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Política Tributária no Brasil - Alíquota Regressiva

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Atividade Direito Tributário 
 
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Ao analisarmos a política tributária do Brasil podemos traçar, automaticamente, 
um paralelo com o problema da redistribuição de renda, estabelecendo uma correlação 
negativa com o índice de Gini, por exemplo. Essa questão tem origem inicialmente no 
aumento da carga tributária em nível nacional, estadual e municipal de 23% do PIB em 
1988 para 33% em 2005, acompanhado de desonerações neste período. 
Em nosso sistema tributário evidencia-se a baixa tributação da renda e patrimônio, 
com isenção total de imposto de renda sobre lucros e dividendos distribuídos a acionistas 
de empresas – na maioria dos países há tributação desse tipo de renda. Outro fato 
importante é a possibilidade de deduzir do lucro tributável os juros sobre capital próprio, 
o que pode ser caracterizado como uma despesa fictícia. Além disso, a tributação de bens 
e serviços se situa em um nível de 18,8% do PIB, acima de qualquer país da OCDE e que 
possui uma média de 11,6% do PIB, e a tributação é realizada de maneira regressiva sobre 
salários e consumo, este último é o tema desta atividade. 
Um tributo expressivo no Brasil é o ICMS (Imposto sobre Circulação de 
Mercadorias e Serviços), responsável por 20% da arrecadação tributária e que possui um 
caráter regressivo que gera um ônus para as populações menos favorecidas. Isso se dá 
pelo fato de ser um imposto estadual, ou seja, sem uma harmonização nacional quanto às 
suas normas. Em sua essência, o imposto deveria ter uma menor incidência em produtos 
básicos e maior nos supérfluos, o que não ocorre. Sua representação nos tributos que 
incidem sobre alimentos chega a ser de 45%, sendo a alíquota padrão 17%. Em certos 
estados o número de alíquotas diferentes para esses produtos pode chegar em quarenta. 
Outro ponto sobre esse tributo é a sua cobrança “por dentro”, que faz com que haja 
incidência do tributo sobre outros tributos, fazendo com que sua alíquota efetiva seja 
superior a nominal. 
Quando tratamos do Imposto de Renda das pessoas físicas (IRPF), temos apenas 
cinco faixas de tributação, sendo uma delas isenta e outras 4 com impostos de 7,5%, 15%, 
22,5% e 27,5% quando excedida a base de 4.644,68. No Imposto de Renda das pessoas 
jurídicas (IRPJ) a alíquota é de 15% até 240.000 e 10% do que exceder esse valor, sendo 
isento para organizações sem fins lucrativos. Esse modelo equipara grandes corporações 
e empresas de pequeno e médio porte, quebrando os pressupostos de verticalidade e 
horizontalidade de um sistema tributário. 
Esta análise nos permite evidenciar que o sistema tributário brasileiro apresenta 
uma característica regressiva e que nos impede de evoluir no quesito de redistribuição de 
renda e, consequentemente, na redução da desigualdade social. Podemos notar a 
necessidade de uma revisão nesse sistema de alíquotas e faixas de renda de modo que o 
sistema se torne mais progressivo e menos desigual. Além disso, medidas como tributação 
de fortunas e de dividendos se tornam ferramentas compensatórias relevantes, já que 
atingem uma camada da população que possui uma menor tributação efetiva.

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