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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE NA EXECUÇÃO FISCAL Por: Carla Fernanda de Sá Freire Vivian Orientador Prof. Dr. Jean Alves Rio de Janeiro 2007 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE NA EXECUÇÃO FISCAL Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Processo Civil. Por: Carla Fernanda de Sá Freire Vivian. 3 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Vivian e Fátima, pela estrutura familiar que me proporcionaram, que constitui a base da minha formação profissional, bem como pelo amor e pela dedicação diária. Ao meu irmão por todo amor e cumplicidade que sempre me dedicou. Ao meu marido Mauricio por todos os sentimentos de um casamento abençoado por Deus. Aos todos os meus amigos que de alguma maneira colaboraram para a elaboração da presente monografia. Ao professor Jean Aves, por todas as orientações recebidas durante a elaboração do presente trabalho. 4 DEDICATÓRIA Dedico o presente trabalho aos meus pais, Vivian e Fátima, meu irmão Victor e meu marido Maurício. 5 RESUMO Tem o presente trabalho o objetivo de se demonstrar que está sendo amplamente aceita, dentro do processo de Execução Fiscal, a Exceção de Pré-Executividade, que corresponde a uma forma de defesa indireta através da qual é permitido ao executado se manifestar no processo, sem que haja a necessidade de ter seus bens constritos, já que, se a Lei nº 6.830/80 – Lei de Execuções Fiscais – for seguida fielmente, o único meio de defesa admitido são os Embargos à Execução que, por sua vez, exigem garantia prévia do juízo para oposição, e conseqüentemente, limita a defesa processual daqueles que possuem baixas condições econômicas. Apresentando o instituto a natureza jurídica de defesa, pode-se a partir daí dizer que, a cobrança do crédito da Fazenda Pública segue um procedimento especial, regulado pela Lei 6.830/80. Tal lei apenas prevê como defesa os Embargos à Execução, porém, na prática, com a aplicação do entendimento doutrinário e jurisprudencial e, sob os alicerces dos Princípios Constitucionais, também se admite a Exceção de Pré-Executividade como forma de defesa, o que torna a justiça acessível aos mais carentes. A Exceção de Pré-Executividade é interposta por simples petição e, nela, é possível se alegar matérias que o juiz poderia conhecer de ofício, bem como fatos extintivos, modificativos ou impeditivos do direito do exeqüente, sendo indispensável se dizer que não poderá ser discutida matéria que necessite de dilação probatória. Seu efeito, na prática, é o de suspender a Execução Fiscal e, decidida a Exceção, sendo conhecido ou acolhido o instituto, caberá recurso de Apelação ou Agravo de Instrumento e, não sendo conhecida ou acolhida, caberá Agravo de Instrumento. 6 METODOLOGIA Os métodos que conduziram ao presente trabalho consistiram na leitura de livros de renomados doutrinadores, bem como pesquisas realizadas em Revistas de Direito, artigos jurídicos relacionados ao tema encontrados em sites da Internet, bem como a consulta jurisprudencial e matérias obtidas com amigos. No desenvolvimento do trabalho a opção foi a de fazer a introdução e cada capítulo separadamente, pesquisando-se as matérias referentes a cada etapa também separadamente, para depois se chegar a uma união de todo o trabalho e, conseqüentemente à conclusão. De posse da introdução, dos capítulos e da conclusão, após a leitura de tudo, se passou ao resumo. Importante se faz informar que, para a elaboração desta monografia contei com a ajuda de amigos que cederam livros para minha pesquisa, bem como também adquiri obras em livrarias, sem contar com o material consultado na Internet, como já falado anteriormente, bem como em bibliotecas. Além de todo material colhido, busquei também aplicar, no desenvolvimento de meu trabalho, a experiência por mim adquirida, na Vara de Execução Fiscal na qual trabalho, onde posso verificar, na prática, a aplicação do instituto em estudo. SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I - Execução Fiscal 13 1.1 Do Título Executivo Extrajudicial: A Certidão da Dívida Ativa 13 1.2 Considerações sobre o Processo de Execução Fiscal 15 CAPÍTULO II - A Exceção de Pré-Executividade à luz dos Princípios Constitucionais 19 2.1 Princípio do Devido Processo Legal 21 2.2 Princípio do Acesso à Justiça 24 2.3 Princípio da Isonomia 26 CAPÍTULO III - Exceção de Pré-Executividade 28 3.1 Instrumentos de Defesa do Executado 28 3.1.1 Embargos à Execução 28 3.1.2 Exceção de Pré-Executividade: Considerações Iniciais da Forma de Defesa 31 3.2 A Evolução Histórica da Exceção de Pré-Executividade 32 3.3 Opção Terminológica 34 3.4 Natureza Jurídica da Exceção de Pré-Executividade 36 3.5 Da interposição da Exceção de Pré-Executividade na Execução Fiscal 37 3.6 Dos Efeitos do Recebimento e da Rejeição da Exceção de Pré-Executividade na Execução Fiscal 40 3.7 Recursos Cabíveis em matéria de Execução Fiscal 42 3.8 Honorários Advocatícios 42 CAPÍTULO IV – Considerações sobre a Reforma do Código de Processo Civil 44 8 CONCLUSÃO 50 ANEXOS 55 BIBLIOGRAFIA 65 FOLHA DE AVALIAÇÃO 67 9 INTRODUÇÃO O objetivo do presente trabalho é o estudo da aplicação da Exceção de Pré-Executividade nos processos em que a Execução é promovida pela Fazenda Pública, com base na Lei nº 6.830/80 – Lei de Execuções Fiscais. Diante da necessidade que possui o executado de se defender na esfera do Judiciário sem que haja a garantia prévia do juízo, o instituto da Exceção de Pré-Executividade tem sido usado, freqüentemente, sendo ele oriundo de uma construção da Doutrina e da Jurisprudência. Nos processos de Execução Fiscal, que correspondem à base da presente monografia, o título executivo correspondente é a Certidão da Dívida Ativa da Fazenda Pública, que por sua vez é constituído pela Procuradoria da Fazenda de forma unilateral e, é um título extrajudicial. A Lei de Execução Fiscal estabelece em seu artigo 2º, parágrafo 5º, diversos requisitos que devem ser obedecidos no momento da formação do Termo de Inscrição de Dívida Ativa, sendo certo que os elementos destes requisitos devem estar reproduzidos na Certidão da Dívida Ativa, conforme reza o parágrafo 6º do referido artigo. Como conseqüência de ser o título executivo constituído de forma unilateral, pode ocorrer a indevida inscrição de créditos tributários pela Fazenda Nacional, o que poderá causar grandes prejuízos aos contribuintes, levando-os, muitas vezes, à ruína econômica e, por conseqüência, nos casos de ser o contribuinte pessoa jurídica, a um desastre social, gerado pelo desemprego oriundo da ruína da empresa. Cabe lembrar ainda que, em razão da unilateralidade da constituição do titulo executivo, existe uma superioridade do sujeito ativo que, no entanto, só pode fazer o que é autorizado por lei e que, a relação se constitui 10 independentemente da vontade do sujeito passivo. Diferente do que ocorre com os outros títulos executivos extrajudiciais (a Certidão da Dívida Ativa, como já dito, corresponde a um título extrajudicial), que possuem, como origem, umacertamento entre as partes, no título executivo fiscal, nem sempre existe o consenso sobre o seu conteúdo jurídico, visto que, decorre de ato unilateral, como já dito anteriormente. A matéria em questão, tem por base um crédito indisponível, visto que tutela o interesse público, tendo disposição expressa na Lei de Execução Fiscal, a necessidade de garantia prévia do juízo para oposição dos Embargos à Execução, único meio legal previsto para a defesa do executado. A partir desta exigência é que entra em discussão a aplicação da Exceção de Pré- Executividade como um meio a ser utilizado pelo executado, nos executivos fiscais, para se defender sem ter que cumprir a exigência legal de garantir previamente o juízo. É importante esclarecer, já em um primeiro momento, que desde a época do final do Império (1888), têm-se notícia de dispositivos legais permitindo a defesa do executado sem uma garantia prévia do juízo, isto, em situações específicas e pré-determinadas. No entanto, o marco que tornou o instituto célebre no Direito Brasileiro, foi o famoso parecer nº95 de Pontes de Miranda, no caso Mannesmann, em 1966, onde, dentro do próprio processo de execução, foi realizada a defesa do devedor sem que houvesse a garantia do juízo, em que foi alegada a falsidade dos títulos que embasavam a execução. A falta da existência do instituto Exceção de Pré-Executividade, impediria o devedor de exercer os direitos fundamentais referentes ao devido processo legal, garantidos constitucionalmente, já que não haveria outra forma de desconstituir o título executivo eivado de vício, que não fossem os Embargos à Execução, única forma de defesa prevista na Lei de Execução Fiscal. O devedor teria seus bens constritos em situações em que seu direito 11 poderia ser reconhecido de plano. No decorrer do presente trabalho, em um primeiro capítulo, serão abordados, de uma forma geral, aspectos indispensáveis à discussão do tema escolhido, estes, referentes ao processo de execução fiscal, no qual, dentre outras, serão feitas considerações primordiais sobre o título executivo extrajudicial que dá origem ao Processo de Execução Fiscal, que é a Certidão da Dívida Ativa. É de se considerar de suma importância um breve estudo sobre o processo de execução fiscal para que se torne possível entender a aplicação do instituto da Exceção de Pré- Executividade dentro do mesmo. No segundo capítulo será abordada a aplicação do instituto da Exceção de pré-executividade à luz dos princípios constitucionais, que asseguram a todos, dentre outros, o devido processo legal, com o direito ao contraditório e à ampla defesa. Será feito um breve comentário da fase instrumentalista do Processo Civil, bem como outras considerações importantes. O terceiro capítulo abordará a Exceção de Pré-Executividade em si, assim como suas peculiaridades, apresentando também o instrumento de defesa do executado que está previsto na Lei de Execuções Fiscais, a Lei 6.830/80, que são os Embargos à Execução, para que se possa observar, através de comparações, as vantagens trazidas pelo instituto para o executado, sem condições financeiras, bem como para uma maior celeridade processual e para que não haja um prosseguimento de uma Execução Fiscal injusta. Nesta oportunidade ocorrerá uma análise substancial dos instrumentos de defesa disponíveis para o executado, sendo aprofundado o estudo da Exceção de Pré-Executividade com todas as considerações importantes sobre o tema tais como: a evolução histórica; a terminologia; a natureza jurídica; a interposição; os efeitos do recebimento e da rejeição; os recursos cabíveis, bem como a figura dos honorários advocatícios diante da Exceção. 12 No quarto capítulo serão apreciadas considerações atuais sobre o tema, diante da reforma do Código de Processo Civil, que trouxe importantes modificações, principalmente, acerca da Execução comum. Veremos nesta fase a aplicação da Exceção de Pré-Executividade em razão das modificações. Por fim, se passará à fase de conclusão do presente trabalho, demonstrando as considerações que mereceram maior destaque no estudo do tema em questão. É importante informar, desde já, que para elaboração da presente monografia foram realizadas pesquisas jurisprudências e doutrinárias, bem como em artigos jurídicos existentes em sites da Internet, bem como em revistas especializadas de direito e obras de renomados autores. CAPÍTULO I EXECUÇÃO FISCAL 13 1.1 Do título executivo extrajudicial: A certidão da dívida ativa De acordo com o que dispõe o artigo 201 do Código Tributário Nacional, constitui a divida ativa tributária, aquela que é proveniente de um crédito desta natureza, cuja inscrição é regular na repartição administrativa competente, sendo que tal inscrição é feita depois que se esgota o prazo para pagamento fixado por Lei ou por decisão proferida em processo regular. O crédito tributário é levado à inscrição depois de constituído definitivamente. A inscrição em dívida ativa pressupõe que o crédito se encontra constituído de forma regular e definitiva. É importante saber que a inscrição é feita por meio de um termo que deve ser lavrado em livro próprio, extraindo a autoridade competente a respectiva certidão. Reza o artigo 585, inciso VII do Código de Processo Civil, que a Certidão da Dívida Ativa da Fazenda Pública da União, Estado, Distrito Federal, Território e Município corresponde a um título executivo extrajudicial, que, por sua, vez representa os créditos pertencentes à Fazenda, inscritos na forma da Lei. Corresponde a Certidão da Dívida Ativa, ao documento hábil para se ajuizar os executivos fiscais e, goza tal documento, de presunção relativa de certeza e liquidez, razão pela qual, para que se torne exeqüível, deva obedecer a requisitos determinados em lei. Com base nas definições acima, passamos ao rito em si, onde se pode afirmar que a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública possui um rito próprio, este, regulado pela Lei nº 6.830/80 – conhecida como Lei de Execução Fiscal. Importante se faz dizer que, constitui privilégio da Fazenda Nacional, o 14 fato de ser o título executivo que originará o Processo de Execução Fiscal, constituído de forma unilateral e que, o mesmo, possui presunção relativa de certeza e liquidez. A justificativa para tal privilégio decorre do fato de que a obrigação do constituinte deriva de um dever legal, que se origina a partir de situações pré-definidas em Lei e, às quais, não pode o contribuinte se furtar, o que ocorre em razão da supremacia do interesse público em detrimento do individual. Como o devedor/contribuinte não participa da formação do título, a validade do mesmo fica vinculada ao procedimento administrativo que o criou.1 A Inscrição em Dívida Ativa cria e torna perfeito o título executivo, enquanto que a Certidão de Inscrição constitui o documento hábil a aparelhar uma ação nos termos da Lei de Execução Fiscal, melhor dizendo, a CDA é obtida a partir de dados contidos no Termo de Inscrição. Importante se faz notar que tal inscrição confere à Fazenda Pública o poder de formar uma prova pré-constituída, isto é, ocorre uma inversão do ônus da prova (exceção à regra), vez que neste caso, será o executado/réu que deverá provar que a dívida em questão não existe ou que é eivada de alguma irregularidade.2 Assim sendo, como explica Luiz Emygdio F. da Rosa Júnior, não realizando o sujeito passivo da obrigação tributária o pagamento do tributo dentro do prazo fixado em Lei, o sujeito ativo, que é o credor, pode compelí-lo judicialmente a cumprir a prestação, isto, através de um processo de execução.3 A partir do conceito base do presente trabalho que é o de definiçãodo título executivo extrajudicial, que lastreará o processo de execução fiscal, passa-se a descrever o processo em si que é regulado pela Lei 6.830/80 e, assim, será possível o estudo do emprego da Exceção de Pré-Executividade 1 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. v. 2, 36. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 140-141. 2 RODRIGUES, Cláudia. O título executivo na execução da dívida ativa da fazenda pública. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 152-154. 3 ROSA JÚNIOR, Luiz Emygdio F. da. Manual de direito financeiro e direito tributário. 18. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2005. p. 768. 15 dentro dos processos de Execução Fiscal. 1.2 Considerações sobre o processo de Execução Fiscal Em um primeiro momento, o processo de Execução Fiscal era regulado pelo Decreto-Lei 960, de 17 de dezembro de 1938, contemporâneo do Código de Processo Civil de 1939. Com o surgimento do atual Código de Processo Civil, assim como as posteriores alterações, a inscrição da dívida ativa das pessoas jurídicas de direito público, encontra-se contemplada no rol dos títulos executivos extrajudiciais (artigo 585. VII do CPC) e, no que tange à competência, o artigo 578 do CPC determinou ser o foro do domicílio do réu, o competente para a propositura da ação de execução fiscal e, se não o tiver, no de sua residência ou, no do lugar onde for encontrado. Assim sendo, o Decreto Lei 960 passou a ser considerado ab-rogado na parte processual e a execução fiscal passou a ser estudada pelo sistema no novo Código de Processo Civil. Em 22 de setembro de 1980, foi publicada a Lei 6.830/80, que passou a regular a partir de um rito especial, a execução fiscal, sendo assim, a partir deste momento, utilizado o Código de Processo Civil apenas subsidiariamente, conforme inclusive, dispõe o artigo 1º da Lei de Execução Fiscal. O rito especial compreendido pela Lei nº 6830/80, aplica-se tão somente às execuções por quantia certa que apresentam no, pólo ativo, uma pessoa jurídica de direito público, isto é, específicas para a cobrança de créditos atribuídos por Lei como pertencentes à Fazenda Pública (a nível federal, estadual, distrital, municipal, suas respectivas autarquias, bem como as fundações públicas, conforme entendimento jurisprudencial dominante) e, no pólo passivo, os sujeitos elencados no artigo 4º da Lei de Execuções Fiscais. A inscrição da dívida ativa, nos termos da Lei de Execução Fiscal, pode ser tributária ou não tributária, sendo a tributária, proveniente da 16 obrigação legal relativa a tributos e seus respectivos adicionais e, a não- tributária, resultante das demais obrigações. Nos dois tipos serão incluídos todos os acréscimos incidentes sobre a prestação originalmente devida à Fazenda Pública, com os juros, a multa e demais encargos.4 Nesta linha se pode dizer mais uma vez que, a dívida ativa, deriva de um crédito, regularmente inscrito na repartição administrativa competente, depois que se esgota o prazo fixado para o pagamento do mesmo seja por lei, seja por decisão final proferida em um processo que tramitou regularmente. Quando um contribuinte é inscrito em dívida ativa, com base nos dispositivos legais que lastreiam o processo administrativo fiscal, a partir de um ato administrativo, é que se tem a criação do título hábil para embasar a ação de Execução Fiscal. A CDA – Certidão da Dívida ativa, conforme reza o artigo 2º, parágrafo 6º da Lei 6.830/80 – LEF, conterá os mesmos termos da inscrição, diferençando pela autenticação do auto competente. As particularidades da Certidão da Dívida Ativa já foram mencionadas anteriormente. A petição inicial do processo de execução fiscal conterá a Certidão da Dívida Ativa, podendo constituir um só documento, conforme dispõe o artigo 6º, parágrafos 2º da LEF e, no que diz respeito à produção de provas, conforme o parágrafo 3º da referida lei, não existe a necessidade de serem requeridas na petição inicial, podendo ocorrer a produção, independente de tal fato. Após o ajuizamento da ação de execução fiscal no foro competente e sua posterior distribuição, passa-se à fase da apreciação da mesma pelo juiz, onde haverá um despacho inicial, em que o deferimento da inicial importará em uma ordem de citação do Executado/Devedor, nos termos do artigo 8º da LEF. 4 LOPES, Mauro Luís Rocha. Processo judicial tributário - execução fiscal e ações tributárias. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumem Juris, 2005, p.10. 17 O Executado, devidamente citado, terá o prazo de cinco dias para pagar – o que terá por conseqüência a extinção do processo – ou garantir o juízo, mediante fiança bancária ou depósito, ou ainda, indicar bens à penhora suficientes para garantir a satisfação da dívida em sua integralidade. Decorridos os cinco dias previstos em Lei para que haja alguma manifestação do executado, ficando o mesmo inerte, será feita a penhora de bens do mesmo. No dizer de Hugo de Brito Machado, findo o prazo, será feita a penhora de qualquer bem do executado, excetuando-se, no entanto, aqueles declarados absolutamente impenhoráveis por Lei.5 De acordo com o previsto na Lei de Execuções Fiscais, a única forma prevista para a defesa do executado que teve seus bens, de alguma forma, constritos, são os Embargos à Execução, que serão opostos através de um processo autônomo. Apesar de, serem os Embargos à Execução, a única forma de defesa prevista na LEF, não constituem a única alternativa. Neste sentido, Sandro Gilbert Martins afirma que a defesa do executado pode se dividir, de uma forma geral, em dois grupos: a defesa própria e a defesa imprópria, tendo-se como critério de distinção a exigência de regramento específico de cada forma. Na defesa própria, têm-se os Embargos À Execução – identificados como defesa incidental – e, a impugnação ao cumprimento de sentença (modalidade de defesa prevista no Projeto de Lei 3.252 da Câmara dos Deputados, que recebeu o nº52/2007 no Senado, de acordo com a edição doutrinária consultada, e que, atualmente, já existe previsão legal, fazendo parte do texto legal do CPC). Já na defesa imprópria tem-se a Exceção de Pré- Executividade, chamada de defesa endoprocessual, e as ações autônomas e prejudiciais à execução ou defesa heterotópica.6 5 MACHADO, Hugo de Brito, Curso de direito tributário. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 1997 , p. 345. 6 MARTINS, Sandro Gilbert. A defesa do executado por meio de ações autônomas – defesa heterotópica. 2. ed. São Paulo: RT, 2005. p. 112. 18 Pode-se informar ainda, uma outra peculiaridade da execução fiscal que é a permissão contida no artigo 9º, em seu parágrafo primeiro, onde um terceiro pode oferecer bens para garantir a dívida do executado. Com o objetivo de se chegar à fase de aplicação do tema central do presente trabalho, a Exceção de Pré-Executividade, foram feitas, acima, algumas considerações importantes relativas ao processo de execução fiscal, o que se permitirá um entendimento maior sobre o que será estudado nos próximos capítulos, que abordarão, dentre outras matérias, os Princípios Constitucionais que servem de alicerce para a defesa imprópria, denominada Exceção de Pré-Executividade em todas as suas peculiaridades, cuja aplicação no Processo de Execução Fiscal está cada vez mais presente, visto dispensar a garantia do juízo exigida pela Lei de Execução Fiscal. Em capítulo próprio destinado ao instituto em si, será feito um estudo mais detalhado sobre a defesa própria conhecida como Embargos à Execução. CAPÍTULO II A EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE À LUZ DOS PRINCIPÍOS CONSTITUCIONAIS Como já visto, anteriormente, no presente trabalho,o meio judicial que a Fazenda Pública dispõe para efetivar a cobrança de seus créditos, corresponde à já mencionada Ação de Execução Fiscal, créditos estes, que são constituídos de uma forma um tanto quanto privilegiada em relação aos contribuintes, tendo-se por base, a finalidade maior, que é o asseguramento da 19 função estatal. Em conseqüência disto, por mais legais que sejam os atos, eles são constituídos de forma unilateral, o que muitas vezes, pode entrar em confronto com os direitos dos contribuintes como indivíduos, tendo em vista que, a autoridade administrativa, também está passível de cometer erros, ou até mesmo excessos, que podem trazer graves prejuízos aos contribuintes que se encontram em uma posição de total sujeição perante a Fazenda. Partindo-se para uma breve análise das fases pelas quais o Processo Civil já passou, pode-se dizer que, em uma primeira fase, conhecida como autonomista, foram sistematizados os principais institutos processuais. Após a fase autonomista, sob a inspiração da obra de Cândido Rangel Dinamarco, conhecida por “ A Instrumentalidade do Processo” passou-se a chamada fase instrumentalista, na qual, o processo se apresenta como um instrumento do direito material, onde a importância maior está nos resultados, ou, o que se objetiva, é que seja atendida a finalidade do processo, buncando-se para isto meios mais céleres e, se primando por uma economia processual. A Fase instrumentalista corresponde à que estamos vivendo, atualmente, porém, já existem processualistas que dizem que já existe uma nova fase, conhecida como utilitarista, na qual o processo civil tem que ser útil em seus resultados. Os processualistas, atualmente, não possuem mais uma visão apenas interna do processo, ou seja, voltada apenas para a aplicação da norma material ao caso concreto, mas, passaram a ver o processo sobre vários ângulos externos, com a finalidade de cumprir suas funções sociais, políticas, bem como as jurídicas, estudando sempre os resultados das decisões junto aos jurisdicionados, tendo em vista que o processo corresponde ao meio de acesso a uma ordem justa, funcionando, portanto como um instrumento que possui como fim maior servir ao Estado, bem como à sociedade.7 7 NOLASCO, Rita Dias. Exceção de pré-executividade. 2. ed. São Paulo: Método, 2004, p. 28-29. 20 Apesar de o Processo Civil, assim como outros ramos do Direito, sofrerem constantes inovações, estas, beneficiam em uma escala muito maior o autor, que em matéria de execução fiscal, é o exequente, do que o réu, que figura no pólo passivo da ação como executado. A partir da Constituição de 1988 é que o devedor passou a ter maiores benefícios processuais, visto que a mesma estabeleceu princípios e garantias que devem ser respeitados pelas normas infraconstitucionais e, apesar de ser a Constituição de 1988 posterior à Lei de Execuções Fiscais, que constitui foco do presente trabalho, é primordial e imperioso, que o sistema processual esteja em perfeita consonância com os princípios trazidos pela Magna Carta. Assim sendo, paralelamente ao fato de buscar satisfazer o crédito da Fazenda Pública, surge, com base nos Princípios Constitucionais oriundos da CR/ 88, a necessidade de respeito incondicional aos mesmos, perante o sistema de garantias da relação tributária. Neste sentido, nota-se que a doutrina moderna tem dado ênfase à análise da ordem processual à luz da Constituição, apontando para o estudo dos institutos processuais perante o sistema do ordenamento constitucional, e não mais na esfera fechada do processo. O que se busca, atualmente, é a tutela constitucional do processo que ganha vida a partir dos princípios e garantias constitucionais que fazem com que sistema processual respeite à ordem político-constitucional brasileira. Os princípios constitucionais constituem fonte para todos os ramos do direito, sendo norteadores da aplicação de toda atividade jurisdicional e que, portanto, embasam perfeitamente o instituto da Exceção de Pré-Executividade, ora em estudo. 21 Neste capítulo, será feita uma breve análise dos princípios que norteiam a Exceção de Pré-Executividade como se verá em seu desenvolvimento. 2.1 Princípio do devido processo legal É possível se dizer que, hodiernamente, o processo possui como uma de suas bases fundamentais o Princípio do Devido Processo Legal, através do qual, se torna possível que as partes aleguem em juízo as razões pelas quais estão litigando. Importante se faz mencionar que, tal princípio tem sua origem na Inglaterra, no reinado de João Sem-Terra, responsável por um governo extremamente tirânico, que aumentou excessivamente os tributos na época, bem como impôs outros absurdos. Tais absurdos, geraram uma reação por partes dos chamados barões, no ano de 1215, que foram responsáveis pela elaboração de uma declaração de direitos que ficou conhecida como Magna Carta, declaração esta, que o rei foi obrigado a assinar. Existia na Magna Carta uma norma que determinava que a pessoa tinha direito de ser julgada pelos seus pares de acordo com a lei da terra “the law of the land”, lei que deveria estar de acordo com a tradição, valores, costumes, enfim de acordo com a Common Law. Ressalta-se que, ficou demonstrado, pela primeira vez que, ninguém pode estar acima da lei por mais poder que tivesse, tendo em vista que, neste momento, ficou assegurado o devido processo legal como regra absoluta a ser observada. Tem-se aí, a essência da liberdade individual frente à lei, já que o texto da Magna Carta dizia que ninguém perderia a vida ou a liberdade, bem como não seria 22 desprovido de seus direitos ou bens, salvo pelo julgamento de seus pares, conforme já dito anteriormente.8 No Direito Brasileiro, antes da Constituição de 1988 o princípio do devido processo legal se mostrou presente, apenas de forma nebulosa, vaga ou imprecisa, na grande maioria, ligada à área criminal. Com o advento da Constituição de 1988, pela primeira vez na história do direito constitucional brasileiro, se previu expressamente o princípio do devido processo legal, no artigo 5º, inciso LIV, complementado pelo inciso LV, onde são assegurados o contraditório e a ampla defesa, onde se garantiu um processo justo, baseado nos ditames constitucionais.9 Nos dias atuais não se permite mais que se dê continuidade a um processo onde a parte é obstada a se manifestar. Levando-se para o campo da Execução Fiscal, o fato de se impedir uma discussão, no que tange à legitimidade da cobrança do título executivo extrajudicial que, no caso é a CDA, significaria entrar em confronto direto às garantias constitucionais, tendo em vista que a Fazenda Pública está sujeita a erros, não podendo garantir uma eficiência total no ajuizamento das ações de execução fiscal. O que se vê, é que existem inúmeros casos de Execuções Fiscais ajuizadas de maneira indevida, o que se leva à conclusão de que, seria muito grave e injusto, se defender a idéia de impedir uma manifestação do contribuinte considerado devedor antes de ter seu patrimônio atingido, isto, levando-se em consideração uma obediência cega à previsão legal que exige garantia do juízo para se opor a uma execução fiscal injusta através de Embargos à Execução. 8 VON RONDOW, Cristian de Sales. Devido processo legal à luz do acesso à justiça como garantia constitucional do autor e do réu. On line. Capturado em 22 julho. 2007. Disponível na Internet: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2939. 9 Ibidem. http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=293923 Atualmente, o executado não é considerado apenas como o sujeito passivo da relação processual, podendo o mesmo, exercer em todas as fases processuais o direito do contraditório, garantido constitucionalmente, uma vez que tal garantia se aplica indistintamente em qualquer categoria de processo, existido até mesmo doutrinadores, como Nelson Nery Júnior, que admitem que tal garantia incida até mesmo nos processos de jurisdição voluntária.10 A necessidade de se respeitar tais princípios em matéria de execução fiscal se torna mais evidente, tendo em vista que o título executivo extrajudicial que embasa a ação é constituído de forma unilateral, não tendo o contribuinte, portanto, qualquer participação na formação do mesmo, o que o coloca em uma posição totalmente desprivilegiada em relação à Fazenda Pública. É possível se verificar, neste sentido, que não existe o devido processo legal quanto existe vício processual pretérito que tornem os atos posteriores eivados de arbitrariedade e ilegalidade, como acontece nos casos que se exige do executado que haja a garantia prévia do juízo para que se defenda nos processos de execução fiscal que não tenha pressuposto processual. Importante se faz dizer que, fica claro que, não tendo o executado a oportunidade de se defender em juízo, em uma execução fiscal que pode ser injusta, sem que haja uma garantia prévia, se consumará um ato de total inconstitucionalidade, diante do artigo 5º, inciso LIV da Constituição Federal de 1988. Tem se aí a solução para que não haja uma possível ilegalidade ou arbitrariedade que é a aplicação do instituto da Exceção de Pré-Executividade, objeto do presente estudo. Partindo-se da ótica da aplicação da Exceção de Pré-Executividade, através da qual o executado pode apresentar sua defesa sem que haja uma prévia garantia do juízo e, por conseqüência, sem que seu patrimônio seja injustamente atingido, é que direcionou Donald Armelin a afirmar que a 10 NOLASCO, Rita Dias, op. cit., p. 131. 24 aceitação da Exceção de Pré-Executividade contribuiu consideravelmente para a implementação de um contraditório indiscutível no processo executivo, tal qual o fiscal, mesmo que sem uma devida limitação do âmbito da sua utilização.11 Neste sentido, é importante assinalar que, o exeqüente não deve obter mais do que lhe é devido, sob este prisma, ao executado não se deve estabelecer privações maiores do que ele pode suportar, ou seja, como um executado desprovido de boas condições financeiras poderia se defender de uma execução fiscal injusta não tendo, o mesmo, bens para ofertar em garantia do juízo, com o objetivo de se defender. O direito de ambos, seja o executado, seja a Fazenda Publica, deve ser respeitado, o que é possível se garantido o contraditório e a ampla defesa, para que haja a mais lídima justiça. 2.2 Princípio do acesso à justiça Aqui se estudará o princípio garantido no art. 5º, inc. XXXV da CR/88. Como já visto o devido processo legal, faz com que o processo em si mesmo, já se torne uma garantia fundamental, porém, se faz necessário se garantir o acesso ao processo, ou seja, é necessário se ter o acesso à justiça para que se obtenha a tutela jurisdicional que se pretende. O acesso à justiça, garantido formalmente pela Constituição de 1988, está atrelado a uma série de requisitos, isto é, se exige o respeito às normas processuais que garantem um tratamento pautado na isonomia dos sujeitos parciais do processo. O processo deve ser manipulado de maneira que, propicie às partes, o acesso à justiça de maneira igual para todos, porém, nota-se a existência de alguns empecilhos, principalmente econômicos, tendo 11 ARMELIN, Donaldo apud NOLASCO, Rita Dias, op. cit., p. 138. 25 em vista o custo do processo que causa aos que possuem um baixo poder aquisitivo uma dificuldade maior para se atingir a tutela jurisdicional.12 O artigo 5º, inciso XXXV da CR/88 que dispõe que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, conceituando assim, o Princípio da Inafastabilidade da Tutela Jurisdicional e garantindo a todos, pelo menos na teoria, o acesso à justiça, na prática, apresenta alguns entraves, principalmente no que diz respeito à capacidade sócio-econômica dos jurisdicionados. Sob esta ótica, em determinadas situações, o devedor, apesar das garantias constitucionais, fica impossibilitado de exercer seus direitos fundamentais, tendo em vista que, não se teria como desconstituir o título executivo nulo ou com excesso de cobrança, bem como, se atacar outras formas de irregularidades, se fosse prevalecida a exigência de se segurar previamente o juízo para uma posterior defesa, ou seja, se não houvesse o instituto da Exceção de Pré-Executividade, muitos ficariam impedidos de se defender. Privar o devedor de seus bens para se defender de uma execução injusta seria uma total crueldade diante da possibilidade de um reconhecimento de plano de suas pretensas alegações em uma defesa através da Exceção de Pré-Executividade, defesa através da qual o executado não precisa possuir bens para provar a injustiça cometida contra ele. Se o executado consegue demonstrar, de plano, a ilegalidade da execução fiscal proposta contra ele pela Fazenda Pública, via Exceção de Pré-Executividade, não existe motivo para se dar continuidade ao processo. Se torna incoerente se exigir que executado sofra alguma restrição para que, a partir de então, suas alegações sejam apreciadas por um processo muito mais complexo e demorado, ou seja, pela analise dos Embargos à Execução, quando tudo poderia ser solucionado de forma mais célere, 12 NOLASCO, Rita Dias, op.cit.,p.38. 26 buscando se com isso a efetividade do Princípio da Economia Processual e o Princípio da Efetividade do Processo. Por fim, em uma análise conclusiva do acesso à justiça, para que haja a garantia plena do mesmo, se faz necessário, além de uma referencia à acessibilidade econômica, como no caso de uma assistência judiciária gratuita, também se mostra necessário o direito a uma defesa técnica e a uma igualdade substancial, o que torna possível um equilíbrio do contraditório e de uma paridade real entre as partes.13 2.3 Princípio da isonomia No que se refere a Princípio da Isonomia ou Igualdade garantido pela Constituição de 1988, se pode dizer que, no tocante à Lei de Execuções Fiscais, objeto do presente trabalho, já que está sendo demonstrada a aplicação da Exceção de Pré-Executividade em matéria de Execução fiscal, se faz necessário demonstrar que tal lei concedeu vários privilégios à Fazenda Pública em detrimento do contribuinte devedor, o que acabou por contribuir para um desequilíbrio muito grande diante da relação formada entre o credor e o devedor, visto que, de fato, o devedor, diante de tal lei encontra se em uma posição claramente inferior. Em situações peculiares às execuções fiscais, é notório o desrespeito ao princípio da igualdade, visto que algumas permissões tais como, a possibilidade de citação ficta do executado, a permissão para a Fazenda pública de requerer a substituição do bem penhorado, a falta de sucumbência para os executivos fiscais, dentre outras situações, demonstram tais diferenças.14 13 TUCCI, Rogério Lauria e CRUZ E TUCCI, José Rogério, apud NOLASCO, Rita Dias, op. cit., p. 40. 14 MARINS, James, Direito processual tributário brasileiro. 3. ed. São Paulo: Dialética, 2003, p. 650- 651. 27 Diante de tais desigualdades, ou seja, ofensas diretas a um princípio constitucional, se faz necessária e indispensável, a existênciade uma forma de defesa que permita ao executado de se aproximar o mínimo que seja da posição privilegiada do exeqüente, principalmente em ralação às matérias que podem ser conhecidas de ofício pelo juiz. Mostra-se, mais uma vez presente, a necessidade da utilização da Exceção de Pré-Executividade frente a aplicação do princípio constitucional da Isonomia ou Igualdade. Assim sendo, após breves considerações sobre os Princípios que servem como alicerces para a aplicação do instituto da Exceção de Pré- Executividade, se passa, no capítulo próximo ao estudo detalhado do tema. CAPÍTULO III EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE 3.1 Instrumentos de defesa do executado 3.1.1. Embargos à Execução Em sede de Execução Fiscal, a defesa do executado, possui, como regra, a forma de Embargos à Execução, na qual, de acordo com o artigo 16, parágrafo 2º, da Lei nº 6830/80, deverá ser alegada toda a matéria útil à defesa do devedor e que, com base no parágrafo primeiro do citado 28 artigo, deverão ser opostos após a garantia do juízo. No intuito de se passar algumas considerações importantes acerca da defesa, considerada por grande parte da doutrina como própria, chamada Embargos à Execução, pode-se dizer que um grande inconveniente desta forma de defesa se faz presente na medida em que está condicionada à garantia prévia do juízo nas hipóteses previstas no art. 16 da Lei 6830/80, o que impossibilita o Executado sem condições financeiras de se opor a uma execução injusta, como ocorre, por exemplo, no caso de uma empresa de pequeno porte que é executada por uma quantia exorbitante, resultante de um erro de cálculo da Receita Federal. Segundo Mauro Luis da Rocha Lopes, Os Embargos à Execução “tem como natureza de ação autônoma constitutivo-negativa, pois que visam à desconstituição total ou parcial do título executivo (termo de inscrição em dívida ativa), materializado na CDA “.15 De acordo com Liebmam, ensejam uma relação processual distinta da executória, porém que é dependente dela de tal maneira que pode influenciar de maneira decisiva no processo principal, modificando-lhe o âmbito ou até mesmo produzindo sua anulação ou seu término.16 A doutrina majoritária segue a posição acima descrita, porém, existem aqueles que atribuem aos Embargos à Execução, a natureza de prejudicial, bem como outros que atribuem a eles até mesmo a natureza de contestação. Em uma brilhante colocação, Sandro Gilbert Martins reconhece que os Embargos à Execução possuem a natureza de ação, porém assevera que o conteúdo desta é materialmente defesa.17 No que tange ao prazo para oposição dos Embargos à Execução, 15 LOPES, Mauro Luís Rocha, op.cit, p. 117. 16 LIEBMAN, Enrico Tullio. Processo de execução. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1986, p. 66. 17 MARTINS, Sandro Gilbert, op. cit., p. 136. 29 estabelece a LEF, em seu artigo 16, incisos I, II, e III, que é de trinta dias, contados do depósito, da juntada da prova de fiança bancária ou da intimação da penhora, ou seja, de todas as maneiras, o juízo tem que estar garantido. Tal prazo é peremptório e, se decorrido sem que haja a oposição dos embargos, ocorrerá a preclusão temporal. Tem-se aí, uma grande desvantagem em relação à Exceção, visto que, a mesma, via de regra, pode ser interposta a qualquer tempo, como será visto posteriormente. Ainda a respeito dos Embargos, se faz importante informar que, de acordo com o artigo 739 – A, do Código de Processo Civil, que foi incluído pela Lei nº 11.382, de 2006, os embargos do executado não terão efeito suspensivo e, conforme dispõe seu parágrafo 1º “ O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes”. Assim sendo, se os Embargos forem recebidos com efeito suspensivo, farão cessar qualquer ato executório nos autos da execução fiscal. Neste sentido, se pode afirmar que durante a vigência do artigo 739, parágrafo 1º do Código de Processo Civil que foi revogado, os Embargos à Execução, mesmo que em matéria de Execução Fiscal, tinham efeito suspensivo logo que opostos, isto porque, como a Lei 6.830/80 é silente no que tange a matéria, aplica-se, subsidiariamente, o Código de Processo Civil. Tendo em vista a alteração trazida pela Lei. 11.382/06 que acrescentou o artigo 739-A ao Código de Processo Civil, tem-se, atualmente, a situação já exposta no tocante a matéria de suspensão, isto pelo fato de que, a partir de então o art 739-A é aplicado subsidiariamente em matéria regulada pela LEF. No que tange aos legitimados para a propositura dos embargos, estão eles dispostos na Lei de Execuções Fiscais, em seu artigo 4º e incisos. O executado que na execução fiscal ocupava a posição de sujeito passivo, nos 30 embargos passa a ocupar o pólo ativo como embargante e, o exeqüente passará a figura de embargado, ou seja, irá figurar no pólo passivo da ação dos embargos. Importante se faz destacar, por fim que, nos embargos opostos em um processo de execução fiscal, não havendo impugnação dos mesmos, não irá se operar a figura da revelia, tendo em vista a natureza indisponível da dívida em questão, isto, porque os créditos são da Fazenda Pública. Assim sendo, após algumas considerações feitas sobre a forma de defesa do executado, prevista na LEF, ou seja, sobre os Embargos à Execução, passa-se a análise da Exceção de Pré-Executividade propriamente dita. 3.1.2 Exceção de Pré-Executividade: Considerações iniciais e forma de defesa Levando-se em consideração a necessidade de se ter que garantir o juízo previamente para que haja uma defesa legalmente prevista na Lei de Execução Fiscal, que são os Embargos à Execução, a grande maioria dos devedores/executados, atualmente, têm optado por ingressar com a chamada Exceção de Pré-Executividade. A princípio, se faz importante destacar que, o instituto da Exceção de Pré-Executividade não possui nenhuma previsão legal, tendo sido criado pela doutrina e jurisprudência e, como já mencionado na introdução da presente monografia, teve seu marco doutrinário em 1966, com o grande mestre Pontes de Miranda. Passando-se a analisar o instituto da Exceção de Pré- Executividade em si, pode-se dizer que é uma espécie de defesa que apresenta algumas semelhanças com os Embargos à Execução tais como: 31 ambos podem levar à extinção do processo; no âmbito da Justiça Federal, ambos dispensam custas processuais; ambos podem ensejar a condenação do exequente em honorários; ambos necessitam da figura do advogado e, na prática, ambos suspendem o andamento do processo de execução fiscal até o momento que haja o julgamento dos mesmos. Demonstradas as semelhanças, pode-se dizer que são muitas as vantagens e as diferenças que a Exceção de Pré-Executividade apresenta em relação aos Embargos à Execução. A maior de todas as diferenças, bem como a mais vantajosa, está ligada ao fato de não estar a Exceção de Pré- Executividade condicionada à segurança do juízo. Pode a Exceção ser oposta por simples petição nos próprios autos do processo de execução fiscal não tendo forma específica, enquanto os Embargos devem obedecer aos requisitos do artigo 282 do Código de Processo Civil. Ainda pode-se dizer que, via de regra, a Exceção pode ser interposta a qualquer tempo, já os Embargos estão condicionados ao prazo de 30 dias estabelecidos pela LEF. Na Exceção não existe dilação probatória, sendo limitada à prova documental e, nos Embargos, existe amplitude de defesa, embora, na prática,em se tratando de execução fiscal, a prova esteja reduzida à documental e, quando muito à pericial. Dessa forma, no que tange aos processos de execução fiscal, a Exceção de Pré-Executividade tem garantido uma maior celeridades ao processo, tendo em vista que as matérias que são argüidas podem ser conhecidas de plano, sem que seja necessária a dilação probatória, impedindo que seja prosseguida, uma execução fiscal injusta, que poderia penalizar o executado por alguma coisa que sequer deu origem. 3.2 A Evolução histórica da Exceção de Pré-Executividade Historicamente falando sobre a evolução do instituto, é importante dizer que, desde a época final do Império (1888) se têm notícia de dispositivos legais permitindo a defesa do executado sem uma garantia prévia do juízo, isto 32 em situações específicas e pré-determinadas. No entanto, o marco que tornou o instituto célebre no Direito Brasileiro foi o famoso parecer de Pontes de Miranda no caso Mannesmann, em 1966, onde dentro do próprio processo de execução foi realizada a defesa do devedor sem que houvesse a garantia do juízo, em que foi alegada a falsidade dos títulos que embasavam a execução, como já mencionado na introdução do trabalho. O Decreto Imperial nº 9.885, de 1888, em seus artigos 10 e 31, já permitia ao executado defender-se sem qualquer agressão, desde que estivesse munido de documento hábil que provasse o pagamento ou a anulação do débito administrativamente. O Decreto nº 848, de 1890, também dava ao executado, em matéria de execução fiscal, a faculdade de exercer o direito de defesa sem a garantia do juízo como exigência onde observa-se: “Comparecendo o réu para se defender antes de feita a penhora, não será ouvido sem primeiro segurar o juízo, salvo se exibir documento autêntico de pagamento da dívida ou anulação desta”.18 Em 1932, com a promulgação dos Códigos Estaduais, o Rio Grande do Sul, através do Decreto n5225 ڎ, criou a execução de impropriedade do meio executivo que, antes de se iniciar qualquer procedimento, a parte executada poderia opor exceções de suspeição, incompetência dentre outras. 19 Não obstante a ascendência pretérita, o Jurista João Celso Neto explica que, a expressão exceção de pré-executividade, parece ter sido empregada, inicialmente, pelo professor Araken de Assis, em 1987. tal forma de contestação e de inconformismo foi dita oposição pré-processual por José Frederico Marques e por Galeno Lacerda.20 Apesar dos decretos acima indicados, escassa doutrina a respeito do tema em estudo, dedica a Pontes de Miranda o nascimento desta exceção, que no Código de Processo Civil de 18 MOREIRA, Alberto Camina. Defesa sem embargos do executado: exceção de pré-executividade. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 22. 19 NOLASCO, Rita Dias, op., cit., p. 171. 33 1939 era a nomenclatura utilizada para as defesas do réu.21 Pontes de Miranda empregara a expressão exceção pré-processual em seu parecer já mencionado anteriormente, tendo sido ele que traçou os primeiros contornos de como nos dias atuais é conhecida e, para ele a natureza jurídica é de exceção, o que não é unânime perante a doutrina a respeito do instituto. Pode-se verificar que, a partir da Constituição Federal de 1988, passou-se a dar uma atenção maior aos direitos do executado isto, com base nos princípios insculpidos como garantias fundamentais na Carta Magna. Atualmente, invoca-se cada vez mais aos princípios da isonomia, do contraditório e da ampla defesa em benefício do executado e, os Tribunais estão aceitando cada vez mais tais invocações. Tais princípios invocados serão objeto de estudo em um capítulo a parte no presente trabalho. 3.3 Opção terminológica No que diz respeito à terminologia, muitas são as divergências quanto ao termo utilizado pelo executado em um processo de execução fiscal para defende-se sem que haja a necessidade de garantia prévia do juízo. O Mestre Pontes de Miranda empregou o termo Exceção na vigência do Código Civil de 1939, pois “àquela época, a expressão ‘exceção’ abrangia ‘toda e qualquer defesa do réu’, sendo, por isto, compreensível a utilização da mesma”.22 Já Nelson Nery Júnior, dentre outros, por exemplo, optaram pelo termo Objeção, devido ao fato de, para estes, a expressão exceção trazer a idéia de disponibilidade do direito, razão pela qual se não for oposta ocorrerá a 20 CELSO NETO, João. Exceção de pré-executividade, On line. Capturado em 09 julho. 2007. Disponível na Internet: http://www.jus.com.br/doutrina/preexe.html 21 MIRANDA, Pontes de. Dez anos de pareceres. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1975, v.4, p.37. 22 ROSA, Marcos Valls Feu. A exceção de pré-executividade – matérias de ordem pública no processo de execução. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1996, p. 94. http://www.jus.com.br/doutrina/preexe.html 34 preclusão.23 Assim sendo até mesmo a terminologia a ser utilizada não está tão pacificada na Doutrina. Nelson Nery Junior, também sugere o emprego de ‘exceção de executividade’, versando sobre matéria de direito dispositivo, antes de o executado oferecer bens à penhora ou embargar, deparar-se com casos excepcionais de trancamento da execução sem que haja necessidade de uma investigação mais aprofundada ou dilação probatória, como ocorre por exemplo, no caso de existir prova cabal de pagamento ou a prescrição da eficácia executiva do título.24 Alguns autores empregam o termo de acordo com a matéria alegada, tais como Sérgio Shimura, que explica que matérias de ordem pública, passíveis de serem reconhecidas de ofício, deverão ser alegadas por Objeção de Pré-Executividade; já as matérias disponíveis, que exigem uma alegação da parte, que envolvem defesa indireta de mérito, poderão ser argüidas através de Exceção de Pré-Executividade, isto, desde que não haja a necessidade de dilação probatória e, por fim, havendo necessidade de dilação probatória, ou seja instrução, deverão ser opostos os Embargos à Execução.25 Existem até mesmo aqueles que entendem que a terminologia correta seria Incidente de Pré-Executividade, como podemos citar Olavo de Oliveira Neto afirmando o mesmo que “a exceção e a objeção constituem apenas um incidente processual que surge e deve ser resolvido no próprio bojo do processo de execução”. 26 No presente trabalho, levando-se em consideração as diversas opiniões dos autores e respeitando as mesmas, optou-se pelo emprego do termo Exceção de Pré-Executividade, expressão original e consolidada na 23 NERY JUNIOR, Nelson. Princípios do processo civil na constituição federal. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. p. 180-181. 24 Ibidem. 181. 25 SHIMURA, Sérgio. Título executivo. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 70-71. 26 OLIVEIRA NETO, Olavo de. A defesa do executado e dos terceiros na execução forçada. São Paulo: RT, 2000. p.118. 35 doutrina e na jurisprudência e, também, devido ao fato de ser entendido o termo exceção em seu sentido amplo de defesa, quanto ao termo pré- executividade entende-se, seguindo a opinião de Alberto Camiña Moreira, tendo a idéia de ser possível a defesa antes dos atos marcantes da atividade executória propriamente dita, significando algo anterior a execução (entendida como atos de constrição, e não como processo). Tal possibilidade também pode ser alegada posteriormente, até mesmo após os Embargos à Execução e da Arrematação.27 3.4 Natureza jurídica da Exceção de Pré-Executividade Diante das divergentes opiniões já apresentadas quanto a nomenclatura do instituto em questão e, já tendo sido demonstradoque optou- se, na presente monografia, pelo termo Exceção de Pré-Executividade, tão grande será a dificuldade para se determinar a natureza jurídica da Exceção de Pré-Executividade, tendo em vista as diferentes posições doutrinárias. Alguns doutrinadores entendem que a natureza jurídica é de defesa e outros entendem ser de incidente processual. Alguns autores, como Geraldo da Silva Batista Júnior entendem que a Exceção de Pré-Executividade possui a natureza jurídica de defesa do Executado, afirmando o mesmo ser o direito de defesa paralelo ao de ação e garantido sem restrições constitucionalmente. Assim sendo, segundo ele, é direito do réu se opor à pretensão do autor.28 Na mesma linha de considerar a natureza jurídica da Exceção a de defesa do réu, está o grande Mestre Pontes de Miranda, que traçou os primeiros contornos da Exceção de Pré-Executividade e para ele a natureza jurídica era de exceção, fazendo a ressalva de que a palavra exceção deveria 27 MOREIRA, Albeto Camiña, op. cit., p. 35. 28 BATISTA JÚNIOR, Geraldo da Silva. Exceção de pré-executividade: alcance e limites. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumem Juris, 2004. p. 19-21. 36 ser entendida como qualquer defesa do réu, isto, na vigência do Código de Processo Civil de 1939.29 Existem autores que consideram a natureza jurídica do termo Exceção de Pré-Executividade como de incidente processual, como podemos citar Rita Dias Nolasco30 e Alberto Camiña Moreira31. Pode-se informar que Alberto Camiña Moreira defende que a exceção “não está prevista na lei processual e sua argüição pelo devedor constitui momento novo no processo, fora do caminho então previsto, que caracteriza, assim, o incidente, subentendido no arcabouço processual civil brasileiro”. 32 Alguns doutrinadores até chegam a separar em dois grupos a defesa do executado classificando-a como própria (Embargos à Execução e Impugnação) e imprópria onde inserem a Exceção de Pré-Executividade. Importante se faz destacar que, para os que compartilham da opinião de ser a Exceção forma de defesa, pode-se fazer um adendo e dizer que, neste caso, todos os que podem figurar no pólo passivo, possuem legitimidade para interpô-la. Por outro lado, para os que entendem o instituto como incidente processual, não existiria a necessidade de se fazer parte da relação processual para ter legitimidade para propor a Exceção, tendo em vista que, qualquer pessoa, poderia estar em juízo para solicitar a análise de matérias de ordem pública, pertinentes à Exceção. Existem ainda, outras classificações quanto à natureza da Exceção de Pré-executividade, porém, como já demonstrado no decorrer do presente trabalho optou-se pela classificação da mesma como a de defesa em sentido 29 MIRANDA, Pontes de, op. cit., p. 37. 30 NOLASCO, Rita Dias, op. cit., p. 195. 31 MOREIRA, Alberto Caminã, op. cit., p. 37. 32 Ibidem. p. 37. 37 lato do executado. 3.5 Da interposição da Exceção de Pré-Executividade na Execução Fiscal Seguindo o posicionamento adotado de ter a Exceção de Pré- Executividade em sentido lato, a natureza jurídica de defesa do réu passa-se a descrever o assunto. Neste sentido, a Exceção de Pré-Executividade, como já dito anteriormente, não possui forma específica, podendo ser interposta por simples petição, nos próprios autos do processo de execução fiscal, isto, a qualquer tempo, não sofrendo preclusão, por tratar-se de matéria de ordem pública, que poderia ser decretada de ofício pelo juiz. Assim sendo, Rita Dias Nolasco conclui que existe a possibilidade de se apresentar a Exceção de Pré- Executividade a partir do ajuizamento da ação executiva e até mesmo após os Embargos à Execução e a Arrematação.33 O posicionamento adotado, do ponto de vista do executado é bastante favorável, visto que, em sede de execução fiscal, o fato de estar o executado inscrito na dívida ativa ou com a ação executiva fiscal já ajuizada, não existindo o instituto em questão, poderia ser um obstáculo à sua atividade seja profissional ou empresarial, como, por exemplo, pode-se citar o caso de a Fazenda pública inscrever na dívida ativa pessoa que preencheu sua declaração de imposto de renda de maneira incorreta e que, após a verificação do erro, enviou uma retificadora da declaração, a qual a Receita, por algum incidente, não tomou conhecimento. Esta mesma pessoa, ao receber alguma proposta empregatícia poderia perdê-la caso a empresa contratante exigisse declaração negativa dos órgãos federais. Outras situações semelhantes podem ocorrer com pessoas jurídicas. 33 NOLASCO, Rita Dias, op. cit., p. 199. 38 No que diz respeito à legitimidade para a interposição da Exceção de Pré-Executividade, diante do natureza jurídica adotada,, que é a de defesa, se deduz que, todos os que figurarem no pólo passivo de um executivo fiscal terão legitimidade para oferecer a Exceção de Pré-Executividade em juízo. O legitimado passivo em sede de Execução Fiscal está indicado na Certidão da Dívida Ativa que deverá conter o nome do devedor e co-responsáveis, nos termos do artigo 2º, parágrafos 5º e 6º da Lei de Execuções Fiscais. Importante nesta fase se faz dizer que também estão legitimados para oferecer a Exceção em sede de execução fiscal , o espólio, os herdeiros e sucessores do devedor, o fiador bancário, o curador especial e o responsável tributário. No que tange a forma, já mencionamos que poderá ser interposta por simples petição, de acordo com diversas doutrinas consultadas. Quanto às hipóteses de cabimento da Exceção de Pré- Executividade, pode-se concluir que, é cabível quando se trata de matérias de ordem pública, além de ser cabível em todos os casos de nulidade absoluta, que devem ser argüidos pelo juiz. De acordo com a jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça, em sede de Execução Fiscal a Exceção de Pré-Executividade pode ser argüida no que diz respeito às questões relativas às condições da ação, pressupostos processuais, vícios do título (certeza, liquidez e exigibilidade), ,bem como nos casos em que os fatos modificativos ou extintivos do direito do exeqüente são comprovados de plano sem que haja a necessidade de uma dilação probatória. Tal entendimento do STJ visa atender ao interesse público, em obediência aos princípios da economia e da celeridade processuais.34 34 Nesse sentido, STJ, REsp nº 669810, 1ª Turma, Rel. MIn. Francisco Falcão, DJ 10/04/06, p. 133; AGA nº 727352, 1ª T, Rel. Min. Denise Arruda, DJ 10/04/06, p. 141; REsp nº 502113, 2ª T, Rel.. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 28/03/06, p. 202; REsp nº 366487, 2ª T, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ 29/03/06, p. 131; AgRg no Ag nº 723128, 1ª T, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 27/03/06, p. 189; AgRg no REsp nº 729390, 2ª T, Rel. Min. Franciulli Netto, DJ 12/12/05, p. 318; REsp 39 Pode-se destacar como fato extintivo do direito do exeqüente o pagamento, pois está ligado ao mérito da execução, sendo causa de extinção da obrigação, o que, a princípio, só poderia ser alegado através de Embargos à Execução e, atualmente, tem-se admitido em muito, em sede de execução fiscal, a alegação de pagamento pela via Exceção de Pré-Executividade, isto quando não depender de prova, pois, conforme os ensinamentos de Cândido Rangel Dinamarco, aquele que já recebeu o que lhe é devido não é mais titular do direito material que embasou a propositura da ação executiva.35 Outros fatos extintivos merecem destaque, tais como a prescrição e a decadência. Apesar de, serem os Embargos à Execução, a via adequada para se discutir a prescrição, havendo comprovaçãode plano, poderá ser discutida via Exceção de Pré-Executividade. 3.6 Dos efeitos do recebimento e da rejeição da Exceção de Pré-Executividade na Execução Fiscal Importante se faz destacar os efeitos do recebimento e da rejeição da Exceção de Pré-Executividade. Alguns doutrinadores, como Leonardo Greco não admitem a suspensão da execução quando do oferecimento da exceção ao afirmar que “também por essa informalidade, o oferecimento da exceção não suspende a execução”.36 No Direito Brasileiro, a grande maioria dos textos legais que tratam da suspensão processual, decorrem de causas previstas em lei ou de nº 621215, 2 T, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 23/05/05, p. 207 e REsp nº 685733, 2ª T, Rel. Min. Castro Meira, DJ 16/05/05, p. 320. 35 DINAMARCO, Cândido Rangel apud NOLASCO, Rita Dias, op. cit, p. 234-235. 36 GRECO, Leonardo. O processo de execução. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. v.1. p. 627. 40 ato vinculado do juiz, como ocorre na execução fical, no caso da suspensão do processo pelo artigo 40 da Lei 6830/80, porém, podem existir outros casos não previstos em lei que ensejam a suspensão. Alguns autores como Marcos Valls Feu Rosa entendem que ocorre a suspensão do curso do processo executivo quando da interposição da Exceção de Pré-Executividade, pois segundo ele “caso contrário, tudo que foi dito acerca da impossibilidade de privação de bens sem observância, em todos os seus termos, do princípio do devido processo legal, seria relegado ao olvido”.37 Também se pode citar que existem autores que consideram ser a exceção de pré-executividade uma forma de se evitar a continuidade de um processo fadado ao insucesso, assim como de se evitar uma execução injusta. Em conformidade com a posição adotada no presente trabalho e, em consonância com os princípios constitucionais que dão alicerce a Exceção de Pré-Executividade, a melhor opção parece ser a da suspensão do processo, pois caso contrário, o instituto não teria nenhum valor e, na prática, o que ocorre é que o juiz, em respeito ao principio do contraditório, abre vista ao exeqüente para manifestação sobre a exceção, e com isso, tem-se a ‘suspensão de fato’ das medidas executivas até a decisão da Exceção de Pré- Executividade. Não havendo a suspensão graves prejuízos, muitas vezes, incontornáveis, poderiam ser causados aos que foram executados injustamente. Alguns autores chegam a considerar que a suspensão criada pela Exceção de Pré-Executividade seria tida como imprópria, visto que, traz uma idéia ilusória de que o processo se encontra suspenso, quando, o que ocorre, na realidade, é apenas um desvio do provimento final. 41 No que se diz respeito ao efeito da rejeição da Exceção de Pré- Executividade, o mesmo é bastante claro: ocorrerá o prosseguimento da execução fiscal, tendo em vista que, da decisão que não der provimento ao pedido caberá apenas a interposição de agravo de instrumento, não ensejando suspensão do processo, sendo atribuído o efeito suspensivo apenas nos casos em que o Tribunal ad quem atribuir ao recurso tal efeito. 3.7 Recursos cabíveis em matéria de Execução Fiscal Dispõe o artigo 162 do Código de Processo Civil: “Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos”. A decisão judicial que não conhecer a Exceção de Pré- Executividade, em virtude do conteúdo decisório e, pelo fato de não por termo ao processo, constitui decisão interlocutória, sendo neste caso cabível o recurso de Agravo de Instrumento. Se o Tribunal ad quem der provimento ao agravo, ele poderá acolher a Exceção e extinguir o executivo fiscal, isto, com base no artigo 515 do CPC que foi alterado pela Lei 10.352/2001, acrescentando o parágrafo 3º. Da decisão judicial que conhecer e acolher a Exceção de Pré- Executividade pode-se ocorrer duas situações: a extinção do processo de execução fiscal, com uma sentença da qual caberá o recurso de Apelação ou, em uma segunda situação ocorre o reconhecimento da ilegitimidade passiva de um dos executados e o prosseguimento quanto aos demais, onde tem-se mais uma vez, uma decisão interlocutória passível de recurso de Agravo de instrumento. Da decisão judicial que não acolher a Exceção de Pré- Executividade, considerada decisão interlocutória, caberá a interposição de Agravo de Instrumento. Caso o Tribunal ad quem dê provimento ao Agravo, 37 ROSA, Marcos Valls Feu, op. cit., p. 76. 42 ocorrerá a mesma situação acima exposta. 3.8 Honorários advocatícios Em reiterados julgados o Superior Tribunal de Justiça vem decidindo ser devida a condenação da Fazenda Pública no pagamento de honorários advocatícios em hipóteses em que, acolhida a Exceção de Pré- Executividade, a execução fiscal é extinta. A referida condenação independe de ter a exeqüente exercido ou não o contraditório, visto que mesmo que concorde com a Exceção apresentada pelo executado, causou despesas para o mesmo na obtenção de defesa. A fundamentação está na premissa de quer a vitória de quem tem razão deixaria de ser integral quando ele tivesse de suportar gastos para vencer.38 Neste sentido o Superior Tribunal de Justiça firmou a Súmula nº 153 que diz: “A desistência da Execução Fiscal, após o oferecimento dos Embargos, não exime o Exeqüente dos encargos da sucumbência”. Uma defesa apresentada via Exceção de Pré-Executividade, pode ser considerada, por se levar em consideração à aplicação da súmula referida. 38 Nesse sentido, STJ – EDcl no REsp nº 711997, 1ª T, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ 10/04/06, p. 139; REsp nº 306962, 2ª T, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ 21/03/06, p. 107; REsp nº 617443, 2ª T, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 06/03/06, p. 309; REsp nº 751906, 1ª T, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 06/03/06, p. 217; AgRg no Ag nº 669068, 1ª T, Rel. Min. Denise Arruda, DJ 14/11/05, p. 197 e AG REsp nº 670038, 1ª T, Rel. Min. José Delgado, DJ 18/04/05, p. 228. 43 CAPÍTULO IV CONSIDERAÇÕES SOBRE A REFORMA DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL O presente capítulo se destina a demonstrar, algumas breves considerações, a respeito das modificações trazidas pelas Leis 11.232 de 22.12.2005 e 11.382/2006, que alteraram substancialmente o Código de Processo Civil, principalmente no que tange a execução e, dentro do contexto do estudo do tema objeto do presente trabalho, se faz necessário demonstrar se houve alguma alteração na aplicabilidade da Exceção de Pré-Executividade, dentro do executivo fiscal, que como o próprio nome já diz, corresponde a um processo de execução, que possui como título executivo que o embasa, um título extrajudicial, que é a Certidão da Dívida Ativa, já mencionado algumas vezes no decorrer da presente monografia. De antemão, cabe ressaltar que, as modificações trazidas pela Lei 11.232/2005, mais relevantes, ocorreram na execução civil. A partir de uma definição genérica da execução, pode-se entender que corresponde a um instrumento pelo qual se realiza o exercício de uma posição vantajosa na qual o titular é o credor, sendo que, tal posição de vantagem, se concretiza por meio de atos coercitivos. O procedimento para o desenrolar da execução se realiza, atualmente, das seguintes maneiras: Ora na forma de procedimento estabelecido pela nova legislação que alterou o CPC no que tange ao cumprimento das sentenças judiciais que gerem obrigação de pagar 44 quantia certa, ora em um processode execução que é embasado por um título executivo extrajudicial, sendo a Certidão da Dívida Ativa encaixada na segunda opção. Antes das alterações trazidas pela Lei 11.232 de 22.12.2005, quando ocorria o inadimplemento de uma sentença judicial, a lei determinava a instauração de um processo de execução para a cobrança forçada do que era devido pela parte vencida. Atualmente, com a vigência das alterações trazidas pela norma acima mencionada, ocorre o cumprimento direto da sentença tendo sido suprimida a instauração de um processo executivo autônomo no que tange às sentenças judiciais, isto com base nos atuais artigos 475-I até o 475- R do Código de Processo Civil, onde se pode encontrar inserida uma nova figura de defesa conhecida por impugnação, passível de ser empregada após realizada a penhora, conforme artigo 475-J, parágrafo 1º do Código de Processo Civil. Comparativamente falando, em ambos os meios de execução utilizados pelo credor para a cobrança de seu direito, o Código de Processo Civil disponibiliza para o executado, formas de defesa que pressupõem a constrição patrimonial do mesmo, seja através da impugnação, seja através dos Embargos à Execução. Neste sentido, verifica-se que a Exceção de Pré-Executividade aparece como um mecanismo imprescindível para instrumentalizar os pleitos que traduzem o cumprimento das garantias asseguradas pela Lei Maior, a Constituição Federal de 1988, até mesmo na execução civil. Com o advento das novas reformas ocorridas no Código de Processo Civil, oriundas da Lei 11.382/2006, se faz importante mencionar que, a partir daí, começaram a surgir algumas opiniões doutrinárias contrárias à aplicação da Exceção de Pré-Executividade, isto porque, com a nova redação do art. 736 do CPC “O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, 45 poderá opor-se à execução por meio de embargos”, Diante desta nova situação jurídica, de acordo com alguns doutrinadores, com o fim da necessidade de garantia prévia do juízo para a defesa do executado, via Embargos à Execução, a Exceção de Pré-Executividade perderia sua finalidade maior, que é a de permitir aos menos afortunados uma forma de se defender no processo. Porém, pelo que aparenta, tais doutrinadores não pensaram na esfera dos executivos fiscais. As discussões ainda são muitas no que diz respeito às mudanças ocorridas, principalmente pelo fato de serem muito recentes. A princípio, no que tange aos executivos fiscais, pode-se dizer que, na prática, as reformas não influenciaram muito, visto que, pelo fato de seguirem um rito diferenciado, são regulados por uma lei especial, a Lei 6.830/80, que até o presente momento continua em pleno vigor e, não teve nenhum de seus artigos revogados, sendo o Código de Processo Civil aplicado apenas subsidiariamente. Melhor dizendo, apenas quando a Lei 6.830/80 foi omissa, é que aplicar-se-á o Código de Processo Civil. A partir de uma análise das reformas, sob o ângulo dos executivos fiscais, é latente a necessidade de subsistir a figura da Exceção de Pré- Executividade, visto que, o parágrafo 1º do artigo 16 da LEF, não sofreu nenhuma alteração, persistindo, portanto, a necessidade da garantia prévia do juízo, como requisito para a oposição de Embargos à Execução, única forma de defesa legalmente prevista para esses tipos de ações. Assim sendo, diante da não aplicação, em primeiro plano, do artigo 736 do Código de Processo Civil às ações reguladas pela Lei 6.830/80, é latente a necessidade de se garantir ao executado desprovido de boas condições financeiras, uma forma de se defesa, que não tenha por condição, possuir bens passíveis de constrição. Daí a importância do instituto da Exceção de Pré-Executividade no que se refere aos executivos fiscais, que 46 continua sendo amplamente empregado como forma de manifestação sem que haja necessidade de atingir o patrimônio do devedor. Compactuar da opinião daqueles que consideram não mais existir espaço para a Exceção de Pré-Executividade, em virtude das reformas ocorridas no Código de Processo Civil (não se esquecendo que o mesmo só se aplica à Execução Fiscal de maneira subsidiária), seria impedir ao executado desprovido de bens, se defender de uma execução fiscal injusta. A atual redação do artigo 736 do Código de Processo Civil, ao invés de trazer influências negativas perante os doutrinadores, acerca da Exceção de Pré-Executividade, deveria corroborar com a aplicação da mesma, tendo em vista que, ainda subsistem casos em que a Exceção constitui a única forma de defesa. Já que o Código de Processo Civil retirou do Executado o ônus da garantia prévia do juízo para a oposição de Embargos À Execução, por quê não usar tal justificativa para dar mais força à aplicação da Exceção de Pré- Executividade nos executivos fiscais? Importante se faz lembrar, mais uma vez, que a Lei 6.830 continua em pleno vigor. Em tempo, também merece ser destacado no presente capítulo, uma outra alteração ocorrida no Código de Processo Civil, trazida pela Lei nº 11.280, de 16.02.2006, que modificou o artigo 219, em especial o parágrafo 5º, no que diz respeito a prescrição, uma das matérias alegáveis em sede de Exceção de Pré-Executividade. De acordo com a atual redação do parágrafo 5º do referido artigo, “O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição” e, como já dito, por se tratar a prescrição de matéria que se pode argüir através do instituto em estudo, alguns doutrinadores já levantam a bandeira de que a Exceção de Pré- Executividade poderia passar a ter um amparo legal, ou seja, passar a constituir tanto o Código de Processo Civil, quanto à Lei de Execuções Fiscais. 47 Em resumo, a corrente que defende a legalização do instituto da Exceção de Pré-Executividade está cada vez mais forte. Diante das explanações, que são inesgotáveis perante o novo, se pode concluir que, subsiste, em matéria de execução fiscal, a necessidade da existência do instituto da Exceção de Pré-Executividade como solução para os executados menos afortunados. Por ser a Certidão da Dívida Ativa um título executivo extrajudicial que constitui alicerce de todo o trâmite do processo de execução, goza o mesmo de presunção júris tantum de certeza, liquidez e exigibilidade, atributos que impossibilitam ao executado a possibilidade de contestar em um processo judicial executório. Neste sentido, no caso de estar a Certidão da Dívida Ativa eivada de nulidades, caberá ao executado o ônus de elidir a presunção através de prova inequívoca, sendo o meio de defesa legal previsto para tal, os Embargos à Execução, que exigem a garantia prévia do juízo para a oposição. Pode-se chegar mais uma vez à conclusão de que tal meio de defesa agride totalmente o patrimônio do devedor e causa uma grande demora, devido ao rito ordinário, na prestação da tutela jurisdicional, tendo-se mais uma razão para a aplicação da Exceção de Pré-Executividade. Diante das explanações, fica claro que, nos processos regulados pela Lei 6.830/80 – Lei de Execuções Fiscais - ainda está presente a figura do instituto da Exceção de Pré-Executividade como chance de defesa do executado sem que haja uma agressão de seu patrimônio. Funciona ela, como um mecanismo necessário para o cumprimento das garantias constitucionalmente asseguradas, no regular desenvolvimento dos pleitos, se assegurando ao executado, principalmente os de baixa renda, o direito de defesa e de uma prestação jurisdicional muito mais célere, através da aplicação da Exceção de Pré-Executividade, que não pressupõe a garantia prévia do juízo para sua utilização. 48 Em resumo, as mudanças ocorridas no Código de Processo Civil, com maior relevância, a trazida pela nova redação do artigo 736, não trouxe modificações no tocante aos processos
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