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INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 1 | P á g i n a Sumário Introdução ................................................................................. Erro! Indicador não definido. Aula 1 – Abordagem Policial. ................................................................................................ 3 1. Conceituação de Abordagem e Busca ................................................................................ 4 2. Aspectos Legais ................................................................................................................... 4 3. Casos de Prisão: Flagrante Delito e Mandado Judicial ....................................................... 6 Aula 2 – Abordagem Policial (Continuação). ....................................................................... 10 1. Desobediência ................................................................................................................... 10 2. Desacato ........................................................................................................................... 11 3. Resistência e Tentativa de Fuga ........................................................................................ 11 Aula 3 – Uso da Arma de Fogo e os Equipamentos Policiais ................................................. 17 1. Armas de Fogo de Uso Policial .......................................................................................... 17 2. Coletes Balísticos .............................................................................................................. 19 3. Bastões e Tonfas. .............................................................................................................. 20 Aula 4 – Uso da Arma de Fogo e os Equipamentos Policiais (Continuação). .......................... 21 1. Armamento Não Letal ....................................................................................................... 21 2. Uso das Algemas ............................................................................................................... 22 3. Responsabilidade Legal no Emprego das Armas .............................................................. 23 Aula 5 - Diligências Policiais. .............................................................................................. 25 1. Procedimentos Operacionais a Serem Empregados Durante Abordagens de Pessoas, Veículos e Edificações. ............................................................................................................ 25 Aula 6 - Diligências Policiais (Continuação). ........................................................................ 30 1. Procedimentos Operacionais a Serem Empregados Durante Abordagens de Pessoas, Veículos e Edificações. (continuação). .................................................................................... 30 Aula 7 - Diligências Policiais (Continuação). ........................................................................ 34 1. Abordagem e Busca Pessoal ............................................................................................. 34 Aula 8 - Diligências Policiais (Continuação). ........................................................................ 39 1. Aula Prática ....................................................................................................................... 39 Aula 9 - Diligências Policiais (Continuação). ........................................................................ 40 1. Procedimentos de Revista ................................................................................................ 40 Aula 10 - Diligências Policiais (Continuação). ...................................................................... 47 1. Aula Prática ....................................................................................................................... 47 INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 2 | P á g i n a Aula 11 - Diligências Policiais (Continuação). ...................................................................... 48 1. Casos Especiais de Abordagem e Revista ......................................................................... 48 Aula 12 - Diligências Policiais (Continuação). ...................................................................... 53 1. Abordagem a Autoridades (suas imunidades e prerrogativas de função). ...................... 53 Aula 13 - Diligências Policiais (Continuação). ...................................................................... 58 1. Abordagem e Busca Domiciliar ........................................................................................... 58 Aula 14 - Diligências Policiais (Continuação). ...................................................................... 63 1. Técnicas de Deslocamento e Fatiamento em Áreas Edificadas. ....................................... 63 Aula 15 - Diligências Policiais (Continuação). ...................................................................... 68 1. Aula Prática ....................................................................................................................... 68 Aula 16 - Diligências Policiais (Continuação). ...................................................................... 69 1. Abordagem a Veículos ...................................................................................................... 69 Aula 17 - Diligências Policiais (Continuação). ...................................................................... 84 1. Aula Prática ....................................................................................................................... 84 Aula 18 - Diligências Policiais (Continuação). ...................................................................... 85 1. Técnicas de Abordagem a Veículos em Operações. ......................................................... 85 2. Abordagem a Motocicletas ............................................................................................... 88 3. Abordagem a Coletivos ..................................................................................................... 89 Aula 19 - Diligências Policiais (Continuação). ...................................................................... 92 1. Aula Prática ....................................................................................................................... 92 Aula 20 – Ocorrências com Reféns. ..................................................................................... 93 1. O Que é Crise?................................................................................................................... 93 2. A Negociação .................................................................................................................... 93 3. Negociador Preliminar ...................................................................................................... 93 INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 3 | P á g i n a I – Introdução I-I Contextualização A Abordagem Policial é uma atividade realizada diuturnamente pela Policial Militar no exercício do policiamento ostensivo. Ela exige a observação de diversos preceitos regulamentares, visando legitimar as ações do Policial. Esta padronização impõe uma constante preparação técnica operacional e envolve uma atmosfera psicológica singular. O Policial Militar deverá empregar as múltiplas habilidades desenvolvidas, a partir de diversas áreas do conhecimento humano, para executar as ações policiais, a fim de garantir a integridade das mesmas. As intervenções policiais, especialmente na ofensiva direta contra o crime, devem ser cuidadosamente planejadas e executadas dentro de um rigoroso padrão operacional. Numa ação policial, não se admitem precipitações. Os riscos à sociedade e aos policiais devem ser dirimidos, de modo a reduzir o índice de vitimizadosem ocorrências policiais. I-II Finalidade O estudo da Doutrina de procedimentos operacionais pelos Policiais Militares para que desenvolvam suas habilidades profissionais. Aula 1 – Abordagem Policial. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 4 | P á g i n a 1. Conceituação de Abordagem e Busca A abordagem policial, também chamada de intervenção policial, é uma atividade constante para o policial militar no desenvolvimento das atividades de policiamento ostensivo. É também uma das atividades mais delicadas e perigosas na execução do serviço. Além do grande risco à integridade do policial militar envolve uma série de aspectos técnicos e legais que devem ser observados. A abordagem policial exige a observação de vários aspectos jurídicos preconizados a partir da Constituição Federal, exige treinamento técnico operacional e envolve o preparo psicológico, onde o policial deverá se utilizar de várias áreas do conhecimento humano, a fim de evitar uma reação violenta ou constrangimentos desnecessários. Abordagem policial é o ato de aproximar-se com segurança e deter pela surpresa um indivíduo (ou grupo de pessoas), a fim de ratificar ou não fundada suspeita em relação ao mesmo, ou ainda para deter um criminoso e/ou cessar uma ação delituosa. Busca é a diligência que se faz em determinado lugar com o fim de encontrar pessoa ou objeto que se procura. Encontrado o que se procura faz-se a apreensão da coisa, ou a prisão da pessoa, ou ainda a apreensão de crianças ou do adolescente. ―A busca será domiciliar ou pessoal‖ (Art. 240º do Código de Processo Penal – CPP). 1. Aspectos Legais Dentre os aspectos que envolvem a abordagem policial, o princípio da Reserva Legal o conceito de Poder de Polícia e o conceito de Fundada Suspeita são de extrema importância, pois demonstram teoricamente a extensão e os limites desta atividade. 2.1 Princípio da Reserva Legal O cidadão, não é obrigado a fazer ou deixar de fazer nada, que não seja pelo império da lei. Tal assertiva deve ser o pilar sustentador do ensino e da prática de técnicas e táticas de abordagem policial, caso contrário o policial corre o risco de agir arbitrariamente e algumas vezes acreditando estar correto, matando, prendendo A legalidade da ação policial O Policial militar deve sempre respeitar a lei, os seus limites, o cidadão e os direitos dos presos. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 5 | P á g i n a ilegalmente, abusando de sua autoridade, colocando em risco sua vida e sua integridade física, a de seus companheiros, a dos cidadãos e dos infratores (que também deve ser assegurada), além de prejudicar a imagem da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), e possivelmente respondendo a diversos procedimentos administrativos, civis e penais que acabam, muitas vezes, custando sua carreira, sua liberdade, e em consequência prejudicando o sustento de suas famílias. É para evitar tais situações que o conhecimento e a padronização de técnicas e táticas operacionais, tendo como base a legislação pertinente, serão empregados de acordo com as especificidades de cada evento, podendo contribuir para mudar esse quadro e fazer com que os policiais atuem com mais segurança e voltem para seus lares, sem preocupações maiores, com as ações realizadas e bem sucedidas. O policial militar, no desenvolvimento de suas atividades e exercendo sua autoridade deve entender obrigatoriamente o princípio da reserva legal, pelo qual ―ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei‖ (Constituição da República Federativa do Brasil (C.F.), Art. 5º Inciso II). Tal princípio é constitucional e serve como base para toda a legislação nacional e para nortear as atividades dos servidores públicos. 2.2 Poder de Polícia Poder de Polícia é a faculdade que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais em benefício da coletividade ou do próprio Estado. Surgiu da necessidade de regular a coexistência dos homens na sociedade, objetivando criar no indivíduo o estado de consciência no qual lhe seria impossível viver bem sem se submeter a esse poder. Consiste na ação da autoridade pública para fazer cumprir a lei, a todos os indivíduos, com o uso de força, se preciso. No ordenamento jurídico nacional, o poder de polícia está previsto no Código Tributário Nacional, Art. 78 e estende-se aos órgãos, que por sua vez têm a obrigação de fazer cumprir a lei. Desta forma, o Poder de Polícia não se restringe somente às polícias e um exemplo tradicional disso é a própria Receita Federal que se utiliza do poder de polícia para cobrar tributos, ou ainda a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que utiliza o poder de polícia para interditar estabelecimentos que contrariem as normas que garantem a saúde pública. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 6 | P á g i n a No cumprimento de suas atividades o policial militar deve utilizar-se do poder de polícia, restringindo interesses individuais que contrariam a lei, para garantir os direitos da coletividade, mas deve ter a consciência de que os limites da aplicação deste poder estão previstos nas próprias leis e devem ser respeitados, uma vez que a própria conduta do servidor público deverá sempre seguir o que determina a lei. 2.3 Fundada Suspeita A fundada suspeita, prevista no art. 244º, do CPP, não pode fundar-se em parâmetros subjetivos, exigindo elementos concretos que indiquem a necessidade da revista, em face do constrangimento que causa. Após uma análise técnica, baseada no comportamento do indivíduo, o Policial Militar, através de evidências seguras, conclui que a pessoa possa ter cometido um ilícito penal e/ou tenha porte ou posse de objeto proibido ou objeto que constitua a materialidade de um crime que está sendo ou acabou de ser cometido. Desta forma, o policial militar não poderá fundamentar uma abordagem em parâmetros subjetivos como religião, raça ou cor da pele e vestimentas que demonstrem a cultura de um grupo. A abordagem deverá sempre observar critérios objetivos, como por exemplo, o porte de uma arma ou de um objeto que seja produto de crime ou a descrição informada na rede de comunicações sobre as características de um indivíduo que está cometendo ou acabou de cometer um crime ou ainda de um veículo na mesma situação, dentre outras inúmeras possibilidades, desde que objetivas, e que levem o policial a entender que tais elementos constituem a fundada suspeita. 2. Casos de Prisão: Flagrante Delito e Mandado Judicial O artigo 5º inciso LXI da Constituição Federal descreve os casos em que é possível ocorrer a prisão: "Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei." INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 7 | P á g i n a Desta forma a prisão de um cidadão só poderá ocorrer em flagrante delito ou por mandado judicial (que é a ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente). A prisão de um militar que comete crime propriamente militar (um tipo de crime que somente o servidor público militar pode cometer, como por exemplo, o crime de deserção) de uma forma geral deve seguir os mesmos princípios (flagrante delito ou mandado judicial), mas foi incluída como uma exceção na Constituição Federal, pois observa a legislação específica (como o Código Penal Militar) que rege também os casos de crimes propriamente militares. Existe ainda o caso de prisão administrativa, que constitui mais uma exceção e também está previsto na Constituição Federal (quando se refere a ―transgressão militar‖) que no caso da Polícia Militar do Estado do Riode Janeiro (PMERJ) está prevista no Artigo 11º §2º do Regulamento Disciplinar da PMERJ. É importante observar que nem todo caso de flagrante de delito constitui um caso de prisão, uma vez que algumas autoridades possuem imunidades e prerrogativas de função e por isso não são conduzidas à Delegacia de Policia. Outro ponto importante a ser observado é que a prisão poderá ser efetuada em qualquer dia ou a qualquer hora, respeitando as restrições relativas à inviolabilidade de domicílio (Art. 283º do Código do Processo Penal). É importante observar que o preso tem direitos legalmente assegurados, como o respeito à integridade física e moral (Art. 5º Inc. XLIX C.F.), o direito de ser informado sobre seus direitos, permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado (Art. 5º Inc. LXIII C.F.) e o direito a identificação dos responsáveis por sua prisão (Art. 5º Inc. LXIV C.F.), sob pena de relaxamento imediato da prisão caso esses direitos sejam desrespeitados (Art. 5º Inc. LXV C.F.), bem como de responsabilização dos servidores públicos responsáveis pelo abuso de autoridade. O policial militar deve sempre conduzir os presos diretamente para a Delegacia de Polícia da área (ou especializada quando o fato assim permitir, como por exemplo, os crimes ambientais que podem ser registrados na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente – DPMA – ou os crimes propriamente militares que podem ser registrados nas Delegacias de Polícia Judiciária Militar - DPJM), para o registro da ocorrência, jamais conduzir os presos para uma unidade policial militar (exceto no caso de prisão administrativa de militares, que devem ser conduzidos por um militar mais antigo às INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 8 | P á g i n a suas unidades militares de origem após comunicado à respectiva unidade) ou para qualquer outro lugar que não esteja compreendido no caminho mais rápido possível entre o local da prisão e a delegacia. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 9 | P á g i n a ACONTECEU... Na noite de 23 de julho de 1993, pouco antes da meia-noite, dois carros com placas cobertas pararam em frente à Igreja da Candelária. Em seguida, os ocupantes atiraram contra dezenas de pessoas, a maioria crianças e adolescentes, que estavam dormindo nas proximidades da Igreja. Como resultado, seis menores e dois maiores morreram e várias crianças e adolescentes ficaram feridos. Um dos sobreviventes da chacina, Sandro Barbosa do Nascimento, voltou aos noticiários quase sete anos depois, como o autor do sequestro do ônibus 174. Posteriormente, nas investigações, descobriu-se que alguns dos autores dos disparos eram policiais militares e que a princípio o fato teria acontecido por conta de uma pedra arremessada contra uma viatura. No decorrer do processo, foram indiciadas sete pessoas. Destes, quatro foram condenados na época, sendo que um dos policiais militares envolvidos foi condenado a uma pena de mais de 300 anos de prisão. Observe que: Conforme ficou evidenciado nas investigações, houve principalmente por parte dos policiais militares envolvidos, uma total negligência quanto aos princípios demonstrados nessa aula. A abordagem foi realizada de forma intempestiva e violenta, não havendo razões para tal, uma vez que, mesmo que os moradores de rua fossem criminosos e mesmo que tivessem cometido qualquer crime anteriormente, não havia fundada suspeita, flagrante delito ou mandado que justificasse qualquer abordagem ou prisão, quiçá um fundamento para um juízo de valor decidindo entre a vida e a morte de alguém. O que houve foi um desrespeito ao bem jurídico tutelado de maior valor no ordenamento jurídico brasileiro: a VIDA. O que um policial militar pode fazer para cumprir o seu papel com perfeição, é auxiliar e orientar a população, zelando pela vida e integridade física de todos e prender e apresentar à autoridade policial os criminosos em flagrante delito ou com mandado. SAIBA MAIS... Você pode conhecer mais sobre a origem dos assuntos estudados nesta unidade pesquisando o site: https://www.youtube.com/watch?v=C2CIe895mWU http://pt.wikipedia.org/wiki/23_de_julho http://pt.wikipedia.org/wiki/1993 http://pt.wikipedia.org/wiki/Sandro_Barbosa_do_Nascimento http://pt.wikipedia.org/wiki/Sequestro_do_%C3%B4nibus_174 https://www.youtube.com/watch?v=C2CIe895mWU INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 10 | P á g i n a Aula 2 – Abordagem Policial (Continuação). O policial no desenvolvimento de suas funções representa a força fiscalizadora do Estado. Um cidadão que se sente prejudicado pela ação policial pode tentar desobedecer, resistir, desacatar e até fugir. Em alguns casos, criminosos, sem compromisso com a lei, para defender seus interesses ilegais, podem ainda empregar armas de fogo contra a ação policial. Por isso, é importante o policial militar conhecer bem a diferença entre desobediência, desacato e resistência, pois durante uma abordagem policial existe a possibilidade de deparar-se com uma dessas situações. 1. Desobediência O código penal (CP) descreve o crime de desobediência da seguinte forma: ―desobedecer a ordem legal de funcionário público‖ (Art. 330º do CP). É importante observar que a ordem deve ser legal, ou seja, deve ter a lei como fundamento. Outro ponto importante a ser observado no crime de desobediência é que a ordem deve partir de um funcionário público, sendo assim, presume-se que a pessoa que recebe a ordem, tenha conhecimento de que esta ordem partiu de um funcionário público. Portanto, o funcionário público deve estar identificado (no caso do policial militar, fardado e com sua identificação aparente), ou identificar-se antes de dar a ordem, Os Valores profissionais e os deveres éticos na Polícia Militar A missão da Polícia Militar traz, em si, o serviço imprescindível para a sociedade organizada. A disciplina, o senso do dever, a noção clara da missão a cumprir, são virtudes eminentemente éticas e não apenas técnicas. Fonte: http://www.pmpr.pr.gov.br/modu les/conteudo/conteudo.php?conte udo=679 INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 11 | P á g i n a quando não estiver devidamente identificado (em trajes civis), caso contrário não há o crime de desobediência, pois o cidadão não terá como saber que a ordem está partindo de um funcionário público. 2. Desacato O Código Penal (CP) descreve o crime de desacato da seguinte forma: ―desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela‖ (Art. 331 do CP). Observação: o referido tipo penal, segundo alguns doutrinadores e de acordo com a jurisprudência, em alguns casos também pode ser cometido por gestos, como por exemplo, fazer sinal referente a órgão sexual masculino ao passar viatura policial. Observe que o crime de desacato só ocorre contra funcionários públicos e por isso é necessário que haja a intenção, o dolo de desacatar. Se a pessoa que desacata não tem conhecimento de que se trata de um funcionário público, seja porque este funcionário não está devidamente identificado ou porque não quis se identificar antes de ser desacatado, não configura o crime de desacato, portanto, se ocorrer desta forma, o cidadão não poderá ser preso por este crime. Outro ponto a ser observado é que o funcionário público precisa estar no exercício da função ou, não estando, o desacato precisa ocorrer em razão da função exercida pelo funcionário público, ou seja, se a pessoa que desacata não sabe que se trata de um funcionário público e dirige uma ofensa à pessoa física, mesmo sendo funcionário público, não ocorre o crime de desacato, desta forma, o cidadão não poderá ser preso por este crime. 3. Resistência e Tentativa de Fuga O código penal (CP) descreve o crime de resistência da seguinte forma: ―opor-se à execução de ato legal, mediante violênciaou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio‖ (Art. 329º do CP). Observe que o crime de resistência ocorre quando um funcionário público tenta executar um ato legal e alguém se opõe a execução deste ato mediante violência ou ameaça. É comum ocorrer o crime de desobediência e em seguida, quando o policial militar tenta efetuar a prisão, ocorrer o crime de resistência. Neste caso o policial militar poderá utilizar a força para garantir a execução do ato legal, conforme descreve o Código de Processo Penal: INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 12 | P á g i n a ―Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem, poderá usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito, também por duas testemunhas” (Art. 292º do CPP). O artigo 292 do CPP refere-se ao procedimento administrativo conhecido coloquialmente no jargão policial como ―auto de resistência‖ O emprego de força física só é permitido quando indispensável, nos casos de resistência ou tentativa de fuga. Se houver resistência por parte de terceiros, poderão ser usados os meios necessários para vencê-la ou para defesa dos policiais militares. Estas circunstâncias devem ser registradas no Registro de Ocorrência (R.O., registrado na Delegacia de Polícia) e no Boletim de Ocorrência Policial Militar (BOPM, registrado pelo próprio policial militar). É importante observar o que descreve o Código de Processo Penal (CPP) quanto ao uso da força, quando necessário: ―não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou tentativa de fuga de preso‖ (Art. 284º do CPP). O uso da força deverá sempre ser proporcional e obedecendo aos princípios da legalidade, necessidade, moderação e conveniência. Para isso, o Ministério da Justiça, através da portaria interministerial nº 4.226 de 31 de dezembro de 2010 definiu diretrizes para o uso da força para os agentes de segurança pública, obrigatórias para o Departamento de Polícia Federal, para o Departamento de Polícia Rodoviária Federal, para o Departamento Penitenciário Nacional e para Força Nacional de Segurança e estimulando a criação de mecanismos para efetivação destas diretrizes pelos entes federados. Uma forma didática para se observar regras de uso da força foi desenvolvida nos Estados Unidos da América, na Universidade de Illinois, pelo centro de treinamento da polícia federal (Federal Law Enforcement Training Center – FLETC) e atualmente é aplicada no Brasil. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 13 | P á g i n a Figura 1 – Modelo de Uso da Força FLETC Cada estágio do painel de alternativas para o uso da força corresponde às técnicas e instrumentos fornecidos através do treinamento: Nível I – Esta categoria consiste de procedimentos básicos para apoiar o início e a continuação da submissão e da cooperação. Ocorre com uma atitude submissa e cooperativa do abordado, em contrapartida o policial utiliza comandos verbais. Nível II – Este nível inclui opções centradas em torno do ganho de controle, preferencialmente através de técnicas de persuasão e manipulação psicológica evitando- se as técnicas de contato físico. O abordado utiliza técnicas de resistência passiva e o policial utiliza o controle de contato. Nível III – Quando o indivíduo utilizar força física ao resistir, o policial deve valer-se das táticas de imobilização e neutralização com ênfase às técnicas não letais. O abordado toma atitudes de resistência ativa e o policial passa a aplicar técnicas de submissão (na PMERJ aplica-se o Método de Defesa Policial Militar – MDPM). Nível IV – Neste nível a atitude agressiva do indivíduo leva o policial a aplicar tática centrada em contra-ataques ativos e com base na força, da mesma forma preconiza-se o uso de técnicas não letais. O indivíduo abordado tem uma postura agressiva, iniciando ameaça física e o policial passa a utilizar táticas defensivas não letais. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 14 | P á g i n a Nível V – Neste nível as opções táticas dirigem-se para a sobrevivência e a autopreservação do policial, sendo necessário defender-se com a força letal. O abordado tem uma postura agressiva, utilizando força letal e o policial passa a aplicar o mesmo nível de força. É importante observar que a aplicação das técnicas deverá ser sempre proporcional, ou seja, não é necessário passar por todos os estágios anteriores para então aplicar uma determinada técnica. Não faria sentido um criminoso efetuar disparos contra policiais e os mesmos iniciarem sua reação com verbalização, seguindo os demais níveis até a aplicação de técnicas não letais antes de se defender com força letal. No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, a atividade policial apresenta algumas particularidades, cabendo destacar a utilização de armas de guerra por parte de grupos criminosos, sendo necessário neste caso aplicação direta do V nível, agindo de maneira proporcional, preservando a vida do policial militar e da sociedade civil. A comunicação com a pessoa abordada é fundamental para obtenção da colaboração da mesma. O policial militar deve lembrar que os cidadãos não entendem alguns termos técnicos empregados no treinamento policial militar. Use uma linguagem clara precisa e concisa. Assim como ordens simples, objetivas e executáveis em tom de voz compatível com a situação e o ambiente. O policial militar, quando aborda um cidadão que eventualmente cometeu um delito, por mais inexpressivo que o mesmo pareça, nunca deverá relaxar com a segurança. Mesmo um cidadão de bem, em um estado de estresse, devido à situação, poderá tentar escapar da prisão, praticando violência contra policiais. Contudo, em qualquer situação, esse cidadão, deverá receber tratamento digno de sua condição humana. O policial militar deve lembrar sempre que o limite do uso da força ocorre quando a situação passa a se tornar controlada e acaba a resistência ou tentativa de fuga por parte dos criminosos. Se ao final da intervenção houver pessoas feridas, as mesmas deverão receber a assistência adequada, devendo ser providenciado o encaminhamento para atendimento médico. O policial militar não pode esquecer que, mesmo no caso de criminosos que atentaram contra a sua vida, em caso de homicídio em decorrência de intervenção policial militar, deverá ser feito o máximo esforço para preservar o local do fato e a Sala de Operações (SOp) da Unidade Policial Militar da área deverá ser acionada assim INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 15 | P á g i n a como o fato deverá ser levado ao conhecimento da autoridade policial (Delegado de Polícia Civil). A utilização de força é um recurso que poderá desarticular a continuidade da reação por parte dos criminosos. O policial militar deverá sempre considerar, em uma abordagem, a possibilidade do indivíduo estar armado. A arma do policial militar deverá estar sempre pronta, caso seja necessário o seu emprego, o que não significa que deverá estar apontada para o abordado. O ideal é estar sempre pronto para defender-se ou neutralizar um ataque. Para isso o policial militar deverá conhecer muito bem o método de defesa policial militar (MDPM) que foi desenvolvido com técnicas de artes marciais e defesa pessoal e conhecer cada vez mais sobre o seu armamento e os equipamentos policiais. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 16 | P á g i n a ACONTECEU... Policial do Bope confunde furadeira com arma e mata morador do Andaraí Na manhã do dia 19 de maio de 2010 um policial do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a tropa de elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro, matou por engano um moradordo Morro do Andaraí, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O motivo: o policial confundiu uma furadeira com uma arma. Na manhã desta quarta-feira (19), Hélio Ribeiro estava no terraço de casa, pregando uma lona com a furadeira, para proteger o pavimento da chuva. A esposa dele, Regina Ribeiro, também estava no terraço, regando as plantas. Fátima Pinho, que é vizinha de Hélio há mais de 40 anos, disse que, quando ele olhou para os policiais do Bope, que faziam uma operação no morro, chegou a se virar para a esposa e comentar: ―Vão pensar que estou armado.‖ ―A Regina me contou que ele nem chegou a terminar a frase. Tomou o tiro, caiu da escada e ficou estatelado no chão, morto‖, contou, nervosa, Fátima. ―Em seguida, os policiais do Bope continuaram com as armas apontadas para o terraço e gritaram para a Regina se abaixar. Ela gritou de volta: ‗O meu marido está morto!‘‖, disse a vizinha. Fonte: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/05/policial-do-bope-confunde- furadeira-com-arma-e-mata-morador-do-andarai.html Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/07/laudo-diz-que-furadeira- poderia-ter-sido-confundida-com-arma.html SAIBA MAIS... Você pode conhecer mais sobre a origem dos assuntos estudados nesta unidade pesquisando: - Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas na sua Resolução 34/169, de 17 de dezembro de 1979; - Princípios orientadores para a Aplicação Efetiva do Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, adotados pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas na sua resolução 1989/61, de 24 de maio de 1989; - Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, adotados pelo Oitavo Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes, realizado em Havana, Cuba, de 27 de Agosto a 7 de setembro de 1999. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 17 | P á g i n a Aula 3 – Uso da Arma de Fogo e os Equipamentos Policiais 1. Armas de Fogo de Uso Policial O policial militar, independente do serviço que realiza e principalmente durante as abordagens, deverá portar as armas para as quais está habilitado (treinado) conhecendo o seu manejo e a manutenção no mínimo de primeiro escalão (limpeza básica e resolução básica de panes). Caso contrário, a arma poderá ser mais um fator de risco para a equipe e pessoas que estejam na área da operação. As armas e os equipamentos utilizados devem ser compatíveis com o serviço ou operação que o policial irá realizar. A Imprudência a imperícia e a negligência no emprego de armas e equipamentos podem gerar responsabilidades administrativa, penal e civil para o policial. O uso da arma está condicionado Aspectos Legais No caso do policial que dispara sua arma de fogo contra um criminoso, só se justifica esta ação se é perpetrada em legítima defesa. O Código Penal, a respeito da legítima defesa, assim expressa: ―Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. O agente que excede supostamente os limites da legítima defesa responde pelo fato, se este é punível como crime culposo.‖ O policial deverá ter certeza de que está repelindo uma AGRESSÃO GRAVE que coloca em perigo a sua vida ou de outrem. O(s) disparo(s) devem ser apenas em número suficiente para FAZER CESSAR A AGRESSÃO. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 18 | P á g i n a aos aspectos da legalidade, grau de adestramento e oportunidade. No aspecto da legalidade, o uso da arma de fogo só se justifica quando a ação implicar uma ameaça real à sua vida ou à vida de terceiros. Caso não haja esse perigo, deverão ser usados outros meios. Não se deve apontar uma arma de fogo na direção de uma pessoa que não lhe ofereça risco. O nível de risco da operação e da abordagem, no momento da ação policial será decisivo para que o policial militar decida quanto ao posicionamento da arma na direção de outras pessoas. Mesmo em simulações, em que o policial tem toda certeza que a arma está descarregada. Não são raros os casos de acidentes reais com ―armas consideradas descarregadas‖. O manuseio de arma de fogo deve ser sempre realizado com a arma apontada para um local onde não ofereça risco. O momento do disparo de uma arma de fogo é extremamente delicado. O Policial deve analisar todos os aspectos relativos ao tiro (a trajetória, impacto, explosão, etc.) utilizando-se de técnicas próprias e conhecimentos adquiridos previamente, apesar do curto espaço de tempo e do estresse da situação. O tiro deve ser dirigido ao agressor, não ao local de onde o agressor está homiziado. Dentro de um veículo, por exemplo, além do criminoso armado poderá haver uma vítima, um refém ou uma criança dormindo. Após ter sacado a arma, o seu uso deverá ser moderado, suficiente apenas para fazer cessar a agressão que, uma vez cessada, desautoriza a continuação do seu uso. No aspecto da oportunidade, o policial deve atentar para as circunstâncias e acontecimentos ao seu redor, tais como pessoas muito próximas à cena, crianças, edificações públicas, automóveis, etc., expostos às eventuais consequências de um confronto com criminosos. Nessas ocasiões, onde houver a mínima probabilidade de um inocente vir a ser atingido, é preferível a possível fuga de criminosos armados ou, até mesmo o recuo tático dos policiais, no aguardo de uma ocasião mais adequada para abordar e prender os infratores. De acordo com o Código Penal, em seu artigo 25º, o conceito de legitima defesa, estabelece que antes de atirar o policial deve ter a convicção que está reagindo contra uma agressão injusta, atual e iminente e que não colocará a vida de terceiros em risco. O objetivo do tiro é neutralizar o criminoso, se possível, preservando sua vida. Cessada a INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 19 | P á g i n a ação, e estando controlado o ambiente, o policial deverá tomar algumas providências, tais como o atendimento médico aos feridos. O tiro é uma medida extrema que somente se justifica quando: a. Há ameaça iminente ou risco de morte para o agente; b. Para impedir a perpetração de crime que ameace a vida; c. Para vencer uma resistência a prisão contra pessoa que represente os riscos acima citados. O policial militar deve entender que: a. O uso letal intencional da arma de fogo somente se justifica quando for estritamente inevitável para proteger a vida; b. O uso de armas de fogo não é uma providência aceitável para dispersar manifestações ou tumultos. No caso de manifestações violentas, somente é tolerável quando não for possível o emprego de outros meios menos perigosos, para conter uma ameaça iminente de morte ou de ferimento grave; c. O limite do uso da força está condicionado ao necessário para manter a segurança das pessoas e a manutenção da ordem; d. Não existe a alegação de ordem superior para justificar uma ação manifestadamente ilegítima. É importante ainda observar que se considera crime o disparo de arma de fogo em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime (Lei 10.826 de 22 de dezembro de 2003 – Estatuto do Desarmamento). 2. Coletes Balísticos O uso de coletes balísticos minimiza a possibilidade de o policial ser vitimado em decorrência de Disparo de Arma de Fogo (DAF). Vários policiais já tiveram suas vidas preservadas graças ao seu uso. É um equipamento que aliado ao emprego correto de outros recursos, gera superioridade técnica em uma ação policial. É importante que o colete esteja devidamente ajustado aocorpo, de forma que cubra todo o tórax, mas que mantenha a mobilidade, que esteja bem ajustado nas laterais, de forma que as placas fiquem o mais próximo possível, para maior proteção das laterais do corpo e da proteção dos órgãos vitais do tórax. O colete balístico é considerado um material bélico INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 20 | P á g i n a e é possível adquiri-lo no comércio (completo ou somente as capas, para um uso mais higiênico, uma vez que os mesmos coletes serão utilizados por diversos policiais proporcionando uma utilização mais eficiente e racional do material). É importante observar que para manter a vida útil do material o colete não deve ser colocado em locais de forma que fique dobrado, pois isso danifica as malhas internas do colete. 3. Bastões e Tonfas. O bastão policial é de uso obrigatório, previsto no M4 Manual do Policial Militar. É um excelente instrumento, de autodefesa, contra pessoas que não utilizam de armas de fogo. A Tonfa pode ser empregada em substituição ao bastão policial com a vantagem de ter maior versatilidade, principalmente para defesa do policial militar (sobretudo quando empregadas com técnicas do Método de Defesa Policial Militar, que permite imobilização e condução). Figura 02 – Bastões e Tonfas INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 21 | P á g i n a Aula 4 – Uso da Arma de Fogo e os Equipamentos Policiais (Continuação). 1. Armamento Não Letal O armamento não letal é assim chamado, pois foi desenvolvido para que não cause letalidade, caso utilizado de forma correta. É importante observar que devido à possibilidade de letalidade, caso utilizado incorretamente, alguns autores definem esse tipo de armamento como ―de baixa letalidade‖ ou ―menos letal‖. O uso de armamentos e munições não letais propiciará uma maior segurança aos policiais militares em suas atividades diárias de abordagens e controles de distúrbios civis, minimizando riscos aos cidadãos em casos de reações violentas às ordens legais. No entanto, para a obtenção dos fins desejados, esse armamento e munições deverão ser empregados apenas por policiais treinados. É importante conhecer e respeitar as recomendações do fabricante durante a sua utilização e se atentar pelo fato de que eles só devem ser utilizados, homologados e fornecidos ao policial pela PMERJ, uma vez que estes equipamentos já passaram por análise técnica. Outro ponto relevante a ser observado é que as armas não letais são assim consideradas, porque foram desenvolvidas para cessar as reações do abordado sem causar morte, porém, seu uso em excesso e fora das recomendações do fabricante pode ser fatal. Sendo assim, o policial militar deverá sempre respeitar os limites do uso Figura 3 - Armamento não letal INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 22 | P á g i n a proporcional da força. Esta categoria de equipamento, pode ter outras classificações como: armas de menor potencial, ou armas de menor potencial letal, etc. O taser é uma arma de incapacitação, sua utilização requer treinamento específico, pois o seu mau uso pode levar o abordado à morte. Pode ser empregada em diferentes atividades do policiamento ostensivo. É muito importante observar que o taser NUNCA deve ser usado junto com espargidores de pimenta, caso contrário pode ocorrer uma combustão. 2. Uso das Algemas As algemas, além de evitar a fuga, ajudam a preservar a integridade do preso. A 11ª Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal (STF) limita o uso de algemas a casos excepcionais: "Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado". O uso de outros materiais como o lacre, deve ser evitado, porém caso haja necessidade de utilização destes recursos, deve-se adotar os mesmos preceitos da 11ª súmula do STF, além disso, o policial deverá observar durante a condução do preso se o material utilizado está provocando ferimentos desnecessários e evitáveis, nesse caso, o policial deverá buscar outro meio de contenção mais adequado. Figura 4 - Taser Figura 5 - Algema INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 23 | P á g i n a 3. Responsabilidade Legal no Emprego das Armas O policial militar deverá sempre estar consciente de que a utilização de armas poderá lhe acarretar responsabilização, caso cometa um crime, independentemente de ter ou não intenção. No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos (Art.121 § 4º CP). INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 24 | P á g i n a ACONTECEU... Em dezembro de 2008 um laudo do Exército constatou que o spray de pimenta (arma não letal usada por diversas polícias no Brasil) é altamente inflamável e perigoso se combinado com outras armas não letais, como cassetete elétrico, ou se entrar em contato qualquer tipo de chama. A análise do Ctex (Centro Tecnológico do Exército) foi feita para tentar elucidar o caso de um adolescente identificado na época como Janderson de 16 anos, que disse ter sido queimado com ácido por militares ao ser pego fumando maconha num quartel do Rio, em novembro de 2008. O Exército informou na época que as queimaduras foram causadas pela combinação não intencional de armas não letais e que seria instaurado um procedimento apuratório. Até então, o perigo dessa combinação não era totalmente conhecido. Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1812200835.htm Observe que: Além do treinamento, é importante que o policial entenda que não é adequado utilizar simultaneamente tipos diferentes de armas não letais para imobilizar uma mesma pessoa. SAIBA MAIS... Você pode conhecer mais sobre a origem dos assuntos estudados nesta unidade pesquisando: - Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei (PBUFAF), adotados pelo Oitavo Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes, realizado em Havana, Cuba, de 27 de Agosto a 7 de setembro de 1999. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1812200835.htm INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 25 | P á g i n a Aula 5 - Diligências Policiais. 1. Procedimentos Operacionais a Serem Empregados Durante Abordagens de Pessoas, Veículos e Edificações. É importante para o policial militar conhecer os procedimentos operacionais a serem empregados durante abordagens de pessoas, veículos e edificações: 1.1 Observar Observar é a capacidade humana de ver, sentir e elaborar conclusões. Observe as pessoas, o que elas têm nas mãos, as atitudes. Estude o ambiente, becos, sacadas, carros estacionados, pessoas agitadas, características do terreno. Procure distinguir os criminosos dos demais, quando houver dúvidas, convém o policial militar se precaver em relação a todos, tomando o cuidado de não violar direitos individuais. O policial é um observador atento. Exercite sua capacidade de análise, tomando o cuidado para não criar estereótipos baseado em preconceitos. Abordagem a Domicílio Além da definição legal de domicílio,existe um ponto muito importante a ser pensado: a casa de cada pessoa, seja ela pobre ou rica, é um de seus bens mais preciosos, pois é na casa que podemos descansar, estar com a nossa família e guardar nossos pertences (coisas de valor material e coisas de valor emocional, como lembranças de família, presentes, recordações, fotos; bens estes que, muitas vezes, possuem um valor muito superior ao material, porque são bens adquiridos com esforço, recebidos como presentes, lembranças de entes queridos, coisas especiais para nós).Fonte: http://www.vivario.org.br/wpcontent/ uploads/2011/11/curso_CAPPC.pdf INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 26 | P á g i n a 1.2 Planejar O planejamento é essencial para a segurança da ação. Use a observação sobre o terreno e empregue suas características em favor da equipe. Respeite os princípios técnicos: superioridade numérica; vantagem técnica gera a vantagem tática (eficiência gerando eficácia) e a surpresa. Por mais urgência que a circunstância apresente e por mais imediata que seja a necessidade da intervenção, aproveite o mínimo de tempo que tem, diante da situação e somente atue após planejar a ação. Como se aproximar, o emprego do efetivo, a eliminação das possíveis rotas de fuga. É seguro? Como? Quando? Onde? Quem? Como sair do local com o preso? Tenha resposta para as perguntas: O quê está acontecendo? Onde? Como? Quem são os envolvidos? Quem está armado? Qual a descrição do local? Quem são os possíveis suspeitos? Quem são os solicitantes? Não sendo oportuna a abordagem naquele momento observe, diligencie até que ache a oportunidade de realizar a abordagem dentro dos parâmetros táticos adequados. Não hesite em acionar reforços. Muitas vezes uma boa coleta de informações vai tornar a diligência mais proveitosa, criando condições para a realização de futuras diligências no sentido de identificar e, se for o caso, prender os acusados. Se tentar cercar uma pessoa armada, não seja ansioso, use os abrigos que o terreno lhe oferece: motores dos carros, hidrantes, depressões no terreno, etc. Mesmo quando o criminoso parecer dominado continue dando ordens protegido - não saia do seu abrigo, até que tenha reais condições de se locomover e atuar. Lembre-se de trabalhar com segurança, se necessário, aguarde a melhor oportunidade para agir. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 27 | P á g i n a 1.3 Abordar A progressão para a abordagem deve ser cuidadosa e silenciosa, a fim de não perder o aspecto técnico do fator surpresa. Segurança a trezentos e sessenta graus (ao redor) para a patrulha; posicionamento dos policiais de modo que não haja ―fogo cruzado‖ e que inocentes não venham a ser atingidos no caso de uma reação armada. Ao abordar um suspeito empregue sempre tom de voz firme que sugira imobilidade, inicialmente e sempre que possível identifique-se ao menos dizendo: ACONTECEU... Polícia prende 40 pessoas durante operação no Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro Minas Gerais - 25/2/2015 às 19h17 Ação cumpriu mandados em Monte Carmelo, Coromandel, Patrocínio e Uberlândia. Uma operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) terminou com cerca de 40 pessoas presas nesta quarta-feira (25) nas regiões do Alto Paranaíba e do Triângulo Mineiro. A "Operação Faixa Preta" foi feita nas cidades de Monte Carmelo, Coromandel, Patrocínio e Uberlândia. A ação da regional de Uberlândia teve foco no combate à organização criminosa responsável pelo tráfico de drogas e pela prática de homicídios na região. O objetivo da operação foi o cumprimento de 44 mandados de prisão preventiva, dois mandados de apreensão de adolescente infrator, 51 mandados de busca domiciliar e 23 mandados de apreensão de veículos. A operação resultou na prisão de envolvidos, apreensão de drogas, armas, munição e veículos. A ação teve origem em investigação desenvolvida pela Regional de Uberlândia do Gaeco e contou, em sua execução, com a parceria da Polícia Militar de Minas Gerais e da PRF (Polícia Rodoviária Federal). Fonte: http://noticias.r7.com/minas-gerais/policia-prende-40-pessoas-durante- operacao-no-alto-paranaiba-e-triangulo-mineiro-25022015 Observe que: O planejamento da ação foi de suma importância para o seu sucesso. http://noticias.r7.com/minas-gerais http://noticias.r7.com/minas-gerais/policia-prende-40-pessoas-durante-operacao-no-alto-paranaiba-e-triangulo-mineiro-25022015 http://noticias.r7.com/minas-gerais/policia-prende-40-pessoas-durante-operacao-no-alto-paranaiba-e-triangulo-mineiro-25022015 INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 28 | P á g i n a ―Polícia!‖, em seguida utilize expressões como ―fique onde está!”; “calma!”; “não se mova!”; “fique quieto!”. Em ato contínuo, se for o caso, coloque os abordados no local e na posição em que será realizada a busca pessoal (o local deverá sempre ser o mais conveniente e seguro para os policiais). Sempre em estado de alerta total, não permita que os abordados mantenham qualquer objeto nas mãos ou que recebam auxílio de outras pessoas sob alegações diversas. Determine, aos abordados, que fiquem de costas e que coloquem as mãos espalmadas onde possam ser observadas, de preferência acima da cabeça. No caso de dúvida quanto a segurança da ação adie a operação, espere um momento melhor. Utilize os princípios da conveniência e da oportunidade. Quando houver a mínima probabilidade de um inocente vir a ser atingido em uma abordagem, é preferível o recuo tático dos policiais, aguardando uma ocasião mais adequada para abordar e prender os criminosos ou mesmo, possibilitar a fuga destes, mesmo estando armados, a fim de preservar vidas. Surpreenda, mas nunca se precipite. O serviço que o policial militar presta à população é segurança pública. Em muitas situações, fica difícil controlar a ansiedade e para dar solução rápida ao problema, o policial acaba violando normas, se expondo a riscos e desgastes desnecessários, causando transtornos maiores para todos os envolvidos na ocorrência. Não perca o controle! 1.4 Revistar Há várias maneiras de revistar pessoas abordadas. Comprovadamente a mais versátil, técnica e eficaz, principalmente quando se tratar de criminosos presos em flagrante de delito é realizada da seguinte maneira: O Comandante dará ordem para que os suspeitos fiquem de costas para a guarnição, que as bolsas, roupas, embrulhos ou qualquer volume que os suspeitos estejam conduzindo nas mãos, sejam lentamente colocadas no solo. Em seguida os suspeitos serão colocados de frente para uma parede, com os braços esticados e mãos sempre acima da cabeça com as mãos espalmadas, uma sobre a outra, de pernas abertas e desequilibrados. Os suspeitos devem ser deslocados do local onde foram surpreendidos, a fim de neutralizar algum esquema de segurança dos mesmos, somente se isso não gerar risco à ação. No caso de corredores ou becos, o local de revista será isolado. Os homens da equipe de segurança controlarão a passagem de cidadãos pelo local enquanto durar a realização da diligência. Seguindo os passos para a Revista. São eles: INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 29 | P á g i n a 1º passo: revista individual em todos os suspeitos; 2º passo: busca em sacos, bolsas, calçados e locais e áreas de difícil acesso; 3º passo: se for o caso, verificação de documentos e coleta de informações relevantes; 4º passo: busca na área de revista. O encarregado pela revista poderá proceder com a arma na mão, sentindo que a situação está totalmente sob controle, deverá atuar com as mãos vazias e a arma fora do alcance dos suspeitos, empregando as técnicas vigentes na Corporação, com isto ganhará tempo e eficiência. Os suspeitos devem ser minuciosamente revistados, um a um, pelo encarregadoda revista, que se ocupará de ajustar cada elemento no momento da busca, não deixando nenhuma parte do corpo do suspeito ou pertences sem serem examinados. A princípio o policial que realiza a revista é o responsável em dominar qualquer resistência do suspeito no momento da busca pessoal, se necessário, fazendo uso de técnicas de Método de Defesa Policial Militar. Os demais patrulheiros se encarregarão do apoio de fogo e da segurança a 360 graus, da vigilância sobre os demais suspeitos, todos atentos para o caso de uma reação, ou agressão armada por parte de terceiros, ou uma tentativa de fuga. Mesmo que o suspeito já esteja sem armas, mantenha atenção sobre o mesmo. No caso de encontrar objetos de crime com o suspeito e houver possibilidade de fuga ou resistência, o mesmo poderá ser algemado antes, durante ou após a revista. Durante a realização da revista, o comandante poderá determinar que um ou mais patrulheiros façam uma busca nas proximidades onde se encontram os suspeitos (revistando caixas de passagens, buracos no solo e nas paredes, lixeiras etc.), desde que não afete a segurança da equipe. Caso não haja homens disponíveis logo que termine a busca pessoal o encarregado da revista vasculhará o local. Então, ciente de que nenhum dos suspeitos (ou presos) está portando arma, objeto proibido ou material de corpo de delito (junto ao corpo ou sob as vestes), será feita a revista nos objetos pessoais ou bolsas. Esta busca será acompanhada pelo proprietário. Quando possível às diligencias podem ser acompanhadas por testemunhas. Mesmo depois de concluída a revista, a guarnição não deverá relaxar a segurança. Encontrando arma ou qualquer outro objeto ilícito, continue a revista informando a equipe de maneira discreta a fim que esta aumente o nível de atenção. Lembre-se das condicionantes legais para realização da busca pessoal! INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 30 | P á g i n a Aula 6 - Diligências Policiais (Continuação). 1. Procedimentos Operacionais a Serem Empregados Durante Abordagens de Pessoas, Veículos e Edificações. (continuação). 1.5 Interpelar e Examinar Após a revista, ou durante, conforme o caso, o Comandante da guarnição fará perguntas ao suspeito e examinará uma possível documentação apresentada. Muitas vezes este procedimento ajuda a identificar um foragido da justiça ou obter informações sobre atividades ilícitas. As consultas a informações podem ser feitas diretamente na sala de operações da unidade. Além disso, atualmente existem aplicativos para celulares que permitem verificar informações sobre pessoas e veículos que também podem ser utilizados pelos policiais militares. A entrevista deve ser técnica, ouvindo-se, os suspeitos separadamente, um de cada vez. Lembre-se dos Direitos Constitucionais, em especial: o preso, pode manter-se calado e somente se pronunciar em juízo. 1.6 Voz de Prisão Caso não seja confirmada a suspeita sobre a sua pessoa e o abordado pergunte é conveniente que o policial explique os motivos que levaram a abordagem. Quando for flagrante de delito o policial militar dará voz de prisão e deverá além de informar a prisão e o motivo, informar também os seus direitos (de permanecer calado, de ser Procedimentos Operacionais Conhecer e praticar cada vez mais os procedimentos operacionais de sua profissão é demonstrar o domínio e aplicação da técnica adequada. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 31 | P á g i n a assistido por advogado ou familiar e de comunicar sua prisão a familiares ou a pessoa que indicar) o mais rápido possível. Em seguida o preso será conduzido à delegacia policial da circunscrição onde passará a exercer os direitos assistenciais acima descritos. Fique atento para os casos previstos na Lei 9.099 de 26 de setembro de 1995 (situações de flagrante de delito no cometimento de infrações penais de menor potencial ofensivo). Neste caso, o policial se dirigirá à pessoa que se encontra numa das hipóteses previstas nos casos de menor potencial ofensivo, comunicando-lhe as condicionantes legais de sua apresentação à Autoridade de Polícia Judiciária convidando-o a acompanhar à Delegacia Policial a fim de assumir o compromisso, perante a autoridade de Polícia Judiciária, de comparecer ao Juizado Especial Criminal, beneficiando-se assim do previsto na Lei 9.099 de 26 de setembro de 1995. No caso de prisão de criminosos, estes não devem permanecer mais que o estritamente necessário no local, devendo seguir imediatamente para a Delegacia Policial. Na entrega do preso à polícia civil, atentar para a necessidade de fazer constar no Registro de Ocorrência a relação de materiais com ele encontrados e a identificação do responsável pelo registro de ocorrência e recebimento do preso. É importante observar que a indevida restrição a liberdade constitui abuso de autoridade, sendo assim há entendimento na doutrina e jurisprudência de que a condução a delegacia policial para mera verificação de antecedentes (conhecida como condução para ―sarque‖) constitui fato típico previsto nesta legislação especial e não é um procedimento utilizado pela polícia militar. 1.7 Procedimentos de Apreensão Todos os materiais apreendidos que o preso porta, usa ou mantêm em suas vestes devem ser registrados no BOPM e sempre que possível, também no Registro de Ocorrência na apresentação na D.P. 1.8 Condução à Delegacia de Polícia A condução de presos à delegacia policial deve ser feita com a máxima segurança. Há notícias de diversos casos de fugas e de resgate de criminosos presos. Em alguns INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 32 | P á g i n a casos o resgate destes é realizado através de emboscadas, por grupos fortemente armados. Outras vezes simpatizantes dos presos causam grandes tumultos utilizando-se da população local, até mesmo empregando como escudo senhoras e crianças. O policial deverá cumprir a lei, tomará providências para garantir a integridade física e moral dos presos. Se porventura o preso for agressivo, deverá ser dominando e controlando, se necessário, imobilizando-o. Tomado o cuidado de não colocar em risco a guarnição, a população bem como o acautelado. A saída do local deve ser pelo itinerário mais rápido e seguro. Se o policial perceber que terá maiores dificuldades em sair do local abrigue- se em local seguro e solicite auxílio. 1.9 Apresentação da Ocorrência na Delegacia de Polícia A apresentação da ocorrência à autoridade policial deve ser serena. O condutor deverá narrar para o mesmo os fatos que tem conhecimento, claramente de modo que descreva com precisão o ocorrido, identificando as pessoas e as coisas no tempo e no espaço. No caso de flagrante de delito, apreensão de drogas, de armas ou de outros objetos de corpo de delito, o policial, deverá solicitar a inclusão desses itens nos registros confeccionados, antes de se ausentar da DP. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 33 | P á g i n a ACONTECEU... Em 11 de junho de 2014, dois policiais militares lotados no 5º BPM em patrulhamento pela Av. Presidente Vargas apreenderam 03 adolescentes suspeitos de cometer roubos e furtos na região conhecida como Uruguaiana, localizada no Centro da cidade do Rio de Janeiro. Com os 03 adolescentes na caçapa da viatura seguiram para uma região da Floresta da Tijuca conhecida como Sumaré (fora da área de policiamento do 5º BPM). Durante o deslocamento o GPS da viatura registrava o trajeto e as câmeras internas registravam as imagens. No caminho, um dos adolescentes foi liberado. Em seguida as câmeras param de filmar e somente retornam quando os outros dois adolescentes já não estão mais no interior da viatura. Cinco dias depois Matheus Alves dos Santos, de 14 anos, foi encontrado morto no alto do morro do Sumaré. De acordo com as investigaçõesda Polícia Civil este era um dos jovens que estava dentro da viatura do 5º BPM no dia 11 de junho de 2014. O outro, de 15 anos, levou dois tiros, mas sobreviveu. Ele prestou depoimento na Divisão de Homicídios e participou da reconstituição do crime, contando tudo o que aconteceu em tese nos dez minutos em que o vídeo é interrompido. O garoto disse que fingiu que estava morto. Os dois policiais foram presos na época e a Justiça aceitou a denúncia por homicídio e ocultação de cadáver. Fonte: http://extra.globo.com/noticias/rio/pms-acusados-de-executar-adolescente- no-morro-do-sumare-ficam-em-silencio-durante-interrogatorio-15565438.html Observe que: Embora a falta das imagens deixem dúvidas sobre o que ocorreu de fato, os policiais militares cometeram erros primários em sua ação. Toda vez que um policial militar prender ou apreender alguém, deve seguir diretamente para a delegacia de Polícia Civil para então registrar a ocorrência. Qualquer desvio neste caminho poderá ser interpretado como um erro procedimental e poderá ser utilizado como prova do desvio de conduta. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 34 | P á g i n a Aula 7 - Diligências Policiais (Continuação). 1. Abordagem e Busca Pessoal Abordagem policial é o ato de aproximar-se com segurança e deter pela surpresa um indivíduo (ou grupo de pessoas), a fim de confirmar ou não fundada suspeita em relação ao mesmo, ou ainda para deter um criminoso e/ou cessar uma ação delituosa. Em muitas abordagens é importante que o policial militar realize o procedimento de busca pessoal. Busca é a diligência que se faz em determinado lugar com a finalidade de encontrar pessoa ou coisa que se procura. Encontrado o que se procura faz-se a apreensão do objeto, ou a prisão da pessoa, ou ainda a apreensão de crianças ou de adolescentes. ―A busca será domiciliar ou pessoal‖ (Art. 240º. do CPP). A busca pessoal (ou revista) é a procura que se faz nas vestes das pessoas ou nos objetos que estão portando, tais como bolsas, malas, pastas, sacolas, incluindo os veículos em suas posses, etc., não se faz a busca pessoal, ou seja, a inspeção diretamente no corpo de uma pessoa, a fim de não causar abuso ou constrangimento. Esta medida é utilizada, por exemplo, quando se trata de entrada em unidades prisionais (que possuem procedimentos próprios para revista, como movimentos de agachamento sem as vestes e em local reservado e próprio), nunca pelo policial militar no policiamento ostensivo. O objetivo da busca pessoal sempre deverá ser encontrar em poder da pessoa, objetos utilizados ilegalmente ou ainda achado ou obtido por meios ilícitos, devendo ser apreendido todo material que sirva de prova e encaminhado para D.P. para apresentação à autoridade policial. Com relação à apreensão de cartas, é importante observar que não devem, em hipótese alguma, ser violadas, já que o sigilo de correspondência é um direito INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 35 | P á g i n a constitucional do cidadão e sua violação está tipificada no artigo 151º do Código Penal. 1 O mesmo princípio deve se aplicar a aparelhos eletrônicos tais como celular, tablet e notebook que caso seja necessário, devem ser apreendidos e apresentados à delegacia de polícia civil sem ser violados. A busca pessoal poderá ser realizada pela autoridade judiciária, policial ou por seus agentes, nos casos previstos em lei. A busca pessoal poderá ocorrer em virtude de mandado judicial ou consentida pela pessoa. A autoridade policial e seus agentes poderão ainda realizar a busca pessoal independente de mandado nas seguintes situações conforme descreve o Código de Processo Penal: a. No caso de prisão em flagrante; b. Quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituem corpo de delito; c. Quando a medida for determinada em mandado no curso da busca domiciliar. 1.1 Abordagem e Revista Quando se inicia uma abordagem, é muito importante, que se observe a utilização da verbalização e o posicionamento correto dos policiais, para então iniciar os procedimentos de revista. 1.1.1 Verbalização Após o contato visual com o abordado, a verbalização deve ser o primeiro meio de contato utilizado pelo policial militar. Desta forma deve-se empregar sempre tom de voz firme que sugira imobilidade. Inicialmente o policial militar deve identificar-se tentando dizer ao menos: ―Polícia!‖. Obviamente em situações que o criminoso reage utilizando força letal ou não, o policial militar não terá tempo hábil para verbalizar, devendo empregar proporcionalmente a força para conter a agressão. Em seguida o policial militar deverá usar expressões como: 1 Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Sonegação ou destruição de correspondência. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 36 | P á g i n a - Fique onde está! - Calma! - Não se mova! - Levante as mãos! - Mantenha as mãos onde eu possa ver! Neste momento é muito importante observar que muitas pessoas ficam nervosas e mesmo não tendo a intenção de desobedecer, a ordem, acabam não conseguindo responder ao que se pede. Desta forma é importante atentar para a ação (ou imobilidade) do abordado a fim de diferenciar uma possibilidade de reação de um ato de nervosismo. E assim, repetir os comandos até que sejam atendidos, mantendo uma distância de segurança, não tão perto que facilite uma reação e não tão longe que facilite a fuga (cerca de 1,5 metros dependendo das condições do local, podendo variar de acordo com a percepção do policial militar). Neste momento também é muito importante observar e controlar através dos comandos verbais as mãos do abordado, uma vez que se houver uma tentativa de reação, possivelmente as mãos serão utilizadas para isso. O uso de palavras obscenas ou vulgares, além de revelar a insegurança do policial, evidencia a falta de preparo profissional. Deve-se manter uma postura pautada na urbanidade. Deve-se evitar o uso de gírias, gritos e gesticulação teatral, isto demonstra insegurança e falta de preparo técnico. Deve-se usar linguagem clara, precisa e objetiva, evitando discussões e ponderações por parte dos abordados. Os comandos dados ao abordado devem ser simples, de fácil execução: - Levante as mãos! - Coloque as mãos na parede! - Dê um passo atrás! - Abra as pernas! Esses comandos nunca devem ser dados por mais de um policial militar ao mesmo tempo, pois isto poderá confundir o abordado e levá-lo ao não cumprimento do que se ordenou. O policial militar deve ser paciente com as pessoas que estão observando a ação, estes muitas vezes não entendem as técnicas utilizadas pela Polícia Militar. É importante lembrar que a maioria das ocorrências são resolvidas ou encaminhadas pela verbalização. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 37 | P á g i n a 1.2 Posicionamento dos Policiais Durante a Abordagem e Busca Pessoal Logo no início de uma abordagem é importante observar, além do ambiente e de todos os demais aspectos relevantes, o posicionamento dos policiais. A partir do momento em que há a vantagem numérica (quantidade de policiais militares maior que a quantidade de abordados) é possível que um policial militar inicie os procedimentos de revista enquanto outro(s) faça(m) sua cobertura (por isso a necessidade de se ter vantagem numérica para iniciar uma abordagem). Desta forma, o policial que se aproxima do abordado, com sua arma em guarda baixa, apontando para um lugar seguro (a não ser que haja risco verificado através da reação do abordado em não obedecer ao que se pede e demonstrando que irá reagir), iniciará os procedimentos de verbalizaçãomantendo uma distância de segurança, não tão perto que facilite uma reação e não tão longe que facilite a fuga (cerca de 1,5 metros dependendo das condições do local, podendo variar de acordo com a percepção do policial militar). O policial militar responsável pela segurança da abordagem deverá permanecer atento ao que ocorre no ambiente e atentar também para possíveis reações do abordado evitando-as e evitando a fuga. Durante uma abordagem as posições dos policiais militares nunca devem cruzar uma possível uma linha de fogo um do outro e caso isso ocorra, o policial militar deverá buscar uma posição mais adequada de forma que faça uma segurança eficaz e não comprometa a segurança dos demais. Funções do grupo de revista 1 – Homem revista; 2 - Segurança da revista; 3 – Segurança de área. Observação: nos casos em que só houver dois policiais militares, o mesmo policial poderá realizar duas funções (segurança de revista e área) devendo ficar claro que esta atitude diminui o nível de segurança da abordagem. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 38 | P á g i n a O abordado deverá ser conduzido para um local onde haja um apoio para iniciar a revista (muro, veículo, etc.). Na hipótese da inexistência do apoio, o mesmo deverá ser revistado com as mãos na cabeça, e com os dedos entrelaçados. Ao iniciar a revista, o policial militar deverá se aproximar do abordado protegendo sua arma, com uma das mãos deverá pressionar o corpo do abordado de forma que dificulte uma tentativa de reação ou fuga, de preferência com as mãos entrelaçadas na cabeça ou nas costas na linha da cintura quando as mãos do abordado estiverem apoiadas em um apoio, além disso, o pé oposto do policial militar deverá estar junto ao pé do abordado (o pé direito próximo ao pé esquerdo do abordado e vice versa quando mudar o lado da revista), por dentro, o que dificultará uma tentativa de reação e retirada da arma do policial militar. Em seguida realizar a revistar manual minuciosamente às vestes do abordado de forma que seja possível localizar armas e objetos que possam ser produtos de crime. Observação: Abordagem em posições diferenciadas tem como objetivo principal aumentar o nível de segurança da equipe, colocando o abordado em posição desconfortável, este procedimento deverá der utilizado em casos de extrema necessidade uma vez que toda abordagem torna- se um procedimento desagradável e constrangedor ao cidadão de bem. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 39 | P á g i n a Aula 8 - Diligências Policiais (Continuação). 1. Aula Prática Aula prática sobre o conteúdo de diligências policiais. INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 40 | P á g i n a Aula 9 - Diligências Policiais (Continuação). 1. Procedimentos de Revista Toda ação policial deverá estar alicerçada na legalidade. Os aspectos técnicos, legais e éticos devem ser observados pelos policiais militares em todos os momentos. O policial que trata os cidadãos com cortesia produz uma impressão favorável. Por outro lado, aqueles que se descontrolam facilmente prejudicam o trabalho que realizam os demais. Um policial cortês produz uma imagem positiva da Corporação. Normalmente as situações tensas podem ser agravadas por um policial que atua impulsivamente e que abusa de sua autoridade. São atitudes que demonstram falta de ética, descontrole emocional e desconhecimento das técnicas policiais. Seja qual for o serviço que uma guarnição esteja executando, o comandante, deverá designar antecipadamente as funções de cada elemento da equipe, determinar os objetivos, as particularidades da missão, pontos de reunião (caso haja mais de uma patrulha atuando ou de fragmentação da equipe), itinerários e outros fatores técnicos de acordo com as especificidades da missão ou do local. É importante ter o conhecimento prévio das circunscrições das delegacias policiais e dos hospitais públicos antes de iniciar o serviço. Aspectos Legais Abordagem Policial e Busca Pessoal - Questões Legais e Operacionais É bom refletirmos sobre a busca pessoal e a abordagem policial, pois são ações que fazem parte do dia-a-dia da nossa profissão. É preciso conhecer as leis para não extrapolarmos nossa competência legal e, consequentemente, incorrermos em ilícitos penais. Fonte: http://www.universopolicial.co m/2009/09/busca-pessoal-e- abordagem-policial.html http://www.universopolicial.com/2009/09/busca-pessoal-e-abordagem-policial.html http://www.universopolicial.com/2009/09/busca-pessoal-e-abordagem-policial.html http://www.universopolicial.com/2009/09/busca-pessoal-e-abordagem-policial.html INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 41 | P á g i n a No desenvolvimento de qualquer ocorrência de abordagem, haverá apenas um Comandante das ações. Ninguém age por conta própria. Compete ao subordinado comunicar suas observações e solicitar autorização para suas iniciativas ao Comandante. Cabe aos policiais militares, principalmente ao mais experiente ou dotado de conhecimento técnico dos fatores envolvidos, assessorar seu Comandante. Deve ser observado o fator vantagem numérica. A proporção deve ser no mínimo de dois policiais para cada suspeito, posicionados estrategicamente no terreno, devendo no caso de inferioridade ou inconveniência avaliar a situação, solicitar e/ou aguardar auxílio ou, esperar um momento mais oportuno para abordar com maior segurança, utilizando o Princípio da Discricionariedade. Deve-se evitar, sempre que possível, efetuar a abordagem em locais frequentados por indivíduos que possam auxiliar os suspeitos, em logradouros públicos repletos de pessoas ou qualquer lugar em que uma possível reação venha trazer risco a segurança de inocentes e para os policiais militares. Antes de qualquer abordagem, os policiais devem observar o suspeito, com vistas aos volumes na cintura, as imediações, com a verificação de possíveis comparsas que possam estar dando cobertura, vias de fuga do infrator, abrigo para o policial, cidadãos, etc. Selecionando um local que ofereça maior segurança ao público, aos policiais e ao suspeito sempre que possível, para então iniciar a abordagem. Ao abordar alguém, o policial deve tentar identificar-se e caso o infrator esteja empunhando uma arma, ordenar que a solte (obviamente na hipótese de não haver tentativa de reação por parte do abordado). O policial deve manter especial atenção nas mãos e na linha de cintura do abordado, determinando desde logo que levante as mãos. O policial precisa estabelecer o controle do campo de visão do abordado e consequentemente dar início ao controle da situação verbalizando. A partir desse controle inicial da situação, o policial, preferencialmente utilizando verbos no imperativo, de forma simples e clara, deve emitir comandos para que o abordado dirija- se a uma área de segurança onde será realizada a busca pessoal e consequente captura do infrator. O contato verbal mantido pelo policial com o abordado é extremamente importante para o sucesso da ação policial, assim enquanto um policial está conversando com o mesmo, os demais policiais devem permanecer calados, a fim de que o abordado não fique confuso diante de comandos divergentes e simultâneos de INSTRUÇÕES PRÁTICAS DE AÇÕES TÁTICAS II 42 | P á g i n a vários policiais, oferecendo tempo suficiente para que o mesmo ouça, entenda e cumpra o determinado. Não se deve demonstrar familiaridade ou interagir com as pessoas envolvidas na ocorrência ou sustentar discussões. O policial ao atuar, deve fazer valer suas determinações legais usando uma linguagem clara precisa e objetiva. Quem dirige as ordens deve manter a atenção do abordado, inicialmente com tom firme de voz e assim que o mesmo começar a cumprir as ordens, ir normalizando o tom da voz, falando com
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