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Material de Apoio 11 - Interdição

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Interdição 
 
Art. 747. A interdição pode ser promovida: 
I - pelo cônjuge ou companheiro; 
II - pelos parentes ou tutores; 
III - pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o interditando; 
IV - pelo Ministério Público. 
Parágrafo único. A legitimidade deverá ser comprovada por documentação que acompanhe a petição inicial. 
- A partir da entrada em vigor da Lei 13.146/2015, conhecida como Estatuto da Pessoa 
com Deficiência, as pessoas com deficiência começaram a ser vistas de outra forma, 
especialmente pelo claro objetivo da lei em facilitar a integração dessas pessoas na 
sociedade civil, independente da natureza do seu impedimento e/ou da duração dessa 
condição – curto ou longo prazo. 
- Por conta dessa significativa mudança, o instituto da interdição – atualmente chamado 
de “ação de curatela” – é um procedimento excepcional para que – os legitimados trazidos 
no artigo 747 do CPC – possa se valer no sentido de auxiliar, assistir e proteger o 
curatelado ou assistido na prática de determinados atos, já que o deficiente atualmente é 
considerado uma pessoa capaz. 
- Com isso, tem-se que os relativamente incapazes, especialmente aqueles deficientes, 
poderão – excepcionalmente – necessitar de apoio para a tomada de decisões para 
assuntos de natureza negocial e/ou patrimonial, a lhe ser prestado por pessoas eleitas pelo 
Poder Judiciário (curador) ou nomeada pelo próprio deficiente (tomada de decisão 
apoiada). 
- Nesse sentido, a depender do grau de incapacidade da pessoa com deficiência, dois são 
os meios pelos quais ela poderá receber assistência na gestão de seus negócios e 
patrimônio. Caso a situação seja de uma deficiência mais acentuada, o instituto a ser 
utilizado é o da curatela – previsto nos artigos 747 ao 758 do CPC, bem como nos artigos 
correspondentes do Código Civil. Lado outro, caso a deficiência seja em menor grau, 
poderá o próprio deficiente utilizar-se de um procedimento chamado de “tomada de 
decisão apoiada. 
- Esse último procedimento surge justamente dessa virada legislativa em relação à 
compreensão da pessoa com deficiência, isto é, entendimento de que esta pessoa é capaz 
e necessitará em alguns casos de assistência. Como dissemos, esse instituto é considerado 
menos invasivo na esfera existencial do sujeito e, a partir dela, a pessoa que necessita de 
assistência, elegerá duas pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculo e goze de 
confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, 
fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer sua 
capacidade. 
- Esse procedimento – especialmente trazido por Gajardoni (2018) – seguirá um rito 
diferente, previsto nos artigos 720 a 724 do CPC de 2015. Aqui, o interessado formulará 
o pedido de tomada de decisão apoiada, apresentando nesse momento – tanto a pessoa 
com deficiência quanto seus apoiadores – termo que estabeleça os limites do apoio a ser 
oferecido, bem como os compromissos firmados pelos apoiadores e o prazo de vigência 
do acordo. Além disso, devem indicar também a ciência quanto às vontades, direitos e 
interesses da pessoa a quem pretendem apoiar. 
- O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido pela pessoa a ser apoiada, com 
indicação expressa das pessoas aptas a prestarem o apoio previsto no art. 1.783-A do 
CC/02. Aqui, antes do magistrado pronunciar sobre o pedido, o juiz deverá ouvir o 
Ministério Público e uma equipe multidisciplinar – se for o caso – além de ouvir 
pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe prestaram apoio. Caso não haja 
impedimento, o juiz homologará o pedido, que passará a ter validade a partir daquele 
momento, sendo possível a sua revogação a qualquer tempo, desde que requerido pela 
pessoa apoiada. 
- Por fim, o artigo 747, como dissemos anteriormente, estabelece as pessoas que tem 
legitimidade1 para solicitar a interdição. No caso específico do artigo 747, trata-se de uma 
legitimidade concorrente e disjuntiva, vez que um legitimado não depende da 
concordância do outro para agir, tampouco há preferência entre eles no ajuizamento da 
ação. 
- Nesse sentido, todos agem por legitimação extraordinária – considerando que defendem, 
em nome próprio, direito alheio (do incapaz) – devendo esse pedido estar acompanhado 
de documentação idônea, isto é, de documento2 que demonstrem a legitimidade 
estabelecida no caput do art. 747. Em razão disso, caso o pedido seja formulado por 
companheira(o), deve desde a propositura da ação, juntar comprovantes que demonstrem 
sua condição, como por exemplo, comprovantes de moradia em comum, fotos que 
indiquem união estável, certidão de nascimento de filhos comuns, etc. 
IMPORTANTE: Embora não se exija parentesco próximo, a doutrina majoritária 
entende que a propositura da ação deva ser por aqueles parentes que estariam apto a 
suceder o incapaz. 
 
1 Legitimidade taxativa, mas não preferencial, para o requerimento de curatela dos incapazes. “Cinge-se a 
controvérsia a saber se a ordem prevista nos arts. 1.177 do Código de Processo Civil/1973 e 1.768 do 
Código Civil é exclusiva ou preferencial na fixação da legitimidade ativa para a propositura da ação de 
interdição. A enumeração dos legitimados é taxativa, mas não preferencial, podendo a ação ser proposta 
por qualquer um dos indicados, haja vista tratar-se de legitimação concorrente. A interdição pode ser 
requerida por quem a lei reconhece como parente: ascendentes e descendentes de qualquer grau (art. 1.591 
do Código Civil) e parentes em linha colateral até o quarto grau (art. 1.592 do CC). A ação visa a curatela, 
que é imprescindível para a proteção e amparo do interditando, resguardando a segurança social ameaçada 
ou perturbada pelos seus atos. A existência de outras demandas judiciais entre as partes por si só não 
configura conflito de interesses. Tal circunstância certamente será considerada quando e se julgada 
procedente a interdição for nomeado curador” (STJ, REsp 1346013/MG, Rel. Ricardo Villas Bôas Cueva, 
3.ª Turma, j. 13.10.2005). 
 
2 Produção de antecipada de provas e interdição. “Em linha de princípio, somente pode ajuizar ação cautelar 
a parte legítima para a propositura da ação principal. Há de se reputar legítima a sobrinha que, pelo interesse 
sucessório e moral revelado na espécie, postula a produção antecipada de prova destinada ao aparelhamento 
do pedido de interdição de sua tia” (STJ, REsp 532864/RJ, Rel. Cesar Asfor Rocha, 4.ª Turma, j. 
11.10.2005). 
 
Art. 748. O Ministério Público só promoverá interdição em caso de doença mental grave: 
I - se as pessoas designadas nos incisos I, II e III do art. 747 não existirem ou não promoverem a interdição; 
II - se, existindo, forem incapazes as pessoas mencionadas nos incisos I e II do art. 747. 
- Dentre as hipóteses pelas quais o MP3 será legitimado ativo é aquele no qual haja doença 
mental grave. Entretanto, diferentemente do que coloca o CPC, o artigo 1.769, I, do 
Código Civil, possibilita a atuação do MP em caso de deficiência mental ou intelectual. 
Por conta dessa divergência, Didier (2015), indica que o ideal é a prevalência do previsto 
no Código Civil, vez que possui natureza mais protetiva aos interesses da pessoa com 
deficiência. 
 
Art. 749. Incumbe ao autor, na petição inicial, especificar os fatos que demonstram a incapacidade do 
interditando para administrar seus bens e, se for o caso, para praticar atos da vida civil, bem como o 
momento em que a incapacidade se revelou. 
Parágrafo único. Justificada a urgência, o juiz pode nomear curador provisório ao interditando para a prática 
de determinados atos. 
- A propositura da ação de interdição – “ação de curatela” – deve seguir os preceitos do 
artigo 319 (no que couber), devendo o autor especificar os fatos que demonstram a 
incapacidade do interditando para administrar seus bens e, se for o caso, para praticar atos 
da vida civil, bem como o momento emque a incapacidade se revelou. 
- Por conta disso, compete ao autor indicar em sua petição inicial, qual das hipóteses do 
art. 1.767 do CC/02, justifica o pedido de reconhecimento da incapacidade e nomeação 
de curador. 
OBSERVAÇÃO: Por conta dessa nova perspectiva a partir do Estatuto da Pessoa com 
Deficiência, a curatela se estenderá apenas sobre aqueles atos negociais e patrimoniais 
que o incapaz precisar de auxílio, motivo pelo qual a descrição da capacidade e do 
discernimento dele deve ser precisa. 
 
3 Mandado de segurança contra a propositura da ação pelo MP. “O Ministério Público tem legitimidade 
ativa originária para propor ação de interdição fundamentada em anomalia psíquica, com base no art. 1.178, 
I, do Código de Processo Civil/1973. Improsperável a alegação de inépcia da petição inicial se o pedido de 
interdição encontra-se devidamente fundamentado, inclusive com respaldo em laudos médicos, o que 
justifica o prosseguimento do feito, com vistas à aferição da saúde mental do interditando, o qual, cumpre 
ressaltar, tem não apenas interesse, mas também o direito de provar que pode gerir sua própria vida, 
administrar seus bens e exercer sua profissão. O mandado de segurança, tendo em vista sua natureza 
excepcional, não comporta dilação probatória, fazendo-se necessário que a indigitada violação a direito 
líquido e certo reste evidenciada por prova pré-constituída, indene de dúvidas, a qual não se faz presente 
nos autos” (STJ, RMS 22679/RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, 3.ª Turma, j. 25.03.2008). 
COMPETÊNCIA: Em regra, a demanda será ajuizada e processada no domicílio4 do 
incapaz. Porém, se no curso do processo o interditando muda de domicílio, a competência 
também mudará5. 
- Por fim, é importante dizer que em casos excepcionais, nos quais estejam presentes a 
relevância e a urgência, com intuito de proteger os interesses daquele que se aponta como 
incapaz, será lícito ao juiz – de ofício ou a requerimento – desde que ouvido o MP (art. 
178, II), nomear curador provisório para a prática de alguns atos do interesse do incapaz. 
 
Art. 750. O requerente deverá juntar laudo médico para fazer prova de suas alegações ou informar a 
impossibilidade de fazê-lo. 
- Além dos requisitos que trouxemos acima, deve o autor da ação de curatela, trazer 
documentos indispensáveis à propositura, como laudo/relatório médico que indique a 
incapacidade e qual a extensão desta, além, é claro, da comprovação da legitimidade 
para promover a ação. 
OBSERVAÇÃO: Embora não esteja expressamente previsto, parcela da doutrina 
considera como necessário e, com isso ser documento essencial, a juntada de certidão de 
nascimento ou casamento atualizada do incapaz, para que o magistrado possa verificar se 
não há curatela já estabelecida. 
ATENÇÃO: Em que pese ser documento indispensável, em alguns casos poderá a ação 
ser ajuizada sem os documentos anteriormente mencionados, isto é, ajuizar a ação sem o 
exame médico e/ou certidão atualizada, desde que demonstre a incapacidade de custeio 
do exame médico ou a impossibilidade de realiza-lo e o levantamento da certidão 
atualizada. Assim, desde que demonstrado, a ação poderá ser proposta sem tais 
documentos que serão providenciados após a distribuição da petição inicial. 
 
 
4 Competência territorial para a ação de reconhecimento da incapacidade e nomeação de curado. “O foro 
do domicílio do interditando é em regra o competente para o julgamento da interdição (art. 94 do CPC). A 
definição da competência em ação de interdição deve levar em conta, prioritariamente, a necessidade de 
facilitação da defesa do próprio interditando e a proteção de seus interesses. Em se tratando de duas ações 
de interdição, propostas por parentes diferentes em juízos distintos, o critério a ser adotado para definição 
da competência, há de levar em conta os interesses da interditanda, considerando-se seu domicílio o local 
onde ela de fato se encontra desde antes do ajuizamento das ações, de modo ininterrupto e por tempo 
indeterminado, priorizando-se a proteção de seus legítimos interesses” (STJ, AgRg no CC 100739/BA, Rel. 
Min. Sidnei Beneti, 2.ª Seção, j. 26.08.2009). 
5 “[…] A competência nos procedimentos de interdição é fixada pelo domicílio do interditado, sendo 
relativizada a regra da perpetuatio jurisdictionis quando há alteração de sua residência, de forma a atender 
o melhor interesse do incapaz, facilitar o acesso à justiça e à ampla produção probatória. 3. Impossibilidade 
de declinação da competência de ofício. Princípio do juízo imediato. Recurso provido” (TJMG, AI 
10694130015266001/MG, 5ª Câmara Cível, Rel. Áurea Brasil, j. 11.07.2013). 
“[…] Segundo orientação jurisprudencial emanada do STJ, a definição da competência em ação envolvendo 
incapaz deve levar em conta, prioritariamente, a proteção de seus interesses, de modo que o 
encaminhamento dos autos à comarca em que a interditada está domiciliada permitirá uma tutela 
jurisdicional mais ágil, eficaz e segura, prestigiando o princípio do juízo imediato. Conflito negativo de 
competência julgado improcedente” (TJRS, Conflito de Competência 70057557902, 8ª Câmara Cível, Rel. 
Ricardo Moreira Lins Pastl, j. 20.03.2014). 
Art. 751. O interditando será citado para, em dia designado, comparecer perante o juiz, que o entrevistará 
minuciosamente acerca de sua vida, negócios, bens, vontades, preferências e laços familiares e afetivos e 
sobre o que mais lhe parecer necessário para convencimento quanto à sua capacidade para praticar atos da 
vida civil, devendo ser reduzidas a termo as perguntas e respostas. 
§ 1º Não podendo o interditando deslocar-se, o juiz o ouvirá no local onde estiver. 
§ 2º A entrevista poderá ser acompanhada por especialista. 
§ 3º Durante a entrevista, é assegurado o emprego de recursos tecnológicos capazes de permitir ou de 
auxiliar o interditando a expressar suas vontades e preferências e a responder às perguntas formuladas. 
§ 4º A critério do juiz, poderá ser requisitada a oitiva de parentes e de pessoas próximas. 
- Apresentados os requisitos para ajuizamento da ação, é necessário analisar o 
procedimento de interdição (ação de curatela). Assim, a partir da propositura da ação, o 
curatelando será citado PESSOALMENTE, por oficial de justiça (art. 247) para que em 
dia designado, compareça perante o juiz para ser entrevistado sobre sua vida, negócios e 
outros assuntos que forem necessários para formar o convencimento quanto a capacidade 
para praticar atos da vida civil. 
OBSERVAÇÃO: Caso o oficial de justiça constate a incapacidade de compreensão pelo 
citando, procederá na forma do artigo 245 do CPC, descrevendo de maneira detalhada a 
ocorrência. 
- Caso o curatelando não possa se deslocar, o juiz o ouvirá no local em que estiver. Além 
disso, se julgar necessário, poderá o magistrado fazer-se acompanhado de especialista 
e/ou equipe multidisciplinar, além do emprego de recursos tecnológicos, tudo isso para 
conseguir alcançar uma “verdade real” sobre a condição do interditando, possibilitando 
que este expresse por si suas vontades e preferências, além de oportunizar que responda 
perguntas eventualmente formuladas. De modo a formar o convencimento, o magistrado 
poderá requisitar a oitiva de parentes e/ pessoas próximas, especialmente pessoas 
indicadas pelo incapaz como possíveis apoiadores ou curadores. 
IMPORTANTE: Por ser um procedimento de jurisdição voluntária e, portanto, regido 
pelo regramento geral desse procedimento (artigos 719 a 725), pode o magistrado, nos 
termos do artigo 723, parágrafo único, adotar medidas específicas6 para cada caso que lhe 
seja exigido a solução, podendo afastar a legalidade estrita a seu critério. 
Aqui, diante da particularidade do caso e mediante fundamentação, pode o juiz, à luz da 
equidade, eleger qual o melhor procedimento para a sua atuação em sede de jurisdição 
voluntária, alterando, excluindo ou acrescentando ato processual àquelesjá existentes. 
Nesse sentido, em se tratando de curatela, em caráter excepcional, poderá o juiz dispensar 
a entrevista do curatelando quando, por exemplo, o oficial de justiça ao proceder a citação, 
 
6 Flexibilização procedimental e impossibilidade de se suprimir o direito de defesa do incapaz. “O art. 1.109 
do CPC/1973 abre a possibilidade de não se obrigar o juiz, nos procedimentos de jurisdição voluntária, à 
observância do critério de legalidade estrita, abertura essa, contudo, limitada ao ato de decidir, por exemplo, 
com base na equidade e na adoção da solução mais conveniente e oportuna à situação concreta. Isso não 
quer dizer que a liberdade ofertada pela lei processual se aplique à prática de atos procedimentais, máxime 
quando se tratar daquele que representa o direito de defesa do interditando” (STJ, REsp 623047/RJ, Rel. 
Min. Nancy Andrighi, 3.ª Turma, j. 14.12.2004). 
já constatar um estado vegetativo do incapaz. Entende-se aqui que fazer uma entrevista, 
sabendo previamente da condição do incapaz, seria ferir-lhe ainda mais a dignidade. 
 
Art. 752. Dentro do prazo de 15 (quinze) dias contado da entrevista, o interditando poderá impugnar o 
pedido. 
§ 1º O Ministério Público intervirá como fiscal da ordem jurídica. 
§ 2º O interditando poderá constituir advogado, e, caso não o faça, deverá ser nomeado curador especial. 
§ 3º Caso o interditando não constitua advogado, o seu cônjuge, companheiro ou qualquer parente 
sucessível poderá intervir como assistente. 
- Dentro do prazo de 15 dias – contados da entrevista – o interditando poderá impugnar o 
pedido, constituindo advogado para apresentar defesa. Caso não o faça, deverá ser 
nomeado curador especial ao curatelando, encargo ordinariamente exercido pela 
Defensoria Pública ou quem lhe faça as vezes (advogados dativos, p.ex.). 
- Aqui é importante dizer que, caso não haja impugnação por parte do incapaz, não 
importa em presunção de veracidade dos fatos alegados na inicial (revelia), considerando 
a indisponibilidade do direito em debate. 
- Por fim, caso o curatelando não constitua advogado – ou ainda que constitua – sem 
prejuízo da nomeação de curador especial para apresentação da sua defesa técnica, poderá 
o cônjuge, companheiro ou qualquer parente – desde que sucessível – intervir como 
assistente, nos termos do art. 119 do CPC. 
Art. 753. Decorrido o prazo previsto no art. 752, o juiz determinará a produção de prova pericial para 
avaliação da capacidade do interditando para praticar atos da vida civil. 
§ 1º A perícia pode ser realizada por equipe composta por expertos com formação multidisciplinar. 
§ 2º O laudo pericial indicará especificadamente, se for o caso, os atos para os quais haverá necessidade de 
curatela. 
Art. 754. Apresentado o laudo, produzidas as demais provas e ouvidos os interessados, o juiz proferirá 
sentença. 
 
- Decorrido prazo para apresentação de defesa, o juiz determinará, de ofício, a produção 
de prova pericial7 para avaliação da capacidade do interditando para a prática dos atos da 
vida civil. Essa perícia pode ser realizada por equipe composta por expertos com 
formação multidisciplinar, e o laudo indicará, especificamente, se for o caso, os atos para 
os quais haverá a necessidade de curatela. 
 
7 Flexibilização procedimental e possibilidade de dispensa da perícia. “Constatado pelas instâncias 
ordinárias que o interditando, por absoluta incapacidade, não tem condições de gerir sua vida civil, com 
amparo em laudo pericial (extrajudicial) e demais elementos de prova, inclusive o interrogatório de que 
trata o art. 1181 do Código de Processo Civil/1973, a falta de nova perícia em juízo não causa nulidade, 
porquanto, nesse caso, é formalidade dispensável (art. 244 do CPC/1973)” (STJ, REsp 253733/MG, Rel. 
Min. Fernando Gonçalves, 4.ª Turma, j. 16.03.2004). 
- Importante dizer que, não sendo o caso de gratuidade judiciária, competirá a antecipação 
dos honorários periciais – que poderão ser suportados pelo patrimônio do incapaz 
beneficiado pela ação de curatela. 
- Além da prova pericial, caso haja necessidade, poderá ser produzidas outras provas, seja 
com intuito de atacar o laudo, seja para demonstrar quem tem melhor condição de ser 
nomeado curador. Enfim, importante é destacar que todas as provas são possíveis de 
serem produzidas, inclusive novo pedido de entrevista do curatelando. 
 
Art. 755. Na sentença que decretar a interdição, o juiz: 
I - nomeará curador, que poderá ser o requerente da interdição, e fixará os limites da curatela, segundo o 
estado e o desenvolvimento mental do interdito; 
II - considerará as características pessoais do interdito, observando suas potencialidades, habilidades, 
vontades e preferências. 
§ 1º A curatela deve ser atribuída a quem melhor possa atender aos interesses do curatelado. 
§ 2º Havendo, ao tempo da interdição, pessoa incapaz sob a guarda e a responsabilidade do interdito, o juiz 
atribuirá a curatela a quem melhor puder atender aos interesses do interdito e do incapaz. 
§ 3º A sentença de interdição será inscrita no registro de pessoas naturais e imediatamente publicada na 
rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado o juízo e na plataforma de editais 
do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 6 (seis) meses, na imprensa local, 1 (uma) vez, e 
no órgão oficial, por 3 (três) vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, constando do edital os nomes do interdito 
e do curador, a causa da interdição, os limites da curatela e, não sendo total a interdição, os atos que o 
interdito poderá praticar autonomamente. 
- A decisão que determinar a interdição, isto é, estabelecer a curatela, deverá, além de 
fundamentar as razões pelas quais assim a decide, indicar os termos da curatela, conforme 
as potencialidades da pessoa tida como relativamente incapaz. 
- Nesse sentido, a sentença que reconhecer a incapacidade relativa, é uma decisão 
constitutiva, com efeitos ex nunc (imediatos). Isso significa dizer que os atos negociais 
praticados anteriormente, mesmo que sem a assistência do curador são anuláveis e não 
mais nulos, como era anteriormente. 
- Além disso, a sentença estabelecerá o estado e o desenvolvimento mental da pessoa, 
além dos limites da curatela, descrevendo os atos de natureza negocial ou patrimonial que 
dependerão de assistência. Para tanto, deverá considerar as características pessoais do 
incapaz, observando suas potencialidades. 
- Ao mesmo tempo em que delimita a curatela, também será nomeado curador, atribuindo-
se o encargo àquele que melhor possa atender aos interesses do curatelado. Por conta 
desse último fator, o juiz levará em conta a vontade e as preferências do interditando, a 
ausência de conflito de interesses e de influência indevida, além de proporcionar e 
adequar às circunstâncias individuais. 
ATENÇÃO: No caso de pessoa em situação de institucionalização (internação), ao 
nomear curador, o juiz deve dar preferência às pessoas que tenham vínculo de natureza 
familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado. Além disso, é possível o 
estabelecimento de curatela compartilhada. 
- A partir do momento que há o reconhecimento da incapacidade, deverá ser averbado – 
imediatamente – no registro da pessoa a sua condição de incapaz, além de dar máxima 
publicidade por diversos meios sobre a decisão e situação na qual se encontra o 
curatelado. 
- Por fim, como dissemos que a decisão possui efetios ex nunc e que ela deve ser averbada 
imediatamente, apesar de ser guerreada por meio de apelação, esta não possui efeito 
suspensivo imediato, vez que os efeitos da decisão que estabelece a curatela são 
imediatos. 
 
Art. 756. Levantar-se-á a curatela quando cessar a causa que a determinou. 
§ 1º O pedido de levantamento da curatela poderá ser feito pelo interdito, pelo curador ou pelo Ministério 
Público e será apensado aos autos da interdição. 
§ 2º O juiz nomeará peritoou equipe multidisciplinar para proceder ao exame do interdito e designará 
audiência de instrução e julgamento após a apresentação do laudo. 
§ 3º Acolhido o pedido, o juiz decretará o levantamento da interdição e determinará a publicação da 
sentença, após o trânsito em julgado, na forma do art. 755, § 3º , ou, não sendo possível, na imprensa local 
e no órgão oficial, por 3 (três) vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, seguindo-se a averbação no registro 
de pessoas naturais. 
§ 4º A interdição poderá ser levantada parcialmente quando demonstrada a capacidade do interdito para 
praticar alguns atos da vida civil. 
- Aqui há uma discussão doutrinária a respeito da formação ou não da coisa julgada, 
especialmente por ser um procedimento de jurisdição voluntária e, no caso da interdição, 
permitir que a decisão que estabeleceu a curatela seja revista a qualquer tempo. 
- Independente do posicionamento adotado, o que deve ser entendido aqui é que a curatela 
poderá ser levantada ou ter a extensão modificada a partir da apresentação de novas 
provas ou realização de novos exames. 
- Esse pedido de levantamento da curatela pode ser feito por qualquer legitimado para 
propor a ação de interdição (ação de curatela). Sim, temos uma interpretação extensiva 
do previsto no § 1º do art. 756, especialmente em razão do enunciador nº. 57 do CJF8. 
- O procedimento será formulado de modo parecido com aquele visto para o pedido 
interdição, devendo trazer laudo médico que demonstre a mudança da condição do 
curatelado – melhora ou piora. 
IMPORTANTE: A ação de levantamento/modificação da curatela deve ser promovida, 
preferencialmente, perante o mesmo juízo que a decretou (competência funcional), 
distribuindo-se por dependência. Contudo, tendo em vista o melhor interesse do incapaz, 
caso ele e seu curador não mais vivam no foro onde se processou a ação de interdição, 
esta demanda poderá ser proposta no foro do domicílio do representante, caso em que a 
 
8 Enunciado nº.: 57 das Jornadas de Direito Processual Civil do Conselho da Justiça Federal: “Todos os 
legitimados a promover a curatela, cujo rol deve incluir o próprio sujeito a ser curatelado, também o são 
para realizar o pedido do seu levantamento”. 
inicial deverá ser instruída e, caso necessário, pode haver requisição judicial para obter 
os documentos da ação de interdição.

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