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Serviço Social e Conselhos Gestores de Políticas Públicas Autoria: Laura Marcia Rosa dos Santos Tema 04 O Cenário dos Conselhos Gestores e as Múltiplas Formas de Organização das Políticas Sociais Tema 04 O Cenário dos Conselhos Gestores e as Múltiplas Formas de Organização das Políticas Sociais Autoria: Laura Marcia Rosa dos Santos Como citar esse documento: SANTOS, Laura Marcia Rosa dos. Serviço Social e Conselhos Gestores de Políticas Públicas: O Cenário dos Conselhos Gestores e as Múltiplas Formas de Organização das Políticas Sociais. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. Índice © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. Pág. 12 Pág. 13 Pág. 14 Pág. 12 Pág. 10Pág. 8 ACOMPANHENAWEB Pág. 3 CONVITEÀLEITURA Pág. 3 PORDENTRODOTEMA 3 Neste tema você vai ver que a temática dos conselhos, nesses últimos anos, foi reinventada e redescoberta pelo movimento de massas. Movimento este que, em diversos setores e em distintas batalhas, está a desenvolver uma séria crítica à democracia parlamentar e representativa, por meio da criação de novos modelos de luta caracterizados pela gestão democrática, pela concentração nos centros vitais do sistema produtivo e pela participação das massas, ou seja, caracterizados justamente pelos elementos que noutros tempos corporizaram as primeiras experiências dos conselhos. A partir das reflexões e discussões que integram os temas anteriores, você será capaz de analisar o conteúdo que está presente na constituição e a organização e implantação dos conselhos gestores, dos conselhos populares e de notáveis na gestão de bens, equipamentos e serviços públicos. CONVITEÀLEITURA O cenário dos conselhos gestores e as múltiplas formas de organização das políticas sociais Este tema aborda os conselhos gestores previstos em leis na gestão das políticas sociais urbanas, por serem “analisados quanto às novidades e inovações que trouxeram, assim como as suas metas, problemas, obstáculos, desafios políticos e impactos na gestão das políticas sociais urbanas” (GOHN, 2011, p. 87). As inovações caminham na direção do estabelecimento de formas de governança democráticas. Nos municípios, os conselhos são ordenados como forma de gestão pública, divididos por temáticas que “têm buscado instaurar um regime de ação política de tipo novo, com uma maior interação entre o governo e a sociedade” (GOHN, 2011, p. 87). Os conselhos têm o papel de “instrumento mediador na relação sociedade/Estado e estão inscritos na Constituição de 1988” (GOHN, 2011, p. 88), na qualidade de instrumentos de expressão, representação e participação da população. Observe que a Constituição adotou como princípio geral a cidadania e previu instrumentos concretos para seu exercício via democracia participativa. PORDENTRODOTEMA 4 PORDENTRODOTEMA A participação por meio de conselhos deliberativos, de composição paritária entre representantes do Poder Executivo e de instituições da sociedade civil, se aplica aos diversos níveis das administrações (federal, estadual e municipal). A reforma operada no Estado brasileiro na última década articulou a existência de conselhos ao repasse de recursos financeiros do nível federal ao estadual e municipal, pois, relacionado a essa instância de governança, se aplica o que está previsto na comissão intergestora bipartite e tripartite, no que diz respeito ao repasse de recursos para o desenvolvimento das políticas sociais. Os conselhos gestores são importantes porque são fruto de lutas e demandas populares e de pressões da sociedade civil pela redemocratização do país. Vale destacar que os conselhos gestores são diferentes dos conselhos comunitários populares, pois nestes últimos o “poder reside na força da mobilização e da pressão e, usualmente, não possuem assentos institucionalizados junto ao poder público” (GOHN, 2011, p. 89). Outra diferenciação se faz em relação aos “conselhos de ‘notáveis’, existentes em algumas áreas do governo – como educação, saúde etc. – pelo fato de eles serem formas de assessoria especializada e incidirem na gestão pública de forma indireta” (GOHN, 2011, p. 89). A implementação dos conselhos depende de leis ordinárias estaduais e municipais. Por serem dotados de potencial de transformação política, quando são “efetivamente representativos, podem imprimir um novo formato às políticas sociais, pois se relacionam ao processo de formação das políticas e tomadas de decisões” (GOHN, 2011, p. 92). Com isso, eles promovem um novo padrão de “relações entre Estado e sociedade, porque eles viabilizam a participação de segmentos sociais na formulação de políticas sociais e possibilitam à população o acesso aos espaços nos quais se tomam as decisões políticas” (GOHN, 2011, p. 92). Com base na legislação em vigor no Brasil, o recebimento de recursos destinados às áreas sociais deve, desde 1996, ser repassado via conselhos gestores. De acordo com as leis federais, as áreas básicas dos conselhos são: educação, assistência social, saúde, habitação, criança e adolescente e emprego. Já nos municípios, fazem parte também os conselhos ligados a políticas urbanas, políticas agrícolas, cultura, Conselho do Negro, das pessoas com deficiência física, dos idosos, do meio ambiente, dos direitos das mulheres, entre outros (Cf. GOHN, 2011). Vale destacar que o debate atual sobre os conselhos gestores é da mesma natureza daqueles que foram realizados a respeito dos conselhos populares, no que se refere ao seu papel, sua natureza e se são organismos apenas consultivos ou também deliberativos. Esse debate pressupõe outras questões no que concerne à própria implantação dos conselhos, questões essas que decorrem das várias lacunas hoje existentes, tais como: 5 Criação de mecanismos que garantam o cumprimento de seu planejamento; instrumentos de responsabilização dos conselheiros por suas resoluções; estabelecimento claro dos limites e das possibilidades decisórias dos conselhos; ampla discussão sobre as restrições orçamentárias e suas origens; existência de uma multiplicidade de conselhos no município, todos criados recentemente, competindo entre si por verbas e espaços políticos; não existência de ações coordenadas entre eles etc. (GOHN, 2011, p. 93-94) Por mais que existam essas lacunas, também é preciso ressaltar duas posições em relação ao papel central dos conselhos, uma que “circunscreve-os no plano da consulta, preocupa-se com a demarcação de sua atuação em relação ao Legislativo, defende que eles se limitem a auxiliares do Poder Legislativo” (GOHN, 2011, p. 94); e outra que “postula que [eles] atuem como órgãos de fiscalização do Executivo, numa perspectiva e modelo de gestão descentralizada; preconiza que operem dentro das decisões tomadas em sua área” (GOHN, 2011, p. 94). Ao observar que a operacionalização não plena das novas instâncias democratizantes se dá devido à falta de tradição participativa da sociedade civil em canais de gestão dos negócios públicos, como também a curta trajetória de vida desses conselhos, verifica-se que a falta de exercício prático por parte da maioria da população pode contribuir para o não fortalecimento dos conselhos. Mas observe que a existência de concepções oportunistas, que “não se baseiam em postulados democráticos e vêem os conselhos apenas como instrumentos/ferramentas para operacionalizar objetivos predefinidos, têm feito dessa área um campo de disputa e tensões” (GOHN, 2011, p. 95). É possível afirmar que os conselhos criam condições para um sistema de vigilância sobre a gestão pública e implicam a maior cobrança de prestação de contas do Poder Executivo, principalmente no nível municipal. Outro ponto importante é a questão da representatividade e da paridade, que constituem problemas cruciais a serem mais bem definidos nos conselhos gestores de uma forma geral, pois estes problemasdecorrem da não existência de critérios que garantam uma efetiva igualdade de condições entre os participantes (Cf. GOHN, 2011). Com relação à paridade, ela não é uma questão apenas numérica, mas de condições de certa igualdade no acesso à informação, na disponibilidade de tempo, entre outros. De acordo com Gohn (2011), a disparidade de condições para a participação em um conselho de membros advindos do governo e da sociedade civil é grande, pois os representantes do governo “trabalham nas atividades dos conselhos durante o período de expediente de trabalho normal/remunerado, têm acesso aos dados e informações, têm infraestrutura de suporte administrativo [...]” (GOHN, 2011, p. 96), enquanto os representantes da sociedade civil não têm nada disso e, ainda, carecem de capacitação, para que sua “participação seja qualificada em termos, por exemplo, da elaboração e gestão das políticas públicas” (GOHN, 2011, p. 96). Isso nos leva a pensar que se faz necessário entender o espaço da política, para que se possa fiscalizar e também propor políticas. PORDENTRODOTEMA 6 Com base nas considerações iniciais sobre o cenário dos conselhos, cabe destacar os conselhos gestores da educação. Segundo Gohn (2011), a educação passou a ser o foco central do discurso nas políticas governamentais, ao lhe conferir atribuições que ultrapassaram “a dimensão de ensino/aprendizagem para se transformar em espaços de socialização e de prestação de serviços públicos municipais, assim como o papel que a educação passou a ter no novo paradigma do mundo do trabalho” (GOHN, 2011, p. 103). Isso pode ser observado desde 1995, quando o governo federal iniciou o processo de elaboração de programas e diretrizes nacionais que têm provocado transformações profundas em todos os níveis da educação brasileira. Sendo assim, as reformas educacionais “gestadas em nível federal fornecem as bases para a implementação das políticas estaduais” (GOHN, 2011, p. 104). A educação é o começo de tudo, e nela, o princípio da democracia participativa orientou, na década de 1990, a criação de uma série de estruturas participativas, nas quais se destacam diferentes tipos de conselho (Cf. GOHN, 2011). De acordo com Gohn (2011, p. 105): [...] os conselhos municipais são regulamentados por leis estaduais e federais, mas devem ser criados por lei municipal, sendo definidos como “órgão normativo, consultivo e deliberativo do sistema municipal de ensino”, criado e instalado por iniciativa do Poder Executivo Municipal. Os conselhos municipais na área da educação são inovações recentes, ainda não apropriados pela população como espaços reais de participação. Os conselhos ligados ao Fundef, por exemplo, deveriam fiscalizar a correta aplicação dos recursos desse fundo, entretanto, a mídia tem registrado denúncias de desvio dos recursos e de uso indevido, considerando as finalidades desse fundo. Um elemento importante na discussão acerca do conselho de educação é a participação da sociedade, pois uma “sociedade civil participativa, autônoma, com seus direitos de cidadania conquistados, respeitados e exercidos em várias dimensões, exige também vontade política dos governantes, principalmente daqueles eleitos representantes do povo” (GOHN, 2011, p. 110). Apesar de termos trazido para o foco da discussão o conselho de educação, pode-se observar que, ao longo da história, os mais diversos formatos e motivações contribuíram para a criação dos conselhos, uns vinculados diretamente aos governantes, os quais “reúnem pessoas reconhecidas por suas capacidades e seu conhecimento especializado em áreas consideradas estratégicas, com a função de mantê-los informados e assessorá-los” (CUNHA; PINHEIRO, 2009, p. 142), e outros como estratégias de coordenação das ações do Estado. De acordo com Cunha e Pinheiro (2009, p. 142), registra-se “a existência de conselhos como meio de apoio ao exercício do poder político desde 1822, com a criação do PORDENTRODOTEMA 7 Conselho de Estado, que visava conciliar interesses das elites políticas e econômicas da época” no Brasil. Vale ressaltar que, no Brasil, os governos democráticos e autoritários mantiveram os conselhos na estrutura do estado brasileiro, reforçando suas características de especialização técnica. No entanto, ainda durante o período de governo autoritário, “na década de 1970 e início da década de 1980, alguns governos municipais tiveram a iniciativa de criar os chamados conselhos comunitários, para mediar suas relações com movimentos e organizações populares” (CUNHA; PINHEIRO, 2009, p. 143). Não podemos esquecer que neste período também surgiram as iniciativas geradas pela sociedade civil que culminaram na criação dos conselhos populares. De acordo com Gohn (2000), o Estado passou a ser visto como arena de expressão de conflitos acerca de interesses contraditórios que perpassam as questões consideradas socialmente importantes. Essa mudança de: [...] visão e de atitude de alguns movimentos e organizações sociais ocorreu durante as lutas pela redemocratização, que se intensificaram nos anos 1980 e que possibilitaram encontros entre as diversas redes no país que tinham um objetivo comum: a oposição à ditadura e o restabelecimento do regime democrático. (CUNHA; PINHEIRO, 2009, p. 144) A possibilidade de apresentar sugestões e de realizar audiências públicas mobilizou movimentos sociais, organizações sindicais e profissionais, militantes políticos, dentre outros representantes de organizações da sociedade civil (Cf. CUNHA; PINHEIRO, 2009). Como resultado de toda essa mobilização, o primeiro artigo da Constituição de 1988 assegura a participação do povo no poder, por meio de seus representantes ou de modo direto. Para Cunha e Pinheiro (2009, p. 145), “diferentes áreas de políticas públicas, que foram inscritas na Constituição de 1988 como direitos sociais, definiram como uma das suas diretrizes a participação social, dentre elas a saúde e a assistência social”. Entretanto, no final da década de 1970, o conselho de saúde já desenvolvia experiências de participação comunitária. Cabe destacar o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), que foi criado pela Lei n. 8.742/1993 – Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), e instalado em fevereiro de 1994, em substituição ao antigo Conselho Nacional de Serviço Social, o qual evidenciava a contradição entre os avanços constitucionais, que apontavam para o reconhecimento da assistência social como direito e responsabilidade estatal, o que trazia para a esfera pública a questão da pobreza e da exclusão, e a inserção do Estado brasileiro na dinâmica das políticas econômicas neoliberais, que propugnava o desmonte e/ou a retração de direitos e investimentos públicos no campo social (Cf. CUNHA; PINHEIRO, 2009). PORDENTRODOTEMA 8 ACOMPANHENAWEB O papel dos Conselhos Gestores na gestão urbana • Este artigo apresenta os antecedentes históricos no que diz respeito à forma “conselho”, que, utilizada na gestão pública ou em coletivos organizados da sociedade civil, não é nova na história. Alguns pesquisadores afirmam que os conselhos são uma invenção tão antiga como a própria democracia participativa e datam suas origens nos clãs visigodos. Disponível em: <http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/urbano/gohn.pdf >. Acesso em: 24 jul. 2014. Conselhos Gestores: uma bibliografia anotada • Este link apresenta textos que discorrem sobre a democracia participativa, que tem como função buscar aproximar o processo decisório da população e afastá-lo da burocracia distorcida pela partidarização e pela corrupção. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/participacao/images/pdfsconselhos/bibliografia_anotada_conselhos. pdf>. Acesso em: 24 jul. 2014. Desafios para a democratização da gestão municipal através dos Conselhos Municipais: a questão da representatividade e da autonomia • Este texto traz para a discussão algumas questões referentes à representatividade da sociedade civil e à autonomia dos Conselhos em relaçãoao poder público, como condições fundamentais para gerar novas formas de relação entre Estado e sociedade. . Disponível em: <http://lombagrande.org.br/arquivos/Mauro_Santos_democrat_gestao_pelos_CMUs.pdf>. Aces- so em: 30 jul. 2014. 9 Política e Conselhos Gestores • Assista ao vídeo do Programa Política em Foco, exibido em 30/10/2012, sobre “Política e Conselhos Gestores”, com a participação do Dr. Osmir Dombrowski, professor em ciência política da PPGCS/UNIOESTE, e de Ana Cristina Lubke Mendes, mestranda em ciência política do PPGCPOL/UFPEL. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=f7rDYCb31j8>. Acesso em: 30 jul. 2014. Tempo: 30:15. Desafios da gestão de políticas públicas do Estado de São Paulo • Assista ao vídeo do debate público realizado em 15 de agosto de 2013 na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), que procurou fomentar a discussão sobre questões como a efetividade das políticas públicas, o fortalecimento da transparência e do controle social nas ações de governo, as implicações do desenho federativo na articulação das políticas sociais e o planejamento e a gestão no aparelho de estado como pilares da governança e da democratização do setor público. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=f7rDYCb31j8>. Acesso em: 30 jul. 2014. Tempo: 29:18. ACOMPANHENAWEB 10 AGORAÉASUAVEZ Instruções: Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido. Questão 1 A disciplina abordou ao longo dos quatro temas a temática específica dos conselhos gestores, passando pelo processo histórico de sua criação até o que eles têm nos acrescentado no século XXI, como possibilidade de mudança na estru- tura social do momento. Leia o texto de Gohn: “O Papel dos Conselhos Gestores na Gestão Urbana”, disponível em: <http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/urbano/gohn.pdf>. Explique a contribuição desse processo para a amplia- ção da gestão democrática nas políticas públicas. Questão 2 De acordo com Gohn (2011), os conselhos gestores são analisados quanto às novidades e inovações que trouxeram. As inovações se destacam pelo: a) Fato de os conselhos conterem a possibilidade de reordenamento das políticas públicas na direção da governança democrática. b) Fato de os conselhos serem espaços de justa posição, nos quais a sociedade civil deve ter sempre um assento. c) Fato de os conselhos agregarem em torno de si os interesses da classe política, no que diz respeito ao investimento dos bens públicos. d) Fato de os conselhos provocarem na sociedade como um todo comoção pela forma como atuam na luta por direitos. e) Fato de os conselhos serem distribuídos em conselhos temáticos, o que possibilita maior participação dos cidadãos na tomada de decisão. 11 AGORAÉASUAVEZAGORAÉASUAVEZAGORAÉASUAVEZ Questão 3 Para Gohn (2011, p. 106), na tradição brasileira, a tendência dominante na área da educação é restringir o universo de atores a serem envolvidos no processo educacional a um só segmento da comunidade educativa: o da comunidade es- colar, composta por dirigentes, professores, alunos e funcionários das escolas. Quando se fala em abertura das escolas para a comunidade: a) Os alunos são o foco central do processo. b) Os professores são fundamentais na gestão do ensino. c) Os pais são os atores por excelência. d) Os diretores são responsáveis por fazer essa articulação. e) Os alunos não devem opinar na condução dessa ação. Questão 4 Apresentamos, na discussão do tema, que os conselhos são representativos e poderão alterar progressivamente a natureza do poder local. À medida que eles se tornam atuantes, o que pode ocorrer? Questão 5 Um dos desafios dos conselhos gestores é ter um quadro qualificado de participantes, que possibilite a discussão e o entendimento da gestão pública. Sendo assim, o que é necessário para a qualificação de um conselheiro? 12 FINALIZANDO Neste tema, você compreendeu que os conselhos gestores são instrumentos de determinados processos políticos e constituem inovações institucionais na gestão de políticas sociais no Brasil. Você também pôde visualizar que os processos podem ter diferentes objetivos, contribuir para mudanças sociais significativas ou auxiliar na consolidação de estruturas sociais em transição ou sob o impacto de fortes pressões sociais. Analisando todo o conteúdo apresentado desde o primeiro tema da disciplina, você pode observar que os conselhos poderão alterar progressivamente a natureza do poder local e que os direitos se transformam em benefícios concedidos. Além disso, você pode entender que os novos formatos de participação e de deliberação, criados na recente democracia brasileira, enfrentam diversos desafios para sua efetivação como espaços legítimos de debate e de decisão acerca do que se constitui como interesse público nas diversas áreas de políticas públicas. REFERÊNCIAS CUNHA, Eleonora Schettini M.; PINHEIRO, Marcia Maria B. Conselhos nacionais: condicionantes políticos e efetividade social. In: AVRITZER, Leonardo (Org.). Experiências nacionais de participação social. São Paulo: Cortez, 2009. GOHN, Maria da Glória. Conselhos Gestores e Participação Sociopolítica. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2011. _______. Conselhos Gestores na Política Social Urbana e Participação Popular. XXIV Encontro Anual da ANPOCS. Petrópolis, 2000. Disponível em: <http://portal.anpocs.org/portal/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=4776&Itemid=357>. Acesso em: 07 set. 2014. _______. O papel dos conselhos gestores na gestão urbana. Disponível em: <http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/ urbano/gohn.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2014. JOHSON, Allan G. Dicionário de sociologia: guia prático de linguagem sociológica. Tradução de Ruy Jungmann. Consultoria de Renato Lessa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. 13 PEREIRA, Ana Karine; ALENCASTRO, Luíza; RIBAS, Nielle Diniz. Conselhos Gestores: uma bibliografia anotada. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/participacao/images/pdfsconselhos/bibliografia_anotada_conselhos.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2014. SANTOS, Mauro Rego Monteiro dos. Desafios para a democratização da gestão municipal através dos conselhos municipais: a questão da representatividade e da autonomia. Disponível em: <http://lombagrande.org.br/arquivos/Mauro_Santos_democrat_ gestao_pelos_CMUs.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2014. VÍDEO. Política em Foco sobre Política e conselhos gestores, exibido em 30/10/2012. YouTube. 2012. Disponível em: <http:// www.youtube.com/watch?v=f7rDYCb31j8>. Acesso em: 26 mar. 2014. _______. AEPPSP: Debate Desafios da Gestão de Políticas Públicas do Estado de São Paulo. YouTube. 2013. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=UQvDSaIkh4Q>. Acesso em: 27 mar. 2014 GLOSSÁRIO Bipartite: a Comissão Intergestores Bipartite - CIB, foi criada pela Norma Operacional Básica - NOB/93/MS, como fórum de pactuação entre os gestores estaduais e municipais. Fundef: o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) foi instituído pela Emenda Constitucional n. 14, de 12 de setembro de 1996, e regulamentado pela Lei n. 9.424, de 24 de dezembro do mesmo ano, e pelo Decreto n. 2.264, de 27 de junho de 1997. O Fundef foi implantado nacionalmente em 1º de janeiro de 1998, quando passou a vigorar a nova sistemática de redistribuição dos recursos destinados ao Ensino Fundamental. Paritária: formado por número par de elementos, para que não exista diferenciação de categorias. Povo: refere-se ao conjunto de pessoas que falam a mesma língua, têm costumes e interesses semelhantes, além de história e tradições comuns. REFERÊNCIAS 14 Tripartite: a Comissão Intergestores Tripartite - CIT é um espaço de articulação entre os gestores (federais, estadu- ais e municipais), objetivando viabilizar a Política de AssistênciaSocial, caracterizando-se como instância de negocia- ção e pactuação quanto aos aspectos operacionais da gestão do Sistema Descentralizado e Participativo da Assistência Social. GABARITO Questão 1 Resposta: Os conselhos criam condições para um sistema de vigilância sobre a gestão pública e implicam uma maior cobrança de prestação de contas do poder executivo, principalmente no nível municipal. Os conselhos gestores foram conquistas dos movimentos populares e da sociedade civil organizada. Eles são um instrumento de representação da sociedade civil e política, pois, os conselhos são parte de um novo modo de gestão dos negócios públicos, reivindicado pelos próprios movimentos sociais nos anos 1980, quando a população lutou pela democratização dos órgãos e aparelhos estatais. Fazem parte de um novo modelo de desenvolvimento que está sendo implementado em todo o mundo, ou seja, a gestão pública estatal via parcerias com a sociedade civil organizada. Os conselhos representam a possibilidade da institucionalização da participação por meio da sua forma de expressão, a co-gestão. Questão 2 Resposta: Alternativa A. As inovações promoveram a possibilidade de os conselhos contribuírem com o reordenamento das políticas públicas brasileiras na direção de formas de governança democrática.. Questão 3 Resposta: Alternativa C. Os pais são fundamentais na organização e articulação da Associação de Pais e Amigos da Escola e contribuem para a comunidade fazer parte da escola e não somente estar em tono dela. GLOSSÁRIO 15 Questão 4 Resposta: À medida que eles se tornem atuantes, podem fiscalizar as ações do poder público e denunciar os lobbies econômicos que pressionam e dominam os aparelhos estatais, construindo assim uma base de gestão democrática. Questão 5 Resposta: Os conselheiros devem realizar cursos de formação e atualização enquanto sujeitos políticos, que precisam ter como referência um modelo de participação social cidadã e com pluralidade, respeitando as diversidades culturais e as diferenças de raça, sexo, etnia, geração, entre outras, e que garantam um projeto emancipatório com vistas às mudanças sociais de médio e longo prazo.
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