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Comunicação e Expressão 
Unidade 1: Texto e contexto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professora Doutora Débora Mallet Pezarim de Angelo 
 
 
 
 
Texto e contexto 
Nesta unidade, você vai encontrar pessoas que precisam adequar seus textos 
às situações de comunicação em que estão inseridas. Para tanto, será preciso 
estudar os seguintes temas principais: interlocutores; texto e gênero textual e 
funções da linguagem. 
E agora, o que eu faço? 
Ao passar para a terceira fase de seleção de uma vaga para a empresa X, 
Marta ouviu a seguinte instrução de André, um dos selecionadores de 
candidatos: “prepare, para amanhã, uma apresentação oral de quinze minutos, 
sobre qualquer tema que você achar oportuno”. Ela foi para casa e ficou 
pensando no objetivo daquilo e chegou à conclusão de que seria avaliada por 
sua capacidade de se expressar em público, sua desinibição, sua facilidade em 
falar com clareza, em ser lógica, em parecer natural, enfim, um turbilhão de 
ideais tomou conta de sua cabeça. Agora seu problema era: o que fazer? 
 
A situação vivida por Marta acontece com as pessoas com frequência: é 
preciso “fazer o relatório”, “a lista de compras”, “ligar para o namorado”, 
“conversar com a amiga sobre o que aconteceu ontem”. Desde as situações 
mais banais às mais complexas, como a que Marta está passando, os 
indivíduos, o tempo todo, vivem situações comunicativas e, a partir delas, 
interagem com os outros. 
Ao interagirmos com as pessoas, estamos organizando a linguagem: o que e 
por que vamos dizer, para quem, movidos por determinados objetivos. Todos 
esses desejos, vontades, valores que temos materializam-se nas situações de 
 
 
 
comunicação. Assim, somos responsáveis pelo que dizemos e pelo modo 
como o fazemos. As formas como nos expressamos são, de alguma forma, 
controladas. Isso é o que chamamos de locutor: quando alguém organiza sua 
interação em direção a alguém em dado contexto; já o receptor ou alocutário é 
essa pessoa que vai nos ouvir, mas não de forma passiva. Ela também tem 
valores, objetivos, vontades. Disso podemos concluir que, na comunicação, as 
pessoas se colocam como interlocutoras, pois estão, o tempo todo, 
materializando seus interesses na comunicação, se responsabilizando pelo que 
dizem. 
A seguir, serão apresentadas as definições de locutor, alocutário e 
interlocutores, extraídas do Dicionário de análise do discurso. 
 
Locutor e alocutário: “o locutor é o sujeito falante responsável pelo ato de 
linguagem e, portanto, exterior a este. Opõe-se, nessa mesma relação de 
exterioridade, ao sujeito que acolhe o ato de linguagem, que pode ser 
designado nos termos de receptor ou alocutário”. 
Definição de interlocutores: são “os parceiros de uma troca verbal, em que 
cada um deles toma a palavra. O interlocutor é sempre considerado como 
aquele que está, ao mesmo tempo, na posição de um ato de comunicação e de 
poder tomar a palavra em seu turno”. 
Testando 1 
Na situação vivida por Marta, pode-se afirmar que: 
a) Marta é o locutor, pois ela pede orientações a André sobre o que deve 
ser feito na apresentação. 
b) André é o alocutário, pois orienta Marta sobre o que deve ser feito. 
 
 
 
c) Marta é o alocutário, pois recebe o que André diz e, de forma ativa, 
pensa sobre a situação. 
d) André é o locutor, pois está interessado em ouvir o que Marta tem a 
dizer. 
e) Marta e André são locutores, pois ambos expressam seus pontos de 
vista e inquietações na situação em que estão inseridos. 
Feedback: na situação, Marta ouve o que André diz. Ele materializa, em sua 
fala, seus objetivos, portanto é o locutor, o responsável por suas próprias 
palavras. Já Marta é o alocutário, uma vez que interage com o que André diz, 
não sendo passiva na situação. 
O problema do Pedro é o nosso 
 
Pedro é morador da cidade de São Paulo, vítima das enchentes que todos os 
anos assolam a cidade. Foi diversas vezes à subprefeitura de seu bairro 
questionar o que pode ser feito para que o córrego perto de sua casa não 
transborde nos dias de tempestade. Porém nada acontecia após o registro de 
suas reclamações. Pedro então, assistindo a um noticiário, resolveu que 
deveria procurar um jornal, para que pudesse explicar o que acontecia e ver se, 
com essa pressão, alguém tomava uma providência. Contudo, não sabia como 
fazer. Escreveria uma carta? Para quem? Que palavras usar? Como começar 
esse texto? 
Pedro, da mesma forma que Marta, está inserido em uma situação 
comunicativa. Ele tem um problema e quer resolvê-lo: para tanto, precisa 
organizar a linguagem para se expressar com clareza. Ele vai produzir um 
texto. Mas esse texto tem características próprias, que é justamente o ponto 
que Pedro está questionando nesse momento. Chamamos de “gênero textual” 
 
 
 
cada modo de organizar a linguagem, de acordo com as situações 
comunicativas que vivenciamos. No caso dele, o gênero chama-se “carta”. 
Conceito de texto: segundo Diana L. P. Barros, o texto “pode ser tanto um 
texto linguístico, indiferentemente oral ou escrito – uma poesia, um romance, 
um editorial de jornal, uma oração, um discurso político, um sermão, uma aula, 
uma conversa de crianças –, quanto um texto visual ou gestual – uma 
aquarela, uma gravura, uma dança – ou, mais frequentemente, um texto 
sincrético de mais de uma expressão – uma história em quadrinhos, um filme, 
uma canção popular.” 
 
Conceito de gênero textual: na definição de Marcuschi, é “uma noção 
propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em 
nossa vida diária e que apresentam características sociocomunicativas 
definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição 
característica. Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são 
inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, 
carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula 
expositiva, reunião de condomínio e assim por diante”. 
 
 
 
 
 
Uma carta é um gênero com algumas características: normalmente escrito em 
1ª pessoa, nela seu autor diz o que pretende, dá informações, se dirige a 
alguém. Ele também precisa assinar e datar o texto. Há muitos outros gêneros. 
Na verdade, no dia a dia, estamos usando gêneros o tempo todo: escrevemos 
bilhetes, torpedos, recados no Facebook, temos conversas ao telefone, 
organizamos listas, lemos notícias na internet. Em suma: a linguagem está 
sempre organizada em um dado gênero textual e saber escolher qual é o mais 
adequado para a situação e como ele funciona é muito importante. 
Voltemos ao caso de Marta. Ela fará uma “apresentação oral”. Esse também é 
um gênero, com características diferentes da carta. Ela precisará conhecer o 
modo de organização desse texto para que se apresente da melhor forma e 
atinja seus objetivos. 
Importante! 
Todo profissional precisa se comunicar bem. Para tanto, dominará alguns 
gêneros que usa no dia a dia, seja para ler ou escrever, e, assim, atingirá seus 
objetivos. Essa consequência virá também porque, ao escolher o gênero certo 
para o momento correto, correspondemos às expectativas da situação. É mais 
ou menos como “usar a roupa certa para cada ocasião”. 
 
Boxe – texto de opinião 
Um gênero bastante comum que organizamos é o texto de opinião. Conheça 
algumas de suas características, de acordo com o jornalista Eugenio Bucci: 
 
1. Defina que opinião irá defender 
 
 
 
De acordo com Bucci, antes de começar a escrever um artigo de opinião, o 
estudante deve definir o tema que deseja abordar com o texto. “Um artigo nada 
mais é do que a defesa de uma ideia. Por isso, é muito importante o jovem ter 
em mente o que pretende escrever e começar a reunir os argumentos 
necessários para criar essa defesa”, disse. No caso do Concurso Tempos de 
Escola, os estudantes deverão escrever sobre a importância da leitura em sua 
vida. 
O jornalista ressalta, ainda, queé preciso ter uma opinião formatada. “Para 
escrever artigos de opinião, é obrigatório tê-la. E ter opinião é difícil, é muito 
raro. Normalmente, o que temos por aí são repetidores de opinião”. 
2. Monte uma sequência de argumentos 
Como toda defesa de opinião depende de argumentos, Bucci recomenda que o 
aluno defina uma sequência para conduzir sua tese. “Cada parágrafo deve 
conter um argumento, incorporando o anterior e preparando o seguinte. Como 
se pode ver, um artigo de opinião é construído, é preparado, não é algo que sai 
assim, sem mais nem menos, da cabeça do autor. O bom artigo de opinião é 
escrito e reescrito várias vezes antes de ser publicado”, explicou. 
3. Evite escrever em primeira pessoa 
Por mais que o objetivo do artigo seja defender uma opinião, o jornalista sugere 
que o aluno evite escrever em primeira pessoa. “A primeira pessoa pode até 
atrapalhar. Se você quer convencer alguém de alguma coisa, tente não ficar 
falando de você mesmo o tempo todo”. Outro ponto importante, lembra Bucci, é 
tomar cuidado para não misturar os tempos verbais. 
4. Seja claro para o leitor 
O professor recomenda que, ao escrever, o aluno sempre tenha em mente 
quem irá ler o artigo. “As principais características de um artigo de opinião são: 
clareza, elegância e simplicidade na argumentação. Ideias boas são lógicas. 
Lembre-se, diante de um bom artigo de opinião, quem deve se sentir inteligente 
é o leitor, não você”, explicou. 
5. Busque referências 
 
 
 
Bucci explica que o estudante pode buscar referências em qualquer lugar, não 
somente em outros artigos. “Se ele opina sobre arte, deverá buscá-la na arte, 
mas não somente, porque a arte está em tudo. Para escrever, não precisamos 
olhar somente para coisas escritas. A inspiração deve vir do dia a dia, do que 
está ao redor. E, claro, o aluno deve olhar tudo com o senso crítico apurado”, 
disse. 
Disponível em: 
http://www.homolog.blogeducacao.web305.kinghost.net/2013/07/eugenio-bucci-fala-sobre-
como-escrever-um-bom-texto-de-opiniao/. Acesso em julho de 2013. 
 
Funções da linguagem 
O que é linguagem? 
Define-se como linguagem qualquer sistema de signos socializado. Nesse 
sentido, podemos falar em linguagem da moda, linguagem do jornalismo, 
linguagem televisiva, linguagem cinematográfica, linguagem culinária, 
linguagem fotográfica, entre muitas outras. Desse modo, é possível perceber 
que as linguagens são formas de expressão humanas, representando valores 
de grupos de uma dada sociedade, que podem variar no tempo, no espaço etc. 
Em cada situação de comunicação, a linguagem organiza-se de acordo com certos 
objetivos. A partir dela, estaremos pondo em funcionamento uma ou mais funções 
da linguagem. Para Jakobson, cada função da linguagem está ligada a um dos 
elementos da comunicação. 
 
 CONTEXTO (função referencial) 
 REMETENTE MENSAGEM (função poética) DESTINATÁRIO (função conativa) 
 CANAL (função fática) 
 CÓDIGO (função metalinguística) 
 
Sintetizando as funções da linguagem, temos: 
http://www.homolog.blogeducacao.web305.kinghost.net/2013/07/eugenio-bucci-fala-sobre-como-escrever-um-bom-texto-de-opiniao/
http://www.homolog.blogeducacao.web305.kinghost.net/2013/07/eugenio-bucci-fala-sobre-como-escrever-um-bom-texto-de-opiniao/
 
 
 
Função Emotiva – É quando o texto, numa dada situação comunicativa, centram-
se no emissor. 
Expresso, neste momento, meu sentimento de gratidão por toda a história que 
passei nessa empresa, todas as oportunidades que fizeram de mim o profissional 
que sou hoje. 
Função Conativa – É quando o texto, numa dada situação comunicativa, centram-
se no receptor/destinatário. 
 
Função Poética – Diferentemente do que se pode imaginar, a função poética não 
deve ser associada apenas à poesia. Todo uso de linguagem que procura ir além 
apenas do sentido imediato da mensagem. É quando o texto é construído de forma 
mais sugestiva, despertando o imaginário do receptor. 
 
Função Referencial - Também chamada de denotativa, está ligada ao contexto da 
situação de comunicação. Não diz respeito ao “eu” emissor nem ao “você” 
receptor; associa-se ao “ele” ou “isso”, qualquer outra pessoa, assunto, 
acontecimento. 
 
 
 
 
Função Fática - Centrada no contato. São textos compostos para iniciar, 
manter ou encerrar uma dada comunicação. Segundo Vanoye, “a função fática 
manifesta essencialmente a necessidade ou desejo de comunicar”. 
- Alô! - Oi, Antônio, é a Clara, tudo bem? - Tudo bem e você? - Não estou ouvindo direito... 
- É, a ligação parece longe... 
Função metalinguística - Centrada no código. Novamente segundo Vanoye, 
“Tudo o que, numa mensagem, serve para dar explicações ou precisar o 
código utilizado pelo destinador (ou emissor) concerne a essa função”. 
 
VOLTA: de volta ou Lat. *volta < volvere s. f., acto de regressar a um lugar de onde se 
partira; acto de virar ou de se virar; regresso; mudança; movimento circular; giro; circuito; 
cada uma das curvas de uma espiral; feitio curvo de objecto; mudança de opinião; 
disposição diversa; aquilo que se dá para igualar uma troca; curva; sinuosidade; tira branca 
de pano de linho ou de algodão na parte superior do cabeção dos padres, dos seminaristas 
 
 
 
e lentes das Universidades; tira de pano ou renda pendente do pescoço, no uniforme de 
certos funcionários. 
 
Resumo da unidade 
Nesta unidade, centramos atenção nas situações comunicativas que nos 
envolvem o tempo todo e em alguns aspectos importantes que precisam ser 
considerados para que ela aconteça da melhor forma: como organizamos o 
texto para atingir nossos objetivos? Em que gênero devo organizá-lo? Sou 
responsável pelo modo como organizo meus textos e nele expresso meus 
valores e desejos. A mesma coisa acontece com meu receptor: ele, de forma 
ativa, interage com o que digo, materializando, também, seus objetivos em sua 
comunicação comigo. 
Referências bibliográficas 
CHARAUDEAU, P.MAINGUENEAU, D. Dicionário de análise do discurso. São 
Paulo: Contexto, 2004. 
BARROS, D. Teoria semiótica do texto. São Paulo: Ática, 2011. 
MARCUSCHI. L. “Gêneros textuais: definição em funcionalidade”. In: Gêneros 
textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. 
VANOYE, F. Usos da linguagem - problemas e técnicas na produção oral e 
escrita. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 
Sites 
http://www.pucrs.br/gpt/argumentativo.php – Aqui você encontra diversas 
informações sobre os textos argumentativos, em que é preciso dar opinião 
sobre um tema. 
Vídeos 
http://www.youtube.com/watch?v=OQPw-xUK_tk – Aqui você encontra uma 
explicação didática sobre os gêneros textuais. 
http://www.pucrs.br/gpt/argumentativo.php
http://www.youtube.com/watch?v=OQPw-xUK_tk
 
 
 
 
Comunicação e Expressão 
Unidade 2: Variedades linguísticas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professora Doutora Débora Mallet Pezarim de Angelo 
 
 
 
 
 
Variedades linguísticas 
Nesta unidade, você vai encontrar pessoas usando a linguagem verbal – 
aquela que é composta por palavras – de diversas formas, tentando se 
adequar à situação. Para tanto, será preciso entender os seguintes conceitos: 
variedades ou normas linguísticas; norma padrão, norma coloquial, norma 
profissional e norma de espaço físico. 
 
Pegar um jacaré? 
Seu Paulo é biólogo e tem um neto surfista, Olavo. Um dia, Paulo ouviu seu 
neto dizer numa conversa ao telefone com um amigo que tinha tomado um 
caldo e que amanhã ia à praia pegar um jacaré. Sem entender muito bem, 
afinal o local onde eles estavam era de clima quente e não havia contexto para 
esse tipo de alimentação, foi conversar com o rapaz e questionar o porquê 
dessa escolha. Aproveitou para esclarecer que jacaré é um réptil que vive em 
água doce e que o rapaz não acharia nenhum jacaré no mar. 
Como Olavo explicaria a seu avôo que são esses termos? 
Ah, tá! 
 
A expressão “pegar jacaré” pode ser entendida como sinônimo de “surfar”. 
 
 
 
 
Na situação vivida pelo sr. Paulo e seu neto, Olavo, vemos que as pessoas se 
expressam usando a língua de modos diferentes: os dois entendem algumas 
palavras ou expressões de modo diverso, o que reflete suas faixas de idade, 
valores, adequação às situações comunicativas. No telefonema informal de 
Olavo a um amigo, “tomar caldo” e “pegar jacaré” são expressões que ambos 
compreendem e que cabem na conversa descontraída. Já em uma situação 
mais formal, o rapaz precisa se expressar de outro modo. Seu Paulo, por sua 
vez, usa as mesmas expressões com sentidos diferentes. Será que eles estão 
errados? 
Muitas pessoas, por diferentes razões (entre elas, certamente, pela formação 
escolar), acreditam que haja um único modo “certo” de falar e escrever a língua 
portuguesa e que todos os outros usos estão “errados”. Para entender melhor 
essa ideia, observe os textos a seguir. 
 
 
 
 
 
 
Nas duas imagens apresentadas, observa-se uma mesma personagem: uma 
mulher, em uma mesma situação (dando explicações para outra, que parece 
ser sua aluna). Na primeira cena, ela fala de acordo com a norma padrão da 
língua; na segunda, fala de maneira mais coloquial. Nesse contexto, é preciso 
perguntar: qual a forma mais adequada de falar? 
Todos nós passamos por situações como essas no dia a dia e fazemos 
escolhas linguísticas, de acordo com cada situação. Desse modo, pode-se 
compreender que não está “errado” mudar a forma de falar nas diferentes 
situações de comunicação vividas. Essa é apenas uma adaptação da fala ao 
contexto. 
 É importante destacar que a variação na fala (e, às vezes, na escrita) das 
pessoas não se dá apenas de acordo com as situações. Há outros tipos de 
diferenças como a pronúncia, o tipo de vocabulário, o usos de palavras 
específicas de profissões, a maneira de organizar as frases, entre outras. De 
acordo com os modernos estudos linguísticos, não há “certo” ou “errado” para 
nenhum uso da língua, mas, sim, adequado ou inadequado ao contexto. 
 Isso quer dizer que “nós vai” não é um erro de português? Observe o seguinte: 
 
 
 
Fala coloquial Fala padrão 
“Eu vou” “Eu vou” 
“Você vai” “Tu vais” 
“Ele(a) vai” “Ele(a) vai” 
“Nós vai” “Nós vamos” 
“Vocês vai” “Vós ides” 
“Eles(as) vai” “Eles(as) vão” 
 
Observa-se que na fala coloquial há uma regra diferente de uso da fala padrão. 
Mas há regras nas duas maneiras, pois cada falante, em qualquer situação de 
comunicação, não se expressa de um modo inventado naquele momento, mas 
de uma forma consagrada por ele e por muitos outros indivíduos de sua 
comunidade. 
 
A lógica que existe na primeira conjugação do verbo “ir” de nosso exemplo é a 
seguinte: 
 • Apenas a 1ª pessoa do singular (eu) apresenta uma forma diferente das 
demais (provavelmente para marcar a diferença entre “quem fala” e os outros); 
• Nas demais pessoas, o verbo não varia, mas a ideia de singular ou plural fica 
no pronome. Assim, “você vai” é diferente de “vocês” vai”. Já na lógica da 
norma padrão, cada pessoa apresenta uma forma verbal diferente. Além disso, 
no plural (nós, vós e eles) há uma dupla marca de plural, na pessoa (nós, vós e 
eles) e no verbo (vamos, ides e vão). 
Concluindo: o que vemos aqui não são usos “certos” ou “errados” do 
português, mas usos que seguem regras diferentes. Todos os usos linguísticos 
 
 
 
seguem uma lógica de seus grupos usuários e não podemos dizer que a lógica 
do grupo “x” é melhor do que a lógica do grupo “y”. Elas são simplesmente 
diferentes. 
Uma norma ou variedade linguística é um conjunto de normas fixado, usado e 
consagrado por uma comunidade de falantes de um dado idioma. Todas as 
variedades linguísticas seguem princípios lógicos, não sendo, portanto, 
possível dizer que uma norma é melhor do que outra. No entanto, a norma 
padrão é a mais prestigiada socialmente, sendo exigida em situações mais 
formais de comunicação. 
Estudando algumas variedades 
Há diversas normas ou variedades linguísticas, mas vamos estudar algumas: 
1) Norma de espaço físico 
 
Em cada região do país (e mesmo dentro de uma mesma região), as 
pessoas falam de forma diferente, seja no uso de palavras, na 
sonoridade (na forma de pronunciar cada termo) etc. Se você observar 
sua fala, verá que usa palavras ou pronúncias típicas de onde você vem 
ou mora. Essas diferenças, muitas vezes, levam alguns falantes a 
acreditar que “a maneira certa de falar é do lugar x”. 
 Existe uma forma mais certa do que a outra? A resposta é não. Todas 
as diferentes maneiras de falar são legítimas, apresentando-se apenas 
como variedades do idioma. Isso, aliás, ocorre não só no Brasil, mas em 
todos os lugares do mundo onde há pessoas que falam português. 
Norma de espaço físico, portanto, é o conjunto de usos consagrados em 
uma dada localidade. 
 
2) Norma de grupos profissionais 
 
Outra variedade existente é a chamada norma de grupos profissionais, 
ou jargão. São os usos linguísticos específicos de uma dada profissão, 
sendo muito comuns as criações de vocábulos próprios da área. 
 
 
 
Entre os profissionais de um mesmo setor, um jargão costuma agilizar e 
precisar a comunicação, uma vez que os conhecimentos do grupo de 
falantes é comum. No entanto, ao entrar em contato com pessoas que 
não pertencem àquele grupo profissional, é preciso usar esses termos 
com cautela, pois eles podem dificultar o entendimento dos falantes que 
não dominam esses termos. 
 
 
3) Norma coloquial 
 
 
Ela é o conjunto de usos da língua consagrados pelos falantes, mas que 
não seguem a mesma lógica da norma padrão. Quanto mais informal o 
contexto, mais pertinente o uso da norma coloquial. 
Há alguns temas que, particularmente, geram maiores diferenças de uso 
entre essa norma e a padrão. Por exemplo, a colocação de pronomes, a 
concordância e a regência verbais, a ortografia, a acentuação, a 
pontuação o uso do acento grave indicador de crase etc. 
 
Uma sugestão! 
 
Observando sua fala ou texto, ou mesmo contando com a ajuda de um 
professor ou alguém que apresente um bom domínio da norma padrão 
da língua portuguesa, procure detectar quais são suas maiores 
dificuldades com os usos formais do idioma. Faça uma lista e procure 
 
 
 
estudar esses tópicos. Você poderá encontrar exercícios em gramáticas 
normativas da língua portuguesa. 
Sempre que tiver uma dúvida, você pode usar duas estratégias: procurar 
resolvê-la com a ajuda de uma gramática, um dicionário, um professor 
etc. Dessa forma, você poderá aprender algo que será usado em outras 
situações de comunicação. Se a situação for de urgência e você não 
tiver um modo de resolvê-la, procure outra forma de expressar-se, 
evitando o uso que gerou dúvida naquele momento. 
 
4) Norma padrão 
 
Deve ser compreendida como o conjunto de regras prescrito na 
gramática normativa da língua portuguesa. São os usos ditados pelas 
regras prescritas pelos gramáticos e usadas nas situações mais formais 
de comunicação. Assim, as falas e escritos profissionais, jornalísticos, 
políticos etc. costumam seguir as normas indicadas pelo uso padrão do 
idioma, o mais valorizado socialmente. 
Não é adequado, por exemplo, que você chegue ao trabalho e diga para 
o chefe “nós vai fazer reunião à tarde?”. Você não deve se expressar 
dessa forma em uma situação com alguma formalidade, pois o que se 
espera de você, nesse contexto, é queuse a norma padrão de nossa 
língua. Não porque essa forma de falar seja um erro, mas porque é uma 
maneira socialmente desprivilegiada, e, portanto, em qualquer situação 
formal de comunicação, deve ser evitada. 
 
 
 
Testando 
 
 
 
Leia o texto a seguir. 
Festa das funções 
 
As funções resolveram dar uma festinha. Várias delas apareceram: 
funções constantes, lineares, polinomiais e a exponencial que ficou meio 
fora de lugar porque não conseguia se integrar. 
Eis que, do nada, entra na festa o Operador Diferencial, vulgo derivada, 
que começa a atacar as funções. Quando ele encostava em uma função 
polinimial e, 'puf', ela caia de grau; já quando o operador tocava em 
uma função constante, 'puf', ela sumia. Foi então que a exponencial 
tomou coragem para enfrentar o operador diferencial e disse: 
- Pode ir parando com isso agora! O senhor deve ir embora dessa festa! 
- Quem é você para falar assim comigo sua atrevida? - perguntou a 
derivada. 
-Eu sou ex muito prazer. 
- Prazer, eu sou dy/dt. 'Puf'. 
O texto acima é uma piada. Contudo, a sua compreensão ficou 
dificultada pelo possível desconhecimento da linguagem usada, 
específica da matemática. Que nome recebe essa variedade? 
 
a) Norma de espaço físico. 
b) Norma coloquial. 
c) Norma padrão. 
d) Norma de grupos profissionais. 
e) Norma de faixa etária. 
Feedback: há falares próprios para grupos profissionais específicos, 
como os de uma mesma área (médicos, policiais, profissionais de 
 
 
 
informática, metalúrgicos, alfaiates, por exemplo). São os chamados 
jargões, caracterizados no texto pela linguagem específica de 
profissionais da matemática. 
Resumo da unidade 
Uma norma ou variedade linguística é um conjunto de normas fixado, usado e 
consagrado por uma comunidade de falantes de um dado idioma. Todas as 
variedades linguísticas seguem princípios lógicos, não sendo, portanto, 
possível dizer que uma norma é melhor do que outra. No entanto, a norma 
padrão é a mais prestigiada socialmente, sendo exigida em situações mais 
formais de comunicação. Foram destacadas quatro normas: de espaço físico; 
de grupos profissionais; coloquial e padrão. 
Referências bibliográficas 
BAGNO, Marcos. A língua de Eulália – uma novela sociolinguística. São Paulo: 
Contexto, 2000. 
BAGNO, Marcos. A norma oculta. São Paulo: Parábola, 2003. 
PRETI, Dino. Sociolinguística: os níveis da fala. São Paulo: Edusp, 2000. 
Sites 
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/variacoes-linguisticas-o-modo-de-
falar-do-brasileiro.htm – Aqui você encontra algumas informações sobre as 
variedades linguísticas no Brasil. 
Vídeos 
http://www.youtube.com/watch?v=_Y1-ibJcXW0– Aqui você encontra um 
programa de televisão que aborda o tema das variedades linguísticas. 
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/variacoes-linguisticas-o-modo-de-falar-do-brasileiro.htm
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/variacoes-linguisticas-o-modo-de-falar-do-brasileiro.htm
http://www.youtube.com/watch?v=_Y1-ibJcXW0
 
 
 
 
Comunicação e Expressão 
Unidade 3: No mundo da fala 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professora Doutora Débora Mallet Pezarim de Angelo 
 
 
 
 
 
No mundo da fala 
Nesta unidade, você vai encontrar situações em que as pessoas precisam se 
expressar oralmente, mas que não são do cotidiano. Para tanto, será preciso 
discutir os seguintes temas: ouvinte; tema; sequência e técnicas para uma boa 
apresentação. 
Falar em nome da turma? 
A festa de formatura de Eduardo estava chegando. Um de seus professores 
lembrou a classe que um aluno precisava ser o orador. Eduardo foi o escolhido 
pelo grupo. A orientação que recebeu foi a seguinte: seria preciso fazer uma 
retrospectiva dos 3 anos de Ensino Médio, recapitulando os grandes 
acontecimentos vividos pelo grupo; fundamental também era agradecer aos 
familiares, funcionários e gestores de sua escola, enfim. Eduardo era um ótimo 
aluno, escrevia textos excelentes, mas nunca precisou escrever um discurso 
para apresentar diante de centenas de pessoas. Ele estava inseguro, pois não 
sabia bem o que dizer e nem como dizer... 
 
A situação vivida por Eduardo revela um ponto importante da comunicação: a 
oralidade. Muitas pessoas acham que falar bem é um dom, algo espontâneo 
que alguns privilegiados conseguem fazer com maestria. Esse dom fica 
especialmente ressaltado se a fala estiver prevista para ser apresentada diante 
de um grande público, como é o caso de Eduardo. É evidente que alguns 
indivíduos têm facilidade para se comunicar oralmente; no entanto, da mesma 
 
 
 
forma que escrever ou ler, falar bem, independente do tamanho do público, é 
uma competência que todos podem desenvolver, de forma satisfatória. Mais do 
que isso: é uma necessidade humana. 
Há muitas situações pessoais e profissionais em que somos obrigados a falar 
diante de outras pessoas. Essa fala pode ser produzida a partir de uma 
situação de improviso ou de um evento previamente marcado. Se tivermos a 
oportunidade de preparar nossa apresentação oral, ela poderá ter um êxito 
maior frente a nosso público. 
“Falar em público” não é uma habilidade natural de alguns. Acreditamos que as 
apresentações orais, como qualquer outro gênero textual, podem ser 
preparadas por qualquer falante, que chegará a um bom resultado. 
A falta de preparo e o medo de enfrentar um público são elementos que, 
normalmente, interferem na apresentação oral, de tal forma que, muitas vezes, 
mesmo possuindo um bom conhecimento do assunto a ser tratado (elemento 
fundamental para o bom desempenho), as pessoas sentem imensa dificuldade 
em falar para uma plateia. 
O que é uma apresentação oral? 
Para Dolz, Schneuwly, Pietro e Zahnd 
A exposição ou apresentação oral é um discurso que se realiza numa situação de 
comunicação específica que poderíamos chamar de bipolar, reunindo o orador ou 
expositor e seu auditório. Assim, a exposição pode ser qualificada como um espaço-
tempo de produção onde quem fala dirige-se ao destinatário, por meio de uma ação 
de linguagem que veicula um conteúdo referencial. Mas, se esses dois atores 
encontram-se reunidos nessa troca comunicativa particular que é a apresentação, a 
assimetria de seus conhecimentos sobre o tema a ser exposto os separa: um, por 
definição, representa o “especialista”; o outro é mais difícil de caracterizar, mas, pelo 
menos, apresenta-se como alguém disposto a aprender alguma coisa. 
Podemos definir pois a exposição oral como um gênero textual público, 
relativamente formal e específico, no qual um expositor especialista dirige-se a um 
auditório, de maneira explicitamente estruturada, para lhe transmitir informações, 
descrever-lhe algo ou lhe explicar alguma coisa. 
(Dolz, Schneuwly, Pietro e Zahnd, 2011, p. 185) 
Uma boa preparação pode contribuir, de maneira significativa, na superação do 
medo de falar diante dos outros. Inicialmente, vamos pensar em três aspectos: 
o que falamos, com quem e de que modo. 
 
 
 
Com quem estamos falando? 
Como em qualquer ato comunicativo, é importante sabermos sobre o público a 
quem nos dirigimos. Por que estão ali? Que expectativas têm? Outro ponto 
importante é acompanhar a fala de acordo com as reações dos ouvintes: as 
expressões faciais, postura corporal, entre outros aspectos, podem auxiliar 
para um melhor direcionamento do que estamos apresentando. 
 
Do que estamos falando? 
Uma apresentação oral deve ser organizada em torno de um tema. No caso de 
Eduardo, ele precisa fazer uma retrospectiva da turma, apontando os principais 
pontos da trajetória do grupo que ele representa, dando especial atenção aos 
que ajudaram para que eles chegassem até ali. Ter clareza do tema, portanto, 
é a base de organização da apresentação. 
 
Qual é a sequência? 
O modo como conduzimos uma apresentação é fundamental para seu 
sucesso: 
• Apresentação da proposta: é precisocumprimentar o público, se apresentar, 
bem como o tema ser tratado. Além disso, para facilitar o entendimento, pode-
se sintetizar, antes do início propriamente dito, o caminho que será percorrido. 
Nada impede, também, que, durante a apresentação, a cada novo momento 
que se inicia, você avise seus ouvintes de que outro tópico será destacado. 
 • Fio de raciocínio: uma fala deve ter um fio, previamente estabelecido. Ao 
compor uma apresentação, organizamos uma série de informações sobre um 
 
 
 
dado assunto. Portanto, tão importante quanto dominar o assunto é saber 
como apresentá-lo. 
• Leituras: devem ser evitadas, especialmente de longos trechos. Quando 
necessário, fazê-las de modo que possam ser acompanhadas pelo público (em 
transparência, data show ou cópia entregue a cada participante). 
E agora, Laura? 
Uma grande empresa está realizando entrevistas para o cargo de 
recepcionista. Primeiro, é feita uma dinâmica em grupo, na qual o responsável 
pelo RH pede que todos se apresentem (dizer nome, idade, quais seus 
objetivos dentro da empresa, por que a escolha daquela empresa e como se 
imaginam daqui a 5 anos). Laura, que é muito tímida, acabou de entrar na 
faculdade, tem pouca experiência com entrevistas, percebe que suas 
concorrentes são mais velhas que ela. Ela está insegura. O que Laura pode 
fazer para viver momentos como esse de forma mais segura? 
Laura está vivendo uma situação muito comum: ela precisa falar em público, 
mas não se sente capaz. Está envergonhada, intimidada, não sabe o que dizer 
nem de que modo. Essa sensação parece estar paralisando a moça. 
De acordo com o especialista Reinaldo Polito, “Nós temos internamente dois 
oradores distintos: um real e outro imaginado. O real é o verdadeiro, aquele 
que as pessoas veem efetivamente. O imaginado é fruto da nossa imaginação, 
aquele que nós pensamos que as pessoas veem quando falamos. Esse orador 
imaginado é construído principalmente pelos registros negativos que 
recebemos — os momentos de tristeza, de derrota, de cerceamento que 
passamos ao longo da vida. Esses registros formam uma autoimagem 
negativa, distorcida, diferente da imagem verdadeira que possuímos”. 
Na tentativa de superar esses problemas, vamos apresentar algumas técnicas 
para apresentação oral, que podem nos auxiliar a persuadir nossos 
interlocutores. 
O que é persuasão? 
De acordo com Citelli (2000), todo texto tem algum grau de persuasão, uma 
vez que, de alguma forma, a pessoa que fala ou escreve sugere, de forma 
 
 
 
explícita ou implícita, ideias, valores, visões de mundo em seu texto. No 
entanto, há formas de expressão em que a tentativa de convencer o outro 
sobre algo é direta, clara, com argumentos que sustentam uma dada forma de 
pensar. É o caso das palestras e apresentações orais. Por vezes, por outro 
lado, é possível transmitir algumas ideias de forma mais indireta. Por exemplo, 
se alguém, em dada situação, apresenta uma imagem, uma música e diz a seu 
interlocutor “quero que esse texto lhe ajude a pensar no que dissemos”, a 
persuasão é mais implícita, pois o leitor vai ter alguma abertura no modo de 
interpretar a imagem ou o que a música sugere. Isso não significa, por outro 
lado, que ser implícito é menos persuasivo. Isso depende de cada situação 
comunicativa e dos interlocutores envolvidos. 
• É preciso ensaiar: em qualquer comunicação oral mais formal, devemos 
chegar preparados. Saber o que vamos dizer, em linhas gerais, em quanto 
tempo, de que modo. Para tanto, ensaiar a situação, diante de pessoas 
conhecidas, pode nos auxiliar a superar o medo de falar diante dos outros. 
 
• Cuidado com a aparência e postura: uma vestimenta adequada à situação, 
bem como postura e posicionamento corporais, interferem na recepção do 
público. Mesmo se a comunicação oral se dará apenas entre duas pessoas – 
por exemplo, um médico e seu paciente – é preciso causar uma boa 
impressão. 
 
 
 
 
• Interaja com a plateia: o olhar e a fala para a plateia também auxilia na 
interação com o público. Perceber suas reações, prever momentos em que as 
pessoas poderão fazer perguntas, provocar os ouvintes com questionamentos. 
Todos esses recursos colocam ao favor do apresentador uma característica 
básica da comunicação oral: estar diante de seu interlocutor. 
 
• Uso de recursos audiovisuais: quando usar transparência ou data show é 
fundamental que o texto esteja legível e sirva como apoio. Esses recursos, por 
si mesmos, não produzem a apresentação, servindo, apenas, como fonte de 
apoio. Além disso, espera-se que não apresentem erros (ortografia, 
acentuação, diagramação, etc.). 
 
 
 
 
• Atenção à Língua Portuguesa: a fala, devido à situação de interlocução, 
mostra-se, às vezes, um pouco menos formal do que a escrita. No entanto, 
opte, sempre, pelos usos do português padrão, sem exageros (você não 
precisa parecer erudito, tampouco deve usar gírias). 
 
• A citação de fontes: devem citar-se as fontes dos dados e informações que 
serão apresentadas na fala. Além disso, sempre que um elemento for 
mencionado literalmente, deve aparecer com a notação bibliográfica. 
 
• Apresentação programada: toda apresentação tem um tempo de duração. 
Portanto, é fundamental estabelecer como a fala será distribuída no tempo. 
 
 
 
Assim, seguindo o fio de raciocínio, deve-se estabelecer o tempo de duração 
de cada parte da fala. 
 
 • Interação (falas em grupo): em algumas situações, uma apresentação é feita 
por um grupo. Nesses casos, é importante organizar previamente a ordem e o 
momento de fala de cada um. Um recurso complementar nessa organização é 
o “passar a palavra”, quando houver troca de orador; isso evita a sobreposição 
de falas, situação que deve ser evitada por poder gerar confusão de 
entendimento, demonstrar desorganização, insegurança etc. 
 
• Fale com emoção: é importante demonstrar aos ouvintes que você acredita 
no que está falando. Sem ser caricato ou piegas, em situações de 
comunicação oral é preciso se expressar de modo a transparecer que se 
acredita no que se diz e que aquele momento ali está sendo importante para o 
apresentador. 
 
 
 
 
Testando 
Leia as afirmações a seguir e observe a relação entre elas. Em seguida, com 
base nas explicações dadas na unidade, selecione a alternativa correta. 
Iniciar uma apresentação com uma imagem síntese do que se quer dizer pode 
ser um bom recurso persuasivo 
PORQUE 
Dependendo da situação comunicativa, uma sugestão implícita do que se quer 
transmitir pode ser tão ou mais eficiente do que dizer de forma clara e objetiva 
o que se quer transmitir. 
a) A primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa. 
b) A primeira afirmação é falsa e a segunda é verdadeira. 
c) A primeira afirmação é verdadeira e a segunda justifica a primeira. 
d) A primeira afirmação é verdadeira e a segunda não justifica a primeira. 
e) As duas afirmações são falsas. 
Feedback: De acordo com o conteúdo instrucional, as duas afirmações estão 
corretas e há uma relação de causa e consequência entre elas. 
Resumo da unidade 
Nesta unidade, focamos nossa atenção no gênero “apresentação oral”, 
entendendo algumas de suas características. Acima de tudo, defendeu-se a 
ideia de que falar com os outros, para um público pequeno ou grande, em 
situação mais formal, não deve ser visto como uma situação espontânea. Falar 
 
 
 
bem exige preparação, para que o efeito de persuasão que se deseja seja 
alcançado. 
Referências bibliográficas 
CITELLI, Adilson. Linguagem e persuasão. São Paulo: Ática, 2000. 
Dolz, Schneuwly, Pietro e Zahnd. A exposição oral. In: Gêneros orais e escritos 
na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2011. 
POLITO, Reinaldo. “Vença o medo de falar em público”, artigo publicado em 
23/02/2007. http://noticias.uol.com.br/economia/carreiras/artigos/polito. 
 
Sites 
http://www.reinaldopolito.com.br/portugues/default.php – no sitedo professor 
Polito você encontra muitas informações para preparar sua apresentação oral. 
Vídeos 
http://www.youtube.com/watch?v=G6yf3lT-HDo – Aqui você encontra algumas 
informações sobre apresentações orais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://noticias.uol.com.br/economia/carreiras/artigos/polito
http://www.reinaldopolito.com.br/portugues/default.php
http://www.youtube.com/watch?v=G6yf3lT-HDo
 
 
 
 
Comunicação e Expressão 
Unidade 4: No mundo da escrita 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professora Doutora Débora Mallet Pezarim de Angelo 
 
 
 
 
 
No mundo da escrita 
Nesta unidade, você vai encontrar pessoas que precisam escrever seus textos 
de forma adequada às situações de comunicação em que estão inseridas. Para 
tanto, os temas principais são: esquema de produção textual, parágrafo, 
coerência e coesão. 
 
Introdução da Unidade 
É urgente! 
Fernando precisava falar com seu chefe sobre a urgência da implantação de 
rotas de fuga, instalação de extintores e treinamento de incêndios a todos os 
funcionários, mas já tinha ouvido pelos corredores que o chefe estava muito 
ocupado e que não dava prioridade a esse tipo de assunto nesse momento, 
em que a empresa estava com muito trabalho. Fernando ligou e tentou agendar 
um horário com Carlos, seu chefe, mas a secretária disse que a agenda estava 
lotada e que o chefe só resolveria questões internas por e-mail. Como 
Fernando pode convencer Carlos a iniciar o treinamento? 
 
Fernando está vivendo um desafio que todos enfrentam no dia a dia: escrever 
um texto. No caso, ele deve escrever um e-mail para seu chefe, para 
convencê-lo sobre a urgência em iniciar os treinamentos contra incêndio na 
 
 
 
empresa em que trabalham. Temos, portanto, alguns elementos nessa 
situação: quem escreve é o subordinado; o chefe não está focado no assunto 
de interesse de seu colaborador; para quem vai escrever, o assunto é urgente. 
Assim, Fernando precisa ser persuasivo, mas de forma a não parecer 
inoportuno ou arrogante diante de seu superior. 
Boxe – Ser persuasivo 
Argumentação, ou persuasão pode ser definida como a soma dos 
procedimentos linguísticos utilizados em um dado texto que têm por objetivo 
convencer o receptor de alguma coisa. Platão e Fiorin propõe a seguinte 
definição de argumento: “observemos a origem do termo: vem do latim 
argumentum, que tem tema argu, cujo sentido primeiro é „fazer brilhar‟, 
„iluminar‟. É o mesmo tema que aparece nas palavras argênteo, argúcia, arguto 
etc. Pela sua origem, podemos dizer que argumento é tudo aquilo que faz 
brilhar, cintilar uma ideia. Assim, chamamos argumento a todo procedimento 
linguístico que visa a persuadir, a fazer o receptor aceitar o que lhe foi 
comunicado, a levá-lo a crer no que foi dito e a fazer o que foi proposto.” 
 
Voltando à situação de Fernando, para atingir seus objetivos e escrever um 
texto adequado, ele pode iniciar preparando um esquema de sua escrita. 
Vamos ver o que é isso? 
Segundo A. L. Pita e Sueli Pitta, “a função básica de um esquema é definir o 
tema e hierarquizar as partes de um todo numa linha diretriz, para torná-lo 
passível de uma visão global. Pelo esquema, pode-se atingir o todo numa 
única mirada”. 
 
 
 
No caso dos textos escritos, uma narrativa, por exemplo, pressupõe um 
esquema que organize a história que será contada. No caso dos escritores 
profissionais, a narrativa que se organizará é toda esquematizada antes de ser 
produzida, mesmo que seja apenas mentalmente. Mas, mesmo que o autor 
não pense na organização de sua história, ela acabará seguindo algum 
esquema. 
Podemos partir de perguntas como: qual a história que desejo contar? Como 
vou organizá-la? Como começa? Quais seus acontecimentos principais? Como 
vou terminá-la? 
Da mesma forma que nos textos narrativos, os argumentativos também são 
esquematizados por seu produtor. Isso significa dizer que um autor estabelece 
um fio de raciocínio que dará sustentação a seu ponto de vista. 
Diferentemente das narrativas, os textos argumentativos não estão 
preocupadas em contar fatos, mas, sim, em apresentar uma opinião, mais ou 
menos explícita, a partir de um tema dado. Assim sendo, seu esquema de 
construção indica um tema, o que o autor pensa sobre o assunto e os motivos 
que o levam a pensar assim, além de sua conclusão. 
Podemos partir de perguntas como: qual meu objetivo? Que ideia pretendo 
defender? Que argumentos tenho para sustentá-la? 
 
Os esquemas ajudam a compreender melhor o percurso do texto 
 
 
 
 
Transformando o esquema em texto: os parágrafos 
A clareza do texto deve-se, em grande parte, à forma como conseguimos 
organizar nossas ideias em parágrafos. Em termos de composição textual, é 
um caminho em etapas. Os parágrafos representam, de certa forma, cada um 
desses estágios a serem cumpridos. 
Conceito de parágrafo 
Luiz C. Figueiredo afirma que eles “são como „prateleiras‟ que dividem uma 
sequência de informações ou pensamentos. Servem para facilitar a 
compreensão e a leitura do texto, dar folga ao leitor, que acompanha, passo a 
passo, a linha de raciocínio desenvolvida pelo escritor.” 
Para que essa linha fique clara, especialmente se pensarmos no esforço de 
compreensão que será feito pelo leitor, a organização dos parágrafos torna-se 
fundamental. 
É preciso que o leitor seja apresentado ao tema, em um primeiro momento; 
depois, espera-se que cada ponto a ser destacado pelo autor seja 
desenvolvido em um ou mais parágrafos. Por fim, o leitor espera que haja um 
ou mais parágrafos de fechamento da ideia. 
 
 
 
 
E como cada “prateleira” é organizada? Para responder a essa pergunta, 
recorremos ao conceito de tópico frasal. De acordo com Figueiredo, “esse 
período orienta ou governa o resto do parágrafo; dele nascem outros períodos 
secundários ou periféricos; ele vai ser o roteiro do escritor na construção do 
parágrafo; ele é o período-mestre, que contém a frase-chave”. 
Observe os dois parágrafos a seguir, para identificação de seus tópicos: 
“(1) Boa parte de nossa infelicidade ou aflição nasce do fato de vivermos 
rodeados (por vezes esmagados ou algemados) por mitos. Nem falo dos belos, 
grandiosos ou enigmáticos mitos da Antiguidade grega. Falo, sim, dos mitinhos 
bobos que inventou nosso inconsciente medroso, sempre beirando precipícios 
com olhos míopes e passo temeroso. Inventam-se os mitos, ou deixamos que 
aflorem, e construímos em cima deles a nossa desgraça. 
(2) Por exemplo, o mito da mãe-mártir. Primeiro engano: nem toda mulher nas-
ce para ser mãe, e nem toda mãe é mártir. Muitas são algozes, aliás. Cuidado 
com a mãe sacrificial, a grande vítima, aquela que desnecessariamente deixa 
de comer ou come restos dos pratos dos filhos, ou, ainda, que acorda às 2 da 
manhã para fritar (cheia de rancor) um bife para o filho marmanjo que chega 
em casa vindo da farra. Cuidado com a mãe atarefada que nunca para, sempre 
arrumando, dobrando roupas, escarafunchando armários e bolsos alheios sob 
o pretexto de limpar, a mãe que controla e persegue como se fosse cuidar, não 
importa a idade das crias. Essa mãe certamente há de cobrar com gestos, 
palavras, suspiros ou silêncios cada migalhinha de gentileza. Eu, que me 
sacrifiquei por você, agora sou abandonada, relegada, esquecida? E por aí 
vai...” (LUFT, Lya. “Faxina nos mitos”. Revista Veja, n. 1901, 20/04/2005) 
 
 
 
 
A escritora Lya Luft 
Em cada um dos parágrafos de Lya Luft, encontramos tópicos frasais 
diferentes. No primeiro, a ideia central é que vivemos cercados por mitos bobos 
que nos fazem infelizes. Ela está sintetizada no primeiro período do texto, seu 
tópico frasal (“Boa parte de nossa infelicidade ou aflição nasce do fato de 
vivermos rodeados por vezes esmagados ou algemados por mitos”). 
Já no segundo, o tema do texto continua o mesmo, mas uma nova ideia foi 
acrescentada. A autora nos apresentará um tipo específico de mito, o da “mãe-
mártir”;esse parágrafo inteiro terá como tópico organizador esse tema. 
Para ter coerência e coesão 
Veja essas imagens? São textos coerentes? 
 
Na semana dele domingo não é dia! 
 
 
 
 
Será que eles descansam trabalhando? 
Como vemos, a coerência diz respeito à harmonia entre as partes de um texto; 
mas há outro aspecto ligado à coerência; ele diz respeito ao contexto. Leia a 
seguinte situação. 
Uma cliente escreveu para um plano de saúde nos seguintes termos: 
“Prezados senhores, gostaria de uma explicação detalhada sobre o aumento 
praticado na mensalidade de meu plano, ocorrida neste mês. Atenciosamente, 
Marli da Silva”. 
A resposta da empresa foi essa: “Cara senhora Marli, os planos alfa, gama e 
beta receberam, a partir deste mês, um aumento de 5%, de acordo com a 
legislação vigente. Atenciosamente, WW, central de atendimento ao cliente.” A 
cliente considerou a resposta dada como incoerente. 
Um primeiro ponto a ser destacado diz respeito à organização interna dos dois 
textos. É possível compreender as informações: o texto da cliente é um pedido 
e o da empresa é uma resposta a esse pedido. Nesse sentido, ambos são 
coerentes. Para tentarmos entender por que a cliente classificou a resposta do 
plano de saúde como incoerente, vamos analisar outro aspecto: a relação que 
o texto conseguiu estabelecer com ela na situação dada. 
Foi feito um pedido à empresa, solicitando uma “explicação detalhada” sobre o 
aumento praticado na mensalidade. Na resposta, afirma-se que o aumento 
seguiu “a legislação vigente”. Nada é informado sobre qual é a lei, onde pode 
ser encontrada, se este procedimento está previsto em contrato. A usuária 
solicitou que a empresa, prestadora de serviços, respondesse sua pergunta de 
 
 
 
forma detalhada, o que não ocorreu. Sob o ponto de vista dela, portanto, a 
coerência não se formou. 
A coerência, portanto, diz respeito à harmonia entre as partes do texto e do 
texto à situação de comunicação em que foi produzido. 
Outro assunto que costuma ser associado ao texto é a coesão. Em linhas 
gerais, podemos dizer que são o conjunto de elementos que garantem a 
articulação entre as partes do texto. Veja um exemplo: 
Todos os automóveis que temos estão aqui. Eles ficam em exposição na frente 
da agência, porque no pátio interno só ficam os carros para conserto. 
Nesse pequeno texto, os termos “eles” e “carros” são elementos coesivos 
referenciais, porque retomam o termo “automóveis”. Veja como eles só fazem 
sentido no texto a partir do termo que os antecedeu. O mesmo ocorre com “na 
frente da agência” que retoma “aqui”. 
Conceito de coesão textual 
Coesão textual Segundo Charaudeau e Maingueneau, “A palavra coesão 
designa (...) o conjunto dos meios linguísticos que asseguram as ligações intra 
e interfrásticas que permitem a um enunciado oral ou escrito aparecer como 
um texto.” Assim, vemos que coesão e coerência não fazem parte do mesmo 
fenômeno, mas muitas vezes caminham juntos dentro da textualidade. 
Testando 
Observe o anúncio a seguir. 
 
 
 
 
a) Não podemos considerar o anúncio coerente, pois não é possível 
relacionar a imagem da pimenta com o sobrenome “Pimenta”, escrito 
no recado. 
 
b) Há coerência, construída quando o leitor observa o anúncio do início 
completo e entende a relação do recado de Pimenta e a mensagem do 
Hortifruti. 
 
c) Há coerência contextual, pois Priscila é um nome muito comum, 
assim como o sobrenome Pimenta; “Hortifruti” também é um termo 
muito usual. 
 
d) Não há coerência, pois a imagem dos alimentos não se relaciona com 
a mensagem passada pelo texto verbal. 
 
b) Há coerência somente entre o texto verbal “A Hortifruti quer se 
entregar para você” e as imagens dos alimentos . 
 
 
 
 
Feedback: há coerência, pois, quando o leitor observa o texto escrito 
por Pimenta para Priscila fala “dar o melhor de mim”, a mesma ideia 
está retomada na mensagem do Hortifruti (“quer se entregar para 
você”). As imagens dos alimentos, por sua vez, têm relação direta com 
os produtos vendidos e entregues pelo anunciante. 
 
Resumo da unidade 
Nesta unidade, discutimos um pouco como organizar textos adequados à 
situação comunicativa em que estamos. Descobrimos que, inicialmente, é 
preciso um esquema, um rascunho de ideias gerais que indicam um percurso. 
Na sequência, entendemos que o parágrafo é fundamental para materializar 
essa trilha. Por fim, compreendemos que a coerência e a coesão de um texto 
se dão por sua organização interna e adequação ao contexto. 
Referências bibliográficas 
 
CHARAUDEAU, P., MAINGUENEAU, D. Dicionário de análise do discurso. São 
Paulo: Contexto, 2004. 
FÁVERO, L. Coerência e coesão textuais. São Paulo: Ática, 2006. 
FIGUEIREDO, L. A redação pelo parágrafo. Brasília: Editora da Universidade 
de Brasília, 1999. 
FIORIN, J. SAVIOLI, F. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 
2006. 
PITA, Ana Lucia, PITTA, Suely. Registro oral e registro escrito. São Paulo: 
Anhembi Morumbi (documento em PDF). 
Sites 
http://www.algosobre.com.br/redacao/coesao-e-coerencia.html – Aqui você 
encontra explicações mais detalhadas sobre coesão. 
http://www.portugues.com.br/redacao/a-estruturacao-paragrafo-.html - Aqui você 
encontra algumas informações sobre a organização do parágrafo. 
http://www.algosobre.com.br/redacao/coesao-e-coerencia.html
http://www.portugues.com.br/redacao/a-estruturacao-paragrafo-.html
 
 
 
Vídeos 
http://www.youtube.com/watch?v=wmDQamQb0xA – Aqui você encontra 
explicações sobre coerência e coesão textuais. 
http://www.youtube.com/watch?v=rAiH4tX99js – Aqui você encontra 
orientações para organização de parágrafos. 
 
 
http://www.youtube.com/watch?v=wmDQamQb0xA
http://www.youtube.com/watch?v=rAiH4tX99js
 
 
 
 
Comunicação e Expressão 
Unidade 5: Intertextualidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professora Doutora Débora Mallet Pezarim de Angelo 
 
 
 
 
 
Intertextualidade 
Nesta unidade, você vai encontrar situações em que o ponto central a ser 
observado será o diálogo entre diferentes textos. Para tanto, será preciso 
entender os seguintes conceitos: intertextualidade explícita e implícita; 
paráfrase, estilização e paródia. 
 
Criativo, eu? 
Carlos, aluno do curso de publicidade, precisava criar um slogan para um 
produto removedor de manchas; depois de pensar em alguns títulos, escreveu: 
“Removec, duas mil e uma utilidades”. Seu professor de redação publicitária, 
ao receber o exercício, disse que essa frase estava era “muito próxima da 
original”. Então, Carlos fez outra: “Removec, mil e muitas utilidades”; 
novamente o professor de Carlos interveio e disse que, para a atividade que 
estavam fazendo, essas estilizações tão simples não bastavam. Carlos, então, 
ficou intrigado: como criar uma frase que já não tenha sido criada? 
 
 
 
 
“Mil é uma utilidades” é um slogan que consagrou a palha de aço Bombril. 
Quando Carlos escreveu seus slogans, de forma consciente ou não, seus 
textos estavam dialogando com o do famoso produto. Produto, aliás, que 
dialoga com um texto ainda mais famoso e muito antigo, “As mil e uma noites”. 
A intertextualidade é um fenômeno da linguagem em qualquer uma de suas 
manifestações textuais. Conhecer um pouco sobre seus processos pode 
auxiliar na composição e leitura de textos, os mais variados, em qualquer setor 
profissional. 
Ao realizarmos qualquer atividade comunicativa, temos a impressão de que o 
que estamos produzindo é único e original. Sem dúvida, cada pessoa tem seu 
estilo e ele deixa marcas em todas as suas produções. No entanto, mesmo que 
não se perceba, tudo o que cada ser humano manifesta é, de alguma forma, a 
“recombinação” de algo que já foi visto, lido, ouvido, sentido em algum outro 
lugar: na conversa com a família, no jornal, no rádio, na televisão, no contato 
com os amigos, entre muitos outros. 
Assim, pode-se afirmar que é característico da linguagemhumana esse diálogo 
permanente com o que já existe. Se, neste momento, for solicitado a você que 
 
 
 
escreva ou diga qualquer coisa, como foi o caso do Carlos, é provável que 
reflita um pouco e busque, em sua mente, uma série de informações sobre o 
tema pedido. 
 
Nesse processo tão rápido, muitas fontes de onde você retirou tal ou tal 
informação não serão lembradas, pois esse não é seu objetivo; no entanto, 
seria ingênuo afirmar que elas são completamente novas ou que “vieram do 
nada”. Quando, nesse processo, é possível reconhecer de forma clara ou 
levantar hipóteses sobre quais fontes estão sendo retomadas, ocorre o que 
denominamos intertextualidade. Dizendo de outro modo, é quando um texto, de 
qualquer natureza, retoma outro (ou mais de um), de alguma forma. 
Esse diálogo entre textos pode ser explícito ou implícito, conforme veremos. 
Intertextualidade explícita 
De acordo com Koch, Bentes e Cavalcante, “A intertextualidade será explícita 
quando, no próprio texto, é feita menção à fonte do intertexto, isto é, quando 
outro texto ou um fragmento é citado, atribuído a outro enunciador; ou seja, 
quando é reportado como sendo dito por outro ou por outros generalizados 
(...).” Intertextualidade explícita, portanto, é um tipo de diálogo entre textos no 
qual é possível reconhecer o texto fonte dentro do texto derivado. Isso ocorre 
pois há marcas textuais claras de seu autor, da obra, entre outras 
possibilidades. 
Veja um exemplo: 
"O auto da Compadecida" - Resumo da obra de Ariano Suassuna 
03/09/2012 21h 13 
 
 
 
 
A peça retoma elementos do teatro popular, contidos nos autos medievais, e da 
literatura de cordel para exaltar os humildes e satirizar os poderosos e os 
religiosos que se preocupam apenas com questões materiais. 
http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/auto-compadecida-
resumo-obra-ariano-suassuna-700311.shtml 
O título do resumo faz intertexto explícito com a obra de Ariano Suassuna, 
representada aqui pela capa do livro. Nesse caso, mesmo que o leitor não 
saiba nada sobre o autor e sua peça, poderá encontrar as fontes, 
explicitamente citadas no resumo. 
 
Passemos, agora, à intertextualidade implícita. 
Intertextualidade implícita 
Para Koch e Elias, “a intertextualidade implícita ocorre sem citação expressa da 
fonte, cabendo ao interlocutor recuperá-la na memória para construir o sentido 
do texto (...). Nesse caso, exige-se do interlocutor uma busca na memória para 
a identificação do intertexto e dos objetivos do produtor do texto ao inseri-lo no 
seu discurso. Quando isso não ocorre, grande parte ou mesmo toda a 
construção do sentido fica prejudicada.” Como podemos notar, no caso da 
intertextualidade implícita a fonte não está expressamente indicada no texto 
derivado. 
Veja um exemplo: 
http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/auto-compadecida-resumo-obra-ariano-suassuna-700311.shtml
http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/auto-compadecida-resumo-obra-ariano-suassuna-700311.shtml
 
 
 
 
 
Nessa publicidade da rede Horti Fruti, o texto faz uma “brincadeira” com a obra 
de Ariano Suassuna, “O auto da Compadecida”. No entanto, se o leitor não 
conhece a obra e seu autor, pode não entender o intertexto, base central do 
humor dessa propaganda. 
É claro que, com a internet e as redes sociais, a possibilidade de encontrarmos 
os intertextos, mesmo que implícitos, ficou muito maior; no entanto, isso não 
muda o fato de que a fonte mencionada não está explícita nesses casos. O que 
mudou foi a facilidade com que os leitores podem relacionar diferentes textos 
com as buscas virtuais. 
 
Fique atento! - A questão do repertório 
Segundo Koch e Elias, “a intertextualidade é elemento constituinte e 
constitutivo do processo de escrita/ leitura e compreende as diversas maneiras 
pelas quais a produção/ recepção de um dado texto depende de 
conhecimentos de outros textos por parte dos interlocutores, ou seja, dos 
diversos tipos de relações que um texto mantém com outros textos.” Como 
indicam as autoras, o repertório do leitor, em geral, faz toda a diferença no 
momento de reconhecer e compreender as intertextualidades. Nesse sentido, 
muitas vezes, quando lemos os mais diversos textos, sentimos algumas 
dificuldades de compreensão, devido à quantidade ou complexidade dos 
intertextos que eles estabelecem. 
 
 
 
 
Uma forma de auxiliar esse processo é, antes de iniciar uma leitura, fazer uma 
pesquisa sobre o autor, a obra, o contexto em que se inserem; outro ponto 
importante, no caso de livros, é ler os textos introdutórios ou de apresentação. 
Neles, muitas vezes, encontramos informações importantes para a 
compreensão geral da obra. 
Alguns processos intertextuais 
Os intertextos, explícitos ou implícitos, podem ser construídos de várias formas. 
Vamos estudar três delas: a paráfrase, a estilização e a paródia. 
Paráfrase 
Há diversas formas de paráfrase, que é um tipo de relação intertextual entre 
dois ou mais textos. Ela ocorre quando o texto fonte é retomado pelo texto 
derivado, de tal maneira que muito do original é mantido. São exemplos de 
paráfrases as citações, os resumos, algumas traduções, transcrições etc. 
Para Othon Garcia, “(...) paráfrase corresponde a uma espécie de tradução 
dentro da própria língua, em que se diz, de maneira mais clara, num texto B o 
que contém um texto A, sem comentários marginais, sem nada acrescentar e 
sem nada omitir do que seja essencial, tudo feito com outros torneios de frase 
e, tanto quanto possível, com outras palavras, e de tal forma que a nova versão 
– que pode ser sucinta sem deixar de ser fiel – evidencie o pleno entendimento 
do texto original.” 
 
 
 
Como destaca Othon Garcia, na paráfrase não há comentários, acréscimos ou 
omissões dos elementos fundamentais do texto fonte. Existe, sim, um respeito 
muito grande ao original, que é bastante preservado. 
 
Resumo do livro “O monge e o executivo” 
O livro narra a história de John Daily, um executivo bem sucedido, técnico 
voluntário de um time de beisebol, casado e pai de dois filhos. Desde o início 
de sua vida John se via perseguido por um nome: “Simeão”. De todos os fatos 
e coincidências, ele não compreendia porque, sempre ao longe dos anos, tinha 
o mesmo sonho que lhe transmitia a mesma mensagem: “Ache Simeão e ouça-
o!”. 
Após um movimento sindical em sua fábrica, as constantes reclamações de 
sua esposa e a insubordinação de seus filhos, John começa a ver que nem 
tudo estava como planejara. Diante disso sua esposa sugere que ele vá se 
aconselhar com o pastor de sua igreja, que o indica a participar de um retiro 
num pequeno e relativamente desconhecido mosteiro cristão chamado João da 
Cruz, localizado perto do lago Michigan. 
Um resumo como esse é um caso típico de paráfrase: o enredo do livro foi 
preservado, em linhas gerais. Não há comentários do autor sobre a qualidade 
da obra ou qualquer outro aspecto. Parafrasear, portanto, é um tipo de diálogo 
entre textos em que se preserva a essência dos valores originais de um texto 
em outro. 
 
 
 
 
Estilização 
 
A estilização é uma forma de diálogo em que se acrescentam, no texto que cita 
outro, outros elementos que não pertenciam a esse original. As imagens 
associada à marca “Quaker” mostram bem esse fenômeno: de 1877 a 1972, as 
imagens guardam semelhanças. A original, pois que é a primeira, de 1877, é 
retomada nas outras. Mas há acréscimo de cores, formatos, formas de mostrar 
a imagem principal (corpo inteiro, meio corpo, rosto). 
Paródia 
Leia o texto a seguir. 
Oração do internauta 
Satélite nosso que estais no céu, 
Acelerado seja o vosso link, 
Venha a nós o nosso host, 
Seja feita vossa conexão, 
Assim em casa como no trabalho. 
O download nosso de cada dia nos daí hoje, 
Perdoai nosso tempo perdido no Chat, 
Assim como nós perdoamos 
os banners de nossos provedores.Não nos deixeis cair a conexão 
 
 
 
e livrai-nos do Spam, 
 Amém! 
Esse texto faz um diálogo bastante explícito com a oração do “Pai Nosso”, 
acompanhando sua estrutura linha a linha. Mas, diferentemente dos casos 
anteriores, há aqui uma subversão muito grande dos valores do texto original. 
Como estrutura, como dissemos, ele está ali, preservado. No entanto, seus 
valores foram muito adulterados. 
 De uma oração religiosa, de maior texto de fé da comunidade católica, passa a 
ser uma oração de internautas, que, no lugar de Deus, instauram o “satélite”. 
De acordo com Fávero, “na paródia, a linguagem torna-se dupla (...): é uma 
escrita transgressora que engole e transforma o texto primitivo: articula-se 
sobre ele, reestrutura-o, mas, ao mesmo tempo, o nega”. É exatamente o que 
ocorre no texto da oração. 
 
Essa imagem é uma paródia, baseada na série “Crepúsculo” 
Sintetizando Para Affonso Romano de Sant’Anna, “(...) a diferença entre esses 
termos está em que a paródia deforma, a paráfrase conforma e a estilização 
reforma. (...) Sem dúvida, a paródia deforma o texto original subvertendo sua 
estrutura ou sentido. Já a paráfrase reafirma os ingredientes do texto primeiro 
conformando seu sentido. Enquanto a estilização reforma esmaecendo, 
apagando a forma, mas sem modificação essencial da estrutura”. 
Testando 
 
 
 
 
 
 
Pode-se afirmar que, no anúncio, a intertextualidade é: 
 
a) implícita, pois o receptor não é informado de que o filme “Kill Bill” é 
retomado no anúncio. 
b) explícita, pois o receptor sabe que se trata de um intertexto com o filme 
“Kill Bill”. 
c) implícita, pois o receptor é informado de que o filme “Kill Bill” é 
retomado no anúncio. 
d) explícita, pois há a indicação clara, no anúncio, de que trata-se de uma 
referência ao filme “Kill Bill”. 
e) implícita, pois o anunciante pode não ter pensando no filme “Kill Bill” 
para produzir o anúncio. 
 
Feedback: pode-se dizer que o anúncio retoma o filme “Kill Bill” de forma implícita, pois é 
necessário que o receptor conheça o filme para reconhecê-lo, em alguns de seus 
elementos (cor, ação de personagem, nome do filme) no anúncio. 
 
Resumo da unidade 
Nesta unidade, estudamos o fenômeno da intertextualidade, seja em sua 
manifestação implícita ou explícita. Assim, compreendemos que o diálogo entre 
textos ocorre a todo o momento e, dependendo da situação, é mais adequado 
citar nossas fontes; já em outros contextos, essa não é a melhor estratégia. 
Compreendemos ainda que esse diálogo pode se dar em três grandes níveis 
de transformação do texto original no texto derivado: paráfrase (alteração 
mínima), estilização (alteração média) e paródia (grande alteração). Nos três 
casos, o mais importante é observar que a alteração se dá, em uma instância, 
nos valores que o texto original transmite. 
 
 
 
 
Referências bibliográficas 
FIORIN, J. L., SAVIOLI, F. P. Lições de texto; leitura e redação. São Paulo: 
Ática, 1996. 
GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Editora FGV, 
2003. 
KOCH, I. V., BENTES, A. C., CAVALCANTE, M. M. Intertextualidade: diálogos 
possíveis. São Paulo: Cortez, 2007. 
SANT’ANNA, A. R. Paródia, paráfrase & cia. São Paulo: Ática, 2003. 
 
Sites 
http://www.pucrs.br/gpt/intertextualidade.php– Aqui você encontra algumas 
explicações análises textuais com base no conceito de intertextualidade. 
 
Vídeos 
http://www.youtube.com/watch?v=TSvX4ZnntZc– Aqui você encontra algumas 
explicações didáticas sobre a intertextualidade. 
 
 
 
 
 
 
http://www.pucrs.br/gpt/intertextualidade.php
http://www.youtube.com/watch?v=TSvX4ZnntZc
 
 
 
 
Comunicação e Expressão 
Unidade 6: Estratégias textuais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professora Doutora Débora Mallet Pezarim de Angelo 
 
 
 
 
Estratégias textuais 
Nesta unidade, você vai encontrar pessoas inseridas em situações de 
comunicação e compreender que, para atingir seus objetivos e transmitir sua 
mensagem, precisa usar diferentes recursos de linguagem. Para tanto, será 
preciso conhecer as estratégias cognitivas, sociointeracionais e textuais. 
 
Como se comunicar com o pessoal? 
Gustavo precisa escrever um comunicado para todos os frequentadores da 
biblioteca onde trabalha, esclarecendo informações sobre como devem 
comportar-se naquele ambiente, prazos e quantidades de livros emprestados, a 
importância da organização, a implantação da busca informatizada, e que 
qualquer dúvida os usuários da biblioteca podem procurar os demais 
funcionários no balcão de informações. Como Gustavo deve escrever esse 
comunicado? Para quais informações ele deve dar prioridade? Que tipo de 
linguagem ele deve utilizar, pois a biblioteca é pública e possui frequentadores 
de diferentes idades? 
 
Gustavo quer se comunicar com as pessoas. Há uma série de informações que 
quer transmitir, mas ele sabe que apenas organizar tudo em um texto não vai, 
necessariamente, atingir seu público, composto por pessoas de diferentes 
idades e interesses. Será preciso usar a linguagem de forma diversificada, para 
que a mensagem dê conta de transmitir o que se quer e, ao mesmo tempo, 
sensibilizar as pessoas. 
 
 
Quando falamos, escrevemos ou lemos, estamos mobilizando uma série de 
estratégias, formas pensadas de usar a linguagem para atingir o objetivo que 
desejamos. Ter maior consciência delas pode nos auxiliar a compor e entender 
melhor os diferentes textos com os quais estabelecemos contato. 
Essas estratégias aparecerão em uma situação de comunicação qualquer, pois, ao 
produzir ou ler um texto, uma fala, estaremos em interação com o outro, nosso 
interlocutor. Portanto, articular a comunicação é importante para todos, tanto os 
que estão produzindo como os que estão tentando compreender uma dada 
mensagem. 
Segundo Ingedore Koch, as estratégias dividem-se em cognitivas, 
sociointeracionais e textuais. 
 
Estratégias cognitivas 
Ao compormos ou lermos um texto, ao ler uma notícia, travar um diálogo etc. 
vamos estabelecendo hipóteses. Imagine uma situação: você precisa escrever 
um relatório. Ao compor o texto, você levará em conta, entre outros aspectos: 
• seu objetivo ao escrever o texto; 
• a quantidade de informação que precisa transmitir; 
• suas crenças, opiniões e atitudes diante das informações. 
Estratégias cognitivas, portanto, é o modo como organizamos as informações 
que nosso texto pretende transmitir. 
 
 
 
 Sugestão: montando um esquema para o texto 
 Uma boa forma de iniciar a produção de um texto é esquematizar alguns itens 
que comporão o formato final. Seguindo as referências dadas anteriormente, 
você pode: 
• indicar seu objetivo central para a escrita do texto; 
• anotar, em itens em sequência, quais informações ou ideias pretende 
desenvolver; 
• anotar os valores, crenças ou atitudes que pretende valorizar em seu texto. 
Observação importante: seu texto não será a fusão pura e simples dessas 
anotações. Elas funcionam apenas como um roteiro para que você tenha 
clareza do que deseja transmitir. 
Da mesma forma que o produtor, o interlocutor também mobiliza estratégias de 
compreensão das mensagens. Portanto, ao estabelecer algum contato com um 
texto, oral ou escrito, o interlocutor também tem: 
• um objetivo para sua audição ou leitura da mensagem; 
• a necessidade de compreender certa quantidade de informações passadas 
pelo texto; 
• suas próprias crenças, valores e atitudes. 
Essas são as estratégias cognitivas do leitor: o modo como ele procura 
compreender o texto. 
 
 
 
 
Sugestão: iniciando o contato com o texto 
Para iniciar o contato com o texto, procurando partir dos três elementos 
anteriormente mencionados, deve-se, a princípio, procurar entender o motivo 
que me leva àquela leitura ou a ouvir aquela fala. Com o objetivo em mente, 
pode-se passar para a observação dealguns elementos, tais como: 
• Títulos; 
• Subtítulos; 
• Imagens; 
• Trechos em destaque (sublinhados, negritados, em itálico, aspas, tamanho e 
tipo de letra etc.); 
• observar referências bibliográficas (se houver); 
• observar índice, sumário (se houver). 
Buscar esses elementos pode ajudar a destacar algumas informações 
essenciais do texto, bem como valores, crenças ou atitudes do produtor da 
mensagem. 
 
Estratégias sociointeracionais 
Só ter clareza de seus objetivos, do conteúdo da mensagem e de valores ou 
crenças não é a única estratégia mobilizada em uma dada situação de 
comunicação. A interação entre pessoas implica também no conhecimento e 
obediência a certas normas socialmente estabelecidas. Alguns exemplos de 
estratégias interacionais são: 
• Atos preparatórios: é preciso preparar o interlocutor para a comunicação que se 
estabelecerá. É preciso, portanto, introduzir o assunto, de tal forma que ele possa 
nos compreender. O interlocutor, por sua vez, também tem a expectativa do ato 
preparatório, pois quer saber de antemão do que se trata a mensagem. 
• Mudanças de tópico: em todo texto, falado ou escrito, é muito comum e esperado 
que haja marcas que indiquem quando o produtor está mudando de tópico. Isso 
 
 
facilita sua própria clareza de raciocínio e ajuda o interlocutor a compreender a 
mensagem. 
 
Observe os elementos negritados no texto a seguir. Eles servem para indicar uma 
mudança de tópico. Isso favorece a clareza entre os interlocutores, facilitando a 
compreensão das ideias. 
Passemos agora a questão do currículo. 
Um primeiro aspecto a ser destacado é a concisão das informações, pois 
ninguém aguenta ler mais do que três páginas de um texto como esse. 
Um segundo aspecto é colocar nome, endereço e telefone logo no início da 
primeira página; caso contrário, será difícil encontrá-lo. 
Um outro aspecto ainda diz respeito à síntese de sua experiência profissional. 
Ela deve ser rápida e destacar as experiências que, de fato, relacionam-se com 
seu objetivo (pense no cargo que almeja com aquele currículo). 
Por fim, eu destacaria a aparência do currículo: bem escrito, bem impresso, bem 
diagramado, enfim, ele é seu cartão de visitas. 
 
• Polidez: é fundamental, em qualquer situação de comunicação, usar formas 
polidas de se dirigir ao outro. Isso indica respeito e pode interferir positiva ou 
negativamente para a compreensão da mensagem. 
 
Uma consultora escreveu o seguinte e-mail para um cliente: 
 
 
 
Senhor XX 
Já pedi mil vezes para que me mande a lista com as cores que gostaria de usar. 
Sem elas, não há como dar andamento a seu projeto. 
Espero retorno, 
Atenciosamente, 
Paula Y 
 
O cliente, certamente, não ficará contente com essa mensagem. Pelo que é 
possível compreender, Paula já havia pedido a lista ao cliente outras vezes e 
não obteve resposta. Isso não dá a ela o direito de usar maneiras pouco 
polidas como “já pedi mil vezes que me mande” (ou seja, está chamando o 
cliente de desligado, no mínimo) ou “sem elas, não há como dar andamento a 
seu projeto” (está dizendo “o interesse é todo seu”). Com essa falta de polidez 
de Paula, as consequências de sua mensagem serão, provavelmente, 
negativas. 
• Negociação: em uma dada situação comunicativa, os interlocutores sempre 
negociam posições, argumentando de acordo com seus pontos de vista. 
 
Estratégias textuais 
 As estratégias textuais estão ligadas ao modo de organização linguística do 
texto. Ao produzirmos ou lermos/ouvirmos uma mensagem, devemos ter em 
mente alguns aspectos ligados à organização de nosso texto (ou que 
ouviremos/ leremos de outra pessoa). 
Em um dado texto, há sempre a combinação de dois fatores: informações 
dadas e informações novas que o texto vai acrescentando. Tanto do ponto de 
vista de quem produz como do ponto de vista de quem lê/ouve, é fundamental 
perceber que os textos conjugam esses dois elementos. Quanto mais clara 
pretende ser a comunicação, maior deve ser o equilíbrio entre o já visto no 
texto e o novo. 
 
 
 
Vamos destacar duas: 
• Formulação: ao expor as informações e ideias, o produtor normalmente insere 
explicações, justificativas, exemplos e ilustrações. Essas inserções não são as 
informações essenciais, mas são formas de explicar melhor sua mensagem. 
Além disso, muitas vezes, o autor do texto corrige ou repara algo que disse. 
Essa correção também é uma estratégia para tornar a mensagem mais clara. 
• Referenciação: são as palavras ou expressões que retomam outras já escritas 
ou faladas, possibilitando que a mensagem seja compreendida pelo leitor. 
Sintetizando... 
 
 
 
As estratégias dividem-se em três grupos: 
a) Cognitivas 
b) Sociointeracionais 
c) Textuais 
Todas elas podem estar presentes no ato comunicativo, tanto do ponto de vista 
de quem produz como do ponto de vista de quem lê/ouve a mensagem. 
Quanto maior a consciência que tivermos dessas estratégias, maior nossa 
capacidade de organizar nossos textos ou compreender os dos outros, uma 
vez que entraremos em uma situação de comunicação qualquer de forma mais 
organizada. 
 
Testando 
Leia as afirmações a seguir, que trazem definições de elementos das três 
estratégias textuais estudadas na Unidade". 
I – Em todo texto, falado ou escrito, é muito comum e esperado que haja marcas 
que indiquem quando o produtor está mudando de assunto. São os atos 
preparatórios. 
II – Em qualquer situação de comunicação, é importante usar formas cortesas de 
se dirigir ao outro. Essa recurso chama-se “Polidez”. 
III – Essas inserções não são as informações essenciais, mas são formas de 
explicar melhor sua mensagem. Trata-se das formulações. 
De acordo com os temas estudados nesta unidade, está correto o que se 
afirma em: 
a) I, apenas. 
b) II, apenas. 
c) III, apenas. 
d) I e II. 
e) II e III. 
 
 
Feedback: Quando, em um texto, falado ou escrito, há marcas que indicam 
quando o produtor está mudando de assunto está dentro da chamada “Mudança 
de tópico”. 
Resumo da unidade 
Nesta unidade, você conheceu as estratégias textuais, que tentam garantir, em 
diferentes aspectos, a comunicação efetiva, a partir da elaboração de um texto, 
que pode ser falado ou escrito. Elas se classificam em cognitivas 
(apresentação das principais ideias), sociointeracionais (recursos linguísticos 
empregados para garantir a adesão de nosso interlocutor) e textuais (garantem 
a fixação das informações principais). 
Referências bibliográficas 
FIORIN, José L. Linguagem e ideologia. São Paulo: Ática, 1997. 
KOCH, Ingedore V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 
2007. 
VAN DIJK, Teun. Cognição, discurso e interação. São Paulo: Contexto, 1999. 
Sites 
http://epealufal.com.br/media/anais/466.PDF – Aqui você encontra uma 
interessante reflexão sobre o caráter sociointerativo da linguagem. 
Vídeos 
http://www.youtube.com/watch?v=8tvzFlzo7wc&list=PLBB61BC5BD4251AE9 – 
Aqui você encontra mais informações sobre estratégias de interação. 
 
http://epealufal.com.br/media/anais/466.PDF
http://www.youtube.com/watch?v=8tvzFlzo7wc&list=PLBB61BC5BD4251AE9
 
 
 
 
 
Comunicação e Expressão 
Unidade 7: Estratégias de leitura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Professora Doutora Débora Mallet Pezarim de Angelo 
 
 
 
Estratégias de leitura 
Nesta unidade, você vai encontrar estratégias de leitura, que podem ser 
utilizadas para ler qualquer gênero textual. Para tanto, será preciso conhecer 
algumas estratégias e compreender a estrutura do resumo, exercício muito 
comum de entendimento de textos. 
 
Introdução da Unidade 
Não estou entendendo... 
Dona Lúcia comprou um tablet, porém, após uma semana de uso, e não estava 
conseguindo entender como usar alguns atalhos. Resolveu, depois de hesitar 
um pouco, ligar na central de atendimento para saber como proceder. O 
atendente explicou, mas eram muitos detalhes. Após algumas

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