à membrana plasmática. Plasmídeo Além do cromossomo bacteriano, as bactérias frequentemente contêm pequenas moléculas de DNA de fita dupla, circulares, denominadas Plasmídeo; Essas moléculas são elementos genéticos extracromossômicos; isto é, elas não estão conectadas ao cromossomo bacteriano principal e se replicam independentemente do DNA cromossômico. Eles normalmente contêm de 5 a 100 genes que geralmente não são cruciais para a sobrevivência da bactéria em condições ambientais normais; Os plasmídeos podem transportar genes para atividades como resistência aos antibióticos, tolerância a metais tóxicos, produção de toxinas e síntese de enzimas. Ribossomos Todas as células eucarióticas e procarióticas contêm ribossomos, que funcionam como locais de síntese proteica. Os ribossomos são compostos de duas subunidades, cada qual consistindo de proteína e de um tipo de RNA denominado RNA ribossômico (rRNA). Vários antibióticos atuam inibindo a síntese proteica nos ribossomos procarióticos. A estreptomicina e a gentamicina fixam-se à subunidade 30S e interferem com a síntese proteica. A eritromicina e o cloranfenicol interferem na síntese proteica pela fixação à subunidade 50S. Inclusões Dentro do citoplasma das células procarióticas, há vários tipos de depósitos de reserva, conhecidos como inclusões. As células podem acumular certos nutrientes quando eles são abundantes e usá-los quando estão escassos no ambiente. Evidências sugerem que macromoléculas concentradas nas inclusões evitam o aumento da pressão osmótica que ocorreria se as moléculas estivessem dispersas no citoplasma. Grânulos metacromáticos São grandes inclusões que recebem seu nome pelo fato de que, algumas vezes, coram-se de vermelho com certos corantes azuis como o azul de metileno. Coletivamente, eles são conhecidos como volutina. A volutina representa uma reserva de fosfato inorgânico (polifosfato) que pode ser usada na síntese de ATP. Os grânulos metacromáticos são encontrados em algas, fungos e protozoários, bem como em bactérias. Esses grânulos são característicos do Corynebacterium diphtheriae, agente causador da difteria; assim, eles possuem importância diagnóstica. Outras inclusões Grânulos de polissacarídeos: amido e glicogênio; Inclusões lipídicas: Mycobacterium, Bacillus, Azotobacter, Spirillum e outros gêneros. Corante de sudão; Grânulos de enxofre: Thiobacillus – obtêm energia oxidando o enxofre e compostos contendo enxofre. Carbossixomos: contêm a enzima ribulose-1,5-difosfato-carboxilase. Bactérias que usam o CO2 como fonte de energia; Magnotossomos: são inclusões de óxido de ferro (Fe3O4), formadas por várias bactérias gram-negativas como o Magnetospirillum magnetotacticum, que agem como ímãs. Auxiliam na decomposição de peróxido de hidrogênio Vacúolos de gás: Permitem a flutuação de bactérias e algumas algas aquáticas; Endosporo Quando os nutrientes essenciais se esgotam, certas bactérias gram-positivas como as dos gêneros Clostridium (gangrena, tétano, botulismo) e Bacillus (antraz) formam células especializadas de “repouso”, denominadas endósporos; São células desidratadas altamente duráveis, com paredes espessas e camadas adicionais. Eles são formados internamente à membrana celular bacteriana. Esporulação ou Esporogênese Endosporo Podem sobreviver a temperaturas extremas, falta de água e exposição a muitas substâncias químicas tóxicas e radiação. Por exemplo, endosporos de 7.500 anos de Thermoactinomyces vulgaris do lodo congelado do Lago Elk, no estado norte- americano de Minnesota, germinaram quando reaquecidos e colocados em um meio nutriente Endosporos com idade entre 25 a 40 milhões de anos, encontrados no intestino de uma abelha sem ferrão, aprisionada em âmbar (resina de árvore endurecida) na República Dominicana, teriam germinado quando colocados em meio nutriente.
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