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219193DIR_PROC_CIVIL_COMPLEMENTAR

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TEORIA GERAL DO PROCESSO: COMPETÊNCIA 
 
 
1. DEFINIÇÃO 
 
A competência é definida como o instituto que visa definir o âmbito de atuação, mediante critérios 
específicos, dos órgãos encarregados da prestação jurisdicional. 
 
2. CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA: MATERIAL, FUNCIONAL, EM RAZÃO DO VALOR E 
TERRITORIAL 
 
Dentre os critérios utilizados pelo nosso sistema jurídico, é preciso destacar: 
a) Material: a competência é fixada em razão da natureza da lide posta em juízo. O CPC estabelece que 
a competência material será regida mediante normas de organização judiciária. Assim, é possível que uma lei 
estadual crie varas especializadas (vara de família, vara de sucessões, órfãos e interditos, infância e juventude, 
etc.) para o julgamento de matérias específicas. 
 
b) Funcional: diz respeito à função exercida pelo órgão jurisdicional no processo. O critério atenta tanto 
para a função dos tribunais quanto para a função dos juízos de primeiro grau. 
Quanto aos tribunais, terão eles competência para funcionar originariamente (ex: processamento, pelo 
STF, de mandado de segurança contra ato de Presidente da República; Processamento, pelo TRF, de mandado 
de segurança contra ato de juiz federal; Mandado de segurança impetrado junto ao TJ contra ato de Governador 
de Estado, etc.) ou a nível recursal- também conhecida como “competência hierárquica” - (ex: processamento e 
julgamento de recurso de apelação pelo TJ ou TRF; processamento e julgamento de Recurso Especial pelo STJ, 
etc.). Os tribunais também terão competência funcional para processar as execuções das causas de sua 
competência originária (artigo 516, I, CPC). 
Quanto ao juízo de primeiro grau, este terá competência para funcionar originariamente (a maior parte 
das ações é de competência originária do juízo de 1º grau!), e nas execuções das causas de sua competência 
pois, ainda que a causa vá parar nas instâncias superiores, uma vez esgotados os meios recursais, os autos 
retornarão ao juízo de origem para o cumprimento de sentença, a teor do preceituado no artigo 516, II, CPC. Terá, 
também, competência para funcionar nas ações que guardam relação com causas anteriormente ajuizadas (ex: 
competência do juízo da ação principal para conhecer de ação cautelar; competência do juízo que determinou a 
apreensão do bem para conhecer da ação de embargos de terceiro; competência do juízo da ação principal para 
conhecer da reconvenção, etc.). 
 
c) Em razão do valor da causa: o valor da causa pode constituir fator determinante para a fixação de 
competência. Assim como é possível que norma de organização judiciária local crie varas especializadas para o 
conhecimento e julgamento de causas com matérias específicas (competência material), é, também, possível a 
criação de varas com competência para processar e julgar ações de até certo montante (30, 40, 50 salários, etc.). 
Tal critério, conforme afirmado, é disciplinado por normas de organização judiciária. 
Cabe, ainda, ressaltar que a Lei federal nº 9.099/95 impôs a criação dos chamados “juizados especiais 
cíveis”, cuja competência leva em consideração, dentre outros critérios, o valor da causa, o qual não pode 
ultrapassar o patamar de 40 (quarenta) salários mínimos. 
 
d) Territorial: este critério leva em consideração o exercício da função jurisdicional segundo a limitação 
geográfica. Assim, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) possuem 
competência para processar demandas oriundas de todas as partes do país; o Tribunal Regional Federal (TRF) 
possui jurisdição sobre alguns estados; o Tribunal de Justiça, por sua vez, possui jurisdição no respectivo estado. 
Mas o que importa, em sede de exame de ordem, são as regras relativas à competência territorial dos 
juízes de primeira instância, as quais foram fixadas pelo Código de Processo Civil, em seus artigos 46 e 
seguintes. É importante atentarmos para as seguintes regras: 
 
→ Ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis: serão 
propostas, em regra, no foro do domicílio do réu (art. 46, CPC). Considerando que, até que seja provado em 
contrário, ninguém pode ser considerado culpado, o legislador quis dar a “comodidade” ao réu de responder a 
demanda em seu domicílio. 
Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. Havendo dois ou mais 
réus, com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. 
 
 
 
 
 
 
 
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E se o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil? neste caso, excepcionalmente, a ação será 
proposta no foro do domicílio do autor. 
→ Ações fundadas em direito real sobre imóveis: é competente o foro da situação da coisa (art. 47, 
CPC). Pode o autor, entretanto, optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair 
sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. 
A ação possessória imobiliária também será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem 
competência absoluta (art. 47, § 2o, CPC). 
 
→ Ações de inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, 
impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito 
tenha ocorrido no estrangeiro: serão propostas no foro do domicílio do autor da herança, no Brasil; se o autor da 
herança não possuía domicílio certo é competente o foro da situação dos bens; havendo bens imóveis em foros 
diferentes, a demanda poderá ser proposta em qualquer destes. Não havendo bens imóveis, o foro do local de 
qualquer dos bens do espólio. 
 
→ A ação em que o incapaz for réu: será processada perante o foro do domicílio de seu representante 
ou assistente (art. 50, CPC). 
Aqui o enunciado é bem fácil de ser entendido: a regra geral é a de que a ação deve ser proposta no 
foro do domicílio do réu. Pois bem, como o artigo 76, parágrafo único, do CC preceitua que o domicílio necessário 
do incapaz é o do seu representante legal, logo, a ação deve ser proposta no foro do domicílio do representante 
(que acaba sendo, em último caso, o foro do domicílio do réu ou incapaz). 
 
→ Causas em que haja a participação da União: se a mesma estiver na qualidade de autora, serão 
aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio o réu; estando na qualidade de ré, poderão ser aforadas na 
seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela em que tiver ocorrido o ato ou fato que deu origem à 
demanda ou onde esteja situada a coisa, ou ainda, no distrito federal. 
 
→ Ação em que se pedem alimentos: será proposta no foro do domicílio ou da residência do 
alimentando (art. 53, II, CPC). 
Esta regra foi criada tendo em vista a necessidade do alimentando, o qual teria dificuldades em propor 
demanda em domicílio distinto do seu. 
 
→ Ação em que exigir o cumprimento de obrigação: proposta no lugar onde a obrigação deva ser 
satisfeita; 
→ Ação de reparação do dano: deve ser proposta no lugar do ato ou fato. 
 
→ Nas ações de reparação do dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, inclusive 
aeronaves: será competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato (art. 53, V, CPC). 
 
→ Ações de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união 
estável: serão propostas no foro de domicílio do guardião de filho incapaz. Não havendo filho incapaz, a demanda 
será proposta perante o foro do último domicílio do casal. Se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do 
casal, será proposta no foro do domicílio do réu (art. 53, I, alíneas “a”, “b” e “c”, CPC). 
 
3. REGIME JURÍDICO: COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA 
 
O regime jurídico acerca da competência irá variar conforme a sua natureza. 
Sendo relativa, a infração da regra de competência deve ser alegada pela parte,sob pena de preclusão 
e consequente prorrogação de competência, tornando-se competente o juízo que, até então, não o era (Súmula 
33, STJ). O réu arguirá o vício na própria contestação, através de preliminar (arts. 64 e 337, II, CPC), e não mais 
através de exceção, como se dava sob a égide do CPC de 1973. 
Questão interessante é a que diz respeito à cláusula de eleição de foro. Nos contratos em geral 
(independentemente de ter natureza de adesão!) haverá a possibilidade do magistrado declarar a sua 
incompetência territorial quando se deparar com cláusula abusiva de eleição de foro, remetendo os autos para o 
foro do domicílio do réu. Tal declaração, entretanto, deverá ser feita ANTES da citação. Se a citação JÁ FOI 
realizada, caberá ao réu alegar a abusividade, sob pena de preclusão (art. 63, §§ 3o e 4º do CPC). A 
incompetência territorial também poderá ser declarada de ofício no âmbito dos juizados especiais cíveis, a teor do 
disposto no enunciado 89 do Fórum Nacional do Juizados Especiais (FONAJE). 
 
 
 
 
 
 
 
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A infração à regra de competência de natureza absoluta (em razão da matéria ou hierarquia), por estar 
apoiada em regras de ordem pública, acaba por gerar vício insanável, o qual poderá ser arguido em qualquer 
momento e grau de jurisdição (ex oficio ou mediante preliminar de contestação). É mister salientar, inclusive, que, 
não sendo o vício declarado pelo juiz ou mediante iniciativa das partes, a coisa julgada não terá o condão de 
estabilizar-se. É que o artigo 966, II, CPC autoriza a instauração de rescisória na hipótese de incompetência 
absoluta. 
 
LITISCONSÓRCIO 
 
1. DEFINIÇÃO 
 
Consiste no agrupamento de partes em um ou ambos os polos da relação processual. O litisconsórcio 
existe em virtude de economia processual (evita a proliferação de demandas) bem como em razão da segurança 
jurídica (pois evita que decisões conflitantes sejam proferidas para situações semelhantes). 
 
2. CLASSIFICAÇÃO 
 
Quanto à posição dos litisconsortes, o litisconsórcio classifica-se em ativo (pluralidade de autores), 
passivo (pluralidade de réus) ou misto (pluralidade de autores e réus). 
Quanto à necessidade de sua formação, o litisconsórcio é necessário (quando a validade do processo 
depender da participação de todos os sujeitos) ou facultativo (quando o litisconsórcio for opcional). 
Finalmente, quanto aos efeitos da decisão, o litisconsórcio é unitário (quando a decisão tiver de ser a 
mesma para todos os litisconsortes) ou simples (quando a decisão puder ser diferente para os litisconsortes). 
 
3. PRERROGATIVA 
 
Os litisconsortes que possuam diferentes advogados de diferentes escritórios de advocacia terão contados 
em dobro todos os prazos para suas manifestações. 
 
SUJEITOS DO PROCESSO: PARTES E PROCURADORES 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A validade do processo está condicionada a premissas concretas, denominadas de “pressupostos 
processuais”. 
Pressupostos processuais são “supostos prévios”, “condições prévias”, a serem observadas, sob pena 
de comprometer a existência e validade do processo. 
Assim, por exemplo, seria inadmissível a instauração da relação processual sem a peça responsável 
pelo seu desencadeamento (petição inicial); ou o desenvolvimento do processo sem o ato de convite ao réu para 
que se defenda (citação); também não poderíamos imaginar um processo válido sem que houvesse um juízo 
competente, a presença de advogado, etc. 
Em todos os exemplos acima, verifica-se que a constituição e desenvolvimento da relação processual 
estão condicionados à existência de formalidades (pressupostos processuais), as quais possibilitarão, ao final do 
processo, um verdadeiro revestimento de imutabilidade à questão trazida à apreciação do judiciário. 
Aqui vamos nos ater aos pressupostos subjetivos, relativamente às partes, que são formalidades 
traçadas pelo sistema jurídico, para estes protagonistas da relação processual. 
 
2. CAPACIDADE 
 
A) Capacidade de ser parte 
 
Esta exigência diz respeito a quem pode ocupar um dos polos da relação processual. Em termos 
simples: quem pode ser autor ou réu em um processo? Terão a capacidade de ser parte: 
1) pessoas naturais ou físicas: todo o ser humano pode ser autor ou réu de um processo, bastando o 
nascimento com vida. Esta capacidade se confunde com a personalidade, estudada no direito civil, como aptidão 
genérica de ser sujeito de direitos e obrigações. O raciocínio aqui é simples: nascendo, o ser humano adquire a 
 
 
 
 
 
 
 
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personalidade (passa a ser sujeito de direitos e obrigações); logo, poderá ser autor de ação para receber o que 
lhe seja de direito e poderá ser réu para cumprir com as obrigações que a lei lhe confere. 
2) pessoas jurídicas: como sujeitos de direitos e obrigações, também poderão ser autores ou réus em 
processo judicial. As pessoas jurídicas são de direito público (União, estados, Distrito federal, territórios, 
municípios, autarquias e fundações públicas) ou de direito privado (associações, sociedades, fundações 
privadas, organizações religiosas e partidos políticos). 
As pessoas jurídicas não podem ser confundidas com os órgãos que a integram. Por exemplo, se um 
cidadão deseja ingressar com ação de indenização em virtude dos danos materiais causados por uma bala 
“perdida”, disparada pelo revólver de policial militar de Pernambuco, não poderá o mesmo propor a demanda em 
face da polícia militar (que é mero órgão, sem personalidade jurídica), mas, sim, contra a pessoa jurídica a qual 
ela integra, a saber, Estado de Pernambuco. 
 
ATENÇÃO! 
A sociedade ou associação sem personalidade jurídica não poderá opor a irregularidade de sua constituição 
quando demandada. (art. 75, § 2o , CPC) 
 
3) alguns entes despersonalizados: em regra, ente despersonalizado não pode ser parte, conforme 
afirmado no item anterior, haja vista que, não possuindo personalidade, não constitui-se em sujeito de direitos e 
obrigações. Ocorre que o legislador resolveu conferir capacidade de ser parte a certos entes, justamente como 
forma de protegê-los, pois, do contrário, não existiria outra forma de defender seus interesses senão estando na 
qualidade de parte. É o que ocorre, por exemplo, com a massa falida, espólio e condomínio. Neste caso diz-se 
que os mesmos, apesar de não possuírem “personalidade jurídica”, possuem “personalidade judiciária”. 
O fenômeno em questão (personalidade judiciária) será aplicado, também, a alguns órgãos públicos 
(Ministério Público, Câmara de vereadores ou Assembleia Legislativa, por exemplo), apenas quando da defesa 
de suas prerrogativas institucionais. Por exemplo, pode o ministério público, para a defesa do interesse público 
(uma de suas prerrogativas), ser autor de uma ação civil pública contra uma fábrica que polui o meio ambiente; 
Pode também, uma assembleia legislativa manejar um mandado de segurança contra ato de governador que 
violou competência daquela casa. Nestes casos eles estarão defendendo as suas prerrogativas institucionais. 
Não estando, entretanto, o conflito de interesses ligado àquelas prerrogativas, a capacidade de ser parte 
será da pessoa jurídica de direito público a qual o órgão integra, e não do mencionado órgão (MP ou Assembleia 
Legislativa). Imagine, por exemplo, um atropelamento envolvendo um veículo oficial do ministério público do 
estado de Pernambuco. Neste caso, a ação não terá como parte o Ministério público (que é mero órgão, sem 
personalidade jurídica), mas, sim, a pessoa jurídica a qual ele integra (estado de Pernambuco). 
 
B) Capacidade de estar em juízo 
 
Refere-se à possibilidade de praticar os atos jurídicos processuais (atos jurídicos dentro do processo). 
Terá a capacidade de estar em juízo toda pessoa que se ache no exercício dos seus direitos (artigo 70 do CPC). 
Perceba, por exemplo, que uma criança de 5 (cinco) anos de idade terá a capacidade de ser parte (pois tem 
personalidade), mas NÃO terá a capacidade de estar em juízo,pois não pode, por si só, praticar os atos da vida 
civil. 
Ressalte-se que as pessoas casadas também têm capacidade plena para estar em juízo, de modo que 
um cônjuge não necessita da companhia do outro, seja para figurar como autor, seja para colocar-se na qualidade 
de réu. A regra, no entanto, encontra exceções: 
Para propor demandas, um cônjuge somente necessitará do consentimento do outro quanto às ações 
que versem sobre direitos reais imobiliários. Isto quer dizer que a ação deverá ser intentada por ambos os 
cônjuges (ambos serão autores), sob pena de ser decretada a ausência da capacidade processual, com a 
consequente extinção do processo sem resolução de mérito. O motivo é simples: tudo que é adquirido após a 
constância do matrimônio passa a pertencer a ambos. Assim, qualquer ação que verse sobre direitos reais 
imobiliários poderá afetar a esfera de direitos do outro cônjuge sobre o bem disputado, motivo pelo qual haverá a 
necessidade de sua participação. Esta regra processual só não será aplicada se o regime do casamento for o da 
separação de bens (art. 73, CPC). O consentimento pode ser suprido judicialmente quando for negado por um 
dos cônjuges sem justo motivo, ou quando lhe seja impossível concedê-lo. 
Por outro lado, ambos os cônjuges deverão ser citados (figurarão como réus) nas ações que versem 
sobre direito reais imobiliários ou nos casos de composse ou de atos por ambos praticados. 
Preocupado com a defesa do interesse dos incapazes, o legislador criou o instituto da representação, 
que nada mais é do que a defesa em juízo, em nome alheio, de interesse alheio. 
 
 
 
 
 
 
 
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Assim, os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores (artigo 71, 
CPC). Numa ação de alimentos proposta contra o pai, por exemplo, o incapaz será o autor (pois o direito é seu!), 
mas, como não poderá estar em juízo, deverá ser representado por sua genitora. 
 Ainda dentro da temática da representação, é necessário ficar atento à representação do artigo 75 do 
CPC. É que, nele, o legislador listou uma série de entes com os seus respectivos representantes judiciais, ativos 
ou passivos. 
Isto quer dizer que todas as pessoas e entes que estão listados no mencionado artigo terão a capacidade 
de ser parte (pois poderão ser autores ou réus), mas para terem a capacidade de estar em juízo necessitarão 
estar representados pelos sujeitos que lá figuram, senão vejamos: a) a União, os Estados, o Distrito Federal e 
os Territórios, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ao mediante órgão vinculado; b) o Município, por seu 
Prefeito ou Procurador; c) a massa falida, pelo administrador judicial; d) a herança jacente ou vacante, por seu 
curador; e) o espólio, pelo inventariante; f) as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, 
ou, não os designando, por seus diretores; g) IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes 
organizados sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração de seus bens; h) a 
pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal 
aberta ou instalada no Brasil (o gerente da filial ou agência presume-se autorizado, pela pessoa jurídica 
estrangeira, a receber citação inicial para qualquer processo); i) o condomínio, pelo administrador ou pelo 
síndico. 
 
C) Capacidade postulatória 
 
É a aptidão para o exercício da defesa técnica em juízo. Em nosso ordenamento jurídico ela é exercida 
pelos advogados, profissionais regularmente inscritos perante os quadros da Ordem dos Advogados do Brasil 
(OAB). Vale salientar que, nos juizados especiais cíveis, a presença do advogado é facultativa nas causas que 
não ultrapassem 20 salários mínimos (artigo 9º da Lei nº 9.099/95). 
 
ATENÇÃO! 
Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz suspenderá o 
processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício. 
Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância originária: I - o processo será extinto, se 
a providência couber ao autor; II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber; III - o terceiro será 
considerado revel ou excluído do processo, dependendo do polo em que se encontre. 
Por outro lado, descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal regional 
federal ou tribunal superior, o relator: 
I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente; 
II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido 
 
ATOS PROCESSUAIS: CLASSIFICAÇÃO 
 
A depender do protagonista que realiza o ato, podem eles ser classificados da seguinte forma: 
 
1. ATOS DAS PARTES 
 
A maior parte dos atos processuais é realizada pelas partes, as quais são os sujeitos diretamente 
interessados no feito. Os seus atos podem ser chamados de “atos de obtenção” ou de “atos de disposição”. Os 
atos de obtenção são aqueles que visam a aquisição de vantagem processual (ex: petição inicial, defesa, 
depoimento pessoal, etc.); por sua vez, os atos de disposição, que são aqueles pelos quais as partes visam dispor 
de um direito que possuem (ex: desistência da ação, reconhecimento da procedência do pedido, transação, etc.). 
 
ATENÇÃO! 
Os atos processuais realizados pelas partes produzem efeitos de imediato, independentemente de 
homologação judicial. Significa dizer que se, por exemplo, o recorrente renuncia expressamente ao direito de 
recorrer (ato de disposição), não pode ele, posteriormente, “voltar atrás” e querer interpor o recurso, pois o ato 
processual de renúncia produziu instantaneamente os seus efeitos. 
Mas, atenção! A regra cima possui exceção: ela diz respeito à desistência da ação (art. 200, parágrafo 
único, NCPC). A desistência da ação somente produzirá efeitos depois de homologada pelo juiz. Assim, por 
exemplo, se o autor apresentar petição na qual desiste da ação, enquanto esta não for homologada pelo juiz, 
poderá ele “voltar atrás” e dar seguimento ao feito. 
 
 
 
 
 
 
 
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2. ATOS DO JUIZ 
 
Três são os pronunciamentos do juiz: sentença, decisão interlocutória e despacho. A sentença é o ato do 
juiz que põe fim ao procedimento de conhecimento em primeiro grau, resolvendo ou não o mérito; a decisão 
interlocutória é o ato que resolve uma questão incidente sem, no entanto, pôr fim ao processo (ex: decisão que 
concede ou nega uma tutela antecipada; decisão que resolve incidente de contradita de testemunha, acolhendo 
ou rejeitando a oitiva da mesma, etc.); o despacho, por sua vez, é o ato do juiz que visa dar mero seguimento ao 
feito, sem nada decidir (ex: despacho de citação do réu; despacho para intimar as partes da designação de 
audiência, etc.); o acórdão é a decisão proferida pelos tribunais (chama-se “acórdão” pelo fato de ser tomada por 
mais de um juiz que “entram em acordo”, ou seja, eles “acórdão”). 
É importante identificar qual a espécie de ato do juiz, na medida em que a espécie recursal (apelação, 
agravo, etc.) cabível dependerá da natureza do ato. Ressalte-se que, dos despachos, não caberá recurso haja 
vista que o mesmo não possui carga decisória e, por isso, não poderá prejudicar a parte. 
 
ATOS PROCESSUAIS: CITAÇÃO 
 
1. DEFINIÇÃO 
 
Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação 
processual (art. 238, CPC). 
 
2. FORMALIDADES E MODALIDADES 
 
É nulo o processo em que não tenha havido a citação, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da 
petição inicial ou de improcedência liminar do pedido (art. 239, CPC). É possível até que o réu não compareça, 
mas o que não se admite é que o mesmo não tenha sido citado. 
O comparecimento espontâneo do réu supre, entretanto, a ausência de citação. É que, neste caso, 
apesar de não ter sido regularmente citado, a finalidade fora alcançada: a ciência, pelo réu, do ajuizamentoda 
ação. Por isso, fluirá a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução. 
A citação pode ser real ou ficta. 
Será real quando houver a certeza de que dela o destinatário tomou conhecimento. É o caso da citação 
pelo correio e por intermédio de oficial de justiça (art. 246, I e II, CPC). Nestas situações, como há a necessidade 
de que o réu ponha sua assinatura no aviso de recebimento (se feita pelo correio) ou cópia do mandado (se feita 
por oficial de justiça), haverá uma certeza de que o mesmo tomou conhecimento. 
A citação ficta, por sua vez, é aquela em que há uma mera presunção ou ficção de que o destinatário 
tomou conhecimento. Aqui se incluem as citações por hora certa (feita quando há suspeita de ocultação do réu 
que fora procurado por duas vezes) e por edital (réu incerto ou que reside em local incerto ou não sabido). Nestas 
situações, não se tem a certeza de que o réu tomou conhecimento (pois inexiste qualquer elemento “real” que 
afirme sua ciência), mas há tão somente uma presunção criada pela lei. 
Visto ser um ato jurídico, a citação é capaz de produzir efeitos. Assim, a citação válida, ainda quando 
ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor. 
 
ATENÇÃO! 
Não se fará, porém, a citação, salvo para evitar o perecimento do direito: I - de quem estiver participando de ato 
de culto religioso; II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em 
linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; III - de 
noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento; IV - de doente, enquanto grave o seu estado. 
 
FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO 
 
1. FORMAÇÃO 
 
O processo civil começa por iniciativa da parte (ante a inércia da jurisdição), mas se desenvolve por 
impulso oficial. Significa dizer que o processo é formado por iniciativa da parte (com a entrega da petição inicial), 
mas, uma vez proposta a ação, a relação processual se desenvolverá automaticamente pelo juízo (com a citação 
do réu, intimação do autor para apresentar a réplica, designação de audiência preliminar, audiência de instrução, 
etc.). 
Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada. 
 
 
 
 
 
 
 
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8 
Feita a citação, é defeso (proibido) ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o 
consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes (estabilização dos elementos da ação), salvo as 
substituições permitidas por lei. 
A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida após o 
saneamento do processo. 
 
ATENÇÃO! 
Podemos estabelecer o seguinte esquema de fixação: 
 
# Antes da citação: é possível ao autor alterar ou aditar o pedido; 
# Depois da citação: a alteração ou aditamento dependerá de consentimento do réu; 
# Após o saneamento: em nenhuma hipótese será permitida a alteração ou aditamento; 
 
Ressalte-se que, em caso de alteração ou aditamento, será assegurado o contraditório mediante a 
possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova 
suplementar (art. 329, II, CPC). 
 
2. SUSPENSÃO 
 
Uma vez iniciada a relação processual, esta se desenvolverá até a plena realização do direito. Ocorre 
que, no curso processo, podem surgir fatos que ocasionem a paralisação da marcha, do curso da relação 
processual. 
As hipóteses de suspensão do processo foram listadas, de forma exemplificativa, no artigo 313, CPC. 
Diz-se “exemplificativas”, pois existem outras situações de suspensão previstas ao longo do diploma processual. 
O processo será suspenso nos seguintes casos: 
→ pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal 
ou de seu procurador: no caso de morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, proceder-
se-á com o pedido de habilitação, o qual será feito pelo interessado, através do ajuizamento da ação de 
habilitação, prevista nos artigos 687 a 692, CPC. Não ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento da 
morte, o juiz determinará a suspensão do processo e observará o seguinte: I - falecido o réu, ordenará a intimação 
do autor para que promova a citação do respectivo espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos 
herdeiros, no prazo que designar, de no mínimo 2 (dois) e no máximo 6 (seis) meses; II - falecido o autor e sendo 
transmissível o direito em litígio, determinará a intimação de seu espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, 
dos herdeiros, pelos meios de divulgação que reputar mais adequados, para que manifestem interesse na 
sucessão processual e promovam a respectiva habilitação no prazo designado, sob pena de extinção do processo 
sem resolução de mérito. 
 
No caso de morte do procurador (advogado) de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de 
instrução e julgamento, No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência 
de instrução e julgamento, o juiz determinará que a parte constitua novo mandatário, no prazo de 15 (quinze) dias, 
ao final do qual extinguirá o processo sem resolução de mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou 
ordenará o prosseguimento do processo à revelia do réu, se falecido o procurador deste. 
 
→ por convenção das partes: as partes poderão convencionar a suspensão do processo, desde que 
por período que não exceda a 6 (seis) meses, findo o prazo, o escrivão fará os autos conclusos ao juiz, que 
ordenará o prosseguimento do processo. 
 
ATENÇÃO! 
Perceba que a suspensão do processo por convenção das partes é direito subjetivo concedido pelo 
legislador às partes, não estando sujeito a condições. 
 
→ quando for apresentada arguição de suspeição ou impedimento: a arguição consiste em um 
instrumento processual onde a parte se volta contra a pessoa do juiz, alegando a sua suspeição ou impedimento. 
(arts. 144 e 145, CPC). A suspensão, nos casos em tela, ocorre por um motivo lógico: se a parte está se 
insurgindo contra quem irá conduzir o processo (juiz), é necessário que o incidente seja julgado antes de se 
prosseguir com a relação processual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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→ pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas: conhecido como “IRDR”, 
aludido incidente foi trazido pelo novo CPC com o objetivo de promover a celeridade processual e segurança 
jurídica, na medida em que possibilita que seja adotada um tese única para uma multiplicidade de processos que 
versem sobre uma mesma matéria de direito no âmbito territorial de dado tribunal. Sobre este incidente teceremos 
as devidas considerações no momento oportuno. 
 
→ quando a sentença de mérito depender de uma questão prejudicial: é possível que o andamento 
do processo seja paralisado em virtude de pendência a ser solucionada por outro juízo. É o que se chama de 
“questão prejudicial”. O CPC afirma que o processo será suspenso quando a sentença de mérito: a) depender do 
julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua o 
objeto principal de outro processo pendente; b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado 
fato, ou de produzida certa prova, requisitada a outro juízo; c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de 
estado, requerido como declaração incidente. 
Observa-se, portanto, que a suspensão se justifica pelo fato do juízo necessitar aguardar resolução de 
questão prévia, a qual influencia no teor da questão subordinada. É o caso, por exemplo, da suspensão de ação 
civil de indenização em virtude de ato ilícito em virtude da pendência de ação penal cujo objeto é verificar se o 
houvera ou não o fato ilícito; ou da paralisação de uma execução de título judicial em virtude da existência de 
ação rescisória cujo objeto é justamente rescindir a sentençaque serve de base àquela execução. 
Ressalte-se que, em todos os casos, o período de suspensão nunca poderá exceder 1 (um) ano. Findo 
este prazo, o juiz mandará prosseguir no processo. 
Se o conhecimento do mérito depender de verificação da existência de fato delituoso, o juiz pode 
determinar a suspensão do processo até que se pronuncie a justiça criminal. Se a ação penal não for proposta no 
prazo de 3 (três) meses, contado da intimação do ato de suspensão, cessará o efeito desse, incumbindo ao juiz 
cível examinar incidentemente a questão prévia. Proposta a ação penal, o processo ficará suspenso pelo prazo 
máximo de 1 (um) ano, ao final do qual cessará o efeito e o juízo cível decidirá a questão prejudicial. 
 
→ por motivo de força maior: é o acontecimento inesperado, consistente em calamidade pública (tal 
como enchentes, deslizamento de barreiras, terremoto, etc.) ou outro fato relevante (greve, por exemplo). 
 
→ quando a advogada tornar-se mãe ou o advogado tornar-se pai: a Lei 13.363/16 acrescentou 
mais uma hipótese de suspensão do processo, a saber, quando a única advogada da parte tornar-se mãe ou o 
único advogado tornar-se pai, independente de tratar-se de filiação natural ou por adoção. Para que haja a 
suspensão do feito é necessário que seja efetuada a comprovação da maternidade ou paternidade, mediante 
certidão de nascimento ou documento similar que comprove a realização do parto, ou o termo de adoção. O prazo 
de suspensão processual será de 30 (trinta) dias em se tratando de maternidade ou de 08 (oito) dias em se 
tratando de paternidade, contados do parto ou da concessão da adoção. 
 
Vistas as hipóteses de suspensão, é mister ressaltar, que, durante a suspensão, é defeso praticar 
qualquer ato processual; poderá o juiz, todavia, determinar a realização de atos urgentes, a fim de evitar dano 
irreparável. 
 
3. EXTINÇÃO 
 
O Código de Processo Civil, em seu artigo 485, aponta as situações de extinção do processo sem 
resolução de mérito: 
→ quando o juiz indeferir a petição inicial: quando houver um vício insanável, outra alternativa não 
restará ao julgador, a não ser indeferir a petição inicial. As hipóteses de indeferimento estão listadas no artigo 330 
do NCPC: I - quando for inepta; II - quando a parte for manifestamente ilegítima; III - quando o autor carecer de 
interesse processual; IV - quando o advogado, que não informou o endereço em que receberia intimações, não 
cumpriu com a determinação judicial de efetuar a emenda da petição inicial em 5 (cinco) dias. V- quando o autor 
não emendar a petição inicial nos casos legais 
 
ATENÇÃO! 
Muitas vezes há dificuldade de identificar quando uma petição inicial é inepta (inciso I). Petição inepta é 
o mesmo que “inapta”, “inabilitada” “defeituosa”, que não pode produzir efeitos. 
Uma regrinha bem simples, útil para identificar se uma petição é inepta, é verificando se o “problema” 
está relacionado ao pedido (lembre-se de que são três os elementos da ação: partes, causa de pedir e pedido). 
 
 
 
 
 
 
 
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Assim, perceba os casos de inépcia, listados no parágrafo único do artigo 330 do CPC: I – quando lhe faltar 
pedido (não existe pedido!) ou causa de pedir (o defeito também estaria no pedido, pois o mesmo estaria sendo 
formulado sem uma causa de pedir); II – quando da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão (o 
pedido está sendo formulado sem que a causa antecedente seja lógica); III - contiver pedidos incompatíveis entre 
si (formulação de pedidos que se anulam. É o caso, por exemplo, do autor que formula dois pedidos em sua 
ação: o de declaração de nulidade de contrato e o de cumprimento do mesmo contrato pelo réu); IV - o pedido for 
indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico. 
 
Veja, portanto, que em todos os casos, o “problema” diz respeito ao pedido. 
 
→ quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes: o juiz ordenará o 
arquivamento dos autos, declarando a extinção do processo, se a parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta 
em 5 (cinco) dias. 
→ quando, por não promover os atos e diligências que lhe competir, o autor abandonar a causa 
por mais de 30 (trinta) dias: o juiz ordenará o arquivamento dos autos, declarando a extinção do processo, se a 
parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 5 (cinco) dias. Ressalte-se que, oferecida a contestação, a 
extinção dependerá de requerimento a ser efetuado pelo réu, a teor do Súmula 240, STJ e do artigo. 485, § 6º, 
CPC 
→ quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e 
regular do processo: sendo matéria de ordem pública, pode a mesma ser, inclusive, declarada de ofício pelo 
magistrado. 
→ quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada 
(pressupostos processuais negativos): são fatos impeditivos ao regular desenvolvimento da relação 
processual. Ocorrerá perempção quando o autor, por três vezes, der causa à extinção do processo mediante 
abandono; a litispendência ocorrerá quando o autor repetir ação que se encontra em curso; outrossim, haverá 
coisa julgada quando se repetir ação anteriormente julgada e da qual não caiba mais recurso. 
→ quando verificada a ausência de legitimidade ou interesse processual: as condições da ação 
também são matéria de ordem pública e que, se não estiverem presentes, ocasionam a extinção do processo sem 
resolução de mérito. A respeitos das condições da ação, confira as considerações feitas na parte II, item 4 desta 
obra. 
→ pela convenção de arbitragem: é fato impeditivo que, se presente, provoca a extinção processual. 
Se duas pessoas, ao celebrarem determinado negócio jurídico, estipularam que um árbitro resolveria eventual 
conflito, não pode uma delas, uma vez instalada a controvérsia, dirigir-se ao judiciário em virtude de fato 
impeditivo existente (convenção de arbitragem). 
→ quando o autor desistir da ação: aqui, três nuances são muito importantes e precisam ser 
verificadas: 
A primeira, no sentido de que desistência da ação (modalidade de extinção do processo sem resolução 
do mérito) não se confunde com renúncia ao direito em que se funda a ação (modalidade de extinção do processo 
com resolução de mérito). 
A segunda, é que, apresentada a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir 
da ação (art. 485, § 4o, CPC). 
A terceira, é que a desistência da ação pode ser apresentada até a sentença (art. 485, § 5o, CPC). 
 
→ em caso de morte da parte, quando a ação for considerada intransmissível por disposição 
legal: viu-se que, com a morte da parte, ocorrerá a sucessão da mesma pelos seus herdeiros. Ocorre, entretanto, 
que existem situações que o direito contido na ação é considerado intransmissível, por ser ele personalíssimo. 
Imagine, por exemplo, uma ação movida por João, servidor público, em face do estado, com o objetivo de anular 
ato administrativo abusivo que ordenou a sua transferência para localidade distante de sua residência. Se, no 
curso da demanda, João viesse a falecer, o processo seria extinto sem resolução de mérito, por ser o direito 
contido na ação considerado intransmissível. 
 
As hipóteses de extinção do processo com resolução de mérito estão previstas no artigo 487 do CPC 
(quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do feito na ação ou reconvenção; quando a parte reconhecer a 
procedência do pedido feito na ação ou reconvenção; quando o juiz homologar a transação; quando o juiz 
pronunciar a decadência ou a prescrição; quando a parte renunciar ao direito sobre que se funda a ação ou 
reconvenção). 
Aqui vai uma dica bem simples para identificar todas elas: existe sempre um responsável pela 
finalização do processo: o juiz, o autor, o réu, as partes ou o tempo. 
 
 
 
 
 
 
 
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Assim, temos: a) quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido feito na ação ou reconvenção (iniciativado 
juiz); b) quando o juiz homologar a renúncia à pretensão formulada na ação ou reconvenção (iniciativa do autor 
ou réu); c) quando o juiz homologar o reconhecimento da procedência do pedido feito na ação ou reconvenção 
(iniciativa do autor ou réu); d) quando o juiz homologar a transação (iniciativa de ambas as partes); quando o juiz 
pronunciar a decadência ou a prescrição (iniciativa do tempo). 
 
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS: INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
 
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS 
 
Já sabemos que a lei conferiu proteção à formação de entidades abstratas, denominadas de “pessoas 
jurídicas”. Elas são constituídas com vistas a fomentar diversas atividades de interesse social e, como forma de 
gerar vínculos próprios, adota-se o princípio da autonomia patrimonial, de modo que a sua personalidade não se 
confunde com a personalidade das pessoas naturais que as integram. 
Noutros termos, como tais atividades guardam em si riscos inerentes, foi necessário que o legislador criasse 
um “manto”, um “véu” protetivo, apto a separar o patrimônio da pessoa jurídica do patrimônio das pessoas 
naturais que a constituem. 
Ocorre que, muitas vezes, dita proteção acaba por servir de “escudo” para a o desvio de finalidade entre 
outras práticas escusas. 
Neste diapasão, foi necessário criar um instrumento efetivo para combate a estes abusos, de modo que o 
mesmo servisse para atingir os bens de seus sócios integrantes: é a desconsideração da personalidade jurídica, 
já prevista no artigo 50 do CC e, agora, disciplinada pelo CPC/2015. 
 
2. CABIMENTO 
 
O incidente de desconsideração, que obedecerá aos pressupostos previstos em lei, será cabível em todas 
as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo 
extrajudicial. 
 
3. LEGITIMIDADE 
 
O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do 
Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. 
 
4. FORMALIDADES 
 
A instauração do incidente suspenderá o processo e será imediatamente comunicada ao distribuidor para 
as anotações devidas. 
 Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na 
petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica. 
O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos para 
desconsideração da personalidade jurídica. 
Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas 
cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão 
interlocutória. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno. 
Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em fraude de execução, 
será ineficaz em relação ao requerente. 
 
TUTELAS DE URGÊNCIA 
 
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS 
 
A tutela de urgência de natureza cautelar é baseada na necessidade de prevenir situações de perigo de 
dano ou risco o resultado útil do processo. Ressalte-se que a mesma não tem caráter satisfativo, uma vez que não 
chega a antecipar o objeto do litígio. 
No sistema do CPC de 1973 a tutela cautelar era fornecida através de um processo autônomo, de 
natureza cautelar. Assim, ele era apresentado como um terceiro gênero de manifestação da jurisdição, ao lado 
dos processos de cognição e de execução. A postulação de uma medida de urgência de natureza cautelar 
 
 
 
 
 
 
 
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demandava a apresentação de petição inicial, endereçada ao juízo vinculado ao processo principal, com a 
necessidade de distribuição e recolhimento das respectivas custas processuais. 
Visando promover a celeridade e simplificação dos procedimentos, o CPC de 2015 passa a possibilitar a 
concessão de tutela de urgência de natureza cautelar dentro da mesma relação processual que visa 
preservar, sem que haja, portanto, a necessidade de instaurar novo processo, com os pagamento das 
respectivas custas. 
É o que chamamos de “sincretismo processual”. Portanto, diante da sistemática atual, é possível que, 
dentro de uma mesma relação processual, tenhamos providências de natureza cognitiva, executiva ou cautelar. 
Por outro lado, a tutela antecipada é medida de urgência de caráter satisfativo que visa conferir à parte 
o gozo imediato e provisório do objeto perseguido na demanda. 
 
2. REQUISITOS 
 
Considerando que as medidas de urgência têm caráter, muitas vezes, restritivo de direitos, não podem 
ser as mesmas concedidas sem que estejam preenchidos certos requisitos. 
Destarte, é mister que haja a presença de dois requisitos, previstos no artigo 300 do CPC, a saber: 
probabilidade do direito (conhecido tradicionalmente como fumus boni iuris) e o perigo de dano ou risco ao 
resultado útil do processo (conhecido como periculum in mora). 
A probabilidade do direito pode ser traduzida como “aparência do bom direito”. Aqui o direito da parte 
requerente necessita ser “plausível”, “provável”, “verossímil”. 
Destarte, o magistrado deverá verificar, através das provas disponíveis, se existem resquícios de um 
direito merecedor de proteção. 
O periculum in mora é requisito que se relaciona ao risco efetivo de que a ausência da medida cause 
dano ou comprometa o resultado útil do processo. A parte não pode simplesmente alegar um risco. Ela tem de 
provar a sua alegação. O risco, ademais, tem de ser relevante. A mera suposição de risco ou ameaça é pouco 
para o deferimento da medida. 
Preenchidos os requisitos legais, a tutela será concedida através de fundamentação adequada. 
Assim, cabe ao magistrado apontar, de forma clara e precisa, as razões do seu convencimento. 
 
3. DISTINÇÃO 
 
A tutela de urgência cautelar não tem o escopo de satisfazer antecipadamente o direito material posto 
em questão na causa principal. O que se obtém na tutela de urgência de natureza cautelar é tão somente uma 
prevenção contra risco de dano imediato que afeta interesse litigioso da parte e que compromete a eficácia da 
tutela definitiva a ser outorgada no processo de mérito. 
Já a tutela de urgência de natureza antecipada busca conceder à parte o gozo provisório e imediato do 
próprio direito perseguido. 
Assim, enquanto a tutela cautelar visa apenas assegurar o objeto do processo, a tutela de urgência 
antecipada concede, de imediato, tal objeto. Noutros termos, a tutela cautelar “assegura para, ao final, “satisfazer”, 
ao passo que a tutela antecipada “satisfaz” para, ao final, “assegurar”. 
 
PROCESSO DE CONHECIMENTO: PROCEDIMENTO COMUM 
 
1. PETIÇÃO INICIAL 
 
A) Requisitos 
Para que produza efeitos, é necessário que a mesma atenda aos requisitos legais, previstos nos artigos 
319 e 320 do CPC: 
 
→ o juízo a que é dirigida: a petição será endereça à autoridade judiciária competente, atentando-se às 
regras de competência estudadas na parte I deste livro. 
→ os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de 
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço 
eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu: é necessário delimitar os sujeitos da lide, os quais 
constituem um dos elementos da ação (partes). Perceba que será necessária a indicação do CPF ou CNPJ, bem 
como dos endereços eletrônicos. A exigência de CPF e CNPJ certamente é feita com vistas a facilitar futuro 
procedimento executivo em face de devedor. Já o endereço eletrônico é requisito relacionado ao modelo 
contemporâneo de processo informatizado, trazido desde a lei 11.419/2006. 
 
 
 
 
 
 
 
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Ressalte-se que, caso não disponha das informações relativas à qualificação das partes, poderá o autor, na 
petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção. Ademais, a petição inicial não será 
indeferida se, a despeito da falta dessas informações,for possível a citação do réu. 
→ os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido: é a causa de pedir. São as razões de fato e de 
direito que dão suporte ao pedido. 
→ o pedido, com as suas especificações: requisito, a nosso ver, de maior relevância, motivo pelo qual 
faremos, à frente, maiores considerações. 
→ o valor da causa: a toda causa deve ser atribuído um valor, ainda que não possua conteúdo 
econômico. O valor da causa corresponderá ao benefício pretendido pelo autor. Ressalte-se que aqui se fala em 
“benefício pretendido” e não em “benefício devido”. Muitos réus têm levantado impugnação aos valores atribuídos 
às causas sob a alegação de que o autor não possuiria o direito a que se referia. Perceba que essa discussão diz 
respeito apenas ao mérito da causa, não sendo o momento para haver discussão desta monta. Portanto o valor 
deve corresponder ao benefício “pretendido” pelo autor. O artigo 292 do CPC estabelece as diretrizes para 
calcular-se o valor da causa: I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos 
juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação; II - na ação que 
tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de 
ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida; III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) 
prestações mensais pedidas pelo autor; IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de 
avaliação da área ou do bem objeto do pedido; V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o 
valor pretendido; VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de 
todos eles; VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor; VIII - na ação em que houver 
pedido subsidiário, o valor do pedido principal. 
O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao 
conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá 
ao recolhimento das custas correspondentes. 
Ressalte-se que o réu também poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído à causa 
pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação das 
custas. 
 
→ as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados: a petição inicial 
trará consigo as provas documentais. As demais serão produzidas por ocasião da instrução, motivo pelo qual o 
autor deve apontar, na inicial, aquelas que serão apresentadas oportunamente. 
 
→ a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação: O CPC 
aposta nestes instrumentos de resolução de conflitos, visando implementar a celeridade processual. Aludida 
audiência somente deixará de ser realizada se o litigio não admitir autocomposição ou se ambas as partes 
manifestarem, expressamente, desinteresse na composição. 
 
→ documentos indispensáveis: além dos requisitos acima (intrínsecos), a petição deverá vir 
acompanhada dos documentos indispensáveis à propositura da demanda (requisitos extrínsecos). Assim, por 
exemplo, em uma ação de alimentos, a petição inicial estará acompanhada da certidão de nascimento, com o 
objetivo de provar o parentesco que justifique a concessão dos alimentos; ou em uma ação possessória, a petição 
deverá vir acompanhada de documento que comprove a existência da posse. 
 
B) O pedido 
 
A sua importância se justifica no fato de que ele (o pedido) tem a função de delimitar a atividade 
jurisdicional, de modo que, uma vez proposta a ação, não pode o juiz julgar fora do pedido (extra petita), além 
daquilo que fora pedido (ultra petita) ou deixar de se pronunciar sobre o pedido (citra ou infra petita). 
Finalmente, alguns aspectos de grande relevância referente ao pedido devem ser analisados. 
O primeiro deles diz respeito à cumulação de pedidos. 
Pois bem, é possível que a petição inicial contenha mais de um pedido. A dita cumulação pode se dar de 
forma: 
# simples: quando houver a possibilidade de se formular pedidos que podem ser atendidos de forma 
englobada ou somada, de modo que o autor pretenda obter sucesso em todos eles (art. 327, CPC). É o que 
ocorre com a ação de indenização por danos materiais e morais. 
# sucessiva: quando o autor, de igual modo, formular mais de um pedido, pretendendo o êxito de todos 
eles. O que diferencia a cumulação simples da sucessiva é que, nesta, o resultado da análise de um pedido 
 
 
 
 
 
 
 
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repercutirá na do outro. É o que acontece na ação de investigação de paternidade c/c alimentos ou na ação de 
investigação de paternidade c/c petição de herança, por exemplo. Perceba que, em ambos os casos, a concessão 
dos alimentos ou direito à herança dependerá da procedência do pedido de reconhecimento de paternidade. 
# subsidiária ou eventual: quando formulado mais de um pedido para que o juiz, não podendo 
conceder o anterior, conheça do posterior (art. 326, CPC). É o que ocorre, por exemplo, com a ação ordinária 
movida contra companhia aérea para o cumprimento de obrigação de fazer (entrega de mala extraviada) ou 
pagamento do correspondente em perdas e danos. 
# alternativa: quando a obrigação puder ser satisfeita por mais de uma forma. É o que ocorre com ação 
ordinária ajuizada contra casa de eventos que perturba vizinho. Formulam-se dois pedidos: que a ré seja 
condenada a se abster de produzir barulhos a partir de determinado horário ou que proceda com a instalação de 
acústica que impeça ruídos. O ponto marcante e que diferencia a cumulação subsidiária da cumulação alternativa 
é que, aqui, não há ordem de prioridade entre os pedidos. Na cumulação alternativa, o que o autor busca é a 
realização da obrigação, não importando como. 
O segundo aspecto importante, relativamente ao pedido, é o que ele deve ser certo e determinado. 
Significa que, além de delimitar a natureza do pedido (o que é devido ao autor, ou seja, o an debeatur), 
deve o autor especificar o montante do pedido (o quanto devido, ou seja, o quantum debeatur). Assim, em uma 
ação ordinária, além do autor indicar a natureza do seu pedido (indenização por danos materiais, por exemplo), é 
necessário que ele informe, também, o quanto lhe é devido (quantum debeatur). 
O legislador possibilita, excepcionalmente, que o autor formule o chamado “pedido genérico”. Significa 
dizer que existem situações em que, embora seja possível ao autor informar o que lhe é devido (an debeatur), não 
tem ele condições de apontar o quanto lhe é devido (quantum debeatur). É permitido formular pedido genérico nos 
seguintes casos: 
# nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados: ações 
universais são aquelas em que se demandam uma universalidade ou “coletividades” de bens ou direitos. É o que 
ocorre com o filho que ajuíza ação de petição de herança, mas não tem conhecimento da totalidade dos bens 
existentes no patrimônio do autor da herança. Ele faz um pedido certo, dizendo o que lhe é devido (herança), mas 
o pedido não é determinado, pois ele não tem condições de determinar o quanto a que tem direito. 
# quando não for possível determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou do fato 
ilícito: é possível que as consequências de um ato ilícito causado ao autor ainda não tenha cessado quando do 
ajuizamento da ação. É o que ocorre com alguém que, ao ajuizar ação de indenização por danos materiais, ainda 
está em processo de recuperação (pagando diárias hospitalares, fisioterapias, medicamentos, etc.). Neste caso, 
apesar de apontar na inicial o an debeatur, ou seja, o que lhe é devido (indenização por danos materiais), não tem 
o autor como apontar o quantum debeatur, ou seja, o quanto devido, haja vista que as consequências danosas 
ainda não cessaram. 
# quando a determinação do valor da condenaçãodepender de ato que deva ser praticado pelo 
réu: é possível, também, que o quantum debeatur dependa de ato a ser praticado pelo réu. Exemplo comumente 
citado é o da ação de prestação de contas. Se João, que mantém parceria em dado negócio com Marcos, deixa 
de prestar contas do apurado, impedindo que o mesmo tenha sua participação real nos lucros, Marcos poderá 
ajuizar ação de prestação de contas. Ocorre que o valor devido ao autor dependerá de ato a ser praticado pelo 
réu (a prestação das contas). 
 
Importante frisar, também, que o pedido deve ser interpretado de acordo com o conjunto da 
postulação e observará o princípio da boa-fé (art. 322, § 2o, CPC). Existem aqueles que são presumidos como 
existentes (pedidos implícitos). Para eles não há necessidade de expressa formulação, por serem decorrentes da 
lógica factual e jurídica. É o que ocorre com os juros (Súmula 254, STF) e condenação em custas e despesas 
processuais bem como nos honorários advocatícios (Súmula 256, STF). Ademais, as prestações periódicas 
considerar-se-ão incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, se o devedor, no 
curso do processo, deixar de pagá-las ou consigná-las (art. 323, CPC). 
 
2. ADMISSIBILIDADE 
 
Recebida a petição inicial, o juiz poderá adotar as seguintes posturas: 
 
A) Emenda 
O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos acima referidos ou que apresenta 
defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 
(quinze) dias (e não mais de dez!), a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou 
completado. 
 
 
 
 
 
 
 
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Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. 
 
B) Indeferimento 
A petição inicial será indeferida quando: 
I - for inepta: Considera-se inepta a petição inicial quando lhe faltar pedido ou causa de pedir; o pedido for 
indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; da narração dos fatos não 
decorrer logicamente a conclusão; contiver pedidos incompatíveis entre si. 
Perceba que, como a possibilidade jurídica do pedido deixou de ser condição da ação, passando a integrar 
o exame de mérito, a sua ausência não mais importará no indeferimento da inicial (e consequente extinção sem 
resolução de mérito), mas, sim, na improcedência da demanda (extinção com o exame do mérito). 
II - a parte for manifestamente ilegítima: a legitimidade é condição da ação, representada pela pertinência 
existente entre o sujeito e o direito material posto em juízo. 
III - o autor carecer de interesse processual: outra condição da ação, representada pelo binômio 
necessidade-adequação; 
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321: estes artigos referem-se ao descumprimento de 
providências emanadas do juiz, a saber: a) dever que tem o advogado de informar, no prazo de cinco dias, o 
endereço, seu número de inscrição na OAB e o nome da sociedade de advogados da qual participa, para o 
recebimento de intimações, caso não tenha feito na petição inicial; b) dever de emendar a petição inicial, no prazo 
de 15 dias, quando existentes vícios que possam ser corrigidos. 
Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias (e não mais 
48 horas!), retratar-se. Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso. 
 
C) Improcedência liminar do pedido 
Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará 
liminarmente improcedente o pedido que contrariar: I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do 
Superior Tribunal de Justiça; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de 
Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas 
repetitivas ou de assunção de competência; IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local; 
O juiz também julgará improcedente o pedido quando verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou 
de prescrição. Perceba que, no CPC de 1973, a verificação de decadência ou prescrição importava no 
indeferimento da petição inicial. Por isso, andou bem o CPC, uma vez que estamos diante de questões meritórias 
sendo, por isso, mais adequado tratar-se de “improcedência” ao invés de “indeferimento”. 
Contra a sentença de improcedência liminar, caberá recurso de apelação, podendo o magistrado retratar-se 
em 5 (cinco) dias. Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, 
e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) 
dias. 
D) Recebimento da petição inicial 
 Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do 
pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação, citando o réu para comparecimento. 
 
3. AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO 
A audiência de conciliação ou de mediação será designada com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, 
devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. 
O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de conciliação ou de 
mediação, observando o disposto no CPC, bem como as disposições da lei de organização judiciária. 
Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) 
meses da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes. 
A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado. 
Conforme mencionado anteriormente, a audiência não será realizada em duas hipóteses: I - se ambas as 
partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; II - quando não se admitir a 
autocomposição. 
O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por 
petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência. 
Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os 
litisconsortes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ATENÇÃO! 
O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é considerado ato 
atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica 
pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado. 
 
As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou defensores públicos, podendo as mesmas 
constituir representante, por meio de procuração específica, com poderes para negociar e transigir. 
A autocomposição obtida será reduzida a termo e homologada por sentença. 
 
AÇÃO RESCISÓRIA 
 
1. DEFINIÇÃO 
 
É o instrumento jurídico-processual que visa desconstituir decisório de mérito transitado em julgado, 
quando presentes vícios autorizadores. 
 
2. NATUREZA JURÍDICA 
 
Como o próprio nome sugere, o instrumento em questão tem natureza jurídica de ação desconstitutiva 
(ou constitutivo-negativa). Pode ser visualizada como espécie de sucedâneo recursal, ou seja, meio de 
impugnação de decisão judicial que se desenvolve em processo distinto daquele ao qual a decisão fora emitida. 
 
3. OBJETO DA RESCISÃO 
 
Será a sentença de mérito, seja ela nula ou meramente rescindível. Neste último caso se incluem aquelas 
que, não obstante sejam despidas de vício, possam ser rescindidas, haja vista expressa previsão legal, tal como 
ocorre com a prevista no artigo 966, VII do CPC (obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova 
nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento 
favorável). 
 
Excepcionalmente, a decisão terminativa será objeto de rescisão quando consistir naquelaque acolheu a 
existência dos pressupostos processuais impeditivos (Perempção, litispendência ou coisa julgada), tendo em vista 
que, nos casos mencionados, a lei proíbe a propositura de nova demanda (art. 966, § 2o, CPC). 
 
Vale ressaltar que existem decisões de mérito que são, mediante expressa proibição legal, insuscetíveis de 
combate mediante o instrumento em questão. São eles: Acórdão proferido em Adin ou Adecon (artigo 26 da Lei nº 
9.868/99), em ADPF (artigo 12 da Lei nº 9.882/99) e em Decisões proferidas em sede de Juizado especial cível 
(artigo 59 da Lei nº 9.099/95). 
 
O legislador também proibiu o manejo do instrumento em questão quando a sentença for meramente 
homologatória de acordo (art. 966, § 4o CPC). É que, neste caso a sentença não apreciou o mérito da demanda, 
limitando-se, tão somente, a homologar acordo celebrado entre as partes. Assim, existindo qualquer vício de 
vontade (erro, dolo, coação), deverá o mesmo ser desconstituído mediante ação anulatória. 
 
4. HIPÓTESES DE CABIMENTO 
 
A sentença de mérito poderá ser rescindida nas seguintes hipóteses: 
→ se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz: as hipóteses em 
questão representam figuras típicas, de caráter penal. A primeira consistente no “retardo ou omissão do dever de 
ofício, ou na prática em desconformidade com a lei, tudo com vistas a satisfazer interesse ou sentimento pessoal”. 
A segunda na “exigência, para si ou para outrem, ainda que fora da função ou antes dela, vantagem indevida”. A 
corrupção, por sua vez, ocorre quando “se pede ou recebe, em virtude da função, vantagem indevida” (artigos 
319, 316 e 317, do CP, respectivamente). 
A possibilidade de rescisão se dá em virtude do decisório não ter se apoiado nos elementos constantes 
dos autos, mas, apenas, nos interesses pessoais do magistrado. 
Não obstante exista a regra máxima da proibição de interpretação extensiva ou análoga das regras 
penais, o dispositivo em questão deve ser interpretado de forma extensiva, de modo a abarcar todos os tipos de 
 
 
 
 
 
 
 
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irregularidades do magistrado no exercício da função, preservando o princípio do amplo acesso à justiça (= ordem 
jurídica justa). 
→ proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente: são pressupostos processuais de 
validade. No primeiro caso, o vício acaba por macular o requisito de parcialidade do órgão julgador, ao passo que 
o segundo requisito atinge o pressuposto da competência. 
Vale ressaltar que, em se tratando de suspeição e incompetência relativa, o motivo não é ensejador do 
remédio em estudo, haja vista que, in casu, as irregularidades acabam por convalescer (lembre-se: o juiz não 
pode decretar, de ofício, a incompetência relativa- Súmula 33, STJ). 
→ resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão 
entre as partes, a fim de fraudar a lei: o dolo se caracterizará quando a parte ludibriar o magistrado ou a parte 
adversa, sendo que este engano seja decisivo no resultado do julgamento (veja-se que o legislador se utiliza da 
expressão “quando a sentença resultar...”). É o que ocorre quando a parte extrai documento importante, o qual 
estava contido nos autos; ou quando subornou perito para alterar no resultado de perícia decisiva da lide; ou, 
ainda, quando criou óbice ao conhecimento, pelo réu, da propositura da ação, levando-o ao estado de revel. 
A coação caracteriza-se como a “pressão psicológica” que causa temor, a ponto de influenciar, 
decisivamente, no comportamento do coagido. 
Haverá, outrossim, colusão quando as partes se unirem para simular demanda que trará prejuízos a 
terceiros. É o caso de marido e mulher que simulam separação judicial e partilha patrimonial que fraudará 
credores. Se o magistrado perceber tal fato, no transcorrer da demanda, emitirá sentença que obste o intento das 
partes. No entanto, não percebendo, e consumando-se a coisa julgada, outra alternativa não restará senão o 
manejo da rescisória. 
→ ofender a coisa julgada: a coisa julgada constitui-se em fato extrínseco que impede o ajuizamento 
de nova demanda (ora, se a nova lei não poderá prejudicar a coisa julgada, o que dizer de uma decisão posterior 
que ofendeu coisa julgada anterior?). Assim, havendo uma segunda coisa julgada, esta será rescindida para dar 
lugar a primeira. 
→ violar manifestamente norma jurídica: aqui o entendimento é no sentido de que o ajuizamento da 
rescisória independe da natureza da norma tida como violada: se constitucional ou infraconstitucional e, neste 
último caso, se de natureza material ou processual. 
A jurisprudência cristalizada no âmbito do STF, por intermédio da Súmula 343, é no sentido de que não 
cabe o ajuizamento do instrumento em questão quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de 
interpretação controvertida nos tribunais. Ressalte-se, ainda, que, em se tratando de norma constitucional, o 
verbete em questão não pode ser aplicado, tendo em vista que se deve preservar sua aplicação uniforme, em 
qualquer situação perante todos os destinatários, além do que, o STF deve preservar o seu papel de guardião da 
Constituição Federal. 
→ se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada 
na própria ação rescisória 
→ depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não 
pôde fazer uso, capaz, por si só, de Ihe assegurar pronunciamento favorável 
→ fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa: há erro, quando a 
sentença admitir um fato inexistente, ou quando considerar inexistente um fato efetivamente ocorrido. É 
indispensável, em ambos os casos, que não tenha havido controvérsia, nem pronunciamento judicial sobre o fato. 
 
5. LEGITIMIDADE 
 
Poderão manejar o instrumento jurídico em questão os que foram parte na demanda rescindenda 
(incluídos os terceiros intervenientes que, ao ingressarem na demanda, assentaram-se na condição de parte) ou 
seus sucessores; os terceiros juridicamente interessados (não intervieram no processo, embora acabaram por 
sofrer os efeitos do decisório); o Ministério Público, nos processos em que, embora não tenha participado, sua 
intervenção era obrigatória ou naqueles em que a sentença foi resultado de colusão entre as partes; e aquele que 
não participou do processo em que era obrigatória a sua intervenção. 
 
6. PRAZO 
 
Será de 02 (dois) anos, contados a partir do trânsito em julgado da última decisão proferida nos autos 
(art. 975, CPC). 
Prorroga-se até o primeiro dia útil imediatamente subsequente o prazo, quando o mesmo se expirar 
durante férias forenses, recesso, feriados ou em dia em que não houver expediente forense. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ATENÇÃO! 
Se fundada a ação na descoberta de prova da qual o autor ignorava, o termo inicial do prazo será a 
data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos, contado do trânsito em julgado 
da última decisão proferida no processo. 
Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a contar, para o terceiro 
prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, a partir do momento em que têm ciência 
da simulação ou da colusão. 
 
É mister salientar, ainda que não constitui condicionante imperiosa o prévio exaurimento dos recursos 
nas instâncias ordinárias, haja vista que o artigo 975, CPC, se refere apenas ao “trânsito em julgado da decisão”, 
o que se dá pelo exaurimento dos meios recursais ou, simplesmente, pela não - interposição no prazo legal. 
 
PARTES E PROCURADORES: RESPONSABILIDADE DAS PARTES POR DANO PROCESSUAL 
 
Embora não tenha sido expressamente referido no rol do artigo 77 pelo CPC de 2015, outro dever da 
parte e de todos aqueles que participam da relação processual é proceder com lealdade e boa-fé. Tal dever 
acaba por abranger todas as outras espécies de obrigações. Agir com lealdadeé agir com probidade, ser honesto 
no transcorrer da relação processual. 
 
Velando pela leal atuação na relação processual, o CPC disciplina a existência do instituto da litigância 
de má-fé, apontando que responderá por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ou 
interveniente. 
 
Segundo o legislador, reputa-se litigante de má-fé aquele que: I- deduzir pretensão ou defesa contra 
texto expresso de lei ou fato incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos; III - usar do processo para conseguir 
objetivo ilegal; IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V - proceder de modo temerário em 
qualquer incidente ou ato do processo; Vl - provocar incidentes manifestamente infundados; VII - interpuser 
recurso com intuito manifestamente protelatório. 
De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a 
um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos 
que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou. 
Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção de seu 
respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária. 
Sendo o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o 
valor do salário-mínimo. 
O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-lo, liquidado por 
arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos. 
Cabe ressaltar, por oportuno, que as regras que tratam da litigância de má-fé (de natureza geral) não terão 
aplicação cumulativa com multas específicas, criadas por disposições próprias, sob pena de incidirmos num bis in 
idem. É o que ocorreria, por exemplo, com a aplicação cumulativa do artigo 80, VII, CPC (interposição de recurso 
meramente protelatório) com o artigo 1.026, § 2o, CPC (embargos de declaração protelatórios). 
 
 
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS: CHAMAMENTO AO PROCESSO 
 
1. APLICAÇÃO 
 
É modalidade de intervenção provocada. O chamamento ao processo ocasiona o alargamento 
processual, na medida em que se inclui na demanda sujeito que partilha responsabilidades com o réu da 
demanda originária. 
O CPC contempla o chamamento do afiançado pelo fiador; dos demais fiadores pelo fiador demandado; 
ou, finalmente, dos demais devedores solidários quando demandado apenas um ou alguns deles (art. 130, CPC). 
Das hipóteses de cabimento acima listadas, colhe-se um aspecto interessante: perceba que se pode 
chamar ao processo sujeitos que sejam “tão responsáveis quanto” ou “mais responsáveis do que” aquele que 
efetua o chamamento. Assim, é possível que o fiador chame ao processo o devedor principal, mas o inverso não é 
admissível. 
Observe que, enquanto na denunciação da lide o cumprimento da obrigação é de responsabilidade do 
denunciante da demanda originária (o qual denuncia com o escopo de valer-se do direito regressivo), no 
 
 
 
 
 
 
 
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chamamento ao processo a obrigação seria tanto do réu primitivo quando do terceiro, o qual não fora demandado, 
por isso que chamado posteriormente. 
 
2. REGIME JURÍDICO 
 
A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na contestação e 
deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento. Se o chamado 
residir em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses. 
 
Ingressando o terceiro e havendo o alargamento da relação processual, a sentença que julgar 
procedente o pedido servirá de título executivo em favor do que satisfizer a dívida para que execute o coobrigado 
nos autos do mesmo processo. 
 
MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, prevista na 
Carta Maior de 1988 (artigos 127 ao 130-A) com a tripla função de defender: 1) a ordem jurídica; 2) o regime 
democrático; 3) os interesses sociais e individuais indisponíveis. 
A constituição federal trata desta instituição de forma ampla, consagrando regras acerca de suas 
funções, princípios informadores, composição, etc. 
Os aspectos relativos à atuação do ministério público no processo civil estão previstos nos artigos 176 a 
181 do CPC. 
Pela leitura dos referidos artigos, perceberemos que o Ministério Público poderá atuar na qualidade de 
parte ou de fiscal da ordem jurídica. 
 
A) O Ministério Público na qualidade de “parte” 
 
Em primeiro lugar, o legislador estabeleceu que o Ministério Público exercerá o direito de ação nos 
casos previstos em lei. 
Apesar de não ser “pessoa” (mas, sim, “órgão”, sem personalidade jurídica, portanto), o Ministério 
público é dotado de “personalidade judiciária” para figurar como parte na defesa de suas prerrogativas 
institucionais, previstas em lei. Assim, o Ministério Público está autorizado a atuar como parte nas ações de 
investigação de paternidade (Lei nº 8.560/92), anulação de casamento (artigo 1.549, CC), ação civil pública (Lei nº 
7.347/85), ação civil de improbidade administrativa (Lei nº 8.429/92), etc. 
Atuando na qualidade de parte, cabe-lhe, no processo, os mesmos poderes e ônus que às partes. Isto 
quer dizer que, além de gozar dos mesmos favores processuais (poder de recorrer, participar de audiência, juntar 
rol de testemunhas, impugnar documentos, etc.), o órgão ministerial também se sujeitará aos mesmos encargos. 
Mas não podemos equiparar totalmente o tratamento do representante do ministério público àquele dado 
aos particulares. É que, em virtude dos interesses relevantes que defende, o ministério público deve gozar de 
certas prerrogativas, não concedidas aos litigantes particulares. É o que ocorre, por exemplo, com o prazo 
dobrado para se manifestar-se nos autos (artigo 180, CPC), isenção no pagamento das custas do recurso (artigo 
1.007, parágrafo 1º, CPC) e a intimação pessoal, com vista dos autos (artigo 180, CPC). 
 
B) O Ministério Público na qualidade de “Fiscal da ordem jurídica” 
 
O ministério público ainda pode intervir na qualidade de fiscal da ordem jurídica. Neste caso ele será um 
“zelador” ou “cuidador” do interesse que justificou a sua intervenção. 
Quando a lei considerar obrigatória a intervenção do Ministério Público, a parte promover-lhe-á a 
intimação sob pena de nulidade do processo. O legislador levou tão a sério esse comando, que estipulou como 
hipótese ensejadora de ação rescisória a não participação do representante do Ministério público nos casos em 
que a lei exija (artigo 967, III, “a”, CPC). 
Compete ao Ministério Público intervir: 
→ nas causas em que há interesses de incapazes: vale ressaltar que deverá o Ministério público 
estar presente no feito, independentemente de estar o incapaz representado ou assistido pelo respectivo 
representante legal. Ora, não podemos confundir capacidade de estar em juízo (realização de atos, pelo 
representante, em nome do representado, já que este, por si só, não pode praticar atos) com a intervenção 
ministerial (fiscalização da preservação do interesse do incapaz). 
 
 
 
 
 
 
 
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20 
→ nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em 
que há interesse público ou social: o objetivo foi proteger o interesse público, o qual não se confunde com o 
mero interesse patrimonial da fazenda pública. O simples fato de uma pessoa jurídica de direito público figurar 
como parte numa demanda não significa que haja interesse público que justifique a intervenção ministerial (artigo 
178, parágrafo único, CPC). É por isso que, em certas ações, o representante do MP se manifesta no sentido de 
dizer que não há relevante razão que justifique a sua participação no feito. 
Atuando como fiscal da ordem jurídica, o Ministério Público terá vista dos autos

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