Buscar

ajuda tributário

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” 
PROJETO A VEZ DO MESTRE 
 
 
 
 
 
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE NA EXECUÇÃO FISCAL 
 
 
 
Por: Carla Fernanda de Sá Freire Vivian 
 
 
 
Orientador 
Prof. Dr. Jean Alves 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2007 
 
 
 
 
 
 
 
2 
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” 
PROJETO A VEZ DO MESTRE 
 
 
 
 
 
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE NA EXECUÇÃO FISCAL 
 
 
 
 
 
Apresentação de monografia à Universidade 
Candido Mendes como requisito parcial para 
obtenção do grau de especialista em Processo Civil. 
 Por: Carla Fernanda de Sá Freire Vivian. 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais, Vivian e Fátima, pela 
estrutura familiar que me 
proporcionaram, que constitui a base 
da minha formação profissional, bem 
como pelo amor e pela dedicação 
diária. 
Ao meu irmão por todo amor e 
cumplicidade que sempre me dedicou. 
Ao meu marido Mauricio por todos os 
sentimentos de um casamento 
abençoado por Deus. 
Aos todos os meus amigos que de 
alguma maneira colaboraram para a 
elaboração da presente monografia. 
Ao professor Jean Aves, por todas as 
orientações recebidas durante a 
elaboração do presente trabalho. 
 
 
 
 
 
 
4 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico o presente trabalho aos meus 
pais, Vivian e Fátima, meu irmão Victor e 
meu marido Maurício. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
RESUMO 
 
 
Tem o presente trabalho o objetivo de se demonstrar que está sendo 
amplamente aceita, dentro do processo de Execução Fiscal, a Exceção de 
Pré-Executividade, que corresponde a uma forma de defesa indireta através da 
qual é permitido ao executado se manifestar no processo, sem que haja a 
necessidade de ter seus bens constritos, já que, se a Lei nº 6.830/80 – Lei de 
Execuções Fiscais – for seguida fielmente, o único meio de defesa admitido 
são os Embargos à Execução que, por sua vez, exigem garantia prévia do 
juízo para oposição, e conseqüentemente, limita a defesa processual daqueles 
que possuem baixas condições econômicas. 
 
Apresentando o instituto a natureza jurídica de defesa, pode-se a partir 
daí dizer que, a cobrança do crédito da Fazenda Pública segue um 
procedimento especial, regulado pela Lei 6.830/80. Tal lei apenas prevê como 
defesa os Embargos à Execução, porém, na prática, com a aplicação do 
entendimento doutrinário e jurisprudencial e, sob os alicerces dos Princípios 
Constitucionais, também se admite a Exceção de Pré-Executividade como 
forma de defesa, o que torna a justiça acessível aos mais carentes. A Exceção 
de Pré-Executividade é interposta por simples petição e, nela, é possível se 
alegar matérias que o juiz poderia conhecer de ofício, bem como fatos 
extintivos, modificativos ou impeditivos do direito do exeqüente, sendo 
indispensável se dizer que não poderá ser discutida matéria que necessite de 
dilação probatória. Seu efeito, na prática, é o de suspender a Execução Fiscal 
e, decidida a Exceção, sendo conhecido ou acolhido o instituto, caberá recurso 
de Apelação ou Agravo de Instrumento e, não sendo conhecida ou acolhida, 
caberá Agravo de Instrumento. 
 
 
 
 
 
 
 
6 
METODOLOGIA 
 
 
Os métodos que conduziram ao presente trabalho consistiram na 
leitura de livros de renomados doutrinadores, bem como pesquisas realizadas 
em Revistas de Direito, artigos jurídicos relacionados ao tema encontrados em 
sites da Internet, bem como a consulta jurisprudencial e matérias obtidas com 
amigos. 
 
No desenvolvimento do trabalho a opção foi a de fazer a introdução e 
cada capítulo separadamente, pesquisando-se as matérias referentes a cada 
etapa também separadamente, para depois se chegar a uma união de todo o 
trabalho e, conseqüentemente à conclusão. De posse da introdução, dos 
capítulos e da conclusão, após a leitura de tudo, se passou ao resumo. 
 
Importante se faz informar que, para a elaboração desta monografia 
contei com a ajuda de amigos que cederam livros para minha pesquisa, bem 
como também adquiri obras em livrarias, sem contar com o material consultado 
na Internet, como já falado anteriormente, bem como em bibliotecas. Além de 
todo material colhido, busquei também aplicar, no desenvolvimento de meu 
trabalho, a experiência por mim adquirida, na Vara de Execução Fiscal na qual 
trabalho, onde posso verificar, na prática, a aplicação do instituto em estudo. 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
7 
 
INTRODUÇÃO 09 
 
CAPÍTULO I - Execução Fiscal 13 
1.1 Do Título Executivo Extrajudicial: A Certidão da Dívida Ativa 13 
1.2 Considerações sobre o Processo de Execução Fiscal 15 
 
CAPÍTULO II - A Exceção de Pré-Executividade à luz dos Princípios 
Constitucionais 19 
2.1 Princípio do Devido Processo Legal 21 
2.2 Princípio do Acesso à Justiça 24 
2.3 Princípio da Isonomia 26 
 
CAPÍTULO III - Exceção de Pré-Executividade 28 
3.1 Instrumentos de Defesa do Executado 28 
3.1.1 Embargos à Execução 28 
3.1.2 Exceção de Pré-Executividade: Considerações Iniciais da Forma 
de Defesa 31 
 
3.2 A Evolução Histórica da Exceção de Pré-Executividade 32 
3.3 Opção Terminológica 34 
3.4 Natureza Jurídica da Exceção de Pré-Executividade 36 
3.5 Da interposição da Exceção de Pré-Executividade na Execução 
Fiscal 37 
3.6 Dos Efeitos do Recebimento e da Rejeição da Exceção 
de Pré-Executividade na Execução Fiscal 40 
3.7 Recursos Cabíveis em matéria de Execução Fiscal 42 
3.8 Honorários Advocatícios 42 
 
 
 
CAPÍTULO IV – Considerações sobre a Reforma do Código de 
Processo Civil 44 
 
 
 
 
 
 
8 
CONCLUSÃO 50 
 
ANEXOS 55 
 
BIBLIOGRAFIA 65 
 
FOLHA DE AVALIAÇÃO 67 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
O objetivo do presente trabalho é o estudo da aplicação da Exceção de 
Pré-Executividade nos processos em que a Execução é promovida pela 
Fazenda Pública, com base na Lei nº 6.830/80 – Lei de Execuções Fiscais. 
Diante da necessidade que possui o executado de se defender na esfera do 
Judiciário sem que haja a garantia prévia do juízo, o instituto da Exceção de 
Pré-Executividade tem sido usado, freqüentemente, sendo ele oriundo de uma 
construção da Doutrina e da Jurisprudência. 
 
Nos processos de Execução Fiscal, que correspondem à base da 
presente monografia, o título executivo correspondente é a Certidão da Dívida 
Ativa da Fazenda Pública, que por sua vez é constituído pela Procuradoria da 
Fazenda de forma unilateral e, é um título extrajudicial. A Lei de Execução 
Fiscal estabelece em seu artigo 2º, parágrafo 5º, diversos requisitos que 
devem ser obedecidos no momento da formação do Termo de Inscrição de 
Dívida Ativa, sendo certo que os elementos destes requisitos devem estar 
reproduzidos na Certidão da Dívida Ativa, conforme reza o parágrafo 6º do 
referido artigo. 
 
Como conseqüência de ser o título executivo constituído de forma 
unilateral, pode ocorrer a indevida inscrição de créditos tributários pela 
Fazenda Nacional, o que poderá causar grandes prejuízos aos contribuintes, 
levando-os, muitas vezes, à ruína econômica e, por conseqüência, nos casos 
de ser o contribuinte pessoa jurídica, a um desastre social, gerado pelo 
desemprego oriundo da ruína da empresa. 
 
Cabe lembrar ainda que, em razão da unilateralidade da constituição 
do titulo executivo, existe uma superioridade do sujeito ativo que, no entanto, 
só pode fazer o que é autorizado por lei e que, a relação se constitui 
 
 
 
 
 
10 
independentemente da vontade do sujeito passivo. 
 
 Diferente do que ocorre com os outros títulos executivos extrajudiciais 
(a Certidão da Dívida Ativa, como já dito, corresponde a um título extrajudicial), 
que possuem, como origem, umacertamento entre as partes, no título 
executivo fiscal, nem sempre existe o consenso sobre o seu conteúdo jurídico, 
visto que, decorre de ato unilateral, como já dito anteriormente. 
 
 A matéria em questão, tem por base um crédito indisponível, visto 
que tutela o interesse público, tendo disposição expressa na Lei de Execução 
Fiscal, a necessidade de garantia prévia do juízo para oposição dos Embargos 
à Execução, único meio legal previsto para a defesa do executado. A partir 
desta exigência é que entra em discussão a aplicação da Exceção de Pré-
Executividade como um meio a ser utilizado pelo executado, nos executivos 
fiscais, para se defender sem ter que cumprir a exigência legal de garantir 
previamente o juízo. 
 
 É importante esclarecer, já em um primeiro momento, que desde a 
época do final do Império (1888), têm-se notícia de dispositivos legais 
permitindo a defesa do executado sem uma garantia prévia do juízo, isto, em 
situações específicas e pré-determinadas. No entanto, o marco que tornou o 
instituto célebre no Direito Brasileiro, foi o famoso parecer nº95 de Pontes de 
Miranda, no caso Mannesmann, em 1966, onde, dentro do próprio processo de 
execução, foi realizada a defesa do devedor sem que houvesse a garantia do 
juízo, em que foi alegada a falsidade dos títulos que embasavam a execução. 
 
A falta da existência do instituto Exceção de Pré-Executividade, 
impediria o devedor de exercer os direitos fundamentais referentes ao devido 
processo legal, garantidos constitucionalmente, já que não haveria outra forma 
de desconstituir o título executivo eivado de vício, que não fossem os 
Embargos à Execução, única forma de defesa prevista na Lei de Execução 
Fiscal. O devedor teria seus bens constritos em situações em que seu direito 
 
 
 
 
 
11 
poderia ser reconhecido de plano. 
 
No decorrer do presente trabalho, em um primeiro capítulo, serão 
abordados, de uma forma geral, aspectos indispensáveis à discussão do tema 
escolhido, estes, referentes ao processo de execução fiscal, no qual, dentre 
outras, serão feitas considerações primordiais sobre o título executivo 
extrajudicial que dá origem ao Processo de Execução Fiscal, que é a Certidão 
da Dívida Ativa. É de se considerar de suma importância um breve estudo 
sobre o processo de execução fiscal para que se torne possível entender a 
aplicação do instituto da Exceção de Pré- Executividade dentro do mesmo. 
 
No segundo capítulo será abordada a aplicação do instituto da 
Exceção de pré-executividade à luz dos princípios constitucionais, que 
asseguram a todos, dentre outros, o devido processo legal, com o direito ao 
contraditório e à ampla defesa. Será feito um breve comentário da fase 
instrumentalista do Processo Civil, bem como outras considerações 
importantes. 
 
O terceiro capítulo abordará a Exceção de Pré-Executividade em si, 
assim como suas peculiaridades, apresentando também o instrumento de 
defesa do executado que está previsto na Lei de Execuções Fiscais, a Lei 
6.830/80, que são os Embargos à Execução, para que se possa observar, 
através de comparações, as vantagens trazidas pelo instituto para o 
executado, sem condições financeiras, bem como para uma maior celeridade 
processual e para que não haja um prosseguimento de uma Execução Fiscal 
injusta. Nesta oportunidade ocorrerá uma análise substancial dos instrumentos 
de defesa disponíveis para o executado, sendo aprofundado o estudo da 
Exceção de Pré-Executividade com todas as considerações importantes sobre 
o tema tais como: a evolução histórica; a terminologia; a natureza jurídica; a 
interposição; os efeitos do recebimento e da rejeição; os recursos cabíveis, 
bem como a figura dos honorários advocatícios diante da Exceção. 
 
 
 
 
 
 
12 
No quarto capítulo serão apreciadas considerações atuais sobre o 
tema, diante da reforma do Código de Processo Civil, que trouxe importantes 
modificações, principalmente, acerca da Execução comum. Veremos nesta 
fase a aplicação da Exceção de Pré-Executividade em razão das modificações. 
 
Por fim, se passará à fase de conclusão do presente trabalho, 
demonstrando as considerações que mereceram maior destaque no estudo do 
tema em questão. 
 
É importante informar, desde já, que para elaboração da presente 
monografia foram realizadas pesquisas jurisprudências e doutrinárias, bem 
como em artigos jurídicos existentes em sites da Internet, bem como em 
revistas especializadas de direito e obras de renomados autores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO I 
EXECUÇÃO FISCAL 
 
 
 
 
 
13 
 
 
1.1 Do título executivo extrajudicial: A certidão da dívida ativa 
 
De acordo com o que dispõe o artigo 201 do Código Tributário 
Nacional, constitui a divida ativa tributária, aquela que é proveniente de um 
crédito desta natureza, cuja inscrição é regular na repartição administrativa 
competente, sendo que tal inscrição é feita depois que se esgota o prazo para 
pagamento fixado por Lei ou por decisão proferida em processo regular. O 
crédito tributário é levado à inscrição depois de constituído definitivamente. A 
inscrição em dívida ativa pressupõe que o crédito se encontra constituído de 
forma regular e definitiva. É importante saber que a inscrição é feita por meio 
de um termo que deve ser lavrado em livro próprio, extraindo a autoridade 
competente a respectiva certidão. 
 
Reza o artigo 585, inciso VII do Código de Processo Civil, que a 
Certidão da Dívida Ativa da Fazenda Pública da União, Estado, Distrito 
Federal, Território e Município corresponde a um título executivo extrajudicial, 
que, por sua, vez representa os créditos pertencentes à Fazenda, inscritos na 
forma da Lei. 
 
Corresponde a Certidão da Dívida Ativa, ao documento hábil para se 
ajuizar os executivos fiscais e, goza tal documento, de presunção relativa de 
certeza e liquidez, razão pela qual, para que se torne exeqüível, deva obedecer 
a requisitos determinados em lei. 
 
Com base nas definições acima, passamos ao rito em si, onde se pode 
afirmar que a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública possui um 
rito próprio, este, regulado pela Lei nº 6.830/80 – conhecida como Lei de 
Execução Fiscal. 
 
Importante se faz dizer que, constitui privilégio da Fazenda Nacional, o 
 
 
 
 
 
14 
fato de ser o título executivo que originará o Processo de Execução Fiscal, 
constituído de forma unilateral e que, o mesmo, possui presunção relativa de 
certeza e liquidez. A justificativa para tal privilégio decorre do fato de que a 
obrigação do constituinte deriva de um dever legal, que se origina a partir de 
situações pré-definidas em Lei e, às quais, não pode o contribuinte se furtar, o 
que ocorre em razão da supremacia do interesse público em detrimento do 
individual. Como o devedor/contribuinte não participa da formação do título, a 
validade do mesmo fica vinculada ao procedimento administrativo que o criou.1 
 
A Inscrição em Dívida Ativa cria e torna perfeito o título executivo, 
enquanto que a Certidão de Inscrição constitui o documento hábil a aparelhar 
uma ação nos termos da Lei de Execução Fiscal, melhor dizendo, a CDA é 
obtida a partir de dados contidos no Termo de Inscrição. Importante se faz 
notar que tal inscrição confere à Fazenda Pública o poder de formar uma prova 
pré-constituída, isto é, ocorre uma inversão do ônus da prova (exceção à 
regra), vez que neste caso, será o executado/réu que deverá provar que a 
dívida em questão não existe ou que é eivada de alguma irregularidade.2 
 
Assim sendo, como explica Luiz Emygdio F. da Rosa Júnior, não 
realizando o sujeito passivo da obrigação tributária o pagamento do tributo 
dentro do prazo fixado em Lei, o sujeito ativo, que é o credor, pode compelí-lo 
judicialmente a cumprir a prestação, isto, através de um processo de 
execução.3 
 
A partir do conceito base do presente trabalho que é o de definiçãodo 
título executivo extrajudicial, que lastreará o processo de execução fiscal, 
passa-se a descrever o processo em si que é regulado pela Lei 6.830/80 e, 
assim, será possível o estudo do emprego da Exceção de Pré-Executividade 
 
1 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. v. 2, 36. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2004, p. 140-141. 
2 RODRIGUES, Cláudia. O título executivo na execução da dívida ativa da fazenda pública. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2002, p. 152-154. 
3 ROSA JÚNIOR, Luiz Emygdio F. da. Manual de direito financeiro e direito tributário. 18. ed. Rio de 
Janeiro: Renovar, 2005. p. 768. 
 
 
 
 
 
15 
dentro dos processos de Execução Fiscal. 
 
1.2 Considerações sobre o processo de Execução Fiscal 
 
Em um primeiro momento, o processo de Execução Fiscal era 
regulado pelo Decreto-Lei 960, de 17 de dezembro de 1938, contemporâneo 
do Código de Processo Civil de 1939. Com o surgimento do atual Código de 
Processo Civil, assim como as posteriores alterações, a inscrição da dívida 
ativa das pessoas jurídicas de direito público, encontra-se contemplada no rol 
dos títulos executivos extrajudiciais (artigo 585. VII do CPC) e, no que tange à 
competência, o artigo 578 do CPC determinou ser o foro do domicílio do réu, o 
competente para a propositura da ação de execução fiscal e, se não o tiver, no 
de sua residência ou, no do lugar onde for encontrado. Assim sendo, o Decreto 
Lei 960 passou a ser considerado ab-rogado na parte processual e a execução 
fiscal passou a ser estudada pelo sistema no novo Código de Processo Civil. 
 
Em 22 de setembro de 1980, foi publicada a Lei 6.830/80, que passou 
a regular a partir de um rito especial, a execução fiscal, sendo assim, a partir 
deste momento, utilizado o Código de Processo Civil apenas subsidiariamente, 
conforme inclusive, dispõe o artigo 1º da Lei de Execução Fiscal. 
 
O rito especial compreendido pela Lei nº 6830/80, aplica-se tão 
somente às execuções por quantia certa que apresentam no, pólo ativo, uma 
pessoa jurídica de direito público, isto é, específicas para a cobrança de 
créditos atribuídos por Lei como pertencentes à Fazenda Pública (a nível 
federal, estadual, distrital, municipal, suas respectivas autarquias, bem como 
as fundações públicas, conforme entendimento jurisprudencial dominante) e, 
no pólo passivo, os sujeitos elencados no artigo 4º da Lei de Execuções 
Fiscais. 
 
A inscrição da dívida ativa, nos termos da Lei de Execução Fiscal, 
pode ser tributária ou não tributária, sendo a tributária, proveniente da 
 
 
 
 
 
16 
obrigação legal relativa a tributos e seus respectivos adicionais e, a não-
tributária, resultante das demais obrigações. Nos dois tipos serão incluídos 
todos os acréscimos incidentes sobre a prestação originalmente devida à 
Fazenda Pública, com os juros, a multa e demais encargos.4 
 
Nesta linha se pode dizer mais uma vez que, a dívida ativa, deriva de 
um crédito, regularmente inscrito na repartição administrativa competente, 
depois que se esgota o prazo fixado para o pagamento do mesmo seja por lei, 
seja por decisão final proferida em um processo que tramitou regularmente. 
Quando um contribuinte é inscrito em dívida ativa, com base nos dispositivos 
legais que lastreiam o processo administrativo fiscal, a partir de um ato 
administrativo, é que se tem a criação do título hábil para embasar a ação de 
Execução Fiscal. 
 
A CDA – Certidão da Dívida ativa, conforme reza o artigo 2º, parágrafo 
6º da Lei 6.830/80 – LEF, conterá os mesmos termos da inscrição, 
diferençando pela autenticação do auto competente. As particularidades da 
Certidão da Dívida Ativa já foram mencionadas anteriormente. 
 
A petição inicial do processo de execução fiscal conterá a Certidão da 
Dívida Ativa, podendo constituir um só documento, conforme dispõe o artigo 
6º, parágrafos 2º da LEF e, no que diz respeito à produção de provas, 
conforme o parágrafo 3º da referida lei, não existe a necessidade de serem 
requeridas na petição inicial, podendo ocorrer a produção, independente de tal 
fato. 
 
Após o ajuizamento da ação de execução fiscal no foro competente e 
sua posterior distribuição, passa-se à fase da apreciação da mesma pelo juiz, 
onde haverá um despacho inicial, em que o deferimento da inicial importará em 
uma ordem de citação do Executado/Devedor, nos termos do artigo 8º da LEF. 
 
4 LOPES, Mauro Luís Rocha. Processo judicial tributário - execução fiscal e ações tributárias. 3. ed. 
Rio de Janeiro: Lumem Juris, 2005, p.10. 
 
 
 
 
 
17 
O Executado, devidamente citado, terá o prazo de cinco dias para pagar – o 
que terá por conseqüência a extinção do processo – ou garantir o juízo, 
mediante fiança bancária ou depósito, ou ainda, indicar bens à penhora 
suficientes para garantir a satisfação da dívida em sua integralidade. 
 
Decorridos os cinco dias previstos em Lei para que haja alguma 
manifestação do executado, ficando o mesmo inerte, será feita a penhora de 
bens do mesmo. No dizer de Hugo de Brito Machado, findo o prazo, será feita 
a penhora de qualquer bem do executado, excetuando-se, no entanto, aqueles 
declarados absolutamente impenhoráveis por Lei.5 
 
De acordo com o previsto na Lei de Execuções Fiscais, a única forma 
prevista para a defesa do executado que teve seus bens, de alguma forma, 
constritos, são os Embargos à Execução, que serão opostos através de um 
processo autônomo. 
 
Apesar de, serem os Embargos à Execução, a única forma de defesa 
prevista na LEF, não constituem a única alternativa. Neste sentido, Sandro 
Gilbert Martins afirma que a defesa do executado pode se dividir, de uma 
forma geral, em dois grupos: a defesa própria e a defesa imprópria, tendo-se 
como critério de distinção a exigência de regramento específico de cada forma. 
Na defesa própria, têm-se os Embargos À Execução – identificados como 
defesa incidental – e, a impugnação ao cumprimento de sentença (modalidade 
de defesa prevista no Projeto de Lei 3.252 da Câmara dos Deputados, que 
recebeu o nº52/2007 no Senado, de acordo com a edição doutrinária 
consultada, e que, atualmente, já existe previsão legal, fazendo parte do texto 
legal do CPC). Já na defesa imprópria tem-se a Exceção de Pré-
Executividade, chamada de defesa endoprocessual, e as ações autônomas e 
prejudiciais à execução ou defesa heterotópica.6 
 
5 MACHADO, Hugo de Brito, Curso de direito tributário. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 1997 , p. 345. 
 
6 MARTINS, Sandro Gilbert. A defesa do executado por meio de ações autônomas – defesa heterotópica. 
2. ed. São Paulo: RT, 2005. p. 112. 
 
 
 
 
 
18 
 
Pode-se informar ainda, uma outra peculiaridade da execução fiscal 
que é a permissão contida no artigo 9º, em seu parágrafo primeiro, onde um 
terceiro pode oferecer bens para garantir a dívida do executado. 
 
Com o objetivo de se chegar à fase de aplicação do tema central do 
presente trabalho, a Exceção de Pré-Executividade, foram feitas, acima, 
algumas considerações importantes relativas ao processo de execução fiscal, 
o que se permitirá um entendimento maior sobre o que será estudado nos 
próximos capítulos, que abordarão, dentre outras matérias, os Princípios 
Constitucionais que servem de alicerce para a defesa imprópria, denominada 
Exceção de Pré-Executividade em todas as suas peculiaridades, cuja 
aplicação no Processo de Execução Fiscal está cada vez mais presente, visto 
dispensar a garantia do juízo exigida pela Lei de Execução Fiscal. Em capítulo 
próprio destinado ao instituto em si, será feito um estudo mais detalhado sobre 
a defesa própria conhecida como Embargos à Execução. 
 
 
 
CAPÍTULO II 
A EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE À LUZ DOS 
PRINCIPÍOS CONSTITUCIONAIS 
 
 
Como já visto, anteriormente, no presente trabalho,o meio judicial que 
a Fazenda Pública dispõe para efetivar a cobrança de seus créditos, 
corresponde à já mencionada Ação de Execução Fiscal, créditos estes, que 
são constituídos de uma forma um tanto quanto privilegiada em relação aos 
contribuintes, tendo-se por base, a finalidade maior, que é o asseguramento da 
 
 
 
 
 
 
 
19 
função estatal. 
 
Em conseqüência disto, por mais legais que sejam os atos, eles são 
constituídos de forma unilateral, o que muitas vezes, pode entrar em confronto 
com os direitos dos contribuintes como indivíduos, tendo em vista que, a 
autoridade administrativa, também está passível de cometer erros, ou até 
mesmo excessos, que podem trazer graves prejuízos aos contribuintes que se 
encontram em uma posição de total sujeição perante a Fazenda. 
 
Partindo-se para uma breve análise das fases pelas quais o Processo 
Civil já passou, pode-se dizer que, em uma primeira fase, conhecida como 
autonomista, foram sistematizados os principais institutos processuais. Após a 
fase autonomista, sob a inspiração da obra de Cândido Rangel Dinamarco, 
conhecida por “ A Instrumentalidade do Processo” passou-se a chamada fase 
instrumentalista, na qual, o processo se apresenta como um instrumento do 
direito material, onde a importância maior está nos resultados, ou, o que se 
objetiva, é que seja atendida a finalidade do processo, buncando-se para isto 
meios mais céleres e, se primando por uma economia processual. A Fase 
instrumentalista corresponde à que estamos vivendo, atualmente, porém, já 
existem processualistas que dizem que já existe uma nova fase, conhecida 
como utilitarista, na qual o processo civil tem que ser útil em seus resultados. 
 
Os processualistas, atualmente, não possuem mais uma visão apenas 
interna do processo, ou seja, voltada apenas para a aplicação da norma 
material ao caso concreto, mas, passaram a ver o processo sobre vários 
ângulos externos, com a finalidade de cumprir suas funções sociais, políticas, 
bem como as jurídicas, estudando sempre os resultados das decisões junto 
aos jurisdicionados, tendo em vista que o processo corresponde ao meio de 
acesso a uma ordem justa, funcionando, portanto como um instrumento que 
possui como fim maior servir ao Estado, bem como à sociedade.7 
 
7 NOLASCO, Rita Dias. Exceção de pré-executividade. 2. ed. São Paulo: Método, 2004, p. 28-29. 
 
 
 
 
 
 
20 
 
Apesar de o Processo Civil, assim como outros ramos do Direito, 
sofrerem constantes inovações, estas, beneficiam em uma escala muito maior 
o autor, que em matéria de execução fiscal, é o exequente, do que o réu, que 
figura no pólo passivo da ação como executado. 
 
A partir da Constituição de 1988 é que o devedor passou a ter maiores 
benefícios processuais, visto que a mesma estabeleceu princípios e garantias 
que devem ser respeitados pelas normas infraconstitucionais e, apesar de ser 
a Constituição de 1988 posterior à Lei de Execuções Fiscais, que constitui foco 
do presente trabalho, é primordial e imperioso, que o sistema processual esteja 
em perfeita consonância com os princípios trazidos pela Magna Carta. Assim 
sendo, paralelamente ao fato de buscar satisfazer o crédito da Fazenda 
Pública, surge, com base nos Princípios Constitucionais oriundos da CR/ 88, a 
necessidade de respeito incondicional aos mesmos, perante o sistema de 
garantias da relação tributária. 
 
Neste sentido, nota-se que a doutrina moderna tem dado ênfase à 
análise da ordem processual à luz da Constituição, apontando para o estudo 
dos institutos processuais perante o sistema do ordenamento constitucional, e 
não mais na esfera fechada do processo. O que se busca, atualmente, é a 
tutela constitucional do processo que ganha vida a partir dos princípios e 
garantias constitucionais que fazem com que sistema processual respeite à 
ordem político-constitucional brasileira. 
 
Os princípios constitucionais constituem fonte para todos os ramos do 
direito, sendo norteadores da aplicação de toda atividade jurisdicional e que, 
portanto, embasam perfeitamente o instituto da Exceção de Pré-Executividade, 
ora em estudo. 
 
 
 
 
 
 
21 
Neste capítulo, será feita uma breve análise dos princípios que 
norteiam a Exceção de Pré-Executividade como se verá em seu 
desenvolvimento. 
 
2.1 Princípio do devido processo legal 
 
É possível se dizer que, hodiernamente, o processo possui como uma 
de suas bases fundamentais o Princípio do Devido Processo Legal, através do 
qual, se torna possível que as partes aleguem em juízo as razões pelas quais 
estão litigando. 
 
Importante se faz mencionar que, tal princípio tem sua origem na 
Inglaterra, no reinado de João Sem-Terra, responsável por um governo 
extremamente tirânico, que aumentou excessivamente os tributos na época, 
bem como impôs outros absurdos. Tais absurdos, geraram uma reação por 
partes dos chamados barões, no ano de 1215, que foram responsáveis pela 
elaboração de uma declaração de direitos que ficou conhecida como Magna 
Carta, declaração esta, que o rei foi obrigado a assinar. 
 
Existia na Magna Carta uma norma que determinava que a pessoa 
tinha direito de ser julgada pelos seus pares de acordo com a lei da terra “the 
law of the land”, lei que deveria estar de acordo com a tradição, valores, 
costumes, enfim de acordo com a Common Law. Ressalta-se que, ficou 
demonstrado, pela primeira vez que, ninguém pode estar acima da lei por mais 
poder que tivesse, tendo em vista que, neste momento, ficou assegurado o 
devido processo legal como regra absoluta a ser observada. Tem-se aí, a 
essência da liberdade individual frente à lei, já que o texto da Magna Carta 
dizia que ninguém perderia a vida ou a liberdade, bem como não seria 
 
 
 
 
 
22 
desprovido de seus direitos ou bens, salvo pelo julgamento de seus pares, 
conforme já dito anteriormente.8 
 
No Direito Brasileiro, antes da Constituição de 1988 o princípio do 
devido processo legal se mostrou presente, apenas de forma nebulosa, vaga 
ou imprecisa, na grande maioria, ligada à área criminal. 
 
Com o advento da Constituição de 1988, pela primeira vez na história 
do direito constitucional brasileiro, se previu expressamente o princípio do 
devido processo legal, no artigo 5º, inciso LIV, complementado pelo inciso LV, 
onde são assegurados o contraditório e a ampla defesa, onde se garantiu um 
processo justo, baseado nos ditames constitucionais.9 
 
Nos dias atuais não se permite mais que se dê continuidade a um 
processo onde a parte é obstada a se manifestar. Levando-se para o campo 
da Execução Fiscal, o fato de se impedir uma discussão, no que tange à 
legitimidade da cobrança do título executivo extrajudicial que, no caso é a 
CDA, significaria entrar em confronto direto às garantias constitucionais, tendo 
em vista que a Fazenda Pública está sujeita a erros, não podendo garantir uma 
eficiência total no ajuizamento das ações de execução fiscal. 
 
O que se vê, é que existem inúmeros casos de Execuções Fiscais 
ajuizadas de maneira indevida, o que se leva à conclusão de que, seria muito 
grave e injusto, se defender a idéia de impedir uma manifestação do 
contribuinte considerado devedor antes de ter seu patrimônio atingido, isto, 
levando-se em consideração uma obediência cega à previsão legal que exige 
garantia do juízo para se opor a uma execução fiscal injusta através de 
Embargos à Execução. 
 
 
8 VON RONDOW, Cristian de Sales. Devido processo legal à luz do acesso à justiça como garantia 
constitucional do autor e do réu. On line. Capturado em 22 julho. 2007. Disponível na Internet: 
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2939. 
9 Ibidem. 
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=293923 
Atualmente, o executado não é considerado apenas como o sujeito 
passivo da relação processual, podendo o mesmo, exercer em todas as fases 
processuais o direito do contraditório, garantido constitucionalmente, uma vez 
que tal garantia se aplica indistintamente em qualquer categoria de processo, 
existido até mesmo doutrinadores, como Nelson Nery Júnior, que admitem que 
tal garantia incida até mesmo nos processos de jurisdição voluntária.10 
 
A necessidade de se respeitar tais princípios em matéria de execução 
fiscal se torna mais evidente, tendo em vista que o título executivo extrajudicial 
que embasa a ação é constituído de forma unilateral, não tendo o contribuinte, 
portanto, qualquer participação na formação do mesmo, o que o coloca em 
uma posição totalmente desprivilegiada em relação à Fazenda Pública. É 
possível se verificar, neste sentido, que não existe o devido processo legal 
quanto existe vício processual pretérito que tornem os atos posteriores eivados 
de arbitrariedade e ilegalidade, como acontece nos casos que se exige do 
executado que haja a garantia prévia do juízo para que se defenda nos 
processos de execução fiscal que não tenha pressuposto processual. 
 
Importante se faz dizer que, fica claro que, não tendo o executado a 
oportunidade de se defender em juízo, em uma execução fiscal que pode ser 
injusta, sem que haja uma garantia prévia, se consumará um ato de total 
inconstitucionalidade, diante do artigo 5º, inciso LIV da Constituição Federal de 
1988. Tem se aí a solução para que não haja uma possível ilegalidade ou 
arbitrariedade que é a aplicação do instituto da Exceção de Pré-Executividade, 
objeto do presente estudo. 
 
Partindo-se da ótica da aplicação da Exceção de Pré-Executividade, 
através da qual o executado pode apresentar sua defesa sem que haja uma 
prévia garantia do juízo e, por conseqüência, sem que seu patrimônio seja 
injustamente atingido, é que direcionou Donald Armelin a afirmar que a 
 
10 NOLASCO, Rita Dias, op. cit., p. 131. 
 
 
 
 
 
 
24 
aceitação da Exceção de Pré-Executividade contribuiu consideravelmente para 
a implementação de um contraditório indiscutível no processo executivo, tal 
qual o fiscal, mesmo que sem uma devida limitação do âmbito da sua 
utilização.11 
 
Neste sentido, é importante assinalar que, o exeqüente não deve obter 
mais do que lhe é devido, sob este prisma, ao executado não se deve 
estabelecer privações maiores do que ele pode suportar, ou seja, como um 
executado desprovido de boas condições financeiras poderia se defender de 
uma execução fiscal injusta não tendo, o mesmo, bens para ofertar em 
garantia do juízo, com o objetivo de se defender. O direito de ambos, seja o 
executado, seja a Fazenda Publica, deve ser respeitado, o que é possível se 
garantido o contraditório e a ampla defesa, para que haja a mais lídima justiça. 
 
2.2 Princípio do acesso à justiça 
 
Aqui se estudará o princípio garantido no art. 5º, inc. XXXV da CR/88. 
 
Como já visto o devido processo legal, faz com que o processo em si 
mesmo, já se torne uma garantia fundamental, porém, se faz necessário se 
garantir o acesso ao processo, ou seja, é necessário se ter o acesso à justiça 
para que se obtenha a tutela jurisdicional que se pretende. 
 
O acesso à justiça, garantido formalmente pela Constituição de 1988, 
está atrelado a uma série de requisitos, isto é, se exige o respeito às normas 
processuais que garantem um tratamento pautado na isonomia dos sujeitos 
parciais do processo. O processo deve ser manipulado de maneira que, 
propicie às partes, o acesso à justiça de maneira igual para todos, porém, 
nota-se a existência de alguns empecilhos, principalmente econômicos, tendo 
 
11 ARMELIN, Donaldo apud NOLASCO, Rita Dias, op. cit., p. 138. 
 
 
 
 
 
 
25 
em vista o custo do processo que causa aos que possuem um baixo poder 
aquisitivo uma dificuldade maior para se atingir a tutela jurisdicional.12 
 
O artigo 5º, inciso XXXV da CR/88 que dispõe que “a lei não excluirá 
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”, conceituando 
assim, o Princípio da Inafastabilidade da Tutela Jurisdicional e garantindo a 
todos, pelo menos na teoria, o acesso à justiça, na prática, apresenta alguns 
entraves, principalmente no que diz respeito à capacidade sócio-econômica 
dos jurisdicionados. 
 
Sob esta ótica, em determinadas situações, o devedor, apesar das 
garantias constitucionais, fica impossibilitado de exercer seus direitos 
fundamentais, tendo em vista que, não se teria como desconstituir o título 
executivo nulo ou com excesso de cobrança, bem como, se atacar outras 
formas de irregularidades, se fosse prevalecida a exigência de se segurar 
previamente o juízo para uma posterior defesa, ou seja, se não houvesse o 
instituto da Exceção de Pré-Executividade, muitos ficariam impedidos de se 
defender. Privar o devedor de seus bens para se defender de uma execução 
injusta seria uma total crueldade diante da possibilidade de um 
reconhecimento de plano de suas pretensas alegações em uma defesa através 
da Exceção de Pré-Executividade, defesa através da qual o executado não 
precisa possuir bens para provar a injustiça cometida contra ele. Se o 
executado consegue demonstrar, de plano, a ilegalidade da execução fiscal 
proposta contra ele pela Fazenda Pública, via Exceção de Pré-Executividade, 
não existe motivo para se dar continuidade ao processo. 
 
Se torna incoerente se exigir que executado sofra alguma restrição 
para que, a partir de então, suas alegações sejam apreciadas por um processo 
muito mais complexo e demorado, ou seja, pela analise dos Embargos à 
Execução, quando tudo poderia ser solucionado de forma mais célere, 
 
12 NOLASCO, Rita Dias, op.cit.,p.38. 
 
 
 
 
 
26 
buscando se com isso a efetividade do Princípio da Economia Processual e o 
Princípio da Efetividade do Processo. 
 
Por fim, em uma análise conclusiva do acesso à justiça, para que haja 
a garantia plena do mesmo, se faz necessário, além de uma referencia à 
acessibilidade econômica, como no caso de uma assistência judiciária gratuita, 
também se mostra necessário o direito a uma defesa técnica e a uma 
igualdade substancial, o que torna possível um equilíbrio do contraditório e de 
uma paridade real entre as partes.13 
 
2.3 Princípio da isonomia 
 
No que se refere a Princípio da Isonomia ou Igualdade garantido pela 
Constituição de 1988, se pode dizer que, no tocante à Lei de Execuções 
Fiscais, objeto do presente trabalho, já que está sendo demonstrada a 
aplicação da Exceção de Pré-Executividade em matéria de Execução fiscal, se 
faz necessário demonstrar que tal lei concedeu vários privilégios à Fazenda 
Pública em detrimento do contribuinte devedor, o que acabou por contribuir 
para um desequilíbrio muito grande diante da relação formada entre o credor e 
o devedor, visto que, de fato, o devedor, diante de tal lei encontra se em uma 
posição claramente inferior. 
 
Em situações peculiares às execuções fiscais, é notório o desrespeito 
ao princípio da igualdade, visto que algumas permissões tais como, a 
possibilidade de citação ficta do executado, a permissão para a Fazenda 
pública de requerer a substituição do bem penhorado, a falta de sucumbência 
para os executivos fiscais, dentre outras situações, demonstram tais 
diferenças.14 
 
13 TUCCI, Rogério Lauria e CRUZ E TUCCI, José Rogério, apud NOLASCO, Rita Dias, op. cit., p. 40. 
 
14 MARINS, James, Direito processual tributário brasileiro. 3. ed. São Paulo: Dialética, 2003, p. 650-
651. 
 
 
 
 
 
 
27 
 
Diante de tais desigualdades, ou seja, ofensas diretas a um princípio 
constitucional, se faz necessária e indispensável, a existênciade uma forma de 
defesa que permita ao executado de se aproximar o mínimo que seja da 
posição privilegiada do exeqüente, principalmente em ralação às matérias que 
podem ser conhecidas de ofício pelo juiz. Mostra-se, mais uma vez presente, a 
necessidade da utilização da Exceção de Pré-Executividade frente a aplicação 
do princípio constitucional da Isonomia ou Igualdade. 
 
Assim sendo, após breves considerações sobre os Princípios que 
servem como alicerces para a aplicação do instituto da Exceção de Pré-
Executividade, se passa, no capítulo próximo ao estudo detalhado do tema. 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO III 
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE 
 
 
3.1 Instrumentos de defesa do executado 
 
3.1.1. Embargos à Execução 
 
 Em sede de Execução Fiscal, a defesa do executado, possui, 
como regra, a forma de Embargos à Execução, na qual, de acordo com o 
artigo 16, parágrafo 2º, da Lei nº 6830/80, deverá ser alegada toda a matéria 
útil à defesa do devedor e que, com base no parágrafo primeiro do citado 
 
 
 
 
 
28 
artigo, deverão ser opostos após a garantia do juízo. 
 
No intuito de se passar algumas considerações importantes acerca da 
defesa, considerada por grande parte da doutrina como própria, chamada 
Embargos à Execução, pode-se dizer que um grande inconveniente desta 
forma de defesa se faz presente na medida em que está condicionada à 
garantia prévia do juízo nas hipóteses previstas no art. 16 da Lei 6830/80, o 
que impossibilita o Executado sem condições financeiras de se opor a uma 
execução injusta, como ocorre, por exemplo, no caso de uma empresa de 
pequeno porte que é executada por uma quantia exorbitante, resultante de um 
erro de cálculo da Receita Federal. 
 
Segundo Mauro Luis da Rocha Lopes, Os Embargos à Execução “tem 
como natureza de ação autônoma constitutivo-negativa, pois que visam à 
desconstituição total ou parcial do título executivo (termo de inscrição em 
dívida ativa), materializado na CDA “.15 De acordo com Liebmam, ensejam uma 
relação processual distinta da executória, porém que é dependente dela de tal 
maneira que pode influenciar de maneira decisiva no processo principal, 
modificando-lhe o âmbito ou até mesmo produzindo sua anulação ou seu 
término.16 
 
A doutrina majoritária segue a posição acima descrita, porém, existem 
aqueles que atribuem aos Embargos à Execução, a natureza de prejudicial, 
bem como outros que atribuem a eles até mesmo a natureza de contestação. 
Em uma brilhante colocação, Sandro Gilbert Martins reconhece que os 
Embargos à Execução possuem a natureza de ação, porém assevera que o 
conteúdo desta é materialmente defesa.17 
 
No que tange ao prazo para oposição dos Embargos à Execução, 
 
15 LOPES, Mauro Luís Rocha, op.cit, p. 117. 
16 LIEBMAN, Enrico Tullio. Processo de execução. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1986, p. 66. 
17 MARTINS, Sandro Gilbert, op. cit., p. 136. 
 
 
 
 
 
 
29 
estabelece a LEF, em seu artigo 16, incisos I, II, e III, que é de trinta dias, 
contados do depósito, da juntada da prova de fiança bancária ou da intimação 
da penhora, ou seja, de todas as maneiras, o juízo tem que estar garantido. Tal 
prazo é peremptório e, se decorrido sem que haja a oposição dos embargos, 
ocorrerá a preclusão temporal. Tem-se aí, uma grande desvantagem em 
relação à Exceção, visto que, a mesma, via de regra, pode ser interposta a 
qualquer tempo, como será visto posteriormente. 
 
Ainda a respeito dos Embargos, se faz importante informar que, de 
acordo com o artigo 739 – A, do Código de Processo Civil, que foi incluído pela 
Lei nº 11.382, de 2006, os embargos do executado não terão efeito suspensivo 
e, conforme dispõe seu parágrafo 1º “ O juiz poderá, a requerimento do 
embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo 
relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente 
possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde 
que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução 
suficientes”. Assim sendo, se os Embargos forem recebidos com efeito 
suspensivo, farão cessar qualquer ato executório nos autos da execução fiscal. 
 
Neste sentido, se pode afirmar que durante a vigência do artigo 739, 
parágrafo 1º do Código de Processo Civil que foi revogado, os Embargos à 
Execução, mesmo que em matéria de Execução Fiscal, tinham efeito 
suspensivo logo que opostos, isto porque, como a Lei 6.830/80 é silente no 
que tange a matéria, aplica-se, subsidiariamente, o Código de Processo Civil. 
Tendo em vista a alteração trazida pela Lei. 11.382/06 que acrescentou o 
artigo 739-A ao Código de Processo Civil, tem-se, atualmente, a situação já 
exposta no tocante a matéria de suspensão, isto pelo fato de que, a partir de 
então o art 739-A é aplicado subsidiariamente em matéria regulada pela LEF. 
 
No que tange aos legitimados para a propositura dos embargos, estão 
eles dispostos na Lei de Execuções Fiscais, em seu artigo 4º e incisos. O 
executado que na execução fiscal ocupava a posição de sujeito passivo, nos 
 
 
 
 
 
30 
embargos passa a ocupar o pólo ativo como embargante e, o exeqüente 
passará a figura de embargado, ou seja, irá figurar no pólo passivo da ação 
dos embargos. 
 
 Importante se faz destacar, por fim que, nos embargos opostos 
em um processo de execução fiscal, não havendo impugnação dos mesmos, 
não irá se operar a figura da revelia, tendo em vista a natureza indisponível da 
dívida em questão, isto, porque os créditos são da Fazenda Pública. 
 
 Assim sendo, após algumas considerações feitas sobre a forma 
de defesa do executado, prevista na LEF, ou seja, sobre os Embargos à 
Execução, passa-se a análise da Exceção de Pré-Executividade propriamente 
dita. 
 
3.1.2 Exceção de Pré-Executividade: Considerações iniciais e 
forma de defesa 
 
 Levando-se em consideração a necessidade de se ter que 
garantir o juízo previamente para que haja uma defesa legalmente prevista na 
Lei de Execução Fiscal, que são os Embargos à Execução, a grande maioria 
dos devedores/executados, atualmente, têm optado por ingressar com a 
chamada Exceção de Pré-Executividade. 
 
 A princípio, se faz importante destacar que, o instituto da 
Exceção de Pré-Executividade não possui nenhuma previsão legal, tendo sido 
criado pela doutrina e jurisprudência e, como já mencionado na introdução da 
presente monografia, teve seu marco doutrinário em 1966, com o grande 
mestre Pontes de Miranda. 
 
 Passando-se a analisar o instituto da Exceção de Pré-
Executividade em si, pode-se dizer que é uma espécie de defesa que 
apresenta algumas semelhanças com os Embargos à Execução tais como: 
 
 
 
 
 
31 
ambos podem levar à extinção do processo; no âmbito da Justiça Federal, 
ambos dispensam custas processuais; ambos podem ensejar a condenação 
do exequente em honorários; ambos necessitam da figura do advogado e, na 
prática, ambos suspendem o andamento do processo de execução fiscal até o 
momento que haja o julgamento dos mesmos. 
 
 Demonstradas as semelhanças, pode-se dizer que são muitas as 
vantagens e as diferenças que a Exceção de Pré-Executividade apresenta em 
relação aos Embargos à Execução. A maior de todas as diferenças, bem como 
a mais vantajosa, está ligada ao fato de não estar a Exceção de Pré-
Executividade condicionada à segurança do juízo. Pode a Exceção ser oposta 
por simples petição nos próprios autos do processo de execução fiscal não 
tendo forma específica, enquanto os Embargos devem obedecer aos requisitos 
do artigo 282 do Código de Processo Civil. Ainda pode-se dizer que, via de 
regra, a Exceção pode ser interposta a qualquer tempo, já os Embargos estão 
condicionados ao prazo de 30 dias estabelecidos pela LEF. Na Exceção não 
existe dilação probatória, sendo limitada à prova documental e, nos Embargos, 
existe amplitude de defesa, embora, na prática,em se tratando de execução 
fiscal, a prova esteja reduzida à documental e, quando muito à pericial. 
 
 Dessa forma, no que tange aos processos de execução fiscal, a 
Exceção de Pré-Executividade tem garantido uma maior celeridades ao 
processo, tendo em vista que as matérias que são argüidas podem ser 
conhecidas de plano, sem que seja necessária a dilação probatória, impedindo 
que seja prosseguida, uma execução fiscal injusta, que poderia penalizar o 
executado por alguma coisa que sequer deu origem. 
 
3.2 A Evolução histórica da Exceção de Pré-Executividade 
 
Historicamente falando sobre a evolução do instituto, é importante 
dizer que, desde a época final do Império (1888) se têm notícia de dispositivos 
legais permitindo a defesa do executado sem uma garantia prévia do juízo, isto 
 
 
 
 
 
32 
em situações específicas e pré-determinadas. No entanto, o marco que tornou 
o instituto célebre no Direito Brasileiro foi o famoso parecer de Pontes de 
Miranda no caso Mannesmann, em 1966, onde dentro do próprio processo de 
execução foi realizada a defesa do devedor sem que houvesse a garantia do 
juízo, em que foi alegada a falsidade dos títulos que embasavam a execução, 
como já mencionado na introdução do trabalho. 
 
O Decreto Imperial nº 9.885, de 1888, em seus artigos 10 e 31, já 
permitia ao executado defender-se sem qualquer agressão, desde que 
estivesse munido de documento hábil que provasse o pagamento ou a 
anulação do débito administrativamente. O Decreto nº 848, de 1890, também 
dava ao executado, em matéria de execução fiscal, a faculdade de exercer o 
direito de defesa sem a garantia do juízo como exigência onde observa-se: 
“Comparecendo o réu para se defender antes de feita a penhora, não será 
ouvido sem primeiro segurar o juízo, salvo se exibir documento autêntico de 
pagamento da dívida ou anulação desta”.18 
 
Em 1932, com a promulgação dos Códigos Estaduais, o Rio Grande do 
Sul, através do Decreto n5225 ڎ, criou a execução de impropriedade do meio 
executivo que, antes de se iniciar qualquer procedimento, a parte executada 
poderia opor exceções de suspeição, incompetência dentre outras. 19 
 
Não obstante a ascendência pretérita, o Jurista João Celso Neto 
explica que, a expressão exceção de pré-executividade, parece ter sido 
empregada, inicialmente, pelo professor Araken de Assis, em 1987. tal forma 
de contestação e de inconformismo foi dita oposição pré-processual por José 
Frederico Marques e por Galeno Lacerda.20 Apesar dos decretos acima 
indicados, escassa doutrina a respeito do tema em estudo, dedica a Pontes de 
Miranda o nascimento desta exceção, que no Código de Processo Civil de 
 
18 MOREIRA, Alberto Camina. Defesa sem embargos do executado: exceção de pré-executividade. São 
Paulo: Saraiva, 1998. p. 22. 
19 NOLASCO, Rita Dias, op., cit., p. 171. 
 
 
 
 
 
33 
1939 era a nomenclatura utilizada para as defesas do réu.21 Pontes de Miranda 
empregara a expressão exceção pré-processual em seu parecer já 
mencionado anteriormente, tendo sido ele que traçou os primeiros contornos 
de como nos dias atuais é conhecida e, para ele a natureza jurídica é de 
exceção, o que não é unânime perante a doutrina a respeito do instituto. 
 
 Pode-se verificar que, a partir da Constituição Federal de 1988, 
passou-se a dar uma atenção maior aos direitos do executado isto, com base 
nos princípios insculpidos como garantias fundamentais na Carta Magna. 
Atualmente, invoca-se cada vez mais aos princípios da isonomia, do 
contraditório e da ampla defesa em benefício do executado e, os Tribunais 
estão aceitando cada vez mais tais invocações. Tais princípios invocados 
serão objeto de estudo em um capítulo a parte no presente trabalho. 
 
3.3 Opção terminológica 
 
 No que diz respeito à terminologia, muitas são as divergências 
quanto ao termo utilizado pelo executado em um processo de execução fiscal 
para defende-se sem que haja a necessidade de garantia prévia do juízo. 
 
 O Mestre Pontes de Miranda empregou o termo Exceção na 
vigência do Código Civil de 1939, pois “àquela época, a expressão ‘exceção’ 
abrangia ‘toda e qualquer defesa do réu’, sendo, por isto, compreensível a 
utilização da mesma”.22 
 
 Já Nelson Nery Júnior, dentre outros, por exemplo, optaram pelo 
termo Objeção, devido ao fato de, para estes, a expressão exceção trazer a 
idéia de disponibilidade do direito, razão pela qual se não for oposta ocorrerá a 
 
20 CELSO NETO, João. Exceção de pré-executividade, On line. Capturado em 09 julho. 2007. Disponível 
na Internet: http://www.jus.com.br/doutrina/preexe.html 
21 MIRANDA, Pontes de. Dez anos de pareceres. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1975, v.4, p.37. 
22 ROSA, Marcos Valls Feu. A exceção de pré-executividade – matérias de ordem pública no processo de 
execução. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1996, p. 94. 
http://www.jus.com.br/doutrina/preexe.html
 
 
 
 
 
34 
preclusão.23 Assim sendo até mesmo a terminologia a ser utilizada não está 
tão pacificada na Doutrina. Nelson Nery Junior, também sugere o emprego de 
‘exceção de executividade’, versando sobre matéria de direito dispositivo, 
antes de o executado oferecer bens à penhora ou embargar, deparar-se com 
casos excepcionais de trancamento da execução sem que haja necessidade 
de uma investigação mais aprofundada ou dilação probatória, como ocorre por 
exemplo, no caso de existir prova cabal de pagamento ou a prescrição da 
eficácia executiva do título.24 
 
 Alguns autores empregam o termo de acordo com a matéria 
alegada, tais como Sérgio Shimura, que explica que matérias de ordem 
pública, passíveis de serem reconhecidas de ofício, deverão ser alegadas por 
Objeção de Pré-Executividade; já as matérias disponíveis, que exigem uma 
alegação da parte, que envolvem defesa indireta de mérito, poderão ser 
argüidas através de Exceção de Pré-Executividade, isto, desde que não haja a 
necessidade de dilação probatória e, por fim, havendo necessidade de dilação 
probatória, ou seja instrução, deverão ser opostos os Embargos à Execução.25 
 
 Existem até mesmo aqueles que entendem que a terminologia 
correta seria Incidente de Pré-Executividade, como podemos citar Olavo de 
Oliveira Neto afirmando o mesmo que “a exceção e a objeção constituem 
apenas um incidente processual que surge e deve ser resolvido no próprio bojo 
do processo de execução”. 26 
 
 No presente trabalho, levando-se em consideração as diversas 
opiniões dos autores e respeitando as mesmas, optou-se pelo emprego do 
termo Exceção de Pré-Executividade, expressão original e consolidada na 
 
23 NERY JUNIOR, Nelson. Princípios do processo civil na constituição federal. 8. ed. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 2004. p. 180-181. 
24 Ibidem. 181. 
 
25 SHIMURA, Sérgio. Título executivo. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 70-71. 
26 OLIVEIRA NETO, Olavo de. A defesa do executado e dos terceiros na execução forçada. São Paulo: 
RT, 2000. p.118. 
 
 
 
 
 
35 
doutrina e na jurisprudência e, também, devido ao fato de ser entendido o 
termo exceção em seu sentido amplo de defesa, quanto ao termo pré-
executividade entende-se, seguindo a opinião de Alberto Camiña Moreira, 
tendo a idéia de ser possível a defesa antes dos atos marcantes da atividade 
executória propriamente dita, significando algo anterior a execução (entendida 
como atos de constrição, e não como processo). Tal possibilidade também 
pode ser alegada posteriormente, até mesmo após os Embargos à Execução e 
da Arrematação.27 
 
3.4 Natureza jurídica da Exceção de Pré-Executividade 
 
 Diante das divergentes opiniões já apresentadas quanto a 
nomenclatura do instituto em questão e, já tendo sido demonstradoque optou-
se, na presente monografia, pelo termo Exceção de Pré-Executividade, tão 
grande será a dificuldade para se determinar a natureza jurídica da Exceção de 
Pré-Executividade, tendo em vista as diferentes posições doutrinárias. Alguns 
doutrinadores entendem que a natureza jurídica é de defesa e outros 
entendem ser de incidente processual. 
 
 Alguns autores, como Geraldo da Silva Batista Júnior entendem 
que a Exceção de Pré-Executividade possui a natureza jurídica de defesa do 
Executado, afirmando o mesmo ser o direito de defesa paralelo ao de ação e 
garantido sem restrições constitucionalmente. Assim sendo, segundo ele, é 
direito do réu se opor à pretensão do autor.28 
 
 Na mesma linha de considerar a natureza jurídica da Exceção a 
de defesa do réu, está o grande Mestre Pontes de Miranda, que traçou os 
primeiros contornos da Exceção de Pré-Executividade e para ele a natureza 
jurídica era de exceção, fazendo a ressalva de que a palavra exceção deveria 
 
27 MOREIRA, Albeto Camiña, op. cit., p. 35. 
 
28 BATISTA JÚNIOR, Geraldo da Silva. Exceção de pré-executividade: alcance e limites. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Lumem Juris, 2004. p. 19-21. 
 
 
 
 
 
36 
ser entendida como qualquer defesa do réu, isto, na vigência do Código de 
Processo Civil de 1939.29 
 
 Existem autores que consideram a natureza jurídica do termo 
Exceção de Pré-Executividade como de incidente processual, como podemos 
citar Rita Dias Nolasco30 e Alberto Camiña Moreira31. Pode-se informar que 
Alberto Camiña Moreira defende que a exceção “não está prevista na lei 
processual e sua argüição pelo devedor constitui momento novo no processo, 
fora do caminho então previsto, que caracteriza, assim, o incidente, 
subentendido no arcabouço processual civil brasileiro”. 32 
 
Alguns doutrinadores até chegam a separar em dois grupos a defesa 
do executado classificando-a como própria (Embargos à Execução e 
Impugnação) e imprópria onde inserem a Exceção de Pré-Executividade. 
 
Importante se faz destacar que, para os que compartilham da opinião 
de ser a Exceção forma de defesa, pode-se fazer um adendo e dizer que, 
neste caso, todos os que podem figurar no pólo passivo, possuem legitimidade 
para interpô-la. 
 
Por outro lado, para os que entendem o instituto como incidente 
processual, não existiria a necessidade de se fazer parte da relação processual 
para ter legitimidade para propor a Exceção, tendo em vista que, qualquer 
pessoa, poderia estar em juízo para solicitar a análise de matérias de ordem 
pública, pertinentes à Exceção. 
 
Existem ainda, outras classificações quanto à natureza da Exceção de 
Pré-executividade, porém, como já demonstrado no decorrer do presente 
trabalho optou-se pela classificação da mesma como a de defesa em sentido 
 
29 MIRANDA, Pontes de, op. cit., p. 37. 
30 NOLASCO, Rita Dias, op. cit., p. 195. 
31 MOREIRA, Alberto Caminã, op. cit., p. 37. 
32 Ibidem. p. 37. 
 
 
 
 
 
37 
lato do executado. 
 
3.5 Da interposição da Exceção de Pré-Executividade na 
Execução Fiscal 
 
 Seguindo o posicionamento adotado de ter a Exceção de Pré-
Executividade em sentido lato, a natureza jurídica de defesa do réu passa-se a 
descrever o assunto. 
 
 Neste sentido, a Exceção de Pré-Executividade, como já dito 
anteriormente, não possui forma específica, podendo ser interposta por 
simples petição, nos próprios autos do processo de execução fiscal, isto, a 
qualquer tempo, não sofrendo preclusão, por tratar-se de matéria de ordem 
pública, que poderia ser decretada de ofício pelo juiz. Assim sendo, Rita Dias 
Nolasco conclui que existe a possibilidade de se apresentar a Exceção de Pré-
Executividade a partir do ajuizamento da ação executiva e até mesmo após os 
Embargos à Execução e a Arrematação.33 
 
 O posicionamento adotado, do ponto de vista do executado é 
bastante favorável, visto que, em sede de execução fiscal, o fato de estar o 
executado inscrito na dívida ativa ou com a ação executiva fiscal já ajuizada, 
não existindo o instituto em questão, poderia ser um obstáculo à sua atividade 
seja profissional ou empresarial, como, por exemplo, pode-se citar o caso de a 
Fazenda pública inscrever na dívida ativa pessoa que preencheu sua 
declaração de imposto de renda de maneira incorreta e que, após a verificação 
do erro, enviou uma retificadora da declaração, a qual a Receita, por algum 
incidente, não tomou conhecimento. Esta mesma pessoa, ao receber alguma 
proposta empregatícia poderia perdê-la caso a empresa contratante exigisse 
declaração negativa dos órgãos federais. Outras situações semelhantes 
podem ocorrer com pessoas jurídicas. 
 
33 NOLASCO, Rita Dias, op. cit., p. 199. 
 
 
 
 
 
38 
 
 No que diz respeito à legitimidade para a interposição da Exceção 
de Pré-Executividade, diante do natureza jurídica adotada,, que é a de defesa, 
se deduz que, todos os que figurarem no pólo passivo de um executivo fiscal 
terão legitimidade para oferecer a Exceção de Pré-Executividade em juízo. O 
legitimado passivo em sede de Execução Fiscal está indicado na Certidão da 
Dívida Ativa que deverá conter o nome do devedor e co-responsáveis, nos 
termos do artigo 2º, parágrafos 5º e 6º da Lei de Execuções Fiscais. 
Importante nesta fase se faz dizer que também estão legitimados para oferecer 
a Exceção em sede de execução fiscal , o espólio, os herdeiros e sucessores 
do devedor, o fiador bancário, o curador especial e o responsável tributário. 
 
 No que tange a forma, já mencionamos que poderá ser interposta 
por simples petição, de acordo com diversas doutrinas consultadas. 
 
 Quanto às hipóteses de cabimento da Exceção de Pré-
Executividade, pode-se concluir que, é cabível quando se trata de matérias de 
ordem pública, além de ser cabível em todos os casos de nulidade absoluta, 
que devem ser argüidos pelo juiz. 
 
 De acordo com a jurisprudência dominante no Superior Tribunal 
de Justiça, em sede de Execução Fiscal a Exceção de Pré-Executividade pode 
ser argüida no que diz respeito às questões relativas às condições da ação, 
pressupostos processuais, vícios do título (certeza, liquidez e exigibilidade), 
,bem como nos casos em que os fatos modificativos ou extintivos do direito do 
exeqüente são comprovados de plano sem que haja a necessidade de uma 
dilação probatória. Tal entendimento do STJ visa atender ao interesse público, 
em obediência aos princípios da economia e da celeridade processuais.34 
 
34 Nesse sentido, STJ, REsp nº 669810, 1ª Turma, Rel. MIn. Francisco Falcão, DJ 10/04/06, p. 133; AGA 
nº 727352, 1ª T, Rel. Min. Denise Arruda, DJ 10/04/06, p. 141; REsp nº 502113, 2ª T, Rel.. Min. 
Francisco Peçanha Martins, DJ 28/03/06, p. 202; REsp nº 366487, 2ª T, Rel. Min. João Otávio de 
Noronha, DJ 29/03/06, p. 131; AgRg no Ag nº 723128, 1ª T, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 
27/03/06, p. 189; AgRg no REsp nº 729390, 2ª T, Rel. Min. Franciulli Netto, DJ 12/12/05, p. 318; REsp 
 
 
 
 
 
39 
 
 Pode-se destacar como fato extintivo do direito do exeqüente o 
pagamento, pois está ligado ao mérito da execução, sendo causa de extinção 
da obrigação, o que, a princípio, só poderia ser alegado através de Embargos 
à Execução e, atualmente, tem-se admitido em muito, em sede de execução 
fiscal, a alegação de pagamento pela via Exceção de Pré-Executividade, isto 
quando não depender de prova, pois, conforme os ensinamentos de Cândido 
Rangel Dinamarco, aquele que já recebeu o que lhe é devido não é mais titular 
do direito material que embasou a propositura da ação executiva.35 
 
 Outros fatos extintivos merecem destaque, tais como a prescrição 
e a decadência. Apesar de, serem os Embargos à Execução, a via adequada 
para se discutir a prescrição, havendo comprovaçãode plano, poderá ser 
discutida via Exceção de Pré-Executividade. 
 
3.6 Dos efeitos do recebimento e da rejeição da Exceção de 
Pré-Executividade na Execução Fiscal 
 
 Importante se faz destacar os efeitos do recebimento e da 
rejeição da Exceção de Pré-Executividade. 
 
 Alguns doutrinadores, como Leonardo Greco não admitem a 
suspensão da execução quando do oferecimento da exceção ao afirmar que 
“também por essa informalidade, o oferecimento da exceção não suspende a 
execução”.36 
 
 No Direito Brasileiro, a grande maioria dos textos legais que 
tratam da suspensão processual, decorrem de causas previstas em lei ou de 
 
nº 621215, 2 T, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 23/05/05, p. 207 e REsp nº 685733, 2ª T, Rel. Min. Castro 
Meira, DJ 16/05/05, p. 320. 
 
35 DINAMARCO, Cândido Rangel apud NOLASCO, Rita Dias, op. cit, p. 234-235. 
36 GRECO, Leonardo. O processo de execução. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. v.1. p. 627. 
 
 
 
 
 
40 
ato vinculado do juiz, como ocorre na execução fical, no caso da suspensão do 
processo pelo artigo 40 da Lei 6830/80, porém, podem existir outros casos não 
previstos em lei que ensejam a suspensão. 
 
 Alguns autores como Marcos Valls Feu Rosa entendem que 
ocorre a suspensão do curso do processo executivo quando da interposição da 
Exceção de Pré-Executividade, pois segundo ele “caso contrário, tudo que foi 
dito acerca da impossibilidade de privação de bens sem observância, em todos 
os seus termos, do princípio do devido processo legal, seria relegado ao 
olvido”.37 
 
 Também se pode citar que existem autores que consideram ser a 
exceção de pré-executividade uma forma de se evitar a continuidade de um 
processo fadado ao insucesso, assim como de se evitar uma execução injusta. 
 
 Em conformidade com a posição adotada no presente trabalho e, 
em consonância com os princípios constitucionais que dão alicerce a Exceção 
de Pré-Executividade, a melhor opção parece ser a da suspensão do 
processo, pois caso contrário, o instituto não teria nenhum valor e, na prática, o 
que ocorre é que o juiz, em respeito ao principio do contraditório, abre vista ao 
exeqüente para manifestação sobre a exceção, e com isso, tem-se a 
‘suspensão de fato’ das medidas executivas até a decisão da Exceção de Pré-
Executividade. Não havendo a suspensão graves prejuízos, muitas vezes, 
incontornáveis, poderiam ser causados aos que foram executados 
injustamente. 
 
Alguns autores chegam a considerar que a suspensão criada pela 
Exceção de Pré-Executividade seria tida como imprópria, visto que, traz uma 
idéia ilusória de que o processo se encontra suspenso, quando, o que ocorre, 
na realidade, é apenas um desvio do provimento final. 
 
 
 
 
 
 
41 
 No que se diz respeito ao efeito da rejeição da Exceção de Pré-
Executividade, o mesmo é bastante claro: ocorrerá o prosseguimento da 
execução fiscal, tendo em vista que, da decisão que não der provimento ao 
pedido caberá apenas a interposição de agravo de instrumento, não ensejando 
suspensão do processo, sendo atribuído o efeito suspensivo apenas nos casos 
em que o Tribunal ad quem atribuir ao recurso tal efeito. 
 
3.7 Recursos cabíveis em matéria de Execução Fiscal 
 
 Dispõe o artigo 162 do Código de Processo Civil: “Os atos do juiz 
consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos”. 
 
 A decisão judicial que não conhecer a Exceção de Pré-
Executividade, em virtude do conteúdo decisório e, pelo fato de não por termo 
ao processo, constitui decisão interlocutória, sendo neste caso cabível o 
recurso de Agravo de Instrumento. Se o Tribunal ad quem der provimento ao 
agravo, ele poderá acolher a Exceção e extinguir o executivo fiscal, isto, com 
base no artigo 515 do CPC que foi alterado pela Lei 10.352/2001, 
acrescentando o parágrafo 3º. 
 
 Da decisão judicial que conhecer e acolher a Exceção de Pré-
Executividade pode-se ocorrer duas situações: a extinção do processo de 
execução fiscal, com uma sentença da qual caberá o recurso de Apelação ou, 
em uma segunda situação ocorre o reconhecimento da ilegitimidade passiva 
de um dos executados e o prosseguimento quanto aos demais, onde tem-se 
mais uma vez, uma decisão interlocutória passível de recurso de Agravo de 
instrumento. 
 
 Da decisão judicial que não acolher a Exceção de Pré-
Executividade, considerada decisão interlocutória, caberá a interposição de 
Agravo de Instrumento. Caso o Tribunal ad quem dê provimento ao Agravo, 
 
37 ROSA, Marcos Valls Feu, op. cit., p. 76. 
 
 
 
 
 
42 
ocorrerá a mesma situação acima exposta. 
 
3.8 Honorários advocatícios 
 
 Em reiterados julgados o Superior Tribunal de Justiça vem 
decidindo ser devida a condenação da Fazenda Pública no pagamento de 
honorários advocatícios em hipóteses em que, acolhida a Exceção de Pré-
Executividade, a execução fiscal é extinta. A referida condenação independe 
de ter a exeqüente exercido ou não o contraditório, visto que mesmo que 
concorde com a Exceção apresentada pelo executado, causou despesas para 
o mesmo na obtenção de defesa. A fundamentação está na premissa de quer 
a vitória de quem tem razão deixaria de ser integral quando ele tivesse de 
suportar gastos para vencer.38 
 
 Neste sentido o Superior Tribunal de Justiça firmou a Súmula nº 153 
que diz: “A desistência da Execução Fiscal, após o oferecimento dos 
Embargos, não exime o Exeqüente dos encargos da sucumbência”. Uma 
defesa apresentada via Exceção de Pré-Executividade, pode ser considerada, 
por se levar em consideração à aplicação da súmula referida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 Nesse sentido, STJ – EDcl no REsp nº 711997, 1ª T, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ 10/04/06, p. 139; 
REsp nº 306962, 2ª T, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ 21/03/06, p. 107; REsp nº 617443, 2ª T, 
Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 06/03/06, p. 309; REsp nº 751906, 1ª T, Rel. Min. Teori Albino 
Zavascki, DJ 06/03/06, p. 217; AgRg no Ag nº 669068, 1ª T, Rel. Min. Denise Arruda, DJ 14/11/05, p. 
197 e AG REsp nº 670038, 1ª T, Rel. Min. José Delgado, DJ 18/04/05, p. 228. 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
 
 
CAPÍTULO IV 
CONSIDERAÇÕES SOBRE A REFORMA DO 
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
 
 
O presente capítulo se destina a demonstrar, algumas breves 
considerações, a respeito das modificações trazidas pelas Leis 11.232 de 
22.12.2005 e 11.382/2006, que alteraram substancialmente o Código de 
Processo Civil, principalmente no que tange a execução e, dentro do contexto 
do estudo do tema objeto do presente trabalho, se faz necessário demonstrar 
se houve alguma alteração na aplicabilidade da Exceção de Pré-Executividade, 
dentro do executivo fiscal, que como o próprio nome já diz, corresponde a um 
processo de execução, que possui como título executivo que o embasa, um 
título extrajudicial, que é a Certidão da Dívida Ativa, já mencionado algumas 
vezes no decorrer da presente monografia. De antemão, cabe ressaltar que, as 
modificações trazidas pela Lei 11.232/2005, mais relevantes, ocorreram na 
execução civil. 
 
A partir de uma definição genérica da execução, pode-se entender que 
corresponde a um instrumento pelo qual se realiza o exercício de uma posição 
vantajosa na qual o titular é o credor, sendo que, tal posição de vantagem, se 
concretiza por meio de atos coercitivos. O procedimento para o desenrolar da 
execução se realiza, atualmente, das seguintes maneiras: Ora na forma de 
procedimento estabelecido pela nova legislação que alterou o CPC no que 
tange ao cumprimento das sentenças judiciais que gerem obrigação de pagar 
 
 
 
 
 
44 
quantia certa, ora em um processode execução que é embasado por um título 
executivo extrajudicial, sendo a Certidão da Dívida Ativa encaixada na segunda 
opção. 
 
Antes das alterações trazidas pela Lei 11.232 de 22.12.2005, quando 
ocorria o inadimplemento de uma sentença judicial, a lei determinava a 
instauração de um processo de execução para a cobrança forçada do que era 
devido pela parte vencida. Atualmente, com a vigência das alterações trazidas 
pela norma acima mencionada, ocorre o cumprimento direto da sentença tendo 
sido suprimida a instauração de um processo executivo autônomo no que 
tange às sentenças judiciais, isto com base nos atuais artigos 475-I até o 475-
R do Código de Processo Civil, onde se pode encontrar inserida uma nova 
figura de defesa conhecida por impugnação, passível de ser empregada após 
realizada a penhora, conforme artigo 475-J, parágrafo 1º do Código de 
Processo Civil. 
 
Comparativamente falando, em ambos os meios de execução 
utilizados pelo credor para a cobrança de seu direito, o Código de Processo 
Civil disponibiliza para o executado, formas de defesa que pressupõem a 
constrição patrimonial do mesmo, seja através da impugnação, seja através 
dos Embargos à Execução. 
 
Neste sentido, verifica-se que a Exceção de Pré-Executividade aparece 
como um mecanismo imprescindível para instrumentalizar os pleitos que 
traduzem o cumprimento das garantias asseguradas pela Lei Maior, a 
Constituição Federal de 1988, até mesmo na execução civil. 
 
Com o advento das novas reformas ocorridas no Código de Processo 
Civil, oriundas da Lei 11.382/2006, se faz importante mencionar que, a partir 
daí, começaram a surgir algumas opiniões doutrinárias contrárias à aplicação 
da Exceção de Pré-Executividade, isto porque, com a nova redação do art. 736 
do CPC “O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, 
 
 
 
 
 
45 
poderá opor-se à execução por meio de embargos”, Diante desta nova 
situação jurídica, de acordo com alguns doutrinadores, com o fim da 
necessidade de garantia prévia do juízo para a defesa do executado, via 
Embargos à Execução, a Exceção de Pré-Executividade perderia sua 
finalidade maior, que é a de permitir aos menos afortunados uma forma de se 
defender no processo. Porém, pelo que aparenta, tais doutrinadores não 
pensaram na esfera dos executivos fiscais. 
 
As discussões ainda são muitas no que diz respeito às mudanças 
ocorridas, principalmente pelo fato de serem muito recentes. 
 
A princípio, no que tange aos executivos fiscais, pode-se dizer que, na 
prática, as reformas não influenciaram muito, visto que, pelo fato de seguirem 
um rito diferenciado, são regulados por uma lei especial, a Lei 6.830/80, que 
até o presente momento continua em pleno vigor e, não teve nenhum de seus 
artigos revogados, sendo o Código de Processo Civil aplicado apenas 
subsidiariamente. Melhor dizendo, apenas quando a Lei 6.830/80 foi omissa, é 
que aplicar-se-á o Código de Processo Civil. 
 
A partir de uma análise das reformas, sob o ângulo dos executivos 
fiscais, é latente a necessidade de subsistir a figura da Exceção de Pré-
Executividade, visto que, o parágrafo 1º do artigo 16 da LEF, não sofreu 
nenhuma alteração, persistindo, portanto, a necessidade da garantia prévia do 
juízo, como requisito para a oposição de Embargos à Execução, única forma 
de defesa legalmente prevista para esses tipos de ações. 
 
Assim sendo, diante da não aplicação, em primeiro plano, do artigo 
736 do Código de Processo Civil às ações reguladas pela Lei 6.830/80, é 
latente a necessidade de se garantir ao executado desprovido de boas 
condições financeiras, uma forma de se defesa, que não tenha por condição, 
possuir bens passíveis de constrição. Daí a importância do instituto da 
Exceção de Pré-Executividade no que se refere aos executivos fiscais, que 
 
 
 
 
 
46 
continua sendo amplamente empregado como forma de manifestação sem que 
haja necessidade de atingir o patrimônio do devedor. 
 
Compactuar da opinião daqueles que consideram não mais existir 
espaço para a Exceção de Pré-Executividade, em virtude das reformas 
ocorridas no Código de Processo Civil (não se esquecendo que o mesmo só se 
aplica à Execução Fiscal de maneira subsidiária), seria impedir ao executado 
desprovido de bens, se defender de uma execução fiscal injusta. 
 
A atual redação do artigo 736 do Código de Processo Civil, ao invés de 
trazer influências negativas perante os doutrinadores, acerca da Exceção de 
Pré-Executividade, deveria corroborar com a aplicação da mesma, tendo em 
vista que, ainda subsistem casos em que a Exceção constitui a única forma de 
defesa. Já que o Código de Processo Civil retirou do Executado o ônus da 
garantia prévia do juízo para a oposição de Embargos À Execução, por quê 
não usar tal justificativa para dar mais força à aplicação da Exceção de Pré-
Executividade nos executivos fiscais? Importante se faz lembrar, mais uma 
vez, que a Lei 6.830 continua em pleno vigor. 
 
Em tempo, também merece ser destacado no presente capítulo, uma 
outra alteração ocorrida no Código de Processo Civil, trazida pela Lei nº 
11.280, de 16.02.2006, que modificou o artigo 219, em especial o parágrafo 5º, 
no que diz respeito a prescrição, uma das matérias alegáveis em sede de 
Exceção de Pré-Executividade. 
 
De acordo com a atual redação do parágrafo 5º do referido artigo, “O 
juiz pronunciará, de ofício, a prescrição” e, como já dito, por se tratar a 
prescrição de matéria que se pode argüir através do instituto em estudo, 
alguns doutrinadores já levantam a bandeira de que a Exceção de Pré-
Executividade poderia passar a ter um amparo legal, ou seja, passar a 
constituir tanto o Código de Processo Civil, quanto à Lei de Execuções Fiscais. 
 
 
 
 
 
47 
Em resumo, a corrente que defende a legalização do instituto da Exceção de 
Pré-Executividade está cada vez mais forte. 
 
Diante das explanações, que são inesgotáveis perante o novo, se pode 
concluir que, subsiste, em matéria de execução fiscal, a necessidade da 
existência do instituto da Exceção de Pré-Executividade como solução para os 
executados menos afortunados. 
 
Por ser a Certidão da Dívida Ativa um título executivo extrajudicial que 
constitui alicerce de todo o trâmite do processo de execução, goza o mesmo 
de presunção júris tantum de certeza, liquidez e exigibilidade, atributos que 
impossibilitam ao executado a possibilidade de contestar em um processo 
judicial executório. Neste sentido, no caso de estar a Certidão da Dívida Ativa 
eivada de nulidades, caberá ao executado o ônus de elidir a presunção através 
de prova inequívoca, sendo o meio de defesa legal previsto para tal, os 
Embargos à Execução, que exigem a garantia prévia do juízo para a oposição. 
Pode-se chegar mais uma vez à conclusão de que tal meio de defesa agride 
totalmente o patrimônio do devedor e causa uma grande demora, devido ao 
rito ordinário, na prestação da tutela jurisdicional, tendo-se mais uma razão 
para a aplicação da Exceção de Pré-Executividade. 
 
Diante das explanações, fica claro que, nos processos regulados pela 
Lei 6.830/80 – Lei de Execuções Fiscais - ainda está presente a figura do 
instituto da Exceção de Pré-Executividade como chance de defesa do 
executado sem que haja uma agressão de seu patrimônio. Funciona ela, como 
um mecanismo necessário para o cumprimento das garantias 
constitucionalmente asseguradas, no regular desenvolvimento dos pleitos, se 
assegurando ao executado, principalmente os de baixa renda, o direito de 
defesa e de uma prestação jurisdicional muito mais célere, através da 
aplicação da Exceção de Pré-Executividade, que não pressupõe a garantia 
prévia do juízo para sua utilização. 
 
 
 
 
 
 
48 
Em resumo, as mudanças ocorridas no Código de Processo Civil, com 
maior relevância, a trazida pela nova redação do artigo 736, não trouxe 
modificações no tocante aos processos

Outros materiais